O Zênite - vol. 1

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O ZĂŞnite v.1


FORA TEMER!


Devora-me, Ou te decifro.


Própria s(m)orte Mas o que é a morte, e o que é o tempo Senão desventuras desta vida que passa? Há um fúnebre e um lúgubre lamento Quando a vida esvai-se tal qual fumaça. E se os relógios não À este nosso pequeno E os sinos das igrejas Haveria-se de poupar

fossem regrados pedaço de tempo? não fossem soados entristecimento?

Como haveria um começo a propor-se Se a terra virgem nunca fosse maculada? Com os ossos e os espinhos a decompor-se Nascem flores da semente germinada. Como pode o homem, água e carbono Acovardar-se perante ao fim eminente, Abandonando sonhos neste sono eterno Desta sua vida tola, banal e decadente? Caixa de madeira, anéis de ouro e vermes O relógio da natureza limpa o desnecessário. Sobram cabelos, ossos sem tons de peles, Faz o ouro a decoração do novo ossário. E se os ponteiros dos relógios que avançam, Retrocedessem de formas não-parnasianas: Abririam-se os olhos que um dia se fecharam E pouparia-nos de uma vida fria e profana? Nesta vida a qual chamamos de tempo, E nesta dança a qual chamamos de morte Estamos nós nesta valsa com intento De sobreviver a elegia da própria sorte.


Propre s(m)ort [trans. ramonlvdiaz] Mais ce qui est mort, et ce est le temps Sinon malchance de cette vie qui passe? Il est funèbre et un gémissement impair Quand l'vie c'était amortisse a la vapeur. Et si montres ne sont pas métrique A ce petit morceau de notre temps? Si cloches de l'église ne sont pas sonné Serions-nous sauver tristesse? Comme il y aurait un début à offrir Si la terre vierge n'a jamais été entachée? Avec os et des épines pour se décomposer Graines germées né fleurs. Comment peut-on l'homme, l'eau et l'carbone Recroqueviller vers l'bas avant l'fin imminente, Abandonnant rêves dans ce sommeil interminable Dans votre vie terne, banal et décadente? Boîte en bois, anneaux d'or et les vers L'montre de la nature nettoyer l'inutile. Gauche sur les cheveux, les os sans signes de cuir, Faire la décoration d'or de la ossuaire nouvelle. Et si les pointeurs des montres avancer, Reculé moyens non-parnassiens: Ouvrirait les yeux qu'un jour fermé Et nous sauver d'une vie froide et le profane? Cette vie que nous appelons le temps, Et dans cette danse que nous appelons la mort Nous sommes dans cette valse avec l'intention Pour survivre l'élégie du sort.



Limo Anjos Que de homens vivos Antes cuidaram, No cemitério Agora somente Túmulos velam. Não há vida. Não há calor. Somente há o limo No mármore frio Das asas esculpidas.



«A Ilha dos mortos» Arnold Böcklin - 1886


Madrugada, Os cĂŁes ladram E mordem Fantasmas Noite adentro


Escombros Sinto os ombros pesados, E não é simples canseira. Sinto os ombros fatigados Não é uma brincadeira. Mas hoje meus ombros, Já não são os mesmo de outrora: Agora carrego os escombros Que do coração caem de hora em hora.


do poe veio,

ao poe voltarรกs


Perverso Nesta noite chuvosa, Destas que nenhum'alma sai, Tive uma sensação trevosa Que agora lentamente se esvai. Após arrepiar os meus cabelos, O andar de minhas pernas me trai Pois meus fantasmas (temo vê-los), Andam me sussurrando: Falaram para não mais temê-los. Mas continuo andando Em passos a cada vez mais ágeis Minha velocidade vou aumentando. São medos intermináveis Do místico, oculto e sobrenatural, Onde soluços intermináveis Causam-me quase espasmo fatal. O perverso anda a espreitar-me, Estou a fugir de todo o mal.


Mais morto Mais morto do que estou, Impossível morrer mais. Se pensa que é capaz, Me diz para onde vou. Mais morto que estive, Impossível viver mais. Se pensa que é capaz, Venha e me cative. Mais morto que estarei, Impossível estar mais. Se pensa que é capaz Me encontre onde fiquei.


HÁ DE SER TUDO DA LEI.


O Zênite V.1 Fabiano Favretto Fevereiro - 2018

O amor só foi criado para doer, Se assim ele acabar, ou sumir. A cicatriz fica se ele sair Amar é quase sinônimo de morrer.


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