Embaixador da Esperança Edição 94. Julho 2015
Oferecer uma família
Colocar-se a serviço dos que mais precisam é uma missão grandiosa
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Nas diferentes histórias das crianças, a mão amiga dos responsáveis e voluntários gera o espírito de felicidade
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colher crianças que se encontram em risco por questões de conflitos familiares. Esta é a mais nova missão assumida pela Família da Esperança, em Guaratinguetá/SP, há dois meses. A Casa da Criança é um local onde elas podem crescer com segurança, ter seus direitos preservados e aprender os primeiros passos do amor ao próximo. Frei Hans Stapel, ofm, fundador, lembra que ao cuidar delas hoje estamos preparando o futuro. “Aqui, temos um amor muito grande com nossas crianças e aqueles que cuidam também são pessoas que precisam ter um grande amor. Não deve trabalhar só pelo salário, precisa ter vocação. Graças a Deus, todos esses que estão conosco têm a vocação, e, o carinho e as crianças recebem o que precisam: amor; para no futuro também poderem amar”. Até aqui são sete crianças acolhidas (a Casa tem capacidade para 20). De acordo com a assistente social da Casa, Ana Cristina Saksida, cada acolhido é trazido pelo Conselho Tutelar. A Casa recebe a criança até a decisão final do juiz – se poderá ser adotada ou retornará para familiares ou responsáveis, caso estes demonstrem o interesse com comportamento positivo. No entanto, poder ajudar para que elas tenham um futuro melhor é a grande satisfação de Ana Cristina. “É um desafio grande, com muitas responsabilidades, mas muito gratificante também. Poder colaborar no dia a dia, no desenvolvimento integral, nos aspectos, emocional, afetivo, intelectual e no processo de adoção de uma criança e, com isso, poder vislumbrar um futuro promissor é muito bom”. S�� ������� Lucilene Rosendo, fundadora, conta que ainda antes de a Casa da Criança ser aberta, o casal Márcia e Itamar desejava fazer uma
experiência voluntária na Fazenda da Esperança. Itamar e Márcia, por sua vez, não têm filhos biológicos, mas aceitaram o desafio e agora carregam consigo o cuidado de vários. “Cada um tem uma história difícil e diferente, então tivemos que aprender a lidar com o bebezinho, de um ano, e com aquele de 12 anos. A gente sabe a dificuldade deles e o quanto é difícil o amor para eles, porque já foi prometido muito. Diante disso tudo compreendemos que não é necessário ter muita experiência, precisa ter amor, porque ele sempre constrói”, comenta Márcia Cristina Ferreira Volpini. Itamar Volpini conta que os responsáveis tentam oferecer o ambiente de uma família comum para que as crianças sintam de verdade que estão em sua casa. “Eles gostam muito de sugerir a comida e isso os preenche muito. Já fiz uma experiência de fazer as compras e ver o que eles propõem. Com esses detalhes eles percebem que têm valor. A gente tenta olhá-los como nossos filhos”. No dia a dia, as crianças vão à escola, fazem refeição juntos, brincam, ouvem estorinhas e aprendem as primeiras responsabilidades. E������ � �������� Em 1999, Arthur Alexandre dos Santos se recuperou na Fazenda da Esperança de Casca/RS. Voltou para sua cidade, Tapejara/RS, e passou a trabalhar com adolescentes num projeto da prefeitura local. Sempre que tinha oportunidade, nos finais de semana, levava os jovens para uma espécie de formação continuada na Fazenda. Recentemente Arthur veio para São Paulo por conta de um tratamento médico e foi convidado para ser um dos monitores da Casa da Criança. “Quando Iraci me chamou ela pediu para que ajudasse as crianças
a viverem a Palavra. Numa sexta-feira a Palavra do Dia (trecho da Bíblia meditado e vivido diariamente pelos jovens nas Fazendas) era ‘Ter gestos de misericórdia’. Eu corrigi um menino por conta de uma situação, mas ele não aceitou. Logo me veio a vontade de responder de forma ríspida, mas quando lembrei da Palavra me recoloquei e o tratei com toda tranquilidade”. Num outro dia estavam todos se divertindo no Centro Esportivo da Fazenda da Esperança. Num momento de raiva Arthur soltou um palavrão e logo uma das crianças lhe chamou a atenção. “Ele disse: ‘Tio, você sempre pede para a gente não falar palavrão!?’. Essa troca de experiências me mantém bem. Eles nem sabem, mas me ajudam cada dia a viver em sobriedade, a buscar boas experiências, de lutar contra os vícios e outras coisas ruins”. D�� ������������� Márcia lembra que o futuro está nas crianças, por isso para elas deve ser dado todo carinho e atenção. “Elas precisam aprender o que é viver em família. Porque se não cuidarmos delas agora, ensinando a partilhar e a amar, quando forem adultas não adianta colocá-las em uma cadeia e pensar que resolve. As cadeias ficarão cheias e não vai resolver. Ou cuidamos das crianças e ensinamos para eles agora o valor da família, ou nunca teremos uma sociedade bacana, porque começa aqui”. Assim como Márcia, Itamar e Arthur, todos somos convidados a doar um espaço de nosso tempo aos que precisam. A disposição acontece quando compreendemos essa necessidade, e, mesmo se nos sentimos incapazes, damos o passo de ajudar. Essa colaboração pode ser uma visita a uma casa que acolhe crianças, ou idosos; a uma instituição que cuida de doentes; a um abrigo para pessoas que moram nas ruas. Desperte em si a vontade de colocar – em algum momento – suas mãos, suas palavras, seus ouvidos, seu olhar... a quem deles precisam.
Casa da criança
Aconteceu comigo Eu tive uma infância um pouco conturbada. Minha mãe não tinha estrutura para cuidar dos filhos e quando eu tinha 11 anos descobrimos que ela estava muito doente. Por causa desse problema meu irmão e eu tivemos que vir para a Casa da Criança. Foi assim que conhecemos a Fazenda da Esperança. Minha mãe foi então para uma clínica de apoio e por fazer parte da mesma obra que a Fazenda conseguíamos nos ver quando possível. No início eu não gostava de morar com as outras crianças, mas era o único jeito de estar próxima de minha mãe. Aos poucos comecei a conhecer o carisma da Esperança, me lembro que fazíamos teatro para o frei Hans quando era seu aniversário e com esses pequenos gestos que fui gostando cada vez mais de estar na Fazenda. Aos 18 anos fui para a Alemanha como voluntária da Fazenda. A primeira dificuldade foi a convivência e depois o idioma, era totalmente novo pra mim. Percebi que com dedicação e unidade superei isso com as outras pessoas que viviam comigo. Esperava ajudar as pessoas com esse trabalho, porém eu é que recebi ajuda. Após ter completado sete meses na Fazenda recebi a notícia que minha mãe havia falecido, isso foi uma dor muito grande. Estava longe e foi nesse momento que recebi uma ajuda de todas as meninas, porque eu não consegui voltar para o Brasil. Com tudo isso acontecendo meus planos mudaram; antes era para ser uma experiência de apenas um ano e no fim durou três. Após retornar ao Brasil recebi o convite de trabalhar na Casa da Criança. Quando isso aconteceu pensei: será que eu vou lembrar do meu tempo? Eu passava por um momento de muita tristeza, mas percebi que era como uma recuperação que acontecia comigo. Hoje eu sinto uma grande alegria de poder oferecer a essas crianças todas essas coisas boas que a Fazenda nos ensina. É como se cada uma delas fizesse parte da minha família. A Fazenda da Esperança para mim, além de ser família e amor, é sinal de perseverança na vida de cada um. No carisma da Esperança existe a característica de ter misericórdia com o outro. Essa espiritualidade do carisma, que me ajudou a reencontrar o sentido da minha vida, quero transmitir a todos. Paloma Teodoro Marcelina, 23 anos
A-notável Comunhão vivida
A festa de Corpus Christi que aconteceu no dia 4 de junho, é a celebração da instituição do sacramento da Eucaristia, Corpo e Sangue de Cristo. Acontece sempre numa quinta feira, em referência à quinta-feira Santa. No espírito de comunhão, em diversas unidades da Fazenda da Esperança os recuperandos puderam compartilhar com as comunidades de momentos de profunda união. Na quinta feira, as comunidades paroquiais se reúnem para enfeitar as ruas e nessas oportunidades a Fazenda também abre as portas para colocar em comum seus diversos dons e o carisma da Esperança. Seguindo o exemplo da celebração da Santa Eucaristia, este é mais um momento de comunhão, não só de reflexão sobre ela, mas de colocá-la em prática. E uma ocasião para aprofundar a unidade, até mesmo como num simples gesto de desejar um bom dia, exercício este que é proposto diariamente na Fazenda, com a leitura e reflexão da Palavra de Vida. Nas ocasiões de festividades e feriados santos, é comum também a Fazenda receber encontros
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ou retiros, criando a oportunidade de partilha com outros carismas da Igreja. Essas são oportunidades de transmitir os valores e significados de cada festividade para os jovens, além de experimentar o Evangelho na prática e levar isso para toda vida. Os jovens da Fazenda de Três Marias vivenciaram junto da comunidade a preparação de um dia de encontro e o fruto foi deixado nas impressões. Vejamos algumas: “Um belo encontro com a presença de Deus. Volto para minha casa com o espírito renovado com as experiências de vocês”; “Foi um momento de reflexão e harmonia, onde se percebeu a presença de Cristo nos irmãos. Uma Santa paz”. Alguns destaques ao longo dos dias de feriado nas Fazendas foram o encontro entre os carismas, da Unidade e de São Francisco de Assis. A exemplo de Três Marias/MG, foram muitas visitas e realizações em todo país, como em Guapimirim/RJ, Mariápolis em Guaratinguetá/ SP, Garanhuns/PE, Festa da Juventude em Lajeado/TO. Todos esses eventos aproximam jovens em recuperação e comunidade local.
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