Abril 2015 – Ano 22 – nº 191 – www.mundomissao.com.br – R$ 10,00
Um dos rostos da fé pag. 01 - capa_191 final.indd 1
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Evandro Moreira – retornoavida@fazenda.org.br
Livres, apesar de encarcerados
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Fazenda da Esperança nasceu em 1983 quando o jovem Nelson Giovanelli se sentiu motivado a colocar o Evangelho em prática, fazendo-se um com um grupo de jovens que consumiam drogas numa esquina, em Guaratinguetá-SP. Hoje, a quase 2,5 mil quilômetros dali, em Picos, centro-sul do Piauí, ex-recuperandos se colocam a serviço dos excluídos na Penitenciária José de Deus Barros. Todas as terças-feiras o grupo faz a reunião do Grupo Esperança Viva (GEV) São João da Cruz com aproximadamente 20 detentos. O GEV é o braço da Fazenda na sociedade e acompanha as famílias e recuperandos antes e depois de eles passarem pela comunidade; e agora transmite luz à escuridão do presídio. É assim: quando chega o encontro semanal, cada um dos quatro pavilhões envia cinco presos para dela participarem. Eles cantam, meditam a Bíblia e a Palavra Diária, contam experiências que praticaram nos últimos sete dias e rezam. Com essa recarga de amor voltam com
novo espírito para suas celas e lá o propagam. Desejo de fazer o bem Rômulo usava drogas e fazia a família sofrer, em Picos. Certo dia aceitou ajuda e passou um ano se recuperando na Fazenda da Esperança de Itabira-MG. Aprendeu um estilo novo de vida e hoje o coloca em prática no GEV de Picos. Em meados de 2012 visitou o presídio e recebeu o convite para iniciar um GEV no local. “Quem usou drogas comigo, quem cometeu crimes comigo, para mim, são todos iguais. A frase que me motivou foi: ‘A quem me ama eu me manifestarei’ (Jo 14,21). E o fruto é estar nesta penitenciária e ver pessoas que buscam viver um estilo diferente. Mesmo presos, sentem-se livres”. Antônio Paulo de França, detento que participa do GEV há mais de um ano e meio, relatou: “No início, este encontro nada significava para mim. Vim para uma brincadeira que se tornou realidade. Já usei drogas com o Rômulo e hoje ele é um espelho para mim. O grupo representa minha mudança de vida e eu
Fazenda da Esperança
Uma penitenciária no centro-sul do Piauí é o ambiente onde ex-recuperandos da Fazenda da Esperança encontraram a oportunidade de viver o amor ao próximo
disse para minha família: ‘Agora, quem quer mudar sou eu’.” Força para perdoar José Jerrivaldo Alves da Silva é ex-presidiário da Penitenciária José de Deus Barros e ex-recuperando da Fazenda da Esperança. A vida nova que aprendeu na comunidade terapêutica é o incentivo para voltar semanalmente, com o objetivo de ajudar os presos, ao lugar onde tanto sofreu. Em 2009, Jerri fugiu do presídio e foi perseguido por agentes que atiravam nele. Então repensou sua imprudência e voltou. Entregou-se. Teve que suportar
Somo
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MUNDO E MISSÃO
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a zombaria de outros detentos. Sua grande alegria explodiu em um dos encontros do GEV, quando perdoou o agente que o tinha perseguido. Ele descreveu: “Depois que concluímos uma das reuniões, fomos lanchar e estávamos olhando desconfiados um para o outro. Pensei: ‘aprendi a amar e vou dar o passo’. Peguei um copo de suco, um pedaço de bolo e fui até ele. Vocês não podem imaginar a alegria que sentimos. Quando a gente começa a acreditar na Palavra de Deus ela nos transforma e isso aconteceu comigo”. Pavilhão da Paz Josimar Holanda Nunes é um dos que representam o “Pavilhão A”. Ele sentiu a importância de viver a Palavra dentro do presídio. “São 90 mentes diferentes em cada pavilhão. Quando participamos da reunião, voltamos ao presídio de coração livre. Deixamos as angústias, as dores e todas as coisas ruins que atrapalham nosso dia a dia. Lemos a Palavra Diária pela manhã, rezamos
um Pai-Nosso e pedimos para os presos colocarem aquilo em ação durante o dia. Já colhemos muitos frutos dentro do Pavilhão A, que já é chamado ‘Pavilhão da Paz’ porque lá tem o Evangelho, a Palavra Diária, o irmão amando os demais encarcerados”. Unir forças A experiência vivida no GEV São João da Cruz se dá também com o incentivo de representantes do Judiciário e da direção do presídio. Um deles é o promotor de Execuções Penais de Picos, dr. Marcelo de Jesus Monteiro Araújo, que se sensibilizou ao ouvir um dos detentos dizer que estava preso, mas que era livre. “Cresci – declarou o promotor – em família de classe média alta; sempre estudei em bons colégios; nunca fui privado de alimentação, vestuário e educação. Nada mais natural que me formasse, passasse em concurso e tivesse um bom emprego. Nada mais fiz do que a obrigação. Então, estes presos são pessoas muito mais valiosas do
que eu; alguém que nunca teve oportunidade na vida, que viveu situações humilhantes e indignas, que experimentou o fundo do poço, mas mesmo assim, consegue se reerguer. Esse, sim, é um indivíduo que merece o reconhecimento, o aplauso. Esse, sim, é um verdadeiro homem que serve de modelo e exemplo”. O diretor da penitenciária, Sinval Hipóito Gonzaga, mantém viva a esperança de que cada vez mais presos conheçam essa nova realidade. “As reuniões são uma grandeza. Vamos dar continuidade, para que, em breve, ao invés de participarem 20 ou 30 detentos, participem 60, 80”.
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