ARTLAB Next Vision

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Tapeçaria Contemporânea



Tapeçaria Contemporânea



Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior

Um museu é porto de abrigo, cais de chegadas e partidas, em simultâneo, estaleiro das velas de outrora e das máquinas do tempo do futuro. A arte chega ali em ideias, feitas objetos, para prender os sentidos e dar asas ao talento antes do instante da nova criação. Nele, triunfa a âncora do presente ao espelhar, no balanço do passado, o futuro do homem em projetos de superação em cada momento. O Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior está muito próximo do projeto ArtLab – Next Vision porque este se enquadra em instituição de Ensino Superior tal como as suas atividades maioritárias e por isso o acolhe com motivação redobrada. Concebido como lugar privilegiado para as habituais exposições dos alunos e docentes da Arquitetura e do Design, mas também laboratório de investigação plurivalente para todos os outros, no desenvolvimento do espírito técnico-científico, da Matemática, da Física e da Química e das diversas Engenharias, e sociológico, histórico e literário, das Ciências Sociais Humanas da UBI, recebe agora as criações dos membros de uma outra instituição que leva arte a todo o mundo e com quem deseja criar vínculos permanentes. A modernidade das modernidades que se anuncia juntará a arte e a indústria em novo instante de superação do homem e o Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior quer ser mensageiro do futuro pegando em uma das mãos da unidade curricular de Tapeçaria, atualmente lecionada na Faculdade de Belas Artes, da Universidade de Lisboa, que leva a outra mão. A lã e tudo o mais que a ela concerne, pastores e operários, portanto, rebanhos e panos, e todos os seus imaginários, movem o Museu da UBI e a equipa

por ele responsável continuará a desenvolver o estudo dos caminhos daquela, iniciados há milénios na região, hoje, com os olhos noutra estrela, a da esfera artística, para cumprir com o legado dos arqueólogos, arquitetos, historiadores, mestres e artífices, que têm intervindo nos seus três núcleos, Real Fábrica dos Panos, Real Fábrica Veiga e Râmolas do Sol, com o sinal mais da criação. Esta exposição pode ser o princípio de um projeto permanente de artes decorativas com base na lã nos salões do museu, com diferentes mestrias de fiação, tecelagem e tingimento, em ambiente avançado de ciência, técnica e comunicação, mas bem enraizado no território que lhe serve de matriz, as Beiras, em geral, e a Serra da Estrela e a Covilhã, em particular. Uma exposição consigna dois tempos de interatividade, um coletivo, o do lançamento e outro subjetivo, o da contemplação. Pretende-se que a ArtLab – Next Vision tire o maior partido de ambos, no espaço do Museu de Lanifícios, provoque um forte impacto no tranquilo ambiente envolvente e desperte a nossa gente e outra, que houver, para um olhar a sós com os seus manifestos de arte inscritos nos quadros dos mais belos tapetes.

Prof. Doutor António dos Santos Pereira Diretor do Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior

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ARTLAB — Next Vision Tapeçaria Contemporânea

A Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, integra na licenciatura de Pintura, a unidade curricular de Tapeçaria, herdeira das nostalgias do movimento inglês Arts and Crafts de William Morris (1834-1896). Influenciado pelos Pré-Rafaelitas, este movimento era constituído por uma irmandade de artistas, na qual Edward Burne-Jones (1833-1898) dava particular atenção à tapeçaria, como uma técnica artística ancestral, capaz de instaurar novas significações estéticas num presente esmagado pela Revolução Industrial marcante nos séculos XVIII e XIX em toda a Europa. É numa perspectiva tecnológica, ao serviço da humanização, que se enquadra o sentido de tool-sense, como instrumento humanizante do trabalho, segundo William Morris, fundador da firma Morris, Marshall Faulkner & Co., (1861), indissociável do pensamento plástico capaz de acentuar o posicionamento conciliatório entre artista e artífice, num contexto industrial que aponta para a pulverização da «aura» do artista, solvida num conjunto de técnicas e tecnologias que iniciam os automatismos reprodutores e multiplicadores das imagens invasoras, cuja deriva culmina na instantaneidade apocalíptica dos dispositivos tecnológicos veiculados pela Cibercultura. A influência romântica, de um «retorno ao ser», trespassa a Academia de Belas-Artes de Lisboa (1836) no fim do século XIX, passando pela reforma republicana de 1911 e a de 1932, já em pleno Estado Novo, e contaminando as Escolas de Belas-Artes de Lisboa e Porto, bem como a futura Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, reestruturada em 1957. Esta última reforma revela uma outra visão, atendendo à fruição de objectos «inteligentes», e não rejeitando a «obscenidade industrial», a que foram votados muitos dos objectos, que mimetizavam a excelência da mestria artesanal, desvirtuando-os na sua maquinação fabril. A matriz desta perspectiva artística, científica e tecnológica engendra-se na Bauhaus (1919) de Walter

Groupius (1883-1969), e irá modelar todo o ensino superior artístico até ao presente, pois coloca a problemática da produção industrial como potenciadora da criatividade e inovação, resultante do trabalho de equipas multidisciplinares compostas por arquitectos, pintores, escultores, fotógrafos, cineastas, duma maneira geral criadores, capazes de engendrar metodologias conducentes à invenção de objectos altamente qualificados para todos. A ideia de «design» é acompanhada pela de «operador plástico», designações que virão a ter impacto em 1957, aquando da reorganização dos cursos da Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. A partir desta reorganização, o curso de Pintura apresentará pares de tecnologias artísticas, como o da «Cerâmica e Tapeçaria». Contudo, apenas no pós-25 de Abril, em 1974-76, que se opera uma profunda reestruturação curricular do ensino superior artístico, dando-se a separação dos pares das tecnologias artísticas, originando unidades curriculares autónomas, e mantendo-se esta autonomia mesmo após a integração na Universidade de Lisboa em 1992, marco da transformação da antiga Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa em Faculdade de Belas-Artes. Com o Processo de Bolonha 2004-2006, implementado num período altamente conturbado e desfavorável, também foi possível resistir ao «desmembramento» e às «compactações» excessivas, preservando-se a unidade curricular de Tapeçaria. Neste breve enquadramento histórico do legado da unidade curricular de Tapeçaria, actualmente regida pelo Dr. Hugo Ferrão, assistido pela Dr.ª Ana Gonçalves de Sousa, não se pode deixar de evocar o professor Rocha de Sousa (1938), figura da maior importância na compreensão da Tapeçaria Moderna, cujo imaginário é habitado por um ser sem heterónimos, capaz de transmitir artística e cientificamente conteúdos circunscritos poeticamente, que despertam

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e nos fazem descobrir Maurice Denis (1870-1943), e os Ateliers d’Art Sacré (1919-1947), onde se recuperava a ligação à Tapeçaria, bem como entender a magnitude da praxis da Tapeçaria Contemporânea dos pintores portugueses, como é o caso de Eduardo Nery (1938) ao participar na 2ª International Biennial of Tapestry de Lausane (1965). No entanto, a Tapeçaria Contemporânea, em Portugal, será apenas representativa, a partir da segunda metade do século XX, na qual os pintores portugueses começam a executar cartões para serem realizados nas Manufacturas de Portalegre (1946) fundadas por Guy Fino (1920-1997) sob matriz francesa (Gobelins e Aubusson). Jean Lurçat (1892-1966) virá a corresponder e projectar este projecto, por intermédio de Guy Fino, que visava a internacionalização das Tapeçarias de Portalegre e a confirmação da qualidade do «ponto português», da autoria de Manuel Carmo Peixeiro (1893-1964), simbolizando marcos de elevada performance cultural e artística para a preservação da Tapeçaria Contemporânea em Portugal. O actual programa da unidade curricular de Tapeçaria, com os níveis de iniciação, desenvolvimento e projecto, foi capaz de dar continuidade aos objectivos de preservar, pesquisar e inovar que estavam na origem programática da disciplina, não esquecendo a importância dos eventos que dêem visibilidade à prática de índole artística realizada nas Belas-Artes. Contribuíram para a ambiência propiciatória necessária à transmissão de saberes e conhecimentos as «peregrinações» com o formato de visitas de estudos às Manufacturas de Portalegre, preparadas por Rocha de Sousa, assumindo ressonâncias que evocam os espaços e os tempos mágicos de se ser aluno em Belas-Artes. Estes «rituais iniciáticos» das boas práticas académicas, fizeram-nos deambular pela luz que trespassava os janelões da antiga Real Fábrica – Escola de Lanifícios (1771) que parecia construir o mundo encantatório da Tapeçaria, onde se era acompanhado pela Dª Fernanda Fortunato, que nos aproximava da complexidade poética da interpretação e feitura dum

gesto, duma mescla de tinta, das texturas, da selecção das cores e do som das cadências dos pentes, batidos por mãos delicadas de tecedeiras que comprimiam as tramas criando o corpo da obra. As idas a Arraiolos, Mértola, Limões, Castelo Branco, visitando museus e cooperativas são sempre momentos marcantes, indicadores da força das actividades da tecelagem e da tapeçaria em quererem permanecer no nosso imaginário. ArtLab – Next Vision é uma exposição dos trabalhos dos alunos e professores de Tapeçaria que pretende projectar o potencial da Tapeçaria Contemporânea, ancorada nas visões anunciadas na Bienal Internacional de Tapeçaria de Lausanne (1962), um tempo histórico no relançamento da tapeçaria a nível mundial, protagonizado por Jean Lurçat e Pierre Pauli (1916-1970), onde se fazem já referências aos aspectos da arte têxtil, que se intensificam e abrem, através de novos campos, nas Bienais de Veneza e de São Paulo, nas associações internacionais como a Archaeological Textiles Newsletter ou a Europian Textile Network e, mais recentemente, na polarização com a China, como a mostra From Lausane to Beijing, 6th International Fiber Art Biennale (2010). O imaginário dos nossos alunos está povoado por artistas tão importantes como Jean Lurçat, Magdalena Abakonowicz (1930), uma das maiores representantes da escola polaca de Tapeçaria, Fukumoto Shigeki (1946) e Helena Estanqueiro (1953), entre muitos outros. Os projectos e as metodologias desenvolvidas estão intimamente relacionadas com um novo conceito que se está a implementar no domínio das tecnologias artísticas, o «ArtFabLab», uma plataforma conceptual que expande a atitude recolectoar e apropriativa dos artistas, que se servem dos paradigmas da colagem, do ready made e da fusão, recorrendo às novas tecnologias de matriz digital como aceleradores de propostas de obras a concretizar, analisando-as em múltiplas vertentes, fazendo convergir arte, ciência e tecnologia. O confronto com um mercado nacional muito pequeno, em que a «cultura de sacrifício» se eterniza, e


propaga a todos os sectores, penalizando gerações, reflecte «tácticas de mediocridade», que só poderão ser contrariadas se, no interior das universidades, existir pensamento divergente, que proponha novas enunciações dos problemas, e se formos capazes de inventar respostas que recentrem o papel dos alunos e professores. Temos sido capazes de preparar portefólios adequados a parâmetros internacionais, concorrer a concursos, como o da Tricana, ser premiados, pesquisar, organizar congressos e exposições como esta, na Galeria de Exposições Temporárias do Núcleo da Real Fábrica Veiga no Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior na Covilhã, onde a Dr.ª Paula Fernandes, do Museu de Tapeçaria Guy Fino em Portalegre, uma vez mais manifestou o seu alto profissionalismo, ao permitir continuidade e articulação com a Dª Helena Correia e com o Dr. António dos Santos Pereira, Director do Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior, que nos permitem agora realizar esta exposição num espaço mágico impregnado de memórias e vivências em tudo relacionadas com a Tapeçaria Contemporânea. Registamos e agradecemos ao Director da Faculdade de Belas-Artes, Dr. Luís Jorge Gonçalves, todo o apoio na feitura do catálogo e o estímulo demonstrado nestas iniciativas da Tapeçaria. As obras apresentadas articulam experiências espontâneas, ensaios em estamparia têxtil, feitura de carimbos, impressões artesanais, tecelagem em alto e baixo liço, tapeçarias onde se utilizam todos os materiais e matérias que possam criar e expressar novas associações plásticas e estéticas, ampliadas e depuradas nos projectos longamente amadurecidos, como podemos observar na obra de Cristina Vilas-Bôas, ao utilizar folhas de metal soldadas como fios de teias, que geram ritmos e transparências, modelando espaços; na obra de Catarina Mil-Homens, na qual a lã e a cor negra fazem-se escultura tecida pelos caminhos percorridos com fios; na obra de Carolina Blattman, onde os ramos de arvores são tocados por tiras que chamam por tecidos mumificadores e simultaneamente

protectores da natureza; na obra de Isabel Santos, que nos surpreende com uma técnica ancestral como o croché, elaborando flores que crescem no nosso imaginário; na obra de Raquel Taquelim, que cria bichos com materiais têxteis de desperdícios, que nos interrogam; bem como nas obras de Karolyn Morovati e Luísa Lucas, carimbos escavados no linóleo, plenos de motivos e padrões anunciadores de geometrias, animais, e instrumentos da violência quotidiana. Estas manifestações artísticas são na realidade actos de resistência e esperança, que vislumbram identidades artísticas num tempo de pós-globalização, em que tudo se reduz a stock de «não lugares», a que cinicamente chamamos países, e a «homens sem qualidades», que reduzem a vida a algoritmos. Esta mostra: ArtLab – Next Vision – Tapeçaria Contemporânea, instaura num espaço encantatório, que é o Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior, esse querer maior que é significar a existência, partilhando as descobertas artísticas destes jovens, que são a matéria prima do futuro. Tenhamos nós quando visitarmos esta exposição a capacidade de reconhecer neles esse amanhã.

Hugo Ferrão Regente e docente da unidade curricular de Tapeçaria – Licenciatura de Pintura Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa / Centro de Investigação e de Estudos em Belas-Artes

Casa da Fonte Amieira do Tejo – 2012

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Possibilidade Andréa Adão, 2012

Cartão, tecidos vários e lãs 60 × 80 × 3 cm

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O olho vê o mundo, e aquilo que falta ao mundo para ser quadro e o que falta ao quadro para ser ele próprio, e, sobre a paleta, a cor que o quadro espera, e vê, uma vez feito, o quadro que responde a todas estas faltas, e vê os quadros dos outros, as respostas a outras faltas. —Merleau-Ponty (2009), O olho e o espírito: 25. Personifica-se nesta peça a falta do próprio quadro. Assume-se aqui o vazio como um elemento em falta, não pressupondo criar inquietação, antes determinar a vontade da peça. Trata-se da vontade de um corpo em dar também respostas, ou

“desrespostas”. Um corpo sem alma? Um corpo com alma de corpo? Talvez não interesse. Certamente um corpo completo. Madeira, cartão, tecido, lãs e ensaios de ornamentos. Camadas sobrepostas que o constituem, que o enformam e moldam, à imagem de uma moldura que nada (ou tudo) emoldura. É neste nada que se concentram todas as suas possibilidades. Um mundo infinito de possibilidades, onde variam os espectadores e se mantém a delimitação. Joga-se um jogo de aparentes paradoxos. Que vive das apostas de quem nele participa e de quem dele prefere ficar de fora. Ganhar ou perder pouco importa.


Depois de Ingres Inês Garcia, 2012

Grafite s/ papel e tecido estampado 29.7 × 21 cm

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As obras apresentadas exploram duas situações distintas: a técnica, no caso das figuras femininas, e o domínio pertencente á história de arte ocidental. Como os títulos afirmam, as obras foram inspiradas em trabalhos célebres dos pintores Rembrandt, Urbino, Ingres, Velásquez, Courbet e Van Gogh. Dado que a temática relativa ao corpo, mais concretamente a pintura de modelo nu sempre foi algo de muito trabalhado em quase toda a história de arte, peguei nessa temática e, com um humor provocatório um pouco ao estilo dadaísta, propus-me a “censurar” a figura feminina. Desta forma, o facto de a figura estar “vestida”, representa como que uma ironia, pois esta “censura” já existiu de facto na Europa e em Portugal. Para a obra After Van Gogh é igualmente feita uma interpretação da célebre pintura Noite Estrelada. Neste trabalho existe também uma dualidade entre a conceção da obra e a sua identidade histórica. Para esta peça, a linha de bordado utilizada foi aplicada como se desenho se tratasse, acabando por fundir-se

a tridimensionalidade da linha com a bidimensionalidade do desenho, em suma, pretende-se desenhar com a linha. Desta forma, a ideia que se deseja invocar em todas as obras é uma nova representação das mesmas, que pelas suas várias qualidades expressivas, decidi projetar para o âmbito da tapeçaria, do bordado, sem nunca perder a sua identidade. Uma espécie de analogia entre a pintura e a tapeçaria e em como podem ser ligadas intrinsecamente. A tridimensionalidade que as obras adquirem deve-se á união entre o têxtil e o desenho, ambas fruto de uma atividade manual. Como vivemos numa era em que a reprodução de imagens é uma constante, pretendo reinterpretá-las de várias formas no domínio das técnicas tradicionais, contrastando assim com os avanços tecnológicos a que assistimos praticamente todos os dias, pois apesar desses mesmos avanços serem positivos e benéficos, não se podem nem devem esquecer as raízes, nem a história.


Sem título Inês Valla, 2012

Técnica mista: flanela e linha 100 × 200 cm

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A preferência pelo tema da paisagem por ser um tema abrangente, inspirador, alvo de contemplação ao longo de toda a História da Arte. Não se trata se uma representação fiel à realidade, mas antes uma representação simbólica; imagens reinventadas a partir da realidade exterior, assim como projecção de imagens interiores subjectivas, por vezes recorrendo a universo mais ingénuo. Elaborado como uma espécie de tríptico dando ênfase à parte central, e nas partes laterais com menos informação, mas que completam a obra e unificando-a. Usando como meio preferencial de expressão a mancha e pontualmente a linha, fazendo com que ambas interajam de

uma maneira coerente. Valorizando uma composição livre, talvez mais decorativa, e mais próxima de um lirismo. As cores por vezes fazem alusão a uma cultura de inspiração africana, pela intensidade cromática. Este simbolismo intensifica-se pela utilização de grandes blocos de cores saturadas, pela síntese das forma que embora figurativas se aproximam da abstracção. Parecem sombras que se projectam sobre um fundo de grande intensidade cromática. A utilização de tecidos também acentuou estas características permitindo inovar; assim aproxima-se de um universo têxtil mas que ainda estabelece relação com as práticas da pintura.


… Bleib ich halt hier Judith Reischmann, 2012

Lã e fio de algodão 150 × 90 cm

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Aqui está ele, parado com os seus braços completamente abertos. Em frente da sua gaiola. Ele… O pássaro? Pronto para voar para longe, olhando a distância. Mas nenhuma pena se move. Ele não arrisca um único bater de asas. Ele… O humano?

Parado com os seus braços completamente abertos, incapaz de voar para longe, preso por fios. Ele… A marionete? Libertar-se não seria um problema. Mas o conforto mantém-no preso, com os seus braços completamente abertos. Ele… O espantalho? Olhar para longe parece ser suficiente para ele.


Membrana Julia Deccache, 2012

Estrutura em metal e plástico de mala de viagem, elásticos e espelhos—77 × 49 × 22 cm

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O projeto propõe um sutil diálogo entre a “bagagem” trazida da terra natal e as novas vivências no além mar. As cores, referentes às bandeiras brasileira e portuguesa, contaminam-se mutuamente dando forma a um espaço interno um tanto quanto íntimo. Multiplicado por fragmentos espelhados, este “lugar”,

onde não há fronteiras, só existe a partir do momento em que a própria autora se reflete lá dentro. Ao mesmo tempo, ao explorar a membrana elástica o espectador deixa de ser apenas observador; ele é também parte integrante do trabalho.


Sem título Karolyn Morovati, 2012

Estampagem s/ tecido, carimbo em linóleo e tinta acrílica—dimensões variáveis

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Sou fascinada desde há muito por padrões, sejam de números ou visuais, provenientes do nosso quotidiano. Em trabalhos anteriores, criei pinturas harmoniosas de cariz geométrico, conjugando diferentes formas e cores. Há dois anos comecei a criar desenhos/padrões lineares manualmente e realizei também muitas impressões sobre papel com carimbos de borracha, “esculpidos” por mim. No início, estas impressões eram simples, mas progressivamente foram se tornando mais e mais complexas. Foi então que pensei numa maneira de transportar estes

padrões para tecidos, para que pudessem ser integrados na vida. Estes padrões poderiam ser usados em tecidos para vestidos ou lenços, por exemplo. A maneira mais simples de o fazer – pensei – seria esculpir um carimbo mais resistente para estampar os tecidos. Comecei então a usar placas de linóleo. Desenhei várias formas geométricas, mas depois interessei-me por experimentar imagens de animais, sob a influência da tapeçaria persa. No presente, pretendo continuar a apropriar-me destas imagens simbólicas para fazer padrões contemporâneos.


Sem título Leonardo Hormilla, 2011

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Esta pieza habla de la dominación. Está inspirada en los relieves egipcios en los que Ramesés II se dispone a golpear a sus enemigos mientras los sujeta por la cabellera. Al alzarla, el cuerpo central pende de una serie de hilos que se tensan con violencia, recogiendo la idea del sometimiento de otro ser.

Tafetá, fibras vegetais, gesso, acrílico e missangas de cera—76 × 24 cm


Um olhar entre os dedos Margarida Alves, 2012

Tecelagem manual, canas e lã 60 × 20 × 1 cm

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Naquele tempo havia campos e leiras, caminhos escondidos entre as mãos dos homens. O vento caminhava em silêncio sobre as águas e o azul do céu. As tuas mãos teciam a terra, aravam-na entre as estações e eu sentia-te, escutava-te com os braços estendidos sobre o rio, o olhar eterno no sopé do monte. Dos teus pés nasciam lírios, estradas infinitas de flores e pássaros. E tu crescias debaixo da minha pele, como se todo o tempo do mundo existisse ali, entre o sopro de um céu invisível.


Do lixo para o museu Margarida Cardoso, 2012

Tecelagem, crochet e macramé dimensões variáveis

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Com este conceito pretende-se resgatar do lixo peças de vestuário em estado aceitável e transformá-las em algo digno de figurar num Museu, de se tornar algo desejável para voltar a ser usado com um novo estatuto de peça de Arte. Assim, para a peça bordeaux, utilizou-se uma técnica ancestral, o Nhanduti. Criou-se uma medusa gigante, sendo a cauda executada em macramé sob um suporte de lã previamente tricotada e desmanchada, conferindo assim uma textura ondulante. Para a peça verde, foi criado um molde de flor com folhas de diferentes formas e tamanhos, conferindo-lhe assim uma estrutura irregular, que ao mesmo tempo faz lembrar uma gerbera. Criou-se também um molde para a folha utilizando sempre como base a técnica de tecelagem com enchimento circular.

Para tentar dar um ar de modernidade a esta peça fez-se também a volta do decote e das mangas um alinhavo cor de laranja, não apenas para produzir um contrate cromático mas também para remeter à técnica de tecelagem utilizada. O top de crochet foi finalizado com alças em macramé, utilizando também contas de madeira para embelezar toda a peça. Num momento de recessão económica não precisamos necessariamente de descartar o que possuímos, nem de nos sentir constrangidos por não poder renovar o guarda roupa – deixemos pois que um pouco de técnica e de criatividade façam renascer aquilo que se julgava gasto, e que assim é resgatado do lixo e pode passar a figurar num Museu.


Recriação The Oracle – Martina Shapiro Raquel Contreiras, 2011

Técnica de tafetá, lãs e fio de algodão 16 × 16 cm

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A sua existência até então se estagnara numa angustiante vivência… uma vivência com pouca solidez nas suas ações. Um meio repleto de subjetividade de princípios básicos, incompletos e no meio de todo o movimento tudo se opunha a uma figurativa vida de rapariga que mal detivera as ideias de um futuro próximo. Tudo isto resultara de palavras mal proferidas, interpretadas de maneira muito própria. Disse-as. Disse-as pela primeira vez em tanto tempo, tudo o guardara para si, disse-o infinitamente. Porém não detivera qualquer sentimento, mas apenas uma obsessão pictórica e texturada. Foram os momentos que a marcaram de cores vivas, obscuras, e contraditórias, mancharam a sua pele cor de âmbar. Apenas uma pessoa a tinha feito sentir perdida daquela maneira.

Aquele Corpo Nómada. Ocupou um espaço, um espaço quadrado, regular e tecnicamente pensado. Não daria margem para tentação. Faria justiça por si, por todos os tempos em que a sombra das folhas outoniças faziam padrões na calçada. Secas, sem vida, mas independentemente disso, belas. Uma breve e solene brisa fez demonstrar a sua passagem de novo, com um toque, com um arrepio, e momentaneamente surgiu algo que pensara que não tivera sobrevivido. Algo que tomara como perdido. Nos seus olhos a perplexidade da cor, a luz emanada pelo sol, fazia ver que guardava ainda o cheiro daquele corpo, aquele que tanto a fez estremecer. Talvez um dia ele se lembre dela. Memórias de alguém.




Ichthys Adriana de Matos, 2010

Trapilho, tecidos variados e madeira 134 × 68 × 10 cm

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A palavra Ichthys – do grego, em português peixe – é acrónimo de Iesus Christus Theou Yicus Soter, significando Jesus Cristo filho de Deus Salvador. Era usada como sinal secreto da fé pelos primeiros cristão, tendo sido associada, ao longo do tempo, ao cristianismo. Para um cristão reconhecer outro cristão, desenharia um arco na areia, e esperaria que este desenhasse o arco ao contrário, em espelho, formando a figura de um peixe.

Nesta peça, o peixe, figura estranha que não reconhecemos bem, apresenta, no entanto, uma sinuosa riqueza dourada, que nos capta. Espera, enquanto enigma, que associemos o peixe ao seu símbolo original, uma vez que a arte, previamente, já se encarregou de o mostrar, ensinar, demonstrar, virar e revirar, revoltar e ignorar. Agora, por último, só nos resta a cognição.


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Flying Away Ana Gonçalves de Sousa, 2003

Aparas de cêra derretidas s/ papel—21 × 11 cm Execução da peça s/ estrutura

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Na arte, como na vida, há um movimento, uma metamorfose constante, visível ou invisível, perceptível ou não. Flying away remete-nos para um jogo que quase todos nós realizámos na nossa infância. O processo consistia em colocar tinta, ou aparas de cera, sobre uma folha de papel, e dobrá-la ao meio. O resultado era uma imagem colorida e simétrica. Depois, com imaginação, tão fluída nessas idades ingénuas, dávamos nome ao que surgia, como que por magia, na folha de papel. E sentiamo-nos uns deuses, a criar algo e ao nomeá-lo com a certeza de quem ainda não tem nenhuma convicção determinada. Então podia ser um pássaro azul, uma flor em botão, o sol, uma formiga, a nossa melhor amiga com um chapéu, a avó com bolos acabados de fazer, uma carocha, uma centopeia, tudo o que desejávamos que fosse, tudo o que fosse sugerido pela nossa vontade. Penso que os animais são as

personagens principais do universo infantil. Nos meus sonhos apareciam muito... Lembro-me de sonhar com lobos que me roubavam gelados (e isso era um pesadelo), e também com tartarugas enormes que estranhamente habitavam o espaço escuro e desconhecido que ficava por debaixo da cama. Enfim, o que via durante o dia, era transformado à noite, e ganhava formas distorcidas e inusuais. Também nesse jogo o mesmo acontecia. Muitas vezes a abelha não era bem uma abelha, também podia ser uma borboleta, um bicho-de-conta... As formas contaminavam-se, eram isto, mas também podiam ser aquilo, e não eram só isto, ou só aquilo. Talvez tenha sido nessa idade, desde muito cedo, que aprendi que uma coisa não é só isto ou só aquilo, mas muitas coisas ao mesmo tempo. Um não é igual a um. Que ideia complicada... As coisas não são estáticas, estanques. Na arte, como na vida, há um movimento, uma metamorfose constante, visível ou invisível, perceptível ou não.


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Técnica mista: manga plástica s/ fio de nylon 400 × 120 cm


Semente Andreia Dias, 2010

Feltro e linha de algodão 188 × 235 × 20 cm

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O conjunto de peças apresentadas, compostas por Sonhos pendurados, Semente e Espiralar nascem de um processo de pensamento ligado ao universo infantil, fruto da minha experiência profissional em projectos educativos artísticos com crianças. Todo o meu mundo está invadido de desenhos e pinturas dos pequenotes e dos meus próprios trabalhos e pesquisas. Esta instalação têxtil surge da fusão destes dois universos. Deste cruzamento nascem peças de aspecto lúdico e híbrido

em que cores fortes, formas e texturas se conjugam e brincam penduradas na sua estrutura de suporte, convidando à interrogação, ao toque, à brincadeira e ao sonho. O material eleito é o feltro, desenhado, cortado e montado, tendo em conta a sua plasticidade. Todos os elementos são cosidos à mão, valorizando o fazer manual e o envolvimento pessoal na criação das peças que vão tomando forma no meio de pensamentos, conversas e sorrisos.


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Natureza morta? Carolina Blattmann, 2012

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No seguimento de obras anteriores, a Natureza é o tema central. Há vida nos troncos e ramos de uma árvore. Elas protegem, dão abrigo e alimento a muitos animais e insetos. Contribuem para o equilíbrio fundamental da vida. E dão-nos tudo isto sem pedir nada em troca. É nosso dever, enquanto seres humanos, protegê-las. Já começámos, mas é preciso uma maior sensibilização. Cada vez maior! Porque a Natureza já está muito doente. Contribuir para a biodiversidade na Terra é um dever universal.

Ramos de árvore e ligaduras de gaze dimensões variáveis


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Caminhos Catarina Mil-Homens, 2011

Lã de Arraiolos 400 × 100 × 80 cm

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“A vida é feita de caminhos” disse-me um amigo num serão. Quando mudamos de casa passamos a fazer um caminho diferente para ir comprar pão, bebemos café num sítio diferente damos bons dias a novas pessoas. Cada mudança implica novos caminhos, neles descobrimos e reencontramos coisas, pessoas, ideias, que ficam connosco para sempre e outras que deixamos para traz. Com a leveza de quem caminha. Este foi o mote para a criação desta peça, o

que lhe deu o nome e foi também a acção que permitiu a sua construção. Caminhar desenrolando metros de miadas de lã. Nesta peça feita de caminho fica o tempo desenrolado em volta de duas cadeiras. O tempo para pensar nos caminhos que se estão a percorrer, deixando marca dos caminhos que se percorreram. Uma peça que se prolonga nos dias infinitamente. A certeza de uma acção que se repete no tempo sempre de forma diferente, concretizando o desejo de nunca parar de caminhar.


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OGUM: Um orixá do fogo Cristina Vilas-Bôas, 2012

Corte, soldadura e platinagem em chapa de ferro—dimensões variáveis

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O projeto Ogum corresponde a uma tapeçaria que utiliza o metal, em que o fogo foi o elemento central para a modelação das cinco peças. Porquê a designação de Ogum? Trata-se do orixá dos ferreiros, na mitologia do candomblé, senhor dos metais que forjava as ferramentas para a caça e para agricultura e as armas para a guerra. Era ainda o orixá do fogo, da tecnologia e da sobrevivência. É uma homenagem ao Candomblé, culto afro-brasileiro em que os orixás, ou seja, entidades semidivinas que representam os elementos da natureza em todos os seus domínios na realidade física. Ogum, em particular, é uma entidade mítica onde as forças da natureza se associam aos processo tecnológico para transformar a matéria que brota da terra.

A matéria é o metal e o fogo é o elemento que leva à sua metamorfose. Depois obtém-se os artefactos com os quais nos abrigamos, trabalhamos ou realizamos os nossos cultos. Mas o metal não para, como no mito do eterno retorno, em contato com o ar, a água, vai-se oxidando. Começa a decompor-se a transforma-se em terra de novo. Mesmo depois desta metamorfose o metal continua vivo porque nos dá as suas cores, as quais usamos nos nossos rituais, na nossa arte, nas danças ao orixá Ogum. Com este projeto evoco este orixá porque representa a essência da humanidade que está na sua capacidade de transformação da Terra e de criar a arte que nos faz humanos.


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Volutas e Espiraladas Elisabete Tribolet, 2012

Técnicas de trapologia, têxteis, poliéster, arame, nylon e grade de suspensão—150 × 200 × 40 cm

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Muitas são as fontes de onde podem provir as alusões a movimentos espiralados. Dos remoinhos de água, aos moinhos de vento, à folha que revolteia sobre a acção do vento, às turbinas de um aparelho muitas podem ser as origens de este tipo de movimento. Sendo o movimento espiralado um movimento curvilíneo de um corpo com massa, este na verdade, apenas é possível graças à força centrípeta. No entanto, não apenas nestes movimentos podemos observar padrões espiralados, veja-se por exemplo

a concha de um organismo marinho, o Nautilus cuja arquitetura da sua concha nacarado, apresenta volutas espiraladas de uma perfeita simetria. Conclui-se portanto que a focagem principal que presidiu e que levou à feitura deste trabalho foi a centralização, não só nos movimentos curvilíneos sejam eles devidos a forças naturais ou a forças de engenhos mecânicos mas também a toda a configuração padronizada que corresponda visualmente a uma construção de braços curvilíneos centrados e rotativamente dispostos num círculo.


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Excuse me, I have a Life to Live II Eurica Luz, 2011

Arame, fibras têxteis, materiais orgânicos e cola branca—100 × 100 × 50 cm

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Penetramos numa história pela porta da escuta interior. Ouçam, portanto, com a escuta da alma agora, pois é essa a missão das histórias.—Clarissa Pinkola Estès Cada corpo é testemunho da memória individual e repositório da memória colectiva. É um autêntico livro de histórias, repleto de signos, ideias, frases, cicatrizes, mapa dos caminhos trilhados e das escolhas feitas e refeitas. Entre a psicologia de Jung e o legado dos contos tradicionais, surgiu um conjunto de duas peças – Excuse me, I have a Life to Live, I e II. As peças retratam a condição de “Capuchinho Vermelho” e de todo

o ser humano, no que toca ao processo de autonomização. O umbigo, cicatriz primordial, é matriz comum a todo o indivíduo e aparece aqui como uma marca da identidade pessoal, quase um retrato. Todo o ser nasce num confortável ninho e aí permanece, até ao momento em que torna urgente a individualização. Nessa altura, o doce colo materno torna-se uma sufocante prisão e afirma-se o corte do cordão umbilical, pela segunda vez na vida. Inicia-se então a viagem pessoal, numa mistura de confiança e medo. Quebram-se os limites da gaiola e nascem asas, mesmo a tempo de escrevermos a nossa própria história.


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Cabeças Filipa Flores, 2011

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Com base no aproveitamento de peças de aparelhos eléctricos estragados, como telemóveis, teclados, aspiradores e tudo mais que me aparece pela frente, este projecto tem como elemento central a cabeça humana. Através da aglomeração trabalhada com um propósito, são representadas características fisionómicas, étnicas e sócio económicas de diferentes raças/tribos.

Lixo urbano e crochet 50 × 133 × 120 cm


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Portugal Genealógico Filipa Sousa, 2011

Estampagem, bordados, tecidos, dracalon, esponja, galões e lãs—182 × 73 × 1,5 cm

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Influenciada por Christian Boltanski e Leah Evans e pelo seu fascínio por tecidos, padrões e, recentemente, costura, a autora desenvolveu a série Portugal Genealógico, que deve o seu nome à representação de Portugal, repetido em três painéis de tecido, e enfatizado pelos outros três Portugais maiores, dividido nas gerações dos seus avós, pais e primos/sua. Os tecidos utilizados para fazer este trabalho, foram escolhidos pelo carácter afectivo e simbólico para a autora: o dos seus avós foram tecidos oferecidos pela avó materna, o dos seus

pais e tios era uma saia da sua mãe e o da sua geração é um tecido do Ikea, que remete para a geração Ikea. As localizações assinaladas no mapa são os locais de nascimento das várias pessoas da sua família e cada pessoa tem a sua data de nascimento bordada, estando ordenadas por idades. Este projecto pretende reunir memórias passadas e actuais, nunca estando terminado pois está em constante evolução e actualização, ambicionando criar uma tradição familiar.


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BICICLETA Francisco Nisa, 2012

Tapeçaria contemporânea instalativa, lã acrílica s/ estrutura metálica—84.5 × 136 × 46 cm

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Esta peça segue na mesma linha dos outros trabalhos apresentados. Remete para os processos de reciclagem, o trabalho manual e o universo infantil (cores primárias e bicicleta pequena). Este trabalho consistiu na cobertura da bicicleta com lã (aplicação estratégica das três cores), e um vídeo que documenta sumariamente a realização do trabalho, resultando na peça em

si (bicicleta), no vídeo/performance e numa instalação. Sem intenção prévia e apenas por um aspecto puramente prático, resultou nesta apresentação final do objecto em “suspensão”. Este trabalho foi realizado em conjunto com Tiago Couto (aluno 3º ano de Arte Multimédia – FBAUL) que realizou o vídeo e teve como objectivo a fusão de algumas disciplinas artísticas.


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Imagens das Terras do Reino Maravilhoso Hugo Ferrão, 1984

Técnica mista: lã e fibras vegetais (ponto tafetá e ponto Portalegre)—100 × 135 cm

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As imagens fotográficas foram realizadas com uma Leica M3 munida de uma lente summilux 1.4-50mmm entre 1980 e 1985, sendo indissociáveis da tapeçaria que apresentamos realizada também neste período. A aldeia de Limões, foi preservou um micro centro linheiro, que se situa em Trás-os-Montes perto de Cerva no conselho de Ribeira de Pena, sendo para mim um poderoso topos imagético que se desvelou na unidade transcendental que emana dos lugares sagrados em que tudo faz sentido, permitindo sentir o ar, a água, a terra, as pessoas, os animais, o nascimento e a morte, onde acontece sermos de forma integral. A tecelagem é uma actividade ancestral que constrói uma segunda pele para protecção do corpo e quando os nossos dedos percorrem um tecido de linho, entramos em contacto com um processo alquímico, capaz de transmutar e instaurar uma

dimensão simbólica humanizante, operando a obra que nos transforma em seres. A tecelagem e a tapeçaria enquanto arte e ofício sempre foram, no sentido tradicional, capazes de projectar, na sua imensa complexidade, a pureza comunicacional sem grandes artifícios, feita nos silêncios que contêm todas as palavras indizíveis, evocando sorrisos, mãos delicadas, longos tempos contemplativos, movimentos e gestos cadenciados pelo pulsar da vida. As imagens fotográficas agora apresentadas são memórias que se materializaram na tapeçaria e remete-nos para a celebração dos mitos primordiais, narrativas fragmentadas, aparentemente labirínticas, inesquecíveis, e tal como estas imagens fotográficas foram impressas por fios de luz, também os fios de lã se fizeram tapeçaria, para contar as coisas que o corpo experienciou e alma desenhou.


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Aldeia de Limões – Ciclo do Linho (1980-1985) 9 fotografias analógicas a sépia, negativo integral, impressão por Henrique Calvet e Paula Campos


Metamorfose Isabel Santos, 2012

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Partindo de uma técnica ancestral, encetamos uma viagem pelas formas através de um labirinto natural. Uma flor transforma-se, metamorfoseia-se, recria-se numa dança invisível. Novas formas ganham vida num movimento que se cruza e entrecruza criando encontros e desencontros. Eis o mote deste trabalho o que se iniciou com uma ideia, passou a experiência e resultou num projecto.

Tecidos, dracalon e lã em crochet 150 × 250 × 20 cm


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mixTAPE João da Cruz, 2010

Fita de cassete áudio (trama), 189 cassetes áudio e lã (teia)—134 × 91.5 × 0.8 cm

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Uma das características dos meus projectos artísticos é a intencionalidade de criar espaços instalativos, a partir da apropriação e recriação de objectos previamente existentes, que colecciono de modo obsessivo – como televisores, rádios e instrumentos electrónicos antigos. Encontro a maioria destes objectos no lixo. De início, observo-os minuciosamente e procuro compreender a sua estrutura. Por vezes, trabalho neles directamente, aproveitando as suas potencialidades formais, e adaptando-os à linguagem plástica da tapeçaria (Tv). Outras vezes, é necessário desmontá-los e montá-los de novo (mixTAPE), perfurá-los e introduzir-lhes as teias, essenciais à execução da trama (dó, ré, mi, fá, LÃ, si, dó). Algo que procuro constantemente, em todos os meus trabalhos, é criar relações entre tempo-espaço, significado-significante, uso-desuso, forma-utilidade. A ideia conceptual que preside às instalações TAPEçaria e mixTAPE é a apropriação e recriação de objectos ultrapassados – como a cassete de aúdio –, e a sua analogia com a tapeçaria tradicional, através da

colocação desta, no interior das cassetes, em vez da fita (TAPEçaria,) ou da colocação da simples lã, procurando formar o mesmo padrão da tapeçaria de cores tradicional (MixTAPE). Deste modo, estabeleço uma relação análoga, um paralelo, entre a cassete e a tapeçaria de cores tradicional, duas coisas que já tiveram o seu auge, em tempos, e que são hoje vistas como inúteis, porque fora de moda e desactualizadas, disformais e disfuncionais. Os próprios títulos TAPEçaria e MixTAPE, resultam de um trocadilho, com cassete – do inglês tape, e tapeçaria, o processo tecnológico artístico evocado nas instalações. Em TAPEçaria, uma vez que a cassete áudio é um corpo analógico, procurei que sua estrutura exterior apresentasse um aspecto manual e rude, para reforçar essa ideia de analógico e, simultaneamente, evocar o processo da tapeçaria manufacturada que se encontra no seu interior. A cassete revela-se, assim, quase tão artesanal como a “fita” que a completa, enfatizando o manual ao invés do industrial.


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Exptxtl 1 (detalhe) Luísa Rodrigues, 2011

Tecido, fibra sintética e tinta de óleo 56 × 68 cm

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Partindo de um trabalho desenvolvido em torno de padrões inspirados nos motivos geométricos de papel de parede e pegando em imagens de violência policial, combinei formas e símbolos de violência (balas, granadas, soqueiras, pistolas) para criar o meu próprio padrão. Esta é uma série de experiências feitas através de um processo de estampagem manual sobre têxtil. Os carimbos uilizados foram feitos manualmente. O resultado

é uma variante de cores e padrões diferentes, pois cada estampagem é única. A partir deste exemplo derivaram quatro lenços estampados em fundo castanho escuro e uma fronha de almofada estampada em algodão branco. Trata-se de um processo inicial que pode ter diversas variantes de tamanhos e tonalidades. Os usos também podem ser explorados indefinidamente.


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Sem título (detalhe) Pedro Ramalho, 2011

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“… As coisas estão longe de ser todas tão tangíveis e dizíveis quanto se nos pretenderia fazer crer; a maior parte dos acontecimentos é inexprimível e ocorre num espaço em que nenhuma palavra nunca pisou. Menos susceptíveis de expressão do que qualquer outra coisa são as obras de arte, – seres misteriosos cuja vida perdura, ao lado da nossa, efémera. Uma obra de arte é boa quando nasceu por necessidade. Neste carácter de origem está o seu critério, – o único existente...”, in Cartas a um Jovem Poeta, Rainer Maria Rilke.

Plásticos, feltro e fio de nylon, conjunto de três peças—133 × 155 × 6 cm


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Cão de Água Português Raquel Taquelim d’Almeida, 2012

Estrutura mista: ferro, jornais e desperdícios 100 × 70 × 30 cm

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Este trabalho foi influenciado por um companheiro de treze anos, que não tendo nada a ver com a mascote oficial da Casa Branca de Obama, tem tudo o que se pode desejar de um fiel amigo. Foi a observação atenta e partilha de vários momentos do seu quotidiano, que influenciou a realização desta obra, de modo a eternizar tão profunda ligação. Os cães são o nosso elo com o paraíso. Eles não conhecem a

maldade, a inveja ou o descontentamento. Sentar-se com um cão ao pé de uma colina numa linda tarde, é voltar ao Éden onde ficar sem fazer nada não era tédio, era paz. — Milan Kundera Os cães amam os seus amigos e mordem os seus inimigos, bem diferente das pessoas, que são incapazes de sentir amor puro e têm sempre que misturar amor e ódio nas suas relações. — Sigmund Freud


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CurrĂ­culos

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Adriana de Matos

Andréa Adão

drikamatos@gmail.com

andreaadao@campus.ul.pt

Azambuja, 1988. Ensino secundário na Escola Artística António Arroio; licenciatura em Pintura da FBAUL em 2010; Mestranda em Arte, Património e Teoria do Restauro, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Concluiu o Curso de Formação em História da Arte – Coleccionadores, Colecções e Museus, do Museu Nacional de Arte Antiga, e o Curso de Formação Intensiva – Arte e Património na Diocese de Lisboa da Universidade Católica Portuguesa e do Sector dos Bens Culturais da Igreja do Patriarcado de Lisboa. Frequentou vários seminários acerca de temas da História da Arte e da Museologia na FBAUL, na UCP e no Museu Nacional de Arte Antiga. Expôs no Museu da Tapeçaria de Portalegre Guy Fino, no Centro Cultural da Nazaré, no Salão de Novembro da Escola de Artes Vera Santos Silva e recebeu menção honrosa no Artis X – Festival de Artes Plásticas de Seia. Realizou recentemente uma obra de arte pública por convite da Câmara Municipal de Azambuja.

Ana Gonçalves de Sousa Lisboa, 1980. Viveu e estudou em Faro até 1998, aquando da entrada na FBAUL. Licenciada em Artes Plásticas – Pintura (2003), mestre (2007) e doutoranda em Educação Artística da FBAUL. Desde 2002 tem desenvolvido e orientado projetos artísticos e exposições no domínio da tapeçaria contemporânea. Iniciou a carreira como professora de Tapeçaria na Escola Sophia de Mello Breyner, Outurela (2003-04). Na área têxtil participou como artista e como membro da organização em diversos projetos artísticos com destaque para: ArtLab Futuro Tapeçaria Contemporânea (2011) e ArteLab21 Tapeçaria Contemporânea (2010), Museu Tapeçaria Portalegre Guy Fino, Portalegre; Utopia9 (2003), integrada no 2º Simpósio Moda e Têxtil, ESART do IST de Castelo Branco, Cineteatro Avenida, Castelo Branco; O têxtil na Europa: passado, presente e futuro (2002), 1º Encontro da Texere – Textil Education and Research in Europe, Auditório e Cisterna da FBAUL. Bolseira da FCT (2006-11) é, desde 2009, docente e investigadora na FBAUL onde leciona Tapeçaria (Iniciação, Desenvolvimento I e II, Projeto I e II), e unidades curriculares dos Mestrados em Educação Artística e em Ensino das Artes Visuais.

França, 1991. Filha de pais emigrantes retorna a Portugal aos 6 anos, onde inicia o seu percurso educacional. Ingressa no Curso de Artes Visuais na Escola Secundária de Peniche em 2006, definindo desde logo a sua principal área de interesse académico. Frequenta o 2º ano da Licenciatura em Pintura na FBAUL. Contudo antes de lá ter chegado, iniciou o Curso de História da Arte da UNL. Sentindo-se presa à teoria e vendo-se sem os potenciais do trabalho prático decide renunciar ao curso e voltar a candidatar-se ao ensino superior no ano letivo que se seguiu. É neste “intervalo” que concilia o trabalho com o voluntariado no Museu Nacional do Azulejo. Participa no núcleo de restauro durante seis meses e frequenta um workshop sobre a Azulejaria em Portugal realizado pelo Museu. Expôs na FBAUL, na iniciativa Ateliers Abertos em 2011 e organizou a sua 1ª exposição individual no Bar Nº1, Peniche (março 2012). É na pintura e no desenho que tem visto o seu trabalho ser desenvolvido, mas nutre interesse pela experimentação de outras tecnologias. Como foi o caso da Tapeçaria, que terá proporcionado novos métodos de expressão artística.

Andreia Dias andreiafilipa13@gmail.com

Oeiras, 1978. Estudou na Sociedade Nacional de Belas-Artes de Lisboa (1999-2001). Frequenta o último ano da licenciatura em Artes Plásticas – Pintura, na FBAUL. Entre as exposições em que participou destacam-se Cena d’Arte, Câmara Municipal de Lisboa, 2004; Bienal de Pequeno Formato da Moita – Prémio Joaquim Afonso Madeira, 2003; Leilão Jovens Pintores em Portugal, Sociedade Comercial de Leilões S.A., Palácio do Correio Velho, Lisboa, 2003; Cena d’Arte, Câmara Municipal de Lisboa, Palácio Marim Olhão, 2001; 1.ª Mostra de Grafitis, Sintra, 1995. Também expôs, no âmbito escolar, na Sociedade Nacional de Belas-Artes, entre 1999 e 2001. Andreia Dias é monitora no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, e neste contexto tem organizado e colaborado em inúmeros projetos, workshops e atividades didáticas no domínio da educação estética infantil, o que se reflete na temática e aspetos formais das suas obras.


Carolina Blattmann Lisboa, 1989. Frequenta o 4º ano da licenciatura em Belas Artes Pintura, na FBAUL. Participou na exposição coletiva de Pintura em Cerâmica, na Costa da Caparica, em 2009. Participou nas exposições ArteLab21 Tapeçaria Contemporânea e ArtLab Futuro Tapeçaria Contemporânea, ambas no Museu de Tapeçaria de Portalegre Guy Fino, em 2010 e 2011 respetivamente.

Catarina Mil-Homens catarinamilhomens@gmail.com

Lisboa, 1979. Vive e estuda em Lisboa. Frequenta o 3º ano da licenciatura em Pintura na FBAUL, com uma licenciatura em design feita no IADE, teve a sua formação secundária na escola António Arroio. Passou ainda pela escola de ourivesaria Contacto Directo. O seu trabalho desenvolvido no curso de pintura tem principal foco no universo da instalação como disciplina de comunicação e exercício artístico. Tem como complemento dessa disciplina o trabalho desenvolvido em desenho, fotografia e tapeçaria.

Elisabete Vieira Tribolet Ambrosio Lisboa, 1956. Concluiu o 12º ano vertente científico-natural na Escola Luís de Camões. Concluiu os estudos de língua inglesa no British Council, grau Proficiency, tendo lecionado, a título particular, explicações de língua inglesa. Frequência do curso de pintura da SNBA (2006/07). Em 2007 apresentou a candidatura ao exame maiores de 23 anos na FBAUL, tendo sido admitida nesse ano. Frequenta o 4º ano do curso de Pintura daquela Faculdade. Investigação na área de tapeçaria contemporânea, nomeadamente de novas técnicas de manipulação têxtil através do uso de substâncias aditivas e de meios não tradicionais. Frequência de workshops na área atrás referida, no Reino Unido. As grandes áreas de interesse são pintura, tapeçaria e cerâmica tendo, no entanto, como fundamento projetual a natureza e o homem. Desde sempre o gosto pela arte acompanhou o seu percurso, preparando a sua primeira exposição individual. As suas vertentes artísticas mantêm-se desde sempre abertas às múltiplas solicitações que a arte hoje em dia coloca, mas o pendor realista e naturalista, ocupam um lugar central no seu trabalho, considerando-se em plena evolução.

Eurica Luz Cristina Vilas-Bôas Lisboa, 1967. Estudos secundário na escola Gil Vicente. Curso de Estilismo de Moda, Curso Integrado de Gestão e Vitrinística. Trabalhou na área do Vitrinismo com inúmeras empresas, na área do Algarve. Ingressou em 2008 na licenciatura de pintura da FBAUL. Trabalha na área da instalação, vídeo, performance, escultura, vitral e tapeçaria. Bolseira da Fundação Amadeu Dias pela UL. Exposições coletivas: ArtLab Futuro Tapeçaria Contemporânea (2011) e ArteLab21 Tapeçaria Contemporânea (2010) ambas no Museu Tapeçaria Portalegre Guy Fino, Portalegre; Concurso Ocidente/Oriente, Galeria da FBAUL (2010); Lugar que o Corpo Ocupa, Galeria da Biblioteca Orlando Ribeiro, Lx (2010); Leilão de Pintura contemporânea e antiguidades, Palácio do Correio Velho, Lx (2004). Exposições individuais: O Voo da Águia, Catedral da Cerveja, Estádio da Luz, (2011-12); No Tempo do Risco, Galeria da Biblioteca Orlando Ribeiro, Lx. (2012); Apresentação do vídeo No Tempo do Risco, Sesimbra Arqueologia 2009; Cósmico Energética, Casa da Morna, Lx (2009); FhengShui, Restaurante Psi, Lx e Casa da Guia, Cascais (2008).

ekanta108@yahoo.com.br

Espinho, 1980. Estudou na escola secundária António Arroio, Lisboa. Frequentou o 1º ano do curso de Arquitetura de Interiores na Faculdade de Arquitetura da UTL. Ingressou na FBAUL em 2000, no curso de Pintura, tendo concluído o Bacharelato. Desde 2004, trabalha regularmente com Dança Clássica Indiana, sob a forma de aulas, workshops e espetáculos. Realiza atividades pontuais de expressão artística dirigidas ao púbico infantil (nas áreas da dança, música, teatro e pintura). Reingressou na FBAUL em 2010, onde frequenta a Licenciatura em Pintura. Entre 2004 e 2010 participou em várias exposições coletivas de pintura em Lisboa e na Madeira. Interessada em trabalhar o Feminino, o Corpo, o Imaginário Coletivo, tem desenvolvido trabalho artístico relacionado com contos tradicionais e arquétipos, recorrendo ao universo das artes e à psicologia. O interesse pela Arte-Terapia e pela técnica de Teatro Dinâmico tem-se revelado um instrumento útil na auto-perceção e, consequentemente, na criação artística. A fotografia, o vídeo e a performance têm surgido como áreas de interesse crescente.

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Filipa Flores

Hugo Martins Gonçalves Ferrão

filipa_63@yahoo.com.br

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Lisboa, 1963. Completou o Curso de Decoração e Restauro da Fundação Ricardo Espírito Santo e Silva de Lisboa, tendo trabalhado em restauro de laca chinesa durante alguns anos. Começou o Curso de Pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, o qual interrompeu em 1992. Retomou este curso em Setembro de 2011.

Filipa Sousa sompyzitah@hotmail.com

Setúbal, 1987. Frequentou a Escola Secundária de Bocage, em Setúbal. Frequenta o 3º ano da licenciatura em Belas Artes – Pintura, na FBAUL. É sócia da empresa Bocados de Praia – Artigos de Decoração, Lda., onde produz peças artesanais decorativas, faz campanhas de marketing e alguns projetos de design relativos à imagem corporativa da empresa. Participa regularmente em exposições coletivas e individuais ligadas ao setor das artes decorativas e design de interiores, representando a empresa. Participou no concurso Resart’09 e consequente exposição coletiva na Fundação Inatel em Setúbal. Realizou workshops nas áreas da pintura, joalharia e artes decorativas. As áreas onde desenvolve atividade permanente são a pintura, tapeçaria, artes decorativas e bijuteria.

Maputo, 1954. Professor Universitário – Artista. Doutoramento em Belas-Artes especialidade de Pintura pela Universidade de Lisboa com a tese: Pintura como Hipertexto do Visível, Instauração do Tecno-imaginário do Citor (2007). Equiparação a Doutoramento – Agregação ao 5º Grupo – Pintura como tema Ciberarte, Imaginário Ciberpunk ou a Implosão do Futuro (1996). Mestre em Comunicação Educacional Multimédia pela Universidade Aberta com a dissertação: Ciberespaço como Matéria do Sonho, Tribos e Territórios Virtuais (1995). Pós-Graduação em Sociologia do Sagrado e do Pensamento Religioso pela Universidade Nova de Lisboa com o ensaio: Madonna della Vittoria, versus Sacra Conversazione – Visibilidade e Legibilidade do Discurso Pictórico (1992). Licenciado em Artes Plásticas-Pintura pela ESBAL (1985). Professor Associado de Pintura, onde cria as unidades curriculares de Ciberarte e Realidade Virtual, fundador do Centro de Investigação em Ciberarte, e do CIEBA – Centro de Investigação e Estudos em Belas-Artes de quem é o primeiro diretor; Investigador Principal da secção de Ciberarte; Presidente da Comissão de Coordenação do Doutoramento da FBAUL e membro do Conselho Geral da UL. Cria o conceito de «citor», investiga e publica nos domínios da ciberarte, cibercultura, hipertexto, realidade virtual e seu impacto na formalização do discurso artístico-pintura.

Inês Garcia ineshenriques.garcia@gmail.com

Francisco Nisa francisconisa@gmail.com

Évora, 1970. Vive e trabalha em Lisboa. Começou a desenhar e pintar como autodidata por volta de 1998. Frequenta a Licenciatura em pintura na FBAUL. Formação: 1990/91, Curso de Mecânico de Material Aéreo, Força Aérea Portuguesa, Ota; 1999, Curso de iniciação Tiffany, BRAZUNAS – Atelier de Artes Decorativas, Lx; 2007, 12º Ano de Escolaridade, Escola Secundária Marquês de Pombal, Lx. Exposições individuais: Automatismos e impressões, Escola Secundária Marquês de Pombal, Lx (2005); Justaposições, Espaço Urban Science, Lx (2011). Exposições coletivas: Iniciativa X, ARTE CONTEMPO, Lx (2007 e 2008); 2010/11, Pintura e Escultura concurso de artes, Unidade Hoteleira INATEL, Foz do Arelho (2010/11); Artelab 21 Tapeçaria Contemporânea, Museu Tapeçaria Portalegre Guy Fino, Portalegre (2011); Colectiva, Espaço Urban Science, Lx (2011/12). Prémios: Vulcão dos Capelinhos 1957–2007, Faial, Açores, 1º Prémio (2007). Publicações: 2006, Marlin Art Gallery, Marlin Magazine, U.S.A. (2006); Catálogo da exposição Concurso de Artes 2010 INATEL (2010).

Frequenta o 3º ano da licenciatura de Pintura na FBAUL (2011-2012) Workshop de Ilustração para a Infância, realizado pelo centro de Estudos Arte e Multimédia (CIEAM), da FBAUL (2009); 1º ano da licenciatura de Escultura na FBAUL (2008/2009); Curso de Artes Visuais na Escola Secundária da Portela. (2008); Exposições coletivas: Janela Aberta, Associação Envolve, Abrantes (2012); G.A.B.A Galerias Abertas das Belas Artes, FBAUL (2012); Iniciativa X, Arte Contempo (2011); 2ª edição AAA, Ateliers Abertos de Artistas, Castelo D’If, FBAUL (2011); Concurso Internacional de Ilustração de Dinossauros, GEAL – Museu da Lourinhã (2011); A Sardinha é Minha! Festas de Lisboa’11 (2011); Viagens pelo Som e pela Imagem, Fonoteca Municipal de Lisboa (2011 e 2010); II Bienal Internacional de Pintura, Fundação Rotária Portuguesa (FRP) (2011); Menção Honrosa na exposição coletiva Retratos do Infante Dom Henrique, Centro Cultural de Lagos (2010); 1º prémio do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (IP) (2008) Áreas de trabalho e interesse: pintura, desenho, gravura, tapeçaria e vitral.


Inês Valla

Julia Deccache

valla_ines_164@hotmail.com

deccache.julia@gmail.com

Formação Profissional e Habilitações Literárias: Frequenta o 3º ano da Licenciatura de Pintura na FBAUL (2011/12); Curso de Artes Visuais na Escola Secundária de Camões (2008); 1º ano curso de Pintura na AR.CO (2008/09). Exposições coletivas: Janela Aberta, associação Envolve, Abrantes (2012); G.A.B.A, Galerias Abertas Artes, FBAUL (2012). Áreas de trabalho e interesse: pintura, desenho, gravura, vitral, tapeçaria e ilustração.

Isabel Dá Costa Santos yesantos@gmail.com

Nasceu em 1970. Reside, estuda e trabalha em Lisboa. É finalista da licenciatura em História da Arte na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e frequenta, em regime livre, a disciplina de Tapeçaria Desenvolvimento I, na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa.

Aluna do curso de Cenografia da Faculdade de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), integra o programa de intercâmbio da Universidade de Lisboa desde Agosto de 2011. Participou por duas vezes da Mostra de Teatro da UFRJ: como atriz na montagem Como me Tornei Estúpido, adaptado e dirigido por Morena Cattoni; e como assistente de cenografia da peça Homens Gordos de Saia – montagem vencedora de cinco prêmios do 7° Festival Nacional de Teatro de Duque de Caxias. Trabalhou também com o cenógrafo Flávio Graff na peça Amorzinho, uma adaptação de um conto de Tchekov com direção de Orã Figueiredo. Dentro da Universidade de Lisboa expôs uma Video-Performance, 28:06:21, na mostra de performance, instalação, vídeo, som e fotografia: Pré-Reforma. Ao longo de sua trajetória artística ainda participou de diversos cursos e oficinas que permitiram o seu contato com outras formas de expressão como a interpretação, o canto, o circo e a dança.

Karolyn Morovati João da Cruz

karolyn.morovati@gmail.com

joaodakruz@gmail.com

Lisboa, 1986. Licenciado em Belas-Artes Pintura, pela FBAUL (2011), foi aluno da tecnologia artística de Tapeçaria, tendo concluído os níveis de Iniciação, Desenvolvimento I e II e Projecto I e II. Desde 2009, integra o projeto Brincar Sesimbra, no âmbito do qual leciona desenho a crianças entre os 8 e os 12 anos. Está envolvido em vários projetos artísticos, entre os quais decorações de espaços e montras, a realização de exposições e projetos coletivos com outros artistas.

Teerão (Irão), 1972. Foi viver para os E.U.A. em 1989. Estudou Ciências Naturais na Califórnia, até 1992. Frequentou o curso de Artes Visuais no Art Institute of Chicago, entre 1992 e 1996. Mudou-se para Nova Iorque em 1998, e um mês antes de tragédia do 11 Setembro, veio viver para Lisboa. A partir daí viveu e trabalhou entre Lisboa e Berlim por vários anos. Em 2005, após o nascimento de seu filho, fixou-se em Lisboa, onde vive e trabalha.

Leonardo Oliveros Hormilla Judith Reischmann

leonardoliveros@gmail.com

mail@judith-reischmann.de

Estudou Comunicação Visual na Universidade Bauhaus de Weimar. Nos dois últimos semestres estudou em Portugal, através do programa ERASMUS. Passou o 1º semestre em Castelo Branco a estudar Design de Moda e Têxtil no Instituto Politécnico de Castelo Branco. No 2º ano mudou-se para Lisboa para estudar na FBAUL. Quando voltar para a Alemanha terminará a licenciatura.

Holguín, Cuba, 1989. Estudio Bellas Artes en la Universidad de La Laguna, en Santa Cruz de Tenerife. Actualmente curso el cuarto año de la carrera en la Universidad de Lisboa, acogido al Programa Erasmus. Mi trabajo abarca técnicas de la tapicería y la cerámica para acercar las piezas al lado instintivo del ser.

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Luísa Lucas Rodrigues

Pedro Ramalho

luisalucasr@gmail.com

pedromdramalho@hotmail.com

Lisboa, 1988. Emigrou para o Luxemburgo com os pais e irmão, onde fez toda a escolaridade na escola Europeia do Luxemburgo. Em 2006 foi para Paris estudar moda na escola de estilismo e modelismo ESMOD. Em 2008 regressou a Portugal para tirar a Licenciatura de Pintura na FBAUL, onde continua a estudar. Fala francês, inglês e espanhol, tirou um curso de iniciação à fotografia digital no centro artístico Nextart e participou num showroom de Moda em Paris, no hotel Rivoli. Interessa-se por fotografia e cinema, música, literatura, ilustração, moda e diversas áreas das Artes, tem particular interesse em artesanato. Pretende explorar e desenvolver certos projetos artísticos iniciados e ter oportunidade de poder trabalhar e viajar pelo mundo.

Lisboa, 1983. Concluiu o 1º ano do curso de Desenho na Sociedade Nacional de Belas Artes em 2000. Frequenta a Licenciatura de Pintura na Faculdade de Belas Arte da Universidade de Lisboa. Entre as exposições coletivas em que participou destacam-se: ArteLab21 Tapeçaria Contemporânea e ArtLab Futuro Tapeçaria Contemporânea, ambas no Museu de Tapeçaria de Portalegre Guy Fino, em 2010 e 2011 respetivamente; Provas, Contraprovas e outros testemunhos, Exposição de Gravura, FBAUL, 2011; e D’Après Nuno Gonçalves, FBAUL, 2010.

Raquel Contreiras raquelcontreiras@hotmail.com

Margarida Campina Alves margaryda@gmail.com

Licenciatura pré-Bolonha em Engenharia Civil (UNL), 2005; Frequenta atualmente o 3º ano do curso de Escultura (FBAUL); Workshop de Desenho (Central Saint Martins, 2009); Seminário de Desenho no Campo Expandido – Prof. Helena Elias (FBAUL – 2011); Exposições coletivas: New Ideas in Medallic Sculpture, 2010/11; Traveling Medallic Sculpture Exibition, 2011; À procura… à procura, Lx, 2011; Percepção do Devir – Complementos de um espaço, Casa do Brasil de Lisboa, 2011; Encontrarte, Amares, 2011; 6th International Art Laguna Prize, Arsenal de Veneza, Itália, 2012. Prémios: Vencedora do Concurso de Escultura Encontrarte, Amares, 2011; Finalista do Concurso 6th International Art Laguna Prize, Veneza, 2012.

Margarida Cardoso anamarcardoso@gmail.com

Lisboa, 1990. Ingressa na Licenciatura de Pintura da FBAUL. Em 2009 expõe individualmente na Escola Internacional de Torres Vedras. Em 2010 participa no curso Livre de Retrato, no qual resulta uma exposição final coletiva. Em 2011 participa na exposição Palavras-Chave, numa parceria entre o ISEG e a FBAUL, e também na coletiva 12x12, na Galeria Travessa. Em 2012 volta a expor no mesmo local, fazendo parte da coletiva 20x20. Os seus interesses abrangem a Pintura e a Fotografia, bem como a combinação e a influência entre as duas. O seu trabalho foca-se na descoberta do estado em que uma obra pode ser dada como finalizada e a relação direta da pintura com os títulos, onde integra a ironia, o duplo-sentido e as metáforas em situações aparentemente banais e quotidianas.

Lisboa, 1991. Reside em Carcavelos. Obteve o Diploma de 12º ano no Colégio Marista de Carcavelos (2007/10). Apesar de ter frequentado um primeiro 10º em ciências, escolheu por questões de realização pessoal o Curso de Artes Visuais, onde as suas preferências eram pintura, restauro e moda. No âmbito destas áreas desenvolveu alguns projetos pessoais que lhe trouxeram grande gosto pelas Artes em geral. Foi-lhe atribuído um diploma de mérito escolar, na frequência do 11º ano (2008/09). Certificado na participação no VII Concurso de Expressão Plástica – Olhar Júlio Resende, com o Apoio da Fundação Júlio Resende – O Lugar do Desenho. Frequenta a licenciatura de Pintura na FBAUL. Brevemente irá fazer voluntariado no Museu Condes de Castro Guimarães, em Cascais, realizando visitas guiadas pelo museu, aproveitando esta oportunidade em termos de experiência pessoal e profissional. Tem particular interesse por ballet, fotografia, cinema, violino, literatura e pelo seu blog onde se exprime sem rodeios, numa necessidade da presença da sua família e amigos no seu dia-a-dia, exposições de arte, artesanato e antiguidades.

Raquel Taquelim d’Almeida misseclof@gmail.com

Lisboa, 1989. Frequenta o curso de Artes Plásticas, Pintura, na FBAUL. Participou em duas exposições coletivas nos 64 et 65 ème Salons des Artistes du Hurepoix, Ville de Sainte-Geneviève-des-Bois, Sud Parisien, em 2010 e 2011. Encontra-se no momento presente a desenvolver vários projetos no âmbito da Pintura, Cerâmica e Tapeçaria.




Catálogo

Exposição

Organização e Edição Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa Largo da Academia Nacional de Belas-Artes, 1249-058 Lisboa Tel. +351 213 252 100 gab.rp@fba.ul.pt | www.fba.ul.pt

ArtLab — Next Vision Tapeçaria Contemporânea 6 julho – 2 setembro 2012 Núcleo da Real Fábrica Veiga do Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior Covilhã, Portugal

Coordenação Hugo Ferrão (FBAUL) Ana Gonçalves de Sousa (FBAUL) Helena Correia (MLUBI) Paula Fernandes (MTPGF)

Produção Executiva Hugo Ferrão (FBAUL)

Composição Gráfica Tomás Gouveia (FBAUL) Impressão e Acabamento Facsimile, offset-publicidade Lda.

Montagem Helena Correia (MLUBI) Amélia Santos Marques (MLUBI) Joaquim Madeira Vicente (MLUBI) Divulgação Isabel Nunes (FBAUL) Paula Fernandes (MLUBI)

Tiragem 500 exemplares ISBN 978-989-8300-34-8 Depósito Legal 346090/12

Julho 2012

FBAUL FBAUL

Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa

MLUBI MLUBI

Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior

MTPGF

Museu da Tapeçaria de Portalegre Guy Fino

© FBAUL, 2012. © dos textos e das fotografias, os autores.



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