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Episódio 18: Cetamina
a força elétrica e a magnética à distância tinha-se introduzido a noção de campo. Existe um campo magnético associado ao campo elétrico e a luz mais não é do que a propagação de uma perturbação periódica desses dois campos, conjunto a que chamamos campo eletromagnético. A velocidade da luz foi calculada a partir de propriedades elétricas e magnéticas. Apesar de essa velocidade ser constante, podiam existir ondas com comprimentos de onda muito diferentes. A luz visível corresponde a uma pequena “janela” no conjunto dos comprimentos de onda. Luz invisível, como a ultravioleta e a infravermelha, é tão luz como a luz visível, só diferindo desta por o comprimento de onda ser menor ou maior. Com a deteção instrumental de luz invisível, a onda parecia ter ganho à partícula! Mas a luz reservava-nos surpresas. Em 1905 as partículas de luz voltaram quando o físico suíço Albert Einstein se viu obrigado a introduzir a noção de “pacote” de luz (fotão) para descrever o arranque de eletrões de um metal por luz ultravioleta. Graças a Einstein Newton estava vingado… A energia do fotão dependia do comprimento de onda: havia fotões ultravioletas, infravermelhos, e, com uma energia intermédia, fotões azuis, verdes e vermelhos. Como conciliar a descrição ondulatória, que funciona bem em certas circunstâncias, e a descrição corpuscular, que funciona bem noutras? Uma estranha teoria – a teoria quântica – conseguiu fazê-lo, impondo-se como a moderna teoria da luz. A luz propaga-se no espaço como uma onda, mas pode ser produzida ou apanhada como partícula. Hoje em dia conseguimos
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O que preciso? - 1 Disco de cartolina branca - 2 Elásticos - 1 Lápis - Canetas de feltro - Papel vegetal - 1 Tesoura - 1 Borracha
por David Monniaux
porpor Aaron Luis Burden Llerena
Taumatrópio
Como fazer? 1. Observar o taumatrópio fornecido. 2. Recortar as zonas marcadas no pedaço de cartolina branca de modo a ficar com um disco. 3. Fazer um desenho de apenas metade da ideia de um lado do disco. 4. Rodar o disco segundo o seu eixo e fazer a outra metade do desenho (ver figura 1). Por exemplo, se quiseres ver um pássaro numa gaiola, de um lado deverás desenhar a gaiola e do outro lado o pássaro. 5. Prender, em cada um dos furos, um elástico. 6. Fazer rodar rapidamente o disco e observar o efeito.
O que é a luz? Vale a pena, neste Ano Internacional da Luz, voltar a esta questão muito antiga. Ao longo da história, foram-lhe sendo dadas diferentes respostas. Para os atomistas gregos, a luz era, como aliás tudo o resto, constituída por partículas. No início do século XVIII, o físico inglês Isaac Newton recuperou esta teoria, uma vez que ela permitia explicar, entre outros fenómenos óticos, a propagação retilínea da luz, a reflexão (embate da luz na superfície de um espelho) e refração (desvio da luz ao passar de um meio para outro). Mas um outro físico, o holandês seu contemporâneo Christian Huyghens, conseguia explicar os mesmos fenómenos usando ondas. Apesar do enorme prestígio de Newton, foi a teoria ondulatória que acabou por prevalecer no século XIX: logo no início desse século, uma famosa experiência realizada pelo inglês Thomas Young, exibindo a interferência de luz que passa por duas fendas, só podia ser compreendida com a ajuda de ondas. Uma partícula nunca pode anular outra partícula, mas uma onda já pode anular outra onda. Assistiu-se então ao triunfo da teoria ondulatória, para a qual muito contribuiu uma memória de 1815 do francês Augustin-Jean Fresnel, sobre a difração da luz (espalhamento quando sai de um pequeno orifício). Mas, se a luz é uma onda, o que é que está a vibrar? Há 150 anos, o escocês James Clerk Maxwell, ao juntar, na mesma descrição matemática, a eletricidade e o magnetismo, foi o primeiro a propor que a luz era uma onda que resultava da vibração do campo eletromagnético. O que é esse campo? Para explicar
Moléculas Sensacionais
Experimentandum
emitir luz fotão a fotão, evidenciando o seu carácter corpuscular, mas, se colocarmos um obstáculo com duas fendas à frente dessa luz, verificaremos que ela passa pelas duas, como seria de esperar de uma onda. A experiência desafia o nosso senso comum. Mas quem diz que o mundo tem de estar de acordo com o nosso senso comum? Carlos Fiolhais Departamento de Física da Universidade de Coimbra Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva
Nota: é aconselhado usar cores fortes e contornos a preto.
Ciência na Agenda
25 fev
21h15 Quintas da Ria – “Papel da Mulher nas atividades económicas da Ria”, no Museu Municipal – COMUR, na Murtosa.
28 fev
11h00 Pai, vou ao espaço e já volto! – Chegamos
04 mar
19h30 Babysitting de ciência, na Fábrica Centro
à Lua, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.
>00h00 Ciência Viva de Aveiro.
04 mar
21h30 Cafés de Ciência | Conversas com Luz – “O
06
11h00 Domingo de manhã na barriga do caracol –
mar
06 mar
fantástico mundo da luz”, com Rogério Nogueira, no Hotel Moliceiro.
“Espiritromba, Borboleta!”, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.
18h00 Clube do cientista – “Branco é… Galinha o põe”, no Aveiro Center.
Fig.1
O que acontece? Cada imagem fica “guardada” no cérebro durante frações de segundo e, se nesse intervalo de tempo for captada outra imagem, o que acontece é a “soma” das duas imagens (a velocidade mínima para acontecer este fenómeno é de 16 imagens por segundo). A este fenómeno dá-se o nome de persistência da visão. Temos uma prova disso quando fechamos os olhos imediatamente após olhar para um relâmpago. Apercebemo-nos de que a imagem se mantém durante algum tempo no nosso cérebro.
Julga-se que a depressão afeta cerca de 7% da população em cada ano (OU: uma em cada dez pessoas em alguma fase da sua vida) e o tratamento com antidepressivos convencionais é um processo lento e complexo. E a Cetamina está a emergir como um tratamento revolucionário.
CAFÉS DE CIÊNCIA
CONVERSAS COM LUZ JANEIRO A JUNHO 2016 A Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro e a Universidade de Aveiro (UA) prolongam as comemorações do Ano Internacional da Luz. À 6ª feira, de duas em duas semanas, num ambiente informal, diversos convidados irão explorar o tema Luz através de diferentes áreas do conhecimento:
Há moléculas que têm má reputação – muitas vezes merecida, pois são realmente perigosas. Mas nunca devemos esquecer que, quando falamos de compostos químicos, “só a dose faz o veneno” – e a CETAMINA, a molécula de hoje, é mais um exemplo desta máxima. A Cetamina foi desenvolvida há mais de 50 anos, para uso como anestésico. A má fama veio depois, quando começou a ser utilizada como droga recreativa. Em doses elevadas tem efeitos dissociativos, ou seja, causa distorção da perceção, afastamento da realidade, e sensação de estar “fora do corpo”. Mas, há poucos anos a Cetamina começou um processo de… reabilitação, digamos assim, quando se descobriu que pode ser muito eficaz no combate à depressão. Foi em abril de 2014 – faz agora quase dois anos – que foram divulgados os resultados de um estudo surpreendente: testes efetuados com pacientes voluntários revelaram que a infusão de doses não alucinogénicas de Cetamina é extremamente eficaz no tratamento rápido da depressão – e estamos a falar em algumas horas apenas! Os efeitos podem perder-se ao fim de alguns dias ou durar vários meses. Apesar destes resultados promissores, que abrem novas perspetivas de investigação no tratamento desta doença, há ainda muito a fazer, até garantir a segurança e eficácia de um tratamento com efeitos duradouros. Já passaram quase dois anos e vamos ter de aguardar mais. O ritmo da ciência é por vezes demasiado lento para quem sofre… mas, para já, a Cetamina mostrou ser uma molécula sensacional. “Moléculas Sensacionais” é um projeto de Paulo Ribeiro Claro (Departamento de Química da Universidade de Aveiro e CICECO) e de Catarina Lázaro (programa Click/Antena 1) em parceria com a Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.
29 JAN’16 | Luz nas telecomunicações Paulo André - Instituto Superior Técnico 04 MAR’16 | O fantástico mundo da luz Rogério Nogueira - Instituto de Telecomunicações 18 MAR’16 | Energias renováveis e os desafios do Protocolo de Paris 2015 Jorge Frade - Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica da UA 01 ABR’16 | Laser - a luz que criou o mundo moderno Gonçalo Figueira - Instituto Superior Técnico 15 ABR’16 | Medicina iluminada João Veloso - Departamento de Física da UA 29 ABR’16 | Os materiais vistos à luz da Medicina Maria Helena Fernandes - Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica da UA 13 MAI’16 | 50 Tons de Branco Luiz Pereira - Departamento de Física da UA 27 MAI’16 | Uma viagem ao interior dos materiais Augusto Lopes - Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica da UA 17 JUN’16 | Da retina à película: a luz na astronomia Vítor Bonifácio - Departamento de Física da UA Horário 21h30>23h00 Local Hotel Moliceiro, Aveiro Público-alvo jovem e adulto Contactos 234 427 053 ou fabrica.cienciaviva@ua.pt Entrada livre
Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro 2016