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Quem sabe, sabe
Nome vulgar: Cana-de-açúcar Nome científico: Saccharum officinarum L.
Uso obrigatório de termo científico Vou ficar tão rico! A sério: soube recentemente que as hexoses estão na ribalta, vou vender: hexoses não me faltam! Parece que a partir delas se consegue um tal ácido FDCA, que é cobiçadíssimo na indústria; diz-se à boca pequena que as hexoses vêm mesmo destronar o petróleo numas quantas utilidades automóveis, navais e mobiliárias. Ora, meus amigos, tirem o chapéu à minha “galinha dos ovos de ouro”: a frutose é uma das hexoses mais importantes e é o que mais tenho pelo quintal abaixo: laranjame, maçãs em barda, pêras a rodos, ameixas a esbarrondarem-se no chão. “Ele é” para lá hexoses a pontapé. Vou ficar rico. Derrubo as minhas árvores de fruto todas (são muitas e os garotos só querem bananas, que é exatamente o que não tenho); extraio-lhes a frutose, as hexoses, e depois vendo. Vendo tudo, à fartazana, em pacotinhos de seis unidades, para render, e a preço de ouro, pois então. Se a comunidade científica afirma que as hexoses possibilitam a substituição do petróleo, para mim é limpo: valem tanto como o “ouro negro”. Renováveis, renováveis, negócios à parte. Olaré! … Pode até demorar, pode não ser: “nespereira no chão hoje; casa no Dubai amanhã” mas de hexose em hexose, eu chego lá. Fico rico.
porpor Aaron Luis Burden Llerena
Cana-de-açúcar
Novos plásticos de fontes renováveis para um futuro mais sustentável sustentável porque o FDCA é obtido através de uma série de reações químicas a partir de açúcares de plantas, como a cana do açúcar. Um exemplo concreto de um polímero desta plataforma sustentável, que está a ser desenvolvida no CICECO, é o poli(etileno 2,5-furanodicarboxilato) (PEF), um material com propriedades muito semelhantes às do polietileno tereftalato (PET), um dos polímeros mais comuns atualmente, de origem fóssil, e com aplicações tão vastas como garrafas de água, de bebidas alcoólicas ou de sumos. Empresas como a Coca-Cola e a Danone, em consórcio com a Avantium, produzem-no já à escala piloto e pretendem torná-lo numa realidade comercial para breve. Um passo ainda mais à frente nesta plataforma foi o desenvolvimento de polímeros com base não só no FDCA, mas também num outro ingrediente de origem renovável - o ácido lático. Estes novos polímeros de alta performance apresentam a enorme vantagem de serem biodegradáveis, respondendo, portanto a um importante problema ambiental, ou seja, a acumulação de resíduos plásticos na natureza. Destaca-se ainda, no âmbito desta plataforma, o
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Exercício de Escrita Criativa
Existente em todos os continentes, em locais de clima húmido e quente, a cana-de-açúcar é uma planta com o caule lenhoso que pode atingir até 6 metros de altura e 3 a 8 centímetros de diâmetro. Durante o seu crescimento até à colheita, que ocorre num período de 11 a 18 meses, a cana armazena açúcar (cerca de 15%) no seu interior. É principalmente a partir da cana-de-açúcar que se extrai o açúcar que usamos normalmente, a sacarose. Os caules são esmagados, sendo extraído o sumo, que posteriormente é concentrado por fervura. O xarope é cada vez mais concentrado, obtendo-se o mel de cana e posteriormente o açúcar cristalizado. A partir da fermentação alcoólica desta planta é também obtida a aguardente de cana e o etanol (álcool), usado como combustível em automóveis. A cana-de-açúcar é originária da Índia, tendo o seu cultivo estendido ao Egito, Etiópia e Arábia e, posteriormente, às Ilhas da Madeira e Canárias, e finalmente, em 1506, à América Central e do Sul. Foi introduzida na Ilha da Madeira, por ordem do Infante D. Henrique, em 1425, logo após o início da colonização, tornando Portugal no maior negociante de açúcar da época. Durante centenas de anos o açúcar foi considerado uma especiaria extremamente rara e valiosa, acessível apenas aos palácios reais e às casas nobres.
desenvolvimento de resinas de poliésteres insaturados, baseadas no FDCA, em geral muito aplicadas como revestimento, por exemplo em móveis, mas também em componentes de automóveis e barcos, ou no fabrico de botões e bolas de bilhar. Para além destas aplicações, como a composição destas bioresinas assenta numa seleção extremamente criteriosa de monómeros renováveis e biocompatíveis, as suas aplicações poderão estender-se à área biomédica e estão agora a ser investigadas. Por fim, uma última questão, FDCA, um monómero, que futuro? O FDCA apresenta um enorme potencial de revolucionar o mundo dos polímeros porque pode substituir o ácido tereftálico, de origem petroquímica, e que está presente na produção de uma grande variedade de polímeros. Pode substituir, porque quimicamente são muito semelhantes. Mas mais do que substituir, está a inovar e a trazer novos materiais, novas soluções e novas aplicações ao mundo dos plásticos. Andreia F. Sousa e Armando Silvestre CICECO / Departamento de Química Universidade de Aveiro
PS: As Hexoses são monossacarídeos, formados por uma cadeia de 6 átomos de carbono, cuja principal função é produzirem energia. As mais importantes hexoses, do ponto de vista biológico, são: a glicose, a galactose e a frutose. A partir das hexoses (a partir dos açúcares das plantas, mas tipicamente das hexoses), depois de variadíssimas reações químicas, obtém-se o ácido 2,5-furanodicarboxílico (FDCA), importante na indústria química e de polímeros, por funcionar como alternativa ecológica a materiais com base em petróleo (tóxicos e não-renováveis). (vide artigo página anterior).
Ciência na Agenda
18 mar 19 mar
por Rufino Uribe
Como serão os plásticos do futuro? Continuaremos a depender dos recursos fósseis para os produzir? Como poderemos evoluir para uma sociedade mais sustentável? Estas e outras questões pertinentes para o futuro do planeta Terra, onde os recursos fósseis escasseiam para produzir combustíveis, energia e a panóplia de polímeros que usamos no dia a dia, são um problema que afeta a nossa sociedade. De facto, o uso de polímeros é ubíquo, desde um simples saco de supermercado, uma garrafa de água, até aplicações mais sofisticadas como as lentes de contacto ou o casco de um barco de competição. De facto, os números falam per si, só na Europa, em 2013, a produção de polímeros atingiu 299 M de toneladas! Imaginando que estes polímeros não são maioritariamente baseados em recursos renováveis, mas sim em recursos fósseis, podemos todos antever os problemas inerentes. Neste contexto, uma equipa da Universidade de Aveiro, pertencente ao CICECO - Instituto de Materiais de Aveiro, está a estudar o desenvolvimento de uma plataforma de polímeros com base no ácido 2,5-furandicarboxílico (FDCA). Esta plataforma tem a grande vantagem de ser
Biodiversus
21h30 Conversas com Luz - “Energias renováveis e
os desafios do Protocolo de Paris 2015”, no Hotel Moliceiro.
15h00 Dia do Pai – Atividade para famílias, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.
20
11h00 Domingo de manhã na barriga do caracol –
31
21h15 Quintas da Ria - “Marketing Territorial –
mar
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FÉRIAS DA PÁSCOA COM CIÊNCIA 21 MARÇO > 24 MARÇO’16 28 MARÇO > 01 ABRIL’16 As férias da Páscoa só são perfeitas se incluírem os dias na Fábrica! A sério, os fenómenos científicos, como coelhinhos, espreitam a cada esquina, a fazer-nos rir, mais e mais a cada hora! Há um pedipaper de geologia, experiências com flores e visão dos animais, reações ácido-base, construções de sistema solar e réplicas de aviões, histórias com ciência, suspiros de chocolate e marshmallows… Ui, é difícil dizer tudo…e impossível perder seja o que for!
Datas: 21>24 março‘16 | 28 março>1 abril’16 (inscrições diárias) Horário: 9h00 às 17h45 (receção das crianças a partir das 8h50) Público-alvo: 6 aos 12 anos Local: Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro Preço: 20€/dia (seguro, almoço e lanches incluídos) Inscrições: 234 427 053 ou fabrica.cienciaviva@ua.pt
Consulte o programa de atividades
“Espiritromba, Borboleta!”, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. promoção de produtos dos territórios da Ria”, na Biblioteca Municipal de Vagos.
Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro 2016