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O ano em revista!

novembro’16

Aquilo que comemos influencia as alterações climáticas Em 2050 existirão 9,6 mil milhões de humanos no planeta Terra. A disponibilidade de alimentos para alimentar esses milhões de pessoas é um assunto atual e de preocupação global. O que será necessário fazer a nível agrícola e pecuário para responder às necessidades alimentares futuras? Num artigo publicado na revista Nature Climate Change (http://www.nature.com/nclimate/ journal/vaop/ncurrent/full/nclimate 2353.html), investigadores da Universidade de Cambridge efetuam uma simulação que tenta responder àquela questão, mas mais sobre a perspetiva que envolve as mudanças climáticas resultantes do impacto da tendência atual e futura da dieta humana. Segundo este novo estudo, a crescente ocidentalização das dietas da maior parte dos países de todo o mundo, em que se verifica um aumento desmedido no consumo de carnes e de alimentos muito processados, terá como impacto um aumento muito superior ao até agora estimado para a emissão de gases com efeito de estufa em 2050. Os autores do artigo sublinham a necessidade de urgentemente repensarmos cuidadosamente o que comemos e impacto ambiental disso.

O crescimento exponencial da população mundial associado à mudança dos gostos alimentares para uma dieta farta em carnes, exige um aumento considerável na produção agrícola, muito para além do que o agora é possível. Para satisfazer os novos apetites de uma população crescente é necessária mais terra cultivável, para criar mais pastagens, o que implica o aumento da desflorestação. Segundo os autores deste estudo, se se mantiver a atual tendência alimentar, por volta de 2050 a extensão de terras cultiváveis ter-se-á expandido para mais de 42% e o uso de fertilizantes químicos aumentará acentuadamente em cerca de 45% em relação aos níveis de 2009. E cerca de 10% das florestas virgens do mundo desaparecerão nos próximos 35 anos. Se assim se continuar, quando os nossos filhos forem adultos o mundo terá um clima diferente, com mais catástrofes ambientais, com uma maior perda de biodiversidade, com uma menor qualidade de vida para os então 9,6 mil milhões de habitantes humanos neste planeta, o único que conhecemos onde existe vida. Para responder às necessidades alimentares baseadas no consumo de carne, uma acentuada atividade pe-

cuária aumentará perigosamente os níveis de metano emitido para a atmosfera. Este gás é dez vezes mais potente a causar efeito de estufa do que o dióxido de carbono. Todos os aspetos mencionados resultarão num aumento de 80% na previsão da emissão de gases com efeito de estufa em 2050, segundo os cientistas deste estudo, o que é muito superior ao estimado só para as emissões resultantes da atividade económica global. Aliás, estas terão de ser somadas àquelas, o que não agoira nada de bom para o ambiente. “É imperativo que encontremos formas de alcançar uma segurança alimentar sem expandir as culturas e as terras de pastagem. A produção de alimentos é um fator causador de perda de biodiversidade e um grande contribuinte para as alterações climáticas e poluição, pelo que as nossas escolhas alimentares são de um extrema importância e têm consequências não negligenciáveis”, diz Bojana Bajzelj da Universidade de Cambridge e primeiro autor do estudo. Os autores também chamam a atenção para as consequências nefastas sobre o ambiente causadas pelo sempre excessivo desperdício alimentar verificado nos países desenvolvidos. Estes desperdícios,

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para além de serem em si um mal social, obrigam a um gasto energético necessário ao seu tratamento o que também aumenta a emissão de gases com efeito de estufa. No artigo, os cientistas apresentam uma composição para a dieta que consideram adequada para evitar as consequências da atual tendência alimentar. Sugerem uma dieta equilibrada composta por duas porções de 85 g de carne vermelha e cinco ovos por semana, assim como uma porção de carne de aves por dia. “Não se trata de uma proposta para uma dieta vegetariana, mas sim para uma dieta que inclua carne em quantidades adequadas para uma dieta considerada mais saudável”, diz Keith Richards um outro autor do estudo. Diminuir os desperdícios alimentares e moderar o nosso consumo de carne numa dieta mais equilibrada é assim considerado essencial para que possamos diminuir o impacto da dieta global sobre as alterações climáticas. Pense pois no que come, não só para manter um bom estado de saúde, mas também para construir um futuro melhor em termos ambientais. António Piedade Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva

Dia Internacional dos Museus e Centros de Ciência

No dia 10 de novembro comemorou-se pela primeira vez o Dia Internacional dos Museus e Centros de Ciência, uma parceria entre a UNESCO e as diferentes redes internacionais de museus e centros de ciência. A Fábrica juntou-se a esta celebração com um programa especial de atividades, dedicado toda a comunidade. De entre as diversas atividades contou-se com: conversa com Carlos Herdeiro (DFis-UA) sobre “Ondas gravitacionais: a verdadeira música celestial”; “DÓING - Programação com Makey Makey”; espetáculo “Química por Tabela 2.0”. Para os mais novos o destaque foi para a “História com Ciência na Barriga do Caracol”, em homenagem a Mariano Gago.

Moléculas Sensacionais Episódio 27: Dióxido de carbono Hoje, atrevo-me a “dar o palco” a uma molécula mal-amada: o dióxido de carbono, (Cê-Ó-Dois) na sua fórmula química. O dióxido de carbono adquiriu uma duvidosa notoriedade recente por ser um dos gases atmosféricos suspeitos de contribuir para o Aquecimento Global. De facto, o dióxido de carbono é um gás capaz de provocar o chamado “efeito de estufa”, isto é, deixa passar para a Terra o calor da radiação vinda do sol mas não permite que este calor se dissipe depois para o espaço… do mesmo modo que os vidros de uma estufa! Claro que esse efeito nos é muito agradável: sem dióxido de carbono na atmosfera, a temperatura média do planeta Terra estaria nuns muito desconfortáveis 20 graus negativos! O problema não está, portanto, na presença do CO2 da atmosfera, mas sim na quantidade… e essa é que tem tido um aumento muito significativo nos últimos anos, como resultado da Revolução Industrial e do uso gene-

ralizado de combustíveis fósseis. Descrever as propriedades desta pequena molécula exigiria vários programas: seria interessante explicar porque se usa o CO2 em extintores de incêndio, ou para produzir café descafeínado, ou como se formam as bolhas no champanhe… Mas há uma que tenho de mencionar: o dióxido de carbono dissolve-se muito bem em água e, uma vez dissolvido, transforma-se num ácido - o ácido carbónico. E porque é que isto é tão relevante? Porque é essa propriedade que faz do CO2 um excelente regulador da acidez do sangue: é verdade, o mesmo CO2 que expiramos é responsável por manter o pH do sangue dentro dos valores ótimos para o nosso organismo. E, só por isso, já merece ser considerado uma molécula sensacional! “Moléculas Sensacionais” é um projeto de Paulo Ribeiro Claro (Departamento de Química da Universidade de Aveiro e CICECO) e de Catarina Lázaro (programa Click/Antena 1) em parceria com a Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.

Workshop DÓING: Uma aventura com alpacas

dezembro’16

A Fábrica promoveu o workshop DÓING - “Uma aventura com alpacas”, no seu maker space. Este espaço é influenciado pelo movimento maker e na cultura do-it-yourself, onde os visitantes são encorajados a “pensar com as mãos” e a “aprender fazendo”. É um espaço para criar, fazer, experimentar, construir e partilhar, onde tentativa e erro se conjugam de forma divertida e inspiradora. Neste workshop, destinado ao público geral e a famílias, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer de perto alpacas, pentear-lhes o pelo, alimentá-las, e aprender a fiar e feltrar a sua lã. No final levaram as pequenas alpacas que produziram com recurso à lã extraída destes sublimes animais.

Ciência na Agenda

ACTIVIDADES EM TODO O PAÍS 15 JULHO / 15 SETEMBRO 2017 Mais informações e inscrições www.cienciaviva.pt/veraocv/2017

22 ago

15h30 >18h30

01 03 set

set

04 08 set set 10 set

até

out ‘17

Ciência Viva no verão em rede - Esfoliante e Protetor solar, na Costa Nova.

Sunset Hackathon, no Cais Criativo da Costa Nova.

09h00 >17h45

11h00 e 15h00 >13h00 >17h00

Férias de verão com Ciência, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. Ciência Viva no verão em rede - "Era uma vez... uma visita ao Farol da Barra!", no Farol da Barra.

Perspetivas Arte&Ciência – “Ver para crer – um zoom ao organismo”, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro 2017


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