565
4 fevereiro 2018 - Dia Mundial da Luta contra o Cancro Ontem assinalou-se o Dia Mundial da Luta contra o Cancro, um evento global que visa unir a população em torno da luta contra o cancro. Destina-se a salvar vidas humanas, através da sensibilização e da educação. Representa uma tentativa de criar oportunidades para se falar de cancro, focando diversas temáticas ligadas ao cancro. Neste sentido, apresentamos abaixo alguma investigação que tem vindo a ser realizada neste âmbito.
Estratégias integradas de engenharia celular e nanotecnologia no combate à doença
Os medicamentos tradicionais (moléculas sintéticas contidas em cápsulas, comprimidos, drageias, etc.) constituem ainda a grande maioria das opções terapêuticas disponíveis para combater as doenças. Nas últimas décadas tem crescido a utilização de produtos biológicos (derivados de células), como por exemplo a insulina para os diabéticos
e os anticorpos monoclonais para o tratamento do cancro. Hoje está-se a fazer uma revolução, no tratamento destas e doutras doenças, que utiliza células humanas como entidades terapêuticas. Através de engenharia celular é possível fazer uso não só das características terapêuticas naturais das células bem como potenciar a sua eficácia através da introdução de
pequenas alterações. Nomeadamente no contexto de células estaminais, que dão origem às células que constituem os nossos órgãos, podemos modular as suas características no sentido de melhorar a sua ação regenerativa. Para além disso as células podem ser utilizadas como um dispositivo inteligente de libertação de pequenas moléculas terapêuticas. A capacidade que estas têm de “sentir” o ambiente que as rodeia e de reagir aos diferentes sinais que recebem em diferentes ambientes, bem como a possibilidade de se moverem e identificarem locais específicos dentro dos tecidos que compõem o organismo humano, fazem delas uma arma terapêutica complexa, mas com grande potencial. Neste contexto, o nosso grupo de investigação tem vindo a desenvolver ferramentas que permitem alterar a maneira como as células se comportam num contexto de transplante. Numa situação de stress provocada pela ausência de oxigénio e de nutrientes (isquemia), as células começam a produzir microRNAs (ácidos nucleicos) específicos que constituem importantes moléculas para a sobrevivência da própria célula e de outras na sua vizinhança. Com o recurso a nanopartículas sintéticas capazes de entregar microRNAs dentro das células, conseguimos em modelos animais de isquemia da perna aumentar a sobrevivência de células vasculares transplantadas no local, contribuindo assim para uma recuperação da lesão provocada pela oclusão da artéria. O estudo da reação celular a este tipo de stress permitiu identificar nanopartículas de origem biológica chamadas de exossomas, que são pequenas vesículas (mais pequenas que o diâmetro de um fio de cabelo e invisíveis a olho nu) produzidas pelas células e que servem de agentes de sinalização para outras células da vizinhança. Estas vesículas possuem alto poder regenerativo. O nosso laboratório tem um protocolo de colaboração científica com a Exogenus Therapeutics, empresa sediada no Biocant Parque em Cantanhede, que
Rua dos Santos Mártires, 3810-171 Aveiro · tel. 234 427 053 · www.fabrica.cienciaviva.ua.pt · www.facebook.com/fccva · fabrica.cienciaviva@ua.pt
se dedica ao desenvolvimento pré-clínico de um produto terapêutico baseado em exossomas para feridas crónicas de diabéticos. No contexto do cancro, é sabido que a quimioterapia convencional é um tratamento sistémico que visa a erradicação das células cancerígenas, mas também afeta células saudáveis tendo efeitos secundários. Na leucemia, a sua eficácia é muitas vezes comprometida pela incapacidade de chegar ao nicho leucémico onde se encontram as células estaminais cancerígenas, que dão origem a todas as células da leucemia. Recentemente, numa estratégia integrada, testamos um novo paradigma de quimioterapia que utiliza células leucémicas como agentes de transporte de nanopartículas foto-ativáveis. Estas células conseguem encontrar o nicho leucémico, utilizando o seu sistema de “GPS natural” e, dessa forma, criam a oportunidade de colocar nanopartículas, cheias de quimioterapia, junto do reservatório de células responsáveis pelo perpetuar da doença. Deste modo torna-se possível despoletar a libertação da quimioterapia por exposição à luz azul, e ter maior impacto no local e, consequentemente, na doença. No UC-Biotech, em Cantanhede, trabalha uma equipa multidisciplinar de investigadores da Universidade de Coimbra que tem como principal objetivo dar origem a novas soluções de terapia celular capazes de fazer face aos desafios crescentes de uma população envelhecida e doente. As principais áreas de atuação são a regeneração dos tecidos após eventos de isquemia em acidentes vasculares no coração e no cérebro bem como a reconstituição hematopoiética e o combate ao cancro, numa visão integrada que põe a bioengenharia ao serviço da saúde. Ricardo Pires das Neves UC-Biotech, Cantanhede Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra Fundador da Exogenus Therapeutics (www.exogenus-t.com)
Foto da semana
A não perder!
Na passada semana decorreram, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro, três Aulas LAB sobre difração. Alunos da Escola Secundária Homem Cristo realizaram cinco investigações, envolvendo este fenómeno, e aprenderam fazendo. Até foi fácil determinar o comprimento de onda da luz laser com um erro experimental muito pequeno! As Aulas LAB incluem diversas temáticas e fazem parte do Serviço Educativo da Fábrica, proporcionando aos alunos aprender fazendo.
O Carnaval está à porta e com ele as Férias com Ciência na Fábrica! Entre projetos e construções divertidíssimas no makerspace Dóing, experiências com sabor a chocolate, passando ainda pelo mundo dos robôs e da realidade virtual, o tempo vai ser pouco para tanta diversão! Destinadas a crianças dos 6 aos 12 anos, estas atividades decorrem no dia 14 de fevereiro, das 9h00 às 17h45, na Fábrica. A inscrição tem o valor de 20€ por criança e pode ser feita para: 234 427 053 ou fabrica.cienciaviva@ua.pt.
Moléculas Sensacionais Episódio 33: Bombicol (Há alguns anos, enquanto secretário-geral da Sociedade Portuguesa, lancei um programa de promoção da química a que foi dado o nome “atração química”… E para símbolo do programa, foi escolhida a molécula de bombicol). Começo com um aviso aos leitores: o texto de hoje pode provocar “atração química”. Vamos falar do bombicol. E o bombicol é uma feromona sexual, ou seja, uma substância utilizada para atrair parceiros sexuais! A designação de feromona é utilizada para classificar qualquer substância utilizada para transmitir uma mensagem química entre indivíduos da mesma espécie – sendo as feromonas sexuais as mais conhecidas. Segundo as regras de nomenclatura de compostos químicos, o bombicol é um hexadecadienol - ou seja, é um álcool com dezasseis átomos de carbono – mas deve o seu nome comum ao bicho-daseda, um inseto do género bombix. Bombix, Bombicol. A descoberta do bombicol está intimamente ligada aos bichos-da-seda, porque é uma substância produzida pelas fêmeas adultas, aquelas borboletas pouco atraentes que emergem do casulo tecido enquanto lagartas. E a história conta que foi ao ver os machos atraídos pelos locais
antes ocupados por fêmeas, que os cientistas descobriram o bombicol – a tal substância que as fêmeas de bicho-da-seda usam para atrair os machos. E usam com grande sucesso: consta que uma gota de bombicol consegue atrair machos de bicho-da-seda a catorze quilómetros de distância! O bombicol tornou-se assim a primeira feromona sexual a ser identificada e isolada em laboratório. E esta descoberta abriu uma nova era na compreensão dos processos naturais ao nível molecular! Hoje sabemos que as feromonas desempenham um papel muito importante na comunicação química em várias espécies animais, dos insetos aos mamíferos. E, claro, há muita investigação acerca das possíveis feromonas humanas e os seus efeitos no nosso comportamento. É um tema realmente muito… atraente! O que não surpreende, pois é esse mesmo o objetivo desta molécula sensacional. “Moléculas Sensacionais” é um projeto de Paulo Ribeiro Claro (Departamento de Química da Universidade de Aveiro e CICECO) e de Catarina Lázaro (programa Click/Antena 1) em parceria com a Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.
mais informações em www.fabrica.cienciaviva.ua.pt
Ciência na Agenda
até
15 fev CANDIDATURAS AO FAMELAB
10
14h30
Workshop Dóing - Palhaços equilibristas, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.
11
10h00
Workshop Dóing - Construção de máscaras de carnaval, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.
14 fev
09h00
Férias de Carnaval com Ciência, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.
18
11h00
Domingo de manhã na barriga do caracol, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.
18
11h00
“Ciência ao pequeno-almoço!”, com Catarina Almeida, no Hotel As Américas.
fev
fev
fev
fev
até
15 fev
> 17h00
> 13h00
> 17h45
> 12h00
> 12h00
Candidaturas ao Concurso Internacional de Comunicação de Ciência FameLab (mais informações: www.famelab.pt). Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro 2018