Imagem: ESA
O nosso vizinho marciano
Rover europeu que deverá chegar a Marte em 2021 (ESA)
Durante muito tempo acreditou-se que Marte era habitado por marcianos que tinham construído uma extensa rede de canais na superfície do planeta. Foi Percival Lowell, um astrónomo amador abastado norte-americano, que lançou as famosas teorias sobre a existência de vida em Marte, com base nas observações que fazia do planeta e que segundo ele lhe mostravam a existência de uma rede de canais de irrigação no planeta vermelho. Lowell conhecia as observações do astrónomo italiano Schiaparelli, que em 1877, assinalou a presença de linhas finas e escuras na superfície do planeta às quais chamou “canali”. Entusiasmado com esta descoberta, Lowell fundou um observatório em Flagstaff, no Arizona, onde durante 15 anos tirou milhares de fotografias ao planeta e se convenceu da existência dos canais e de uma civilização avançada em Marte que os tinha construído. A ideia de um planeta habitado por um povo avançado e inteligente era fascinante e teve como é óbvio bastante sucesso junto do público da altura, inspirando mesmo histórias de ficção científica como a
Guerra dos Mundos (1898) de H. G. Wells. É claro que os canais marcianos não existiam como Lowell supunha, mas Marte é de facto um planeta com canais naturais por onde a água já terá andado em tempos remotos. Tudo indica que Marte tinha condições ambientais diferentes quando era mais novo, há 4 mil milhões de anos. Nessa altura, tinha uma atmosfera mais espessa que a atual e temperaturas mais amenas que permitiam a existência de água líquida à superfície. Entretanto, o clima de Marte mudou e deixou de ter condições para a existência de água líquida. Hoje vemos que é um mundo frio e seco com uma paisagem marcada por desfiladeiros profundos e vulcões gigantes, que estiveram em atividade durante milhões de anos. Os maiores vulcões do sistema solar ficam em Marte. Apesar de inóspito, é o planeta mais parecido com o nosso. Tem calotas polares cobertas de gelo que variam ao longo do ano em função das estações. Grandes tempestades de poeira que são capazes de cobrir o planeta e canais secos onde já correu
água e que nos fazem lembrar que Marte já foi um mundo habitável. Não sabemos se teve vida e algumas sondas que no passado analisaram amostras de solo à procura de indícios de vida tiveram resultados negativos. Mas novas aventuras estão previstas para os próximos anos. Uma das mais prometedoras é um rover europeu de seis rodas, que deverá partir para Marte em julho de 2020, a bordo de um foguetão russo Protão-M. Trata-se de uma missão conjunta entre a Agência Espacial Europeia (ESA) e a Rússia que fornece o lançador e vários instrumentos do rover. Esta missão conta também com a participação de duas empresas portuguesas: a Critical Software e a Active Space Technologies, ambas de Coimbra. O rover europeu deverá chegar a Marte em abril de 2021 para procurar sinais de vida passada e estudar a história do planeta. Com cerca de 300 kg e alimentado por painéis solares poderá percorrer cerca de 100 metros por dia e levará consigo uma broca para perfurar o solo, até dois metros de profundidade, e recolher amostras, que serão depois analisadas por um laboratório incorporado no veículo. No entanto, não andará sozinho no
planeta vermelho. A NASA também espera lançar um rover no verão de 2020 que deverá chegar a Marte em fevereiro de 2021. A estrutura deste novo rover será muito semelhante à do seu antecessor o rover Curiosity, que chegou a Marte em 2012 e que ainda trabalha por lá. À semelhança do seu irmão mais velho, o Mars Rover 2020 terá cerca de 900 kg, um corpo retangular, seis rodas, um braço com vários instrumentos e uma broca para coletar amostras do solo e de rochas. Os instrumentos que levará consigo permitirão avaliar a geologia do local de pouso em Marte, determinar a habitabilidade do planeta e procurar sinais de vida passada. Uma das curiosidades que levará para Marte será um instrumento chamado MOXIE que terá a capacidade de produzir oxigénio a partir da fina atmosfera de dióxido de carbono que rodeia o planeta, isto a pensar em futuras missões tripuladas. Outra será um microfone ultrassensível para ouvir os sons de Marte. Pode ser que escute por lá algum marciano a cantar.
A não perder!
Na passada quinta-feira, a Fábrica celebrou o seu 14º Aniversário com a presença de Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior; Paulo Jorge Ferreira, Reitor da Universidade de Aveiro (UA); Rosalia Vargas, presidente da Ciência Viva; Artur Silva, Vice-Reitor da UA; e João Machado, Vereador da Câmara Municipal de Aveiro. Durante a manhã contou ainda com a presença de Ana Abrunhosa, presidente da CCDR Centro, que visitou o nosso Centro e teve oportunidade de conhecer os vários projetos educativos da Fábrica.
No dia 29 de julho, das 11h às 12h, a Hora do Conto da Fábrica vai explorar a “História de Um Lançamento”, para visitantes a partir dos 3 anos de idade. A Fábrica receberá público familiar em pleno “Domingo de Manhã na Barriga do Caracol”, numa sessão que começa com a fantasia do “era uma vez…” e termina com o maior rigor científico, convidando os participantes a inscreverem-se para acompanhar a “pequena Maria” nos preparativos de uma viagem à Estação Espacial Internacional... sem descuidar a 3ª Lei de Newton, que assegura o sucesso dos foguetões! mais informações em www.fabrica.cienciaviva.ua.pt
Ciência na Agenda
José Matos Divulgador e formador na área da astronomia
Café de Ciência Marte mais perto da Terra 28 julho ’18 | sábado | h Durante muito tempo acreditou-se que Marte era habitado por marcianos que tinham construído uma extensa rede de canais na superfície do planeta. Hoje vemos que é um mundo frio e seco com uma paisagem marcada por desfiladeiros profundos e vulcões gigantes. Mesmo assim, é o planeta mais parecido com o nosso. Tem calotas polares cobertas de gelo, estações e canais secos onde já correu água. Este verão, Marte está no céu um pouco mais perto da Terra que o habitual. Aproveite e venha à Fábrica Centro Ciência Viva ver Marte, o planeta mais vermelho do sistema solar.
Imagem: JPL-Caltech/NASA
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Foto da semana
Rua dos Santos Mártires, 3810-171 Aveiro · tel. 234 427 053 · www.fabrica.cienciaviva.ua.pt · www.facebook.com/fccva · fabrica.cienciaviva@ua.pt
O Mars Rover 2020 (NASA)
PROGRAMA 21h30 Palestra com o astrónomo José Matos 22h30 Observação ao telescópio Data: 28 julho ’18 Horário: 21h30 Público-alvo: público geral Local: Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro Informações: 234 427 053 ou fabrica.cienciaviva@ua.pt ENTRADA LIVRE■
ACTIVIDADES EM TODO O PAÍS 15 JULHO / 15 SETEMBRO 2018 Mais informações e inscrições www.cienciaviva.pt/veraocv/2018
25
15h30
Ciência Viva no verão em rede - Protetor solar, na Costa Nova.
27
14h30
Ciência Viva no verão em rede - Com o mar ao fundo, na Praia da Vagueira.
29 jul
11h00
Domingo de manhã na barriga do caracol – História de um lançamento, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.
jul
jul
> 18h30
> 17h30
> 12h00
03 14 set
até
30 set até
30 set
set
09h00 > 17h45
Férias de verão com ciência, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.
10h00
Exposição de fotografia “Revelações - vida na areia vida na rocha”, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.
10h00
Exposição de Hologramas “Art in Holography: Light, space & time”, no Museu da Cidade de Aveiro.
> 17h30
> 18h00
Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro 2018