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Imagem: Retrato de Egas Moniz por José Malhoa

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ABC dos Cientistas

Egas Moniz (1874-1955) António Egas Moniz nasceu em Avanca, concelho de Estarreja, a 29 de novembro de 1874. Iniciou os seus estudos na Escola do Conde Ferreira em Estarreja. Devido a dificuldades económicas o seu pai emigrou para Moçambique, tendo sido colocados à venda alguns dos bens de família. Foi o tio, o abade Caetano Freire, que apoiou os seus primeiros estudos. Após a Escola Primária, estudou no Colégio de São Fiel, em Castelo Branco, e fez o último ano do ensino secundário no Liceu de Viseu. Em 1891, ano da morte do seu pai, fixou-se em Coimbra para estudar Medici-

na. Durante o curso perdeu o irmão, a mãe e o tio. Nesta altura surgiram também as suas primeiras crises de reumatismo gotoso, uma doença que o acompanhou durante toda a vida. Em 1901 casou-se com Elvira Dias, natural do Rio de Janeiro. Em 1899 formou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e um ano depois defendeu a tese de licenciatura. Em 1901 concluiu o doutoramento tendo logo depois entrado para o quadro docente como professor substituto. Tornou-se professor catedrático em 1910, e transferiu-se para a Faculdade de Medicina da

Universidade de Lisboa em 1911. Egas Moniz teve sempre uma atividade política intensa, desde os seus tempos de estudante. Foi defensor ativo da liberdade de expressão e pensamento e, em 1908, foi preso por estar envolvido na tentativa de golpe de estado de 28 de janeiro contra a ditadura de João Franco (1855-1929). Desempenhou vários cargos políticos até 1919, ano em que abandonou a política ativa, e passou a dedicar-se à sua carreira científica. Foi nomeado diretor do Hospital Escolar de Lisboa em 1922 e tornou-se sócio efetivo da Academias das Ciên-

Rua dos Santos Mártires, 3810-171 Aveiro · tel. 234 427 053 · www.fabrica.cienciaviva.ua.pt · www.facebook.com/fccva · fabrica.cienciaviva@ua.pt

cias de Lisboa em 1923, instituição de que veio a ser presidente pela primeira vez em 1928, vindo a ocupar posteriormente esse cargo por diversas vezes. Foi ainda diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa nos três anos seguintes. As suas duas descobertas científicas mais importantes foram a angiografia cerebral, conseguida em 1927 e premiada com o Prémio de Oslo de 1945, e a leucotomia pré-frontal concretizada em 1935 e premiada com o Prémio Nobel de Medicina e Fisiologia em 1949. Para conseguir fazer a angiografia cerebral, Egas Moniz realizou várias experiências, na tentativa de encontrar substâncias que pudessem ser injetadas nas artérias do cérebro de forma a tornar visíveis os vasos cerebrais nas radiografias. Esta descoberta deu-lhe um grande prestígio internacional e veio a ser muito importante na divulgação do seu trabalho de investigação no domínio da psicocirurgia. Posteriormente, Egas Moniz passou a dedicar-se ao tratamento de algumas doenças mentais que constituíam um dos alvos prioritários da medicina neurológica da época, antes do desenvolvimento da farmacologia e dos psicotrópicos. Julgava ser possível tratar algumas doenças por meios físicos, através do corte das fibras de ligação entre os neurónios. Este tratamento seria feito nos lobos pré-frontais, tendo sido classificado como leucotomia por Egas Moniz. Um dos pacientes famosos do nosso “Prémio Nobel” foi Fernando Pessoa e quando em 1907 este o procurou com medo de estar a enlouquecer, o Professor tranquilizou-o. Recomendou apenas ginástica sueca e as melhoras foram assim descritas pelo poeta: “Para ser cadáver, só me faltava morrer. Em menos de três meses e três lições por semana, (…) pôs-me em tal estado de transformação que, diga-se sem modéstia, ainda hoje existo. Com vantagem para a civilização europeia?! Não me compete a mim dizer.” António Egas Moniz faleceu em Lisboa a 13 de dezembro de 1955.■

Foto da semana

A não perder!

Já começou o Ciência Viva no verão! Na passada quarta-feira, a Fábrica esteve na praia da Barra, em Ílhavo, a fazer um protetor solar ecológico e foram muitos os veraneantes que se juntaram a nós para participar. Esta atividade volta a acontecer no dia 25 de julho, na praia da Costa Nova. Consulte todas as atividades disponíveis do Ciência Viva no verão em www.ua.pt/fabrica/.

“Revelações - vida na areia vida na rocha” é uma exposição de fotografia da autoria de Victor Quintino, do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro. Esta exposição revela-nos o estranho modo de vida de animais marinhos invertebrados que lutam com condições extremas, uma vez que lidam diariamente com o fenómeno das marés. Patente até ao dia 30 de setembro, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro, esta mostra destina-se a público geral e tem entrada livre.

Mais vale saber… Comunicação entre neurónios

Os neurónios são células altamente especializadas na transmissão de informações, na forma de impulsos nervosos. São a unidade-base do sistema nervoso. Na base de qualquer ação está a atividade dos neurónios responsáveis pela transmissão de mensagens, como por exemplo, na coordenação visual e muscular, no afastamento da mão quando nos queimamos, na tomada de decisões, na resolução de um problema matemático, etc. Os neurónios diferem segundo as suas funções e localização, contudo um neurónio típico apresenta três partes distintas: o corpo celular, onde se encontra o núcleo da célula; as dendrites, prolongamentos finos e geralmente ramificados que conduzem os estímulos captados do ambiente ou de outras células em direção ao corpo celular; e o axónio, prolongamento que transmite os impulsos nervosos vindos do corpo celular, quer para

outros neurónios, quer para músculos e glândulas. As dendrites captam o estímulo, geram o impulso nervoso e conduzem-no ao corpo celular do neurónio. O impulso é depois transmitido ao axónio e conduzido às ramificações terminais que, por sua vez, estão próximas das dendrites do neurónio vizinho, não havendo, contudo, contacto físico entre si. Este ponto de contacto especializado através do qual o sinal é transmitido designa-se por sinapse. Quando o impulso nervoso atinge as extremidades do axónio do neurónio emissor, induz a libertação de substâncias químicas, denominadas neurotransmissores, que se difundem no espaço sináptico, e que têm a capacidade de se combinar com recetores presentes nas dendrites do neurónio adjacente. Deste modo ocorre comunicação entre neurónios.■

mais informações em www.fabrica.cienciaviva.ua.pt

Ciência na Agenda

ACTIVIDADES EM TODO O PAÍS 15 JULHO / 15 SETEMBRO 2018 Mais informações e inscrições www.cienciaviva.pt/veraocv/2018

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> 12h30

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Ciência Viva no verão em rede - A Biologia e a Geologia na Reserva Natural das Dunas de São Jacinto, em São Jacinto - Aveiro. Ciência Viva no verão em rede - Descobrir a Pateira de Fermentelos, em Espinhel - Águeda.

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14h30

Estágio de verão Dóing - Programação Scratch, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.

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09h00

Férias de verão com ciência, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.

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> 17h30

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10h00

Exposição de fotografia “Revelações - vida na areia vida na rocha”, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.

10h00

Exposição de Hologramas “Art in Holography: Light, space & time”, no Museu da Cidade de Aveiro.

> 17h30

> 18h00

Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro 2018


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