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A Academia Maker é um dos programas after school da Fábrica no qual os participantes, dos 10 aos 14 anos, são desafiados a imaginar, criar, fazer e experimentar, no espaço Dòing - makerspace. Neste âmbito iniciaram em janeiro mais um projeto, a construção de “uma engenhoca” a partir de madeira e de outros materiais simples e reutilizáveis. Este projeto ocorre semanalmente, às quartas-feiras à tarde, entre as 14h30 e as 17h00. Mais informações sobre esta iniciativa através de 234 427 053 ou www.ua.pt/fabrica.
No próximo dia 1 de fevereiro, a Fábrica garante mais um programa de Babysitting de ciência. Crianças dos 6 aos 12 anos terão à sua espera uma noite de diversão garantida, sendo que o programa inclui atividades científicas, jantar (opcional) e ceia. O programa terá início às 19h30 (opção com jantar), ou às 21h00 (opção sem jantar), e terminará às 24h00. O bilhete com jantar incluído é de 15€ e sem jantar de 10€. As inscrições podem ser feitas através dos contactos 234 427 053 ou fabrica.cienciaviva@ua.pt.
Um dos maiores quebra-cabeças da ecologia é perceber como centenas, por vezes milhares de espécies coexistem apesar de o número de recursos diferentes disponíveis ser muito limitado. Cientistas em Lisboa desenvolveram agora uma promissora abordagem matemática para esta questão, que poderá permitir resolver um paradoxo de longa data e ter importantes implicações para a conservação da biodiversidade – um dos mais prementes desafios atuais. Há décadas que os especialistas tentam explicar como é possível que recursos limitados consigam sustentar a multiplicidade de espécies que vivem na Terra. As primeiras tentativas teóricas para perceber a biodiversidade conduziram a uma conclusão que não passava o teste da realidade: a teoria previa que o número de espécies tinha de ser igual ao número de tipos de recursos disponíveis no meio ambiente, algo que claramente não corresponde ao que vemos à nossa volta. O contraste entre a teoria e a observação experimental é tão flagrante que tem sido qualificado de paradoxal. Este paradoxo é frequentemente conhecido como “paradoxo do plâncton” porque é muito bem ilustrado pelas propriedades dos
ecossistemas de plâncton. Nos oceanos, existem menos de dez recursos que sustentam o crescimento destes organismos, tais como luz, azoto, carbono, fósforo, ferro, etc. Contudo, mesmo nestas condições, centenas de espécies diferentes de plâncton conseguem coexistir de forma estável sem que nenhuma delas leve as outras à extinção. Apesar de recentes avanços, este enigma da biodiversidade ainda não foi esclarecido. Mas agora, cientistas do Centro Champalimaud, em Lisboa, desenvolveram um novo modelo matemático que o poderá resolver. Os seus resultados foram publicados na revista Proceedings of the Royal Society B (http://rspb. royalsocietypublishing.org/content/ 285/1885/20181273). Segundo Andres Laan, o primeiro autor do estudo, liderado pelo investigador principal Gonzalo de Polavieja, os modelos clássicos de competição pelos recursos preveem que cada recurso irá sustentar a espécie que o consuma com mais eficiência, conduzindo, portanto, as espécies concorrentes à extinção. Mas esta correspondência unívoca não acontece na natureza. Pelo contrário, a ordem de grandeza do
número de espécies que vivem na Terra é muito maior. Os cientistas decidiram procurar uma nova solução para o paradoxo do plâncton. A novidade neste estudo é que, para explicar o paradoxo da biodiversidade, utilizaram modelos de agressão inspirados numa área da matemática chamada teoria dos jogos. “Partimos de um cenário teórico onde só tínhamos duas ‘espécies’: falcões e pombos”, explica Laan. “Os falcões são carnívoros e estão sempre dispostos a lutar. Os pombos são pacíficos e tendem a partilhar os recursos ou a fugir da luta. Segundo a teoria dos jogos, no final, nem os falcões puros nem os pombos puros se tornam dominantes - pelo contrário, as duas ‘espécies’ coexistem.” A seguir, quiseram saber o que aconteceria se várias espécies entrassem neste jogo dos falcões e dos pombos, competindo por muitos tipos de recursos em simultâneo. Para cada recurso, cada espécie podia escolher entre ser falcão ou pombo. “Este rico conjunto de escolhas gerou uma diversidade combinatória que resultou num grande número de potenciais espécies. E tal como tinha acontecido no caso simples de duas espécies, as
Rua dos Santos Mártires, 3810-171 Aveiro · tel. 234 427 053 · www.fabrica.cienciaviva.ua.pt · www.facebook.com/fccva · fabrica.cienciaviva@ua.pt
múltiplas espécies acabaram por coexistir e não por se extinguir mutuamente”, diz Laan. Conforme o seu modelo, a biodiversidade aumenta de facto exponencialmente com o número de recursos. “Com um recurso, duas espécies conseguem coexistir; com dois recursos, quatro espécies; com quatro recursos, 16 espécies; e com dez recursos, obtemos mais de 1000 espécies a coexistir. O crescimento exponencial é muito rápido, fornecendo, portanto, uma boa forma de manter a biodiversidade”, explica ainda o cientista. Esta teoria, dizem os autores, também faz um certo número de previsões que foram confirmadas experimentalmente. O modelo estima precisamente a abundância de cada espécie em ecossistemas reais. Nestes ecossistemas, existem poucas espécies mais abundantes mas, no entanto, representam uma fração desproporcionalmente elevada da biomassa total do sistema. “Isto é semelhante ao que acontece com a desigualdade da riqueza nas sociedades humanas, onde os ricos possuem uma parte desproporcionalmente grande da riqueza total”, diz Laan. Os autores pensam que o facto de resolver este paradoxo poderá fornecer a chave não só para perceber a biodiversidade, mas também para melhor compreender a extinção de espécies e prever possíveis direções futuras da evolução animal. “Estas ideias ainda são em grande parte teóricas e precisamos de testar até que ponto os mecanismos de competição propostos no nosso artigo descrevem corretamente o que se passa na competição entre espécies reais, mas estes primeiros resultados parecem bastante promissores”, conclui Laan. Centro Champalimaud Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva
Biodiversus | Otavia antiqua
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Ciência na Agenda
Imagem: Wikimedia Commons
Imagem: Danilo P via Wikimedia Commons
A teoria dos jogos pode ajudar a resolver o paradoxo da Biodiversidade
Nome científico: Otavia antiqua
Terá sido este ser vivo o ancestral de todos os animais na Terra, seres humanos incluídos? Os cientistas acreditam que sim ao encontrarem na Namíbia, no Parque Nacional de Etosha e um pouco por todo o país, centenas de fósseis deste “mini espongiário” incrustados em rochas que já existem há 760 milhões de anos. Esta descoberta é extremamente significativa pois coloca a origem de todos os animais cerca de 150 milhões de anos antes do que era até agora cientificamente admitido. Estes fósseis são pequenos com dimensões compreendidas entre os 0,3 e 4 mm, do tamanho de um grão de areia, e estima-se que seriam bastante abundantes na altura. Estando na origem de animais de dimensões bastante superiores como
os mamutes ou os dinossauros, é a prova de que algo enorme tem inícios modestos e pequenos. Baseando-se no local onde os fósseis foram encontrados, pensa-se que estes seres habitariam em ambientes de águas calmas como lagoas e habitats aquáticos pouco profundos. Pensa-se também que se alimentaria de algas e bactérias, digerindo-as no espaço central do seu corpo e absorvendo o alimento diretamente para as suas células. Entre a Otavia mais recente e a mais antiga que foi encontrada, onde não são evidentes diferenças morfológicas significativas, conclui-se que não terá existido uma evolução significativa durante a sua existência da espécie, de aproximadamente 200 milhões de anos, indicando que a Otavia se encontrava preparada para durar.■
15 fev
21h30
CAFÉ DE CIÊNCIA HÁ ESTRELAS NA FÁBRICA
31
17h00
Encontro “Escola Amiga da Criança”, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.
01
19h30
Babysitting de ciência, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.
15
21h30
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até
31 ago
> 19h00
> 24h00
> 23h00
10h00 > 17h30
Café de Ciência “Há Estrelas na Fábrica” – “Planetas para além do sistema solar”, com Daniel F. M. Folha, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. Exposição de fotografia “Revelações - vida na areia vida na rocha”, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro 2019