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A Fábrica inaugurou em março a exposição: “Viagem ao mundo das aranhas” que reúne cerca de 40 aranhas e escorpiões vivos, oriundos de vários continentes. Muitos têm sido os visitantes, que em família, entre amigos ou em visitas escolares têm explorado este espaço para conhecer estas criaturas de oito patas, alguns com oito olhos e quelíceras poderosas, que não têm deixado ninguém indiferente, seja por curiosidade, medo ou admiração. Esta exposição estará patente até 1 de março do próximo ano. Mais informações podem ser consultadas em: www.ua.pt/fabrica
No âmbito das celebrações do Dia Internacional da Imunologia decorrerá na Fábrica a 3 de maio o Café de Ciência: “A Imunoterapia no tratamento do cancro”, às 21h30 e com entrada gratuita. O painel de convidados irá discutir imunoterapias que são utilizadas atualmente ou que estão a ser desenvolvidas, tanto do ponto de vista clínico como com a visão da mais recente investigação na área. Venha conversar com os especialistas convidados! Mais informações disponíveis em www.fabrica.ua.pt ou através dos contactos: 234 427 053 e fabrica.cienciaviva@ua.pt
A Imunoterapia para tratamento do cancro
mais informações em www.fabrica.cienciaviva.ua.pt
O cancro é uma das principais causas de mortalidade e morbilidade em todo o mundo, tendo em 2018 sido responsável por cerca de 29 mil mortes só em Portugal. A abordagem terapêutica é complexa, debatendo-se os clínicos com questões de falta de eficácia, efeitos adversos severos e surgimento de resistência aos fármacos. Recentemente a introdução dos chamados inibidores dos pontos de controlo imunológico (em inglês checkpoint inhibitors) veio trazer um novo alento a milhões de doentes e reavivar o interesse da comunidade científica na imunoterapia anti tumoral. O recurso à estimulação do sistema imune para eliminar tumores não é uma prática recente, remontando ao século XIX e aos trabalhos de William B. Coley. Nestes, o médico observou que ao injetar bactérias inativadas nos tumores de alguns dos seus doentes causava frequentemente a remissão dos mesmos. Cerca de 100 anos mais tarde, a introdução do conceito de imunovigilância tumoral e a definição do papel dos linfócitos T, os soldados do nosso sistema imune, no reconhecimento e eliminação de células tumorais, acabou por sustentar cientificamente a manipulação da resposta imunológica como forma de tratar o
cancro. Tal viria a materializar-se nos finais da década de 70 com a introdução na prática clinica da instilação vesical do Bacilo Calmette-Guérin (BCG) para prevenção do reaparecimento de tumores da bexiga não invasivos. A prática é bastante eficaz mantendo-se ainda hoje como 1ª linha de tratamento no tipo de tumor referido. Mas o grande salto qualitativo na imunoterapia anti tumoral foi dado aquando da descoberta dos pontos de controlo imunológico, nomeadamente o CTLA-4 e o sistema PD-1/PD-L1, e da forma como os tumores os “exploram” para escaparem ao sistema imune. Os pontos de controlo imunológico podem ser vistos como “interruptores de segurança”. São uma forma de autocontenção, garantindo que após a destruição da ameaça (microrganismos ou células aberrantes) a resposta imune cessa, evitando assim o desenvolvimento de doenças autoimunes. Como parte dos mecanismos de escape imunológico, muitos tumores produzem moléculas que se ligam a estes interruptores nos linfócitos T, causando a inativação destas células. Os estudos sobre a utilização de moléculas (anticorpos monoclonais) que bloqueiam os pontos de controlo imunológico no tratamento do cancro
foram recentemente reconhecidos como um grande avanço para a medicina, tendo os investigadores pioneiros nesta área, James P. Allison e Tasuku Honjo, sido galardoados em 2018 com o prémio Nobel da medicina. Atualmente encontram-se aprovados anticorpos monoclonais anti CTLA-4 e anti PD-L1/PD-1 para tratamento de melanoma, carcinoma renal, cancro colorretal, do pulmão, mama, bexiga, fígado e cabeça e pescoço. Os resultados clínicos têm sido extremamente positivos, permanecendo o elevado preço destas terapias biológicas e o seu risco considerável de provocarem doenças autoimunes, alguns dos entraves a uma mais ampla utilização. Outra abordagem que tem vindo ser explorada para potenciar a resposta imunológica contra o cancro são as chamadas terapias celulares, que incluem entre outras as vacinas de células dendríticas (CDs) e de células T com recetor quimérico de antigénio (em inglês CAR-T cells). Estas últimas são baseadas em linfócitos T recolhidos do doente, geneticamente manipulados para reconhecerem e atacarem determinada proteína tumoral, sendo posteriormente reintroduzidos no organismo. É uma abordagem particularmente efetiva em alguns tipos de
Rua dos Santos Mártires, 3810-171 Aveiro · tel. 234 427 053 · www.fabrica.cienciaviva.ua.pt · www.facebook.com/fccva · fabrica.cienciaviva@ua.pt
linfoma e leucemias podendo no entanto acarretar processos inflamatórios generalizados que acabam por danificar múltiplos tecidos e órgãos. As vacinas de CDs por sua vez, ao invés de usarem diretamente os soldados (linfócitos T), recorrem às células que os ativam e “ensinam” a reconhecer e atacar a ameaça. Têm sido usadas nos últimos 25 anos, demonstrando ser bastante seguras mas carecendo de robustez nos resultados clínicos que geram. Esta reduzida eficácia é em grande parte devida ao facto de as CDs que são usadas nesses tratamentos terem capacidades limitadas de estimular os linfócitos T. É neste âmbito que o nosso grupo de investigação tem trabalhado, em colaboração com uma Farmacêutica nacional, tentando estabelecer novos protocolos para produção de CDs mais efetivas. É inquestionável que a imunoterapia fortaleceu enormemente o nosso arsenal terapêutico no combate ao cancro, sendo espectável que nos próximos anos o seu papel seja cada vez maior, em particular em regimes de tratamento personalizado. Bruno Miguel Neves Depto de Ciências Médicas e Instituto de Biomedicina (iBiMED) da Universidade de Aveiro
Imagem: Wikimedia Commons
ABC CIENTISTAS
Ciência na Agenda
05 mai
10h00
WORKSHOP DÓING “MÃE, PINTAMOS UM AZULEJO A DOIS?”
Hennig Brand (1630 - 1710)
Hennig Brand foi um comerciante dedicado à alquimia, uma espécie de pré-ciência que existiu até o fim do século XVI, e que nasceu no ano 1630 em Hamburgo, na Alemanha. Em 1669, este alquimista tinha o objetivo de produzir ouro a partir da urina. Assim, reuniu uma grande quantidade desta substância e adicionou à mesma, produtos químicos que escolheu aleatoriamente. O resultado foi submetido a um processo de destilação, mas o que obteve, no entanto, foi uma substância que brilhava no escuro e acabou por descobrir o fósforo. Ao vaporizar a ureia, obteve um material branco que brilhava no escuro e que ardia com uma chama brilhante. O fósforo tornou-se na primeira des-
coberta científica de um elemento químico, o primeiro que não existe de forma isolada na natureza, sendo esta a razão de ser considerado o pioneiro. Manteve esta descoberta em segredo até 1675 quando mostrou o material aos seus amigos. Mais tarde, e para superar dificuldades financeiras, Brand teve de vender uma quantia de fósforo a outro comerciante e alquimista alemão Johann Daniel Kraft. Em 1677, vendeu o segredo da produção para receber um salário fixo. Não há grandes informações sobre a sua vida após a descoberta, nem a certeza de quando e onde faleceu, mas tudo aponta que tenha sido em 1710 na cidade de Hamburgo.■
29 abr
10h00 > 16h00
Dia Internacional da Imunologia, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.
30 abr
21h00
Noite do Fósforo, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.
03 mai
19h30
Babysitting de Ciência, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.
03
21h30
Café de Ciência: “A Imunoterapia no tratamento do cancro”, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.
05
10h00
Workshop Dóing – “Mãe, pintamos um azulejo a dois?”, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.
mai
mai
até
mar ‘20
> 24h00
> 24h00
> 23h00
> 13h00
Exposição "Viagem ao mundo das aranhas", na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro 2019