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No passado dia 19 de setembro, a Fábrica retomou o projeto “Ases da Ciência”. Cientistas dos 6 aos 10 anos estão de regresso para mais um ano repleto de ciência e diversão à mistura! Esta academia é um desafio extracurricular semanal, que decorrerá de setembro’20 a junho’21, e que desafiará os participantes a desenvolver projetos em diferentes áreas de conhecimento. Esta iniciativa é financiada pela Fundação Calouste Gulbenkian – Academias do Conhecimento.
Vamos jogar? Este é o desafio matemático lançado pela Fábrica. São vários jogos matemáticos, com diferentes níveis de dificuldade, que desenvolvem o raciocínio lógico e a capacidade e rapidez de decisão, de forma divertida e desafiante. Destinado ao público geral e familiar, a lotação é limitada e a inscrição obrigatória. Mais informações e marcações de visitas através de 234 427 053 ou fabrica.cienciaviva@ua.pt
As primeiras estrelas?
Imagem 1 - O nascimento da primeira geração de estrelas poderá ter sido detetado indiretamente medindo o seu efeito na radiação cósmica de fundo em microondas. Crédito: N.R.Fuller, NSF.
Imagem 2 - O recetor de ondas de rádio usado na experiência. Crédito: CSIRO.
Biodiversus | Estrela-do-mar-comum
Astrónomos detetam possíveis indícios do nascimento das primeiras estrelas. Com um aparato experimental de uma simplicidade desconcertante, uma equipa de cientistas poderá ter detetado indícios da formação da primeira geração de estrelas do Universo, 180 milhões de anos após o Big-Bang, na mais completa escuridão e a temperaturas baixíssimas. A descoberta, a confirmar-se, é importantíssima para a compreensão da evolução química do Universo e poderá incluir pistas importantes para problemas em aberto como a natureza da matéria negra e da energia negra. Nos minutos que se seguiram ao Big-Bang, o Universo era constituído por um gás quase homogéneo formado por núcleos atómicos de hidrogénio e de hélio, e alguns vestígios quase impercetíveis de elementos como o lítio e berílio. Nesse intervalo de tempo, a temperatura desceu tão rapidamente que não foi possível formar elementos mais complexos que hoje são relativamente abundantes como o carbono, oxigénio, magnésio, silício e ferro. Estes e outros elementos foram sintetizados ao longo de milhares de milhões de anos por sucessivas gerações de estrelas. Entretanto, o
Universo continuou a arrefecer até que, 380 mil anos após o Big Bang, a temperatura se tornou suficientemente baixa para que os núcleos atómicos pudessem capturar eletrões livres, formando átomos neutros de hidrogénio e hélio. Agarrados aos átomos, os eletrões deixaram de poder interagir facilmente com a luz e o Universo tornou-se transparente. Hoje vemos uma “fotografia” desse instante impressa na radiação cósmica de fundo em micro-ondas (RCF). As primeiras estrelas deverão ter surgido, sugere a teoria suportada por simulações em computador, cerca de 200 milhões de anos após o Big-Bang. O gás primordial era tão homogéneo que a gravidade precisou de todo este tempo para explorar e amplificar as pequenas variações de densidade existentes e transformá-las em estrelas. Por serem constituídas quase exclusivamente por hidrogénio e hélio, deveriam ter centenas de massas solares e luminosidades de dezenas de milhões de sóis. Estrelas assim já não existem ou são extremamente raras no Universo atual. Apesar da sua enorme lumino-
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sidade, a tecnologia atual não permite ainda detetar diretamente a sua luz, entretanto enfraquecida pela expansão universal. A equipa de cientistas inferiu a sua existência a partir do efeito que o seu aparecimento teve na RCF. De facto, com o aparecimento das primeiras estrelas, as nuvens de gás que permeavam o Universo passaram a ser banhadas com intensa radiação ultravioleta. Os cientistas previram que esta radiação alteraria a configuração eletrónica dos átomos de hidrogénio de tal forma que estes passariam a absorver luz de uma frequência característica de 1420 MHz. Essa luz seria subtraída à RCF, pelo que deveria ser possível detetar uma pequena deficiência nessa frequência, ajustada para a expansão universal, na RCF. Foi este efeito que a equipa tentou e, espera-se, conseguiu detetar. O instrumento utilizado foi um recetor de ondas de rádio, instalado no Murchison Radio-Astronomy Observatory, localizado numa região desértica no oeste da Austrália. O aparato varre uma gama de frequências medindo a intensidade da RCF,
permitindo aos cientistas identificar eventuais anomalias no seu espectro. Após uma análise exaustiva dos dados, a equipa isolou um sinal na frequência de 78 MHz com características semelhantes, mas não completamente coincidentes, com as previstas pela teoria para a assinatura das primeiras estrelas. A razão entre a frequência natural absorvida pelo hidrogénio (1420 MHz) para a detetada (78 MHz) - a disparidade é devida à expansão universal permitiu à equipa determinar o instante a que corresponde essa marca na RCF - cerca de 180 milhões de anos depois do Big-Bang. Os dados sugerem também que o Universo era substancialmente mais frio do que o previsto pela teoria. Para já a comunidade científica está a reagir com um entusiasmo cauteloso à notícia - as medições e o tratamento dos dados são extremamente exigentes e existe a possibilidade de erro - e espera por uma confirmação independente do resultado. Luís Lopes Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva
Mais vale saber…
Porque é que a cafeína nos mantém acordados? Nome vulgar: Estrela-do-mar-comum Nome científico: Asterias rubens
Este invertebrado tem usualmente 5 longos braços, o seu corpo mede entre 23 e 30 cm, podendo alcançar 50 cm de diâmetro. A sua coloração pode variar de laranja, acastanhada a violeta. Este equinoderme possui na extremidade dos braços estruturas sensoriais, que detetam a luz, obstáculos e substâncias químicas. Possuem ainda um sentido olfativo muito desenvolvido, reagindo rapidamente, quer à sua fonte de alimento, quer a potenciais predadores (por exemplo: aves, peixes e crustáceos). Alimentam-se de uma grande variedade de invertebrados como gastrópodes, pequenos crustáceos, bivalves, poliquetas, outros equino-
dermes e até de matéria orgânica em decomposição. Este invertebrado marinho reproduz-se por fecundação externa e tem desenvolvimento indireto, ou seja, após a formação do ovo, as larvas eclodem permanecendo na coluna de água. Após 87 dias, assentam no substrato passando por uma metamorfose completa. Já como adulto tem uma longevidade de 5 a 10 anos. Asterias rubens ocorre nas costas do Oceano Atlântico um pouco por todo o mundo, incluindo a costa portuguesa. É uma espécie que pode ser encontrada facilmente na zona intertidal, mas cuja distribuição se estende até aos 400 e 650 m de profundidade. Habita uma ampla gama de substratos desde rochas, cascalho grosseiro e até areia fina.■
A cafeína tem a capacidade de potenciar o nosso estado de alerta e atenção devido à sua ação como antagonista da adenosina. A adenosina é uma substância química, produzida de modo natural pelo organismo, que atua como mensageiro, regulando a atividade cerebral e modulando o estado de vigília e sono (um sinal de cansaço). A cafeína bloqueia os recetores de adenosina presentes no tecido nervoso, particularmente no cérebro, mantendo o estado de excitação. Através deste mecanismo, a cafeína melhora a capacidade de se fazer esforço físico e mental, antes do aparecimento da fadiga. O bloqueio dos recetores de adenosina contribui para a constrição dos vasos sanguíneos, aliviando a pressão das enxaquecas e dores de cabeça, o que explica o facto de muitos analgésicos
conterem cafeína. A sensibilidade à cafeína varia de pessoa para pessoa. Normalmente, doses entre os 100 e os 600 mg permitem um pensamento mais rápido e mais claro, bem como uma melhor coordenação corporal. No entanto, a ingestão de cafeína em excesso pode causar efeitos indesejados, como por exemplo, ansiedade, agitação e inquietação, insónias, distúrbios gastrointestinais, entre outros. O consumo diário moderado de cafeína não representa um risco para a saúde, desde que se adotem hábitos de vida saudáveis. Tal como proferiu Paracelso: “Tudo é veneno e nada é veneno. Só a dose faz o veneno”.■ comunidades
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