718
Uma conversa sobre o sal
Foto da semana
A não perder!
Na passada sexta-feira, 8 de janeiro, a Fábrica esteve no Centro Escolar de Santiago do Agrupamento de Escolas de Aveiro, para dinamizar a primeira sessão, no âmbito do projeto “Comunidades Saudáveis”. Os alunos das turmas do 3º ano exploraram e relembraram a importância da higiene oral enquanto realizavam a atividade “Pasta de dentes”; e descobriram os benefícios para a higiene e saúde através da atividade “Creme de mãos”.
No Laboratório da Fábrica encontra-se disponível para exploração em família, e com todas as medidas de segurança asseguradas, a atividade “Slime”. É de plástico? Será de borracha? Estica porquê? Não parte como?! Agarra e não agarra, cola e não cola… É… É… É slime fresquinho! Um polímero sintetizado com boa disposição e todo o rigor, no laboratório da Fábrica, pelas mãos dos cientistas mais entusiasmados! Recomendada marcação prévia.
Imagem: © Daniel VILLAFRUELA
Biodiversus Salicórnia
A palavra sal foi-nos deixada pelos latinos ("sal, salis"), que tanto a empregavam para designar o produto material extraído, por evaporação, da água do mar, como para aludir, em sentido figurado, à vivacidade, à finura cáustica, ao espírito picante, ao bom gosto, à inteligência. E foi assim, com estes dois sentidos, que o sal entrou na nossa linguagem quotidiana, da menos à mais erudita. Salada, no feminino é um prato de vegetais em cujo tempero entra o sal, mas no masculino, salado, significa salgado, do mesmo modo que salão é terreno salgadiço, salgadio ou salino. Salário, já o dissemos, foi ração de sal e é hoje significado de remuneração. Salé é carne salgada e saleiro tanto é o recipiente onde se guarda o sal, com o qual salpresamos ou salpicamos os alimentos no prato, como é o homem que vende sal ou o que o produz, isto é o salineiro ou marnoto. Mas saleira é o barco de fundo chato, do Vouga, que transporta o produto do seu trabalho. Salga é o ato de salgar, o que os nossos pais faziam aos toucinhos e outras carnes, após a matança do porco, e às sardinhas que acomodavam em barricas para abastecer as populações do interior. Salgadinhos, comemo-los como aperitivos ou fazem o almoço frugal de muitos e salganhada ou salmonada é a falta de arrumo, é confusão. Salgados são as terras baixas, alagadiças invadidas por águas cuja salinidade ou salugem as torna salgadiças, sendo nestas baixas
que, preferencialmente, se instala a salicultura ou salicicultura. Salicáceas são as plantas de uma família botânica, salicórnia é o nome vulgar de uma delas e salinómetro é o aparelho que mede o teor de sal. Salícula ou salífero é o terreno que produz sal. Salmoura é água mais ou menos saturada de sal, como a que conserva o atum e salmoeira, a vasilha. É ainda a água salgada que percorre o pipeline de Matacães até à Póvoa de Santa Iria, e salmurdo é sinónimo de sonso ou matreiro. Salobra ou salmaça diz-se da água mais ou menos contaminada com sal. Salsa, como adjetivo, é o mesmo que salgada; como substantivo é a erva que usamos como tempero de muitas confeções culinárias, mas é também sinónimo de molho. E, para terminar, salsicha e salpicão são nomes de enchidos temperados com sal. Tal não aconteceu com "halós" a palavra dos gregos sinónima de sal. A passagem deste povo pela península, muito anterior à dos romanos, não teve nem a duração nem a importância da ocupação romana. Apenas no jargão científico e tecnológico dispomos de vocábulos construídos com base neste outro étimo. Diz-se que um solo é halomórfico quando salgado, que um organismo é halofílico quando suporta bem a presença de sal e dá-se o nome de halófitas às plantas desse conjunto. Chama-se halite ao sal-gema, halogenetos aos minerais salinos e haloquinese à deformação tectónica induzida pela presença de rochas salinas no seio das sequências
Rua dos Santos Mártires, 3810-171 Aveiro · tel. 234 427 053 · www.ua.pt/fabrica · www.facebook.com/fccva · fabrica.cienciaviva@ua.pt
afetadas. Hiper-halino, hipo-halino, termo-halino, euri-halinos, esteno-halinos, etc., são mais alguns desses termos, nestes casos usados em oceanografia. Para os químicos, o sal é um composto resultante da interação de um ácido com uma base, como, por exemplo, a do ácido clorídrico com a soda cáustica, HCl+NaOH→NaCl+H 2 O ou da ação de um ácido sobre um metal, exemplificada pela reação do mesmo ácido sobre o estanho, 2HCl+Sn→SnCl 2 +H 2 ↑ Cloretos, sulfatos, brometos, iodetos, carbonatos, fosfatos, etc. são sais. Porém, todos eles necessitam de um qualificativo que os distinga dos restantes. Sal amargo ou sal de Epson – cloreto de magnésio; Sal de Bertholet – clorato de potássio; Sal de Fischer – cobaltonitrito de potássio; Sal de Glasser – sulfato de potássio; Sal de Glauber – sulfato de sódio; Sal de la Hiquerra – sulfato de magnésio; Sal de la Rochelle – tartarato de sódio e potássio; Sal de Vichy – bicarbonato de sódio. Só o cloreto de sódio dispensa esse cuidado. Basta-lhe a palavra sal dita ou escrita isoladamente. ■
A.M. Galopim de Carvalho Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva
Nome vulgar: Salicórnia
mais informações em www.ua.pt/fabrica
Nome científico: Salicornia ramosissima
A salicórnia ou erva-salada, de nome científico Salicornia ramosissima, é uma planta herbácea anual de cerca de 3-40 cm de altura, com caules carnudos, articulados, folhas escamiformes (semelhantes a escamas) e opostas. É de reconhecimento fácil, uma vez que as extremidades da planta assemelham-se a pequenos cornos (Salicornia significa literalmente “cornos salgados”). Com distribuição por todo o litoral de Portugal Continental, esta planta halófita (tolera níveis elevados de salinidade) desenvolve-se em solos salinos encharcados, podendo ser encontrada por exemplo nas margens dos canais e salinas da Ria de Aveiro. Devido ao sabor salgado dos seus caules carnudos, várias espécies do género Salicornia têm vindo a ser utilizadas na alimentação, não só em saladas (crus ou sob a forma de pickles) ou mesmo como “sal verde”, após a sua secagem e redução a pó, em substituição do sal de cozinha. Considerado atualmente como produto gourmet, esta planta tem ganho gradualmente valor comercial. Vários estudos científicos realizados revelaram diversas propriedades medicinais de algumas espécies de Salicornia, como antioxidante, antitumoral, diurética e repositora de eletrólitos.■
Ciência na Agenda
07
Mais vale saber… O sal na alimentação e seus efeitos na saúde O sal é o composto mais antigo utilizado na história da alimentação como conservante de alimentos, estimando-se que a sua descoberta tenha sido feita pelo povo chinês, há cerca de 5000 a.C. A ingestão de sal tem variado ao longo do tempo, sendo que os antepassados evolutivos do homem ingeriam quantidades de sal muito pouco significativas, cerca de 0,25 g/dia. Atualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda um nível de consumo médio diário mínimo, por pessoa, de 3 g e no máximo 5 g. Portugal apresenta uma ingestão média de sal de 10,7 g/dia, ou seja, sensivelmente o dobro daquela que é recomendada pela OMS. Esta recomendação tem em consideração o facto do consumo excessivo de sal ser o principal fator
responsável pelo aumento da pressão arterial, aumentando dessa forma o risco associado a doenças cardiovasculares, a doenças renais e também à osteoporose. O aumento da pressão arterial é ainda responsável por cerca de 62% de acidentes vasculares cerebrais e 42% de doenças de origem cardíaca. No caso dos bebés e crianças, o excesso de sal na alimentação pode também provocar problemas de desidratação. Por estes motivos, a redução do consumo de sal para os níveis recomendados é muito importante, uma vez que dessa forma se pode prevenir e evitar um número elevado de mortes.■
fev
PAI, VOU AO ESPAÇO E JÁ VOLTO!
12
A Fábrica vai… com as atividades “Faz a tua pasta dentes” e “Escudo solar” à EB Vera Cruz, Aveiro.
13
A Fábrica vai… com as atividades “Faz a tua pasta dentes” e “Sais efervescentes” à EB S. Jacinto, Aveiro.
14 jan
A Fábrica vai… com “Química por Tabela” à Escola Infante D. Henrique, Viseu.
14
A Fábrica vai… com “Vida numa gota de água” ao AE de Santa Comba Dão.
14
A Fábrica vai… com “Não é magia, é ciência” ao AE de Seia.
jan
jan
jan
jan
comunidades
saudáveis
financiamento
11h00
07 fev
11h00 > 12h00
Pai, vou ao espaço e já volto! – “Máquinas marcianas”, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro 2021