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ABC dos Cientistas
Rómulo de Carvalho (1906-1997)
Rómulo Vasco da Gama de Carvalho nasceu a 24 de novembro de 1906, em Lisboa, na Rua do Arco do Limoeiro (hoje Rua Augusto Rosa). Foi professor, pedagogo, autor de manuais escolares, historiador da ciência e da educação, divulgador científico e poeta. Apesar de contar somente com a instrução primária, a sua mãe tinha como grande paixão a literatura, sentimento que transmitiu ao filho Rómulo, desde cedo habituado a ler grandes obras de autores como Camilo, Eça, Camões e Cesário Verde, este último um dos seus favoritos, ou os contos orientais de Xerazade. Aos cinco anos escreveu o seu primeiro poema e aos dez anos leu os Lusíadas, que se propôs continuar em 1917, com a publicação de novas estrofes no Notícias de Évora e, depois, no Almanach das Senhoras de 1920. Terminada a instrução primária, Rómulo prosseguiu os estudos em 1917 no Liceu Central de Gil Vicente, onde foi aluno de Fidelino de Figueiredo e Câmara Reis, tomando contacto com as Ciências, que desper-
taram nele um novo interesse que se foi intensificando e se tornou predominante no seu último ano de liceu. A literatura, apesar de o ter acompanhado durante toda a sua vida, não se mostrava a melhor escolha para quem era extremamente pragmático e se sentia atraído pelo lado experimental das ciências. Deu-se desta forma a escolha da área das ciências aquando da entrada para a Universidade, tendo Rómulo se matriculado no Curso Preparatório de Engenharia Militar na Faculdade de Ciências de Lisboa. Em 23 de outubro de 1928, Rómulo trocou Lisboa pelo Porto e matriculou-se no curso de Ciências Físico Químicas da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Em 1932, um ano depois de se ter licenciado, frequentou o Curso de Ciências Pedagógicas na Faculdade de Letras e em 1934 realizou o Exame de Estado para o Magistério Liceal, prenunciando assim qual será a sua atividade principal daí para a frente e durante 40 anos - professor e pedagogo.
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Lecionou nos liceus Pedro Nunes e Camões, em Lisboa, e durante oito anos no Liceu D. João III, em Coimbra, até regressar a Lisboa, convidado para professor metodólogo do grupo de Físico-Químicas do liceu Pedro Nunes. A partir de 1946, a par da codireção da Gazeta de Física, Rómulo concentrou os seus esforços no ensino, dedicando-se ainda à elaboração de compêndios escolares. Essa dedicação estendeu-se à divulgação científica a um nível mais amplo através da coleção “Ciência Para Gente Nova” e muitos outros títulos, entre os quais “Física para o Povo”. Comunicador por excelência, a devoção à ciência e à sua divulgação e história foi uma constante durante toda a sua a vida. Rómulo de Carvalho não parou de trabalhar até ao fim dos seus dias, deixando trabalhos concluídos mas também por publicar. Apesar da intensa atividade científica, Rómulo continuou sempre a escrever poesia. Porém, não a considerando de qualidade, nunca tentou publicá-la, preferindo destruí-la.
Aos 50 anos encetou, sob o pseudónimo de António Gedeão, uma notável carreira poética, com a publicação de “Movimento Perpétuo”, na sequência da sua participação num concurso de poesia, o qual foi bem acolhido pela crítica. No entanto, o professor de física e química Rómulo de Carvalho, permaneceu no anonimato a que se votou. Experimentou ainda outros géneros literários como o Teatro, o Ensaio e a Ficção. De entre todas as poesias, distingue-se a Pedra Filosofal, produzida no contexto de repressão política e da guerra colonial durante a ditadura fascista. Nos seus poemas dá-se uma simbiose perfeita entre a ciência e a poesia originada por uma vida em que sempre coexistiram dois interesses totalmente distintos, mas que, para Rómulo e para o seu "amigo" Gedeão, provinham da mesma fonte e completavam-se mutuamente. Em janeiro de 1975, dececionado com a desorganização do Ensino no período pós 25 de abril, aposentou-se, dedicando grande parte do seu tempo à investigação. Dez anos passados sobre a Revolução de abril, publicou “Poemas Póstumos”. Em 1990 assumiu a direção do Museu Maynense, da Academia das Ciências de Lisboa, e editou a sua última obra poética, “Novos Poemas Póstumos”. Rómulo de Carvalho morreu no dia 19 de fevereiro de 1997, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. António Gedeão partiu, sete anos antes. ■
(...)"Eles não sabem, nem sonham, que o sonho comanda a vida. Que sempre que o homem sonha o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança". (Pedra Filosofal, in Movimento Perpétuo, 1956)
Foto da semana
A não perder!
No dias 18 e 19 de novembro, a Fábrica marcou presença na Agrovouga, no Parque de Exposições de Aveiro. Algumas atividades STEAM dos Tech Labs, do Aveiro Tech City, e atividades de biologia e química foram as atividades apresentadas e exploradas pelo público escolar. Na Agrovouga 2021, nova edição da mais famosa feira agrícola da Região, os visitantes puderam assistir a demonstrações, talks, participar em workshops ou assistir a espetáculos equestres e de animação.
Para assinalar o Dia Nacional da Cultura Científica, junto do público familiar, no próximo dia 27 de novembro, a Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro abre as suas portas gratuitamente. Neste âmbito, o programa inclui um Show de Ciência, Oficinas Laboratoriais, atividades de Robótica e Exposições Interativas. Estas atividades destinam-se a famílias, sendo a participação gratuita, mas com inscrição obrigatória através do contacto: 234 427 053. mais informações em www.ua.pt/fabrica
Ciência na Agenda
09
Mais vale saber… Diabetes mellitus A diabetes mellitus, ou diabetes, é uma doença em que o organismo não produz insulina em quantidade suficiente ou não responde à insulina produzida. Esta condição faz com que os níveis de glicose no sangue sejam excecionalmente elevados. Os sintomas da diabetes incluem aumento da sede, da micção (vontade frequente de urinar) e da fome. Quando não é tratada a diabetes pode originar várias complicações. Existem vários tipos de diabetes como, por exemplo, tipo 1, tipo 2 ou gestacional. A diabetes tipo 1 resulta da destruição de um tipo de células do pâncreas, as células β dos ilhéus de Langerhans. Neste tipo de diabetes, o sistema imunitário ataca aquelas células, que produzem insulina, sendo que cerca de 90% das células ficam permanente-
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mente destruídas. Este tipo de diabetes surge, geralmente, na infância e na adolescência. Na diabetes tipo 2 as células do pâncreas continuam a produzir insulina. Porém, o organismo cria resistência à insulina e, por isso, a quantidade disponível torna-se insuficiente para atender às necessidades do organismo. Este tipo de diabetes torna-se mais comum com o avançar da idade. A diabetes gestacional surge durante a gravidez e desaparece após o parto. Neste caso, pensa-se que as hormonas da placenta bloqueiam a ação da insulina, tornando-a menos eficaz.
CAFÉ DE CIÊNCIA
22 nov
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30 nov
saudáveis
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10h00
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18h00
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31 dez
10h00 > 17h00
A Fábrica assinala o Dia Nacional da Cultura Científica na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.
A Fábrica vai… com o show de ciência “Química por Tabela 2.0” a Lagos.
05
até
financiamento
A Fábrica vai… com a História com Ciência - “A Princesa e o Cérebro que sentia demais!” ao Agrupamento de Escolas de Aveiro
24 e 27
dez
comunidades
18h00
> 13h00
> 19h00
Workshop Dóing, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. Café de Ciência - “O Boto na costa Portuguesa: um mamífero marinho em declínio.”, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.
Exposição Coletiva de Imagens Científicas - “Uma viagem ao organismo”, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro 2021