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Fotografia de Mark A. Wilson, Department of Geology, The College of Wooster.
Rochas vulcânicas de aparência sedimentar Na sequência de atividade vulcânica explosiva, as cinzas, que alguns autores referem por “tephra” (termo grego que significa cinza), os “lapilli” (termo italiano equivalente a “bagacina”, usado nos Açores) e demais materiais sólidos ejetados, referidos no conjunto por piroclastos, acabam por se depositar por efeito da gravidade, constituindo acumulações mais perto ou mais longe do respetivo vulcão, em função da magnitude das explosões, do vento e das dimensões dessas partículas. Uma deposição por efeito gravítico é, para todos os efeitos e por respeito pelo significado das palavras, uma sedimentação. O modo de deposição, por queda gravítica, destes materiais confere, às respetivas acumulações, estruturas em camadas sobrepostas, à semelhança dos estratos das rochas sedimentares. Assim sendo, alguns sedimentólogos,
entre os quais, o alemão J. Walther e o americano de origem alemã A. W. Grabau, no primeiro quartel do século XX, e os seus seguidores, os americanos G. M. Friedman e J. E. Sanders, cerca de meio século depois, consideraram estas acumulações vulcânicas como rochas sedimentares, incluindo-as nas rochas detríticas. Porém, outros estudiosos nesta área, entre os quais me incluo, discordam deste critério. Com efeito, tais produtos são o resultado de uma atividade endógena (o vulcanismo) e não exógena, condição implícita no conceito de rocha sedimentar. As acumulações estratificadas de piroclastos não resultam de erosão e de transporte, tal como é definido em geodinâmica externa, mas apenas sofreram arremesso explosivo e deposição por gravidade. Assim, devem ser consideradas no âmbito das
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rochas vulcânicas e, portanto, no das magmáticas ou ígneas. Nestes termos, a conceção dos citados autores deve, pois, ser rejeitada como, aliás, o foi pela Comissão para a Petrologia, da International “Union of Geological Sciences” (IUGS). Numa série como a do Complexo Vulcânico de Lisboa-Mafra, caracterizado pela alternância de escoadas de lavas basálticas e níveis piroclásticos (tufos e outros), a obediência ao critério de Walther-Grabau apontá-lo-ia como uma sequência de rochas alternadamente magmáticas e sedimentares, o que não faz qualquer sentido. Não é o caso dos “lahars”, um tipo particular de grandes escoadas lamacentas, formadas por cinzas vulcânicas empapadas de água que se desprendem torrencial e catastroficamente das vertentes do aparelho vulcânico,
destruindo e afogando tudo sob um espesso manto de lama, como aconteceu em Armero, na Colômbia, em 14 de novembro de 1985. A cidade foi quase instantaneamente soterrada pela rápida descida de um “lahar” vindo do vulcão Nevada del Ruiz, que vitimou cerca de 23 000 dos seus 30 000 habitantes. Os materiais resultantes da deposição destas escoadas já devem, com efeito, ser considerados rochas vulcano-sedimentares, tendo sido designados pela dita Comissão para a Petrologia, da IUGS, por epiclastos (do grego “epi”, superficial, por cima), quando ainda incoesos, e por epiclastitos, uma vez consolidados.
A.M. Galopim de Carvalho Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva
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No âmbito do Dia da Terra, a Fábrica promoveu na passada sexta-feira mais uma atividade online: ECO-CONVERSA(S) – O mundo do plástico. De uma forma descontraída, e com muito rigor, foi conduzida uma conversa sobre o tema, e ainda foram feitas demonstrações e observações em direto. A atividade decorreu em dois horários e contou com a presença de cerca de 75 alunos do 1º e 2º CEB.
Na próxima quinta-feira decorrerá o Café de Ciência intitulado “Diagnóstico molecular na Doença de Alzheimer, uma ferramenta valiosa”, e conta com Ana Gabriela Henriques do Departamento de Ciências Médicas da UA. Destinado a público jovem e adulto, acontece pelas 15h00, online, via zoom, sendo gratuito e sem necessidade de inscrição. Esta é a quarta sessão do ciclo de Cafés de Ciência “Comunidades Saudáveis”, um projeto promovido pala Fábrica, Escola Superior de Saúde e Departamento de Ciências Médicas da UA. mais informações em www.ua.pt/fabrica
Imagem: Unsplash.com
Ciência na Agenda
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Mais vale saber… Importância das rochas e dos minerais Todos os dias usamos materiais que, com maior ou menor grau de transformação, provêm da Terra. Em Portugal existe uma grande diversidade de minerais e rochas que constituem recursos essenciais para o quotidiano. As rochas e os minerais podem ser usados como material de construção, podem constituir matéria-prima de muitas indústrias e podem até ser usados como fonte de energia ou com fins terapêuticos. Por exemplo, rochas como o granito e o xisto são muito usadas na construção de habitações em alguns locais do nosso país. A calçada portuguesa, com padrões decorativos, que é possível encontrar em muitos
passeios pedonais, é formada essencialmente por blocos de calcário. O lioz é um tipo de calcário que existe em Portugal e que foi usado na construção do Mosteiro dos Jerónimos. Mas existem outras rochas usadas na construção de monumentos, como o granito, que foi usado na construção do edifício da Sé do Porto. Os minerais, por seu lado, também constituem recursos geológicos importantes. Por exemplo, os lápis possuem na sua constituição um mineral que permite a escrita, que se chama grafite, e a halite é um mineral solúvel em água que constitui o vulgar sal de cozinha.
DOMINGO DE MANHÃ NA BARRIGA DO CARACOL
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15h00
Café de Ciência - Diagnóstico molecular na Doença de Alzheimer, uma ferramenta valiosa, online, via zoom.
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Atividades dedicadas ao Dia da Mãe, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.
10h00
Workshop Dóing, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. .
11h00
Domingo de manhã na barriga do caracol – O Grande Cedro, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.
11h00
Pai, vou ao espaço e já volto – “Buracos negros”, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.
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Exposição de Fotografia “Abrindo as Asas de Novo”, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro 2022