Entrevista, pág. 8 e 9
As ambições de Freitas Lobo O comentador da RTP fala da sua carreira, dos projectos, e faz algumas revelações.
Campeonato Amador Clubes do Porto vivem dias muito complicados
pág. 2 e 3
Desportivo
Janeiro de 2010
Ano I, Edição nº 1
Preço: 20€
Director: Francisco Ferreira
Mundial: Brasil no caminho de Portugal
Conheça as 5 selecções que não vão ganhar o Mundial pág. 7
pág. 11
Amadora e Porto campeões nacionais de Natação
Opinião Francisco Ferreira
Ir à Liga dos Campeões pode acabar com um clube pág. 13
Sorteio colocou Selecção das Quinas no Grupo G, com Costa do Marfim, Coreia do Norte e Brasil.
Europa: Porto nos oitavos da Champions, Benfica e Sporting seguem em frente na Liga pág. 4 e 5 Europa
Desportivo, Janeiro 2010
Reportagem
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Apesar da crise, os adeptos continuam a acompahar os jogos do Campeonato Amador. Só no Passarinhos-Cerco, em Outubro, a assistência chegou quase às 1000 pessoas.
Futebol Amador do Porto em vias de extinção
Nos últimos 5 anos, mais de metade dos clubes do Campeonato Amador da AF Porto fecharam as portas. Os emblemas culpam a Associação, o Estado e a crise económica pelo que está a acontecer. Durante muitos anos, o Campeonato de Futebol Amador do Porto animou as tardes de muitos adeptos, que vibravam com os jogos da equipa lá da rua ou lá do bairro. Hoje, a realidade é completamente diferente. Se os grandes clubes da cidade, como o Boavista e o Salgueiros, atravessam grandes problemas, no Futebol Amador o cenário é desastroso. Os números são claros: em 2003, competiam quase 60 clubes, divididos por 3 Divisões. Esta época, apenas 23 clubes disputam a única divisão do Campeonato Amador do Porto. A culpa é da falta de apoios e dos custos demasiado elevados, afirmam dirigentes, treinadores e jogadores. Inscrições chegam aos 3000€ Apesar de amador, o Campeonato promovido pela Associação de Futebol do Porto (AFP) obriga a despesas bastante significativas, tendo em conta que a maior parte dos clubes não têm qualquer tipo de receitas. Os custos inerentes à participação no Campeonato Amador são maiores do que se imagina inicialmente. As colectividades têm que pagar a inscrição da equipa e dos jogadores na Associação, o aluguer de campos para treinar e jogar, e têm que assegurar todos os elementos indispensáveis à organização dos jogos (como o policiamento ou arbitragem). Pedro Silva, presidente do histórico
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Passarinhos da Ribeira, adianta que o clube gastou cerca de 3000€ na inscrição dos 20 jogadores que compõem o plantel desta época. “É um valor elevado e que não corresponde à realidade dos clubes amadores”, defende. O Dirigente refere que o Passarinhos gasta à volta de 300€ nos jogos disputados em casa, e grande parte desse dinheiro serve para pagar o policiamento dos encontros. De resto, os pagamentos à Polícia, cuja presença é obrigatória para a realização dos jogos, é uma das principais queixas dos clubes amadores, que estão revoltados com a situação actual. Clubes sem reembolso da Polícia Há alguns anos, o dinheiro gasto em policiamento era parcialmente devolvido ao clubes algumas semanas após o pagamento. Na altura, o Estado reembolsava, pelo menos, entre 40% e 70% do total, o que ajudava as equipas a equilibrar o orçamento. Actualmente, este dinheiro já não chega aos cofres dos clubes. João Sousa, Vice-Presidente do Rechousa, clube de Gaia, garante que este é um dos principais problemas do Futebol Amador. “Antigamente, chegámos a receber 60% do dinheiro gasto na polícia. Agora não é assim, há muitos meses que ninguém nos paga nada”, adianta. “Era uma grande ajuda para os clubes, e estou convencido que muitos clubes não tinham fechado se
o dinheiro continuasse a ser devolvido”, assegura o dirigente do emblema gaiense. O policiamento de um jogo do Campeonato Amador ronda os 170€. Nalguns casos, em jogos que sejam considerados de “alto risco”, essa verba pode mesmo atingir os 300€. Pedro Gomes, jogador do Juventude de Pedrouços, e antigo jogador e dirigente do Racing Portugal – clube que fechou portas no fim da época passada – diz que a situação actual é “uma autêntica vergonha”. “A época passada o Racing gastou 3600€ em policiamento, e devolveram ao clube apenas 98€, ou seja, pouco mais de 5% do que se pagou”, adianta.
Clubes podem gastar mais de 300€ na organização dos jogos em casa Ernesto Santos, Vice-Presidente daAFP, afirma que a Associação compreende o descontentamento dos clubes, mas sublinha que esta questão diz respeito ao Ministério da Administração Interna. “É um facto que os clubes, há alguns anos, recebiam uma maior percentagem desse dinheiro, mas isso são situações que ultrapassam a AFP”, refere o responsável.
Muitas despesas para poucas receitas Os responsáveis dos clubes Amadores acusam a AFP de tentar “fazer negócio” à custa do Campeonato Amador. Artur Moreira, antigo dirigente do Leões da Agra – clube de Matosinhos, que também já não compete – diz que os custos se tornam incomportáveis, porque existem muito poucas receitas. “Além das inscrições e dos custos dos jogos, as equipas ainda têm que pagar o aluguer de espaços para jogar e treinar”, adianta. Apesar de se ter afastado do dirigismo desportivo, Artur Moreira mantém um Blog sobre Futebol Distrital e Amador, que conta com quase 2 milhões de visitas. O antigo responsável do Leões da Agra assegura que o orçamento anual de um clube amador é pelo menos 15.000€, e que pode até ultrapassar os 20.000€. Pedro Gomes, do Juventude de Pedrouços, critica também os preços da arbitragem. “São 65€, dos quais 32,5€ vão directamente para a AFP”. Também as multas aplicadas pela AFP têm pesado no orçamento dos clubes, já que a Associação obriga a que todas as equipas tenham um treinador com Curso Nível 1 no banco, e esta época passou a ser obrigatório que o massagista do clube também seja encartado. Uma fonte ligada ao Racing Portugal diz que estas multas são “um absurdo”, e que fazem com que os clubes tenham que pagar valores que ultrapassam os 50€ por jogo. “Um curso
Desportivo, Janeiro 2010
de Treinador custa 500€, e o de Massagista ronda o mesmo valor. Os clubes não podem comportar estes custos, e a maioria das pessoas também não. A AFP sabe disso e decide aplicar estas multas”, disse um antigo jogador, que prefere manter o anonimato. Ernesto Santos, da AFP, admite que os custos podem parecer elevados, mas salienta que a AFP não aumenta os valores relativos ao Campeonato Amador há vários anos. “Temos sensisibilidade para o que se passa nos clubes, também me custa assistir a esta situação. Mas a verdade é que a AFP também tem despesas elevadas”, garante o Vice-Presidente da AFP. Muitos dos valores, afirma o dirigente, são impostos directamente pela FPF, o que, na sua opinião, explica alguns dos preços elevados no Futebol Amador. No passado, a AFP já deu sinais de preocupação, mas ainda não houve qualquer mudança. No início da época 2008/2009, os responsáveis garantiram aos clubes que estavam atentos à crise que afectava o Campeonato, e adiantaram que tudo indicava que na época seguinte existiria um forte patrocinador, que compraria o naming do Campeonato. Os clubes garantem que a AFP assegurou que, com este patrocinador, o preço das inscrições ia baixar consideravelmente, e estariam criadas as condições para que muitos clubes históricos voltassem à competição. No entanto, passado mais de um ano, ainda nada se concretizou. Ernesto Santos explica que isso se deve exclusivamente à crise económica que afecta o país. “As empresas não têm dinheiro para investir, muito menos em campeonatos com pouca visibilidade nos media”, comenta o dirigente da AFP. No entanto, o Vice-Presidente garante que continuam a existir negociações com várias empresas, e salienta que tudo será feito para concretizar esta possibilidade já na próxima temporada. AFP sabe da crise Apesar de os clubes acusarem a AFP de não responder às suas queixas e preocupações, o Desportivo sabe que a situação tem sido motivo de acesa discussão dentro da própria AFP. Num documento a que o Desportivo teve acesso, Domingos Santos, Secretário Geral da AFP, alerta Lourenço Pinto, Presidente da Direcção, para o caos financeiro que se vive nos clubes. Domingos Santos fala sobre uma reunião entre a AFP e responsáveis do Ministério da Administração Interna,
da FPF e de outras entidades, que ocorreu a 16 de Setembro de 2009. O Secretário-Geral escreve no documento que “os clubes estão, na sua grande parte, na iminência de fechar portas, porque não podem suportar tantos encargos”. Ao longo deste documento, Domingos Santos salienta também os problemas com o policiamento nos últimos anos, ao referir que “desde a época 2007/2008 que os clubes nada recebem, nem são informados pelos representantes do que se passa”. O responsável da AFP escreve que esta situação “é grave”, e adianta que as verbas gastas pelos clubes de Futebol Distrital do Porto
Documento interno da AF Porto denuncia e alerta para os problemas financeiros dos clubes em policiamento, até Março de 2009, ultrapassa os 1,3 M€. Domingos Santos adianta ainda que, em 2002, os clubes eram reembolsados na ordem dos 95%, e em pouco mais de 5 anos, chegou-se praticamente aos 0%. No mesmo documento, o Secretário Geral da AFP denuncia a Lourenço Pinto que, sem motivos aparentes, “a Polícia passou a cobrar 4 horas de serviço por um jogo que dura 90 minutos, quando anteriormente (...) 4 horas sobejavam para fazer dois jogos”. O dirigente da AFP encerra o documento endereçado a Lourenço Pinto com uma ideia clara: “nada foi resolvido, apesar do empenho de todos os presentes (...). Não há verbas”. Jogadores suportam despesas Apesar das dificuldades de todos os clubes, alguns ainda conseguem manter as equipas a competir, muitas vezes à custa dos atletas ou do esforço pessoal de alguns elementos das Direcções. Pedro Cunha, Jornalista e jogador do Marechal Gomes da Costa (MGC), conhece bem a realidade dos clubes com poucos recursos. No início da sua carreira no Campeonato Amador, alinhou pelo GD Montalegre, que fechou as portas em 2005. “No Montalegre, já eram os jogadores que suportavam a maior parte dos custos”, revela. Depois do desaparecimento do Montalegre, Pedro Cunha rumou ao Racing Portugal, onde a situação era mais complicada. “Além da inscrição, os jogadores pagavam uma mensalidade, que rondava os 25€,
Soundbites
“3000€ para inscrever uma equipa é um valor elevado, não corresponde à realidade dos clubes Amadores” Pedro Silva, Presidente do Passarinhos da Ribeira
“Estes clubes dão muito à sociedade e não recebem nada em troca” Pedro Cunha, jogador do MGC “Muitos clubes não tinham fechado se o dinheiro [do policiamento]
continuasse a ser devolvido”
João Sousa, Vice-Presidente do Rechousa
“Os clubes estão, na sua grande parte, na iminência de fechar portas” Domingos Santos, Secretário-Geral da AF Porto
Reportagem
para que o clube não fechasse. Era tudo pago pelos jogadores e treinadores, desde aluguer de instalações a equipamentos”. No MGC, a situação não é tão grave, mas ainda assim, são os jogadores que pagam o valor da sua inscrição na AFP, que ultrapassa os 150€. Apesar de estar situado numa das zonas mais nobres da cidade do Porto, o MGC não escapa às dificuldades económicas, e a Direcção até já pediu ajuda financeira a alguns jogadores. A falta de verbas também afasta as Autarquias dos emblemas amadores. Artur Moreira refere que, com tantos clubes a abandonar a competição, o Campeonato Amador “deixa de ser atractivo e rentável”, e por isso “há pouca gente interessada em investir”. As únicas Autarquias que ainda apoiam substancialmente os clubes amadores são as de localidades mais afastadas do Porto, como Lousada ou Paços de Ferreira. No entanto, na Invicta, os clubes garantem que as ajudas são quase nulas, o que explica o desaparecimento de emblemas históricos como o Miragaia (campeão em 2006), o Ribeirenses, o Café Lisbonense ou o Mocidade Invicta, entre muitos outros.
Clubes exigem redução de custos As soluções defendidas pelas várias partes rondam sempre os mesmos pontos. Do lado dos clubes, defendese que o policiamento passe a ser gratuito, que o preço das inscrições diminua substancialmente, e que as Autarquias se aproximem e ajudem a financiar as equipas locais. Pedro Silva, do Passarinhos da Ribeira, é um dos que apela ao fim dos “pagamentos exagerados à polícia”, e defende que a solução passaria por diminuir os custos nas inscrições. Pedro Gomes e João Sousa defendem que essa mesma inscrição devia ter apenas um “custo simbólico”. Já Artur Moreira critica também a postura dos dirigentes do Futebol Amador, e acusa a maior parte dos
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Clubes que competiam em 2003
Clubes que competem em 2009
150 € Inscrição de um jogador na AFP
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dirigentes do Futebol Amador, e acusa a maior parte destes responsáveis de se “preocuparem apenas com o seu próprio clube”. O antigo dirigente do Leões da Agra afirma que o Amador beneficiava muito se os clubes “se unissem mais”.
Clubes apelam à redução dos custos de inscrições e policiamento, AFP pede mais apoio por parte do Estado No documento que Domingos Santos enviou a Lourenço Pinto, pode ler-se que uma das soluções passaria pela canalização de uma pequena parte dos lucros dos Jogos da Santa Casa, que ascendem a 168 Milhões de €, para financiar este tipo de competição. Pedro Cunha, do MGC, lança o alerta: se o cenário não se alterar, o mais provável é que o Campeonato de Futebol Amador chegue ao fim. “Estes clubes dão muito à sociedade e não recebem nada em troca”, lamenta o jogador do MGC. “Há falta de apoio e falta de atenção. Assim, a paixão acaba por desaparecer”.
E, sem a paixão pelo futebol e pelo desporto, pouco sobra. Jogadores e dirigentes continuam a aguentar os clubes por mera “carolice” e por gosto, já que ninguém recebe qualquer valor para treinar e jogar. Um fiel seguidor do Passarinhos da Ribeira, presente em “quase todos os jogos da equipa”, diz que muita gente irá sentir falta dos jogos do Amador. “São jogos disputados ao Sábado, dia em que não há muito para fazer. Assim, sempre se aproveita para ver o clube lá da rua e para estar com os amigos”, comenta. No jogo entre o Passarinhos e o Cerco do Porto, estavam cerca de 1000 pessoas a assistir ao encontro, número superior à maioria dos jogos da Liga Vitalis. “E mesmo assim, ninguém ajuda o Amador”, lamentam os adeptos.
3000€
Números
200€
Multa por não ter treinador encartado
Custo da inscrição do plantel na AFP
Custo médio do policiamento por jogo
15.000€
50€
500€
Custo do curso de Treinador Nível 1
Orçamento anual de uma equipa
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Notícias
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Liga dos Campeões: Fase de Grupos sem surpresas LuaLua reforça Olympiakos
O avançado Lomana LuaLua está de volta ao Olympiakos, depois de uma passagem pelo Al-Arabi, do Qatar. O antigo avançado do Newcastle foi campeão em 2007/2008 ao serviço do clube de Atenas, antes de tentar a sua sorte no campeonato do Qatar. Na apresentação aos jornalistas, o congolês disse que se arrependeu de ter saído do Olympiakos. “Nunca devia ter deixado este clube, e agora quero começar aqui outra vez”, afirmou. LuaLua estava sem clube, e é uma aposta de Zico para a eliminatória da Liga dos Campeões, frente ao Bordéus. A alegria de uns contrasta com a tristeza de outros: o Bayern seguiu em frente, mas a Juventus ficou pelo caminho na fase inicial
Grandes da Europa cumprem e seguem em frente na Champions Bordéus e Fiorentina foram as equipas-sensação da Fase de Grupos. O Porto, à semelhança dos “grandes” da Europa, cumpriu e seguiu em frente. Foi uma Fase de Grupos tranquila. O início da competição 2009/2010 até fazia prever algumas surpresas, graças a alguns resultados menos previsíveis. Um bom exemplo foi a derrota do AC Milan, em casa, frente ao modesto FC Zurique, da Suíça. O gigante italiano perdeu por 1-0, e parecia comprometer a passagem à fase seguinte. No entanto, uma vitória no Santiago Bernabéu, frente ao Real Madrid, acabou por salvar a formação milanesa, que seguiu em frente, mesmo com empates contra o Marselha e com o Zurique. Mais confortável foi a campanha do Porto. Os homens de Jesualdo Ferreira mostraram bom futebol, e perderam apenas com o Chelsea, em Londres e no Dragão. Mas nem o Atlético de Madrid, nem o estreante APOEL, do Chipre, conseguiram incomodar os azuis e brancos nesta Fase de Grupos. Destino diferente teve a Juventus, muito por culpa da campanha fantástica do Bordéus. Os franceses, com Chamakh e Wendel em excelente plano, ficaram no primeiro-lugar do grupo, à frente
Oitavos-de-Final Lyon - Real Madrid AC Milan - Manchester United Porto - Arsenal Bayern Munique - Fiorentina Estugarda - Barcelona Olympiakos - Bordéus Inter - Chelsea CSKA Moscovo - Sevilha do Bayern Munique. A Juve, apesar de contar com grandes nomes no plantel, não conseguiu contrariar o percurso irrepreensível do Bordéus, e acabou por ficar de fora dos Oitavos. Quem não escorregou foi a Fiorentina, que até tinha pela frente o Liverpool. Cesare Prandelli montou bem a equipa, e garantiu o primeiro lugar do Grupo E, à frente do Lyon. O Liverpool fica pelo caminho, com apenas 2 vitórias em 6 encontros. O Inter, de Mourinho, teve que esperar pelo último jogo em casa, frente ao Rubin, para assegurar a passagem à
Maccabi Haifa terminou sem golos e sem pontos O Maccabi Haifa entra para a história da Liga dos Campeões pelas piores razões possíveis. Os israelitas terminaram a Fase de Grupos da prova mais importante da UEFA com zero pontos, e sem qualquer golo marcado. Um “feito” inédito, que até se pode justificar com o facto de o campeão israelita ter disputado todos os jogos em casa num estádio emprestado. E
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com algum azar. Na verdade, o Maccabi perdeu 5 vezes por 1-0, mesmo contra a Juventus ou o Bayern Munique. No passado, outras equipas chegaram ao fim da Fase de Grupos sem qualquer ponto. Fenerbahce, Spartak, Rapid Viena ou Anderlecht também já sentiram na pele o que é perder todos os jogos do grupo. Contudo, todas elas marcaram pelo menos um golo.
fase seguinte da prova. Os russos surpreenderam o Barcelona em pleno Camp Nou, mas isso não chegou para asseguraram o 2º lugar do Grupo F. Manchester United, CSKA Moscovo, Sevilha, Arsenal, Olympiakos e Estugarda também conseguiram chegar aos oitavos-de-final com relativa facilidade, apesar da concorrência de equipas como o Unirea Urziceni (Roménia) ou Wolfsburg (Alemanha).
Keisuke Honda no CSKA
É oficial: Keisuke Honda vai mesmo assinar pelo CSKA Moscovo. O médio internacional japonês do VVV Venlo, da Holanda, era cobiçado pelo Liverpool, Everton, e alguns clubes holandeses. O Imperador Keisuke, como era apelidado pelos adeptos do VVV, marcou 24 golos em 68 jogos ao serviço do pequeno clube holandês. Antes da chegada ao futebol europeu, Honda representou o Nagoya Grampus, do Japão. Entretanto, o CSKA já prepara o jogo frente ao Sevilha, a contar para a 2ª Ronda da Liga dos Campeões.
Grandes jogos em perspectiva Os oitavos-de-final prometem grandes jogos, com o grande destaque a ir para o duelo entre AC Milan e Man Utd. Já o Porto soube que terá que ultrapassar o Arsenal para chegar aos quartos-definal. Os dragões não guardam grandes recordações do Arsenal, depois da humilhação (4-0) sofrida em Londres. O Barcelona, candidato à vitória, terá o Estugarda pela frente, e o Real Madrid tem que viajar até Lyon. O Bordéus teve alguma sorte, e vai defrontar o Olympiakos, da Grécia. A não perder.
Beckham volta ao AC Milan
David Beckham está de volta ao AC Milan. Depois de ter sido emprestado pelo LA Galaxy aos rossoneri a época passada, o médio da selecção inglesa volta a ser cedido ao AC Milan, no período em que a MLS está parada. Com este empréstimo, Beckham terá a oportunidade de se manter em forma, de modo a poder ser opção para o Mundial 2010. Fabio Capello estará certamente atento aos jogos de Beckham na Serie A. Entretanto, já se sabe que o internacional inglês terá pela frente o Manchester United, clube que representou durante várias épocas, nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Beckham, na apresentação aos jornalistas, disse que quer “ser útil” ao clube de Milão.
Desportivo, Janeiro 2010
Notícias
Liga Europa: Benfica e Sporting entre os 32 melhores
O Sporting passou à fase seguinte, mas não deslumbrou, e teve alguns resultados menos positivos.
Benfica e Sporting não falharam, e conseguiram apurar-se para os 16-avos-de-final da Liga Europa. Menos sorte teve o Nacional, que já ficou pelo caminho. Benfica e Sporting estrearam da melhor maneira o novo formato da Liga Europa, antiga Taça UEFA. Ao contrário do que acontecia em anos anteriores, a competição europeia passou a começar com uma Fase de Grupos, à semelhança do que acontece na Liga dos Campeões. 48 equipas, divididas em 12 grupos, onde os dois primeiros de cada grupo passam à fase seguinte. Os dois clubes lisboetas conseguiram terminar no topo do grupo, e vão marcar presença na ronda que reúne as 32 melhores equipas da competição. O Benfica perdeu apenas um jogo, frente ao AEK, e o Sporting foi derrotado pelo Hertha (em Berlim), e cedeu empates contra o Heerenveen, Ventspils. No entanto, as vitórias no terreno dos holandeses e dos campeões da Letónia, ajudaram os verdes e brancos a seguirem em frente. A campanha do Benfica foi bastante tranquila, e fica marcada pela vitória avassaladora frente ao Everton, na Luz. Os encarnados bateram os ingleses por claros 5-0, e partiram para uma
série de jogos decisivos com maior tranquilidade. Em Liverpool, as águias voltaram a vencer, por 0-2. Mais difícil foi a vitória na Bielorrússia, perante um BATE Borisov muito determinado e disciplinado, bem ao estilo das equipas de Leste. A encerrar a campanha, vitória por 2-1 sobre o AEK Atenas. Um começo animador, e que deixa Jesus e os seus pupilos com esperança de uma boa prestação na Liga Europa. O Sporting esteve à imagem do Sporting de 2009/2010. Jogos com pouco futebol, e alguns resultados embaraçosos. Os verdes e brancos suaram muito para ganhar ao Heerenveen na Holanda, e só venceram graças a um excelente jogo de Liedson, e a uma falha clamorosa do guardaredes da casa. 2-3 foi o resultado final. Contra o Hertha, teoricamente a equipa mais complicada do grupo, o Sporting até conseguiu ganhar em Alvalade (1-0), mas com uma exibição sofrível. Os alemães também atravessam uma fase complicada, e seguem nos lugares de descida da Bundesliga, mas mesmo
assim bateram o Sporting por 1-0, em Berlim. No entanto, o resultado já nada interessava, porque os lisboetas já estavam qualificados para a fase seguinte. A qualificação foi garantida após o empate caseiro contra o Heerenveen, em mais um jogo fraco da equipa leonina. Antes disso, outro empate, frente ao modesto Ventspils. Na Letónia, o Sporting sofreu muito e jogou pouco, mas Moutinho, com um tiro de longe, garantiu os 3 pontos, que se viriam a revelar muito preciosos. Já o Nacional da Madeira ficou-se pelo 3º lugar do grupo, e foi afastado da competição. Os madeirenses, acusaram alguma inexperiência em competições europeias, como provam os jogos contra o Werder Bremen (derrota 2-3 e 4-1), ou a derrota em Bilbao (2-1), depois de estar à frente no marcador. Para a história ficam os 5-1 inflingidos na última jornada ao Austria de Viena, uma equipa com algum peso em competições europeias. Contudo, o resultado de nada adiantou, já que o Nacional já estava fora da prova.
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O Nacional e a inexperiência Comentário de Francisco Ferreira
A inexperiência e a ingenuidade pagamse caro em todos os campeonatos. Nos jogos europeus paga-se ainda mais caro, especialmente contra adversários já bem habituados às lides europeias. Que o diga o Nacional da Madeira, que até fez bons jogos, mas já foi afastado da Liga Europa. Ponto prévio: o Nacional tem boa equipa, como prova o 4º lugar na Liga Sagres. E como prova a passagem frente ao Zenit, da Rússia. Os madeirenses surpreenderam um dos maiores clubes da Rússia, para surpresa de todos. Perspectivava-se uma boa participação na Fase de Grupos. O sorteio colocou o Nacional no Grupo L, com o Werder Bremen, o Atlético de Bilbao e o Austria Viena. Teoricamente, equipas mais fortes que o Nacional, pelo que as possibilidades de passar pareciam, à partida, complicadas. Mas a verdade é que o Nacional podia perfeitamente ter seguido em frente na prova, não fosse a tal inexperiência e falta de preparação psicológica para os grandes encontros europeus. Frente ao Werder Bremen, o Nacional fez uma excelente exibição, conseguiu recuperar de uma desvantagem de dois golos, mas deixou-se perder aos 85 minutos. Em Bilbao, Rúben Micael até colocou a equipa em vantagem, mas os bascos a assegurarem a vitória aos 85 minutos. Em casa, empate 1-1, com um golo sofrido aos... 86 minutos. Em Viena, foi novamente o Nacional a colocar-se em vantagem, mas Schumacher empatou a 15 minutos do fim. O mesmo Austria foi despachado com 5-1 na Madeira, e em Bremen, o Nacional jogou mal, e perdeu 4-1. À excepção do jogo na Alemanha, o Nacional não foi mais fraco em nenhuma partida. Conseguiu vantagens preciosas, mas não as soube segurar. Machado é um bom treinador, e o Nacional tem uma série de jogadores de qualidade. Teoricamente, o afastamento acaba por ser natural. Mas, na prática, soube a pouco. Os madeirenses acabam sair da Liga Europa muito por culpa da falta de concentração em momentos cruciais do jogo, que se pagam caro ao mais alto nível. Se calhar não se podia fazer mais, porque essa experiência só se ganha com presenças na Europa, que ficam enraizadas no próprio clube. É o que falta.
Mercado: portugueses e estrangeiros aproveitam Janeiro para comprar
Apesar da crise económica, os clubes continuam a gastar milhões. Sporting e Benfica já contrataram 3 jogadores cada. Os mais pequenos também aproveitam para trazer caras novas. Na Europa, gasta-se menos. Está a ser um mercado de Inverno bastante agitado em Portugal. Aliás, os clubes portugueses são, até agora, os mais gastadores da Europa nesta reabertura do mercado de transferências. Só Sporting e Benfica, em conjunto, já gastaram quase 17 milhões de euros na compra de novos jogadores. O Sporting, que atravessa uma profunda crise de resultados, não hesitou em gastar 9,6 milhões para assegurar os serviços de 3 jogadores: João Pereira, defesa-direito do Braga (3 milhões de euros), Sinama-Pongolle, avançado proveniente do Atlético de Madrid (6,5 milhões) e o defesa Mexer, ex-Desportivo de Maputo (150 mil). Contudo, os leões podem não
ficar por aqui, já que se fala no interesse em contratar, pelo menos, mais um defesa-esquerdo. O Benfica também já gastou quase 7,5 milhões de euros na aquisição de reforços, todos vindos do futebol brasileiro. Os encarnados reforçaram o meio-campo e o ataque com 3 novos jogadores: Airton, ex-Flamengo, Alan Kardec, ex-Vasco, e Éder Luís, exAtlético Mineiro. Os 3 jogadores já trabalham no Seixal. O Porto foi o único dos grandes que ainda não se reforçou para a segunda metade da época. Os restantes clubes da Liga Sagres gastam menos, mas não deixam de trazer caras novas. O Braga pagou 50 mil euros por Miguel Garcia, defesa
do Olhanense, para colmatar a saída de João Pereira. Já o vizinho Guimarães vai poder contar com dois novos jogadores: Fábio Felício e Valdomiro. O esquerdino estava sem clube, depois de ter rescindido com o Rubin, e o defesa brasileiro abandona o Al-Wasl para representar os vimaranenses. O outro Vitória, o de Setúbal, assinou com dois jogadores bem experientes: Neca (ex-Ankaraspor) e Ricardo Silva (ex-Shinnik). As equipas da Madeira foram-se reforçar no Brasil, como já é habitual. O Marítimo contratou Yuri e Tcho, e o Nacional assegurou os serviços de Alex Bruno. Mais exótico é o novo reforço do Leiria: Zahovaiko. O avançado chega do Flora Tallin, da Estónia.
Na Europa, o mercado não tem sido tão agitado como em Portugal. Apesar disso, alguns clubes abriram mesmo os cordões à bolsa. O CSKA Moscovo pagou 9 milhões de euros por Keisuke Honda, do VVV, e mesma verba que a Fiorentina teve que pagar à Udinese para assinar com Felipe. O Schalke 04 gastou 6 milhões de euros em Alex Teixeira, do Vasco. Outros clubes apostam em empréstimos: Luca Toni saiu do Bayern para a Roma até ao final da época, e o romeno Tamas troca o Auxerre pelo WBA nos próximos meses. Gekas, avançado da Grécia, foi cedido pelo Leverkusen ao Hertha até ao fim da época. Estes três jogadores continuam à procura da melhor forma, para marcarem presença no Mundial.
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Mundial 2010
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Portugal no Grupo G, com Brasil pela frente
breves
Francisco Ferreira
O sorteio do Mundial ditou que Portugal terá que enfrentar o Brasil logo na ronda inicial. Além dos pentacampeões do Mundo, a selecção das Quinas tem ainda que ultrapassar a Costa do Marfim e a Coreia do Norte se quer passar à fase seguinte. No final do sorteio, a opinião foi unânime: este não foi um dia de grande sorte para a selecção portuguesa. Na Fase de Grupos do Mundial 2010, os homens de Queiroz ficaram colocados no Grupo G, juntamente com o Brasil, Costa do Marfim e Coreia do Norte. Se a selecção asiática não parece apresentar grandes argumentos para desafiar a selecção nacional, a verdade é que Brasil e Costa do Marfim são adversários que inspiram muitos cuidados. O Brasil é, naturalmente, o principal favorito do grupo. O escrete conta com 5 títulos mundiais no currículo, e são sempre candidatos à vitória final. Mesmo que estejam uns furos abaixo do que seria de esperar, como tem acontecido nos últimos meses. No entanto, Dunga tem conseguido equilibrar e tranquilizar a equipa, que em 2009 levou para casa o troféu da Taça das Confederações. E Portugal já sentiu bem na pele o poderio ofensivo dos brasileiros. No último jogo entre as duas selecções, os sul-americanos golearam a equipa das Quinas por claros 6-2. Nomes como Kaká, Robinho ou Lúcio mostram bem o poderio do Brasil. E ainda há espaço para
Hierro quer Espanha-Portugal Fernando Hierro, antigo internacional espanhol, disse ontem à imprensa do seu país que esperava uma final entre Espanha e Portugal. O antigo companheiro de equipa de Figo no Real Madrid referiu ainda que Portugal está no lote dos favoritos, e que será um adversário complicado na competição. Sobre a candidatura conjunta ao Mundial 2018, Hierro mostrou-se confiante, e disse que estão criadas todas as condições para que o Mundial se realize mesmo na Península Ibérica. O Brasil é sempre um dos favoritos à vitória no Mundial. Na África do Sul não será diferente.
outros grandes jogadores, como Júlio César (Inter), Marcelo (Real Madrid), ou Alexandre Pato (AC Milan). Na calha, estão 3 “portugueses”: Luisão e Ramires (Benfica) e Hulk (Porto) terão que provar nos próximos meses que merecem a chamada para o Campeonato do Mundo. Coreia do Norte é grande incógnita Os jogadores brasileiros são conhecidos internacionalmente. No lado oposto estão os futebolistas da Coreia do Norte, completos desconhecidos para a grande maioria dos adeptos e comentadores. A selecção nortecoreana foi a grande surpresa da fase de qualificação asiática, ao conquistar um dos lugares de acesso ao mundial, depois de ultrapassar a Arábia Saudita e o Irão. Os homens de Kim Jong-Hun destacam-se pela sua capacidade de luta e sacríficio dentro de campo, bem
como pelo seu elevado índice de trabalho dentro das quatro linhas. Além disso, podem beneficiar do factor surpresa. A maior parte dos jogadores da Chollima actuam no misterioso campeonato local, impossível de acompanhar no exterior do país. Jong Tae-Se (Kawasaki) e Hong YongJo (Rostov) serão os nomes mais conhecidos desta modesta selecção. Já a Costa do Marfim, orientada por Vahid Halilhodžić, promete causar muitas dores de cabeça a Portugal no jogo inaugural. Drogba é o grande líder da equipa marfinense, onde actuam jogadores do mais elevado calibre. Yaya Touré, Zokora, Kalou ou Eboué prometem dificultar ao máximo a missão dos jogadores nacionais. Em 2006, os Elefantes tiveram o azar de ficar no “Grupo da Morte” (com Argentina, Holanda e Sérvia), e não passaram da Fase de Grupos. E agora farão tudo para melhorar esse registo.
Queiroz: “jogo com Costa do Marfim será decisivo” Seleccionador diz que Brasil é o favorito do Grupo Francisco Ferreira
No fim do Sorteio da Fase de Grupos do Mundial, que se realizou na Cidade do Cabo, Carlos Queiroz revelou-se pouco surpreendido com as selecções que vão estar no caminho de Portugal. Isto porque Queiroz já tinha comentado com Eusébio que Brasil e Coreia do Norte iriam estar no mesmo Grupo que Portugal, a recordar o Mundial de 1966. “Disse ao Eusébio que só faltava definir uma equipa, já que a Hungria não estava cá”, brincou o treinador português. Mais a sério, Carlos Queiroz afirmou que o resultado do sorteio foi bom, e que este será um grupo que “vai chamar a atenção mundial”.
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O seleccionador reafirmou que Portugal vai ter que pensar “jogo a jogo”, e que os embates com a Costa do Marfim e Brasil serão decisivos. Especialmente o primeiro, diante dos africanos. “Temos boas possibilidades de vencer, mas será um jogo decisivo”, disse Queiroz.
O antigo adjunto do Man Utd deixou ainda o aviso: os jogadores portugueses têm que respeitar os adversários, isto se querem chegar ao último jogo (Brasil) a disputar o primeiro lugar. No último jogo frente ao Brasil, Portugal acabou goleado por 6-2. Carlos Queiroz garante que este resultado já faz parte do passado, e está confiante que, na África do Sul, o resultado será diferente. “A Selecção estará melhor, como agora já está mais forte que há alguns meses atrás”.O seleccionador sublinhou ainda que nos jogos anteriores com o Brasil, foram mesmo os canarinhos a sair derrotados.
Deco não gostou do sorteio Deco, uma das principais figuras da selecção nacional, não ficou contente com o sorteio da Fase de Grupos do Mundial. O jogador do Chelsea disse mesmo que Portugal ficou no “grupo mais díficil”, e afirmou que este será um grupo “muito equilibrado”.
C. Marfim está confiante Vahid Halilhodzic, seleccionador da Costa do Marfim, cede o favoritismo do Grupo G ao Brasil e a Portugal, mas diz que alimenta a esperança de “surpreender”. O treinador dos Elefantes disse que os seus jogadores têm que estar muito bem preparados, de forma a poderem discutir todos os resultados nos jogos do Grupo G..
Portugal estagia em Gauteng Já é conhecido o local do estágio de preparação para o Mundial 2010. A FPF anunciou que a selecção vai ficar instalada na província de Gauteng, a mais populosa da África do Sul. O número de habitantes desta região é superior a 10,5 milhões, a maior parte deles concentrados na zona da cidade de Joanesburgo. Por conhecer está ainda o hotel onde a equipa vai ficar instalada, bem como o centro de estágio onde Queiroz vai preparar a equipa para os embates do Mundial. A escolha de Gauteng vai obrigar a selecção a uma viagem de 1400 km até à Cidade do Cabo, onde Portugal joga com a Coreia do Norte. No entanto, se a viagem for feita de avião, dura pouco mais de duas horas.
Desportivo, Janeiro 2010
Mundial 2010
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5 Selecções que não vão ganhar o Mundial No início de um Mundial, todos os jogadores sonham chegar à final. Mas alguns sabem que isso não passa mesmo de um sonho. Claro que, no futebol, tudo é possível. No caso destas equipas, pode-se dizer que só com um enorme milagre é que o capitão vai levantar a Taça na final. Honduras, Coreia do Norte, Eslováquia, Nova Zelândia e Argélia: verdadeiros outsiders na África do Sul. Francisco Ferreira 28 anos depois, as Honduras estão de volta ao Mundial. Depois de uma fase de qualificação cheia de altos e baixos, os Catrachos confirmaram a presença na África do Sul nos últimos segundos da última jornada, graças ao empate dos EUA frente à Costa Rica. Os costa-riquenhos ficaram de fora, e as Honduras carimbaram o passaporte para o Mundial. A festa tomou imediatamente conta dos 7,6 milhões de habitantes da pequena nação da América Central. A selecção das Honduras não tem grandes estrelas. A Coreia do Norte é, sem dúvida, a selecção mais misteriosa do Mundial 2010. Afastados das grandes competições desde o brilharete em 1966, os nortecoreanos foram a grande surpresa da Zona de Qualificação Asiática. Kim Jong-Hun, seleccionador, é agora um herói nacional. Com um grupo de jogadores fracos tecnicamente, mas muito rápidos e trabalhadores, a equipa aposta numa táctica defensiva, sempre com o contra-atque à espreita. Com uma equipa repleta de jogadores totalmente desconhecidos, a Coreia do Esta será a primeira participação da Eslováquia como nação independente num Mundial. Apesar de ser uma selecção europeia de segunda linha, os eslovacos apresentaram-se sempre muito organizados e lutadores dentro de campo, o que lhes valeu o apuramento para a África do Sul. Ironicamente, uma das selecções a cair aos pés da Eslováquia foi a... Rep. Checa. Polónia e Eslovénia também não foram suficientemente fortes para ultrapassar a determinação da Eslováquia. Vladimir Weiss, seleccionador nacional, tem ao seu A Nova Zelândia é conhecida pela sua grande equipa de Rugby, uma das melhores do planeta. No futebol, a selecção da Oceânia é bastante modesta, e não participava num Mundial desde 1982. Com a Austrália a jogar na fase de qualificação da Ásia, abriuse uma porta para os neo-zelandeses. Os Kiwis, como são conhecidos, cumpriram, e chegaram ao playoff de apuramento. Pela frente, tinham o Bahrain. Na primeira-mão, empate a zero no Bahrain. Na segundamão, um golo de Rory Fallon valeu o bilhete para a Foi um apuramento, no mínimo, épico. A selecção da Argélia parecia bem encaminhada, mas uma derrota por 2-0 no Egipto colocou tudo igual entre as duas equipas africanas. Solução: jogo de desempate em terreno neutro. O ambiente fora do campo era infernal, depois de fortes confrontos nos dias que antecederam a partida. Dentro de campo, sentia-se a rivalidade entre Egipto e Argélia. Os argelinos foram mais fortes, graças a um golo de Yahia, e a várias defesas fantásticas de Chaouchi. Final do jogo, festa de Algiers a Paris.
Grupo A África do Sul México Uruguai França
Grupo B Argentina Nigéria Coreia do Sul Grécia
Grupo C Inglaterra EUA Argélia Eslovénia
Grupo D Alemanha Austrália Sérvia Gana
David Suazo, agora no Génova, é uma das referências da equipa. No entanto, Carlos Pavón foi a grande figura na qualificação. Pavón, ponta-de-lança veterano, já disse que os jogadores não querem desiludir quem acreditou no apuramento. Mas com Espanha, Chile e Suíça pela frente no Grupo H, os homens treinados por Rueda não podem sonhar com grandes voos. Para uma selecção pouco habituada aos grandes palcos, passar à fase seguinte já é uma tarefa muito difícil. Ganhar o Mundial parece quase impossível. Norte parece, à partida, uma das selecções mais fracas de toda a competição. A maior parte dos futebolistas da selecção actua na desconhecida 1ª Liga da Coreia do Norte. Jong Tae-Se, Ahn Young-Hak e Hong Yong-Jo são dos poucos emigrantes, e são as grandes figuras da equipa. As perspectivas não são muito animadoras: Costa do Marfim, Portugal e Brasil estão no caminho da Coreia do Norte. Adversários de peso. Portanto, o mais certo é a equipa voltar a Pyongyang com zero pontos. dispor uma equipa que tem vindo a crescer nos últimos anos. Skrtel (Liverpool) e Hamsik (Napoli) são as estrelas da companhia. Sestak é a referência no ataque, e os adeptos eslovacos esperam que continue a fazer golos no Mundial. O sorteio colocou a Eslováquia no Grupo F, ao lado da Itália e do Paraguai. Mais fácil pode ser o jogo com a Nova Zelândia, outra das surpresas deste mundial. Passar à fase seguinte não parece uma missão impossível, mas ir além disso já é muito complicado. África do Sul. Nessa noite, Wellington, habituada a celebrar por causa do Rugby, celebrou uma conquista do futebol nacional. A grande maioria dos jogadores da selecção actuam no modesto campeonato da Austrália. Chris Killen (Celtic) e Ryan Nelsen (Blackburn) são dos poucos a vingar no futebol de mais alto nível. Nesta segunda presença em Campeonatos do Mundo, e com Itália e Paraguai pelo caminho, não é muito provável que a Nova Zelândia consiga passar da Fase de Grupos. Para este regresso a um Mundial, 24 anos depois, Rabah Saadane não conta com jogadores de topo mundial. Mas alguns destacam-se pela sua qualidade: Yahia lidera a defesa, Mansouri assume o jogo a meio-campo, e Ziani tenta fazer estragos junto da baliza adversária. Convém não esquecer que estes jogadores vão ter que medir forças com as estrelas da selecção inglesa logo na Fase de Grupos. Os argelinos surgem como claros outsiders no Grupo C, onde também estão os EUA e a Eslovénia. Chegar aos oitavos-de-final já seria incrível.
Grupo E Holanda Dinamarca Japão Camarões
Grupo F Itália Paraguai Nova Zelândia Eslováquia
Grupo G Brasil Coreia do Norte Costa do Marfim Portugal
Grupo H Espanha Suiça Honduras Chile 7
Desportivo, Janeiro 2010
Entrevista
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Luís Freitas Lobo
“Já houve interesse de um clube grande” Francisco Ferreira
Luís Freitas Lobo é licenciado em Direito, mas a sua grande paixão sempre foi o futebol. Com 9 anos, já fazia os seus próprios jornais desportivos
Luís Freitas Lobo é um dos jornalistas desportivos mais conhecidos do país. Em entrevista ao Desportivo, o comentador da RTP confessa que já foi sondado por vários clubes, mas critica a qualidade dos dirigentes. Pelo meio, lamenta o estado do jornalismo desportivo em Portugal, e fala sobre ideias e projectos. Como pano de fundo, está sempre a maior paixão: o futebol. Desportivo: Alguma vez foi abordado por um clube de futebol, para trabalhar como dirigente? Luís Freitas Lobo: Já falaram comigo. Semanalmente, eu falo com muitas pessoas do futebol, sobretudo treinadores e alguns jogadores. Já existiram contactos, sim. Costumase usar o termo “sondagens”, não é? Então posso dizer que já fui sondado. Conversei muitas vezes, tentaram saber se estava disponível, se estava interessado. Já houve, pelo menos, vontade de que eu fosse para um clube. D: Porque é que nunca aceitou? LFL: Nunca aceitei porque, até agora, nenhum deles correspondeu ao que eu verdadeiramente posso ter interesse em fazer. Nenhum deles reunia, na minha opinião, circunstâncias suficientemente seguras para eu dar um passo de ruptura em relação ao meu trajecto profissional. Eu sou jornalista, gosto muito de fazer o que faço, gosto de escrever, gosto de comunicar. Tenho muitas ideias .
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no jornalismo. E por isso, dar este passo para o futebol, para dentro de um clube, seria algo quase irreversível em relação ao que eu gosto. Depois de entrar num clube tudo seria diferente. Seria fácil regressar ao jornalismo, mas não seria fácil regressar com o mesmo estatuto de imparcialidade e isenção que hoje me reconhecem. D: O que é que era preciso para aceitar uma dessas propostas? Faltou um clube grande? LFL: Não faltou só um clube grande, até porque já houve interesse para eu integrar uma estrutura de um clube dos grandes. Mas aquilo para que eu me sinto preparado, aquilo para que me sinto com capacidade e competência, é para um cargo de Director Desportivo, da maneira que eu entendo que esse cargo deve ser exercido em Portugal.
“Depois de entrar no futebol, não seria fácil regressar ao jornalismo com o mesmo estatuto de imparcialidade” O Director Desportivo deve ser a primeira pedra a seguir ao Presidente, à Administração, e ser a pessoa responsável pelo cruzamento da política financeira e a política puramente futebolística. É isso que eu gostaria de fazer, trabalhando com a matéria-prima, que são os jogadores, e gerindo os outros elementos, até ao balneário, onde está o treinador. D: Em Portugal,algum clube tem essa estrutura implementada?
LFL: O Benfica, com o Rui Costa; o Braga, com o Carlos Freitas; e o Porto, com o Antero Henriques. D: Tem a ambição de ainda exercer essas funções? LFL: Tenho essa ambição, sim, mas não vivo obececado com isso. Nem corro atrás disso. Encaro isso com muita serenidade... Mas acho que vai acontecer, e aí vamos ver. D: Seria mais um Rui Costa, ou um Antero Henriques? LFL: Seria um Luís Freitas Lobo (risos)! Não gosto de seguir modelos. Claro que me inspiraria em certas pessoas, mas ia seguir a minha filosofia. D: Em 1993, terminou a licenciatura em Direito. Como é que passa de um licenciado em Direito em 1993, a jornalista pretendido por clubes grandes em 2009? LFL: Não há nenhuma lógica nesse percurso... Não é um percurso devidamente pensado. Eu tirei o curso de Direito, mas nunca vi isso como algo que iria estruturar a minha vida. Além disso, em 1993, a cidade do Porto era muito diferente do que é agora. O curso de Comunicação Social não estava muito implementado... Naquela altura, quem estava na área das Letras, chegando aos 18 anos, o mais natural era acabar por entrar em Direito. Não fui para Direito com grande convicção, acabei por seguir a corrente. Depois de ter terminado o curso, percebi que não era aquilo que eu queria, e não me ia sentir bem comigo próprio se nunca tentasse nada na área que realmente gostava, que era a área da escrita, do
jornalismo, especialmente ligado ao futebol. A partir de 1995 ou 1996 passei a ter colaborações esporádicas em algumas publicações, e as coisas foram crescendo até ao ponto em que estão agora. D: Como é que surgiu a oportunidade de começar a colaborar com os jornais? LFL: A oportunidade surgiu de forma simples: eu tinha essa intenção, queria contar histórias sobre o futebol internacional, tinha muitas ideias, via muitas coisas. Conheci o Director d’O Jogo na altura, apresentei-lhe essas propostas, mostrei-lhe textos feitos por mim, sobre futebol internacional... E ele gostou, disse que sim, e mandou-me avançar. Foi tão simples e tão complicado como isto. A partir daí fui avançando, colaborei com uma revista da altura, que era a Mundial. Escrevi uma série de coisas lá sobre futebol internacional, e surgiu o convite para ir para A Bola. Senti que estava na altura de passar para outras coisas, e senti, definitivamente, que era mesmo naquilo que queria apostar. Depois de estar n’A Bola... bom, chegar lá foi muito bom. Foi com A Bola que eu aprendi a escrever quando era miúdo, a ler os grandes mestres, como o Carlos Pinhão, o Vítor Santos, o Carlos Miranda... Eu venerava-os! Ainda hoje releio esses textos deles, são coisas fantásticas. Nunca mais se fez nada assim. D: E depois d’A Bola chegou à Televisão... LFL: Sim, n’A Bola desenvolvi a minha escrita, fui avançando. A televisão foi o que me deu mais visibilidade. Mas a televisão é uma máquina terrível...
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Entrevista Permite chegar a muitos sítios, mas também desfaz pessoas com muita facilidade. Não nos podemos deslumbrar com aquele mundo.Acho que nunca me deslumbrei. No fundo, fiz aquilo que um bom ponta-de-lança faz: aproveitei as poucas oportunidades que tive, e fiz golo. Sempre que apareceram oportunidades, eu aproveitei-as. Claro que tem que se estar bem preparado para isso, como os bons pontas-delança estão. D: Quando era mais novo, além de ler os jornais, tinha o hábito de ir aos Estádios, ver futebol? LFL: Sim, desde sempre. Domingo de manhã, domingo à tarde... Eu nasci em Braga, e ia com o meu pai e com o meu avô ver o Sporting de Braga. Cresci no Porto, mas ao fim-de-semana ia lá, e passava o dia a ver os jogos. Começava com os juvenis ou com os juniores, e via aquilo por ali fora. De tarde, ia ver a equipa sénior. Ia ver a equipa por esses campos fora, pelo país todo. Se não ia a Braga, ficava no Porto e via o Salgueiros ou o Leixões. Todos os Domingos via futebol, depois ainda via os resumos à noite. D: E nessa altura só via os jogos, ou já tirava apontamentos? LFL: Isto pode parecer incrível, mas é mesmo verdade: com 9 ou 10 anos, começava a fazer os meus jornais! Comprava A Bola, o Record e o Norte Desportivo, e depois fazia os meus próprios jornais. Escrevia sobre os jogos que ia ver, e sobre os que vinham no jornal. Recriava aquilo tudo. Voltava a fazer os títulos, fazia os desenhos dos jogadores... Dava o meu nome ao jornal (risos). Nessa altura já tinha esta paixão. Tudo aquilo que faço agora foi transformar isso em profissão, e isso é o melhor de tudo. É óptimo ter 40 anos e fazer o que fazia aos 11, só que agora sou pago para fazer isso (risos). E faço para grandes jornais, como A Bola e o Expresso, e trabalho também na RTP e na TSF. Estou em boas casas. D: O Luís é elogiado pela sua isenção, e nunca foi conotado como adepto de um dos dos clubes grandes. Afinal é mesmo do Braga? LFL: Sim, sou, sou mesmo. Em Portugal, os comentadores não assumem o seu clube, não querem ser vistos com desconfiança. Eu assumo, e concordo com quem diz que ser do Braga é mais ou menos confortável. Mas é mesmo verdade, quem me conhece sabe que desde pequeno que sou do Braga. Quando tinha 19 ou 20 anos, era do Braga de uma forma um bocadinho irracional... Agora controlo as emoções, como é evidente. O meu avô foi um dos fundadores do Braga, por isso sempre estive muito ligado ao clube. Mas quando escrevo, ser o
Braga, o Belenenses, o Atlético de Madrid ou o Slavia de Praga, é absolutamente igual. D: Como é que vê todos aqueles jogos internacionais na televisão? Nos anos 90 seria difícil... LFL: As pessoas ficam na dúvida, e perguntam como é que eu vejo aqueles jogos... Às vezes eu cito um jogador que joga no Mali, e as pessoas acham que eu vou buscar a informação à internet, ou assim. Eu nunca falo de um jogador que nunca tenha visto jogar. Tenho acesso à televisão por satélite... Claro que agora é mais fácil, e isso é que foi a grande revolução. Gasto umas centenas largas de euros para ter acesso aos mais diversos campeonatos de tudo o mundo. Procuro sempre onde vão transmitir jogos que acho que valem a pena ver, quer seja de campeonatos asiáticos ou africanos... D: É a partir daí, de ver tantos jogos internacionais e tantas coisas ligadas ao futebol, que surge o site Planeta do Futebol? LFL: Sim, de certa maneira. Comecei em 2004, e dei-lhe o nome que dei à minha página n’A Bola. No site tem os textos que eu fui escrevendo ao longo dos tempos em vários órgãos de comunicação por onde passei. D: Funciona como arquivo pessoal, ou como agregador de conteúdos feitos por si? LFL: Funciona principalmente porque gosto daquilo! Acho que é um espaço engraçado, é um espaço meu, e gosto do projecto. É um refúgio. Ali posso colocar aquilo que quero, tratar os temas que gosto e colocar isso na primeira página. Não tenho responsabilidades editoriais num jornal, nem quero ter, mas é ali que posso fazer aquilo que seria o meu jornal ideal.
“Nunca falo de um jogador que nunca tenha visto jogar” D: Pensou seriamente nisso? LFL: Sim, houve uma altura da minha vida em que pensei nisso. Mas é difícil... D: Porque não vende? LFL: Bom, eu acho que vende... se calhar não vende é muito. Não se pode pensar numa coisa dessas com a ambição de grandes tiragens, de grande mercado. Mas teria uma fatia de mercado interessante. Teria que ser um projecto bem estruturado, começar de baixo para cima, degrau a degrau. Todos os projectos que foram feitos em Portugal começaram com uma lógica inversa. Revistas, por exemplo.
As escolhas de LFL Um jogador: Maradona Uma equipa: Brasil 1982
“Acho mais romântico perder. A estética da derrota é uma coisa que me fascina”
Um treinador: Herbert Chapman
Começaram com grandes investimentos, com pouca noção da realidade do mercado, gastaram todo o capital logo no início, e só depois perceberam que não tinham mercado para aguentar aquele projecto. Quando perceberam, tentaram inverter, mas já era tarde. Acabaram por fechar. D: Os portugueses leriam revistas sobre futebol internacional, ou preocupam-se apenas com o seu clube e com o futebol nacional? LFL: A grande maioria interessa-se pela sua equipa. Por isso é que digo que não haveria grande fatia de mercado para um projecto daqueles. Por isso, teria que se ser inteligente para cativar vários públicos. É evidente que não se pode fazer um jornal ou uma revista desportiva em Portugal e colocar na capa o Drogba, na semana seguinte o Anelka e na outra semana o Guardiola... Uma vez ainda dava, mas mais do que isso não. Mas editorialmente, pode-se tratar bem o jornal, para ir de encontro ao que eu entendo que seria um projecto diferente e procurar outro tipo de público. D: Alguma vez tentou criar um projecto desses? Eu teria todo o interesse em entrar numa coisa dessas, pensar numa coisa dessas. Mas é complicado. Tinha que haver um grupo de comunicação interessado, por exemplo. Não me parece que haja esse interesse. Sinceramente, não foi algo que eu tenha tentado verdadeiramente. Mas tive algumas tentativas de conversa, e percebi que não seria uma aposta prioritária. D: O que pensa do nível do jornalismo desportivo em Portugal? LFL: O cenário que eu vejo, sinceramente, não é o mais interessante. Muitas vezes, tenho momentos em que tenho dúvidas se vale a pena lutar por uma forma diferente de falar, de ver, de escrever sobre futebol. O nosso país, o público, as linhas editoriais dos jornais, não estão para aí virados. Querem outras coisas. Muitas vezes apetece-me fazer outras coisas na vida. Sinto-me reconhecido, mas é uma sensação quase “quixotesca” daquilo que estou a fazer. Mas no dia seguinte já passou, e já estou a escrever com o mesmo entusiasmo... Mas reconheço que me sinto um pouco desiludido. D: Porquê? LFL: Gostaria de fazer muito mais coisas na televisão, a nível de programas. Gostaria de fazer muito mais coisas nos jornais, em termos de artigos ou de espaços... Sobretudo na televisão, gostava de fazer outro tipo de coisas. Programas diferentes, com outras abordagens, outros estilos. O que se faz na televisão em Portugal, em 2009, não é assim tão diferente do
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se fazia em 1989. E isso não faz sentido nenhum! Não é assim que acontece em Itália, nem em Espanha, nem em Inglaterra, nem no Brasil... Em Portugal temos uma série de mentalidades cinzentas, sentadas, acomodadas, com medo das pessoas novas, com medo de novas ideias. Oferecem resistência. Percebi que ter ideias encurta a carreira... E isso faz-me sentir um pouco desmotivado, às vezes. Eu faço o que faço na televisão, gosto muito, acho que as pessoas apreciam ou respeitam o meu trabalho. Mas o que faço, não é nem um décimo daquilo que gostaria de fazer. D: E o futebol jogado dentro das quatro linhas? Também não o deixa desmotivado, comparando com outras ligas? LFL: Não gosto de fazer análises por comparação, de comparar com outras ligas. Gosto de ver a realidade isolada. Acho que o futebol português, nos últimos anos, evolui numas coisas e regrediu noutras. O futebol é mais estruturado do que era no passado, mais profissionalizado. Mas cresceu sem perceber a realidade que estava à volta. Aliás, eu diria que o futebol português não cresceu, engordou. Engordou de costas para as pessoas, por isso é que temos tantos estádios vazios. Alguma coisa aqui está mal... Não são os jogadores. Claro que os jogadores podiam ser melhores, mas com a lei bosman, não conseguimos segurar os melhores jogadores. Os treinadores também não têm culpa. Nem os jornalistas, mesmo sabendo que os jornais podiam ser melhores. D: Então quem tem a culpa? LFL: A culpa é dos dirigentes desportivos! Vendem mal o produto futebol. É impossível o futebol resistir à forma como é tratado pelas pessoas que mandam nele. Criam climas de suspeição, perdem-se em guerras. Perde-se dias inteiros a falar de suspeições, em vez de se falar dos jogadores ou dos treinadores. Isso afasta as pessoas do jogo. O futebol vive amordaçado por essas mentalidades caducas e ultrapassadas. D: O que lhe ocupa os tempos livres? Alguma coisa, além do futebol? LFL: É evidente que tenho a minha família, a minha mulher e os meus filhos. São muito importantes. Gosto muito de cinema, gosto muito dos meus cães... Vivo junto ao mar, e levo-os muitas vezes à praia. Não deixo passar um dia sem estar perto do mar e da praia, especialmente no Inverno. Bem, no Inverno, mas sem estar a chover torrencialmente (risos)! Também gosto de música, muito. O meu iPod é uma companhia permanente. E gosto de estar com os meus amigos, organizar jantares com eles. Claro que os meus amigos são, em geral, pessoas do futebol, e por isso acabamos a falar de futebol (risos)!
Um jogo: Vilanovense 0-0 Braga, último jogo do
Braga na 2ª Divisão Um momento: Golo Müller, final Mundial 74
“Foi o meu primeiro momento de contacto com o grande futebol. Sempre que vejo o golo, lembro-me do dia em que o vi!”
Um golo: Maradona à Inglaterra, Mundial 1986 Uma competição: Mundial 1982, em Espanha Um jornalista desportivo: Vítor Santos Um jornal: A Bola
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Desportivo, Janeiro 2010
Modalidades
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Quenianos dominam Maratona do Porto, Chaíça e Ribeiro fazem mínimos para o Europeu 2010 Changwony, na Maratona masculina, e Jeptoo, na feminina, foram os vencedores da Maratona do Porto. Chaíça e Fernanda Ribeiro conseguiram mínimos para o Europeu 2010, numa prova que contou com 7500 participantes. A 6.ª edição da Maratona do Porto foi novamente dominada pelos atletas do Quénia. Johnstone Changwony foi o grande vencedor da Maratona masculina, ao percorrer os 42 quilómetros da prova em 2h13m2s. Recorde-se que o atleta queniano era apontado como um dos principais favoritos, e não defraudou as expectativas. O português Alberto Chaíça foi segundo, a apenas 6 segundos do vencedor. A prestação de Chaíça valeu o apuramento para a Taça da Europa de Barcelona, em 2010, feito muito festejado pelo português.
O atleta ultrapassou recentemente uma lesão prolongada, e, no final da prova, disse que este resultado foi uma “chapada de luva branca” em quem não acreditou nas suas capacidades. Aos 36 anos, Chaíça volta ao topo de forma, depois do 4.º lugar nos Mundiais de Atletismo de 2003. Já na prova feminina, a vitória sorriu a Priscah Jeptoo, também do Quénia. A maratonista africana correu o percurso do Porto em 2h30m40s, apenas um s
mais rápida que a etíope Tedese Bifa. A melhor portuguesa foi a veterana Fernanda Ribeiro, ao alcançar o 4.º lugar da prova. A antiga campeã olímpica conseguiu, também, estar abaixo do tempo mínimo de acesso à Taça da Europa 2010, ao concluir o circuito em 2h31m11s. A corredora portuense esteve acima das expectativas, mas desvalorizou o resultado. “Não estou nada preocupada com os campeonatos da Europa ou do Mundo”, disse aos jornalistas no fim da Maratona. No total, foram 7500 os participantes na VI EDP Maratona do Porto. 1200 atletas, de 27 países, correram na Maratona. Os restantes concorrentes dividiram-se pela Family Race, de 14 quilómetros, e a Mini-Maratona, de 6 quilómetros. A chuva afastou algum público da competição, mas não demoveu os mais entusiastas. A organização adiantou que a edição de 2010 já está confirmada e deverá ser disputada a 7 de Novembro de 2010.
breves Hóquei: Filipe Gaidão treina equipa da 3ª Divisão Filipe Gaidão, antigo jogador do Benfica e do Porto, assumiu as funções de treinador/jogador no Aljustrelense, da 3ª Divisão. Aos 32 anos, esta é a primeira aventura do internacional português como treinador, depois de muitos anos a jogar ao mais alto nível. Gaidão aceitou o convite feito pelos dirigentes do clube de Aljustrel, e assume-se como a grande estrela da equipa, apesar de ainda se estar adaptar às novas funções. “É complicado estar a jogar e a treinar ao mesmo tempo, porque tenho que me concentrar em muitas coisas”, contou à imprensa. Ao fim de 12 jogos, o Aljustrelense segue na 4ª posição da Zona Sul da 3ª Divisão, com 9 vitórias e 3 derrotas.
Dakar 2010: Carlos Sousa quer terminar nos 10 primeiros, mas Sainz é o favorito Carlos Sousa partiu para Buenos Aires com um objectivo bem definido: terminar no top 10. No entanto, a concorrência é forte, com pilotos como o espanhol Carlos Sainz a encabeçar a lista de favoritos. Carlos Sousa já abandonou Lisboa, rumo à Argentina, onde o piloto vai disputar o Rali Dakar 2010. Com muita experiência na prova mais conhecida do automobilismo mundial, o português não esconde que o objectivo passa por conseguir um lugar nos 10 melhores. “A minha meta passa por conseguir um resultado dentro do top 10 final”, disse aos jornalistas no momento da partida. De resto, Carlos Sousa conta com um percurso bastante interessante nas várias edições do Dakar. Em 11 participações, o piloto português conseguiu terminar nos 10 primeiros lugares por 6 vezes. Para concretizar o objectivo traçado para a edição 2010 do Dakar, Carlos Sousa terá que estar ao seu melhor nível nas 14 etapas da prova. No total, são quase 5000 km, divididos entre a Argentina e o Chile. Além das dificuldades do percurso, que Sousa admite não conhecer em profundidade, o português tem ainda que superar alguma limitações técnicas impostas ao seu carro. Limitações que motivaram algum desagrado por parte do experiente piloto nacional.
Hélder Rodrigues quer o pódio
Depois do 5º lugar no Rali Dakar do ano passado, Hélder Rodrigues ruma a Buenos Aires com ambição. Nesta quarta participação na prova de Motos TT, o motard lisboeta não esconde que o seu objectivo passa por discutir um lugar no pódio e ganhar a categoria em que está inscrito. Rodrigues diz-se “preparado para todos os desafios”.
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“Vou ser o único dos 140 participantes do pelotão a ter um restritor de 32 milímetros. Todos os outros vão ter 34 milímetros. Isto representa uma perda de 25 a 30 cavalos de potência”, explica o português. A decisão partiu da própria organização da prova, para desagrado de Carlos Sousa. Além desta restrição, o piloto terá ainda que correr com uma caixa de apenas 5 relações, quando os privados (caso de Sousa) estão autorizados a utilizar caixas de 6 relações. “Não percebo esta decisão,
pela vitória prevê-se intensa, com Carlos Sainz a encabeçar a lista de favoritos. É o próprio espanhol que admite que o objectivo só pode ser “ganhar a prova”. À imprensa espanhola, o Sainz afirmou que a equipa e o carro são “muito bons”, e que está preparado para lutar pela vitória. Contudo, há outros pilotos que se preparam para fazer tudo para ganhar. Giniel De Villiers, vencedor da edição 2009, é também um dos nomes a ter em conta. Quem se promete
Sara Moreira e Rui Pedro Silva triunfam na São Silvestre
a própria organização admitiu que era injusto! Mas bom, vou ter que me habituar às regras do jogo”, afirmou. Apesar desta contrariedades, o piloto da Mitsubishi está “motivado e confiante”. Apesar do optimismo, é certo que Carlos Sousa terá que enfrentar muitos dos pesos-pesados do Dakar. A luta
intrometer nos lugares do pódio são os pilotos da BMW. Peterhansel, com 9 triunfos na bagagem, é um candidato de peso, e o espanhol Nani Roma já deu provas de poder surpreender. Em Buenos Aires, tudo a postos para receber o mais importante rali do mundo. Os pilotos arrancam dia 1 de Janeiro, e a prova dura até dia 17.
Frederica Piedade pondera abandonar o ténis profissional
Miguel
Barbosa
confirmado
O português Miguel Barbosa vai mesmo participar no Dakar 2010, ao comando de um Mitsubishi Lancer. O carro do piloto nacional foi enviado para a Argentina em cima do prazo final, depois de alguma indefinição. Miguel Barbosa está confiante e quer um lugar nos 10 primeiros, e afirmou que acredita no “sucesso da prova”.
Prata e Gonçalves presentes
Bianchi Prata e Paulo Gonçalves anunciaram, no Porto, a sua presença no Dakar 2010. Os motards da BMW já são presença habitual na prova raínha do todo-o-terreno, apesar de alguns contratempos em provas anteriores. Paulo Gonçalves foi 10º na última edição da prova, e Bianchi Prata foi 29º na Geral, em 2007.
Rui Pedro Silva e Sara Moreira foram os grandes vencedores da corrida de São Silvestre, no Porto. Os dois atleta do Maratona foram os mais rápidos na emblemática prova da Invicta. Sara Moreira atravessa um bom momento de forma, e mostrou isso mesmo ao longo da corrida. A atleta olímpica terminou a prova com 33:12, à frente de Marisa Barros. Sara Moreira elogiou o “excelente ritmo final” da prova, e disse aos jornalistas que já pensa nos Europeus de Barcelona. Na prova masculina, Rui Pedro Silva correu o percurso em 29:53, alguns segundos mais rápido que José Rocha. No final da prova, o corredor do Maratona agradeceu o apoio do público, e sublinhou que o seu objectivo para 2010 é conseguir um lugar no pódio nos Europeus. A prova foi ainda marcada pela presença de nomes fortes do atletismo português, como Vanessa Fernandes (4ª) ou Fernanda Ribeiro (3ª).
A falta de apoios financeiros podem levar Frederica Piedade a abandonar o circuito profissional do Ténis. A tenista portuguesa ainda não reuniu as verbas necessárias para competir na primeira metade da temporada. Piedade já faltou ao Open da Austrália por falta de apoios, e refere que já não está disposta a “treinar de manhã e de tarde e não ir jogar ao estrangeiro”. A tenista já confirmou a presença em dois torneios nos EUA, mas não sabe o que pode acontecer a partir daí. O treinador da atleta de 27 anos afirma que a atleta não quer desistir, mas isso pode mesmo acontecer caso não exista nenhum apoio financeiro. Frederica Piedade é profissional desde 1998.
Desportivo, Janeiro 2010
Classificações finais
Modalidades
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I Divisão Masculinos 1º - Amadora, 110 pontos 2º - Vilacondense, 89 p 3º - Porto, 84 p 4º - Louletano, 77 p 5º - Famalicão, 72 p 6º - Nacional, 63 p 7º - Sporting, 61 p 8º - Algés, 35 p I Divisão Femininos 1º - Porto, 117 pontos 2º - Amadora, 100 p 3º - Sporting, 99 p 4º - Louletano, 96 p 5º - Náutico, 59 p 6º - Vilacondense, 59 p 7º - União Piedense, 45 8º - Viana Natação, 17 p
CN Amadora, em Masculinos, e o FC Porto, em femininos, sagraramse campeões nacionais da época 2009/2010. Se o domínio do FC Porto na prova feminina já era esperado (as porttistas revalidaram o título conquistado o ano passado), já a vitória do CN Amadora surpreende. O Vilacondense era o principal favorito à vitória, depois de levantar o troféu nas duas últimas edições dos Campeonatos Nacionais de Clubes, mas os homens da Amadora estiveram em grande nível, e conseguiram assegurar o segundo título nacional da história do clube. Cedo se percebeu que este seria um campeonato marcado por muitos recordes nacionais. Na despedida dos fatos de polierutano, caíram 19 recordes de absolutos, e 4 de júniores. Em masculinos, o destaque vai para o novo melhor tempo nos 200 metros bruços, conseguido por Nuno Quintanilha (Louletano). O brucista algarvio percorreu os 200 metros em 2:08:80, e bateu o recorde anterior, que estava na posse de José Couto desde 2002. Impressionante foi a estafeta
Sobem: Benfica e Braga (Masculinos), Bairro dos Anjos e Benfica (Femininos)
Nacionais de Clubes: CN Amadora e FC Porto campeões O CN Amadora (Masculinos) e o FC Porto (Femininos) foram os grandes vencedores dos Nacionais de Clubes de Natação. Pelo meio, caíram 19 recordes nacionais. de 4x200 metros livres, onde os nadadores do CN Amadora desceram 4 segundos ao recorde nacional, que agora se fixa nos 7:15:07. Diogo Carvalho (Galitos Aveiro) aproveitou o seu percurso na estafeta de 4x200 livres para bater o recorde nacional dos 200 metros livres. Este é o 12º recorde nacional na posse de Diogo Carvalho, que nadou os 200 metros em apenas 1:45:69. Nas provas femininas, Patrícia Conceição, do CN Amadora, foi a figura em destaque nas piscinas de Sto. António de Cavaleiros, ao bater os recordes nacionais dos 100 metros e 50 metros livres. O FC Porto também bateu o recorde dos 4x200 metros
livres, com as 4 atletas portistas a terminarem a prova em 8:18:93. Diana Gomes também esteve a um bom nível, e conseguiu melhorar o seu recorde aos 200 metros bruços. No fundo da tabela Masculina ficou um dos históricos da Natação portuguesa, o Algés, com apenas 35 pontos. O último lugar valeu a descida à II Divisão, pela primeira vez na história do clube. Uma descida surpreendente, de uma equipa com vários títulos no palmarés. A acompanhar o Algés, está o Sporting, que alcançou apenas 61 pontos, e não evitou a descida. Em Femininos, os últimos lugares foram ocupados pelo União Piedense (45 pontos), e pelo Viana Natação (17 pontos).
A prova fica ainda marcada por uma pequena polémica entre o Amadora e o Vilacondense. Tudo porque o clube nortenho contratou o holandês Olaf Wildeboer para competir apenas nos Nacionais de Clubes, para fazer face à ausência da sua principal estrela, Adriano Niz. A decisão caiu mal em muitos atletas e dirigentes, e no final do Campeonato, os atletas do Amadora juntaram-se à volta da piscina, e cantaram o Hino Nacional. A maior parte dos outros clubes juntou-se imediatamente à iniciativa do clube da Margem Sul.
Benfica sobe à I Divisão
Na II Divisão, o Benfica foi a principal figura, ao conseguir subir em Masculinos (1º lugar), e em Femininos (2º lugar). Os lisboetas regressam à I Divisão, onde competiram durante largos anos. A equipa masculina do Braga também assegurou a subida à I Divisão. As nadadoras do Bairro dos Anjos conquistaram o 1º lugar da II Divisão, e asseguraram a primeira presença do clube na I Divisão.
UP termina Galaico-Durienses Frederico Gil termina ano no em 4º lugar lugar 69 do Ranking A Universidade do Porto ficou fora do pódio nos 24º Jogos GalaicoDurienses, disputados em Santiago de Compostela. A prova realizase todos os anos, e conta com a presença de 3 Universidades da Galiza (Santiago, Vigo e Corunha) e 3 do Norte de Portugal (Porto, Minho e Trás-os-Montes). Apesar de ter um forte historial na competição, na edição 2009, a UP não foi além do 4º lugar. O pódio foi todo preenchido pelas equipas espanholas. Segundo Bruno Almeida, a prestação da UP foi bastante condicionada pela falta de atletas. “Estamos em época
de entrega de trabalhos, e foi complicado formar equipas competitivas para todas as modalidades”, referiu o responsável do Gabinete de Desporto da UP. Para ter representantes em todas as modalidades, a Universidade teve que improvisar um pouco, com elementos das equipas de Voleibol e Basquetebol a competirem noutras modalidades. Apesar do 4º posto, os portuenses tiveram boas prestações no Basquetebol (1º lugar) e no Xadrez (2º lugar). No Andebol e no Voleibol, a UP terminou no 3º lugar.
Frederico Gil terminou o ano 2009 na 69ª posição do Ranking ATP. O tenista português chega ao fim do ano três lugares abaixo da sua melhor posição de sempre, 66º, alcançada em Maio de 2009. De resto, 2009 foi o melhor ano de sempre para Frederico Gil, com uma subida considerável no Ranking ATP. O tenista termina o ano com 18 vitórias em jogos do circuito mundial. Esta foi também a primeira vez que Frederico Gil terminou o ano no Top 100. Já fora dos primeiros 100 está Rui Machado. O segundo melhor português no ranking ocupa a posição 124.
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Desportivo, Janeiro 2010
Opinião
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Editorial Portugal sofreu muito para chegar ao Mundial 2010. Demais, até, para uma selecção que conta com alguns dos melhores jogadores do Mundo, que actuam em alguns dos melhores clubes do Mundo. Carlos Queiroz começou mal em vários campos. Não só no plano desportivo, mas também fora das quatro linhas. Relegar Ricardo de titular para não-convocado foi uma opção especialmente demagógica e para reunir o apoio da franja anti-Scolari. Por alguma razão, Queiroz contou com a paciência de comentadores e adeptos, mesmo quando conseguiu proezas como empatar em casa com a Albânia, com os albaneses a jogarem com 10 jogadores mais de metade do encontro. Alguns conseguiram culpar o antigo seleccionador nacional pela má fase da selecção. Desculparam Queiroz com a “renovação”, mas a verdade é que Scolari é que passou pela fase crítica dessa tal renovação. Queiroz devia colher os frutos. Scolari lançou Bruno Alves, Raúl Meireles, Quaresma, Moutinho, Hugo Almeida, Miguel Veloso, Rui Patrício ou Nani. Curiosamente, foram jogadores como Bruno Alves, Meireles ou Hugo Almeida que apontaram alguns golos preciosos na qualificação para o Mundial.
É óbvio que Queiroz não tem grande culpa que Portugal não consiga formar pontas-de-lança ou defesasesquerdos. Postiga já passou a melhor fase da carreira, Hugo Almeida não se consegue impôr na selecção. Rezar para que surjam naturalizados para ocupar posições debilitadas também não é a melhor política por parte da FPF. Mas a verdade é que a Federação e os organismos que tutelam o futebol não fazem muito para que as coisas mudem. Basta olhar para os Juniores das grandes equipas portuguesas para ver que o panorama é negro: apostase mais em nigerianos ou chineses do que em portugueses. O futebol é, obviamente, um desporto cada vez mais global, e por isso é natural que comecem a surgir estrangeiros nas equipas jovens. Mas o que não pode continuar a acontecer é o que tem acontecido nos últimos anos: os grandes vão “roubar” os melhores jogadores dos clubes pequenos (a troco de nada), e depois esses jogadores acabam por nunca singrar ou por serem tapados por jogadores estrangeiros. A FPF nada diz e nada faz para mudar isto. A UEFA fala muito e faz pouco. É mais simples um avançado começar a ter oportunidades num Paços de Ferreira ou num Guimarães do que no Porto.
António Silva, Lisboa
Era bom que o Braga fosse campeão, para dar outra vida ao nosso campeonato. O Boavista conseguiu, porque é que o Braga não pode conseguir? É um clube com uma boa estrutura e um plantel muito forte. Só espero que não quebre a nível financeiro, porque parece que existe um grande investimento na equipa para que consiga chegar a outros patamares. Pena que haja muita gente que não queira campeões fora dos três grandes. Joaquim Vieira, Beja O Benfica tem estado em grande destaque na liga, com goleadas atrás de goleadas. Os adversários também são fracos, mas há que dar mérito a Jesus e a alguns reforços. Saviola é um excelente jogador, e foi uma boa aposta por parte do Benfica. O Javi Garcia também tem sido muito importante na equipa montada pelo novo treinador. De lamentar, apenas a má atitude do clube em relação a alguns atletas, como Balboa ou Jorge Ribeiro. Foram encostados e obrigados a treinar sozinhos. Exigia-se um pouco mais de um clube profissional com a história do Benfica.
É preciso não deitar os foguetes antes da festa. O sorteio do grupo para o Mundial podia ter sido pior, mas também podia ter sido melhor. O Brasil já nos goleou muito recentemente, e a Costa do Marfim tem muitos jogadores do topo, como o Drogba. E todos sabemos que Portugal tem uma tendência para falhar nos grandes momentos. Basta olhar para o exemplo do Mundial 2002, em que todos diziam que o Grupo era muito fácil e estava Nuno Lopes, Coimbra ganho, e depois nem conseguimos chegar aos oitavos. Agora, é preciso O Sporting continua a gastar dinheiro cautela e muita atenção. Os jogadores em jogadores banais, quando as contas têm que se mentalizar que ainda nada do clube parecem cada vez mais negras. está ganho. Cuidado com as irresponsabilidades... Jorge Firmino, Lousada João da Costa Gonçalves, Gaia
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500 mil euros na melhoria das condições para as suas equipas jovens, de onde poderiam sair 3 ou 4 avançados de boa qualidade. E sofrem todos. Os clubes gastam muito mais e ganham muito menos do que podiam ganhar, e a selecção sofre de escassez crónica para algumas posições. Há muitas mentalidades que ainda têm que mudar. As estruturas têm que mudar, e os vícios têm que acabar. Só assim é que podemos ambicionar chegar mais longe, sem precisar de estrangeiros.
Opinião: a CAN devia ser no Verão? Não. por Francisco Ferreira
Correio do Leitor A chamada de Liedson à selecção é uma péssima decisão por parte de Queiroz. Primeiro, porque o avançado do Sporting nem sequer é português. Nunca mostrou gostar de Portugal, e por isso é óbvio que só representa Portugal porque já não pode chegar à equipa do seu país. Por outro lado, Liedson também já está claramente na fase descendente da sua carreira, e será apenas uma solução para o curtoprazo. Seria muito mais inteligente dar minutos e confiança ao Hugo Almeida ou ao Edinho. Ainda para mais, temos a aparecer um grande ponta-de-lança: Orlando Sá. Esperemos que este jovem se afirme rapidamente, para bem do Porto e da selecção!
A obrigação de resultados imediatos impede a aposta em jovens, que são constantemente cedidos a clubes pequenos. E aí não são devidamente acompanhados, e acabam por se perder. Portanto, a culpa divide-se. Quer pela FPF, que parece mais preocupada em alimentar “tachos” e a chamar os jovens sugeridos pelos empresários, do que em apoiar as camadas jovens, e os clubes gastam mais facilmente 2 milhões de euros num ponta-de-lança de qualidade duvidosa, do que apenas
A Taça das Nações Africanas, ou CAN, como é conhecida no meio futebolístico, é a principal prova de selecções organizada em África. Está para os africanos como o Euro está para os europeus. É uma competição muito interessante, que se realiza de dois em dois anos. Na CAN podemos ver alguns dos melhores jogadores do mundo em acção, e onde podemos descobrir jovens talentos de países menos de segunda linha. Este ano, a competição é disputada em Angola, e contará com a presença de nomes como Drogba, Essien, Yobo, Adebayor, Obi Mikel ou Zidan. Jogadores que actuam nalguns dos melhores clubes do futebol Europeu. E é aí que começa a polémica. A CAN deste é disputada em Janeiro, e dura cerca de 3 semanas. Ora, com um pequeno período de estágio, e admitindo que as selecções com mais jogadores a actuar na Europa são as favoritas a chegar às fases mais avançadas da competição, os clubes podem ficar um mês sem os seus jogadores. E alguns desses clubes não aceitam esta situação, e pressionam os jogadores a não participar na competição, ou então passam semanas a queixar-se, como forma de pressionar os organismos internacionais. A maior parte dos clubes avança uma solução: passar a CAN para o Verão, e pedem para que seja disputada apenas de 4 em 4 anos. De preferência, no mesmo ano que o Campeonato da Europa. Dito assim, parece uma boa ideia. Mas não é. E há vários motivos para que esta proposta não seja considerada. Em primeiro lugar, as razões climatéricas, claro. Em Junho, metade
do continente africano enfrenta a época das chuvas, e outra metade vive com temperaturas acima dos 40º. Ou seja, os jogadores seriam obrigados a jogar em campos inundados, ou debaixo de um calor abrasador. Pedir que a CAN seja no Verão, é o mesmo que defender que o Europeu se realize em Fevereiro, na Escandinávia. Além disso, há a visibilidade da competição. Uma CAN nunca consegue competir com um Europeu em termos de atenção mediática. Se as duas provas fossem disputadas ao mesmo tempo, a Taça das Nações seria ignorada pelos patrocinadores e pelas televisões. As atenções do mundo estariam centradas nas grandes estrelas europeias. Em Janeiro ou Fevereiro, existem mais receitas e os jogos são transmitidos em todo o lado. O futebol africano precisa disso para se desenvolver mais. Os clubes sabem que podem perder os jogadores naquele mês quando os contratam, por isso têm que se preparar devidamente. Além disso, parecem esquecer-se que a CAN pode ser uma grande montra, e pode ajudar a fazer uma grande transferência. A CAN é mais que um Torneio, é uma ferramenta de desenvolvimento do futebol africano. De 2 em 2 anos, um país recebe fundos para reconstruir infraestruturas para a competição, que no futuro serão muito úteis. Com a Taça das Nações em Junho, e de 4 em 4 anos, as melhorias seriam muito menores. Os clubes europeus continuam com a sua arrogância e prepotência em relação ao futebol mundial. É esperar que a Confederação Africana ignore, e não mude a sua atitude nos próximos anos.
Desportivo, Janeiro 2010
Opinião Sou um saudosista por natureza. Não me canso de recordar o passado, e sinto saudades de muitas coisas. Dos amigos, das brincadeiras. E no futebol, é a mesma coisa. Olho para trás, e sinto saudades das tardes no velhinho Estádio do Bessa, de jogadores Francisco Ferreira míticos, de grandes jogos. Há uns tempos reparei que a maior parte dos Crónica jogadores que mais me marcaram brilharam especialmente na década de 90. Claro que os jogadores de quem gostamos quando somos crianças nos marcam mais. O problema é que agora vejo 10 ou 15 jogos de futebol por semana, e não encontro ninguém para substituir esses ídolos de infância, que permanecem até hoje. Em 1994, eu era um puto de 4 anos. Mas lembro-me de ver uns jogos do Mundial dos EUA na televisão. Especialmente por causa do Sanchéz, na altura figura no meu clube, o Boavista. Lembro-me de estar colado a um Bolívia-Espanha, ou assim, por causa do grande Erwin. Há uns meses, encontrei-o no Estádio do Bessa. Pedilhe para me assinar uma camisola do Boavista, precisamente da última época dele como jogador. Que alegria! 4 anos depois, em 1998, já sabia ler. As horas que eu passei a ler aquelas revistas sobre o Mundial 1998.
Os meus queridos anos 90
Francisco Ferreira
Passava horas a ler todos os textos sobre as equipas, ficava a conhecer todos os jogadores de trás para a frente. Gostava especialmente de uma selecção: a Croácia. Pelo padrão ao xadrez, claro. Vibrei com cada golo croata em território francês, e jogadores como Suker e Prosinecki continuam a ser dos meus favoritos de sempre. Desse Mundial, guardo outra recordação especial: o golaço de Bergkamp frente à Argentina. Vi o jogo com o meu pai, e a uns 5 minutos do fim, o Bergkamp marca um golaço: domínio perfeito da bola, excelente movimento, remate, e bola no fundo das redes. Lembro-me perfeitamente desse momento. Ainda hoje, aprecio muito a selecção Laranja, e o Bergkamp continua na minha lista de jogadores preferidos. Os anos 90 são sinónimo de símbolos. Jogadores míticos, alguns mais pelo seu carisma do que pelas sua habilidade. Higuita, por exemplo, só podia ser um produto dos anos 90. Como guarda-redes, era fraco. Mas os seus golpes excêntricos, o seu atrevimento ofensivo ou as suas loucuras momentâneas fascinavam todos os adeptos. Como a cabeleira loira do seu companheiro Valderrama. Que
A pequena equipa surpreendeu a Europa ao atingir a Fase de Grupos da Liga dos Campeões. Hoje, o Thun milita na 2ª Liga da Suíça, e está a braços com fortes problemas financeiros. Em Inglaterra, o Leeds é o melhor exemplo deste fenómeno. A prestação em 2000/2001 foi positiva, mas alguns anos depois, os adeptos viram o clube cair na League One (3ª divisão inglesa), com o fantasma do fim do clube a pairar sobre as suas cabeças. Na Eslováquia, o Kosice conseguiu ser o primeiro clube do país a apurar-se para a Liga dos campeões, em 1996. Poucos anos depois, a equipa já corria o risco de descer à 3ª Divisão. Só um investidor salvou a equipa, que agora compete com outro nome e noutro Estádio. O Nantes, de França, mostrou-se a bom nível em 2001, e poucos anos depois, também já estava na 2ª Divisão. O Lens ou AIK Solna também sofreram o mesmo problema. Outras equipas, como o Willem II, o Sturm Graz ou o Maiorca, não desceram de divisão, mas acabaram por cair a pique nas ligas nacionais. Como explicar isto? Na minha opinião, o que acontece é um tremendo efeito de bola de neve. Quando um clube pequeno se vê entre os grandes da Europa, há um deslumbramento por parte de dirigentes e adeptos. Os primeiros querem manter-se naquele nível a todo o custo, e os adeptos exigem isso mesmo. Ora, o problema é que, nem uns, nem outros, pensam nas consequências que isso vai trazer. Os clubes passam a viver muito acima
jogador! Cada passe seu era um terror para as defesas contrárias. Valderrama pouco defendia: ficava pelo meiocampo, à espera da bola. E depois fazia magia. Hoje, já há poucos assim. E Chilavert? Outra figura. Pesadão, carismático, ia lá à frente e marcava golos e livres. Em 1998, torci pelo Paraguai por causa dele. Nem o tinha visto jogar, mas tinha lido as coisas mais fantásticas sobre ele. Ou sobre Roger Milla. Em 1994, se calhar nem sabia quem era. À medida que ia devorando a história dos Mundiais, apaixonei-me pelo avôzinho dos Camarões. Tenho tanta pena de ser demasiado novo para o ter visto com outros olhos. Permanece no meu imaginário como uma das lendas do futebol. E quem se lembra do Artur, aquele avançado pequenino do Boavista e do Porto? Quando ele trocou o Bessa pelas Antas, chorei imenso. Não percebia como é que o Boavista não ia ter o meu Artur. Quando tinha uns 4 anos, entrei no quarto dos meus pais de madrugada, com um papel. Comecei a dizer “Pai, mãe, eu sei escrever!”. Eles pouco ligaram. Depois foram ver, e eu tinha escrito, a letras capitais, “Artur”. Tinha copiado o nome do meu ídolo de uma caderneta de cromos de futebol. A minha primeira palavra foi “ARTUR”.
A minha equipa do mês
Opinião: ir à Liga dos Campeões pode acabar com um Clube
Há um fenómeno no futebol europeu que já devia ter sido estudado com alguma profundidade por especialistas de vários campos. Ao analisar os participantes das últimas 15 edições da Liga dos Campeões, deparei-me com um dado curioso: muitas equipas de média e pequena dimensão que atingem a Fase de Grupos da principal prova do futebol europeu, acabam por cair a pique nos anos seguintes. Algumas descem de divisão, outras arrastamse nos últimos lugares da tabela com enormes problemas financeiros, e outras acabam mesmo por correr o risco de fechar portas. Não são dois nem três casos, são mais de dez, Os exemplos não enganam. Em Portugal, temos o Boavista. Com duas participações na Liga milionária, o clube do Bessa acabou por cair na II Divisão, com grandes dificuldades económicas. É certo que a descida foi administrativa, mas a verdade é que na época seguinte à melhor participação de sempre dos axadrezados na Liga dos Campeões, já se começavam a sentir dificuldades. Bem perto do Porto, temos também o Celta de Vigo. Os galegos participaram na edição 2003/2004 da Liga dos Campeões, e até chegaram à segunda fase da prova. No entanto, nessa mesma época, o Celta foi despromovido para a 2ª Liga. O Atlético de Madrid também marcou presença na Champions de 1996, e em 1999 caiu na 2ª Divisão e correu o risco de fechar portas. Mais recentemente, temos o caso do Thun, da Suíça, onde actuava o português Nélson Ferreira.
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Francisco Ferreira
TP Mazembe
das suas possibilidades, e a factura acaba por se pagar mais cedo ou mais tarde. Os clubes gastam o dinheiro amealhado na competição em novos jogadores, e quando a aposta sai furada, o clube começa a sentir dificuldades económicas. Deixa de ter receitas, e vai acumular dívidas. Ou seja, má gestão. Isso obriga a uma grande reestruturação, que pode levar a uma descida de divisão. Os adeptos aumentam os seus níveis de exigência, e isso perturba o rendimento da equipa. O Sturm Graz, por exemplo, foi um exemplo de má gestão. Após o sucesso na Liga dos Campeões em 2000, o emblema austríaco gastou grande parte do dinheiro em novos jogadores, que não acrescentaram nada ao plantel. Em 2006, as autoridades austríacas declararam que o clube estava insolvente. Em 2010, as dificuldades continuam. Na mesma situação, estão outros clubes, como o Boavista, o Celta ou o Leeds. Os clubes já não podem ter dirigentes que se preocupam apenas com o curtoprazo. Hoje, pode haver dinheiro para pagar 50 mil euros de salário a um avançado. Para o ano, pode não haver. É mais seguro apostar em 5 jogadores a ganhar 10 mil euros cada um. O problema é que a ambição desmedida toma conta dos responsáveis e dos adeptos. Com receitas como as da Liga dos Campeões, é inconcebível que aqueles clubes caiam a pique nos anos seguintes. Se a má gestão continuar, estas situações vão-se multiplicar. Quem perde é o futebol.
Rep. do Congo Fundado em 1932 3 vezes Campeão Africano Pessoalmente, não sou um grande adepto do Campeonato do Mundo de Clubes. Não concordo com o formato da competição, e não costuma haver grandes pontos de interesse. No entanto, este ano não consegui deixar de me empolgar e simpatizar com o TP Mazembe, a maior equipa da República Democrática do Congo, e actual detentor da Liga dos Campões Africanos. Apesar de ter desiludido muita gente (a imprensa africana foi particularmente dura nas críticas ao emblema congolês), ao ter terminado apenas no 6º lugar do Campeonato do Mundo de Clubes, eu gostei muito de ver o TP Mazembe jogar. Foi uma equipa solta, a jogar o jogo pelo jogo. No primeiro encontro perderam por 2-1 com o Pohang Steelers, da Coreia do Sul. Uma equipa disciplinada tacticamente, e que acabou por ganhar graças à ingenuidade defensiva dos africanos, que, com 1-1 no marcador, partiam em busca do golo da vitória. Confesso que fiquei algo desanimado com a derrota, porque simpatizei muito com o estilo de jogo ofensivo e perfumado do Mazembe. No segundo jogo, nova derrota, contra o Auckland City, por 2-3, num grande jogo. A observar: Trésor Mputu. Há ali muito talento, e o Arsenal já suspira por ele. E o médio Mbenza Bedi também mostrou qualidade. Uma nota para o guarda-redes veterano Kidiaba, um guardião bem ao estilo africano.
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Desportivo, Janeiro 2010
Fora-deJogo
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Programação o desporto que pode ver hoje na TV e na Internet SportTv1
SportTv2
09:00 - Informação: Títulos (directo) 09:10 - Desportos Vários: Magazine Sports Watch 09:40 - Futebol: Liga Escocesa - Celtic vs Rangers 13:30 - Informação: Reportv - Livre A Correr 14:00 - Informação: Notícias (directo) 14:30 - Futebol: Particular - Taça Vila dos Campeões 17:30 - Futebol: Taça de Inglaterra - Resumo 19:30 - Futebol: Liga Espanhola - Osasuna vs Real Madrid 21:30 - Informação Especial: Eleições FP Râguebi - Entrevista Lista A (directo) 22:00 - Informação Especial:Eleições FP Râguebi - Entrevista Lista B (directo) 22:30 - Informação: Notícias (directo) 00:00 - Boxe: Magazine Ko Tv 00:30 - Basquetebol: NBA - Miami vs Atlanta Hawks (directo)
13:00 Automobilismo: África Race 13:20 Basquetebol: Liga Portuguesa 18:50 Hipismo: Planeta Equestre 19:20 Basquetebol: NBA - La Lakers vs Dallas Mavericks 23:10 Automobilismo: África Race 23:30 Futebol Americano: National Football League Dallas vs Philadelphia
SportTv 3 16:00 - Desportos Vários: Magazine Sports Woman 16:30 - Desportos Vários: Gala Desporto Escolar 1 17:00 - Futebol: Particular - Taça Vila dos Campeões - Resumo Prova 18:00 - Wrestling: Magazine Bottom Line 19:20 - Esqui Alpino: Lienz e Bormio 19:50 -Futebol Americano: National Football League Dallas vs Philadelphia 22:20 - Wrestling: ECW 23:40-Bodyboard: A Onda da Rita, Açores - 3ª Parte
SportTvHD 18:00 - Futebol: Liga Espanhola - Osasuna vs Real Madrid 19:50 - Futebol: Liga Espanhola 21:40 - Futebol Americano: National Football League - Dallas vs Philadelphia 23:40 - Hóquei no Gelo: NHL - Boston vs Philadelphia
TVI 00:20 - Dakar 2010
TVI24 20:10 - Lugar Cativo 22:30 - Prolongamento 03:05 - Prolongamento
RTPN 12:55 Mundo Automóvel 19:55 Mundo Automóvel
SICNotícias 12:00 - Edição Desporto 16:00 - Edição Desporto
Curiosidade
Viikmae: 114 internacionalizações, 30 anos, 2ª Divisão Sueca É certo que o futebol da Estónia não é o melhor da Europa. Mas também nem é dos piores. A selecção báltica tem vindo a melhorar nos últimos anos, e exportou alguns jogadores de qualidade. Mart Poom será o nome mais conhecido, mas não esquecer Anders Oper (Roda JC), Klavan (AZ) ou Jääger (Ascoli). Nomes mais conhecidos que Kristen Viikmae, certamente. Mas, na Estónia, Viikmae é sinónimo de golos. Apesar de ser um relativo desconhecido no mundo do futebol, Viikmae conta com 114 internacionalizações pelo seu país, e é presença obrigatória nos trabalhos da selecção. Aliás, só 4 jogadores têm mais jogos pela Estónia que o avançado que actualmente representa o Jonköping Södra, da modesta
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19:30 Desportos Vários: Magazine Clash Time 19:35 Desportps Vários: 07:30 Automobilismo: Magazine Watts Dakar Argentina-Chile 19:45 Pro Wrestling: 2010 - 2ª etapa Magazine This Week 08:10 Desporto de On World Wrestling Inverno: Magazine Entertainment Wintersports Weekend 20:15 Pro Wrestling: 08:15 Saltos de Esqui: Vintage Collection Taça do Mundo - Torneio 21:10 Desportos Vários: Quatro Trampolins, Magazine Clash Time Áustria - HS 130 09:15 Ténis Torneio WTA, 21:15 Esqui Corta-Mato: Taça do Mundo - Torneio Austrália - 1º dia de Esqui, Rep. Checa 10:45 Ténis: Magazine - Sprint Masculino e Tennis Stories 12:00 Ténis: Torneio ATP, Feminino, Estilo Livre 22:00 Automobilismo: Qatar - 1º dia (directo) 15:45 Ténis: Justine Time Dakar Argentina-Chile 2010 - 3ª etapa (directo) - Especial 15:50 Ténis: Torneio ATP, 22:45 Futebol: Taça Indoor, Harder Cup Qatar - 1º dia (directo) 17:45 Esqui Corta-Mato: Taça do Mundo - Torneio MyP2P (Internet) de Esqui, Rep. Checa - Sprint Masculino e 14:30 -Al-Ahli - AlFeminino, Estilo Livre Gharafa (Qatar) (directo) 14:45 - Larisa - Asteras 19:00 Desportps Vários: Tripolis (Grécia) Magazine Watts 17:00 - Lecce - Vicenza 19:20 Automobilismo: (Itália, Serie B) Dakar Argentina-Chile 17:00 - Empoli - Sassuolo 2010 - 3ª etapa (directo) (Itália, Série B)
EuroSport
Superettan, a 2ª Divisão do Futebol Sueco. Depois de várias épocas no Flora Tallinn, onde conquistou o estatuto de titular indiscutível da selecção estoniana, Viikmae mudou-se para o Valerenga, da Noruega. Seguiuse um regresso ao Flora, e empréstimos ao Enköping, Frederikstad e Gefle. Em 2008, assinou pelo Jonköping, um pequeno clube que costuma militar na 2ª Divisão da Suécia. Contudo, apesar de actuar numa divisão inferior, Viikmae continua a ser jogador influente na selecção. Há menos de uma semana, foi novamente chamado para representar o seu país. E, quem sabe, até pode acrescentar mais um golo aos 15 que já apontou pela Estónia. Um estranho caso de sucesso, que promete continuar. Mesmo na 2ª Divisão.
17:00 - Líbano - Vietname (Selecções) 17:45 - Club Africain Lyon (Amigável) 18:30 - Besiktas - Vitesse (Amigável) 19:00 - Alcoron - Racing (Taça do Rei) 19:00 - Rayo Vallecano Maiorca (Taça do Rei) 19:45 - Stoke - Fulham (Premier League) 19:45 - Salernitana Brescia (Itália, Série B) 20:00 - Blackburn - Aston Villa (Premier League) 21:00 - Barcelona Sevilha (Taça do Rei) 23:30 - The League Cup Show 00:30 - Tecos - Santos Laguna (México) 03:00 - Atlante - Club America (México) 03:00 - Tigres - Monterrey (México)
Crítica: Livro
Cartas a Um Jovem Jornalista, de Juan Luis Cebrian Juan Luis Cebrian é uma das principais figuras do jornalismo espanhol. Depois de passar pela TVE (ainda no tempo da ditadura), fundou o El País, em 1976, onde ficou até 1988. Além de jornalista influente, é um escritor com várias obras publicadas. Uma delas, Cartas a Um Jovem Jornalista, merece especial atenção, pela sua abrangência. Neste livro, Cebrian cria correspondência fictícia entre ele próprio e um aspirante a jornalista, Honorio. Ao longo do livro, não podemos ler as missivas do jovem estudante, apenas as respostas de Cebrian. Que se debruça, de maneira descontraída e acessível, sobre algumas das questões mais importantes do jornalismo da actualidade. O livro acaba por funcionar mais como um livro com opiniões de Cebrian, transmitidas a um públicoalvo que deverá estar longe de ser especialista em questões de jornalismo ou comunicação. Apesar do que o título pode indicar, a obra acaba por não ser um manual para adolescentes indecisos que queiram descobrir mais sobre a profissão. Cebrian aproveita para transmitir algumas opiniões muito pessoais, quase como uma catárse. Fálo de uma maneira muito acessível a todos, mesmo quando aborda temas mais sensíveis e complexos, como as questões éticas ou deontológicas. Nas suas cartas, o autor vai elucidando e guiando o seu jovem correspondente por campos essenciais para um jornalista. Fala-se da questão da vocação, por exemplo. Mais importantes são as palavras de Cebrian em relação ao ensino superior do jornalismo. É um assunto que está na ordem do dia em Portugal, e Cebrian aproveita para dar umas luzes sobre
a sua posição em relação às licenciaturas na área do jornalismo. Cebrian desvaloriza o papel de uma licenciatura em jornalismo para se ser bom profissional, o que não deixa de ir contra o que se tem dito nos últimos anos. De resto, Cebrian aproveita para enviar alguns recados a colegas espanhóis, o que acaba por sair um pouco fora do tom simpático que caracteriza o livro. A parte mais interessante da obra é, sem dúvida, a reflexão e alerta de Cebrian para os problemas que a ética jornalística enfrenta nos dias de hoje. Com exemplos claros e fáceis de entender, o autor dá a sua visão ao seu fictício Honorio sobre os perigos que o jornalismo e os jornalistas enfrentam quando se ignoram os princípios da profissão. Cebrian fala em exploração da dor, em difamação, em invasão da privacidade. As “cartas” em que estes assuntos são abordados são leitura obrigatória para jovens aspirantes a jornalistas, mas também para profissionais em actividade, já que os limites éticos da profissão são um dos principais problemas do jornalismo de hoje. Em resumo, um bom livro para quem se interessa pela área do jornalismo. Não é nenhum grande manual sobre a área, mas é útil para jornalistas em início de carreira, graças às dicas e alertas de Cebrian sobre assuntos delicados. No entanto, o leitor tem que saber distinguir a opinião pessoal do autor, que nem sempre será uma grande ajuda para um jovem inexperiente, das dicas importantes para um aprendiz. A simplicidade da escrita, e o curto tamanho do livro, tornam-no numa leitura fácil mas agradável. E, por algumas partes, muito útil. Francisco Ferreira
Desportivo, Janeiro 2010
Fora-de-Jogo Sugestões
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As 5 melhores canções do Futebol
Os melhores Documentários sobre Futebol
#5 St. Pauli, dos Art Brut
The Game of Their Lives
History of Football
The Other Final
Em 1966, a Coreia do Norte chegou ao Mundial de Inglaterra como completa desconhecida. Surpreenderam tudo e todos, e alcançaram os quartos-definal da prova. Foi preciso um Eusébio mágico para travar a equipa asiática. A aventura dos norte-coreanos em Middlesborough ficou na memória dos ingleses, e Dan Gordon realizou um documentário sobre os jogadores dessa mítica equipa de 1966. Em Pyongyang, entrevistou jogadores que não imaginavam que ainda eram conhecidos no ocidente. No final, uma delegação norte-coreana (com vários jogadores que jogaram no Mundial), voltou a Middlesborough. A população local ainda não os tinha esquecido. Um Documentário emocionante, sobre uma das equipas históricas dos Mundiais.
Uma caixa com 7 DVDs, com mais de 13 horas de imagens e depoimentos. Imperdível. Os episódios vão desde as origens do jogo mais popular do Mundo, à evolução do futebol em vários países. Também há espaço para os relatos sobre os momentos mais históricos do futebol nos vários continentes, ou para se falar das principais potências a nível de clubes. Destaque ainda para um capítulo sobre a divisão que existe entre a paixão por um clube e pela selecção nacional, com vários exemplos de vários pontos do Mundo. Ou sobre momentos de reflexão sobre o impacto sociológico do futebol. As figuras estão todas lá: Maradona,Pelé, Charlton, Beckenbauer, Milla e muitos outros. Essencial para todos os amantes do futebol.
Em Junho de 2002, o Brasil e a Alemanha disputavam a final do Campeonato do Mundo, no Japão. No mesmo dia, mas algumas horas antes, o Butão e Montserrat disputaram, em Timphu, a “Outra Final”: o jogo entre as duas equipas que, na altura, ocupavam os dois últimos lugares do Ranking da FIFA. Johan Kramer, um Holandês desapontado com a não participação da sua selecção no Mundial, decidiu fazer um Documentário sobre outras equipas que não foram ao Mundial, e que provavelmente nunca lá vão estar. No final, o Butão venceu por 4-0, mas o resultado era o menos importante. Um excelente documentário, vencedor de vários prémios internacionais, e que dá uma visão muito diferente sobre outras culturas futebolísticas.
The Mouse That Scored
Once In a Lifetime
Barcelona: The Inside Story
O Liechtenstein não é propriamente conhecido pela sua qualidade futebolística. Aliás, a pequena nação europeia é goleada com muita frequência em jogos de Qualificação para as grandes competições. Sigvard Wohlwend decidiu acompanhar a selecção nacional do Liechtenstein na sua campanha de qualificação para o Euro 2008. Claro que, no fim, o principado ficou nos últimos lugares do grupo. Mas é muito interessante assistir a momentos como a palestra do treinador antes de uma partida frente à Inglaterra, ou ouvir um jogador a dizer que todas as noites sonha com uma presença no Europeu. Um registo diferente do habitual, sobre uma história com verdadeiros contornos de David e Golias.
Em 1971, a Warner Brothers decidiu comprar um clube de futebol americano, os New York Cosmos. Em 1975, a equipa assinou um contrato de 3 anos com Pelé, o melhor jogador que o mundo tinha visto até então. Depois de Pelé, vieram Beckenbauer, Chinaglia e Roberto Carlos. Os jogos dos NY Cosmos eram uma atracção para as celebridades, com Spielberg ou Mick Jagger a serem presenças habituais nos jogos da equipa. O documentário mostra toda a histeria que rodeava as estrelas deste clube, e a vida boémia que levavam nos EUA, misturadas com as grandes estrelas do cinema e da música. O autor, Gavin Newsham, diz que é uma história de “futebolistas, celebridades, groupies, gangsters, glamour e excessos”.
Este documentário centra-se em Joan Laporta e na sua direcção, no primeiro ano de trabalho ao serviço do Barça. Laporta assumiu o comando da equipa catalã em 2003, e Webster e Hernandez, os directores do documentário, tiveram acesso livre a todos os momentos de gestão do clube durante esse ano, como reuniões entre directores, reuniões com jogadores e equipa técnica, e o próprio Laporta a trabalhar para voltar a erguer o Barcelona. Pelo meio, até podemos assistir ao momento em que Ronaldinho assina pelo Barcelona, por exemplo. Este trabalho é uma oportunidade fantástica de conhecer por dentro um dos maiores clubes do Mundo, e de perceber como funciona a indústria do futebol nos dias de hoje, e o dinheiro que é gerido no dia-a-dia.
www.bazul.org Descubra a sua paixão por esquilos.
Os Art Brut são uma banda inglesa de indie-rock, proveniente da classe média do país. Como qualquer inglês, o vocalista dos Art Brut, Eddie Argos, é um fã de futebol, e dedicou uma das suas letras (ou parte dela) ao St. Pauli, equipa mítica de Hamburgo. O St. Pauli é conhecido pelos seus adeptos anti-fascistas, que acompanham a equipa em todos os campos. Na música, que surge no álbum It’s a Bit Complicated, de 2007, podemos ouvir frases como “I’d feel alive as part of a team, St. Pauli, hear me scream!”. Um tributo enérgico a um clube histórico.
#4 Pa Mayte, de Carlos Vives Na Colômbia, já se sabe: Valderrama é um mito vivo. Carlos Vives não se esqueceu do craque colombiano, e numa música ritmada e muito latina, dedica umas frases ao médio com a cabeleira mais conhecida dos anos 90. O cantor fala da sua vontade em ir a Santa Marta, terra-natal de Valderrama, para jogar futebol com El Pibe, a alcunha do talentoso jogador.
#3 Roger Milla, de Pepe Kalle Pepe Kalle era congolês, e um grande apreciador de futebol. Uma das suas músicas foi toda dedicada a Roger Milla, um dos melhores jogadores de sempre do Continente. Depois da brilhante prestação do avançado veterano dos Camarões no Mundial 1990, Kalle compôs uma canção, bem ao estilo africano, onde presta homenagem a Roger Milla. Durante a música, o cantor africano vai também gritando o nome de vários jogadores da selecção dos Camarões que chegou aos quartos-de-final no Mundial de Itália. Certamente, uma boa canção para Roger Milla dançar junto à bandeirola depois de marcar mais um golo.
#2 É Uma Partida de Futebol, dos Skank Uma mistura de Rock com ritmos brasileiros, para prestar tributo à paixão dos brasileiros pelo desportorei. A letra da música vai resumindo a emoção de um jogo de futebol, e as vivências de um adepto fanático. Uma das canções mais conhecidas sobre futebol, já é um clássico nos Estádios.
#1 You’ll Never Walk Alone, dos Gerry & The Pacemakers Inicialmente, a música não era sobre futebol. Os adeptos do Liverpool logo a adoptaram como hino, pela sua letra motivadora. “Walk on, with hope in your heart, and you’ll never walk alone”. Não há muitas coisas tão arrepiantes como ouvir milhares de adeptos da equipa a gritar que a equipa nunca estará sozinha. Um hino que representa o amor a um clube.
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Desportivo, Janeiro 2010
O Golo da Minha Vida
Francisco Ferreira
Jornalista e adepto do Boavista
Quando me convidaram para escrever a rúbrica “O Golo da Minha Vida”, fui obrigado a fazer um enorme esforço para seleccionar entre centenas de golos que imediatamente me vieram à cabeça. Para mim, estabeleci uma condição: tinha que ser do meu Boavista. É certo que há outros golos que me marcaram, mas nenhum golo consegue ter um efeito tão forte em mim como um golo da minha equipa.
De todos os golos do Boavista que me lembro, decidi escolher um golaço de Ion Timofte, em pleno Estádio das Antas, na época 1998/1999. O Campeonato ia na 7ª Jornada, e o Boavista continuava sem perder. A história estava contra si: nunca o Boavista tinha ganho em casa do maior rival. No entanto, Timofte, aos 42 minutos, não quis saber disso para nada. Recebeu a bola no meio-campo,
correu alguns metros, e disparou a bola para o fundo das redes. Que golo! O Boavista partia para uma grande exibição e para uma grande vitória em casa do Porto. Rogério (alguém se lembra?) fez o 0-2 já perto do fim, depois de o resto da equipa desperdiçar 2 ou 3 lances de golo. A época, no entanto, correu melhor ao Porto, que foi campeão. Os axadrezados ficaramse pelo segundo lugar. Nada mau.
Positivo
Últimas
Grandes na Europa
Djurgarden confirma 3 reforços
Sevilha surpreende (1-2) em Camp Nou Capel e Negredo fizeram os golos do Sevilha. Ibrahimovic marcou pelo Barça, num jogo marcado pela má arbitragem. O Sevilha bateu o Barcelona por 1-2, em jogo a contar para a 1ª mão dos oitavos-de-final da Taça do Rei. O Barcelona não está a ter um grande início de ano: em 2 jogos, um empate e uma derrota. Os golos do encontros chegaram apenas na segunda-parte. Aos 60 minutos, Diego Capel fez o 0-1 para a equipa da Andaluzia. A missão parecia mais complicada para o Barcelona, mas Ibrahimovic, aos 73 minutos, voltou a igualar a partida. A festa dos da casa durou pouco: apenas 2 minutos depois, o defesa Chigrinsky agarrou Diego Capel na área, e Negredo não desperdiçou, e fez o 1-2 final.
A partida fica, no entanto, marcada pelas más decisões do trio de arbitragem, que prejudicaram as duas equipas. Pérez Burrul e os seus assistentes estiveram claramente em dia não, ao anular 3 jogadas de golo válidas: duas para o Barcelona (Bojan e Daniel Alves), e uma para o Sevilha (novamente Capel). Com este resultado, o Barcelona tem que ir ganhar 0-2 a Sevilha se quer seguir em frente na prova. O jogo será disputado no próximo dia 17 de Janeiro. Recorde-se que o Barça já levantou a Taça do Rei por 25 vezes, e o Sevilha venceu o troféu em 4 ocasiões.
Família Zeeb leva G-44 ao título na Gronelândia O G-44 sagrou-se campeão nacional da Gronelândia, ao bater o FC Malamuk por 3-0 na final dos playoffs. O sucesso deste pequeno clube da pequena cidade de Qeqertarsuaq devese, e muito, à família Zeeb. O treinador, Gunnar Zeeb, decidiu levar quatro dos seus filhos para o plantel do G-44. E os quatro filhos brilharam. Hans Zeeb, médio-direito da equipa, fez o 1-0 ainda na primeira-parte. Na segundaparte, foi Zakorat Zeeb a marcar dois golos e a fixar o resultado final em 3-0. Na outra baliza estava Johan-Frederik Zeeb, guarda-redes, que manteve as suas redes livres de qualquer golo. No fim, foi Nuknnguaq Zeeb, o capitão
Mas soube a pouco. O Boavista fez uma grande época, e tinha um grande plantel. Naquele jogo, o Boavista mostrou que podia ombrear com todas as equipas. Aquele golo foi quase que uma viragem psicológica para o clube. Daquela época, ficou-me sobretudo este golo de Timofte. Um dos melhores da sua geração, e, certamente, o melhor que eu vi jogar com a camisola axadrezada.
da equipa, a levantar o troféu. Qeqertarsuaq, o quartel-general do G-44, tem apenas 800 habitantes. Que são adeptos fiéis da equipa: 600 foram apoiar a equipa na final do Campeonato Nacional da Gronelândia.
O Djurgarden, da Primeira Liga da Suécia, confirmou mais três reforços para a nova temporada, todos de nacionalidade finlandesa. Jona Tovio, defesa-central de 21 anos, deixa o AZ para se juntar ao clube de Estocolmo. Da Primeira Liga da Finlândia chegam Kasper Hamalainen, ex-TPS, e Joel Perovuo, ex-Honka. Hamalainen, de 23 anos, joga no meio-campo ou nas alas, e já é apontado como eventual sucessor de Kim Kallstrom, que também passou pelo Djurgarden. Já Perovuo passou alguns dias à experiência no clube sueco, e os responsáveis ficaram convecidos com as qualidades do médio-centro.
Porto, Benfica e Sporting passaram à fase seguinte nas respectivas competições. O Porto e o Benfica conseguiram resultados interessantes, e apuraram-se facilmente. O Sporting continuou na senda das más exibições, mas cumpriu, e lá seguiu em frente. Era bom que fosse sempre assim.
Natação Portuguesa
Os nadadores portugueses são cada vez melhores e mais rápidos. Só nos últimos Nacionais de Clubes, caíram 19 recordes nacionais. A Natação parece querer dar um salto grande, com alguns jovens de qualidade a afirmarem-se também no circuito europeu. As perspectivas para os próximos anos parecem animadoras.
Negativo AF Porto
Stoke vence Fulham por 3-2 Grande jogo entre o Stoke City e o Fulham. Em partida adiada da 17ª Jornada da Premier League, o Stoke bateu o Fulham por 3-2. O Stoke chegou a ter 3 golos de vantagem, graças a tentos de Tuncay, Diagne-Faye e Sidibé, ainda na primeira-parte. Já na segunda metade da partida, Duff reduziu para 3-1, e Dempsey, a 6 minutos do fim, fixou o resultado final em 3-2. Com esta vitória, o Stoke sobe à 10ª posição, com 24 pontos. Apesar da derrota, o Fulham continua a ocupar a 9ª posição, com 27 pontos. Como não há estradas a ligar as principais regiões do território, o campeonato é decidido através de um playoff, disputado sempre no mesmo Estádio. As equipas realizam pequenos torneios regionais, e os campeões de cada região apuram-se para a fase de Playoff. Antes de chegar à final, o G-44 venceu 3 jogos e empatou um. Apesar desta vitória, o G-44 não vai ter direito a nenhum lugar na Liga dos Campeões, já que a Gronelândia não faz parte da UEFA nem da FIFA. As Ilhas Faroés, que também pertencem à Dinamarca, conseguiram a inscrição nos organismos. No entanto, perante as ameaças da Espanha (por causa de Gibraltar), a Gronelândia não teve esse direito. Por isso, a selecção nacional compete apenas em torneios regionais ou em jogos não-oficiais.
O Campeonato Amador do Porto corre sérios riscos de desaparecer em poucos anos. Os clubes têm fechado portas a um ritmo assustador, e os responsáveis associativos nada fazem perante isto. Dizem que conhecem a situação e que estão preocupados, mas medidas concretas ainda não apareceram. Lamentável.
Juventus
A equipa italiana tinha obrigação de fazer melhor na Liga dos Campeões. Com um plantel que conta com o talento de Diego, Poulsen, Buffon ou Iaquinta, a Juventus devia jogar melhor futebol, e devia apresentar melhores resultados na Europa. Também está na hora de pensar na renovação...
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