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Pedro Branco Branco Pedro
Aluno do 1º ano da Licenciatura em Fotografia Aluno do 1º anoPolitécnico da Licenciatura do Instituto de em Fotografia do Instituto Tomar. Politecnico de Tomar.
Magazine digital realizada em realizada em Magazine digital Fotografia DigitalIIII Fotografia Digital Maio de de 2015 Maio 2015
Onde estás? Procuro-te no silêncio amarrotado da minha [c]idade Martinho Branco (2007)
Todos reservados Todosos osdireitos direitos reservados
ÍNDICE
06 | Surrealismo: Breve História Em Portugal - a palavra e a imagem .................................................................
10 | Viagem surreal: Crítica Social | Mídia Crítica Social | Ambiental Sonho Série I Série II
................................................................. 44 | Tutorial Como criar um cenário Como fazer seleções 51 | Agradecimentos
Surrealismo
É a fusão do consciente com o subconsciente , do sonho e da fantasia com o racional e o mundano, para criar um mundo onde tudo é possível. Como André Breton descreveu , é a criação de " . . . uma realidade absoluta , um surrealismo . "
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A fotografia é um meio extremamente inspirador, versátil e emocionante, que nos permite captar um momento, extraí-lo do tempo e preservar a sua memória. A fotografia artística afastando-se da intenção estritamente documental, é mais frequentemente realizada com o propósito de comunicação, inspiração, ou expressão.Talvez uma das mais emocionantes áreas da fotografia artística seja a fotografia surreal, género que brinca com a realidade criando cenários improváveis.
Surrealismo | Breve História
UMA BREVE HISTÓRIA DO S
URREALISMO
O movimento artístico designado por Surrealista iniciou-se no início do século XX. Foi fortemente influenciado pelas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud (1856 – 1939) e analisava o papel do inconsciente na atividade criativa. A ausência da lógica e a liberdade de criação constituíam os princípios do surrealismo. O seu objetivo era representar um espaço no qual as pessoas se liberam de toda a repressão exercida pela razão. Estas caraterísticas pareciam afastar a fotografia deste movimento, uma vez que era vista como representação da realidade. Contudo, aparentemente contraditórios, o surrealismo e a fotografia encontraram-se e uniram-se numa arte visual única. Os artistas utilizaram formas variadas para trabalhar com sua nova ferramenta: a câmara fotográfica. Técnicas como a dupla exposição, a combinação de impressão e montagens foram utilizadas no processo criativo. Contudo, o que tornou o surrealismo fotográfico mais amplo foi a perceção de que o prosaico, o comum, o quotidiano, poderia ser surreal, diante da sensibilidade e da perspetiva do artista
Em Portugal – a palavra e a imagem Segundo Jorge de Sena, o surrealismo, como movimento organizado, começou em Portugal em 1947, logo depois do fim da Segunda Guerra Mundial. O movimento embora efémero, deixou uma profunda marca na literatura (sobretudo na poesia) e na pintura. O percurso deste movimento, em que a presença da literatura se sobrepõe, passa inequivocamente pela obra de Fernando Lemos. Nascido em Lisboa a 3 de maio de 1926, Fernando Lemos é um artista multifacetado que se dedica particularmente à pintura, ao desenho, à fotografia, mas também à escrita. Começou a trabalhar a fotografia recorrendo aos processos
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Mudançar Repor na planta da cor brancura em pedra solicitada Reler por vacilação das sílabas em escuridão afundada Rever por olho areado com águas a imagem contaminada Reter no músculo oxigenado vaso areal terra aterrada Resistir ao cântico suado no temor a evolução revoltada Reaver do padre eterno esquecido fé febril equivocada Rematar pontilhados no voo manual asa de vazio blindada Reacordar quando o tempo do morto é vício pele reciclada Recomeçar linguajar contínua marcha vivente reinventada. Fernando Lemos, in 'Cá & Lá'
Viagem Surreal A fotografia surreal, para lá da imagem fiel e bem comportada, torna-se num meio quase poético de expor o subconsciente, os instintos e desejos primários. Nesta viagem somos levados pela criatividade, numa senda que se afasta do que é real ou convencional e que se ancora nos sonhos. As paisagens que nestes se inspiram, surgem povoadas de elementos narrativos desconcertantes, que nos guiam ora pelo retrato de uma sociedade mergulhada numa crise de valores, ora por um mundo onírico, labiríntico, que recria e redescobre os espaços quotidianos,
numa metáfora A palavra e a imagem
A fotografia surreal, para lá da imagem fiel e bem comportada, torna-se num meio quase poético de expor o subconsciente, os instintos e desejos primários. Nesta viagem somos levados pela criatividade de dois autores, o fotógrafo e o poeta, numa senda que se afasta do que é real ou convencional e que se ancora nos sonhos. As paisagens que nestes se inspiram surgem povoadas de elementos narrativos desconcertantes, que nos guiam, ora pelo retrato de uma sociedade mergulhada numa crise de valores, ora por um mundo onírico, labiríntico, que recria e redescobre os espaços quotidianos, numa metáfora visual e poética.
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Do chegar ao partir Viver Não é apenas respirar É preciso Euxistir Martinho Branco (2015)
Critica Social | MĂdia
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Tão perto de tudo e tão distantes Notícias invadem-nos Banalizam-se nos ecrãns dos Mídias Perecemos ou acordamos Martinho Branco (2015)
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Antigamente Sem telem贸vel, sem computador, sem internet Mas mais humanos
Critica Social | Ambiental
CO2 Dia-a-dia Respira-se Mais hipocrisia Martinho Branco (2010)
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Olhar ausente tinha um sonho mas n達o tinha a morada Martinho Branco (2002)
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Rasto de tempo
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Sonho
A fotografia Surreal pode ser tão distante da realidade quanto o artista quiser que seja; pode distanciar-se ligeiramente ou afastar-se definitivamente do mundo que conhecemos. O que é importante é a riqueza e profundidade da imaginação. Neste contexto surge o sonho, série I e II. Em ambas as séries reflete-se o mundo imaginário do autor, povoado por imagens retidas dos livros, dos filmes, do quatidiano transformadas pela leitura disléxica da realidade. Autores como Salvador Dalí, René Magritte, Pablo Picasso, entre outros... são influências importantes. Observa-se um mundo que ganha asas no imaginário.
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Sonho | Série I
Num cenário de sonho, na série I, emerge a personagem, o Guardião, viajante no tempo e no espaço. Não estamos sós...
Sonho I – O Guardião da Terra
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Sonho II 窶的IGuariテ」o do Universo Sonho
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Sonho III – Curva do Tempo
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Sonho IV – Curva do espaço
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To be continued...
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Sonho Série II
O Sonho Série II tem como base a desconstrução dos espaços quatidianos de circulação e da biblioteca do Instituto Politécnico de Tomar. Este trabalho reflecte a visão do primeiro ano de experimentação e liberdade criativa do curso de fotografia aqui lecionado. Desta forma surge o sonho em queda livre (sem Guardião), em que as personagens, sem medo, se lançam na descoberta de novos imaginários.
Sonho I – Crescer
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Em queda Crescemos
Sonho II – Horizonte
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Criamos horizontes
Sonho III – Asas
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É nas årvores que os livros ganham asas
TuTorial TuTorial
A diversão começa aqui. Nesta edição vamos aprender a de criar simetrias axiais. Esta técnica é provavelmente uma das opções mais valiosas para criar uma composição surreal. Vamos também perceber como se podem selecionar elementos para adicionar às nossas imagens, mantendo a definição do recorte e o realismo da composição. Outras técnicas, como a fotomontagem, a distorção de uma imagem ou de uma secção de imagem, arrastamentos, borrões e reflexos, também úteis para uma composição surreal, serão alvo das próximas edições.
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TuTorial
O primeiro passo na criação de uma imagem surreal será a definição de um conceito geral da visão que se deseja criar. Quando a ideia está formada, é preciso fotografar e selecionar as imagens de base para manipular e compor. Foi assim que nasceu “O Sonho” que surge na capa da Magazine, reunindo imaginação e estrutura. Na base da fotografia, está a manipulação simétrica e axial da imagem de um espaço comum, um espaço interior de transição, captada no Instituto Politécnico de Tomar. Foi este espaço que ganhou asas na imaginação do autor, transformando-se num lugar imaginário onde tudo é possível.
Imagem capa da Magazine
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Todos os cenários criados na Magazine surgem pela desconstrução de espaços reais que se transformam pelo olhar da experimentação. Primeiro é preciso treinar o nosso olhar, através da experimentação, visualizando possíveis simetrias que transportem a realidade para um plano surreal. Neste caso foi assumido um eixo axial horizontal simétrico. A imagem foi recolhida com o auxílio de uma câmara de sensor crop, ISO 100, 18mm, f/8, 1/25s apoiada num num Tripé. Na segunda etapa procede-se à edição da imagem com o programa Photoshop. Editam-se os ajustes necessários e duplica-se a layer. A obtenção deste novo cenário conseguiu-se a partir da multiplicação simétrica dos topos da imagem, seguindo o tutorial que pode ver na página seguinte.
Espaço interior do Instituto Politécnico de Tomar
Cenário
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Tutorial | Como criar um cenário
1 | Abre-se a imagem I no Photoshop e edita-se o essencial no Camera Raw: exposição, o equilibrio dos brancos, distorções, opticas... I
I Copy
2 | Duplica-se a layer através do atalho CTRL + J para pc e CMD + J em mac. Após a duplicação clica-se com o botão direito do rato sobre a layer e aplicamos Rasterize layer. Na imagem duplicada, I Copy, aplica-se uma simetria vertical. CTRL + T no pc e CMD + T no mac. Clica-se com o botão direito do rato sobre a imagem e Flip escolhe-se a opção vertical. 3 | Adiciona-se um vector mask à layer I Copy invertida e pinta-se de preto a zona que se quer esconder, utilizando-se a ferramenta Gradient Tool. Neste caso pintou-se, toda a zona inferior da imagem.
Cenário
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Como fazer seleções
Na criação de imagens surreais é essencial dominar técnicas que permitam obter definição e realismo dos pormenores que compõem a fotografia. Para isso o Photoshop contém uma variedade de ferramentas e métodos específicos que variam consoante o tipo de elemento que é selecionado. Neste caso a ferramenta Pen Tool foi utilizada na seleção da personagem desta composição. Sendo uma ferramenta de bastante precisão, uma vez que toda a seleção é feita
Petko a personagem - Foto original
1 | No menu Window activa-se o painel Paths e enquanto selecionado o shape criado pela ferramenta Pen Tool, clica-se no botão direito do rato e escolhe-se a opção Make Selection, definindo-se um Feather Radius de 1 pixel que uniformiza, arredondando todos os vértices da seleção. 2 | No Menu Select a ferramenta Refine Edge, permite melhorar a seleção. Os valores são subjectivos, dependendo do tipo de seleção e das ferramentas escolhidas, Neste caso
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Caro leitor, siga-nos na próxima edição.
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Agradecimentos Ao professor Miguel Duarte, professor da cadeira de digital do curso de fotografia do Instituto PolitĂŠcnico de Tomar. A todos os meus colegas e professores do curso de fotografia, que partilharam conhecimento, enriquecendo os meus horizontes. Aos colegas amigos e modelos: Andreia Amaral BĂĄrbara Freitas Bernardo Alves JoĂŁo Tavares Petko Angelov Aos meus Pais Ao Poetrixta Martinho Branco