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ficha técnica
Edição #0 “Richard Avedon - 10 anos depois” Editor-Chefe: Diego Veríssimo Aluno do 1º ano da Licenciatura em Fotografia Instituto Politécnico de Tomar Revista realizada no âmbito da disciplina de “Fotografia Digital 2” 12 de Maio de 2014 Todos os direitos reservados.
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Richard Avedon 10 anos depois 15/05/1923 - 01/10/2004 Considerado por muitos um dos maiores retratistas do século 20, Richard Avedon faria, no dia 15 deste mês, 91 anos de idade. No ano correspondente ao décimo aniversário do seu falecimento, a FOCUS apresenta uma edição especial que celebra a vida e obra do fotógrafo norte-americano.
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Reinterpretação da famosa imagem de Audrey Hepburn, fotografada por Richard Avedon
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BIOGRAFIA:
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Richard Avedon nasceu a 15 de Maio de 1923, em Nova Iorque. A sua mãe, Anna Avedon, era criadora de vestidos e o seu pai, Jacob Israel Avedon, era dono de uma loja de roupas. Richard teve portanto um contacto próximo com o mundo da moda desde muito cedo, o que levou a que se interessasse pelo meio. Frequentou a DeWitt Clinton High School em Nova Iorque, onde desenvolveu um interesse pela poesia. A par com o agora escritor James Baldwin, foi co-editor da revista da escola, “The Magpie”. Posteriormente foi estudar Filosofia e Poesia para a Columbia University, mas deixou o curso ao fim de um ano para servir na United States Merchant Marine, durante a II Guerra Mundial. Esteve lá dois anos, entre 1942 e 1944 e a sua principal função era tirar retratos de identificação aos marinheiros. Depois de deixar a Merchant Marine em 1944, Avedon ingressou na New School for Social Research, para estudar fotografia com o lendário Alexey Brodovitch, director da revista “Harper’s Bazaar”. Brodovitch e Avedon deram-se bem logo de início e ao fim de apenas um ano, Avedon foi contratado como fotógrafo para a revista de moda. Durante vários anos fotografou a vida quotidiana em Nova Iorque, mas mais tarde foi destacado para cobrir os desfiles de moda em Paris. A sua missão era fotografar as modelos na cidade, vestindo as roupas da nova colecção, dando início ao seu estilo tão reconhecido nos dias de hoje. Em 1955, já depois de estar devidamente estabelecido como fotógrado de moda, Avedon fez história na fotografia de moda ao fotografar a modelo mais famosa da altura (Dorothy Virginia Margaret Juba, mais conhecida como Dovima) num circo, rodeada por elefantes, enquanto usava um vestido Dior. A imagem rapidamente se tornou famosa por ser tão extraordinária e diferente. Além do seu trabalho em fotografia de moda, Avedon é bastante reconhecido pelos seus retratos. O seu estilo inconfundível, utilizando fundos brancos e uma iluminação muito simples, tornou-se icónico pelo facto de captar a mesma sensação de humanidade e vulnerabilidade em completos desconhecidos e em figuras públicas de renome, tais como o Presidente Eisenhower, Marilyn Monroe, Audrey Hepburn, Bob Dylan ou os Beatles. Avedon deixou a “Harper’s Bazaar” em 1965 e passou a trabalhar como fotógrafo na revista rival, a “Vogue”, de 1966 a 1990. Aí continuou a inovar na fotografia de moda, bem como a produzir retratos de grande qualidade, sendo um dos principais responsáveis pelo reconhecimento da fotografia como uma forma legítima de arte. Em 1992 tornou-se no primeiro fotógrafo a pertencer aos quadros do “The New Yorker” e trabalhou lá literalmente até ao dia do seu falecimento, a 1 de Outubro de 2004, no Texas.
It’s not about the camera www.pinholephotography.com 7
Olhos: o espelho da alma?
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E m fo t o g r a f i a d e re t r a t o, é f re q u e n t e d i z e r - s e q u e o s o l h o s s ã o a p a r t e m a i s i m p o r t a n t e d a i m a g e m , j á q u e é a t r a vé s d e l e s q u e e s t a b e l e c e m o s u m a re l a ç ã o e n t re a p e s s o a fo t o g r a f a d a e q u e m v i s u a l i z a a fo t o g r a f i a . Ave d o n e r a e x í m i o n e s t e a s p e c t o e u m a v i s u a l i z a ç ã o r á p i d a d o s e u p o r t e fó l i o p e r m i t e - n o s o b s e r v a r e s t a p re o c u p a ç ã o e m c a p t a r u m a c e r t a i n t e n s i d a d e n o o l h a r d o s s e u s m o d e l o s. A p róx i m a s é r i e d e i m a g e n s p re t e n d e d e m o n s t r a r a i n f l u ê n c i a d o o l h a r n u m re t r a t o : q u a l a d i fe re n ç a e n t re u m re t r a t o n o q u a l o m o d e l o o l h a d i re c t a m e n t e p a r a a c â m a r a e o u t ro o n d e o m e s m o o l h a n u m a d i re c ç ã o d i fe re n t e ? E u m re t r a t o o n d e o s o l h o s n ã o s ã o s e q u e r v i s í ve i s ?
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“
Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida Meus olhos andam cegos de te ver! Não és sequer razão de meu viver, Pois que tu és já toda a minha vida! Não vejo nada assim enlouquecida... Passo no mundo, meu Amor, a ler No misterioso livro do teu ser A mesma história tantas vezes lida! Tudo no mundo é frágil, tudo passa... Quando me dizem isto, toda a graça Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, vivo de rastros: “Ah! Podem voar mundos, morrer astros, Que tu és como Deus: princípio e fim!
”
Florbela Espanca Fanatismo
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Olhos: O espelho da alma - Ana
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Olhos: O espelho da alma - Jo達o
Olhos: O espelho da alma - SĂŠrgio
Olhos: O espelho da alma - Telma
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Olhos: O espelho da alma - Sara
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Olhos: O espelho da alma - AndrĂŠ
Olhos: O espelho da alma - Tiago
Olhos: O espelho da alma - Vanessa
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Olhos: O espelho da alma - Telma II
Olhos: O espelho da alma - Carolina
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Olhos: O espelho da alma - Vera
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Olhos: O espelho da alma - Rafael
Olhos: O espelho da alma - Rafael II
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Olhos: O espelho da alma - Vera II
Olhos: O espelho da alma - Diogo
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Olhos: O espelho da alma - Filipe
Olhos: O espelho da alma - Vera III
Olhos: O espelho da alma - Joana
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Olhos: O espelho da alma - Susana
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Olhos: O espelho da alma - Rafael III
Olhos: O espelho da alma - Sammya
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Olhos: O espelho da alma - Rafael IV
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Olhos: O espelho da alma - Rafael V
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Unconventional Landscapes
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Há lugares que nos cativam facilmente pela sua beleza natural e é frequente vê-los representados em fotografias publicitárias e guias turísticos. Existem, no entanto, outros locais que nos passam despercebidos se não olharmos com atenção. “Unconventional Landscapes” é um ensaio fotográfico que se centra em sítios escondidos, abandonados, esquecidos, ou que simplesmente estão lá mas ninguém os vê. Utilizando pontos de vista pouco explorados, procura assim uma visão nova, diferente, mas igualmente interessante de tudo aquilo que nos rodeia.
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Unconventional Landscapes - I
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Unconventional Landscapes - II
Unconventional Landscapes - III
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Unconventional Landscapes - IV
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Unconventional Landscapes - V
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Tutorial: Iluminação com flash
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Quantos de nós não ouvimos já alguém dizer que não utiliza flash porque não gosta do resultado final? A verdade é que fotografia não é mais do que captar luz e o flash é uma ferramenta extremamente útil que, se bem utilizada, pode mudar por completo a atmosfera de uma imagem. Para se conseguir obter bons resultados com flash, é necessário compreender - e até certo ponto, prever - a forma como a luz se comporta em diferentes situações. Com alguma prática, é possível conseguir resultados bastante interessantes.
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Comprimir o alcance dinâmico de uma cena utilizando flash Os nossos olhos têm um alcance dinâmico muito superior às câmaras fotográficas. Isto é, os nossos olhos conseguem captar mais informação entre as altas luzes e as sombras. Em fotografia, de forma a solucionar este problema, é frequente recorrer-se a técnicas como o HDR, para comprimir o alcance dinâmico de 3 ou mais imagens numa imagem só, conseguindo assim aumentar a informação obtida nas altas luzes e nas sombras. No entanto, há várias situações onde utilizar a técnica de HDR nem sempre é possível ou recomendável, tais como em retrato.
Eis um exemplo de três retratos tirados sem flash, nas mesmas condições:
Imagem 1: ISO 100, f/7.1, 1/100
Imagem 2: ISO 100, f/7.1, 1/50
Imagem 3: ISO 100, f/7.1, 1/200
Nestes retratos, podemos verificar que é impossível ter a modelo e o fundo correctamente expostos na mesma imagem: na primeira imagem temos a modelo ligeiramente sub -exposta e o fundo ligeiramente sobre-exposto, na segunda a modelo está correctamente exposta, mas o fundo está sobre-exposto e na terceira, apesar de o fundo ter a exposição correcta, a modelo está sub-exposta.
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Vamos ligar o flash e colocá-lo na sapata da câmara:
Imagem 4: ISO 100, f/7.1, 1/100
Imagem 5: ISO 100, f/7.1, 1/50
Imagem 6: ISO 100, f/7.1, 1/200
O flash foi utilizado em manual e foi feita a medição para o flash com um fotómetro de forma a estar de acordo com a abertura do diafragma utilizada. A fotometria utilizada é a mesma do primeiro exemplo porque a luz ambiente não mudou. Neste exemplo podemos verificar que, utilizando flash, é possível controlar de forma independente a iluminação no primeiro e no segundo plano. O flash ilumina o primeiro plano, garantido que a exposição fica correcta, mas não ilumina o segundo. Assim sendo, podemos utilizar a velocidade de obturação para controlar a exposição no segundo plano sem comprometer a exposição no primeiro plano. Isto acontece porque o flash tem uma velocidade de disparo muito superior à velocidade utilizada na câmara, portanto a exposição obtida com flash não é influenciada pela velocidade de obturação utilizada. No entanto, é importante ter em atenção a velocidade máxima de sincronismo da câmara com o flash (neste caso, 1/200) para não a exceder. Nesta altura já percebemos como podemos ter um controlo absoluto sobre a exposição da cena, no entanto a luz obtida pelo flash directo colocado na sapata da câmara não é muito apelativa... Está na altura de colocar o flash fora da câmara!
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Colocando o flash fora da câmara: Nesta parte do excercício, vamos necessitar de um emissor e um receptor rádio para disparar o flash, um tripé para flash e um adaptador para colocar o receptor rádio no tripé. O emissor põe-se na sapata da câmara e o receptor liga directamente ao flash. Depois disso, o flash dispara normalmente quando premimos o botão do obturador. Vamos manter o flash em manual e voltar a medir a luz com um fotómetro, já que a distância do flash ao sujeito mudou:
Imagem 7: ISO 100, f/7.1, 1/100
Imagem 8: ISO 100, f/7.1, 1/50
Imagem 9: ISO 100, f/7.1, 1/200
Ok! Temos melhorias visíveis na iluminação. Agora em vez de uma luz chapada, sem contrastes ou texturas e vinda directamente da câmara, temos uma luz lateral, que cria sombras e dá volumetria ao rosto da modelo. E continuamos a poder controlar facilmente a exposição que queremos no fundo. Já é um resultado bastante melhor que o inicial, mas ainda assim pode melhorar se, em vez de flash directo, utilizarmos algum tipo de difusão. É aqui que entram os modificadores de luz, tais como softboxes, sombrinhas, beauty dishes, etc. Cada um deles tem características específicas, mas todos têm algo em comum: servem para modelar a luz vinda de um flash ou lâmpada.
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Flash fora da câmara com difusão: Neste exemplo vamos utilizar uma sobrinha/softbox. Como o próprio nome indica, trata-se de uma sombrinha que à primeira vista parece uma softbox. No fundo, não é mais que uma sombrinha reflectora (uma espécie de guarda-chuva com o interior prateado para reflectir a luz do flash) com um pano de difusão branco na parte exterior. Esta pequena diferença faz com que tenhamos uma superfície plana como “fonte de luz” (o pano difusor), tal como numa softbox, tornando assim a luz muito mais direccional do que numa sombrinha reflectora normal e tendo um fall-off (zona de transição entre o limite do feixe de luz proveniente do modificador e a zona não iluminada pelo mesmo) mais prolongado, permitindonos usar com muita facilidade o limite do feixe de luz para iluminar o modelo, por exemplo. Chama-se a este processo feathering. Tudo isto num modificador que é muito mais fácil e rápido de montar que uma softbox convencional.
Imagem 10: ISO 100, f/7.1, 1/100
Imagem 11: ISO 100, f/7.1, 1/50
Imagem 12: ISO 100, f/7.1, 1/200
Comparativamente ao exemplo anterior, são claramente visíveis as melhorias a nível de iluminação: a luz está mais suave, criando sombras menos pronunciadas mas mantendo a noção de tridimensionalidade dada pelo ângulo de incidência da luz. Já estamos onde queremos a nível de iluminação, mas ainda podemos acrescentar um elemento criativo... 43
Utilização de um gel de cor como efeito criativo Um gel de cor não é mais que um pequeno papel semitransparente que existe em várias cores e que geralmente se utiliza nos flashes para corrigir temperaturas de cor. Por exemplo, se estivermos a fotografar numa sala com luzes de tungsténio e com flash, como as temperaturas de cor das duas fontes de luz são diferentes (tungsténio anda à volta dos 3200K e flash perto dos 5500K), vamos ter desvios de cor significativos nas nossas imagens. A forma de evitar isso será colocar um gel CTO (Color Temperature Orange) no flash, de forma a que a luz proveniente do mesmo passe a ter uma temperatura de cor de 3200K, tal como as luzes de tungsténio. De seguida basta calibrar o balanço de brancos da nossa câmara para a temperatura de cor desejada e podemos fotografar sem desvios de cor. Além dos CTO, existem outros tipos de gel utilizados para o mesmo efeito em situações diferentes, tais como os CTB (Color Temperature Blue) ou os Window Green, que se utilizam para corrigir temperatura de cor com luzes fluorescentes, dependendo da temperatura das mesmas. Existem também das mais variadas cores, tendo como único propósito a utilização criativa. Neste caso, vamos utilizar um gel 1/2 CTO (metade da intensidade de um gel CTO) como efeito criativo:
Imagem 13: ISO 100, f/7.1, 1/100
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Imagem 14: ISO 100, f/7.1, 1/50
Imagem 15: ISO 100, f/7.1, 1/200
A intensidade e a direcção da luz são as mesmas, mas a temperatura de cor do nosso flash mudou de 5500K para cerca de 4000K. Assim, a luz aparenta ter um tom alaranjado, quase como se o Sol se estivesse a pôr do lado esquerdo da imagem. Mais uma vez, esta variação de temperatura de cor não se verifica no fundo, visto que este não é iluminado pelo flash. Neste momento, além de podermos controlar de forma independente a exposição no primeiro e segundo planos, temos também temperaturas de cor diferentes nos dois sítios! Neste momento, podemos manter assim a imagem, dando a tal sensação de pôrdo-sol com uma luz mais quente, ou podemos alterar a temperatura de cor da imagem em pós produção (se fotografado em RAW; no caso de a imagem ser fotografada em JPEG, este passo terá de ser feito na câmara antes de fotografar) para que a luz vinda do flash volte a ficar de cor branca. Isto fará com que o fundo adquira uma tonalidade azul:
Imagem 13: ISO 100, f/7.1, 1/100
Imagem 14: ISO 100, f/7.1, 1/50
Imagem 15: ISO 100, f/7.1, 1/200
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Outros exemplos de utilização de flash de forma criativa:
Imagem sem flash; apenas luz ambiente.
Flash + Gel CTO em Sombrinha/Softbox. Ambiente sub-exposto em 3 stops.
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Imagem sem flash; apenas luz ambiente. Fotometria feita para o fundo.
Flash + Gel 1/2 CTO.
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Flash em Sombrinha/Softbox.
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ร frente: Flash em Sombrinha/Softbox. Atrรกs: Flash + Gel CTO.
ร frente: Flash + Gel 1/2 CTO em Softbox. Atrรกs: Flash directo.
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Flash directo.
À frente: Flash em Sombrinha/Softbox. Atrás: Flash + Gel 1/2 CTB apontado ao fundo.
À frente: Flash em Sombrinha/Softbox. Atrás: Flash directo apontado ao fundo.
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Agradecimentos
Foto: © Raquel Saborano Utilizada com autorização.
Ana Margarida Nunes Ana Rosa Magalhães André Cravinho Carlos Santos Carolina Silva Diogo Maçarico Duarte Faria Filipe Rolim Joana Lourenço João Carlos João Ferreira João Pedro Caetano Rafael Teixeira Rafael Veríssimo Raquel Saborano Ricardo Cunha Rosa Neves Sammya Coelho Sara Henriques Sérgio Miranda Susana Cardoso Susana Coelho Telma Taipina Tiago Silva Vanessa Milheiriço Vera Matos
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