Conexões do Pensar

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Conex천es DO PENSAR

HENRI WALLON & PESTALOZZI VYGOTSKY & MAKARENKO PIAGET & MONTESSORI


DO PENSAR

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ÍNDICE 04_ Henri Wallon:

O educador do corpo e das emoções.

06_ 05_

Makarenko & Vygotsky

Pestalozzi:

O pensamento socialista.

Uma proposta de educação com amor.

08_ Montessori & Piaget A Escola Nova.


Felipe Diniz, Layse Kelly & Luana Claudino

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Felipe Diniz Graduado em Ecologia (UFRN), graduando em Pedagogia pela UFRN, tem interesse na área das políticas e gestão da educação.

Graduanda em Pedagogia pela UFRN, atualmente atua como bolsista de inciação docente pelo PIBID.

Luana Claudino Graduanda em Pedagogia pela UFRN, tem interesse na Psicogênese da língua escrita, o lúdico na Educação e Alfabetização e letramento.

Autores

ORIENTADORES Cynara Teixeira Doutora em Psicologia (UFBA); mestra em Psicologia Social (PUC/SP) e graduada em Psicologia (UFRN). Professora da disciplina de Fundamentos Psicológicos da Educação II.

Renata Viana Doutora em educação (USP); mestra em Sociologia (UUNICAMP) e graduada em Pedagogia (UNIBAN), Letras Português e Russo (USP) e Ciências Sociais (PUC SP). Professora da disciplina de Fundamentos Histórico-Filosóficos da Educação II.

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Layse Kelly

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A revista Conexões do Pensar trás nessa edição o encontro de seis grandes autores do pensamento pedagógico. Henri Wallon e Pestalozzi, Makarenko e Vygotsky, Montessori e Piaget, compartilham entre si características que vão além do campo das idéias, mas atinge o da realidade sócio-político-cultural de suas épocas. Lançando um olhar pedagógico sobre a vida e obra desses três grupos de pensadores buscamos identificar as conexões em suas teorias e proporcionar uma leitura leve, crítica e informativa sobre suas principais contribuições. Esta revista nasce de atividade multidisciplinar proposta pelas professores Cynara Teixeira e Renata Viana para os alunos do segundo período do curso de Pedagogia (UFRN) no ano de 2015.

AUTORES

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NOTA DOS AUTORES


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HENRI WALLON & PESTALOZZI_

HENRI WALLON: O EDUCADOR DO CORPO E DAS EMOÇÕES. Militante francês, medico, filosofo e psicólogo, mostrou que as crianças também pensam com o corpo e com as emoções. Henri Paul Hyacinthe Wallon, mais conhecido como Henri Wallon, nasceu na França em 15 de junho de 1879, e morreu em 1962 com 83 anos. Graduou-se em medicina, filosofia e psicologia. Atuou como médico na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), ajudando a cuidar de pessoas com distúrbios psiquiátricos. Como vice presidente do Grupo Francês de Educação Nova, ajudou a revolucionar o sistema de ensino da França com o projeto Reforma do Ensino, conhecido como Langevin-Wallon, país da qual foi presidente de 1946 até morrer. Viveu em um período histórico marcado por instabilidade social e turbulência politica: duas guerras mundiais, avanço do fascismo, revoluções socialistas e guerras para libertação das colônias na África. Toda essa instabilidade politica foi fundamental para a construção da teoria pedagógica de Wallon, serviram de estimulo para organização de suas ideias, que teve foco principal a afetividade como elemento essencial para o desenvolvimento do individuo como pessoa. Assim Wallon leva o corpo e as emoções da criança para dentro de sala de aula. O que causou uma grande revolução na educação, dentro do seu contexto histórico, em que memória e erudição eram o máximo em termos de construção do conhecimento. Wallon propõe que a escola deve proporcionar uma formação integral da criança, integrando o intelectual, o afetivo e o social, por acreditar que o desenvolvimento intelectual não envolve somente o cérebro, mas também o corpo e as emoções. Fundamentou suas ideias em quatro elementos básicos que se comunicam o tempo todo: a afetividade, o movimento, a inteligência e a formação do eu como pessoa.

Afetividade: As emoções, para Wallon, têm papel preponderante no desenvolvimento da pessoa. É por meio delas que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades. Movimento: As emoções dependem fundamentalmente da organização dos espaços para se manifestarem. A motricidade, portanto, tem caráter pedagógico tanto pela qualidade do gesto e do movimento quanto por sua representação. Inteligência humanizada: Diferentemente dos métodos tradicionais (que priorizam a inteligência e o desempenho em sala de aula), a proposta walloniana põe o desenvolvimento intelectual dentro de uma cultura mais humanizada. A abordagem é sempre a de considerar a pessoa como um todo. Formação do eu: A construção do eu na teoria de Wallon depende essencialmente do outro. Seja para ser referência, seja para ser negado. A teoria walloniana coloca que a afetividade é elemento importante para a eficácia do processo de ensino-aprendizagem. O professor deve confiar na capacidade do aluno; ter a visão de que ao ensinar também aprende; que os saberes são construídos nas diversas trocas do convívio social e que as emoções interferem em todas as atividades realizadas pela criança. Coloca também que para que ocorra a aprendizagem e preciso entender que todos os alunos tem suas características próprias; que o professor deve ver o aluno em sua totalidade. E conclui por considerar que a escola é o meio fundamental para o desenvolvimento do professor e do aluno.

IDEIAS COMPARTILHADAS Podemos relacionar umas ideias comuns entre Wallon e Pestalozzi sobre a educação, como a importância da afetividade entre professor e aluno, em que os dois defendem a influencia das emoções no processo da aprendizagem, como também a importância do movimento, ambos acreditam que as crianças pensam através dos movimentos, e por é essencial usar o movimento em sala de aula, estimulando assim a criança a desenvolver o pensamento. Compartilham também da ideia de que a criança deve ser vista como uma pessoa completa, como propões Pestalozzi uma educação que trabalhe a cabeça, as mãos e o coração.


Pedagogo suíço, acreditava que a força da educação estava no amor, na bondade e na família.

Johann Heinrich Pestalozzi ou simplesmente Pestalozzi, nasceu na Suíça em 12 de janeiro de 1746, st4 anos, passou por grandes dificuldades, juntamente com a mãe e três irmãos, fato este que ajudou a consolidar sua personalidade predominantemente humanista. Pestalozzi estudou em Zurique, mas não chegou a se graduar, participou do movimento pela Independência da Suíça. Gastou parte de sua juventude nas lutas políticas como membro da Sociedade Helvética, que juntamente com seus patriotas, criticavam a situação política do país propondo reformas. Foi influenciado, pelo pensamento de Rousseau e por alguns aspectos do Movimento Romântico, e logo abandonou as causas politicas para lutar pelas causas da educação. Com a invasão francesa e os horrores da guerra, montou uma escola para os órfãos da batalha, que acabou sendo uma de suas experiências pedagógicas mais produtivas. Com os acontecimentos sociais, políticos e culturais que abalaram a velha Europa na segunda metade do século XVIII, como a subida do capitalismo industrial, a aspiração de liberdade do romantismo na politica e na cultura, entre outros, orientam as ideias de Pestalozzi. O afeto é papel central na sua pedagogia, seu ideal de educação era baseado no amor, na bondade, e na liberdade sempre regido por princípios éticos, para ele a educação era incompleta sem o amor.

Pestalozzi propôs uma educação que integrasse cabeça, mão e coração. A cabeça tida como o intelectual, em que fala que a mente esta ligada pela experiência sensorial, que aprendizagem se dá através do contato com o objeto; as mãos representa o profissional, onde se aprende fazendo; e o coração simboliza a moral e afetividade, na formação de indivíduos éticos e com valores, homens justos e bons. A escola idealizada por Pestalozzi deveria ser não só uma extensão do lar, mas inspirar-se no ambiente familiar, para oferecer uma atmosfera de segurança e afeto para a criança. A educação era um complemento da família e um meio de preparação para a vida. Que não deveria existir notas, castigos ou recompensas, por não acreditar no julgamento exterior. A criança, na visão de Pestalozzi, se desenvolve de dentro para fora, e por isso a função do ensino não é preenche-la de informações. Também acredita que cada criança aprende no seu ritmo, por isso é um erro determinar um tempo para que todas aprendem juntas, elas tem sua individualidade cada uma tem seu tempo. Sobre o professor, Pestalozzi o compara com um jardineiro, que tem a função de preparar as condições externas para que se realize o crescimento de forma natural. Sendo assim, o aprendizado é conduzido pelo próprio aluno. E que o ensino deveria partir do conhecido para o novo e do concreto para o abstrato, com ênfase na ação e na percepção dos objetos, mais do que nas palavras. O que importava não era tanto o conteúdo, mas o desenvolvimento das habilidades e dos valores.

IDEIAS COMPARTILHADAS Muitas das ideias pedagógicas de Pestalozzi também foram pensadas pelo estudioso Wallon, como a ideia do adulto como mediador entre a criança e ela mesma, em que o aprendizado vai ser guiado pela própria criança, assim o ensino não deve ser forçado e imposto. Dividem também da ideia de que cada aluno é único, e assim sendo, se desenvolve cada um no seu tempo e no seu ritmo, que o ensino não deve ser homogeneizado. Os dois concebem a relação com o meio, como a principal fonte de desenvolvimento da criança, pois oferece recursos para que a criança crie elos construir a si mesma.

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EDUCAÇÃO COM AMOR

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UMA PROPOSTA DE

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PESTALOZZI:


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VYGOTSKY & MAKARENKO_

- Vygotsky e sua família.

VYGOTSKY & MAKARENKO: O PENSAMENTO SOCIALISTA. VYGOTSKY Vygotsky buscava, como objetivo mais amplo, promover dialeticamente uma relação entre as demandas individuais e sociais do recém implantado regime social da União Soviética e a produção científica, por meio do estudo e da busca de interação de duas tendências psicológicas da época, a Psicologia como ciência natural e a Psicologia como ciência mental, dentro das quais buscava a produção de uma síntese onde pudesse emergir algo novo na esfera do conhecimento humano.

No ano de 1917, a Revolução Bolchevique implanta na Rússia o governo socialista de bases marxistas. Entre o período que se estendeu de 1917 a 1930 aquele país passou por um processo histórico de conflitos políticos e redefinições dos conceitos de sociedade e do sistema educacional. É neste contexto histórico e social que surgem alguns dos maiores pensadores e educadores da história, entre eles: Lev

Semenovich Vygotsky (1896 - 1934) e Anton Makarenko (1888 - 1939). Vygotsky, professor e pesquisador contemporâneo de Piaget, na verdade nasceu em Orsha, na Bioelorrusia, país incorporado em 1922 por advento da formação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Foi grande partidário da revolução russa, defendendo uma sociedade mais justa, sem conflitos sociais e sem a exploração


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MAKARENKO Makarenko, como educador, preocupou-se em estabelecer uma pedagogia ativa, buscando suporte na educação centralizada na liberdade do educando e na criação de condições de ensino-aprendizagem, levando em conta o contexto histórico-social-cultural e a busca de caminhos pessoais e familiares que tornassem possíveis o desenvolvimento de um futuro feliz. Proposta esta que somente seria possível por meio do trabalho coletivo entre a comunidade e os educadores, se realizado numa perspectiva democrática. O trabalho coletivo era, assim, considerado o meio e o fim do processo educacional.

O ACONTECIMENTO HISTÓRICO DE MAIOR IMPORTÂNCIA DO SÉCULO PASSADO. A Revolução Bolchevique abalou as estruturas da sociedade capitalista, ao inaugurar a primeira grande experiência socialista da história e passar a assombrar as mentes burguesas como um fantasma, lembrando sempre que a vitória dos trabalhadores contra o Estado capitalista havia se transformado numa realidade num país e numa possibilidade ameaçadora no resto do mundo.

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Alí, sua difícil missão incluía ensinar música, literatura, poesia, história e a importância do trabalho a esses jovens, muitos infratores, todos rejeitados. Para tanto, adotou o conceito de coletividade, de interesses sociais comunitários e do sucesso por meio da autocorreção. Para Makarenko a coletividade não descontrói a personalidade do indivíduo mas permite que essa seja desenvolvida, bem como sua ética. A socialização através do trabalho coletivo e em função da vida comunitária era a função da educação. Considerado por muitos um inovador, Makarenko contribuiu significativamente para reformas educacionais em todo o mundo, inclusive no Brasil. A sua defesa de uma educação obrigatória, gratuita, universal, laica e de qualidade, nos parece vivas na atualidade. A reflexão conjunta sobre as teorias, vida e obra desses dois pensadores não pode ser feita apenas por meio da influência do contexto histórico da Revolução Russa. É palpável a importância dada a socialização entre os indivíduos, e desses com o meio, em ambas teorias. A importância dada à interação social e ao coletivo torna-se marca caracterizante e primordial para Vygotsky e Makarenko, assim como a função do professor no processo educacional, não apenas como mero facilitador do processo de aprendizagem, mas também no desenvolvimento da consciência, da personalidade e dos valores morais.

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entre os seus integrantes. Sua teoria sócio-histórico-cultura, parte do princípio que o desenvolvimento do indivíduo seria resultante de um processo sócio-histórico de vida, enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento. Para tanto, a formação da consciência seria promovida pela aquisição de conhecimentos por processos de interação do sujeito com o meio. Neste sentido, a escola desenvolve papel fundamental para o desenvolvimento mental das crianças, no contexto de reprodução e criação da cultura, e por promover a socialização primária durante a infância, o que caracterizaria o ser humano. O aprendizado está relacionado ao desenvolvimento e é um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas. Anton Makarenko, ucrâniano, nascido na cidade de Bielipolie, foi professor, pedagogo de formação e escritor. Em 1920, por convite do governo russo, assumi a administração da Colônia Gorki e da Comuna Dzerjinski, destinadas à formação e à educação de jovens e crianças abandonadas durante a guerra e que se tornaram delinquentes. Esta fase da sua vida foi narrada na obra O Poema Pedagógico (1932; 1933; 1935).


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- Jean Piaget

PIAGET & MONTESSORI: A ESCOLA NOVA. Jean Piaget nasceu em Neuchâtel, Suíça, em 1896. Aos 10 anos publicou seu primeiro artigo científico, sobre um pardal albino. Desde cedo interessado em filosofia, religião e ciência, formou-se em biologia na Universidade de Neuchâtel e, aos 23 anos, mudou-se para Zurique, onde começou a trabalhar com o estudo do raciocínio da criança sob a ótica da psicologia experimental. Em 1924, publicou o primeiro de mais de 50 livros, A Linguagem e o Pensamento na Criança. O filósofo Jean Piaget estudou os modos com que a criança entende o mundo espontaneamente por assimilação -organizando os dados do exterior de uma maneira própria- e por acomodação, isto é, “deformando” essa organização para poder compreender a realidade. Para Piaget, a inteligência lógica tem um mecanismo auto-regulador evolutivo. Certas noções, como quantidade, proporção, sequência,

causalidade, volume etc. surgem espontaneamente em momentos diferentes do desenvolvimento da criança em sua interação com o meio. As idéias de Piaget garantiram aos psicólogos que havia um mecanismo natural de aprendizagem e que a escola deveria acompanhar a curiosidade da criança, propondo atividades com temas que a interessassem naquele momento, sem se prender a um currículo rígido. Não existe, entretanto, um método Piaget, como ele próprio gostava de frisar. Ele nunca atuou como pedagogo. Antes de tudo, Piaget foi biólogo e dedicou a vida a submeter à observação científica rigorosa o processo de aquisição de conhecimento pelo ser humano, particularmente a criança. Do estudo das concepções infantis de tempo, espaço, causalidade física, movimento e velocidade, Piaget criou um campo de investigação que denominou epistemologia


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“A tarefa do professor é preparar motivações para atividades culturais, num ambiente previamente organizado, e depois se abster de interferir” Maria Montessori

IDEIAS COMPARTILHADAS Maria Montessori e Jean Piaget trouxeram para a educação métodos semelhantes da educação infantil, defenderam a visão interacionista e acreditaram que os cuidados com as crianças nos anos iniciais eram essenciais. Suas teorias, em ambos os casos, afirmava que o ambiente preparado à criança é de extrema importância para seu desenvolvimento e progresso intelectual. O desenvolvimento físico e a manipulação de objetos são essenciais para que desperte na criança a atenção, a motricidade, a concentração, e a linguagem. Uma criança com apenas três anos de idade, faz de tudo um brinquedo. Isto quer dizer que ao sentir as coisas, vai elaborando o que observou. Tudo é através da espontaneidade.

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za e seus fundamentos teóricos são um corpo de informações científicas sobre o desenvolvimento infantil. Sua teoria era focada nas crianças, pois ela dizia que as crianças conduziriam o próprio aprendizado e ao professor caberia acompanhar o processo e detectar o modo particular de cada um manifestar seu potencial. Por causa dessa perspectiva desenvolvimentista, Montessori elegeu como prioridade os anos iniciais da vida. Para ela, a escola tem que ser adequada para as crianças, o que inverte o foco da sala de aula tradicional, centrada no professor. Não foi por acaso que as escolas que fundou se chamavam Casa dei Bambini (Casa das crianças), evidenciando a prevalência do aluno. Foi nessas “casas” que ela explorou duas de suas idéias principais: a educação pelos sentidos e a educação pelo movimento: para estimular a concentração e as percepções sensório-motoras da criança.

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genética – isto é, uma teoria do conhecimento centrada no desenvolvimento natural da criança. Segundo ele, o pensamento infantil passa por quatro estágios, desde o nascimento até o início da adolescência, quando a capacidade plena de raciocínio é atingida. As descobertas de Piaget tiveram grande impacto na pedagogia, mas, de certa forma, demonstraram que a transmissão de conhecimentos é uma possibilidade limitada. Por um lado, não se pode fazer uma criança aprender o que ela ainda não tem condições de absorver. Por outro, mesmo tendo essas condições, não vai se interessar a não ser por conteúdos que lhe façam falta em termos cognitivos. Isso porque, para o cientista suíço, o conhecimento se dá por descobertas que a própria criança faz – um mecanismo que outros pensadores antes dele já haviam intuído, mas que ele submeteu à comprovação na prática. Vem de Piaget a ideia de que o aprendizado é construído pelo aluno e é sua teoria que inaugura a corrente construtivista. Educar, para Piaget, é “provocar a atividade” – isto é, estimular a procura do conhecimento. Maria Montessori nasceu em 1870, em Chiaravalle, no norte da Itália, filha única de um casal de classe média. Desde pequena se interessou pelas ciências e decidiu enfrentar a resistência do pai e de todos à sua volta para estudar medicina na Universidade de Roma. Direcionou a carreira para a psiquiatria e logo se interessou por crianças com retardo mental, o que mudaria sua vida e a história da educação. O trabalho desenvolvido pela pedagoga entre crianças especiais, mediante uma experiência prática e fecunda, trouxe, como consequência, o aparecimento de uma Maria Montessori teórica e organizadora de um método geral da educação infantil. Em janeiro de 1907, atendendo a solicitações do Instituto dei Beni Stabili, Montessori abria em um dos novos bairros de trabalhadores a primeira “Casa dos Meninos”, seguida, em pouco tempo, por outra, também situada em Roma. Dali a instituição difundiu-se pela Itália e pelo mundo, com a característica de ser uma instituição independente, organizada por um modo cada vez mais claro e um método original de educação infantil. A filosofia e os métodos elaborados por Montessori procurou desenvolver o potencial criativo desde a primeira infância, associando-o à vontade de aprender - conceito que ela considerava inerente a todos os seres humanos. O método Montessori é fundamentalmente biológico. Sua prática se inspira na nature-


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ÚLTIMAS CONEXÕES/


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A evolução do pensamento pedagógico não pode ser entendido de forma compartimentalizada, mas pautada em conexões entre as diversas épocas e momentos históricos. Acreditamos que esta seja uma forma positiva de trabalhar a história da pedagogia e os fundamentos psicológicos que embasam a prática docente.

BIBLIOGRAFIA/

É necessário prosseguir os estudos sistematizados entre diversos autores de todas as áreas afins e de interesse para a atuação profissional e acadêmica.

BENCINI, R. Grandes pensadores. Anton Makarenko: Educar para o coletivo. 2003. CAMBI, Franco. História da pedagogia. São Paulo: ed. da Unesp, 1999. GADOTTI, Moacir. História das idéias pedagógicas. São Paulo: Ática, 2003. MAHONEY , Abigail Alvarenga e ALMEIDA, Laurinda Ramalho Afetividade e processo ensino-aprendizagem: contribuições de Henri Wallonn Psi.da ed.,São Paulo, 20, 1º sem. De 2005, pp.11-30

NASCIMENTO, Maria Letícia B. P. A criança concreta, completa e contextualizada: a psicologia de Henri Wallon. In: ______. CARRARA, Kester. Introdução à psicologia da educação: seis abordagens. São Paulo: Avercamp, 2004. OLIVEIRA, Marta Kohl. Desenvolvimento e aprendizado. In: _________. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento, um processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione, 2009.

REGO, T. R. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural de educação. São Paulo: Vozes, 1995.

WADSWORTH, Barry. Aplicações. In: _________. Inteligência e afetividade da criança na teoria de Piaget. São Paulo: Pioneira, 1997.

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Compreender as teorias e propostas dos autores clássicos da educação contribui consideravelmente para o entendimento global e sistematizado desses em um contexto amplo e histórico.


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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA DEPARTAMENTO DE FUNDAMENTOS E POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO FUNDAMENTOS HISTÓRICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO II FUNDAMENTOS PSICOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO II


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