Carta - Dia Mundial do Refugiado

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20 de junho, Dia Mundial do Refugiado Fique do lado dos refugiados(as)! Mensagem da Campanha pela Hospitalidade. Hoje, 20 de junho, comemoramos o Dia Mundial do Refugiado. Quem são os refugiados(as)? São pessoas que tiveram que deixar tudo e abandonar o próprio país por conta de risco de vida e de seus familiares, perseguição de grupos armados, insegurança, ameaças por crenças religiosas ou políticas, por origem étnica ou de nacionalidade, por desastre natural ou por conflito generalizado. Podemos imaginar o que significa deixar tudo para trás? Muitas vezes é de forma apressada, sem nenhuma preparação, sem pode despedir-se, com medo da própria vida e de entes queridos, com a dor de deixar tudo que é conhecido e fugir sem rumo, sem saber para onde vai e sem tempo para se lamentar. Dá para imaginar? Deixar parentes e amigos, bens que foram cultivados por gerações, a própria casa, a própria cama... com a ferida de não poder esperar por justiça, de ver que a força se impõe sem respeito pelos direitos das pessoas e das comunidades. Ninguém quer estar nessa situação, mas para os refugiados não há escolha: partir é uma necessidade e uma aposta com a vida para tentar reconstruir um futuro diferente. Partir não é render-se à violência, à morte e ao risco de construir novas relações e uma nova vida em um lugar diferente. É preciso ter coragem para ser um refugiado e uma refugiada. Na América do Sul há mais de 600 mil pessoas que estão nessa situação. Muitos fugiram do conflito na Colômbia e são encontrados na zona Andina, Equador, Venezuela, Peru, chegando até o Chile, Panamá e até aos Estados Unidos. Mas há também um número crescente de pessoas que fogem da violência, da insegurança e do agravamento social na América Central e no México. O terrível terremoto no Haiti em 2010 levou a um novo fluxo de pessoas para a República Dominicana e vários países da América Latina, principalmente o Brasil. Em nosso continente também passam as pessoas que fogem das guerras na Síria, Iraque e Somália, pessoas que se arriscam ao cruzar o Oceano Atlântico para salvar as suas vidas. Se são tantos, por que nós não percebemos os refugiados? Muitas vezes, essas pessoas são invisíveis porque não conseguem integrar-se nas nossas sociedades sob as mesmas condições dos demais e são marginalizados. Um refugiado não é notícia. A televisão ou os jornais falam deles apenas quando há grandes tragédias, mas não nos dizem sobre suas lutas diárias. Por vezes a mídia distorce a imagem do refugiado e o apresenta como ameaça, invasor ou criminoso. A ignorância gera o medo e o medo é um mau conselheiro. De acordo com as leis internacionais, os refugiados têm o direito de serem recebidos em outro país e, em seguida, apreciar o exercício e defesa de seus direitos básicos à educação, trabalho, saúde, segurança, etc... tudo de forma gratuita. No entanto, em nosso continente, o Estado limita cada vez mais o reconhecimento desses direitos e, muitas vezes, os refugiados precisam retornar a seus países de origem, que é um enorme risco para as suas vidas. Os acordos internacionais de reconhecimento de refugiados são insuficientes, porque eles não levam em conta as novas causas e novos atores da violência, que estão forçando muitas pessoas a sair de seus países, como as organizações criminosas, quadrilhas, o clima generalizado de violência, entre outros. É necessário modificar e atualizar a lei para cumprir com sua premissa: oferecer proteção para os refugiados. E nós, sabemos se há refugiados em nossas comunidades, escolas e bairros? Onde e para quem estamos olhando? O Evangelho nos diz claramente a quem devemos olhar e como nos relacionar com os refugiados em Mt 25, 35: "Eu era estrangeiro e me recebestes". O próprio Deus é estrangeiro e nos pede hospitalidade, nos chama para acomodar cada irmão e irmã estrangeira e impotente. Praticar a hospitalidade exige a superação do preconceito, do medo, da desconfiança ou dos interesses egoístas, e abrir-se para a outra pessoa, reconhecendo a sua dignidade, a sua dor e a força a partir da crença de que podemos buscar juntos o bem comum. A hospitalidade supõe uma atitude revolucionária que encurta distâncias entre vizinhos e sugere que outro mundo é possível: um mundo mais humano, fraterno, justo e livre, que conhecemos como o "Reino de Deus", mas que não queremos que fique apenas na esperança, mas em uma construção aqui e agora. Este ano nos recordamos o Dia Mundial do Refugiado quando estamos no meio da festa mundial que é a Copa do Mundo de futebol. Se somos capazes de unir a sociedade em torno de um esporte, somos capazes e devemos nos organizar para melhorar a vida de todas as pessoas que fazem parte de nossas comunidades. Assim, o convite de hoje é para que possamos descobrir os nossos irmãos e irmãs refugiados e tomar uma posição: reconhecê-los, acolhê-los e pedir que seus direitos sejam respeitados. Para que a sociedade seja hospitaleira, Tome partido pelos refugiados(as)!

Para mais informações: www.campañaporlahospitalidad.com

Essa campanha é uma iniciativa de:

www.fealegria.org


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