SUMÁRIO 1.PSEUDODEMÊNCIA DEPRESSIVA: UM RELATO DE CASO ..........................................................6 2.CIRURGIA DE BERGER EM PACIENTE PORTADOR DE CARCINOMA ESCAMOCELULAR DE ESÔFAGO COM METÁSTASE PARA OMBRO: RELATO DE CASO .......................................................14 3.CIRURGIA PEDIÁTRICA DE CRANIOFARIGIOMA: RELATO DE CASO ............................................22 4.SÍNDROME DE GULLO: RELATO DE CASO ..............................................................................31 5.RELATO DE CASO DE PACIENTE COM DIAGNÓSTICO DE NEUROCISTICERCOSE ....................37 6.CORREÇÃO CIRÚRGICA DE FRATURA DE TERÇO MÉDIO DA FACE E USO PÓS-OPERATÓRIO DE KINESIO TAPING: RELATO DE CASO ..........................................................................................44 7.LINFOMA DE HODGKIN EM PACIENTE GRÁVIDA: UM RELATO DE CASO .................................53 8.ADENOCARCINOMA GÁSTRICO TIPO ANEL DE SINETE: UMA COMPARAÇÃO HISTOPATOLÓGICAZ .........................................................................................................................................61 9.ANÁLISE ACERCA DO TRATAMENTO DA PRESBIOPIA, ATRAVÉS DE CIRURGIA REFRATIVA A LASER, EM PACIENTES DE UM HOSPITAL OFTALMOLÓGICO NA PARAÍBA .......................................70 10.FÍSTULA ARTERIOVENOSA SAFENO FEMORAL: UMA ALTERNATIVA PARA HEMODIÁLISE
...78
11.ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DAS VARIAÇÕES DA ARTÉRIA SUBCLÁVIA E DE SEUS RAMOS ....92 12.VARIAÇÕES DA VEIA SAFENA PARVA E SUAS IMPLICAÇÕES CLÍNICAS: ESTUDO ANATÔMICO EM CADÁVER ................................................................................................................................99 13.ECTASIA DE ARTÉRIA CORONÁRIA: ESTUDO ANATÔMICO EM CADÁVER ...............................107 14.PROCEDIMENTO DE COLOCAÇÃO DE DIU EM CADÁVER E SUAS COMPLICAÇÕES ................116 15.ALTERAÇÕES HEPÁTICAS EM CADÁVERES E SUAS CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS ................126 16.DEMONSTRAÇÃO DA ARTROPLASTIA PARCIAL DE QUADRIL EM CADÁVER .........................134 17.VARIAÇÕES ANATÔMICAS DO TRONCO CELÍACO E SISTEMA ARTERIAL HEPÁTICO EM CADÁVERES: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA ..........................................................................................145 18.AVALIAÇÃO DO pH DE POLPAS DE FRUTAS COMERCIALIZADAS NA CIDADE DE JOÃO PESSOA PARAÍBA ....................................................................................................................................157
CAPÍTULO 1 Pseudodemência Depressiva: Um Relato De Caso Resumo A pseudodemência depressiva é uma síndrome demencial causada por fatores psiquiátricos, frequentemente depressivos. Esse quadro se assemelha a síndrome demencial por provocar comprometimento cognitivo, mas os esquecimentos observados na pseudodemência estão associados aos sintomas depressivos. Nos casos dessa patologia quando o quadro clínico é tratado, o déicit cognitivo regride, sendo considerada, por essa razão, uma “pseudo” demência. Assim este estudo tem como objetivo relatar o caso de uma idosa com pseudodemência depressiva, as características clínicas da doença, os fatores neurobiológicos associados ao quadro clínico da idosa, como também estabelecer o diagnóstico de pseudodemência depressiva e a importância do tratamento. Trata-se de um relato de caso cujos dados foram coletados no Centro Médico de Saúde Nova Esperança em João Pessoa-PB com uma paciente idosa com diagnóstico de pseudodemência depressiva. Como instrumento de coleta de dados foram aplicados dois testes: Escala de Depressão Geriátrica (EDG) abreviada com 15 itens e o Miniexame do Estado Mental bem como a análise do prontuário. Muitas das vezes, a depressão na terceira idade vem acompanhada de perdas cognitivas, sendo nestes casos denominada de “pseudodemência depressiva” secundária a episódio depressivo, o que explica a apatia, o retardo psicomotor, a redução da capacidade de concentração, a anedonia e a astenia apresentados pela paciente do referido estudo. Observou-se que ao iniciar o tratamento com antidepressivo, a paciente apresentou melhora dos sintomas cognitivos. Sendo assim, foi diagnosticada com pseudodemência depressiva e a terapêutica foi instituída adequadamente. Porém a recuperação não foi completa, visto que a paciente ainda possui alteração dos exames de avaliação cognitiva. Face à dubiedade para diagnosticar doenças com alterações cognitivas, faz-se essencial que os médicos conheçam a sintomatologia seja especíica ou inespecíica que leva o idoso com quadro de pseudodemência depressiva a procurar assistência e cuidados, averiguando proativamente sinais e sintomas junto da família e seus cuidadores. PALAVRAS-CHAVE: Depressão. Demência. Transtornos mentais.
Iane Alves Lemos1 Enfermeira. Graduanda do curso de Medicina - FAMENE
Luana Gadê Freitas Oliveira de Melo2 Fisioterapeuta. Graduanda do curso de Medicina - FAMENE
Raquel Xavier Rodrigues3 Enfermeira. Graduanda do curso de Medicina - FAMENE
Paulo Emanuel Silva4 Mestre. Professor titular FAMENE | FACENE
06 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
INTRODUÇÃO Depressão e transtornos mentais
do o Manual de Diagnóstico e Estatística
associados são temas abordados desde
da Associação Americana de Psiquiatria
a Antiguidade. Relatam que desde 2600
– DSM IV5, a demência é uma síndrome
a.C. os primeiros documentos já relata-
caracterizada pelo desenvolvimento de
vam esses temas. Entretanto, foi a partir
múltiplos déicits cognitivos, incluindo
dos estudos de Hipócrates (460-370 a.C.)
comprometimento da memória e, pelo
e de seus discípulos que surgiu o conceito
menos, umas das seguintes perturbações
de “melancolia”.
Juntamente com este
cognitivas: afasia, apraxia, agnosia e per-
conceito, surgiu o primeiro critério diag-
turbação do funcionamento executivo
nóstico para a condição, que propunha:
com intensidade suiciente para interferir
“se a tristeza persiste, então é melanco-
no desempenho social ou proissional do
lia¹”.
indivíduo. Desse modo, causando danos A apreensão em determinar critéri-
os para diagnosticar os transtornos men-
irreversíveis na qualidade de vida do paciente.
tais vem beneiciando e consolidando as
A pseudodemência depressiva é
pesquisas epidemiológicas. Dessa forma,
uma síndrome demencial causada por
observa-se que a depressão é uma sín-
fatores
drome frequente e pode levar a diversos
depressivos. Esse quadro se assemelha
impactos na vida do indivíduo, incluindo
a síndrome demencial por provocar com-
sofrimento e prejuízos ao desempenho
prometimento cognitivo, mas os esqueci-
social. Estudos internacionais relatam
mentos observados na pseudodemência
que a depressão é um dos principais fa-
estão associados aos sintomas depres-
tores associados à ideação suicida².
sivos. Nos casos de pseudodemência
A
depressão
comumente
psiquiátricos,
frequentemente
pro-
depressiva quando o quadro clínico é
duz um déicit de memória, especial-
tratado, o déicit cognitivo regride, sendo
mente após os 40 anos, e esse agravo de
considerada, por essa razão, uma “pseu-
memória do depressivo pode ser confun-
do” demência6.
dido com um quadro inicial de demência.
Diante do exposto, esse trabalho
Essa confusão depressão-demência pode
teve como objetivo relatar o caso de uma
ser maior ainda, levando-se em conta o
idosa com pseudodemência depressiva,
fato da depressão, constantemente, ter
apresentando as características clínicas
características atípicas nos idosos³.
da patologia, identiicando os fatores
Após os 60 anos, as diiculdades de
neurobiológicos associados ao quadro
memória e/ou cognitivas podem ser tão
clínico e estabelecendo a importância do
evidentes que chegam a levantar sus-
tratamento.
peita de um quadro
demencial4.
Segun-
07 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
METODOLOGIA Trata-se de um relato de caso re-
do Estado Mental 8, bem como a análise
alizado com paciente idosa com diag-
do prontuário. Os dados foram anali-
nóstico de pseudodemência depressiva.
sados num enfoque qualitativo, sendo
O acompanhamento do caso ocorreu
confrontados com outros estudos, ob-
no ambulatório de Geriatria, do Centro
tidos por meio da utilização de bases
Médico de Saúde Nova Esperança, situ-
de dados virtuais como Scielo, Lilacs,
ado no Bairro Gramame, em João Pes-
Medline e BVS. O estudo foi realizado
soa-PB. Como instrumento de coleta
após aprovação no Comitê de Ética em
de dados foram aplicados dois testes:
Pesquisa das Faculdades de Enferma-
Escala de Depressão Geriátrica (EDG),
gem e Medicina Nova Esperança (CAAE:
abreviada com 15 itens 7 e o Miniexame
82389418.1.0000.5179).
RELATO DO CASO Paciente de 78 anos, sexo femini-
zou a labilidade emocional da mãe com
no, viúva há 43 anos, assistente social
a ocorrência de “choro fácil”, sendo
aposentada. Compareceu ao consultório
confirmada pela própria paciente, bem
de geriatria acompanhada por sua filha,
como a presença de lapsos de memória
que relatou que sua mãe se mostrava
anterógrada episódicos e lentidão psi-
apática, com redução da capacidade
comotora. Sublinha-se a valorização de
de concentração, anedonia e astenia
todo o quadro sintomático por parte da
com um mês de evolução, quadro que
paciente ao longo da consulta, mostran-
teve início um mês após a artroplastia
do-se triste principalmente ao perceber
realizada no quadril esquerdo. Anterior-
seus déficits de memória.
mente à sintomatologia, era completa-
À data da consulta, a paciente
mente independente para atividades de
detinha discurso escasso, respondendo
vida diária (AVD’s) instrumentais.
apenas ao que lhe era questionado. Foi
De forma progressiva, deixou de
ainda averiguada alteração do padrão
participar nas tarefas de casa (cozinhar,
do sono, assinalando-se maior sonolên-
arrumar, lavar e passar roupa), não que-
cia diurna (que a doente relativiza) e in-
ria sair de casa e, quando fazia, que-
sônia noturna. A filha reforça que a mãe
ria logo retornar, evidenciando falta de
sempre se mostrou muito ativa no meio
interesse e não limitação física, já que
familiar, encontrando-se muito preocu-
estava recuperada funcionalmente da
pada com o atual estado da progenitora.
artroplastia de quadril. A filha enfati-
08 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
Como comorbidades, apresentava:
roupa.
hipertensão arterial sistêmica - contro-
Na avaliação da mobilidade, consta-
lada com Betalor (anlodipino 5mg + ate-
tou-se distúrbio da marcha, com timed up and
notol 50mg), pré-diabetes, hipotireoidismo
go test de 13 segundos, marcha de base nor-
- controlado com Puran T4 (levotiroxina
mal e com equilíbrio. O exame físico não mos-
100mcg). Possui obesidade grau I e espo-
trou outras alterações, não sendo observado
radicamente faz reeducação alimentar. Até
alterações visuais, auditivas ou orais na paci-
então sem sinais de lesão em órgãos-al-
ente. Foram colocadas como hipóteses mais
vo. Foi relatada história de incontinência
prováveis de diagnóstico: quadro depressivo
urinária crônica de esforço. No que diz
com declínio cognitivo ou processo demencial
respeito aos seus antecedentes pessoais,
inicial com sintomas depressivos.
não registava qualquer evento cardíaco ou
A propedêutica englobou hemograma,
cerebrovascular anterior, bem como pa-
função renal, sorologia para síilis, função
tologia psiquiátrica prévia. Foram excluí-
tireoideana, dosagem sérica de vitamina
dos hábitos alcoólicos e abuso de drogas.
B12 e ácido fólico e eletrólitos séricos, além
Foram excetuados quaisquer antecedentes
de tomograia computadorizada de crânio.
familiares de demência/depressão maior.
A paciente e sua ilha retornam pouco tem-
Relativamente a fatos recentes, não se
po depois, com Tomograia crânio-encefálica
reconheceram outras alterações do am-
mostrando microangiopatia degenerativa in-
biente familiar, com os quais a paciente
cipiente da substância branca e alterações
mantém boa relação.
cerebrais involutivas, tendo sido excluídas
Ao exame objetivo apresentava-se
causas reversíveis/orgânicas que justiicassem
corada, hidratada, apirética e normoten-
o respetivo quadro clínico (nomeadamente,
sa. Destaca-se, no entanto, a hipomimia
quadros infecciosos, desregulação metabóli-
(ausência de expressão facial) e ainda
ca, desequilíbrios eletrolíticos ou síndroma de
ligeira perda ponderal (2,5Kg), sendo a di-
privação). Pelo predomínio dos sintomas de-
minuição do apetite percepcionado pela
pressivos, a doente inicia prova terapêutica
cuidadora e pela própria paciente.
com Mirtazapina (Razapina®), antidepressivo
• 1ª Avaliação cognitiva (escolarida-
tetracíclico que difere dos demais por agir au-
de – mais de 11 anos de estudo):
mentando diretamente a quantidade de sero-
Minimental8:
tonina e noradrenalina entre os neurônios.
22/30;
Teste do relógio: Não representou todos os
A paciente foi reavaliada um mês após
números, dígito e hora incorretos;
o início da medicação, e foi observada melho-
Escala de Depressão Geriátrica7: 4.
ra cognitiva com o aumento da pontuação do
• Funcionalidade
miniexame do estado mental, atingindo 26
Independência para AVDs básicas. Depen-
pontos. Houve melhoria signiicativa do hu-
dência incompleta para AVDs instrumen-
mor, tendo retomado as suas atividades in-
tais – passou não cozinhar, lavar e passar
strumentais e de lazer. O desempenho funcio-
09 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
nal e a memória anterógrada melhoraram
Minimental8: 26/30;
progressivamente. Atualmente, mantém
Teste do relógio: pequenos erros espaciais,
terapêutica com estabilidade do quadro
dígito e hora corretos;
sintomático e cognitivo. O diagnóstico foi
Escala de Depressão Geriátrica7: 2.
de pseudomência depressiva, porém será
• Funcionalidade
mantido o seguimento cuidado e periódico
Independência para AVDs básicas. De-
da doente.
pendência incompleta para AVDs instru-
• 2ª avaliação cognitiva (escolaridade – mais de 11 anos de estudo):
mentais – voltou a cozinhar, lavar e passar roupa.
DISCUSSÃO O termo “demência” caracteriza sín-
mento do diagnóstico deste caso.
dromes de etiologias diversas, cujo aspecto
Estudos internacionais indicam que
fundamental é o prejuízo da memória, acom-
a depressão na terceira idade pode estar
panhado de, pelo menos, uma outra função
presente em cerca de 10% da comunidade
cognitiva (linguagem, praxia, gnosia ou
geriátrica e em 40% dos idosos internados nos
funções executivas), a ponto de comprome-
hospitais, unidades de cuidados continuados
ter o funcionamento ocupacional ou social e
e residências sénior10. Muitas vezes, a de-
representar declínio em relação ao nível an-
pressão na terceira idade vem acompanhada
teriormente superior de
funcionamento11.
de perdas cognitivas, sendo nestes casos de-
Dentre as patologias que se asse-
nominada de “pseudodemência depressiva”
melham ao quadro demencial está a
secundária a episódio depressivo, o que expli-
Pseudodemência Depressiva a qual, as-
ca a apatia, o retardo psicomotor, a redução
sim como a Demência, leva ao compro-
da capacidade de concentração, a anedonia e
metimento das funções cognitivas com
a astenia apresentados pela paciente do referi-
repercussões em AVDs. Mas, existem car-
do estudo.
acterísticas diferenciais que permitem o
A depressão não é uma consequên-
diagnóstico e adequado manejo do porta-
cia natural do envelhecimento. A maioria dos
dor da Pseudodemência Depressiva como
idosos, que recorre aos cuidados de saúde
observar que seu gatilho pode ser provo-
primários, priorizam as queixas somáticas em
cado por um traumatismo psíquico fun-
detrimento do sentimento de tristeza que facil-
cional e não por uma causa neurológica
mente é reprimido. Por outro lado, poder-se-á
como ocorre na demência e, além disso,
estar a tratar pseudodemências em virtude
tem como ponto importante a sua revers-
de alterações cognitivas, potencialmente re-
ibilidade ao iniciar
tratamento9.
E esta
versíveis com tratamento antidepressivo/
reversibilidade foi primordial para o fecha-
psicoterapia. Em muitos casos, o quadro de
10 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
deterioração cognitiva, associado a sintomas
síndrome com outras causas secundárias,
depressivos, pode ser estabilizado ou regredir
permitindo o melhor direcionamento di-
antidepressivo9.
agnóstico. Ressaltando-se que a clínica
Conirmando o que o autor relatou nesse
sempre é soberana em detrimento aos
contexto, observou-se que ao iniciar o
estudos radiológicos e laboratoriais.
apenas com tratamento
tratamento com antidepressivo, a paci-
Instrumentos de avaliação geriátrica
ente apresentou melhora dos sintomas.
são importantes e decisivos no diagnósti-
Sendo assim, a terapêutica foi instituída
co diferencial. Eles abordam sentimentos
adequadamente.
e comportamentos que decorreram na úl-
A colheita de uma história clíni-
tima semana, avaliação funcional como
ca e exame físico são igualmente es-
capacidade para banhar-se, vestir-se, ir ao
senciais sempre que há suspeita de de-
banheiro, ou seja, atividades da vida diária
pressão/défice
no
básicas e biopsicossocialmente integradas7.
idoso. Os exames laboratoriais devem
Estas escalas foram aplicadas na paciente
incluir hemograma, ionograma sérico
objetivando determinar as fragilidades da
(para despiste de alterações eletrolíti-
mesma, principalmente com relação à sua
cas), glicose em jejum (para exclusão
capacidade funcional, objetivando o plane-
de diabetes e hipoglicemias em jejum,
jamento do cuidado e o acompanhamento.
cognitivo/demência
inclusive), função renal, hepática e tiroi-
A paciente do presente estudo apre-
deia, vitamina B12 e folatos, cálcio e se-
sentou melhora rápida e importante das
rologias para sífilis (nível de evidência
funções cognitivas. Talvez a recuperação
C, grau de recomendação. A avaliação
não tenha sido completa, visto que a
integral do doente deve merecer ainda a
paciente ainda apresenta alteração dos
avaliação imagiológica estrutural, através
exames de avaliação cognitiva. Trata-se,
de TAC cerebral, devido ao menor custo e
portanto, de uma paciente que recuperou
maior disponibilidade deste exame11. De
parcialmente a cognição e funcionalidade,
acordo com relato de caso, a paciente foi
após o tratamento farmacológico, evoluin-
submetida aos exames acima descritos,
do positivamente à terapêutica e que con-
justamente para fazer a exclusão desta
tinuará sendo acompanhada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Face a dubiedade para diagnosticar
e cuidados, averiguando proativamente
doenças com alterações cognitivas, faz-se
sinais e sintomas junto da família e seus
essencial que os médicos conheçam a sin-
cuidadores. Neste contexto, o proissional
tomatologia, seja especíica, ou inespecíi-
médico pode explorar os principais sinais e
ca, que leva o idoso com quadro de pseudo-
sintomas destacados pelo paciente, insti-
demência depressiva a procurar assistência
tuindo um plano de tratamento precoce,
11 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
impedindo que a patologia avance e deixe
compreensão da patologia, bem como o seu
sequelas.
tratamento, auxiliando os proissionais na
Como benefícios, o estudo retratou a
condução de casos clínicos semelhantes.
DEPRESSIVE PSEUDODEMENTIA: A CASE REPORT ABSTRACT Depressive pseudodementia is a dementia syndrome caused by psychiatric factors, commonly depressive. This picture resembles the dementia syndrome because it causes cognitive impairment, but the forgetfulness observed in pseudodementia is associated with depressive symptoms. In cases of this pathology when the clinical picture is treated, the cognitive deicit regresses, being considered, for this reason, a “pseudo” dementia. Thus, this study aims to report the case of an elderly woman with depressive pseudodementia, the clinical characteristics of the disease, the neurobiological factors associated with the clinical picture of the elderly, as well as to establish the diagnosis of depressive pseudodementia and the importance of the treatment. This is a case report which data were collected at Nova Esperança Health Medical Center in João Pessoa-PB with an elderly patient with a diagnosis of depressive pseudo-dementia. As a data collection instrument, two tests were applied: Geriatric Depression Scale (EDG) with 15 items and Miniexame of the Mental State as well as the analysis of the medical record. Often, depression in the third age is accompanied by cognitive losses, being in these cases denominated “depressive pseudodementia” secondary to depressive episode, which explains the apathy, the psychomotor retardation, the reduction of the capacity of concentration, anhedonia and the asthenia presented by the patient of this study. It was observed that on initiation of antidepressant treatment, the patient presented improvement of the cognitive symptoms. Thus, she was diagnosed with depressive pseudodementia and the therapy was properly instituted. However, the recovery was not complete, since the patient still has altered cognitive evaluation exams. Faced with the dubiety to diagnose diseases with cognitive alterations, it is essential that the doctors know the speciic or unspeciic symptomatology that leads the elderly with depressive pseudodementia to seek assistance and care, proactively inding signs and symptoms with the family and their caregivers. KEYWORDS: Depression. Insanity. Mental disorders.
12 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
REFERÊNCIAS 1. Stefanis C, Stefanis N. Diagnóstico dos
7. Yesavage JA, Brink TL, Rose TL, Lum
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nos Depressivos. 2. ed. Porto Alegre: Ar-
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garrondo P, Marin-León L. Suicidal be-
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havior in the community: Prevalence and
grading the cognitive state of patients
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13 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
CAPÍTULO 2 CIRURGIA DE BERGER EM PACIENTE PORTADOR DE CARCINOMA ESCAMOCELULAR DE ESÔFAGO COM METÁSTASE PARA OMBRO: RELATO DE CASO Resumo O Carcinoma Escamocelular (CEC) é tipo histológico mais frequente do câncer esofágico e, em geral, exibe prognóstico reservado. Manifesta-se clinicamente através de disfagia progressiva, odinofagia, anemia, perda ponderal e relaciona-se com tabagismo, alcoolismo, ingestão de bebidas quentes, bem como com radioterapia prévia. Apresenta duas formas terapêuticas distintas, radioterápica e cirúrgica, sendo esta última caracterizada pela Cirurgia de Berger (CB), uma desarticulação interescapulotorácica. Este trabalho teve por objetivo relatar um caso clínico peculiar de CB como tratamento de sítio metastático de paciente com CEC em esôfago e metástase para ombro. F.S.S., masculino, 65 anos, deu entrada no ambulatório de cirurgia oncológica do Hospital Napoleão Laureano, apresentando queixa de disfagia e volumosa tumoração em ombro direito com extensão para deltoide e manguito rotador. A endoscopia digestiva alta (EDA) prévia, apresentava duas lesões neoplásicas, sendo, portanto, solicitada imuno-histoquímica. Indicou-se a CB e postergou-se o tratamento do CEC esofágico. Paciente evoluiu estável, sem sinais de infecção pós-operatória. Após retorno ambulatorial, apresentava-se sem queixas, sendo encaminhado ao serviço de radioterapia para abordagem terapêutica da neoplasia esofágica. O CEC é mais comum nas porções proximal e média do esôfago, sendo a região distal o local acometido no caso relatado. Apesar dos sintomas clínicos, tem-se descoberto um crescente número de casos assintomáticos, identiicados através da EDA. O tratamento cirúrgico consiste na amputação do membro superior, junto com a escápula e a clavícula, sendo justiicado pela invasão metastática das estruturas do manguito rotador e do deltoide. Com seu alto poder iniltrativo e de disseminação metastática, o CEC de esôfago manifesta um prognóstico sombrio, cujo tratamento, baseado no caso relatado, fundamenta-se na desarticulação interescapulotorácica. PALAVRAS-CHAVE: Carcinoma de Células Escamosas. Oncologia Cirúrgica.
Flávio de Pádua Brito de Figueiredo Almeida1 Graduando de Medicina - FAMENE 2
Taiane Oliveira Lima de Andrade Silva
Graduando de Medicina - FAMENE 3
Felizardo Cordeiro Neto
Graduando de Medicina - FAMENE
Lucas Pereira Reichert4 Graduando de Medicina - FAMENE
Davi Lima Medeiros5 Graduando de Medicina - FAMENE 6
Fernando Salvo Torres de Mello
Mestre em Cirurgia pela UFPE. Professor da graduação em Medicina da FAMENE
14 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
INTRODUÇÃO O câncer de esôfago é o terceiro
esofágico, apesar dos avanços, a sobrev-
câncer mais comum do trato digestivo
ida a longo prazo, mesmo com ressecção
e representa cerca de 2% dos tumores
completa, vem desagradando. Em con-
malígnos1.
trapartida,
O prognóstico é reservado, com
taxa de sobrevida de 15% em cinco
anos2.
O Carcinoma Escamocelular (CEC)
a
radioterapia
apresenta
bons resultados como tratamento definitivo ou neo-adjunvante3.
esofágico é o tipo histológico mais comum
A amputação interescapulotorácica,
e apresenta, geralmente, prognóstico ruim
ou Cirurgia de Berger (CB), é uma cirurgia
em virtude do seu alto poder iniltrativo
ablativa e radical que envolve a ressecção
com possiblidade de metástase, além de,
de todo o membro superior, junto com a
frequentemente, ter diagnóstico em está-
escápula e um segmento da clavícula4,5.
gio avançado1. Acomete principalmente os
A CB foi originalmente descrita no início
segmentos médio e inferior do esôfago e
do século XIX, sendo, a priori, empregada
tem predomínio no sexo masculino a par-
para tratar lesões traumáticas severas das
tir dos cinquenta anos. As manifestações
extremidades superiores6-13. Atualmente,
clínicas incluem a disfagia progressiva,
a indicação mais frequente desse procedi-
odinofagia, anemia, emagrecimento, entre
mento é para o tratamento de grandes tu-
outras3.
mores malignos do membro superior, axila,
Entre os fatores de risco do CEC
ombro e escápula, intimamente ligados aos
esofágico, destaca-se o tabagismo, al-
nervos principais ou ao suprimento vascular
coolismo, bebidas quentes, exposição à
do membro. As contraindicações principais
nitrosaminas, deficiência de micronutri-
são as metástases à distância e os grandes
entes, infecção pelo papiloma vírus hu-
envolvimentos da parede torácica6-13.
mano, radioterapia prévia, neoplasias de
A amputação da extremidade afe-
cabeça/pescoço tratadas previamente,
tada foi considerada, durante anos, como
acalasia idiopática, megaesôfago cha-
padrão para tratar e curar pacientes com
gásico e estenose cáustica prévia3.
sarcomas ósseos e de partes moles dos
A endoscopia digestiva alta, asso-
membros. Entretanto, recentes avanços
ciada à técnica de cromoscopia, que se
nas técnicas conservadoras dos membros
utiliza de solução de lugol para corar as
têm reduzido o número de amputações de
células escamosas, é método eicaz para
grande porte para tumores da extremidade
o rastreamento da neoplasia
esofagiana2.
Com o complemento da biópsia, constitui
superior14. A
amputação
interescapulotoráci-
o mais eiciente método para diagnóstico
ca, apesar da morbidade, é um proced-
do câncer de esôfago3.
imento cirúrgico eventual, e a sua apli-
No tratamento cirúrgico do CEC
cação limita-se a casos que não permitem
15 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
uma abordagem conservadora, ou a pa-
tratamento de sítio metástatico de paci-
cientes com tumores recorrentes sem
ente com apresentação de CEC em esôfa-
conservador15.
go e metástase para ombro, após trata-
Este estudo tem como objetivo
mento prévio de CEC de base de língua
relatar um caso peculiar e incomum de
com radioterapia exclusiva; avaliando as
realização de Cirurgia de Berger (desar-
características clínicas, a evolução, o di-
ticulação
agnóstico e o tratamento da afecção.
resposta
ao
tratamento
interescapulotorácica)
como
RELATO DO CASO
F.S.S., masculino, 65 anos, deu en-
cas foi postergada, devido ao tratamento
trada no ambulatório de cirurgia oncológica
da lesão de partes moles. Indicou-se a re-
do Hospital Napoleão Laureano, sediado na
alização da desarticulação interescápu-
cidade de João Pessoa (PB), apresentando
lo torácica direita, chamada Cirurgia de
queixa de disfagia para sólidos, há aproxi-
Berger, com reconstrução com retalho
madamente dois meses. Apresentava uma
miocutâneo e autoenxertia de pele total.
endoscopia digestiva alta, (EDA) prévia,
Descrição do procedimento cirúr-
que identiicava lesão ulcerada iniltrativa,
gico: 1) Incisão anterior sobre a clavícula
endurecida em esôfago distal a cerca de
direita em direção à axila, prolongando-se
22cm da arcada dentária superior (ADS),
posteriormente sobre a escápula e encon-
além de uma segunda lesão arredonda-
trando-se a incisão anterior. 2) Confecção
da e ulcerada a aproximadamente 25cm
dos retalhos dermoepidérmicos bilateral-
da ADS. O anatomopatológico evidenciou
mente. 3) Secção da musculatura do gran-
Neoplasia
Pequenas
de dorsal, posteriormente, e do peitoral,
Células em ambas as lesões. Então, foi re-
anteriormente. 4) Dissecção retroescapu-
alizada imuno-histoquímica com resultado
lar. 5) Osteotomia e secção da clavícula di-
negativo para malignidade. Solicitou-se
reita com serra de Gigle. 6) Identiicação,
nova imuno-histoquímica que diagnosticou
isolamento, ligadura e secção da v. sub-
CEC. Além disso, o paciente queixava-se
clávia direita e a. subclavia direita. 7) Dis-
de volumosa tumoração em ombro direito
secção da artéria carótida interna em sua
há seis meses, de crescimento rápido e in-
extensão torácica e cervical. 8) Amputa-
dolor, sem ulcerações ou alteração da pele
ção da peça operatória contendo a cintura
ao redor. Foi solicitada ressonância mag-
escapular e o membro superior direito em
nética, a qual evidenciou formação expan-
monobloco. 9) Hemostasia. 10) Drenagem
siva de partes moles com extensão para os
com dreno portovac. 11) Síntense da pele
ventres musculares do manguito rotador e
com Nylon 3-0. 12) Reconstrução com re-
deltoide. A terapêutica das lesões esofági-
talho miocutâneo e auto-enxertia de pele
Indiferenciada
de
16 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
total na área central da ferida, retirado da
em unidade hospitalar durante cinco dias.
face lateral do quadril ipsilateral. 13) Cura-
Após a retirada do curativo de Brown, foi
tivo de Brown. 14) Curativo simples no res-
identiicado retalho pálido, com áreas de
tante da ferida.
equimose, com pouca perfusão e sem de-
Os aspectos morfológicos do es-
limitação de necrose. No retorno para ava-
tudo anatomopatológico, associados aos
liação pós-operatória, o paciente apresen-
achados imuno-histoquímicos da peça ci-
tava-se sem queixas, foi, então, realizado
rúrgica, são condizentes com o diagnósti-
desbridamento de áreas não viáveis do
co de CEC Pouco Diferenciado. O paciente
enxerto e encaminhamento à radioterapia
evoluiu estável, sem queixas ou sinais de
para tratamento de CEC de esôfago.
infecção em pós-operatório. Permaneceu
DISCUSSÃO
O carcinoma de células espinho-
de perda sanguínea. Entretanto, está
sas é a neoplasia maligna mais comum
sendo descoberto um crescente número
da boca, sendo responsável por 95% de
de casos assintomáticos, somente diag-
todos os cânceres da cavidade oral. É ori-
nosticados através da endoscopia diges-
undo do epitélio de revestimento, sendo
tiva alta de rastreamento18,19.
mais frequente em homens entre a 5ª e
CEC de boca e de esôfago raramente
7ª década de vida. Corresponde a 10% de
apresentam metástases na região do ombro
todas as neoplasias registradas no Brasil
19,20,21,22. A principal via de disseminação do
em 2006, com o registro de 13.470 novos
CEC de boca é a linfática, com predomínio
casos. Os locais mais comuns de surgi-
de metástases regionais a nível do pescoço.
mento do tumor são a língua, predomi-
Já o CEC de esôfago, por poder disseminar
nantemente na borda lateral, no assoalho
tanto por via linfática quanto hematogênica,
da boca e no lábio inferior, o que foi con-
além de por contiguidade, tende a invadir as
dizente com o caso do paciente16,17.
estruturas do mediastino, mas pode enviar
Já o CEC é responsável por aproxima-
metástase à distância (ex.: pulmão)19,20,21.
damente 90% dos casos de câncer esofági-
A amputação interescapulotorácica
co no mundo, sendo sua apresentação
(cirurgia de Berger), apesar da morbidade,
mais frequente nas porções proximal e
é um procedimento cirúrgico eventual e
média do órgão. Apesar disso, o paciente
a sua aplicação limita-se a casos que não
apresentava neoplasia na porção distal
permitem uma abordagem conservadora,
do esôfago. As manifestações clínicas
ou a pacientes com tumores recorrentes
mais comuns incluem a disfagia progres-
sem resposta ao tratamento conservador,
siva, perda ponderal, assim como sinais
especialmente se houver invasão do feixe
17 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
vásculo-nervoso da região. Consiste na
escapular. Nesse procedimento, as recidivas
amputação do membro superior, junto com
são comuns, devido às margens cirúrgicas,
a escápula e a
clavícula22.
frequentemente comprometidas22,23.
O procedimento cirúrgico é realizado
No caso citado, devido ao com-
com o paciente em decúbito lateral, com
prometimento da cintura escapular, foi
uma incisão medialmente à articulação es-
necessário realizar a desarticulação por
ternoclavicular, estendendo-se lateralmente
causa da invasão das estruturas do man-
ao longo da clavícula, seguindo inferior-
guito rotador, evidenciada na ressonân-
mente ao redor da axila até a linha axilar
cia magnética. O laudo da anatomia
posterior. Uma segunda incisão é feita na
patológica revelou margens cirúrgicas
porção superior da articulação esternocla-
livres (diferente do que revela a literatu-
vicular, contornando o acrômio até alcançar
ra), além da confirmação de CEC pouco
a incisão inicial. Depois, inicia-se a dissecção
diferenciado. Após a cirurgia, o paciente
das estruturas até atingir a articulação ester-
evolui bem, sem queixas e iniciou a ra-
noclavicular, que é desarticulada, e a secção
dioterapia para o tratamento do CEC de
dos músculos do manguito rotador, sepa-
esôfago.
rando assim o membro superior da cintura
CONSIDERAÇÕES FINAIS O CEC de esôfago com sua alta capacidade iniltrativa e de desenvolver metástases
truturas do manguito rotador, fez-se mister a desarticulação interescapulotorácica.
revela um prognóstico reservado. Viu-se que
Este relato apresenta relevância para
radioterapia prévia é considerada um dos prin-
o meio cientíico, visto que, expondo tal uso
cipais fatores de risco para desenvolvimento
peculiar da cirurgia de Berger, estudantes
do tumor, o que pode ser comprovado através
e proissionais da medicina poderão com-
do caso descrito. Além disso, percebeu-se
preender mais um exemplo prático das indi-
que a CB é utilizada em situações especiais,
cações desse procedimento cirúrgico, apli-
como o relatado neste trabalho. Uma vez que
cando os conhecimentos adquiridos, quando
a metástase alcançou o ombro e invadiu as es-
necessário, em suas atividades médicas.
18 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
BERGER SURGERY IN PATIENT WITH ESOPHAGEAL SQUAMOUS CELL CARCINOMA WITH SHOULDER METASTASIS: CASE REPORT
ABSTRACT The Esophageal Squamous Cell Carcinoma is the most frequent histological type of esophageal cancer and, in general, exhibits a reserved prognosis. It manifests clinically through progressive dysphagia, odynophagia, anemia, weight loss and is related to smoking, alcoholism, hot drinks intake, as well as previous radiotherapy. It presents two distinct therapeutic forms, radiotherapeutic and surgical, the latter being characterized by Berger’s Surgery, an interscapulothoracic disarticulation. This study aimed to report a peculiar clinical case of Berger Surgery as treatment of metastatic site of patient with Esophageal Squamous Cell Carcinoma and metastasis to the shoulder. F.S.S., male, 65 years old, was admitted to the oncology surgery clinic of the Napoleão Laureano Hospital, presenting a complaint of dysphagia and a massive tumor in the right shoulder with extension to the deltoid and rotator cuf. At the upper gastrointestinal endoscopy, there were two neoplastic lesions and immunohistochemistry was therefore required. Berger Surgery was indicated and treatment of esophageal carcinoma was postponed. Patient progressed steadily, with no signs of postoperative infection. After return, he presented no complaints and was referred to the radiotherapy service for a therapeutic approach to esophageal neoplasia. The Esophageal Squamous Cell Carcinoma is more common in the proximal and middle portions of the esophagus, with the distal region being the site afected in the reported case. Despite clinical symptoms, a growing number of asymptomatic cases have been identiied through upper gastrointestinal endoscopy. Surgical treatment consists of amputation of the upper limb, along with the scapula and clavicle, being justiied by the metastatic invasion of the rotator cuf and deltoid structures. With its high iniltrative power and metastatic dissemination, the Squamous Cell Carcinoma of the esophagus manifests a gloomy prognosis, which treatment, based on the case reported, is based on the interscapulothoracic disarticulation. KEYWORDS: Squamous cell carcinoma. Surgical oncology.
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19 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
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21 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
CAPÍTULO 3 CIRURGIA PEDIÁTRICA DE CRANIOFARIGIOMA: RELATO DE CASO Resumo Craniofaringiomas são malformações raras da área selar ou paraselar que, na maioria das vezes, não são letais, mas que ocasionam uma perda progressiva da qualidade de vida do paciente, devido ao acometimento de estruturas anatomicamente próximas. O tratamento é principalmente cirúrgico, com a ressecção do tumor e, normalmente, traz resultados satisfatórios, mas também pode trazer sequelas irreversíveis para o indivíduo, como a diabetes insipidus. A radioterapia pode ser um tratamento complementar, porém, apesar de eicaz e menos invasiva, traz vários riscos de complicações, principalmente em crianças. O presente estudo tem como objetivo relatar um caso de paciente pediátrico com craniofaringioma e hidrocefalia moderada que apresentava cefaleia, subdesenvolvimento físico grave, leucocitose e hipertensão ocular ao procurar o serviço de saúde. A partir da ressonância magnética, o paciente recebeu o diagnóstico de um craniofaringiomade aspecto sólido-cístico que ocupava as cisternas suprasselar e interpeduncular medindo 5,2 x 4,7 x 4,6 cm nos diâmetros anteroposterior, laterolateral e craniocaudal, respectivamente. Foi indicado o tratamento cirúrgico fazendo uso das técnicas de neuroendoscopia e do cateter de Ommaya. No pós-operatório, o paciente encontrava-se lúcido e orientado no tempo e no espaço e sem sequelas importantes. PALAVRAS-CHAVE: Craniofaringioma. Hidrocefalia. Neuroendoscopia.
Ilary Gondim Dias Sousa1 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Bianca Marinho Costa Sales2 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Taynah Leite Dantas3 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Ana Christina Ferreira Costa4 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Cláudia Barros Gonçalves da Silva5 Docente da Faculdade de Medicina - FAMENE
22 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
INTRODUÇÃO Craniofarigiomas são malformações
pois a radiação diminui o risco de crescimento
raras da área selar ou paraselargeralmente
tumoral se a ressecção total do tumor não for
não letais. Entretanto, existe uma piora na
possível. Apesar de eicaz e menos invasiva,
qualidade da vida do paciente, devido ao
a radioterapia traz vários riscos de compli-
acometimento das estruturas anatomica-
cações, principalmente em crianças, como ra-
mente próximas, como o quiasma/nervo óp-
dionecrose, surdez, epilepsia, hipopituitarismo
tico e o eixo hipotalâmico-hipoisário1.
secundário e tumores radioinduzidos2.
O tratamento indicado é na maioria das
Independentemente
do
tratamen-
vezes cirúrgico, podendo haver radioterapia
to escolhido, há altas chances do paciente
complementar. A cirurgia traz sequelas impor-
desenvolver deiciência hormonal do hormô-
tantes para o indivíduo, uma vez que 37.5%
nio do crescimento, substância importante
dos pacientes apresentaram casos de diabe-
para o desenvolvimento saudável do paci-
tes
insipidus2.
ente pediátrico3. O presente estudo teve
Além disso, 24.5% dos pacientes re-
como objetivo relatar um caso de cirurgia
lataram reaparecimento do tumor dentro de
de craniofarigioma em paciente pediátrico.
um período de 5 a 10 anos. Esse número está
O estudo foi realizado após aprovação no
relacionado com o fato de, muitas vezes, não
Comitê de Ética em Pesquisa das Faculdades
haver a completa retirada do tumor. Nesses
de Enfermagem e Medicina Nova Esperança
casos, é possível recomendar a radioterapia,
(CAAE: 79720017.3.0000.5179).
RELATO DO CASO Um menino de 14 anos foi encaminha-
mento importante do número de neutrói-
do ao hospital, devido a um histórico de ce-
los segmentados: valor máximo de 10.804/
faleia durante 3 meses antes da internação
mm3 (VR - 1.350 a 5.400/mm3). Os demais
e ao subdesenvolvimento físico grave. Asso-
exames de sangue, com achados normais ou
ciadamente, apresentou náuseas, vômitos e
negativos, incluíram contagem hematológica
tontura. Ao examinar mais detalhadamente,
completa, taxa de segmentação eritrocitária,
foram detectados aumento da pressão ocu-
análise de urina, teste do tempo de coagu-
lar, edema de fundo de olho e aumento de
lação sanguínea e enzimas hepáticas. A Res-
proteínas no líquido cerebrospinal: 69 mL/
sonância Magnética Nuclear (RMN) mostrou
dL (valor de referência (VR) - 15 a 45 mg/
a presença de uma lesão expansiva selar/
dL). Além disso, observaram-se alterações
suprasselar de aspecto sólido-cístico, pre-
nos 3 leucogramas realizados, com um au-
dominantemente cístico, que ocupava as
23 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
cisternas suprasselar e interpeduncular,
média. Em seguida, durotomia, corticec-
medindo 5,2 x 4,7 x 4,6 cm nos diâmetros
tomia e punção ventricular com endosco-
anteroposterior, laterolateral e craniocau-
pia. Com o acesso ao ventrículo lateral foi
dal, respectivamente (Figuras 1 e 2). Vale
feita a retirada do tumor e, por im, foi im-
ressaltar a ausência de história de câncer
plantado o cateter de Omaya e realizado o
na família. Devido ao tumor, diagnosticado
fechamento com surgicel e cola biológica.
como um craniofaringioma, foram também
No pós-cirúrgico, foi realizado o monitora-
observadas hipertensão intracraniana e hi-
mento de TSH, T4L, ACTH e cortisol (sem
drocefalia. Indicou-se tratamento cirúrgico.
alterações) e o tratamento com Hidan-
Nele, realizou-se uma incisão parafrontal
tal.
esquerda paramediana a 3 cm da linha FIGURA 1: Imagens parasagitais da RMN
FIGURA 2: Imagens axiais da RMN
DISCUSSÃO O craniofaringioma é um tumor de
tumoral. Tal fato diiculta sua remoção cirúr-
caráter, em sua grande maioria, benigno e
gica e eleva a possibilidade de sequelas
de consistência variável, podendo ser só-
pós-cirúrgicas como lesões intraoperatórias
calciicações4.
das áreas circundantes e problemas hor-
Apesar de seu caráter benigno, o peril in-
monais8. Além disso, seu caráter benig-
iltrativo que o acompanha compromete
no pode ser questionado pelo fato de ser
estruturas importantes, tais como o eixo
a lesão que mais destrói a região selar3.
pituitário, as vias visuais, além de estru-
Assim, faz-se necessário uma análise his-
turas vasculares e nervosas adjacentes à
tológica detalhada referente a seu peril de
sela túrcica, principal área de localização
malignidade9.
lido ou cístico, com ou sem
24 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
Sua origem histológica pode ser ex-
delimitação um tecido epitelial colunar. A
plicada através da teoria embriológica e de
segunda variante, o tipo papilar, é carac-
metaplasia. Quanto à origem embriológi-
terizada por um epitélio escamoso de su-
ca, admite-se que o tumor seja originado a
perfície de maturação carente que forma
partir da bolsa de Ratke (resquícios de um
uma massa monomórica, não existindo
divertículo ectodérmico da adenohipóise)
clara evidência de células tumorais, mas
que percorre o canal craniofaríngeo. A se-
apresentando discreta gliose5. O tipo pa-
gunda teoria airma que os tumores se
pilar apresenta maior incidência na faixa
originam da metaplasia de células epite-
etária adulta, podendo corresponder a até
liais escamosas remanescentes da adeno-
50% dos casos de craniofaringioma nos
infundíbulo5.
indivíduos dessa faixa etária4. Pode ain-
hipóise ou do
A incidência desta morbidade tem
da existir o tipo híbrido no qual ambas as
um característico pico bimodal: o primeiro
variantes coexistem8. No caso apresen-
na idade pediátrica, entre 5 e 14 anos, e
tado, o craniofaringioma é característico
o segundo na fase adulta entre 50 e 74
da variante adamantinomatosa, fato evi-
anos, com uma incidência e 0,5 a 2 casos
denciado pela presença de calciicações e
em 1 milhão por ano.1 São considerados
de conteúdo sólido cístico apresentado em
tumores relativamente raros, mas também
ressonância magnética, corroborando com
os tumores não gliais mais comuns entre
a airmativa de que este tipo é o mais co-
a população pediátrica, sendo referente a
mum em pacientes pediátricos bem como a
até 9% dos tumores cerebrais que ocor-
presença de calciicações também eviden-
rem nesse período de vida5. Além disso,
ciadas4.
correspondem ao segundo tumor mais fre-
A
maioria
dos
localização
craniofaringiomas
quente na região selar em qualquer faixa
apresentam
supraselar
por
etária, icando atrás apenas do adenoma
vezes com componente intraselar, sendo
ptuitário2.
as áreas adjacentes de extensão mais co-
No caso analisado, o paciente de 14
muns a fossa anterior, fossa média, fossa
anos encontra-se no primeiro grupo epide-
retroclival e fossa posterior respectiva-
miológico e apresenta lesão expansiva de
mente. Tal localização torna a intervenção
líquido espesso com focos de calciicação.
cirúrgica limitada, devido à proximidade de
Quanto à classiicação, o tumor pode as-
estruturas consideradas nobres e que es-
sumir duas variantes: adamantinomatosa
tão dispostas adjacentes à área de maior
e papilar. A primeira apresenta um epitélio
incidência tumoral. Dentre essas estrutu-
escamoso multe estratiicado formando
ras temos a hipóise, o hipotálamo, ner-
cordões, além de calciicações e cistos de
vos ópticos e artérias carótidas5. No caso
coloração acastanhada devido ao acúmulo
analisado a lesão está localizada na cis-
de colesterol. Apresenta ainda nódulos e
terna suprasselar e interpenduncular exer-
trabéculas de peril irregular que tem como
cendo consequente efeito compressivo so-
25 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
bre as estruturas do hipotálamo, terceiro
sólido-cístico,
ventrículo e pedúnculos cerebrais. Esse
co, que ocupava as cisternas suprasselar
efeito de massa local corrobora no com-
e interpeduncular medindo 5,2 x 4,7 x 4,6
prometimento funcional das estruturas ad-
cm nos diâmetros anteroposterior, latero-
jacentes à lesão expansiva1. Tal fato pode
lateral e craniocaudal, respectivamente. O
ser observado no desenvolvimento de um
acompanhamento e a progressão do caso
concomitante quadro de hidrocefalia não
devem ser feitos por ressonância magnéti-
comunicante, resultante da obstrução do
ca, pois diminui a exposição à radioativi-
sistema ventricular. Esse fato foi eviden-
dade e apresenta melhor possibilidade
ciado em exame de ressonância magnética
diagnóstica. Uma vez feita a detecção
através da moderada dilatação ventricular e
pré-operatória de calciicações e conir-
dos sinais de hipertensão intracraniana com
mação de ressecção completa do tumor,
transudação liquóricatransependimária, cor-
através de ressonância pós-operatória, é
roborando com o que consta na literatura
recomendada uma tomograia computa-
que a hidrocefalia é uma das primeiras al-
dorizada pós-cirúrgica para deinitiva con-
terações descritas em
predominantemente
císti-
irmação de ressecção total do tumor1.
crianças5.
Quanto aos métodos diagnósticos, os
Vale-se salientar que o diagnósti-
exames de imagem são os mais utilizados
co por imagem não viabiliza o diagnósti-
para uma melhor análise das características
co deinitivo de craniofaringioma. Se visto
tumorais. A ressonância magnética e a to-
separadamente, este deve ser associado ao
mograia computadorizada permitem uma
exame histopatológico, que inclusive indi-
localização mais precisa da massa tumoral
ca a variante da doença, e ao diagnósti-
bem como permitem a visualização de cal-
co clínico. Devido à localização da lesão
ciicações intratumorais presentes em até
o quadro clínico é amplo e muitas vezes a
90% dos casos, apresentando a tomogra-
manifestação dos sintomas e o diagnóstico
ia vantagem na visualização da estrutura
são tardios, principalmente na faixa etária
óssea da sela túrcica e de calciicações,
pediátrica.
principalmente no subtipo adamantino-
por sintomas provenientes do aumento da
matoso10. A ressonância magnética é uti-
pressão intracraniana, tais como dor de
lizada principalmente no pré-operatório
cabeça e náuseas.1 Posteriormente, obser-
permitindo uma melhor localização do tu-
vam-se sintomas originados do efeito de
mor, bem como permite analisar o estado
compressão de massa exercido pelo tumor.
das estruturas adjacentes, podendo ainda
Estes incluem manifestações como: déicit
através de incidências em T1 e T2 possi-
visual por compressão do nervo óptico, dei-
tumor.5
ciências endócrinas, pan-hipopituitarismo,
No caso analisado, a ressonância mag-
além de disfunções hipotalâmicas como al-
nética mostrou a presença de uma lesão
terações de sono, apetite e crescimento7.
bilitar inferir sobre a iniltração do
expansiva selar/suprasselar de aspecto
Inicialmente,
caracteriza-se
Devido à proximidade com o eixo
26 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
hipotalâmico-hipoisário, o efeito de com-
supraorbitário12. No caso analisado, após
pressão, exercido pelo tumor, resultou em
avaliação diagnóstica da equipe, realizou-se
disfunções endócrinas, como o déicit de
uma incisão parafrontal esquerda parame-
crescimento apresentado pelo paciente,
diana a 3 cm da linha média. Em seguida,
valendo salientar que a suspeita inicial do
durotomia, corticectomia e punção ven-
diagnóstico de craniofaringioma foi elenca-
tricular com endoscopia; com o acesso ao
da durante consulta com endocrinologista,
ventrículo lateral foi feita a retirada do tu-
evidenciando o caráter interdisciplinar do
mor. Por im, foi implantado o cateter de
quadro e o comprometimento de estrutu-
Omaya e realizado o fechamento com sur-
ras endócrinas adjacentes. O paciente tam-
gicel e cola biológica. A radioterapia con-
bém apresentou o quadro característico de
vencional não foi indicada, devido aos altos
náuseas e dor de cabeça, ambos devido à
riscos associados ao método, sobretudo na
hipertensão intracraniana, além de com-
idade pediátrica, tais como hipopituitaris-
prometimento visual, devido ao aumento
mo secundário e tumores radioinduzidos5.
da pressão intraocular e edema de fundo
Os glicocorticóides têm um amplo
de olho. No craniofaringioma pediátrico cer-
espectro de indicações terapêuticas, po-
ca de 20 a 50% dos casos são acompanha-
dendo ser utilizados de forma substituti-
dos de disfunções endócrinas, fazendo-se
va em casos de insuiciência adrenocorti-
necessário acompanhamento dos níveis
cal, ou no diagnóstico de doenças como
hormonais, mesmo após ressecção com-
a síndrome de Cushing6. No caso anali-
pleta do tumor7. Este fato foi constatado
sado, foi feito a corticoterapia utilizan-
ao ser solicitado no pós-cirúrgico o monito-
do Dexametasona (Decadron), devido ao
ramento de TSH, T4L, ACTH e cortisol (sem
comprometimento hipotalamo-hipoisário,
alterações) e o tratamento com Hidantal.
o qual impede a liberação dos hormônios
O tratamento para o craniofaringio-
de crescimento produzidos pela hipóise,
ma é primariamente cirúrgico. No entanto,
causando assim um déicit na estatura,
este deve ter uma abordagem interdisci-
principalmente em crianças, aparentando
plinar de modo que cada caso seja visto
serem mais novas.
de forma individualizada e métodos alter-
Existe uma extensa lista de efeitos
nativos sejam considerados, conforme a
indesejáveis durante a corticoterapia, em
viabilidade ou não do procedimento cirúr-
geral relacionados ao tempo de tratamen-
gico11.
A área bem vascularizada sujeita
to e uso de glicocorticóides de ação mais
a calciicações restringe a ressecção total
prolongada6. No caso analisado foi pos-
do tumor2. Os acessos utilizados são as ro-
sível identiicar leucocitose por uso de cor-
tas transcranianas da linha média anterior
ticoides. É de extrema importância man-
e frontolateral. Além destas, para tumores
ter sempre o monitoramento hormonal e
suprasselares é recomendada a cirurgia en-
a reposição hormonal quando indicada,
doscópica transfenoidalendobasal e acesso
atentando para as doses.
27 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
Nas duas semanas seguintes ao
sencial da equipe no apoio psicológico
pós-operatório, o paciente seguiu em es-
ao sempre explicar claramente os pro-
tado geral regular, lúcido e orientado no
cedimentos realizados. Isso mostra a im-
tempo e no espaço e sem sequelas im-
portância da Medicina humanizada na ga-
portantes do procedimento realizado.
rantia do bem-estar do paciente.
Foi ressaltado por ele o papel es-
CONSIDERAÇÕES FINAIS O relato de caso deste estudo con-
hormonais deve ocorrer de forma con-
sistiu em apresentação de craniofaringi-
tinuada, mesmo após a ressecção
oma (tumor de caráter geralmente benig-
total do tumor, na qual foi restringida
no e de consistência variável, com ou sem
ao paciente a ressecção total pela pre-
calciicações) em um paciente pediátri-
sença maciça de vascularização sujeita a
co, apresentando também a importân-
calciicações. Quanto ao tratamento, foi
cia da ressonância e da tomografia com-
possível concluir que é primariamente
putadorizada, como exames necessários
cirúrgico, mas que deve sempre ser vis-
para localização precisa da massa tu-
to de modo individualizado e buscando
moral, além da clínica, que também se
sempre métodos alternativos.
mostra essencial para um diagnóstico fidedigno.
A radioterapia convencional pode causar hipopituitarismo secundário e
A proximidade do tumor com o
tumores radioinduzidos, sobretudo na
eixo hipotálamo-hipofisário resulta no
idade pediátrica. Portanto, foi dispensa-
déficit de crescimento e a hipertensão
da no tratamento do paciente, o qual fez
intracraniana resulta em náuseas. Sin-
uso da corticoterapia, sempre controlan-
tomas todos apresentados pelo paciente
do o tempo de uso e a dose, uma vez que
relatado.
pode causar uma extensa lista de efeitos
Uma vez que uma grande por-
indesejáveis. Por essas alterações, se
centagem dos casos de craniofaringioma
faz necessário o acompanhamento por
pediátrico é acompanhada de disfunções
um endocrinologista capaz de manejar
endócrinas, o monitoramento dos níveis
essas morbidades.
28 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
PEDIATRIC SURGERY OF A CRANIOPHARYNGIOMA: A CASE REPORT
ABSTRACT Craniopharyngiomas are rare malformations of the selar or parasellar area, which are most often not lethal, but cause a progressive loss of the patient’s quality of life due to the involvement of anatomically close structures. The treatment is mainly surgical, with the tumor resection, that usually brings satisfactory results, but which can also bring important sequelae to the individual, such as diabetes insipidus. There may be complementary radiotherapy, which, although efective and less invasive, carries several risks of complications, especially in children. The present study aims to report a case of a pediatric patient with craniopharyngioma and moderate hydrocephalus who presented with headache, severe physical underdevelopment, leukocytosis and ocular hypertension when searching the health service. From magnetic resonance imaging, the patient was diagnosed with a cystopharyngioma with a solid-cystic aspect that occupied the suprasellar and interpeduncular cisterns measuring 5.2 x 4.7 x 4.6 cm in the anteroposterior, laterolateral and craniocaudal diameters, respectively. Surgical treatment was indicated using the techniques of neuroendoscopy and the Ommaya catheter. In the postoperative period, he was lucid and oriented in time and space and without signiicant sequelae. KEYWORDS: Craniopharyngioma. Hidrocephaly. Neuroendoscopy.
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30 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
CAPÍTULO 4 SÍNDROME DE GULLO: RELATO DE CASO
Resumo A Hiperenzinemia Pancreática Benigna Familiar, ou Síndrome de Gullo, foi descrita pela primeira vez em 1996. Caracteriza-se pela elevação dos níveis séricos das enzimas pancreáticas (amilase e lipase), acima de três vezes do limite superior da normalidade (LSN), por período maior que um ano, não havendo patologia biliopancreática que justiique a elevação. Paciente de 62 anos, mulher, assintomática, busca gastroenterologista para investigação de elevação de enzimas pancreáticas, detectada em exames de rotina, apresentando abdome sem alterações ao exame físico, negativa para tabagismo e etilismo, colecistectomia prévia há 20 anos. Exames de imagem não apresentaram alterações pancreáticas ou nas vias biliares, porém os níveis das enzimas permaneceram com elevação de 2 a 3 vezes o LSN. Diante da elevação assintomática e isolada das enzimas pancreáticas (lipase e amilase), a paciente foi diagnosticada com Síndrome de Gullo e recebeu alta médica. A elevação sérica das enzimas pancreáticas é uma manifestação característica de várias doenças pancreáticas e não-pancreáticas e, na ausência de patologia que justiique esta elevação, a Síndrome de Gullo torna-se uma hipótese diagnóstica, embora sua etiologia não seja clara. O diagnóstico adequado desta forma de hiperenzinemia é importante para assegurar aos indivíduos com esta anomalia, o caráter benigno da Síndrome, além de prevenir testes de diagnóstico múltiplos e caros, ou hospitalizações e terapias desnecessárias. PALAVRAS-CHAVE: Gastroenterologia. Lipase. Pâncreas
Flávia Tomé Cavalcante1 Acadêmica de Medicina - FAMENE
João Victor Fernandes de Paiva2 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Tarciana Vieira da Costa3 Graduada em Medicina. Docente - FAMENE
31 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
INTRODUÇÃO A Hiperenzinemia Pancreática Be-
mentos terapêuticos desnecessários, sen-
nigna Familiar, mais conhecida como Sín-
do hospitalizados e expostos a terapias
drome de Gullo, foi descrita pela primeira
ineicientes e/ou dispensáveis. Existe ain-
vez em 1996. Caracteriza-se pela elevação
da grande preocupação e receio por parte
dos níveis séricos das enzimas pancreáti-
dos mesmos, pela possibilidade aventada
cas (amilase e lipase), acima de três vezes
de tratar-se de alguma patologia potencial-
o limite superior da normalidade, por perío-
mente grave 3.
do maior que um ano. Há ausência de
O conhecimento e diagnóstico cor-
doenças biliopancreáticas que justiiquem
reto dessa síndrome tem fundamental im-
estas elevações, com pâncreas absoluta-
portância, pois se trata de uma doença
mente normal em exames de imagem 1.
benigna
e
sem
maiores
repercussões
Na maioria das vezes é assintomáti-
sistêmicas, ajudando a assegurar aos por-
ca, sendo detectada, mais frequentemente,
tadores de tal defeito enzimático que não
de forma incidental.
Pode ser esporádi-
existe enfermidade no pâncreas. Os testes
ca ou familiar e apresentar-se em quadro
bioquímicos e invasivos no paciente com
de lutuações persistentes ou transitórias,
Síndrome de Gullo apresentam-se normais,
afetando todas as enzimas pancreáticas,
incluindo Wirsungraia, mesmo diante da
mas em alguns casos, só uma delas 2.
elevação das enzimas pancreáticas1. Este
O mecanismo que gera um aumen-
trabalho tem por objetivo relatar o caso de
to na produção das enzimas pelas células
uma paciente, sem anormalidades de vias
pancreáticas é desconhecido. Porém, tal
biliares e pâncreas, diagnosticada com Sín-
defeito tem sido encontrado em vários
drome de Gullo, e revisar a literatura so-
membros da mesma família, surgindo, as-
bre tal síndrome. O estudo foi realizado
sim, uma possibilidade de bases genéti-
após aprovação no Comitê de ética em
cas
Pesquisa das Faculdades de Enferma-
1.
Em certos casos, os pacientes podem ser submetidos a exames e procedi-
gem e Medicina Nova Esperança (CAAE: 80765717.4.0000.5179).
RELATO DO CASO MFFS, 62 anos, feminino, natural
creáticas, detectada em exames de rotina.
de Serra da Raiz/PB, aposentada. Procura
Paciente assintomática, negando queixas
gastroenterologista em junho/2015 para
dispépticas ou dores abdominais. Passado
investigação de elevação de enzimas pan-
de colecistectomia eletiva há 20 anos. Re-
32 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
latava diagnóstico de transtorno depres-
suspensos e os níveis de lipase e amilase
sivo do humor, fazendo uso de duloxeti-
foram monitorados a cada três meses,
na 30mg/dia e clonazepam 2mg/noite há
durante 14 meses, exibindo lutuação dos
6 meses. Negava tabagismo e etilismo.
seus níveis, porém persistindo sempre
Exame
abdome
com elevação de 2 a 3 vezes o LSN. Cál-
alterações. Exames laboratoriais
cio sérico, lipidograma, PTH e IgG4 séri-
revelavam elevação de lipase e amilase
ca dentro dos valores de normalidade.
séricas 2 a 3 vezes o limite superior de
Em agosto/2016, foi submetida a ultras-
normalidade (LSN). Colangiorressonância
sonograia endoscópica, para avaliação
nuclear magnética, realizada em duas
de parênquima pancreático, que revelou
ocasiões, não revelou alterações nas vias
pâncreas dentro dos padrões da normali-
biliares intra-hepáticas ou no Wirsung,
dade.
sem
físico
do
demonstrando apenas discreta ectasia
Diante da elevação assintomática
do colédoco, sendo atribuída à colecis-
e isolada das enzimas pancreáticas (li-
tectomia prévia. TC de abdome com con-
pase e amilase), a paciente foi diagnos-
traste não demonstrou alterações pan-
ticada com Síndrome de Gullo e recebeu
creáticas.
alta médica.
A duloxetina e o clonazepam foram
DISCUSSÃO
A
elevação
sérica
das
enzimas
suiciência renal 4.
pancreáticas é uma manifestação carac-
A Hiperenzinemia Pancreática Be-
terística de várias doenças pancreáticas
nigna Familiar, ou síndrome de Gullo, é
e não-pancreáticas. As etiologias mais co-
uma entidade clínica recentemente identi-
muns são pancreatite aguda e neoplasias
icada, caracterizada pelo aumento sérico
pancreáticas. Tais níveis elevados também
das enzimas pancreáticas, na ausência de
podem estar associados a cetoacidose dia-
doença do pâncreas 5.
bética. Existem, também, outras etiologias
O quadro pode ser esporádico ou
não-pancreáticas, como gravidez ectópi-
familiar e, geralmente, afeta todas as en-
ca, infecção do vírus da imunodeiciência
zimas pancreáticas. Em alguns casos,
humana, traumatismo craniano, colecis-
apenas uma, de maneira persistente ou
tite aguda,
por meio de lutuações e até mesmo com
hipertrigliceridemia,
infarto
mesentérico, úlcera duodenal, obstrução
normalização transitória
ou
questão, observa-se um aumento das duas
distúrbios
inlamatórios
intestinais,
doenças hepáticas, trauma abdominal e in-
1.
No caso em
enzimas (amilase e lipase).
33 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
Na Síndrome de Gullo, há níveis de
enzimas
pancreáticas
estimulação de secretinas 4. No entanto,
persistente-
no caso dessa paciente, não houve al-
mente aumentadas, como amilase, lipase
teração nas vias biliares intra-hepáti-
e iso-amilase, sem evidência de doença
cas e no Wirsung.
pancreática. Após a detecção da hipe-
No primeiro trabalho dedicado a
renzinemia, é necessário um período de
esta Síndrome, a forma esporádica foi
no mínimo um ano para inalizar o diag-
descrita em 18 indivíduos, no período
nóstico como síndrome de Gullo. Frequen-
entre janeiro de 1987 a junho de 1991,
temente, os níveis de enzimas mostram
estando todos os pacientes com alterações
uma lutuação considerável e também
nas enzimas pancreáticas, mas sem nenhu-
normalização transitória. Quase 90-95%
ma patologia clínica identiicável, fato esse
desses pacientes apresentam níveis el-
demonstrado por nossa paciente. Em
evados de todas as enzimas pancreáticas
um trabalho posterior, foi abordada a
e raramente 5-10% desses pacientes po-
forma familiar dessa hiperenzinemia pan-
dem ter apenas níveis elevados de ami-
creática benigna, analisando-se 7 famílias
lase ou lipase
6.
Embora
e observando-se que mais de um mema
etiologia
da
hipe-
renzinemia pancreática benigna não
bro da mesma família apresentava esta elevação enzimática 1.
seja clara, o mecanismo patológico
Portanto, o diagnóstico adequa-
provavelmente está relacionado a um
do desta forma de hiperenzinemia é im-
defeito na superfície basolateral das
portante para assegurar aos indivíduos
células acinares para secretar enzimas,
com esta anomalia o caráter benigno da
o que pode resultar no aumento da
síndrome, além de prevenir testes de di-
passagem de enzimas para a corrente
agnóstico múltiplos e caros, ou hospital-
sanguínea. Também pode ser causado
izações ou terapias desnecessárias 7.
por mudanças no duto de Wirsung, por
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A
Hiperenzinemia
Pancreática
rar aos indivíduos com esta anomalia
Benigna Familiar, mais conhecida como
que há o caráter benigno da síndrome,
Síndrome de Gullo apresenta um qua-
além de prevenir testes de diagnóstico
dro clínico e laboratorial diverso, o que
múltiplos e caros, ou hospitalizações
torna importante o conhecimento sobre
ou terapias desnecessárias.
esta entidade clínica, por parte da equipe de saúde, em especial para assegu-
34 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
GULLO’S SYNDROME: CASE REPORT ABSTRACT Benign Familial Pancreatic Hyperenzyma, or Gullo Syndrome, was irst described in 1996. It is characterized by elevated serum levels of pancreatic enzymes (amylase and lipase), over three times the upper limit of normality, for a period longer than one year, and there is no biliopancreatic pathology justifying the elevation. A 62-year-old female patient, asymptomatic, gastroenterologist search to investigate the elevation of pancreatic enzymes, detected in routine exams, presenting an abdomen without alterations in the physical examination, negative for smoking and alcoholism, previous cholecystectomy 20 years ago. Image exams did not present pancreatic or biliary changes, but the levels of the enzymes remained elevated 2 to 3 times the ULN. Facing the asymptomatic and isolated elevation of pancreatic enzymes (lipase and amylase), the patient was diagnosed with Gullo’s Syndrome and was discharged. Serum elevation of pancreatic enzymes is a characteristic manifestation of several pancreatic and non-pancreatic diseases. In the absence of pathology justifying this elevation, Gullo’s Syndrome becomes a diagnostic hypothesis, although its etiology is unclear. The proper diagnosis of this form of hyperenzymaemia is important to assure individuals with this anomaly about the benign nature of the syndrome, as well as prevent multiple and expensive diagnostic tests or hospitalizations or unnecessary therapies. KEYWORDS: Gastroenterology. Lipase. Pancreas.
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35 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
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36 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
CAPÍTULO 5 RELATO DE CASO DE PACIENTE COM DIAGNÓSTICO DE NEUROCISTICERCOSE Resumo A cisticercose humana tem como agente etiológico o helminto Taenia solium. A infecção ocorre quando o indivíduo ingere os seus ovos e, por possuir maior tropismo pelo sistema nervoso central, gera a neurocisticercose. A forma mais grave da doença é a principal causa de epilepsia em áreas endêmicas. O objetivo do estudo é relatar o caso de um paciente portador de neurocisticercose, através de uma pesquisa descritiva em Hospital de Emergência. Paciente do sexo masculino, 30 anos, consciente, desorientado, com cefaleia, sonolência e queixas de vômitos, sem pródromos e nem uso de medicações, sem déicit motores e nem alterações do relexo fotomor e consensual. A tomograia de crânio (TC) identiicou presença de hipodensidade arredondada com paredes parcialmente calciicadas, medindo cerca de 0,6 cm no lobo occipital direito. A ressonância nuclear magnética conirmou o diagnóstico. O paciente tem boa parte do peril epidemiológico característico. A TC de crânio, evidenciou as calciicações. Entretanto, não foi possível o diagnóstico etiológico, sendo necessária a realização de ressonância magnética com diagnóstico, após a liberação do laudo. No caso em questão, a apresentação foi típica, manifestando-se com convulsão inédita, sem pródromos e com cefaleia. O tratamento medicamentoso baseia-se em Albendazol e o Praziquantel. Além de eliminar os cisticercos, o tratamento visa também a melhora da sintomatologia clínica do paciente. Nesse aspecto, o Albendazol se destaca, pois foi melhor tolerado, com menor frequência de reações colaterais, sem contar o custo-benefício do medicamento. O paciente tem peril epidemiológico característico para a neurocisticercose, apresentou quadro de convulsão inédita e cefaleia. Os exames realizados permitiram a exclusão das inúmeras possíveis causas de convulsão. Entretanto, foi necessária a realização de ressonância magnética, mas deu um bom prognóstico para o paciente através da terapêutica adequada. PALAVRAS-CHAVE: Neurocisticercose. Exame neurológico. Albendazol.
Eduardo Brito Souza Nóbrega1 Acadêmico de Medicina - FAMENE
Rebeca de Albuquerque Paulino2 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Ruan César Teixeira de Carvalho3 Acadêmico de Medicina - FAMENE
Yohana Oliveira de Barros4 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Cláudia Barros Gonçalves da Silva5 Docente da Faculdade de Medicina - FAMENE
37 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
INTRODUÇÃO A cisticercose humana é um problema
ples com sintomas positivos ou negativos,
de saúde pública, com prevalência em áreas
não guarda relação entre a localização dos
com precárias condições sanitárias e socio-
cistos e das crises. Já o comprometimento
econômicas. O agente etiológico é o helminto
cognitivo é potencialmente reversível com o
Taenia solium e a infecção ocorre quando o
tratamento³.
indivíduo ingere os seus ovos. Já foram identi-
O diagnóstico da neurocisticercose
icados presença de cisticercos no globo ocu-
pode ser realizado pela demonstração con-
lar e nos músculos, mas tem maior tropismo
clusiva do cisticerco: detecção do parasita
pelo sistema nervoso central (SNC), sendo a
em biópsia de uma lesão cerebral ou medu-
neurocisticercose (NCC) a forma mais grave
lar; visualização do escólex por tomograia
da doença¹. Existem três estágios principais:
computadorizada (TC) ou ressonância mag-
vesicular (viáveis), coloidal (degenerativo) e
nética (RM); e exame de fundo de olho (in-
calciicado (inativo).
traocular). No caso em que esses exames
A neurocisticercose pode ser con-
apresentam resultados negativo, leva-se em
siderada a principal causa de epilepsia em
consideração para o diagnóstico da doença,
regiões endêmicas. Apesar de ser uma pa-
os testes laboratoriais, a história clínica e
tologia potencialmente erradicável, alguns
epidemiológica. Os exames de imagem são
fatores contribuem para a manutenção des-
considerados como padrão-ouro no diagnósti-
sa enfermidade. Em uma dada localidade,
co da neurocisticercose, por permitirem a vi-
estão associados à presença de indivíduos
sualização de estruturas do parasito e do pro-
portadores, hábitos de higiene e alimentar-
cesso reacional do hospedeiro4.
es inadequados, a criação e abate de suínos
A pesquisa teve como objetivo o re-
irregulares². Podem-se apresentar inúmeras
lato de caso de um paciente portador de
manifestações, desde formas assintomáticas
neurocisticercose, ao descrever o quadro
até síndromes clínicas, sendo a epilepsia pre-
clínico, métodos diagnósticos empregados
sente em 90% dos casos, do tipo parcial sim-
e tratamento realizado.
METODOLOGIA Trata-se
de
uma
pesquisa
do
ente admitido no Hospital com diagnósti-
tipo relato de caso de aspecto descri-
co de Neurocisticercose. O prontuário foi
tivo, realizada no Hospital Estadual de
o instrumento utilizado para a coleta de
Emergência e Trauma Senador Humberto
dados ao paciente e instituição hospitalar,
Lucena. O relato de caso é de um paci-
com o intuito de coleta de todos os dados
38 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
clínicos, laboratoriais e de imagem. O estu-
Enfermagem e Medicina Nova Esperança
do foi realizado após aprovação no Comitê
(CAAE: 80969317.0.0000.5179).
de ética em Pesquisa das Faculdades de
RELATO DO CASO E.R.M, sexo masculino, 30 anos, é
0,6 cm, com halo hipodenso, sugerindo ede-
conduzido de sua residência à urgência
ma vasogênico, localizado no lobo occipital
do Hospital por uma Unidade de Suporte
direito, não podendo descartar a possibili-
Básico (USB) do SAMU às 15:50 do dia 13
dade de processo inlamatório granuloma-
de outubro de 2017, com relato de crise
toso. Sem desvio de linha mediana. Ausên-
convulsiva inédita. No SAMU, foi realizado
cia de processo expansivo, ventrículo e
acesso venoso periférico, realizada oxige-
tronco cerebral com morfologia preser-
noterapia. Apresentando-se consciente,
vada. Os exames laboratoriais revelaram
desorientado, com cefaleia e sonolência e
K+= 4,07nmol/L, Na+= 135nmol/L. Ur=
queixas de vômitos, via aérea livre, venti-
47mg/dL. Cr= 1,6 mg/dL. Ca2+= 8,6mg/
lação espontânea, sem edema e com pul-
dl. Glicemia= 115 mg/dL.
so cheio.
A avaliação realizada pelo neuro-
O Paciente foi atendido às 17 horas
cirurgião às 20 horas e 30 minutos do mes-
do dia 13, não relatou a existência de
mo dia permitiu a prescrição 2000 mls de
pródromos e nem uso de medicações. Ao
soro ringer lactato em 24 horas, omepra-
exame físico apresentou-se consciente e
zol 40mg 1 vez ao dia, 1 comprimido de
orientado, pulso de 113 bpm, pressão arte-
Paracetamol de 750 mg de 8/8 horas, On-
rial de 110/50 mmHg e saturação de 96%.
dansetrona 4 mg/2mL endovenoso e feni-
Não havia déicit motores e nem alterações
toína 500 mg/2mL de 8 em 8 horas.
do relexo fotomor e consensual. O ritmo
O Diazepam 20 mg foi adicionado no
cardíaco estava regular em dois tempos,
dia 14/10/2017 a critério médico e 1 mL de
bulhas normofonéticas, sem sopros. Rela-
Dexametasona 10mg/2,5mL endovenoso foi
tou alergia a dipirona. A conduta foi a so-
adicionado no dia 16/10/2017. Adicionou-se
licitação de Tomograia computadorizada (TC)
5 mL de Fenoterol 5mg/mL, e 1 mL Brometo
de crânio e exame laboratoriais, prescrição
de ipratrópio 0,25mg/mL por via inalatória
de 4 mL de fenitoína 500mg/mL e solici-
por 24 horas/dia, para melhorar a sensação
tação de parecer da neurologia.
de leve dispneia do paciente.
A TC foi realizada 40 minutos depois,
No dia 28/10/2017, foi liberado o
identiicando presença de pequena imagem
laudo do exame de ressonância nuclear
arredondada, hipodensa, com paredes par-
magnética do parênquima cerebral, evi-
cialmente calciicadas, medindo cerca de
denciando granuloma occipital direito com
39 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
edema vasogênico, associado compatível
adicionado por via oral o albendazol 400
com neurocisticercose. Dessa forma, os
mg de 8 em 8 horas. Teve alta, no dia
proissionais conseguiram realizar o di-
01/11/2017, sob orientação de continuar o
agnóstico diferencial entre o processo in-
tratamento em domicílio.
feccioso e glioma. No dia 28/10/2017, foi
DISCUSSÃO Os pacientes brasileiros com NCC,
devido a ter sido uma convulsão inédi-
seguem dois peris epidemiológicos: um
ta com queixas de cefaleia e vômitos e
peril geral e outro de gravidade. O per-
com 30 anos de idade3. O exame eviden-
il geral corresponde ao indivíduo de sexo
ciou as calcificações, entretanto não foi
masculino, faixa etária dos 31-50 anos,
possível o diagnóstico etiológico, sendo
procedência rural, com manifestações
necessária a realização de ressonância
epilépticas parciais complexas, associa-
magnética com diagnóstico, após a liber-
das ou não à depressão e/ou à cisticercose
ação do laudo.
cutânea, apresentando Líquido cefalorra-
A sintomatologia da Neurocisticer-
quidiano (LCR) normal, ou com hiperpro-
cose é bastante variada e depende de fa-
teinorraquia, calciicações ao exame de
tores como o número, a localização, fase
TC5. O paciente em questão possui boa
evolutiva dos cistos e imunidade do hos-
parte do peril epidemiológico, citado aci-
pedeiro. Os sintomas mais comuns são
ma, apenas não relatando a existência
as convulsões, a cefaleia, os distúrbios
de manifestações cutâneas. Também não
psíquicos, a hipertensão intracraniana,
foi necessária a realização de exame de
de forma isolada ou associados. Sendo a
líquor e não ter havido como caracterizar
convulsão, a manifestação mais comum
ielmente a convulsão inédita.
da NCC em pacientes ambulatoriais, e a
Os exames como TC e RM são tidos
Hipertensão intracraniana (HIC) a mani-
como ferramentas importantes no diagnósti-
festação mais frequente da NCC em pa-
co da Neurocisticercose, por possibilitarem a
cientes internados, geralmente às custas
visualização de estruturas do parasita. A TC
de hidrocefalia4. No caso em questão, a
mostra-se mais sensível na detecção de
apresentação foi típica, manifestando-se
cisticercos calcificados, já a RM, por ter
com convulsão inédita, sem pródromos e
uma melhor resolução, pode evidenciar o
com cefaleia.
escólex e os cisticercos até de localização ventricular4.
O tratamento pode ser medica-
No caso em questão, o pa-
mentoso ou cirúrgico. Quando medica-
ciente teve acesso à TC de crânio com
mentoso, o Albendazol e o Praziquantel
rapidez considerável, tendo indicações
são os principais antiparasitários6. Além
40 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
de eliminar os cisticercos, o tratamento
colaterais, sem contar o custo-benefício do
visa também a melhora da sintomatolo-
medicamento7. Ou seja, por ser o melhor
gia clínica do paciente. Nesse aspecto,
fármaco, o paciente foi tratado com a re-
o Albendazol se destaca, pois foi melhor
alização de doses diárias de Albendazol.
tolerado, com menor frequência de reações
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O paciente em questão apresen-
mograia computadorizada não permitiu
tava peril epidemiológico característi-
diferenciar a causa infecciosa da neo-
co para a neurocisticercose, bem como,
plásica. Assim, a realização de ressonân-
manifestações de quadro de convulsão
cia magnética foi necessária, permitindo
inédita e cefaleia. Os exames realizados,
postergar um pouco o diagnóstico, mas
em um tempo relativamente curto, per-
permitindo um bom prognóstico para o
mitiram excluir as inúmeras possíveis
paciente através da terapêutica adequa-
causas de convulsão. Entretanto, a to-
da.
41 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
CASE REPORT: PATIENT WITH NEUROCYSTICERCOSIS DIAGNOSTIC ABSTRACT The human cysticercosis has the etiological agent the worm Taenia solium, the infection occurs when the person ingests their eggs and it has tropism by the central nervous system, causing neurocysticercosis, the most severe form of the disease, is the principal cause of epilepsy in endemic areas. The objective is to report the case of a patient with neurocysticercosis through a descriptive study in an emergency hospital. 30-year-old male patient, conscious, disoriented, with headache and drowsiness and complaints of vomiting, without prodromes and no medication use, no motor deicit and no alterations of the photomorph and consensual relex. The cranial tomography (CT) identiied presence of rounded hypodensity with partially calciied walls, measuring about 0.6 cm in the right occipital lobe. Magnetic resonance imaging conirmed the diagnosis. The patient has the majority part of the characteristic epidemiological proile. The cranial CT examination revealed the calciications, but the etiological diagnosis was not possible, and it was necessary to perform a magnetic resonance. This case was typical, manifesting with unprecedented convulsion, without prodromes and with headache. The drug treatment is based on Albendazole and Praziquantel. In addition to eliminating cysticerci, treatment also aims to improve the clinical symptoms of the patient, in this aspect Albendazole stands out because it was better tolerated, with less frequency of side reactions, not counting the cost-beneit of the drug. The patient has a characteristic epidemiological proile for neurocysticercosis, presented with an unprecedented seizure and headache. The exams performed allowed the exclusion of innumerable possible causes of seizure, however it was necessary to perform magnetic resonance imaging, but gave a good prognosis to the patient through appropriate therapy. KEYWORDS: Neurocysticercosis. Neurological exam. Albendazole.
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43 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
CAPÍTULO 6 CORREÇÃO CIRÚRGICA DE FRATURA DE TERÇO MÉDIO DA FACE E USO PÓS-OPERATÓRIO DE KINESIO TAPING: RELATO DE CASO Resumo O trauma é um grande inluenciador do peril epidemiológico de morbimortalidade da população brasileira e mundial. A face é uma área particularmente exposta e vulnerável que abriga os principais órgãos do sentido e está muito próxima do cérebro. O procedimento cirúrgico nessa região ainda pode levar a dor, paralisia facial temporária e/ou ao trismo. Como uma forma de combater essas complicações, a bandagem elástica adesiva vem ganhando espaço como medida pós-operatória pertinente. O presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, exploratória, com abordagem qualitativa, do tipo relato de caso, de um paciente feoderma do gênero masculino, 41 anos, vítima de acidente automobilístico, que chegou ao Hospital Alberto Urquiza Wanderley com lesões dermoabrasivas, em face associadas à assimetria facial. A tomograia computadorizada evidenciou imagens sugestivas de fraturas do terço médio e o paciente foi submetido à redução e ixação das fraturas com intubação nasotraqueal, sob anestesia geral. O kinesiotaping foi aplicado no pós-operatório imediato, com a técnica de polvo ou franjas, cuja base foi localizada sobre a região pré-auricular e submandibular. A alta hospitalar foi dada ao paciente com 24 horas de pós-operatório, com retorno de 5 dias para retirada de pontos e troca do kinesiotaping. O complexo zigomático torna-se uma região do terço médio da face altamente susceptível à fratura, devido a sua relativa fragilidade, posição, projeção na face. O Kinesiotaping é um recurso não medicamentoso e de baixo custo que traz uma proposta terapêutica no controle das complicações vasculares e sintomáticas do trauma. Destaca-se o entendimento anatômico e funcional das estruturas a serem abordadas pelo proissional de saúde, para que assim ocorra uma intervenção segura. O relato proporcionou um bom entendimento das medidas indicadas no pré e pós-operatório, além da própria intervenção cirúrgica, visando sempre uma boa recuperação estética e funcional da região traumatizada. PALAVRAS-CHAVE: Trauma. Bandagem Elástica Adesiva. Assistência Pós-Operatória.
Ada Rhalinne Dias Arruda Silva Araújo1 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Andrezza Maria Diaz Araruna2 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Gabriela De Vasconcelos Barros3 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Lucas Lopes Fernandes4 Acadêmico de Medicina - FAMENE
Tânia Regina Ferreira Cavalcanti5 Docente da Faculdade de Medicina - FAMENE
44 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
INTRODUÇÃO O trauma é um grande inluenciador do peril epidemiológico de morbimortalidade da
traumáticas possuem associação com trauma de cabeça e face6.
população brasileira e mundial. É a principal
Na maioria das culturas, a face é, geral-
causa de óbito entre as idades de 1 a 44 anos,
mente, a única região corporal que deve per-
além de ser o terceiro maior motivo de morte
manecer sempre exposta. É um importante
na população brasileira entre todas as faixas
centro de comunicação que pode manifestar
etárias1,2. Entre os principais inluenciadores
emoções, traços do passado (como as rugas),
desses índices estão causas externas, como
idade e vários outros sinais relevantes para
Anos Potencias de Vida Perdido (APVP), que
a comunicação não verbal4. Logo, o prois-
mede a diferença entre a idade de óbito e a
sional de saúde, deve levar em consideração
expectativa de vida, e estão entre os motivos
a relevância que cicatrizes ou perdas da mo-
principais da diferença de expectativa de vida
tricidade podem ter na vida do paciente que
entre os sexos, pois atinge mais o sexo mas-
sofre intervenções na face.
culino do que o feminino³.
A vítima de traumas faciais pode ter
A magnitude do trauma no Brasil não
alterações nessa região, tanto pela lesão
pode apenas ser analisado com base nos índi-
primária, quanto pela intervenção do prois-
ces de mortalidade. Apesar da precariedade
sional de saúde. O procedimento cirúrgico
dos dados relacionados a morbidade na popu-
nessa região ainda pode levar a dor, parali-
lação brasileira, já é conhecido que acidentes
sia facial temporária e/ou ao trismo. Como
e violências são extremamente relevantes
uma forma de combater essas complicações,
para o número de internações, além dos dias
a bandagem elástica adesiva vem ganhando
de internação. O trauma é tão prevalente no
espaço como medida pós-operatória pertinen-
Brasil, que chega a inluenciar a economia na-
te, pois seu uso atua na prevenção, controle e
cional por meio dos gastos hospitalares, devi-
redução do edema; melhora do luxo linfático;
do à perda de população economicamente
aumento da oxigenação tecidual; reparo de
ativa e gastos com previdência e seguros³.
equimose e hematoma, devido à facilitação
A face é uma área particularmente ex-
da microcirculação; controle da sensibilidade
posta e vulnerável, que abriga os principais
com redução da dor e melhoria da funcionali-
órgãos do sentido, e está muito próxima do
dade na região acometida7.
cérebro. Isso justiica a informação de que 35-
Com base na relevância do trauma
45% dos traumas atinjam essa região e quan-
de face entre os traumas em geral, e na sua
do junto ao trauma de crânio é a principal
capacidade de inluenciar a morbimortali-
causa de morte por
traumas4,5.
Isso apenas
dade da população brasileira, é pertinente
airma a relevância desse tipo de trauma para
relatar o caso de um paciente que sofreu fra-
o proissional de saúde, que atua nos serviços
tura de terço médio da face, após acidente
de emergência, pois cerca de 50% das mortes
automobilístico, e teve seu tratamento por
45 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
meio de redução cirúrgica com uso de Ki-
ética em Pesquisa das Faculdades de Enfer-
nesiotaping no pós-operatório. O estudo
magem e Medicina Nova Esperança (CAAE:
foi realizado após aprovação no Comitê de
79194717.6.0000.5179).
RELATO DO CASO Paciente feoderma do gênero mas-
do terço médio, com comprometimento
culino, 41 anos, vítima de acidente auto-
do complexo zigomático-maxilar direito
mobilístico, chegou ao Hospital Alberto
(Figura 1).
Urquiza Wanderley com lesões dermoabra-
A cirurgia foi programada e o paci-
sivas em face, associadas à assimetria
ente foi submetido à redução e ixação das
facial, desnivelamento ósseo, hematoma
fraturas do terço médio da face, com in-
periorbitário, crepitação na margem infe-
tubação nasotraqueal, sob anestesia geral.
rior da órbita, diiculdade de abertura bu-
A antissepsia foi realizada na cavidade in-
cal devido ao edema, lexibilidade e dor da
tra e extraoral para a realização do acesso
maxila ao exame físico da palpação digital.
intraoral e exploração das fraturas. As fra-
Primeiro foi realizada a limpeza da
turas foram reduzidas e ixadas com placas
face, com soro isiológico, e, posterior-
e parafusos de titânio, conforme a necessi-
mente, os exames de imagem foram so-
dade da lesão, para recuperação estrutural e
licitados para melhor visualização da fratu-
funcional do terço médio da face (Figura 2).
ra e planejamento cirúrgico. A tomograia
E, por im, suturas foram realizadas nos
computadorizada dos seios da face evi-
planos profundos e acesso intraoral, para
denciou imagens sugestivas de fraturas
fechamento das feridas cutâneas.
FIGURA 1: Tomograia Computadorizada dos seios da face realizada no pós-operatório.
FIGURA 2: Procedimento cirúrgico com ixação de placas e parafusos de titâneo.
46 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
O kinesiotaping foi aplicado no
quantidade de gânglios linfáticos e com
pós-operatório imediato, com a técnica
as tiras distribuídas pela face, que obje-
de polvo ou franjas, cuja base foi local-
tivava a drenagem do líquido intersticial
izada sobre a região pré-auricular e sub-
para base (Figura 3).
mandibular, onde se concentra a maior FIGURA 3: Aplicação da técnica de Kinesiotaping no pós-operatório.
A alta hospitalar foi dada ao pa-
analgésicos. Após 1 semana de pós-oper-
ciente com 24 horas de pós-operatório,
atório e de acompanhamento, foi eviden-
com retorno de 5 dias para retirada de
ciada redução signiicativa do volume da
pontos e troca do kinesiotaping. A pre-
região edemaciada e do hematoma.
scrição constou de anti-inlamatórios e
DISCUSSÃO
Fraturas no terço médio da face
tanto, a maioria dos autores relata que
são relatadas como muito comuns em
as colisões entre veículos e motocicle-
acidentes automobilísticos e de moto-
tas lideram como causa. A prevalência
cicleta, agressão física e quedas. Devido
das fraturas em pessoas do sexo mascu-
a existência de legislações mais rigorosas
lino, entre 20 e 39 anos9, é percebida em
quanto ao controle de velocidade, entre
grande parte das pesquisas. O complexo
outras leis de trânsito, a ocorrência de trau-
zigomático torna-se uma região do terço
mas na face por acidentes automobilísticos
médio da face altamente susceptível à
vem diminuindo nos últimos anos8. No en-
fratura, devido a sua relativa fragilidade,
47 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
posição, projeção na face4,5,8.
pós-operatório imediato, com a inalidade
Para uma perfeita abordagem no procedimento
cirúrgico,
é
de controle e redução de edema e equi-
necessário
mose, obtendo-se êxito, em comparação
que além de um bom exame físico, com
com as demais cirurgias dessa categoria
análise da lesão, seja feito um exame
em que não é utilizado a terapia da banda-
complementar, a im de conirmar as fra-
gem elástica7.
turas já observadas e obter uma avaliação
O Kinesiotaping é um recurso não
melhor do trauma. A Tomograia Computa-
medicamentoso e de baixo custo que traz
dorizada é o exame de imagem de escolha
uma proposta terapêutica no controle das
para avaliar traumatismo maxilofacial,
complicações vasculares e sintomáticas
pois apresenta detalhes das estruturas
do trauma. Consiste em uma ita adesiva,
em três dimensões, além de proporcionar
de algodão, elástica e hipoalérgica, com
uma melhor análise da extensão, deslo-
ausência de princípios ativos, permeável
camento dos fragmentos e traços de fra-
e resistentes à agua. Possui elasticidade,
tura, auxiliando no melhor planejamento
espessura e peso comparáveis com a da
do proissional em sua
abordagem10.
pele, além de suas aplicações serem de
Em muitos casos de trauma facial,
longa duração13,14. Sua ação é decorrente
a intubação orotraqueal está contraindi-
do estímulo mecânico e proprioceptivo so-
cada, visto que pode diicultar a própria
bre a pele, favorecendo a drenagem lin-
intervenção cirúrgica. Na intubação naso-
fática e, consequentemente, reduzindo a
traqueal isso pode ocasionalmente acon-
congestão vascular e a dor. Atua em dores
tecer. Nestes casos, há indicação de tra-
de origem aguda e crônica7,15.
queostomia. No entanto, muitos autores
A forma de uso varia conforme a
têm indicado a intubação submentoniana
condição clínica. A tensão é graduada em
em procedimentos cirúrgicos com trauma
porcentagem, tendo o tracionamento da
de face, por permitir uma maior visibili-
ita elástica, como um dos fatores primor-
dade das estruturas, possibilitar manipu-
diais para o sucesso da aplicação, em que
lação da oclusão dentária e ser uma alter-
100% é considerado a tensão total, 75% in-
nativa à traqueostomia, pois proporciona
tensa, 50% moderada, 15-25% leve, 15-0%
menos complicações11. Porém, nesse caso
muito suave e 0% nenhuma tensão16.
foi utilizada a intubação nasotraqueal, por
A perfeita intervenção em uma fra-
ser apenas contraindicada em casos com
tura de terço medial de face proporciona
fraturas cominutivas de terço médio que
uma recuperação sem grandes compli-
causam obstrução e impossibilitam a pas-
cações e uma restauração estética e fun-
sagem do tubo, através da narina ou em
cional da região traumatizada. Para que
crânio12.
fraturas de base de
isso ocorra, é necessário um bom conheci-
No caso relatado, a aplicação da
mento anatômico e técnico do proissional
bandagem de taping foi realizada no
que realizará o procedimento, além de um
48 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
exame clínico completo, com anamnese
uma boa cicatrização, com mínimo pre-
bem feita, exame físico criterioso e análise
juízo estético, proporciona um melhor re-
detalhista do exame de imagem. Por im,
torno do indivíduo a sua rotina habitual17.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Observou-se
que
a
intervenção
relatados. Destaca-se a importância do
cirúrgica do trauma de terço médio, com
entendimento
anatômico
e
funcional
fratura do arco zigomático, ocorreu da for-
das estruturas a serem abordadas pelo
ma esperada, com realização de exames
profissional de saúde, para que assim
físicos e de imagem pré-operatórios e uma
ocorra uma intervenção segura. O rela-
recuperação adequada, através da re-
to proporcionou um bom entendimento
dução cirúrgica com fixação. Percebe-se
das medidas indicadas no pré e pós-op-
também a importância do kinesiotaping
eratório, além da própria intervenção
na cicatrização, contribuindo para que
cirúrgica, visando sempre uma boa re-
ela fosse mais rápida e menos doloro-
cuperação estética e funcional da região
sa, através de seus diversos benefícios
traumatizada.
49 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
CASE REPORT ON SURGICAL CORRECTION OF FRACTURE OF THE FACE AND POST-OPERATIVE USE OF KINESIO TAPING
ABSTRACT Trauma is a major inluencer of the epidemiological proile of morbidity and mortality in the Brazilian and world population. The face is a particularly exposed and vulnerable area that covers the major sense organs and is very close to the brain. The surgical procedure in this region can still lead to pain, temporary facial paralysis and trismus. As a way to combat these complications, adhesive elastic bandage has been gaining ground as a relevant postoperative measure. In this work, there is the report described by medical students from FAMENE Medical School of a male brown skin patient, 41 years old, victim of an automobile accident, who arrived at the Alberto Urquiza Wanderley Hospital with dermoabrasive lesions in the face associated with facial asymmetry. Computed Tomography showed images suggestive of fractures of the facial middle third and the patient was submitted to the reduction and ixation of fractures with nasotracheal intubation, under general anesthesia. Kinesiotaping was applied in the immediate postoperative period using the occlusion or fringes technique, whose base was located on the pre-auricular and submandibular region. The hospital discharge was given to the patient with 24 hours of postoperative, with return of 5 days for removal of points and exchange of kinesiotaping. The zygomatic complex becomes a region of the middle third of the face highly susceptible to fracture, due to its relative fragility, position, and projection on the face. Kinesiotaping is a non-medicated and inexpensive resource that brings a therapeutic proposal in the control of the vascular and symptomatic complications of the trauma. We emphasize the anatomical and functional understanding of the structures to be approached by the health professional, so that a safe intervention occurs. The report provided a good understanding of the measures indicated in the pre and postoperative period, besides the surgical intervention itself, always aiming a good aesthetic and functional recovery of the traumatized region. KEYWORDS: Trauma. Elastic Adhesive Bandage. Post Operative Assistance.
50 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
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14. Vercelli S, Colombo C, Tolosa F, Mori-
390-398.
ondo A, Bravini E, Ferriero G, Francesco S.
51 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
The efects of kinesio taping on the color
aplicação e seus resultados sobre a dor:
intensity of supericial skin hematomas:
revisão sistemática. Fisio e Pesq. 2014;
A pilot study. Physical Therapy in Sport.
21(1): 94-99.
2016; 23: 156-161. 17. Jardim ECG, Lima HC, Pereira TTM, 15. Banerjee G, Briggs M, Johnson MI. Ki-
Masocatto DC, Oliveira MM, Mendonça
nesiology taping as an adjunct for pain
JCG. Tratamento de fratura complexa
management: A review of literature and
de terço médio de face associada a fer-
evidence. Indian J Pain. 2016; 30:151-157.
imento extenso. Arch Health Invest.
16. Artioli DP, Bertolini GRF. Kinesio taping:
2014; 3(3): 1-7.
52 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
CAPÍTULO 7 LINFOMA DE HODGKIN EM PACIENTE GRÁVIDA: UM RELATO DE CASO Resumo O linfoma de Hodgkin (LH) é uma neoplasia rara que envolve o sistema linfático e representa cerca de 1% de todas as neoplasias, manifestando-se com linfadenomegalia, geralmente supradiafragmática. Quando a doença acomete pacientes grávidas, evita-se o tratamento quimioterápico, principalmente no primeiro trimestre, porém, em certos casos, a utilização de quimioterápico se torna inevitável. A administração de Vimblastina é uma alternativa para controle da progressão até o parto, quando o tratamento pleno se torna possível. Em casos de pacientes grávidas, acometidas pela a doença, se for possível, a paciente deve ser acompanhada, sem tratamento do LH. A administração intermitente de Vimblastina permite o controle clínico até o parto. Este estudo trata-se de um relato de caso a respeito de uma paciente grávida diagnosticada com Linfoma de Hodgkin, abordando especialmente a história clínica da doença, assim como sua evolução e intervenções terapêuticas. A paciente do sexo feminino, 36 anos, obteve acompanhamento e estadiamento por um ano e meio, desde quando observou crescimento progressivo do gânglio na região cervical esquerda (IVA supradiafragmática). A biopsia incisional revelou resultado compatível com LH de celularidade mista em imuno-histoquímica. Por este motivo, interrompeu a gestação na trigésima sexta semana e, após 21 dias de pós-operatório, deu-se início a quimioterapia. O LH é a neoplasia hematológica mais comum associada à gravidez e o tratamento nestas situações se depara com o dilema entre eicácia e toxicidade, e exigirá cada vez mais a participação informada do paciente nas decisões terapêuticas, além de um espaço aberto para fomentar as decisões que aprimorem a relação risco-benefício dos tratamentos disponíveis. PALAVRAS-CHAVE: Linfoma. Doença de Hodgkin. Gestante.
Thamyris Vilar Correia 1 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Robson Prazeres de Lemos Segundo2 Acadêmico de Medicina - FAMENE
Kauê Tavares Menezes3 Acadêmico de Medicina - FAMENE
Juliana Machado Amorim4 Docente – FAMENE
Maria Angelina Cartaxo Filgueiras Fernandes5 Docente – FAMENE
Maria Leonilia de Albuquerque Machado Amorim6 Docente – FAMENE
53 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
INTRODUÇÃO O linfoma de Hodgkin (LH) é uma
que o LH possui uma distribuição bimodal
neoplasia rara que envolve o sistema lin-
quanto à idade, com quadro inicial aos 20
fático e representa cerca de 1% de todas
anos e o segundo pico por volta dos 50
as neoplasias. Constitui sua apresentação
anos de idade. No Estado do Ceará, Brasil,
clínica o surgimento de linfonodomega-
os casos de LH foram mais descritos na
lia isolada ou generalizada, que pode es-
faixa infanto-juvenil, aos 10 anos de idade
tar associada ao acometimento de outros
e na fase adulta, em menores de 49 anos
órgãos do sistema imunológico – em espe-
de idade2.
cial o baço – e também de órgãos extralin-
O tratamento de primeira linha
fáticos tais como pulmão, fígado, ossos,
para o LH é a quimioterapia. Várias dro-
entre outros1.
gas já foram estudadas ao longo dos
A classiicação da OMS divide o LH
anos. Atualmente, o esquema mais uti-
em dois tipos histológicos principais: lin-
lizado é o ABVD (Adriamicina, bleomici-
foma de Hodgkin predominância linfocíti-
na, vimblastina e dacarbazina), trazendo
ca nodular (LHPLN) e linfoma de Hodgkin
menos efeitos colaterais e apresentando
clássico (LHC). O LHC é subdividido em
um melhor custo benefício1.
quatro subtipos: esclerose nodular, rico
A utilização da radioterapia como
em linfócitos, celularidade mista e de-
terapia de consolidação, após
pleção linfocítica. Nos países ocidentais
oterapia, para os pacientes com diag-
LHC corresponde a 95% dos casos de LH,
nóstico de linfoma de Hodgkin estado
sendo o subtipo esclerose nodular o mais
avançado, permanece ainda controver-
comum, perfazendo 60 – 70% dos casos1.
sa. Conforme demonstrado em uma me-
Alguns fatores de risco têm sido
ta-análise, a adição de radioterapia (tera-
descritos, tais como: história de linfoma
pia bimodal) apenas aumenta o ganho em
na família, imunossupressão (casos de
tempo de progressão livre de doença sem
transplante de órgãos), doenças autoi-
haver real impacto em sobrevida global
munes, exposição à radiação, contatos
em comparação à quimioterapia isolada.
com herbicidas e doenças infecciosas.
Os que advogam seu uso consideram o
Segundo Diehl, os linfomas geralmente
fato de que a maioria das recidivas ocorre
apresentam sintomas inespecíicos como
em áreas previamente acometidas ou
febre, suores noturnos, perda de peso,
em locais não irradiados. Por outro lado,
prurido e
astenia2.
quimi-
há uma grande preocupação com os pos-
A maioria dos pacientes é diagnos-
síveis efeitos colaterais, em longo prazo,
ticada entre 15 e 30 anos e há outro pico
nos pacientes que foram submetidos à
de diagnóstico após 55 anos de idade. Nos
terapia combinada3.
países industrializados, tem sido descrito
O LH tem alta chance de cura,
54 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
entretanto, apresenta riscos de falha
resgate das modalidades de transplan-
ao tratamento quimioterápico e/ou ra-
te de células tronco hematopoiéticas. O
dioterapia, principalmente nos portado-
transplante autólogo de medula óssea
res de fatores prognósticos desfavoráveis
(ATMO) é a principal opção terapêutica.
que recidivam após terapia primária ou,
Nos casos em que o tumor é mais agres-
menos frequentemente, tornam-se re-
sivo, ou há uma recaída precoce, após o
fratários. Nestes casos, os pacientes são
transplante autólogo, a disposição atual é
expostos a diversas combinações qui-
realizar o transplante alogênico que apre-
mioterápicas na tentativa de resolutivi-
senta intensidade de drogas reduzidas e
dade5.
menor toxicidade relacionada ao procedi-
Estes pacientes são candidatos ao
mento5.
METODOLOGIA
O metido
presente e
estudo
aprovado
foi
sub-
(CAAE:
da com Linfoma de Hodgkin de células mistas,
abordando
especialmente,
a
85738818.9.0000.5179) pelo Comitê de
história clínica da doença, assim como
Ética e Pesquisa da Faculdade de Me-
sua evolução e intervenções terapêuti-
dicina Nova Esperança (FAMENE). Tra-
cas. As informações contidas neste tra-
ta-se de um relato de caso a respeito
balho foram obtidas por meio da análise
de uma paciente grávida diagnostica-
de prontuário.
RELATO DE CASO
Paciente do sexo feminino, 36 anos,
uma biópsia incisional. O resultado foi com-
refere que em abril de 2016 notou aumen-
patível com Linfoma de Hodgkin de células
to progressivo de gânglio na região cervi-
mistas segundo imuno-histoquímica. Com o
cal esquerda (IVA supradiafragmática), que
diagnóstico estabelecido, a paciente estan-
logo em seguida estabilizou o crescimento.
do na 36ª semana de gestação foi submeti-
Entretanto em junho de 2017, grávida de
da à operação cesariana para interromper
cinco meses, refere que o gânglio voltou a
a gravidez.
crescer progressivamente.
Em 05/10/17, a paciente retorna no
A paciente procurou o cirurgião de
21º dia pós-operatório da cesariana. Nega
cabeça e pescoço que decidiu por realizar
febre, perda de peso, sudorese, alergias,
55 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
contato com substâncias tóxicas, diabetes
18/10/17 seguindo o protocolo ABVD em
mellitus, hipertensão arterial sistêmica e
seis ciclos com as seguintes medicações:
cardiopatia. Surge suspeita de metástase
Doxorrubicina
em medula óssea sendo realizada a PET-CT
(6mg/m2),
seguida de biópsia de medula óssea.
micina (6mg/m2).
O
tratamento
foi
iniciado
(25mg/m2),
vimblastina
dacarbazina (375mg/m2), bleo-
em
DISCUSSÃO
Durante a gravidez, o câncer é in-
informações sobre linfonodomegalias sem
comum com incidência relatada de 0,07
expor o feto a risco mensurável de ra-
a 0,8%. Numa perspectiva quantitativa, o
diação, embora a ultrassonograia seja um
Linfoma de Hodgkin (LH) representa 13%
exame pouco sensível e examinador-de-
dos linfomas malignos e menos de 1% da
pendente, e não haja dados sobre a
totalidade das patologias malignas. A ocor-
utilização irrestrita de ressonância em
rência simultânea é uma das principais
grávida 8.
causas de morte em mulheres em idade
A decisão de que momento iniciar
fértil, representando problemas terapêuti-
as intervenções terapêuticas se baseia na
cos complexos para pacientes, familiares,
maior resolutividade e menor dano a mãe
oncologistas, obstetras, pediatras e neo-
e ao desenvolvimento do feto8. No caso da
natologistas6,7.
paciente em questão, optou-se por não re-
O LH é a neoplasia hematológica
alizar tratamento quimioterápico durante
mais comum associada à gravidez. Nas
a gestação, decidido conjuntamente com a
pacientes grávidas, a apresentação clíni-
obstetrícia a interrupção da gravidez após
ca mais observada é de linfonodomegalia
36 semanas, com a indução da maturação
cervical, não diferindo de pacientes não
pulmonar do feto com corticoide.
grávidas8.
O PET-CT oncológico utiliza a 18
Para estadiamento de LH, usual-
F-FDG, substância que pode atravessar
mente são solicitadas tomograias com-
a barreira placentária e potencialmente
putadorizadas de tórax, abdome e pelve
submeter o feto a maior risco de radiação.
ou PET-CT. As tomograias computadoriza-
O PET-CT também é contraindicado duran-
das abdominal e pélvica podem submeter
te a amamentação, que deve ser descon-
o feto à radiação de até 0,02 Gy, dose con-
tinuada por pelo menos 24 horas após o
siderada ainda abaixo da potencialmente
exame8.
teratogênica. Porém, existem exames de
Pacientes diagnosticadas no pri-
imagem que, como a ressonância magnéti-
meiro
trimestre
devem,
se
possível,
ca e a ultrassonograia, podem fornecer
aguardar até o início do segundo trimestre
56 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
para iniciar quimioterapia. Caso isso não
pacientes no primeiro trimestre e o regime
seja possível, o risco de malformações
ABVD. No entanto, em comparação com
fetais, mesmo que baixo, deve ser con-
77 crianças da mesma idade, os testes de
siderado e explicado à gestante. In-
QI verbal e de desempenho estavam den-
dicações para início imediato de qui-
tro de intervalos normais.
mioterapia no primeiro trimestre são: massa
bulky
compressiva,
Há descrição de 24 casos de LH
doença
na gestação, com dois abortamentos es-
subdiafragmática sintomática ou LH
pontâneos e cinco casos de malformação
em estádios clínicos avançados 8 .
fetal, devido à exposição ao esquema
Atualmente, o regime ABVD per-
MOPP ou à ciclosfosfamida e radioterapia
mite a quimioterapia durante o segundo e
no primeiro trimestre. Nessa mesma série,
terceiro trimestre da gravidez, por ser se-
15 gestantes, que receberam ABVD, inde-
gura para o feto e o bom prognóstico das
pendentemente do trimestre da gestação,
mulheres com complicações mínimas6.
deram à luz a crianças normais que per-
A
radiação
ionizante
deve
ser
maneceram saudáveis em avaliações pos-
evitada na gravidez devido à sua con-
teriores. O esquema MOPP ou COPP no
hecida influência teratogênica já que os
segundo e terceiro trimestre de gestação
agentes podem aumentar o risco de abor-
não foram associados à malformação8.
to espontâneo, grandes malformações,
Vale ressaltar, que pacientes com di-
restrição de crescimento intra-uterino,
agnóstico prévio de LH que recaem durante
parto pré-termo ou mesmo morte fetal. A
gestação têm prognósticos piores e devem
conduta clínica em tais pacientes deve ser
considerar interrupção da gestação. Em to-
individualizada: idade gestacional, pre-
dos os casos, a decisão é individualizada,
sença de doença subdiafragmática, tipo
e cabe ao hematologista explicar aos pais
de agentes citotóxicos a serem adminis-
os riscos e os benefícios do tratamento.
trados, e consentimento do paciente. A
Após o tratamento, a fertilidade parece ser
explicação completa de riscos de trata-
similar às mulheres em geral, um pouco
mento e perigos da própria doença deve
menor para as tratadas com MOPP e MVPP.
ser levada em consideração na decisão.
A recomendação é para que pacientes, que
Contudo, devido aos avanços tecnológi-
tiveram Linfoma de Hodgkin, aguardem
cos, a atual radiografia mantém uma dose
pelo menos dois a três anos antes de en-
de radiação bem abaixo do limiar para
gravidar novamente8.
efeitos adversos do feto e não deve, portanto, danificá-lo 9.
Estudo de coorte dinamarquês, publicado
em
2008,
comparou
292
Embora o uso de quimioterapia, du-
recém-nascidos de mães com LH gesta-
rante a gestação, permanece controverso,
cional com outros 14.042 de mães
os pesquisadores Avilés, Nambo e Neri6
saudáveis e concluiu que não houve as-
utilizaram Vimblastina isolada em quatro
sociação signiicativa de malformação,
57 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
ou baixo peso ao nascer. Porém, houve
econômica pode auxiliar no combate de
incidência 26 vezes maior de prema-
tais efeitos colaterais. Dos sobreviventes
turidade em recém-nascidos de mães
participantes da pesquisa de Magyari et
com LH, fato este que também pode ser
al.10, dois terços estavam ativos na con-
atribuído à escolha da gestante ou do
clusão do estudo e se mostraram mais
médico em interromper a gestação mais
resilientes, menos deprimidos, menos
precocemente para iniciar a quimiotera-
ansiosos, menos perfeccionistas do que
pia8.
os inativos. É de extrema relevância o cuida-
A suspeita de metástase óssea
do continuado com o paciente, mesmo
deve ser investigada, pois sugere dis-
após o encerramento do tratamento. Os
seminação hematogênica ou propagação
sobreviventes correm o risco de desen-
direta do linfonodo envolvente contíguo,
volverem efeitos colaterais psiquiátricos
podendo indicar que a doença evolu-
e psicossociais adversos, principalmente
iu para um estado avançado. Quando
nos casos com malignidade secundária
atinge a estrutura óssea, provavelmente
ou insuiciência orgânica, reduzindo a
aparece na coluna vertebral ou osso lon-
qualidade e expectativa de vida10.
go, raramente ocorre na pelve11.
O restabelecimento na vida socio-
CONSIDERAÇÕES FINAIS As deinições das diversas questões
local. Deve-se discutir eicácia e potenciais
que permanecem em aberto sobre LH que
eventos adversos em curto, médio e longo
contribuirão para aprimorar a relação ris-
prazo, pois não se pode pensar em prolongar
co-benefício dos tratamentos disponíveis.
a sobrevida do paciente sem que este tenha
Enquanto isso, o dilema entre eicácia e
preservada sua qualidade de vida.
toxicidade persistirá, e exigirá cada vez
É fundamental a alta suspeição base-
mais a participação informada do paciente
ada em achados clínicos e epidemiológicos.
nas decisões terapêuticas.
Além disto, a padronização de condutas e
A atuação multiproissional é impor-
técnicas para a detecção precoce com vis-
tante para amenizar tais sintomas e planejar
tas ao início de tratamento precoce, como
um processo de reabilitação desses pacien-
também, o desenvolvimento e validação de
tes. O proissional deve estar alerta, diante de
estratégias, baseadas em risco, trarão impor-
quadros inespecíicos e arrastados, uma vez
tante contribuição para redução de mortali-
que, a identiicação e o diagnóstico precoce
dade.
melhoram a sobrevida na medida em que
O combate a esta doença deve
previne metástases, crescimento e destruição
se basear nas medidas de saneamen-
58 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
to básico, como tratamento de águas
equipamento de proteção individual ao
e sistemas de esgoto, eliminação dos
entrar em águas contaminadas, como
caramujos hospedeiros e utilização de
também, de educação sanitária.
HODGKIN LYMPHOMA IN PREGNANT PATIENT: A CASE REPORT
ABSTRACT O Hodgkin’s lymphoma (HL) is a rare neoplasm that involves the lymphatic system and represents about 1% of all neoplasms, manifesting with lymphadenomegaly, usually supradiaphragmatic. When the disease afects pregnant patients, chemotherapy is avoided, especially in the irst trimester, but in some cases, the use of chemotherapy becomes unavoidable. The administration of Vimblastine is an alternative to control progression until delivery, when full treatment becomes possible. In cases of pregnant patients afected with the disease, if possible, the patient should be followed up without HL treatment until term or intermittent administration of vimblastin allows for clinical control until delivery. This is a case report about a pregnant patient diagnosed with Hodgkin’s lymphoma, especially addressing the clinical history of the disease, as well as its evolution and therapeutic interventions. The female patient, 36 years old, had been followed up and staged for a year and a half since the progressive growth of the ganglion in the left cervical region (supradiaphragmatic VAT). Incisional biopsy revealed mixed HL-compatible result in immunohistochemistry. For this reason, she stopped gestation at the thirty-sixth week and, after 21 postoperative days, the chemotherapy was started. LH is the most common hematologic neoplasms associated with pregnancy, and treatment in these situations faces the dilemma between eicacy and toxicity, and will increasingly require informed patient participation in therapeutic decisions, as well as an open space to foster decisions that improve the risk-beneit ratio of available treatments. KEYWORDS: Lymphoma. Hodgkin Disease. Pregnant Women.
59 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
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2017; 96(39): 1-9.
Pregnancy. Mediterr J Hematol Infect Dis.
60 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
CAPÍTULO 8 ADENOCARCINOMA GÁSTRICO TIPO ANEL DE SINETE: UMA COMPARAÇÃO HISTOPATOLÓGICA
Resumo O câncer gástrico é uma das neoplasias malignas mais comuns, com alta mortalidade e, consequentemente, de grande preocupação para os proissionais de saúde. O adenocarcinoma gástrico corresponde a 95% de todos os cânceres gástricos e, no Brasil, está entre as principais causas de morte entre homens e mulheres. A OMS classiica o adenocarcinoma em cinco subtipos, de acordo com as diferenças histopatológicas. Esse trabalho tem o objetivo de diferenciar histologicamente os tecidos gástricos normais com aqueles que apresentam adenocarcinoma do tipo anel de sinete, os quais são constituídos, em grande parte, por células isoladas contendo mucina, células não produtoras de mucina e por aquelas com citoplasma eosinofílico granular. Para a realização do estudo, foram analisadas cinco lâminas histológicas de estômago saudável e outras cinco lâminas histológicas de estômago de portadores de adenocarcinoma do tipo anel de Sinete. O instrumento utilizado foi um formulário, contendo dezesseis questões de múltipla escolha, a im de indicar as alterações mais frequentes encontradas nos tecidos doentes. Os resultados mostraram mudanças na citoarquitetura gástrica, com desaparecimento de fossetas, proliferação neoplásica, iniltrado linfocitário e aumento da densidade vascular, com maiores alterações na camada mucosa do estômago. O estudo contribui para aumentar o arsenal teórico acerca do adenocarcinoma gástrico e permite melhor entendimento da patologia pelos estudantes de Medicina. PALAVRAS-CHAVE: Histologia. Estômago. Adenocarcinoma Gástrico. Avaliação comparativa.
Alexandre Rolim da Paz 1 Mestre em Patologia
Artrur Gonçalves de Lima França 2 Acadêmico de Medicina - FAMENE
Carolina Cabral de Carvalho 3 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Ítalo Sousa de Moraes Castro 4 Acadêmico de Medicina - FAMENE
Vinicius Nogueira Trajano5
Docente - FAMENE
61 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
INTRODUÇÃO O estômago é uma porção dilatada
quadra o adenocarcionoma gástrico. Sen-
do tubo digestório onde o bolo alimentar
do ele uma das neoplasias malignas mais
é macerado e parcialmente digerido em
comuns e apresentando alta mortalidade,
uma pasta. Anatomicamente, é dividi-
considerado a segunda causa de morte
do em: cárdia, fundo, corpo e piloro1. A
por câncer mundialmente6.
mucosa e a submucosa formam pregas
De fato, o adenocarcinoma repre-
longitudinais denominadas rugas. Elas se
senta 95% de todos os cânceres gástri-
distendem quando o estômago está cheio.
cos, dentre os 5% restantes, incluem-se
O epitélio é simples colunar, constituído
os linfomas e os sarcomas. No Brasil, em
pelas células mucosas supericiais. Seu ci-
similaridade, o adenocarcinoma está en-
toplasma apical é repleto de vesículas de
tre as três primeiras causas de morte por
glicoproteínas²,³. Além disso, o epitélio in-
câncer no sexo masculino e entre as cin-
vagina-se, resultando nas fossetas gástri-
co primeiras nas mulheres. Sua incidência
cas que são mais rasas na região cárdica e
é maior entre homens, na proporção de
mais profundas na região pilórica. As glân-
2:1, sendo mais frequente entre 50 e 70
dulas cárdicas e pilóricas são tubulares
anos, com pico por volta dos 70 anos em
ramiicadas
mucosas3.
ambos os sexos. Ele apresenta, também,
O corpo e o fundo são semelhan-
alta prevalência em países da Ásia como
tes histologicamente, e as glândulas são
o Japão e a Coréia do Sul, além de países
denominadas gástricas ou fúndicas. Elas
andinos como o Chile7.
são tubulares ramiicadas4,5. Já a mus-
Evidencia-se, então, um progres-
cular da mucosa, comprime as glândulas
so signiicante na identiicação do He-
do estômago, auxiliando na liberação da
licobacter pylori (H. pylori) como fator
secreção. Nesse contexto, além das sub-
importante ligado ao processo da car-
camadas circular e longitudinal de mús-
cinogênese gástrica. No entanto, tem-se
culo liso, pode haver uma subcamada
observado grande heterogeneidade entre
oblíqua disposta internamente3. Ademais,
as populações, no que diz respeito ao risco
o estômago é delimitado pela serosa, ex-
de desenvolvimento de câncer gástrico as-
ceto em uma pequena região na parte
sociado à infecções de H. pylori, notando-se
posterior, próxima ao cárdia, onde há ad-
que nas populações com alta prevalên-
ventícia1,5.
cia da infecção somente uma fração da
Em 1990, a Organização Mundial
mesma irá desenvolver câncer gástrico8.
de Saúde (OMS) recomendou um siste-
Além disso, estudos da mucosa gástrica
ma de classiicação para os cânceres
em populações de alto risco têm revela-
gástricos que se baseia nas característi-
do uma série de lesões que, sequencial-
cas morfológicas, em cujo sistema se en-
mente, evoluíram da condição normal
62 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
para Gastrite Crônica Não Atróica (GCNA),
A partir disso, este trabalho tem
que evoluiria para Gastrite Atróica (GA)
como objetivo analisar as principais al-
e Metaplasia Intestinal (MI) e, inalmente,
terações tissulares decorrentes do ade-
Por-
nocarcinoma gástrico tipo anel de Sinete,
tanto, a infecção pelo H. pylori determina
comparando-as com o órgão saudável,
a ocorrência de inlamação crônica da mu-
buscando assim, diferenças e semelhan-
cosa gástrica que pode persistir por dé-
ças que facilitem o diagnóstico histopa-
cadas e conferir risco aumentado para o
tológico de cada uma dessas doenças.
para displasia e
adenocarcinoma8,9.
desenvolvimento do câncer gástrico10,11.
RELATO DO CASO
Coleta de dados
logia da FAMENE, utilizando microscópios
O presente estudo foi submetido e
ópticos biológicos binoculares Prolab®
aprovado (CAAE: 80809817.1.0000.5179)
com lentes objetivas de aumentos 4x, 10x
pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade
e 40x e oculares de aumento 16x. Como
de Medicina Nova Esperança (FAMENE). O
instrumento para coleta de dados foram
trabalho apresenta uma abordagem descri-
realizados registros fotográicos e utiliza-
tiva, visando comparar histologicamente te-
do um formulário sintetizado exclusiva-
cidos saudáveis e com tecido de portadores
mente para melhor análise comparativa
de adenocarcinoma gástrico, dando enfo-
das lâminas (Figura 1), contendo dezesseis
que para o tipo Anel de Sinete (OMS), que é
questões de múltipla escolha, elaborado
o correspondente do tipo difuso, de Lauren
segundo as mais frequentes variações das
(classiicação mais difundida pelo mundo).
principais características histológicas do
Foram selecionadas, de forma ale-
adenocarcinoma gástrico. A alternativa “A”
atória, dez preparações histológicas, sen-
correspondia as características normal-
do cinco lâminas de tecidos saudáveis e
mente observadas no estômago saudável,
cinco lâminas de tecidos portadores de
enquanto que a alternativa “B” demonstra
adenocarcinoma tipo anel de sinete. Todas
as alterações pouco aparentes e a alterna-
as lâminas diagnosticadas com adenocar-
tiva “C” para alterações mais evidentes.
cinoma gástrico foram cedidas pelo Hos-
Dessa forma, conseguiu-se analisar com-
pital Napoleão Laureano, que é referên-
parativamente as modiicações teciduais
cia no tratamento de câncer para toda a
encontradas nas lâminas diagnosticadas
região da Paraíba.
com Adenocarcinoma Gástrico.
Por conseguinte, a análise histológica foi realizada no Laboratório de Histo-
63 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
TABELA 1: Formulário utilizado para análise comparativa das lâminas
RESPOSTAS
PEGUNTA A. Prismático
1. Qual a morfologia do epitélio da mucosa? 2. Como se caracteriza a uniformidade do epitelial da mucosa?
A. Uniforme contínuo
B. Cúbico
C. Pavimentoso
B. Uniforme descontínuo
C. Disforme
3. Qual a densidade de fosseta na mucosa?
A. Alta
B. Baixa
C. Ausente
4. Qual a densidade de glândulas tubulares na mucosa?
A. Alta
B. Baixa
C. Ausente
5.Qual a densidade de células neoplásicas na mucosa?
A. Alta
B. Baixa
C. Ausente
6. Qual a densidade de iniltrado linfocitário na mucosa?
A. Alta
B. Baixa
C. Ausente
7. Qual a densidade de células neoplásicas na submucosa?
A. Alta
B. Baixa
C. Ausente
8. Qual a densidade de iniltrado linfocitário na submucosa?
A. Alta
B. Baixa
C. Ausente
9. Qual a densidade de células neoplásicas na camada muscular?
A. Alta
B. Baixa
C. Ausente
10. Qual a densidade de iniltrado linfocitário na camada muscular?
A. Alta
B. Baixa
C. Ausente
11. Qual a densidade de células neoplásicas na serosa?
A. Alta
B. Baixa
C. Ausente
12. Qual a densidade de iniltrado linfocitário na serosa?
A. Alta
B. Baixa
C. Ausente
13. Qual a densidade vascular na mucosa?
A. Normal
B. Baixa
C. Ausente
14. Qual a densidade vascular na submucosa?
A. Normal
B. Baixa
C. Alta
15. Qual a densidade vascular na camada muscular?
A. Normal
B. Baixa
C. Alta
16. Qual a densidade vascular na serosa?
A. Normal
B. Baixa
C. Alta
Nas análises estatísticas de com-
Análise estatística Os dados obtidos foram inseridos
paração foi usado o programa GraphPad
no programa Microsoft Oice Excel 2013
Prisma 6. Veriicou-se a existência de dife-
e após tabulação e montagem do banco
rença signiicativa entre as características
de dados, foram calculadas as frequências
observadas (respostas A, B e C) e entre as
relativas e os valores percentuais das ca-
características dentro de cada lâmina. To-
racterísticas. As descrições das variáveis
dos os testes tiveram nível de signiicância
foram apresentadas na forma de tabela.
de 5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O percentual de respostas das 16
cosa, muscular e serosa das lâminas com
perguntas referentes à morfologia e carac-
adenocarcinoma gástrico pode ser obser-
terísticas das camadas mucosa, submu-
vado na Tabela 2.
64 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
TABELA 2: Percentual (%) de respostas referentes à morfologia e características das camadas mucosa, submucosa, muscular e serosa das lâminas com adenocarcinoma gástrico.
(%)
PERGUNTAS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Com relação à mucosa, observou-se que a maioria das lâminas (60%) não possui uma uniformidade epitelial, tendo uma citoarquitetura disforme. No quesito 3, que abrange a densidade de fossetas presentes, analisou-se que a maior parte das lâminas (60%) estão ausentes de fossetas (Figura 1). Em todas as lâminas, na camada mucosa, observou-se uma alta densidade de células neoplásicas e iniltrado linfocitário. Também foi observado que 80% das lâminas que foram analisadas tem uma densidade vascular normal na camada submucosa. Nos quesitos referentes à camada muscular, observou-se que 100% das lâminas possuem uma baixa densidade de células neoplásicas e infiltrado linfocitário. Já em relação à vascularização, foi evidenciado que
A 0 0 0 60 100 100 20 20 0 0 0 0 0 80 80 100
B 60 40 40 20 0 0 80 80 100 100 80 80 60 0 20 0
C 40 60 60 20 0 0 0 0 0 0 20 20 40 20 0 0
100% das lâminas apresentam uma densidade vascular dentro dos parâmetros de normalidade na camada serosa. Analisaram-se os dados, também, separando os mesmos em gráficos de acordo com as camadas histológicas do estômago. No Gráfico 1, foi observado que há uma maior taxa de altas alterações na camada mucosa, mostrando que na amostra em questão a camada mucosa é afetada de forma mais acentuada. No Gráfico 2 pode-se observar que, nas lâminas histológicas de portadores de adenocarcinoma gástrico, as camadas submucosa, serosa e muscular tiveram poucas alterações histológicas quando comparadas com a mucosa, evidenciando que esta camada é mais susceptível aos efeitos invasivos das células neoplásicas.
65 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
GRÁFICO 1: Frequência de resposta sobre alterações observadas na mucosa das lâminas com adenocarcinoma gástrico.
GRÁFICO 2: Frequência de resposta sobre alterações observadas na submucosa, muscular e serosa das lâminas com adenocarcinoma gástrico.
150
80
Frequência(%)
Frequência(%)
100
60 40
100
50 20
A
B
0
C
A
Alternativas
B
C
Alternativas
Os resultados obtidos neste estudo
desaparecimento das fossetas e da orga-
mostraram mudanças na citoarquitetura
nização glandular normal da camada mu-
do estômago com a proliferação neoplá-
cosa (Figuras 1 e 2).
sica e o iniltrado linfático, observou-se o
FIGURA 1: Mucosa do estômago com adenocarcinoma com alta densidade vascular e de linfócitos.
FIGURA 2: Lâmina histológica normal do estômago mostrando as camadas mucosa e submucosa.
66 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
Os resultados corroboram com es-
disforme e com a presença de células de
tudos histológicos do adenocarcinoma
aspecto caliciforme (Figura 4). Provavel-
em anel de sinete, que identiicaram que
mente relacionadas à patologia. De acor-
esta neoplasia apresenta células pouco
do com a classiicação da OMS, mais de
coesivas, devido a isso há uma maior pro-
50% do tumor adenocarcinoide com célu-
pensão a invadir a camada submucosa e
las de anel de sinete apresentam grupos
espaços
subserosos11.
Houve grande concentração de
pequenos ou isolados de células contendo mucina no citoplasma12-13.
células linfocitárias e neoplásicas na
Baptista15 já airmava que esse
camada submucosa (Figura 3), diferente-
tipo de tumor, além de apresentar célu-
mente do que é falado pela OMS, onde
las contendo mucina, podem conter célu-
segundo esta, geralmente há uma con-
las não produtoras de mucina e células
centração de células neoplásicas na lâmi-
de citoplasma eosinofílico granular, con-
na própria afastando as glândulas das
tendo mucina neutra. Além disto, células
fossetas12.
tumorais tendem a iniltrar difusamente o
Na análise microscópica também
corion e a serosa do estômago15.
foram analisadas lâminas com a mucosa
FIGURA 3: Iniltrado linfocitário na camada submucosa no estômago com adenocarcinoma.
FIGURA 4: Mucosa disforme com presença de células de aspecto caliciforme.
67 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo, a partir da análise e comparação das alterações
ma e alterações na citoarquitetura glandular.
histológicas do estômago com adenocar-
Sabendo que há poucos estudos
cinoma do tipo anel de sinete, permitiu
histopatológicos comparativos de ade-
a constatação de maior grau de modifi-
nocarcinoma gástrico, esse material con-
cações na camada mucosa em relação às
tribui para aprimorar a formação médica,
demais, como quantidade de células neo-
fornecendo
plásicas, redução das fossetas gástricas,
mações teóricas e imagens de lâminas
aumento da densidade vascular, grupos
que facilitam o entendimento das princi-
de células contendo mucina no citoplas-
pais alterações da patologia discutida.
dados
estatísticos,
infor-
GASTRIC ADENOCARCINOMA OF SINET-RING TYPE: A HISTOPATHOLOGICAL COMPARISON
ABSTRACT Gastric cancer is one of the more common malignant neoplasia, with a high death rate and, consequently a great concern among professionals in the health area. The gastric adenocarcinoma results to 95% of all gastric cancer and, it is one of the main causes of death in Brazil. The WHO classiies ive types of Adenocarcinoma, according to the histopathological diferences. This paper has the objective to separate histologically healthy gastric tissue from signet-ring cell carcinoma tissue, which has, in majority, isolated cells with mucin, non-mucin producing cells and granular eosinophilic cytoplasm. To perform this paper, were analyzed ive histological blades of a healthy stomach and another ive histological blades of a signet-ring carcinoma stomach carrier. The instrument used was a paper form, containing sixteen multiple choices questions, in order to identify the most usual alteration found on the unhealthy tissues. The results shows cytoarchitecture changes: pits disappearance, neoplastic proliferation, lymphocytic iniltrate and an increase in vascular density, with higher alterations on the mucosal layer of the stomach. The study contributes to increase the theoretical information about gastric adenocarcinoma and allows a better understanding about this pathology by medical students. KEYWORDS: Histology. Stomach. Gastric Adenocarcinoma. Comparative evaluation.
68 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
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69 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
CAPÍTULO 9 ANÁLISE ACERCA DO TRATAMENTO DA PRESBIOPIA, ATRAVÉS DE CIRURGIA REFRATIVA A LASER, EM PACIENTES DE UM HOSPITAL OFTALMOLÓGICO NA PARAÍBA
Resumo A córnea é o tecido que permite que a luz entre no olho, atuando como uma lente, podendo ser esculpida para ajustar o foco e reparar defeitos. Correções podem ser compensadas pela cirurgia a laser, na ausência de catarata. O referido estudo trata de uma pesquisa de campo, com caráter descritivo e abordagem quantitativa, realizado no período entre o ano de 2015 e dezembro do ano de 2017. Utilizou-se como base de dados LILACS e SciELO para consulta de artigos cientíicos. Foram utilizados os Descritores em Ciência da Saúde: Acomodação e Presbiopia, Fisiologia, Abordagem Terapêutica e Técnicas cirúrgicas para o tratamento da presbiopia. O estudo foi realizado a partir da análise de prontuários eletrônicos do Hospital Visão, em João Pessoa- PB, com 25 pacientes submetidos ao LASIK. Foram incluídos 24 pacientes (48 olhos), 19 (80%) pacientes do sexo feminino, 5 (20%) do sexo masculino. A média da idade dos pacientes foi de 52 anos (variando de 43 a 59 anos), 47 (94%) olhos com hipermetropia e 3 (6%) com miopia. Nenhum dos pacientes necessitou do uso de lentes corretivas após a cirurgia para alcançar a acuidade visual desejada. No presente estudo notou-se a predileção do sexo feminino pela busca de melhora da visão de perto, o que pode ser explicado pela maior vaidade e disponibilidade de submeter-se a procedimentos cirúrgicos inerentes ao sexo feminino. Logo, a monovisão é conseguida cirurgicamente, através do LASIK. Esta técnica permite uma diminuição dos problemas relacionados a acuidade visual, demonstrando-se eicaz no tratamento e proporcionando uma melhor qualidade de vida dos pacientes submetidos. PALAVRAS-CHAVE: Pacientes. Tratamento da presbiopia. Cirurgia refrativa a laser.
Brenna Marques Amorim Tenório1 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Caio Augusto Carneiro Da Costa2 Acadêmico de Medicina - FAMENE
Eloísa Jordana De Barros Oliveira3 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Mariana Melo Gadelha Sarmento4 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Tânia Regina Ferreira Cavalcanti5
Docente - FAMENE
70 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
INTRODUÇÃO A córnea é o tecido transparente
visão em pacientes com presbiopia, obser-
que permite que a luz entre no olho. Por
vou-se uma melhora signiicativa em ambos
seus raios de curvatura, ela atua como
os casos de pacientes sujeitos a cirurgia a
uma lente, controlando principalmente
laser.
o foco da retina. Ao esculpir o tecido da
No primeiro artigo, a discriminação
córnea, é possível ajustar o foco e reparar
visual foi avaliada pelo índice de pertur-
os defeitos. A operação dura cerca de 15
bação sob baixa iluminação em dois gru-
minutos por olho, incluindo os preparati-
pos de pacientes submetidos ao LASIK
vos. Ela é indolor. Um tratamento anal-
com dois algoritmos de ablação diferentes
gésico preventivo reduz a sensação dolo-
usando o laser Allegretto Wave Eye-Q 400
rosa pós-operatória imediata. Na maioria
Hz (WaveLight AG). No primeiro grupo
dos casos, a operação a laser é realiza-
(grupo padrão; 30 olhos), as ablações da
da em ambos os olhos na mesma inter-
córnea foram realizadas com o algoritmo
venção cirúrgica, o que permite uma re-
padrão. No segundo grupo, as ablações
cuperação visual binocular muito rápida,
foram feitas com o algoritmo Q-otimizado
horas1.
(F-CAT). A qualidade óptica do olho foi cal-
Quanto à presbiopia, pode ser
culada pela razão de Strehl medida com
compensada pela cirurgia a laser, na
um dispositivo de dupla passagem (OQAS,
ausência de catarata. Ao criar uma pro-
Visiometrics SL)².
em apenas algumas
fundidade de campo, a visão de perto é
Após o LASIK, tanto a razão de Strehl,
melhorada sem uma correção e uma boa
quanto a capacidade de discriminação visu-
visão de longe é mantida. No indivíduo,
al, diminuíram em ambos os grupos, embora
desprovido de qualquer anomalia refrati-
as mudanças tenham sido signiicativamente
va e enxergando perfeitamente de longe,
maiores no grupo padrão do que no grupo
a cirurgia a laser da presbiopia é mais
Q-otimizado. Uma alta correlação foi encon-
delicada e qualquer melhoria da visão de
trada entre a razão de Strehl e o índice de
perto pode ser realizada em detrimento
perturbação em pacientes submetidos ao
da acuidade visual de
longe1.
LASIK, independentemente do algoritmo
Adquirindo como referência dois arti-
de ablação aplicado. A deterioração óp-
gos, cujos objetivos foram: determinar se a
tica e visual foi maior após a ablação pa-
qualidade óptica do olho está correlacionada
drão².
com a capacidade de discriminação visual de
No segundo artigo, o método tam-
pacientes tratados com LASIK, usando dois
bém realizado com o laser Allegretto
algoritmos diferentes de ablação e avaliar a
Wave Eye-Q 400 Hz. O olho dominante
qualidade visual, após a ceratomileuse in situ
foi corrigido para visão distante e olho
no laser (LASIK), realizada para obter mono-
não dominante para visão de perto. O
71 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
algoritmo F-CAT foi programado visando
pré-operatório e 3 meses após a cirurgia.
uma asfericidade corneana pós-cirúrgi-
Assim, concluiu-se que a correção de mono-
ca de -0,80 no olho dominante e -1,00
visão pelo LASIK melhorou a visão de per-
no olho não dominante. A acuidade visu-
to funcional em pacientes com presbiopia.
al, a função de sensibilidade ao contraste,
Embora a acuidade visual fosse boa para a
as aberrações oculares, a estereoscopia,
visão distante, a sensibilidade ao contraste
o índice de dispersão e a capacidade de
e a estereoscopia diminuíram signiicativa-
discriminação visual foram analisados no
mente2.
METODOLOGIA
O estudo trata de uma pesquisa de campo, com caráter descritivo e aborda-
Nova Esperança (Protocolo CEP: 07/2018 e CAAE: 81745618.4.0000.5179).
gem quantitativa, realizado no período en-
O estudo foi realizado a partir da
tre o mês de janeiro ao mês de dezembro
análise de prontuários eletrônicos do Hos-
do ano de 2017. Utilizou-se como base de
pital Visão, em João Pessoa-PB, com pa-
dados LILACS e SciELO para consulta de ar-
cientes atendidos do ano de 2015 ao de
tigos cientíicos. Foram utilizados os Descri-
2017, tendo como base 25 pacientes. A
tores em Ciência da Saúde: Acomodação e
pesquisa foi analisada com foco no método
Presbiopia, Fisiologia, Abordagem Terapêu-
quantitativo, e tabulada estatisticamente,
tica e Técnicas cirúrgicas para o tratamento
com o auxílio de um pacote estatístico
da presbiopia. O estudo foi realizado após
SPSS (Versão 18), utilizando parâmetros
aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa
de estatística descritiva.
das Faculdades de Enfermagem e Medicina
RESULTADOS Foram incluídos 25 pacientes (50
pode ser observada no Gráico 2. Nenhum
olhos), sendo 20 (80%) pacientes do sexo
caso foi excluído devido a complicações
feminino e 5 (20%) do sexo masculino,
cirúrgicas ou pós-operatórias.
representados no Gráico 1. A média da
O grupo de olhos dominantes com-
idade dos pacientes foi de 52 anos (vari-
preendeu 25 olhos com equivalente esféri-
ando de 43 a 59 anos), 47 (94%) olhos
co médio de +1,49 (variando de -3,75 a
com hipermetropia e 3 (6%) com miopia.
+4,75). O grupo de olhos não dominantes
A idade dos pacientes em porcentagem
compreendeu 25 olhos com equivalente
72 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
esférico médio de +1,67 (variando de -1,8
amigo (Gráico 3).
Um mês após a cirurgia, a média da acuidade visual binocular sem correção foi de 0,01 logMAR para longe e 0,0 logMAR para perto. Nenhum dos pacientes necessitou do uso de lentes corretivas após a cirurgia para alcançar a acuidade visual desejada.
GRÁFICO 1: Prevalência do sexo dos pacientes.
GRÁFICO 2: Idade dos pacientes
a +5,25) (Tabela 1). Vinte e quatro (24) pacientes (96%) relataram satisfação com os resultados do procedimento e 23 pacientes (92%) informaram que indicariam o LASIK para correção de presbiopia a um
30%
28%
25
80 Percentual (%)
Percentual (%)
100%
60 40 20
23%
20
17%
15 11%
5 Feminino
11%
10
2% 2% 1%
Masculino
1%
3%
1%
43 45 46 49 51 52 53 55 57 59 69 Idade
GRÁFICO 3: Pesquisa de satisfação.
30 25 Nº de indivíduos
25 20 15 10 5
1 Satisfeitos
Insatisfeitos
73 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
TABELA 1: Equivalente esférico pré e pós-operatório.
Paciente
Equivalente esférico pré-operatório
Equivalente esférico pós-operatório
1
OD: 2,25 | OE: 2,25
OD: -1,75 | OE: -0,37
2
OD: 1,25 | OE: 1,25
OD: -1,25 | OE: 0,00
3
OD: 1,25 | OE: 1,00
OD: -0,25 | OE: -2,00
4
OD: 1,95 | OE: 2,2
OD: 0,20 | OE: -1,25
5
OD: 1,00 | OE: 0,80
OD: 1,50 | OE: -0,55
6
OD: 0,75 | OE: 1,25
OD: -0,25 | OE: 0,25
7
OD: -0,50 | OE: -3,75
OD: 1,00 | OE: 1,63
8
OD: 2,30 | OE: 2,00
OD: 0,80 | OE: -2,00
9
OD: 1,88 | OE: 2,00
OD: 2,00 | OE: -0,75
10
OD: 1,75 | OE: 1,50
OD: 1,75 | OE: 0,25
11
OD: 1,00 | OE: 1,25
OD: -1,00 | OE: -1,5
12
OD: 2,00 | OE: 1,25
OD: -0,60 | OE: -1,75
13
OD: 4,75 | OE: 5,25
OD: -1,12 | OE: -1,25
14
OD: 3,25 | OE: 2,75
OD: -0,50 | OE: -0,60
15
OD: 2,45 | OE: 2,25
OD: -0,50 | OE: -4,00
16
OD: 1,75 | OE: 2,20
OD: 0,50 | OE: -2,00
17
OD: 2,95 | OE: 3,75
OD: -2,00 | OE: 0,00
18
OD: 1,25 | OE: 0,25
OD: -1,25 | OE: -0,12
19
OD: -0,50 | OE: -1,80
OD: 0,00 | OE: -1,80
20
OD: 3,25 | OE: 1,88
OD: -2,50 | OE: 0,50
21
OD: 2,20 | OE: 2,00
OD: -2,50 | OE: 0,00
22
OD: 1,75 | OE: 1,25
OD: -1,55 | OE: -0,25
23
OD: 2,70 | OE: 2,75
OD: -2,50 | OE: -0,75
24
OD: -1,00 | OE: -0,80
OD: -0,60 | OE: -1,50
DISCUSSÃO
A presbiopia é um fenômeno na-
de idade, quando ocorre diminuição ou
tural decorrente do envelhecimento que
perda da acomodação (endurecimento do
acomete as pessoas, a partir dos 40 anos
cristalino e seu aumento de volume) acar-
74 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
retando piora da visão para perto.
foi constituída por hipermetropes, popula-
As opções terapêuticas para pres-
ção na qual a presbiopia leva a uma maior
biopia incluem lentes corretoras. Tais len-
repercussão, já que a acomodação é mais
tes podem ser utilizadas nas armações de
solicitada, uma vez que é utilizada tanto
óculos, na superfície da córnea (lentes de
para a visão de longe quanto para a de
contato), na câmara anterior ou posterior
perto3, 4.
do olho (lentes fácicas) ou no lugar do cris-
Os pacientes relataram elevado ní-
talino (pseudofacicas). Nos últimos anos, o
vel de satisfação e, portanto, indicariam o
LASIK tem sido utilizado para se alcançar a
procedimento para outras pessoas. No pri-
monovisão, promovendo boa acuidade vi-
meiro mês de pós-operatório, a acuidade
sual para longe e perto, sem a necessida-
visual média para longe foi de 0,01 logMAR
de de óculos ou lentes de contato, já que
e para perto foi de 0,0 logMAR. Dois anos
o olho dominante é corrigido para visão de
após a cirurgia, nenhum paciente neces-
longe e o não dominante é miopizado para
sitou do uso de óculos para realizar suas
se atingir boa visão de perto.
atividades diárias.
No presente estudo, notou-se a pre-
O médico busca um resultado, mas
dileção do sexo feminino pela busca de
não tem condições de garanti-lo, pois, o
melhora da visão de perto, o que pode ser
resultado depende da habilidade, com-
explicado pela maior vaidade e disponibi-
petência e responsabilidade médica, mas
lidade e disponibilidade de submeter-se
também do corpo do paciente, que reage
a procedimentos cirúrgicos inerentes ao
de formas variadas e, ocasionalmente im-
sexo feminino. A maior parte da amostra
previsíveis, a um mesmo procedimento3.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A monovisão é conseguida cirurgica-
lentes esféricos médios do olho dominante
mente com o uso do excimer laser (LASIK
de +1,49 e +1,67 do olho não dominante.
ou PRK)5, técnica permite uma boa visão
Ademais, 96% dos pacientes submetidos
intermédia e uma visão de proximidade,
demostraram-se satisfeitos com o resul-
suiciente para realizar as suas atividades
tado, e 92% relataram que indicariam
diárias6. O desenvolvimento desse estu-
o LASIK para algum conhecido, além da
do possibilitou traçar o peril do paciente
ausência de necessidade de utilização de
submetido ao LASIK, bem como índices
lentes para correção da acuidade visual.
referentes a sua satisfação, assim como a
Sendo esse estudo de caráter docu-
eiciência da referida intervenção. A hip-
mental retrospectivo, de aspecto descritivo
ermetropia era a principal queixa pré-op-
com abordagem quantitativa, os objetivos
eratória dos pacientes, além de equiva-
projetados foram alcançados. A utilização
75 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
do questionário foi uma ferramenta ei-
esse método cirúrgico pode contribuir
caz para a captação tanto de dados so-
para o exercício das atividades cotidianas
ciodemográicos, bem como dos dados
da população.
referentes à história natural da doença,
Destarte, a utilização do LASIK
dados clínicos e de tratamento. Com base
demonstrou-se eicaz no tratamento da
nas informações sobre satisfação obtidas
acuidade visual dos pacientes submeti-
pelo relato dos pacientes, percebe-se que
dos ao procedimento, de modo que a
é necessário a publicação de mais estu-
intervenção cirúrgica proporciona uma
dos que possam descrever a eiciência
melhor qualidade de vida aos pacientes
pós-operatória do LASIK, a im de que
submetidos ao procedimento.
a comunidade possa compreender que
ANALYSIS ABOUT THE TREATMENT OF PRESBYOPIA, THROUGH REFRACTIVE LASER SURGERY IN PATIENTS OF AN OPHTHALMOLOGICAL HOSPITAL IN PARAÍBA
ABSTRACT The cornea is the tissue that allows light to enter in the eye, acting as a lens, and can be sculpted to adjust focus and repair defects. Corrections can be ofset by laser surgery in the absence of cataract. Through LASIK, a method used to obtain monovision, there was a signiicant improvement in both cases of patients undergoing laser surgery. This study deals with a ield research, with a descriptive character and a quantitative approach, carried out between 2015 and December of 2017. LILACS and SciELO databases were used to consult scientiic articles. We used the Descriptors in Health Science: Accommodation and Presbyopia, Physiology, Therapeutic Approach and Surgical Techniques for the treatment of presbyopia. The study was carried out from the electronic records analysis of the Visão Hospital in João Pessoa, Brazil, with 25 patients undergoing LASIK. Twenty-ive patients (50 eyes), 20 (80%) female patients and 5 (20%) male patients. The mean age of the patients was 52 years (ranging from 43 to 59 years), 47 (94%) eyes with farsightedness and 3 (6%) with myopia. None of the patients required the use of corrective lenses after surgery to achieve the desired visual acuity. DISCUSSION: In the present study, the predilection of the female sex was sought for the improvement of vision at close range, which can be explained by the greater vanity and availability of surgical procedures inherent to women. Thus, monovision is achieved surgically through LASIK. This technique allows a reduction of the problems related to visual acuity, proving to be efective in the treatment and providing a better quality of life of the submitted patients. KEYWORDS: Patients. Treatment of presbyopia. Laser refractive surgery.
76 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
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77 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
CAPÍTULO 10 FÍSTULA ARTERIOVENOSA SAFENO-FEMORAL: UMA ALTERNATIVA PARA HEMODIÁLISE Resumo A hemodiálise é uma modalidade terapêutica muito utilizada no tratamento da Insuiciência Renal Crônica, sendo necessária a obtenção de acessos vasculares para a realização do procedimento. Acesso este que pode ser feito por fístulas arteriovenosas, tendo por preferência as realizadas no membro superior. Entretanto, a longa utilização desses acessos acarretam em complicações, sendo necessária a realização de Fístula Arteriovenosa (FAV) em membro inferior. Portanto, devido à importância da fístula em membro inferior como alternativa na hemodiálise, realizou-se uma descrição anatômica da região que será abordada cirurgicamente na realização da FAV safeno-femoral. O presente estudo trata-se de uma pesquisa de campo, exploratória e descritiva, com abordagem quantitativa que irá descrever a relação da anatomia humana com o procedimento clínico de Fístula arteriovenosa safeno-femoral. A pesquisa foi realizada no Laboratório de Anatomia Humana da Faculdade de Medicina Nova Esperança (FAMENE). Na realização do estudo, foram utilizados três cadáveres para realizar comparações dos dados obtidos, fortalecendo os resultados. O instrumento escolhido para a coleta de dados foi por atuação direta no cadáver, através da realização do procedimento clínico de Fístula arteriovenosa safeno-femoral. Também foi realizado registro fotográico, análise e a observação direta do cadáver durante e após o procedimento, sendo feitas medições acerca da distância entre o local do procedimento e o de estruturas importantes. Evidenciaram-se estruturas relacionadas ao campo operatório da confecção da fístula e as medidas antropométricas de todas essas estruturas, estando à incisão a uma distância média de 1,1 cm do músculo sartório, de 3,5 cm do músculo quadríceps femoral, 1,45 do nervo para o músculo sartório, de 2,9 cm do nervo safeno, de 3,4 do nervo para o quadríceps femoral, de 2,9 da artéria femoral e de 3,5 da veia femoral, comparando os três cadáveres estudados. Nesse estudo foi possível evidenciar a importância do conhecimento anatômico sobre as estruturas envolvidas na realização do procedimento, o que serve de base para garantir eicácia, baixa morbidade, menos complicações e boa taxa de perviedade, assegurando a realização da hemodiálise. PALAVRAS-CHAVE: Artroplastia de Quadril. Cadáver. Procedimento Cirúrgico.
Oséas Nazário de Oliveira Júnior1 Acadêmico de Medicina - FAMENE
Gilvandro de Assis Abrantes Leite Filho2 Acadêmico de Medicina - FAMENE
Katherine Maia Florentino Silva Nunes3 Acadêmico de Medicina - FAMENE
Lucas Vieira de Almeida4 Acadêmico de Medicina - FAMENE
Miguel Xavier Bezerra Barbosa5 Acadêmico de Medicina - FAMENE
Tânia Regina Ferreira Cavalcanti6 Docente - FAMENE
78 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
INTRODUÇÃO A maioria dos pacientes com insui-
método em comparação com os cateteres ve-
ciência renal crônica (IRC) é submetida à he-
nosos de longa permanência, conforme expos-
modiálise. No Brasil, 89,6% dos pacientes di-
to.2
alíticos fazem seu tratamento por meio dessa
A escolha do tipo de acesso a ser con-
modalidade terapêutica. Isso exige que esses
feccionado é orientada por uma avaliação ini-
pacientes tenham um acesso vascular, que
cial adequada. Anamnese, incluindo a história
pode ser feito por fístulas arteriovenosas, utili-
prévia do uso de cateteres centrais e punções
zando-se veias autógenas ou próteses, ou por
venosas periféricas, e o exame físico vascular
cateteres venosos. Cada uma dessas alternati-
detalhado são de extrema importância. A ul-
vas de acesso tem suas próprias indicações e
trassonograia com Doppler colorido (US Dop-
1
restrições de uso.
pler) pode ser útil no mapeamento venoso e
Esse tipo de acesso, desenvolvido em
arterial, orientando a confecção das FAV.2
1966 por Appel, e amplamente utilizado pelos
Pode-se deinir a fístula arteriovenosa
nefrologistas Brescia e Cimino, foi o passo ini-
(FAV) para hemodiálise como a anastomose
cial para a utilização crônica da hemodiálise.
de uma artéria com uma veia através de uma
Até então, esse método de substituição renal
técnica cirúrgica já bem estabelecida com o
era utilizado para casos agudos e limitados a
objetivo de arterializar o leito venoso super-
poucas sessões, dada a diiculdade imposta
icial e profundo para conseguir um luxo de
pelas repetidas punções e o rápido esgota-
sangue com nível maior que 300 ml/min e per-
mento dos acessos. O uso de cateteres, utiliza-
mitir punções repetidas.³
dos anteriormente nos shunts e atualmente
A fístula arteriovenosa é o acesso ve-
como método de urgência ou mesmo deini-
noso mais adequado, pois constitui o acesso
tivos (cateteres de longa permanência) para
de longa permanência que viabiliza a diálise
o acesso vascular, está relacionado com au-
efetiva com menor número de intervenções.
mento da mortalidade em até 50%, quando
Apesar de constituir o melhor acesso para
comparado ao uso das fístulas arteriovenosas
hemodiálise, a fístula está suscetível a diver-
(FAV) em pacientes renais crônicos. Além dis-
sas complicações como hipoluxosanguíneo,
so, esses dispositivos acabam por deteriorar o
tromboses, aneurismas, infecções, isquemia
sistema venoso dos pacientes (estenoses cen-
e edema do membro e sobrecarga cardíaca.
trais, tromboses), impedindo a confecção das
A prevenção dessas complicações pode ser
FAV em alguns casos. Sendo assim, os pacien-
realizada por meio do emprego de cuidados
tes com IRC que necessitam de hemodiálise
adequados.4
devem ser indicados preferencialmente à con-
A construção de uma fístula arteriove-
fecção da FAV, devido às várias vantagens do
nosa consiste na junção de uma artéria com
79 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
uma veia, realizada por um cirurgião no blo-
a proximidade com a região inguinal, onde o
co cirúrgico sob anestesia local. O sangue da
risco de infecção é maior.5
artéria, com maior pressão, circula para a veia,
Vários critérios são empregados para
provocando a dilatação e espessamento des-
reconhecer a maturação da FAV. Ao exame
ta. Este processo de maturação demora, cerca
clínico, a presença de um conduto visível, com
de 6 a 8 semanas, após o qual a veia desen-
bom frêmito e facilmente puncionável, indica
volvida já permite a fácil inserção de 2 agulhas
que a FAV é capaz de fornecer luxo adequado
em cada tratamento. Uma das agulhas leva o
para hemodiálise. À US Doppler, a maturação
sangue até o dialisador e a outra permite que
é deinida como o diâmetro do conduto maior
o sangue iltrado retorne ao seu organismo.5
que 4 mm e luxo maior que 400 mL/minutos.
O método de escolha para acesso à
A taxa de falha precoce encontrada na literatu-
hemodiálise é a fístula arteriovenosa (FAV)
ra varia de 10 a 27%. As principais causas para
primária em membro superior, envolvendo
o não desenvolvimento são: as estenoses, que
a artéria radial e a veia cefálica na região do
podem ocorrem na anastomose, na via veno-
punho. No entanto, a utilização prolongada
sa ou mesmo em veias centrais; a trombose; a
desses acessos pode levar a complicações,
presença de ramos colaterais e a insuiciência
como infecção, pseudoaneurisma de punção,
arterial. O que vêm demonstrando a importân-
pseudoaneurismaanastomótico, hipertensão
cia do reconhecimento e tratamento precoces
venosa, isquemia distal e trombose, sendo a
dessas falhas, na tentativa de salvamento dos
causa mais comum de perda da fístula.5
acessos, por meio de procedimentos cirúrgi-
No esgotamento de todas as possi-
cos e/ou endovasculares.2
bilidades de acessos em membros superi-
Diante da importância da FAV safe-
ores, seja através de anastomoses arterio-
no-femoral como uma alternativa de acesso
venosas primárias, seja através de enxertos
para a terapia de hemodiálise, é de grande
com prótese ou veia autóloga, uma proposta
importância o conhecimento anatômico da
é a confecção de FAV em membros inferiores.
região de atuação cirúrgica para a confecção
A técnica consiste em confeccionar uma FAV
desta via. Sendo necessário o conhecimento
empregando uma única anastomose entre a
prévio da anatomia isiológica e de possíveis
veia safena magna e a porção distal da artéria
variações dessa região, sendo o estudo em
femoral supericial, após sua supericialização
cadáveres uma ótima opção para suprir esta
e anteriorização. Porém, esse método também
necessidade.
apresenta desvantagens, como por exemplo,
80 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa de campo,
de localização da veia Safena Magna e da
exploratória e descritiva, com abordagem
artéria Femoral Supericial. Assim, foi veri-
quantitativa que irá descrever a relação
icado através de um roteiro que descreve
da anatomia humana com o procedimen-
como encontrar o local de incisão nos pro-
to de Fístula arteriovenosa safeno-femoral.
cedimentos realizados. Também foram re-
A pesquisa foi realizada no Laboratório de
latadas quais complicações têm possibili-
Anatomia Humana da Faculdade de Medici-
dades de ocorrerem por algum tipo de lesão
na Nova Esperança (FAMENE), localizada no
ou perfuração, veriicando nos três corpos
município de João Pessoa, estado da Paraí-
as distâncias entre os sítios de incisão e es-
ba. Na realização do estudo, foram utiliza-
truturas importantes.
dos três cadáveres para realizar compara-
A presente pesquisa respeitou os
ções dos dados obtidos, fortalecendo os
aspectos éticos preconizados pela Res-
resultados.
olução CNS 466/2012, no art. III, que impli-
O instrumento escolhido para a coleta
ca no respeito ao participante da pesqui-
de dados foi por atuação direta no cadáver,
sa em sua dignidade, respeito e cuidado,
realizando a coleta de dados antropométri-
reconhecendo sua vulnerabilidade. Foi
cos da região de atuação e realização do
aprovada pelo Comitê de Ética da Facul-
procedimento clínico de Fístula arteriove-
dade de Medicina Nova Esperança e ca-
nosa safeno-femoral: a técnica consiste
dastrada na Plataforma Brasil com CAAE
em confeccionar uma fístula arteriovenosa
59469516.8.0000.5179.
empregando uma única anastomose entre
Para demonstrar a relação das es-
a veia safena magna e a porção distal da
truturas anatômicas com o procedimento
artéria femoral supericial, com registro fo-
da fístula arteriovenosa safeno-femoral su-
tográico, análise e a observação direta do
pericial foi realizada a dissecação de três
cadáver durante e após o procedimento,
cadáveres. Inicialmente, de acordo com
sendo feitas medições acerca da distância
Corrêa5 foi feita uma incisão longitudinal de
entre o local do procedimento e o de es-
10 cm no terço médio-distal da face inter-
truturas importantes, bem como relatados
na da coxa, idêntica a realizada no procedi-
quais referenciais de localização podem ser
mento. A partir desta incisão foi retirada por
tomados para que haja um procedimento
meio da dissecação a derme e epiderme da
eicaz e seguro.
região, formando um campo de dissecação
Após a realização do procedimento, foram pontuadas partes do corpo humano
de 70 cm², deixando aparente o tecido subcutâneo adiposo.
que podem ser utilizadas como referência
81 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
FIGURA 1: Medição e marcação do local de incisão no Cadáver 1.
FIGURA 2: Incisão de 10 cm no terço médio-distal na face interna da coxa no Cadáver 1.
FIGURA 3: Janela de dissecação de 70 cm² no cadáver 1, sendo possível visualizar o tecido subcutâneo adiposo e a Veia Safena Magna marcada, a qual está marcada com um alinete de cor verde.
82 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
FIGURA 4: Medição e marcação do local de incisão do cadáver 2.
FIGURA 5: Incisão de 10 cm no terço médio-distal na face interna da coxa no cadáver 2.
FIGURA 6: Janela de dissecação de 70 cm² no cadáver 2, sendo possível visualizar o tecido subcutâneo adiposo e a Veia Safena Magna marcada, a qual está marcada com um alinete de cor vermelha.
83 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
FIGURA 7: Medição e marcação do local de incisão do cadáver 3.
FIGURA 8: Incisão de 10 cm no terço médio-distal na face interna da coxa no cadáver 3.
FIGURA 9: Janela de dissecação de 70 cm², sendo possível visualizar o tecido subcutâneo adiposo e a Veia Safena Magna.
84 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
Com a progressão da dissecação, foi
feno-femoral supericial. Assim, foi realiza-
retirado o tecido subcutâneo adiposo e a
da a marcação das estruturas e realizada
Fáscia Lata, sendo assim possível visua-
a medição da distância dessas em relação
lizar estruturas mais profundas da janela
à Veia Safena Magna, com o intuito de co-
de dissecação, local onde seria realizado o
nhecer esta região, a im de evitar lesões
procedimento de Fístula arteriovenosa Sa-
durante o procedimento.
FIGURA 10: Cadáver 1: F: Artéria Femoral, S: Veia Safena Magna, 1: Músculo Quadriceps Femoral, 2: Músculo Sartório, 3: Músculo Grácil.
FIGURA 11: Cadáver 1: F: Artéria Femoral, S: Veia Safena Magna, 1: Ramo do Nervo Femoral para o Músculo Quadriceps Femoral, 2: Nervo Safeno, 3: Nervo para o Sartório.
85 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
FIGURA 12: Cadáver 1: F: Artéria Femoral, S: Veia Safena Magna, V: Veia Femoral.
FIGURA 13: Cadáver 2: F: Artéria Femoral, S: Veia Safena Magna, 1: Músculo Quadriceps Femoral, 2: Músculo Sartório, 3: Músculo Grácil.
FIGURA 14: Cadáver 2: F: Artéria Femoral, S: Veia Safena Magna, 1: Ramo do Nervo Femoral para o Músculo Quadriceps Femoral, 2: Nervo Safeno, 3: Nervo para o Músculo Sartório.
86 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
FIGURA 15: Cadáver 2: F: Artéria Femoral, S: Veia Safena Magna, V: Veia Femoral.
FIGURA 16: Cadáver 3: F: Artéria Femoral, S: Veia Safena Magna, 1: Músculo Quadriceps Femoral, 2: Músculo Sartório, 3: Músculo Grácil.
FIGURA 17: Cadáver 3: F: Artéria Femoral, S: Veia Safena Magna, 1: Nervo Safeno, 2: Nervo para o Sartório.
87 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
FIGURA 18: Cadáver 3: F: Artéria Femoral, S: Veia Safena Magna, V: Veia Femoral.
A técnica para a realização deste
icial, afastando medialmente o músculo
procedimento consiste em confeccionar
sartório. Confecção de túnel subdérmico
uma FAV empregando uma única anasto-
através de dissecação romba na região
mose entre a veia safena magna e a por-
ântero-lateral de coxa, de modo a ante-
ção distal da artéria femoral supericial,
riorizar e supericializar a veia safena em
após sua supericialização e anterioriza-
seu novo leito. Efetua-se a passagem da
ção. Realiza-se uma incisão longitudinal de
veia safena através do túnel subdérmico.
aproximadamente 10 cm em terço médio-
Findando o procedimento com uma anas-
-distal da face interna da coxa. Disseca-se
tomose término-lateral, confeccionando a
por planos e isola a artéria femoral super-
FAV, com sutura.5
FIGURA 19: Anastomose término-lateral entre a Veia Safena Magna e a Artéria Femoral no cadáver 1
88 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
FIGURA 20: Anastomose término-lateral entre a Veia Safena Magna e a Artéria Femoral no cadáver 2.
FIGURA 21: Anastomose término-lateral entre a Veia Safena Magna e a Artéria Femoral no cadáver 3.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Avaliando as áreas dissecadas e cole-
de 1,1 cm do músculo sartório, de 3,5 cm do
tando medidas antropométricas, por meio da
músculo quadríceps femoral, 1,45 do nervo
utilização de um paquímetro, foi possível vi-
para o músculo sartório, de 2,9 cm do nervo
sualizar as estruturas relacionadas com a re-
safeno, de 3,4 do nervo para o quadríceps fe-
gião de atuação cirúrgica para a confecção da
moral, de 2,9 da artéria femoral e de 3,5 da
FAV safeno-femoral. Assim, foi feito o cálculo
veia femoral, comparando os três cadáveres
médio da distância entre a safena magna e as
estudados.
demais estruturas, encontrando uma média TABELA 1: Estruturas visíveis na dissecação dos 3 cadáveres utilizados Distância em relação à veia Safena Magna
Estruturas Visíveis Sartório Quadriceps Femoral
Cadáver 1
Cadáver 2
Cadáver 3
MM: 1 cm ML: 2,7 cm
MM: 1,3 cm ML: 3,1 cm
MM: 1 cm ML: 2,4 cm
MM: 3 cm
MM: 3,1 cm
MM: 3,1 cm
Ramo do Nervo Femoral para o Musculo Sartório
1,2 cm
2,1 cm
1,1 cm
Nervo Safeno
2,5 cm
3,7 cm
2,5 cm
Ramo do Nervo Femoral (Quadriceps)
3,2 cm
4,2 cm
2,7 cm
Artéria Femoral
2,5 cm
3,9 cm
2,4 cm
Veia Femoral
3,1 cm
4,4 cm
2,9 cm
Legenda: MM: Margem medial , ML: Margem lateral.
89 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
Em caso de lesão do Ramo do nervo
Quadríceps Femoral ocorrerá a incapacitação
Femoral para o Músculo Sartório ocorrerá a
ou redução da funcionalidade deste múscu-
incapacitação ou redução da funcionalidade
lo acarretando em alterações na extensão da
deste músculo acarretando em alterações na
perna e em caso de lesão do Nervo Safeno
lexão do quadril e do joelho e na abdução e
ocorrerá a perca da sensibilidade da face me-
rotação lateral da coxa.6 Em caso de lesão
dial da perna e do pé.6
do Ramo do nervo Femoral para o Músculo
CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com os dados coletados foi
sim, com estas informações, evita-se lesões
possível evidenciar a importância do conhe-
que comprometem as funções de lexão de
cimento anatômico da região de atuação da
quadril e joelho, abdução e rotação lateral da
realização cirúrgica da FAV safeno-femoral,
coxa, extensão da perna ou da sensibilidade
para garantir eicácia, baixa morbidade, me-
medial da perna e do pé, estas realizadas pe-
nos complicações e boa taxa de perviedade,
las estruturas relacionadas a área de incisão.
assegurando a realização da hemodiálise. As-
ARTERIOVENOSA FISTULA SAFENO-FEMORAL: AS AN ALTERNATIVE FOR HEMODIALYSIS
ABSTRACT Hemodialysis is a widely used therapeutic modality in the treatment of chronic renal insuiciency, and it is necessary to obtain vascular access to perform the procedure. Access to this can be made by arteriovenous istulas, with preference being given to the upper limb, however, the long use of these accesses leads to complications, and it is necessary to perform AVF in the lower limb. Therefore, due to the importance of the istula in the lower limb as an alternative in hemodialysis, an anatomical description of the region that will be approached surgically in the saphenous-femoral AVF was performed. The present study is an exploratory and descriptive ield research with a quantitative approach that will describe the relationship between the human anatomy and the clinical procedure of saphenous-femoral arteriovenous istula. The research was carried out at the Human Anatomy Laboratory of the Nova Esperança Medical School (FAMENE). In the study, three cadavers were used to compare the obtained data, strengthening the results. The instrument chosen for data collection was by direct actuation in the cadaver, through the clinical procedure of sapheno-femoral arteriovenous istula, photographic recording, analysis and direct observation of the cadaver were performed during and after the procedure, and measurements were taken about the distance between the location of
90 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
the procedure and that of important structures. Structures related to the operative ield of the istula preparation and the anthropometric measurements of all these structures were shown, with a mean distance of 1.1 cm from the sartorius muscle, 3.5 cm from the quadriceps femoralis muscle, 1.45 from the nerve to the sartorius muscle, 2.9 cm from the saphenous nerve, 3.4 from the nerve to the femoral quadriceps, 2.9 from the femoral artery and 3.5 from the femoral vein, comparing the three corpses studied. In this study, it was possible to highlight the importance of anatomical knowledge on the structures involved in the procedure, which serves as a basis to guarantee eicacy, low morbidity, fewer complications and good patency rate, ensuring hemodialysis. KEYWORDS: Acess. Corpse. Renal dialysis.
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91 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
CAPÍTULO 11 ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DAS VARIAÇÕES DA ARTÉRIA SUBCLÁVIA E DE SEUS RAMOS
Resumo O presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa transversal de natureza descritiva, com abordagem quantitativa, com a qual se fará análise da frequência das variações anatômicas existentes nas artérias subclávias direita e esquerda e nos ramos de cada uma de suas porções quanto a origem e trajeto. A pesquisa foi realizada no Laboratório de Anatomia das Faculdades Nova Esperança (FACENE/FAMENE), instituição privada de ensino superior, com sede localizada em João Pessoa-PB, Brasil. A amostra é constituída por sete cadáveres do Laboratório. O instrumento para a coleta de dados consistiu da atuação direta no cadáver, através da dissecação anatômica, realizada pelos monitores da disciplina de Correlações Anátomo-Clínicas I dos semestres 2017.1 e 2017.2. A coleta de dados foi formalizada mediante a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FACENE/FAMENE e ocorreu durante os meses de Junho, Julho, Setembro e Outubro de 2017. Os dados foram armazenados e analisados de forma descritiva, pelo método quantitativo, e apresentados em tabela, mostrando que das sete amostras, 51,4%, corroboram com a literatura, pois seus ramos descrevem-se de acordo com o observado nos artigos pesquisados. Contudo, observou-se que em 28,6% há variação anatômica de alguma forma de trajeto e/ou origem. A pesquisa cumpriu os determinantes da resolução 466/2012 MS/CNS e da Norma Operacional Nº. 001/2013 MS/CNS. PALAVRAS-CHAVE: Artéria subclávia. Variação anatômica. Artéria dorsal da escápula.
Carolina Leitão Sales de Oliveira Freitas1 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Glauber Melo de Araujo2 Acadêmico de Medicina - FAMENE
Luiz Henrique Ribeiro de Moraes Ferreira3 Acadêmico de Medicina - FAMENE
Natanael Ferreira Paula4 Acadêmico de Medicina - FAMENE
Tânia Regina Ferreira Cavalcanti5 Docente - FAMENE
Luzia Sandra Moura Moreira6 Docente - FAMENE
92 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
INTRODUÇÃO O estudo das variações anatômicas
artéria se torna axilar4.
é relevante para aqueles que praticam a
De acordo com Moore2, os ramos
morfologia e para os que trabalham com
que saem respectivamente das 3 partes da
diagnóstico por imagem e ciências cirúr-
artéria subclávia são: a. vertebral, a. torá-
gicas. Embora muitas dessas mudanças
cica interna, e tronco tireocervical; tronco
possam passar despercebidas, durante a
costocervical; e normalmente a artéria dor-
vida de uma pessoa, a maioria delas são
sal da escápula, está havendo frequente
implicações de interesse clínico que valem
variação.
a pena serem estudadas¹.
A artéria dorsal da escápula deve
Embora as artérias subclávias dos
normalmente originar-se de um ramo
dois lados tenham diferentes origens – a
do tronco tireocervical, chamado tron-
subclávia direita sendo um ramo do tron-
co cervicodorsal (também chamado em
co braqueocefálico e a esquerda, originan-
outros livros de artéria cervical trans-
do-se diretamente do arco da artéria aor-
versa), havendo variações de onde essa
ta – seus trajetos no pescoço começam
artéria emerge da terceira porção da
em condições normais e, em seguida, as
artéria subclávia e com menos frequên-
respectivas articulações esternoclaviculares
cia da segunda porção. A artéria dorsal
ascendem pela abertura superior do tórax e
da escapula deve normalmente emergir
entram na raiz do pescoço. As artérias fazem
da terceira porção da artéria subclávia².
uma curva superolateral atingindo um ápice,
Gray4 airma que ela normalmente
enquanto passam posteriormente aos múscu-
se origina da terceira porção da artéria sub-
los escalenos anteriores³.
clávia e, frequentemente, emerge da se-
Os livros referência na área da anato-
gunda porção, também havendo a variação
mia se contradizem quanto ao local de ori-
menos frequente onde a artéria dorsal da
gem dos ramos das artérias subclávias,
escapula emerge do tronco tireocervical.
principalmente no que se diz respeito a
A forma como a artéria subclávia e
artéria dorsal da escapula. Para descrição,
seus ramos são apresentados nos livros tor-
cada uma das artérias – subclávia direita
na-se de difícil entendimento aos discentes,
e esquerda – é dividida em três partes: a
sendo motivo de dúvidas frequentes. As-
primeira parte, de sua origem até a bor-
sim, o objetivo deste trabalho é abordar a
da medial do músculo escaleno anterior; a
frequência das variações anatômicas das
segunda parte, atrás do músculo escaleno
artérias subclávias direita, esquerda e seus
anterior; e uma terceira parte, a partir da
ramos, quanto ao trajeto e origem, visando
margem lateral do escaleno anterior até a
tornar mais didática a forma de apresentar
borda externa da primeira costela onde a
esse conteúdo aos discentes.
93 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa de cam-
88/2017 e CAAE: 68037417.1.0000.5179),
po, exploratória e descritiva, com aborda-
sendo dividida em quatro momentos. No
gem quantitativa, que veriicou a existên-
primeiro, realizou-se a seleção amostral
cia de variações anatômicas da artéria
no Laboratório de Anatomia, por meio dos
subclávia e de seus ramos. A pesquisa
critérios de inclusão apresentados ante-
foi realizada no Laboratório de Anatomia
riormente.
Humana das Faculdades Nova Esperança
Em seguida, foi avaliada a neces-
mu-
sidade de intervenção, por parte dos
nicípio de João Pessoa, estado da Paraíba.
monitores, na dissecação já realizada pe-
A escolha desse IES se deu em função de
los alunos, para que houvesse a melhor
ser um dos campos do aprendizado médi-
visualização das estruturas a serem in-
co-acadêmico ao longo do curso de Grad-
vestigadas. Nos casos que apresentaram
uação em Medicina. A amostra consiste
necessidade, ocorreu dissecação local
em sete (7) cadáveres, escolhidos alea-
das regiões cervical e deltopeitoral, sem-
toriamente no Laboratório de Anatomia,
pre procurando manter o cadáver íntegro
nos quais, foi avaliada apenas as aa. sub-
para estudo por parte dos acadêmicos.
(FACENE/FAMENE),
localizada
no
clávias de ambos os lados. Para seleção
No terceiro momento, ocorreu a ob-
foram considerados os seguintes critérios
servação e coleta dos dados referentes ao
de inclusão: os cadáveres deverão estar
conteúdo a ser estudado. Houve veriicação
com as regiões cervical e dos membros
de padronização de variação anatômica
superiores dissecados. Tal exigência é
e comparação com dados apresentados
necessária para que possa ser feita a vi-
em pesquisas de periódicos e livros. Em
sualização das estruturas anatômicas a
todas as fases dessa pesquisa, prezou-se
serem investigadas nessa pesquisa.
o respeito aos aspectos éticos preconiza-
A coleta de dados foi realizada após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética
dos pela Resolução CNS 466/2012 e suas Complementares.
e Pesquisa FACENE/FAMENE (Protocolo CEP:
RESULTADOS
Para descrição e identiicação das
uma numeração de 1 à 7, para melhor
peças anatômicas, a instituição identi-
entendimento das peças e orientação das
ica-os por códigos que são ixados aos
ideias aqui formuladas (Tabela 1).
mesmos. Substituímos esse código por
94 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
TABELA 1: Numeração dos cadáveres utilizados no estudo.
Numeração do cadáver
Código
1
C6768050
2
C0677880
3
C06768051
4
C06767982
5
C014174
6
C6767987
7
C6767986
Foi observado que das sete amostras,
esquerda. Assim, do arco emergem qua-
71,4% (5) corroboram com a literatura,
tro (04) ramos, variação conhecida como
pois seus ramos descrevem-se de acordo
como arco aórtico tipo C de Adachi, que se
com o observado nos artigos pesquisados.
apresenta com incidência de 2-4%. Essa é
Contudo, foi visto que em 28,6% (2) pos-
considerada a segunda variação mais fre-
suem algum tipo de variação anatômica de
quente de arco6.
trajeto e/ou origem (Tabela 2).
No cadáver 7, a artéria supraes-
O cadáver 2 apresentou a artéria cervical
ascendente
originando-se
capular, ou artéria escapular superior, ou
da
artéria escapular transversal, é proveni-
artéria tireoidea inferior, mas a artéria
ente do tronco tireocervical. Embora às
cervical ascendente se originaria como
vezes se origine como um ramo externo
um ramo colateral do tronco tireocervical,
da artéria subclávia, esse tipo de variação
que é um dos quatro ramos colaterais da
já foi observada e descrita, conirman-
subclávia6.
do com os resultados deste estudo5. Em
O cadáver 5 teve a origem direta
nenhuma das peças de estudo foi veriica-
da artéria vertebral esquerda a partir do
da a origem da artéria supraescapular e
arco aórtico, após a artéria carótida co-
da artéria dorsal da escapula na terceira
mum esquerda e à direita da a. subclávia
porção da artéria subclávia.
95 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
TABELA 2: Variações da artéria subclávia e de seus ramos observadas em cadáveres
Porções/ variações
Porção 1: a. vertebral; a. torácica interna; tronco tireocervical (remiicando-se em a. tireiodea inferior; a. cervical ascendente; tronco cervicodorsal; e a. supraescapular)
% de adequação
Numeração do cadáver
1 3
71,4%
Porção 2: Tronco costocervical Porção 3: Nenhuma artéria.
4 6 7 2
Variações Anatômicas
28,6% 5
No cadáver 7, a artéria supraes-
foi observada e descrita, conirmando com
capular, ou artéria escapular superior, ou
os resultados deste estudo5. Em nenhuma
artéria escapular transversal, é proveni-
das peças de estudo foi veriicada a ori-
ente do tronco tireocervical. Embora às
gem da artéria supraescapular e da artéria
vezes se origine como um ramo externo da
dorsal da escapula na terceira porção da
artéria subclávia, esse tipo de variação já
artéria subclávia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Um estudo comparativo da origem
para o conhecimento dos proissionais da
e evolução dos trajetos arteriais é funda-
área médica, proporcionando um conheci-
mental para atualização de dados, já que
mento íntimo da morfologia e o máximo
as especializações que cursam com ana-
de segurança e precaução principalmente
tomia humana evoluem rapidamente. No-
nos atos cirúrgicos e diagnósticos.
vas informações são de grande relevância
96 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
EPIDEMIOLOGICAL STUDY OF THE VARIATIONS OF THE SUBCLAVIAN ARTERY AND ITS BRANCHES
ABSTRACT The present study is characterized as a cross-sectional study of a descriptive nature with a quantitative approach in which the frequency of anatomical variations in the right and left subclavian arteries and in the branches of each of its portions regarding origin and path will be approached. The research was carried out at the Anatomy Laboratory of the Nova Esperança College (FACENE/FAMENE), a private institution of higher education located in João Pessoa-PB, Brazil. The sample consisted of seven (07) of the corpses of the Laboratory. The instrument for data collection was the direct actuation in the cadaver, through the anatomical dissection performed by the tutors of the Anatomical-Clinical Correlations I course of the semesters 2017.1 and 2017.2. The data collection procedure was formalized through approval by the Ethics and Research Committee FACENE/FAMENE and was performed during the months of June, July, September, and October of 2017, stored and analyzed in a descriptive way by the quantitative method. The data were presented in a chart showing that of the seven samples, 71,4% (5), corroborate with the literature, since its branches are described according to what was observed in the articles surveyed, therefore 28,6% (2) presented anatomical variation of path and/or origin. The research was carried out obeying resolution 466/2012 MS / CNS and Operational Norm Nº. 001/2013 MS / CNS. KEYWORDS: Subclavian artery. Anatomical variation. Dorsal scapular artery.
97 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
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98 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
CAPÍTULO 12 VARIAÇÕES DA VEIA SAFENA PARVA E SUAS IMPLICAÇÕES CLÍNICAS: ESTUDO ANATÔMICO EM CADÁVER
Resumo A veia safena parva, que é uma veia supericial do membro inferior, tem como função auxiliar o retorno do sangue, através de suas válvulas. Dependendo da alteração na anatomia da veia, pode inluenciar no seu funcionamento, a qual pode dar surgimento as implicações clínicas, dentre elas as varizes. As varizes ocorrem quando há uma dilatação dessas veias. Uma possível alteração anatômica é a veia safena parva desembocar na safena magna, conhecida como veia de Giacomini, o que altera o funcionamento valvar do sistema venoso, levando ao surgimento dessas varizes. O objetivo do trabalho é analisar a importância das variações anatômicas no trajeto e nas estruturas circunjacentes da veia safena parva nos cadáveres e associar com possíveis implicações clínicas causadas por essas variações. Trata-se de uma pesquisa de campo descritiva exploratória com abordagem quantitativa, a partir da dissecação de 5 cadáveres adultos do laboratório da FAMENE/PB em outubro de 2017. Utilizou-se o material usual de dissecação e as técnicas adequadas para este im. Na visualização da veia safena parva nos cadáveres não foi observado nenhuma variação anatômica relevante, no entanto o estudo é importante para conhecimento anatômico dessa estrutura e das estruturas adjacentes. PALAVRAS-CHAVE: Variação. Veia safena parva. Varizes.
Aryana Medeiros Silva 1 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Carla Giovanna Gomes da Costa 2 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Thaynara Maria Honorato Muniz 3 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Tânia Regina Ferreira Cavalcante 4 Docente - FAMENE
99 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
INTRODUÇÃO A veia safena parva tem origem na
deste território. Nos casos de agenesia e
face lateral do dorso do pé, sendo uma
quando atinge as veias profundas, pode
continuação da veia marginal lateral. Pas-
apresentar insuiciência venosa crônica,
sa posteriormente ao maléolo lateral, as-
edema, hiperpigmentação e ulceração.
cende e cruza o tendão do calcâneo e o
Segundo Oliveira³, a veia safena parva
músculo gastrocnêmio, seguida do nervo
quando toma o seu percurso para a veia
sural na linha média da panturrilha, para
safena magna, por ser mais precoce e
terminar na veia poplítea¹.
mais complexa que a veia safena magna,
As possíveis variações que po-
há o surgimento dessas varizes.
dem acontecer com a veia safena, quan-
O índice de recidiva pode variar
do referente à sua origem, é de sair de
entre 14 e 44%, podendo chegar a 61%
três ou quatro veias da planta do pé ou
dos casos devido ao coto ou safena par-
da veia dorsal do dedo mínimo com união
va residual. Somente a grande variação
ao arco venoso dorsal. Quando referente
da terminação da veia safena parva pode
ao seu local de desembocar, as possíveis
ser responsável por 10% dos casos de
alterações são de ir ao encontro da veia
recidivas pós-operatória². O objetivo do
safena magna, veia femoral ou das veias
trabalho é analisar a importância das
musculares da panturrilha¹.
variações anatômicas no trajeto e nas
A variação anatômica das veias
estruturas circunjacentes da veia safena
supericiais dos membros inferiores é de
parva nos cadáveres e associar com pos-
extrema importância, pois é um preditor
síveis implicações clínicas causadas por
da possibilidade de um paciente desen-
essas variações.
volver recidivas varizes no pós-operatório
METODOLOGIA O respectivo estudo refere-se a uma
da Saúde, publicado pela Bireme, tradução
pesquisa de campo descritiva exploratória
do MeSH (Medical Subject Headings) da Na-
com abordagem quantitativa feita entre ou-
tional Library of Medicine, autorizando o uso
tubro e dezembro do ano de 2017, usando
da terminologia comum em português, inglês
como base literária os livros relacionados à
e espanhol. Os descritores foram: Safena par-
Anatomia Humana, à Angiologia e à Cirurgia
va, Variações, Varizes. O estudo foi realizado
Vascular. Ainda foram utilizadas terminolo-
a partir da dissecação de 5 cadáveres adul-
gias cadastradas nos Descritores em Ciências
tos no laboratório de anatomia da Faculdade
100 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
de Medicina Nova Esperança, utilizando ma-
desembocadura. Em seguida, a veia foi pin-
teriais habituais de dissecação. Para a visu-
tada com tinta na cor azul para destacar o
alização da veia safena parva foi realizada
seu trajeto em relação às outras estruturas
a dissecação do membro inferior de 5 cadá-
vizinhas. O estudo foi realizado após apre-
veres, iniciando pela retirada da pele, tecido
ciação eaprovação no Comitê de Ética em
subcutâneo e fáscia muscular, separando-a
Pesquisa das Faculdades de Enfermagem e
de estruturas adjacentes, expondo a veia
Medicina Nova Esperança (Protocolo CEP:
safena parva para visualização adequada
189/2017 e CAAE: 77834017.5.0000.5179).
do seu trajeto, desde a sua formação até a
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao inal do procedimento em cada
que quanto maior o número de colaterais
cadáver, foi possível visualizar a veia safe-
que desembocam na veia safena parva,
na parva, previamente saturada, e assim
mais propenso o desenvolvimento de
analisar suas características anatômicas
varizes e mais acesso ao sistema venoso
a procura de algumas variações. Todas as
profundo, podendo causar outras com-
estruturas da peça anatômica tinham rigi-
plicações, tais como a trombose venosa
dez e consistência diferentes das mesmas
profunda. Na sua terminação, foram per-
in vivo, devido ao processo de enrijeci-
cebidas diferenças apenas no nível da al-
mento cadavérico e ao uso de substâncias
tura da desembocadura na veia poplítea,
conservantes como formaldeído.
o que não tem nenhuma implicação clíni-
Nas Figuras 1 a 8 pode-se obser-
ca nisso.
var o trajeto da veia safena parva nos 5
Apesar de não ter sido observada
cadáveres dissecados, sendo observado
nenhuma variação anatômica relevante
que não existia variação anatômica rele-
na veia safena parva, é fundamental a
vante em nenhum deles. É possível visu-
aquisição de conhecimentos acerca des-
alizar a sua origem na face lateral do pé e
ta estrutura, por meio da análise prática
o seu trajeto, ascendendo posteriormente
em peças anatômicas.
ao maléolo lateral e entre as cabeças do músculo gastrocnêmio, para desembocar na veia poplítea. A diferença observada entre os cadáveres foi com relação as colaterais que desembocavam na veia safena parva, ao longo do seu trajeto. Isso signiica
101 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
FIGURA 1: Cadáver 1. Veia safena parva desem-
FIGURA 2: Cadáver 1. Veia safena parva se originando da face lateral do pé, ascendendo posteriormente ao maléolo lateral e entre as cabeças do músculo gastrocnêmio.
FIGURA 3: Cadáver 2. Visualização da veia safena
FIGURA 4: Cadáver 2. Veia safena parva desembocando no terço médio da veia poplítea.
bocando no terço do superior da veia poplítea.
parva em origem nas veias laterais do pé, ascendendo seu trajeto até a veia poplítea.
102 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
FIGURA 5: Cadáver 3. Veia safena parva desembocando no terço médio da veia poplítea.
FIGURA 6: Cadáver 3. Veia safena parva com
FIGURA 7: Cadáver 4. Visualização da veia safena
FIGURA 8: Cadáver 5. Veia safena parva ascendendo entre as cabeças do músculo gastrocnêmio e desembocando no terço inferior da veia poplítea.
parva desde a origem na face lateral do pé, ascendendo posteriormente ao maléolo lateral e entre as cabeças do músculo gastrocnêmio e desembocando no terço inferior da veia poplítea
origem na face lateral do pé e ascendendo posteriormente ao maléolo lateral.
103 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
Segundo Paula¹¹, a veia safena
As literaturas vistas airmam a im-
parva, também chamada de safena ex-
portância do conhecimento destes tipos
terna, é uma continuação da veia mar-
de variação para a clínica onde facilmen-
ginal lateral, posteriormente ao maléolo
te pode ser lesada em cirurgias vascu-
lateral, ascende pela margem lateral do
lares, assim como, pode evitar procedi-
tendão do calcâneo, após cruzá-lo e se-
mentos como a safenectomia radical, em
guir posterior a ele em seu terço médio.
que haverá uma grande perda no luxo
Entre as cabeças do músculo gastrocnê-
venoso supericial do membro inferior.
mio e penetra na fáscia profunda para desembocar na veia poplítea.
Oliveira¹³ diz que as variações da veia safena parva se devem a sua forma-
De acordo com Georgie¹², a ana-
ção embrionária que vem muito antes e
tomia da veia safena parva pode apre-
de forma mais complexa que a veia safe-
sentar consideráveis variações em seus
na magna. Há muitos anos essas obser-
trajetos e, principalmente, em sua termi-
vações eram feitas através da disseca-
nação, podendo contribuir para frequen-
ção de cadáveres.
tes recidivas de varizes deste território.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A veia safena parva apresenta
às veias superficiais. O que torna impor-
uma grande variabilidade anatômica,
tante o funcionamento adequado dessas
devido sua origem embriológica, justifi-
veias.
cando os possíveis locais para desembo-
Apesar de não atingir o objetivo
car e se originar. As veias superficiais
inicial referente ao estudo, identiicar as
são responsáveis por apenas 10% do
variações anatômicas relevantes da veia
retorno venoso e possuem uma pare-
safena parva, que resultam em possíveis
de muscular relativamente espessa,
implicações clínicas, a pesquisa nos cinco
com a possibilidade de ser preditora
cadáveres possibilitou um maior entendi-
das varizes. As veias profundas são en-
mento anatômico da própria veia safena
carregadas por 90% da drenagem dos
parva e das estruturas adjacentes ao lo-
membros inferiores, mas apresentam
cal.
uma parede vascular menos espessa e com menos tecido muscular, em relação
104 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
VARIATIONS OF THE GREAT SAPHENOUS VEIN AND ITS CLINICAL IMPLICATIONS: ANATOMICAL STUDY IN CADAVER
ABSTRACT The great saphenous vein, which is a supericial vein of the lower limb, has the function of assisting the return of blood through its valves. Depending on the change in the anatomy of the vein, it may inluence its functioning, which may give rise to clinical implications, including varicose veins. Varicose veins occur when there is a dilation of these veins. A possible anatomical alteration is the great saphenous vein leading to the tight extension of the small saphenous vein, known as the Giacomini vein, which changes the valve function of the venous system, leading to the appearance of these varicose veins. The objective of this study was to analyze the importance of anatomical variations in the path and surrounding structures of the saphenous vein in the corpses and to associate them with possible clinical implications caused by these variations. This is an exploratory descriptive ield study with a quantitative approach from the dissection of 5 adult cadavers from the Nova Esperança Medical School – FAMENE at the laboratory in October 2017, using the usual dissecting material and the appropriate techniques for this purpose. In the visualization of the great saphenous vein in the cadavers, no relevant anatomical variation, however the study is important for anatomical knowledge of this structure and adjacent structures. KEYWORDS: Variation. Great saphenous vein. Varicose veins.
REFERÊNCIAS
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pelo eco-doppler colorido. J Vasc Br. 2006;
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vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/
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ECMAL & LAVA; 2003.
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não complicadas dos membros inferiores
Resolução 466/2012. Comitê de Ética em
105 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
Pesquisa. CONEP juntamente com outros
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setores do Ministério da Saúde, estabelecerá
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10. Moore KL, Dalley AF. Anatomy. 4. ed.
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Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 1999. 11. Variação Anatômica no Percurso da Veia Safena Parva: Relato de Caso e Implicações
106 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
CAPÍTULO 13 ECTASIA DE ARTÉRIA CORONÁRIA: ESTUDO ANATÔMICO EM CADÁVER
Resumo As doenças cardiovasculares são as principais causas de óbito em todo o mundo. Embora a ectasia de artéria coronária (ECA) seja causa infrequente de síndrome coronariana aguda, o prognóstico não é bom. Esta pesquisa é caracterizada como um relato de experiência referente à ECA observada durante a dissecção de cadáver. A forma de abordagem utilizada é predominantemente qualitativa. Retirou-se o cadáver do reservatório de conservação em solução salina, colocou-se na mesa pertencente ao Laboratório de Anatomia a im de estudá-lo. Após dissecção por planos, foi encontrada uma dilatação importante ao longo das artérias coronárias, sendo possível observar a ECA. A ectasia é considerada difusa quando acomete mais de uma artéria ou diferentes segmentos na mesma artéria, e localizada quando um único segmento arterial é acometido. Embora infrequente, o prognóstico não costuma ser bom. Logo, é importante o diagnóstico precoce e um tratamento efetivo, para evitar possíveis complicações e reduzir a morbimortalidade desses pacientes. PALAVRAS-CHAVE: Ectasia. Artérias. Cadáver.
Daniella Jéssica Muniz Honorato1 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Gilvandro de Assis Abrantes Leite Filho2 Acadêmico de Medicina - FAMENE
Katherine Maia Florentino Silva Nunes3 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Waldênio Araújo Barros dos Santos4 Acadêmico de Medicina - FAMENE
Tânia Regina Ferreira Cavalcanti5 Docente - FAMENE
107 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
INTRODUÇÃO As doenças cardiovasculares (DCV) são as principais causas de óbito em
grandes benefícios em relação a redução de recidivas e da mortalidade6.
todo o mundo e, de acordo com a Orga-
Além disso, sabe-se que as princi-
nização Mundial da Saúde (OMS), foram
pais etiologias da ECA são: aterosclerótica
responsáveis por 17 milhões de mortes
(50%), congênita (20-30%), inlamatória
em 2011, que representam 3 em cada 10
ou doenças ligadas ao tecido conjunti-
óbitos. Destes, 7 milhões de pessoas mor-
vo (10-20%) e iatrogênica (3-4%)7-8. A
reram por doenças isquêmicas do coração
maioria delas é passível de prevenção e
e 6,2 milhões por acidente vascular en-
do controle de fatores de risco, que em
cefálico. O principal representante das
comparação com a doença ateroscleróti-
doenças isquêmicas do coração é o infar-
ca coronariana são os mesmos, à exceção
to agudo do miocárdio1.
do diabetes3.
Embora a ectasia de artéria coro-
Mediante a exposição dos fatos,
nária (ECA) seja causa infrequente de
considerando a importância clínica da
síndrome coronariana aguda, tendo uma
ectasia de artéria coronária, em relação
prevalência em pacientes submetidos a
a síndrome coronariana aguda e sua alta
coronariograia por suspeita de cardiopa-
taxa de mortalidade, bem como relatos
tia isquêmica de 3,4%
2;3.
O prognóstico
de caso e periódicos a respeito da ecta-
de um paciente com obstrução arterial
sia, faz-se necessário o estudo mais apro-
coronariana em três vasos tratado com
fundado com descrição detalhada de um
medicamentos é o mesmo que em paci-
achado anatômico, durante dissecção no
entes com ectasia de artéria coronária4.
laboratório de anatomia da Faculdade de
A ECA pode ser facilmente diagnos-
Medicina Nova Esperança, melhorando
ticada por exames de imagem como eco-
o entendimento sobre o assunto entre
cardiograia, coronariograia, ressonân-
acadêmicos da área.
cia magnética e tomograia com emissão de pósitrons. Quando associada a outras patologias, como cardiopatia hipertensiva e insuiciência aórtica, o prognóstico pode ser ainda mais reservado devido a piora da perfusão miocárdica5. Mesmo não tendo consenso de tratamento, o uso precoce de antiagregantes e anticoagulantes nesses pacientes tem mostrado
108 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
METODOLOGIA caracterizada
A coleta de dados foi realizada em
como relato de experiência referente à
dias úteis nos turnos da manhã e tarde,
ectasia de artéria coronária, observada
após a aprovação do projeto pelo Comitê
durante a dissecção de cadáver durante
de Ética e Pesquisa FACENE/FAMENE (CAAE
o período letivo. A forma de abordagem
78553317.1.0000.5179).
utilizada é predominantemente qualita-
desenvolvida em duas fases. A primeira fase
tiva. As medições foram realizadas no
referiu-se ao isolamento do cadáver e do
Laboratório de Anatomia da Faculdade de
coração no laboratório. A presente pesqui-
Medicina Nova Esperança, sendo utiliza-
sa respeitou os aspectos éticos preconiza-
do um coração humano. Durante todas as
dos pela Resolução CNS 466/2012, no art.
etapas do procedimento os autores uti-
III, que implica no respeito ao participante
lizaram os equipamentos de proteção in-
da pesquisa em sua dignidade, respeito e
dividuais necessários como jaleco, touca,
cuidado, reconhecendo sua vulnerabilidade.
Esta
pesquisa
é
óculos de proteção, máscara e luvas.
A
pesquisa
foi
Todas as informações coletadas foram
O instrumento escolhido para a co-
documentadas e catalogadas em planilhas. A
leta de dados será por atuação direta no
segunda fase consistiu na correlação dos da-
cadáver, durante o procedimento de disse-
dos obtidos na peça estudada com a possível
cação, através da realização de medições
repercussão clínica e comparação com dados
com régua e paquímetro para mensuração
apresentados em pesquisas de periódicos e
de comprimento e diâmetro dos vasos, com
livros. Os dados obtidos foram dispostos em
registro fotográico, análise dos dados cole-
um texto descritivo. Posteriormente, foi uti-
tados, e correlação com artigos em periódi-
lizada a planilha eletrônica do software Excel
cos eletrônicos e livros/manuais sobre o
para a estatística descritiva simples, sendo
tema em questão.
analisado com base em literatura pertinente.
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Retirou-se o cadáver do reser-
longo das artérias coronárias. O coração
vatório de conservação em solução sa-
em estudo foi fotografado e logo após foi
lina, o mesmo foi posto na mesa perten-
removido para medição do diâmetro das
cente ao Laboratório de Anatomia para
artérias coronárias e todos os seus ra-
estudo. Após dissecção por planos, foi
mos (Figuras 1 a 4).
encontrada uma dilatação importante ao
109 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
FIGURA 1: Artéria coronária direita e seus ramos.
1: A. Aorta; 2: Átrio D.; 3: Ventrículo D.; 4: A. Coronária D.;5: A. Marginal D.; 6: A. Interventricular posterior; 7: Ventrículo E.
FIGURA 2: Artéria coronária direita e seus ramos.
1: A. Aorta; 2: Átrio D.; 3: Ventrículo D.; 4: A. Coronária D.; 6: A. Interventricular posterior; 7: Ventrículo E.; 11: Átrio E.; 12: Ramo do nó atrioventricular; 13: Ramo do nó sinusal.
110 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
FIGURA 3: Artéria coronária esquerda e seus ramos.
1: A. Aorta; 3: Ventrículo D.; 7: Ventrículo E.; 8: A. do tronco pulmonar; 9: A. Interventricular anterior; 10: Ramos laterais da A. Interventricular anterior; 11: Átrio E.; 14: A. Coronária E.; 15: A. Diagonal; 16: A. circunlexa.
FIGURA 4: Artéria coronária esquerda e seus ramos.
7: Ventrículo E.; 9: A. Interventricular anterior; 10: Ramos laterais da A. Interventricular anterior; 17: A. marginal E.
111 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
RESULTADOS E DISCUSSÃO No cadáver em estudo foi possível
entre 1,5 e 5,5 mm para as artérias coro-
observar a ectasia difusa das artérias co-
nárias em suas origens. Os diâmetros das
ronárias. A ectasia de artérias coronárias
artérias coronárias podem aumentar até
(ECA) é deinida como uma dilatação loca-
o 30º ano de vida10. Nas Tabela 1 e 2 po-
lizada ou difusa nas artérias coronarianas.
de-se observar os diâmetros das artérias
A ectasia é considerada difusa quando
coronárias direita e esquerda, juntamente
acomete mais de uma artéria, ou diferen-
com os seus ramos do coração do cadáver
tes segmentos da mesma artéria e locali-
estudado. No entanto, as artérias coroná-
zada quando um único segmento arterial é
ria direita com 10 mm, artéria coronária
acometido11.
esquerda com 8 mm e artéria interventri-
O calibre das artérias coronárias,
cular anterior com 8 mm divergem dessas
tanto os troncos principais como os ra-
medições de moldes arteriais ou angio-
mos maiores, baseado em medições de
gramas no geral.
moldes arteriais ou angiogramas, varia
TABELA 1: Diâmetro da artéria coronária direita e seus ramos.
Vaso
Diâmetro
Artéria coronária direita
10mm
Artéria marginal direita
3mm
Artéria interventricular posterior
3mm
Ramo para o nó sinusal
1mm
Ramo para o nó atrioventricular
2mm
TABELA 2: Diâmetro da artéria coronária esquerda e seus ramos.
Vaso
Diâmetro
Artéria coronária esquerda
8mm
Artéria interventricular anterior
8mm
Artéria diagonal
5mm
Artéria circunlexa
4mm
Artéria marginal esquerda
3mm
Ramos laterais da A. interventricular ant.
4mm
112 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
Essas
dilatações
presentes
nas
A ECA é diagnosticada quando um
Artérias Coronárias geram repercussões
segmento da artéria é maior que 1,5 vezes o
clínicas para os portadores, tais como: con-
diâmetro do segmento da artéria adjacente
tribuição para a formação de fenômenos
normal18. O advento do cateterismo cardía-
tromboembólicos, através do aumento da
co permitiu a realização do diagnóstico da
viscosidade sanguínea, aumento do volume
dilatação das artérias coronárias in vivo20.
plaquetário com consequente incremento
Exames como, a cineangiocoronariograia,
da ativação plaquetária12-13, da ativação do
angiotomograia computadorizada, angior-
sistema de coagulação e do turbilhonamen-
ressonância, ecocardiograia, ressonância
to do luxo sanguíneo, facilitando a formação
magnética e tomograia computadorizada
de trombo intraarterial14. Microêmbolos for-
com emissão de pósitrons são utilizados
mados nesses segmentos podem migrar e
para um possível diagnóstico.
21, 22
serem responsáveis por síndrome coronar-
Estudos recomendam que o trata-
iana aguda, culminando em infarto agudo
mento para dilatação de artérias coronárias
do miocárdio (IAM) com suas consequências
deve incluir um método de terapia para
elétricas, funcionais e estruturais.15
cada complicação em potencial supracita-
Além disso, um estudo recente
da. O regime apropriado inclui: anticoagu-
demonstrou que as ectasias cursam com
lação para minimizar o risco de formação
disfunção endotelial e aumento dos mar-
de trombos, terapia antiplaquetária, tera-
cadores inlamatórios, igualmente respon-
pia com bloqueador de canal de cálcio para
sivos à terapia com estatinas e inibidores
evitar espasmo das artérias coronárias (deve
da enzima conversora da angiotensina, tal
ser evitado o uso de beta bloqueador, que
como as lesões ateroscleróticas16. Outro
pode levar ao espasmo das artérias coro-
estudo, também recente, aponta queda
nárias em decorrência de uma sobreposição
nos níveis de adiponectina, citocina relacio-
dos receptores alfa). Nitratos também po-
nada à proteção na doença aterosclerótica
dem ser utilizados.23;25
em pacientes com ectasia coronariana.17
RESULTADOS E DISCUSSÃO As artérias coronárias suprem os átrios
impulsiona sangue para todo corpo, sendo
e os ventrículos. Dessa forma, é de grande
um órgão vital. Embora infrequente, o prog-
importância o estudo das anomalias da ana-
nóstico não costuma ser bom. Logo, é impor-
tomia intrínseca que acometem essas arté-
tante o diagnóstico precoce e um tratamento
rias juntamente com seus ramos, visto que o
efetivo, para evitar possíveis complicações e
coração é a bomba contrátil propulsora que
reduzir a morbimortalidade desses pacientes.
113 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
CORONARY ARTERY ECTASIA: ANATOMICAL STUDY ON CORPSE
ABSTRACT Cardiovascular diseases are the leading causes of death worldwide. Although coronary artery ectasia (CAE) is an uncommon cause of acute coronary syndrome, the prognosis is not good. This research is characterized as an experience report regarding CAE observed during cadaver dissection over the school term. The approach used is predominantly qualitative. The corpse was removed from the preservation reservoir in saline solution; it was placed on the table belonging to the Anatomy Laboratory for study. After dissection by planes, an important dilatation was found along the coronary arteries. In the corpse under study it was possible to observe the difuse ectasia of the coronary arteries. Ectasia is considered difuse when it afects more than one artery or diferent segments in the same artery and is localized when a single arterial segment is involved. Although infrequent, the prognosis is not usually good, so early diagnosis and efective treatment are important to avoid possible complications and reduce the morbidity and mortality of these patients. KEYWORDS: Ectasia. Arteries. Cadaver.
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114 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
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115 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
CAPÍTULO 14 PROCEDIMENTO DE COLOCAÇÃO DE DIU EM CADÁVER E SUAS COMPLICAÇÕES Resumo O dispositivo intrauterino é um pequeno instrumento de plástico, em forma de T, que costuma ser revestido com o metal cobre. Quando o DIU contém o hormônio progesterona, passa a ser chamado de SIU (Sistema Intrauterino), também conhecido como DIU hormonal ou DIU Mirena. Este dispositivo deve ser implantado dentro do útero da mulher, através da vagina, pelo médico ginecologista. O objetivo deste trabalho é relatar o procedimento de colocação do dispositivo intrauterino, descrevendo as etapas de colocação e relacionando suas possíveis complicações. Trata-se de uma pesquisa exploratória descritiva, realizada em peças cadavéricas humanas, que fazem parte do acervo do Laboratório de Anatomia da Faculdade de Medicina Nova Esperança, e destinadas à disciplina de Anatomia. Durante o desenvolvimento do trabalho, foi utilizada uma peça de útero humano para demonstração do procedimento. Além disso, contou-se com a utilização do kit composto por espéculo vaginal, pinça Cheron em poliestireno, pinça Pozzy metálica e descartável, histerômetro em poliestireno, com haste centimetrada e stopper. Inicialmente, o procedimento foi realizado em cadáver, contudo, não foi obtido êxito devido a rigidez muscular que impossibilitou a passagem do espéculo. A partir disso, o procedimento passou a ser executado em peça isolada de útero, ocorrendo a passagem lenta e suave da sonda uterina, através do cérvix com o objetivo de medir a profundidade e a posição do útero. Em seguida, colocou-se o DIU no aplicador, inserindo-o, para posteriormente removê-lo, após inserção e ixação do dispositivo no útero. Por im, cortou-se os ios existentes no DIU, deixando-os pendurados cerca de três centímetros fora do cérvix. Assim, com a aplicação da técnica no cadáver foi possível prever e discutir as possíveis complicações de colocação do DIU ao analisar a anatomia pélvica feminina, seus órgãos e anexos, assim como, sua musculatura e disposição no corpo. PALAVRAS-CHAVE: Contraceptivo. Anatomia. Cadáver.
Jennifer Kathelen Lima Alexandre1 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Juliana de Melo Figueiredo2 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Maria Eduarda de Arruda Carvalho3 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Vívian Maria Vieira Moura De Holanda4 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Tânia Regina Ferreira Cavalcanti5 Docente - FAMENE
116 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
INTRODUÇÃO A orientação em planejamento fa-
tação do DIU pode levar ao insucesso e,
miliar é uma prática de essencial importân-
consequentemente, complicações no pro-
cia para qualquer pessoa, proporcionando
cedimento. Quanto à implantação deste
informações corretas que levem em conta
dispositivo, é importante ressaltar que para
o seu papel sexual, sua história de vida,
garantir um bom posicionamento do DIU, é
crenças e valores. O desconhecimento
necessário obedecer alguns critérios. Desse
dos métodos contraceptivos pode condu-
modo, a distância do ápice do DIU ao fun-
zir a uma gravidez não planejada, muitas
do uterino não deve ultrapassar 2,5 cm,
vezes resolvida com a solução não dese-
assim como a distância do ápice ao fundo da
jada do aborto, ou levando a problemas
cavidade uterina não deve ser superior a 5
na aceitação da criança nascida nestas
mm. A frequência de mau posicionamento
circunstâncias.1
encontrada foi de aproximadamente 11%,
O dispositivo intrauterino (DIU),
cujo único fator associado foi a nulipari-
usado por cerca de 150 milhões de mul-
dade. O DIU é considerado também mal posi-
heres de vários países, é o método contra-
cionado quando uma de suas partes penetra
ceptivo reversível mais frequente no mun-
no miométrio (incrustado) ou tem localização
do, ao qual se relacionam taxas de falhas
ectópica (além da serosa). Independente das
extremamente baixas, com a vantagem de
distâncias mencionadas, atualmente o que
prolongado.2
é mais aceito para um DIU ser considerado
Pela eicácia e boa aceitação como método
com posição inadequada é a sua penetração
contraceptivo, é atualmente a segunda al-
total ou parcial na endocérvix4
poder ser usado por tempo
ternativa de planejamento familiar depois da
As complicações do método incluem,
esterilização cirúrgica, havendo controvér-
além da perfuração uterina decorrente da
sias sobre qual dispositivo é considerado o
colocação inadequada, a expulsão e uma
melhor. Para alguns autores, o DIU conten-
maior predisposição para infecções. Quan-
do cobre parece ser mais eicaz do que
to aos índices de expulsão, há divergência
os demais. Entretanto, segundo outros,
na literatura. Existem autores que airmam
o DIU contendo levonorgestrel apresenta
ser mais frequente no primeiro ano de uso
melhores resultados em comparação aos
e outros que asseguram que continua a
que contêm cobre, quanto ao risco menor
ocorrer de forma constante ao longo dos
de complicações, descontinuação de uso
dez primeiros anos, sobretudo durante a
e ineicácia3
menstruação. Entretanto, o único fator que
O desconhecimento da realização
foi mais constantemente associado à ex-
adequada do procedimento de implan-
pulsão foi a idade inferior a 20 anos.5 Foi
117 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
observado que ocorre mudança da micro-
em atividade, gravidez conirmada, fatores
biota vaginal após a inserção do DIU, pre-
uterinos, câncer ginecológico do corpo e
dispondo a infecções, sobretudo no primeiro
colo do útero e reações adversas aos com-
ano de uso. A doença inlamatória pélvica
ponentes do DIU, geralmente ao cobre.5
(DIP), embora assintomática na maioria dos
Nesse trabalho, buscou-se relatar o
casos, ocorre devido à ascensão de agentes
procedimento de colocação do dispositivo
patógenos da cérvix para o endométrio e
intrauterino, descrevendo as etapas de co-
trompas de falópio.6
locação e relacionando suas possíveis com-
Além disso, há cinco categorias res-
plicações.
tritas de contraindicações: infecção uterina
METODOLOGIA
A
pesquisa
caracterizou-se
por
os equipamentos de proteção individual
ser do tipo exploratória descritiva. Os
necessários, como jaleco, touca, óculos
sujeitos desse estudo foram peças ca-
de proteção, máscara, luvas.
davéricas humanas do Laboratório de
Foi utilizada uma peça de útero
Anatomia da Faculdade de Medicina
humano para demonstração do procedi-
Nova Esperança, destinadas à discipli-
mento. Além disso, contou-se ainda, com
na de Anatomia. O estudo foi realizado
a utilização do kit composto por espé-
após aprovação no Comitê de Ética em
culo vaginal modelo Collin tamanho M,
Pesquisa das Faculdades de Enferma-
pinça Cheron em poliestireno, de 24,5cm
gem e Medicina Nova Esperança (CAAE:
de comprimento, pinça Pozzy metálica e
CAAE: 79614017.2.0000.5179). A equi-
descartável, de 26,5cm de comprimento,
pe que realizou a pesquisa foi formada
histerômetro em poliestireno, com haste
pelos autores desse estudo, que contou
centimetrada e stopper, com 25 cm de
com auxílio dos técnicos de laboratório
comprimento, tesoura longa metálica e
da mesma instituição. Todos utilizaram
descartável, de 25 cm de comprimento.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A peça anatômica utilizada era um
análise e realização do procedimento.
útero cujo diâmetro tinha 5,3cm (Figura
O útero é um dos órgãos mais
1) e comprimento 4,3 cm (Figura 2), sen-
dinâmicos no corpo humano. O seu volume
do retirado do cadáver para uma melhor
se modiica assim como sua coniguração,
118 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
sob a inluência hormonal da puberdade.
tionale, mais supericial, renovado ciclica-
Na fase de menacme, alcança seus
mente, e que cresce sob a ação dos es-
diâmetros máximos, atroiando com a
trogênio e progesterona e desagrega-se,
menopausa. Durante a gravidez, o útero
posteriormente, na menstruação. Ele ain-
deve crescer signiicativamente e modi-
da apresenta um estreitamento inferior,
icar-se para proteger, sustentar e inal-
o colo uterino ou cérvix, que se abre na
mente expulsar o feto em desenvolvi-
vagina. A única barreira física entre a va-
mento.7
gina e o útero é o muco cervical. A aber-
Além disso, é um órgão muscular
tura vaginal localiza-se posteriormente à
composto por três camadas: perimétrio
abertura uretral. Estes orifícios são reco-
(camada externa, conjuntiva), miométrio
bertos longitudinalmente por pregas, os
(camada
liso) e en-
pequenos e os grandes lábios. O clitóris é
dométrio, que é um epitélio escamoso es-
uma pequena estrutura formada por teci-
tratiicado não-queratinizado, composto
do eréctil, situada na extremidade anterior
por um stratum basale e um stratum func-
dos pequenos lábios8.
FIGURA 1: Medida do útero (largura).
FIGURA 2: Medida do útero (altura).
média,
músculo
A análise foi feita baseada no pro-
consideração as características anatômi-
cedimento de inserção do DIU, cujo com-
cas inerentes ao útero e estruturas pél-
primento era 3,5 cm (Figura 3) e diâmetro
vicas femininas adjacentes a ele. Dessa
de 3,2 cm (Figura 4), em peça cadavérica,
forma, iniciou-se o procedimento em cadá-
a im de reproduzir procedimento clínico e
ver, porém sem sucesso devido a rigidez
suas possíveis complicações, levando em
muscular que impossibilitou a passagem
119 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
do espéculo e, consequentemente, conti-
da, colocou-se o DIU no aplicador que foi
nuação do procedimento. Assim, optou-se
inserido de forma lenta e suave, para pos-
por realizar procedimento em peça isola-
teriormente removê-lo, após inserção e i-
da de útero, a partir da passagem lenta e
xação do dispositivo no útero (Figuras 6 e
suave da sonda uterina, através do cérvix
7). Por im, cortaram-se os ios existentes
(Figura 5), com o objetivo de medir a pro-
no DIU, deixando-os pendurados cerca de
fundidade e a posição do útero. Em segui-
três centímetros fora do cérvix.
FIGURA 3: Medida do comprimento do DIU.
FIGURA 2: Medida do diâmetro do DIU.
FIGURA 5: Inserção do isterômetro.
120 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
O dispositivo intrauterino (DIU) é
têm um io de cobre. A liberação desse íon
um dispositivo de plástico que é inserido
faz com que a cauda dos espermatozoides
pelo médico no útero (Figuras 6 e 7), po-
enrole-se, prejudicando o seu movimento
dendo durar três a cinco anos. Como um
e evitando a concepção. O DIU que libera
agente estranho, irrita a mucosa do útero,
progesterona age suprimindo a ovulação e
impedindo a implantação. Há modelos que
espessando o muco cervical.9
FIGURA 6: DIU inserido na cavidade uterina.
FIGURA 7: DIU inserido na cavidade uterina.
O DIU de cobre é uma excelente
são associados geram um maior risco car-
opção para mulheres que desejam contra-
diovascular. No entanto, nesta faixa etá-
cepção reversível, independente do coito
ria, há maior prevalência de sangramen-
e de longo prazo. Além disso, é indicação
tos uterinos disfuncionais, por disovulias.
interessante, por exemplo, em lactantes e
Nestas pacientes, acredita-se que o DIU de
em mulheres com contraindicação ao uso
cobre não seja uma boa opção, havendo
de estrogênio, como por exemplo, história
melhor indicação para o sistema intraute-
de câncer de
mama.10
rino liberador de levonorgestrel (SIU-LNG).
Quanto as mulheres na perimeno-
Naquelas que utilizam o DIU de cobre, re-
pausa, inicialmente o DIU é uma excelente
comenda-se retirá-lo após um ano da últi-
opção, sobretudo naquelas que têm con-
ma menstruação (menopausa).11
traindicações, relativas ou absolutas, a
Contudo, com a realização do proce-
terapia hormonal contraceptiva, como as
dimento, notou-se, de forma minuciosa, a
tabagistas, obesas, hipertensas e diabé-
importância da técnica de inserção deste
ticas. Desse modo, quando estes fatores
dispositivo com o objetivo de evitar possí-
121 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
veis complicações inerentes a ele. As com-
cada um, pelo canal cervical.13-14
plicações acontecem de forma rara, porém
c) Expulsão: ocorre, geralmente,
é de fundamental importância citá-las e
devido ao seu mau posicionamento, pois
analisá-las do ponto de vista anatômico e
o seu alojamento deve ser feito no fundo
funcional para o conhecimento e formação
uterino e, em alguns casos, ele não é colo-
acadêmica. Dentre elas, algumas passí-
cado nessa região o que facilita a expulsão.
veis de ocorrer, foram analisadas e discu-
Outro fator que promove sua expulsão é a
tidas durante o procedimento, como:
colocação pós-parto. O DIU é expulso mais
a) Perfuração uterina: um dos fato-
facilmente, após o parto, porque o útero
res que contribuem para tal complicação
está se contraindo e o colo do útero está
está relacionado ao útero retrovertido, ou
dilatado.14
seja, quando o corpo uterino está direcio-
d) Sangramento genital: pode ocor-
nado para as costas da paciente. Outro
rer de forma rara quando não está relacio-
fator que contribui para a perfuração é a
nado com a menstruação. Está associado
desproporcionalidade do dispositivo com o
ao deslocamento inadequado do disposi-
tamanho do útero. Os DIUs têm tamanhos
tivo, enquanto ele está implantado, como
diferentes justamente para se adequarem
também, durante a sua retirada pode ocor-
ao tamanho correto do órgão.12
rer algum tipo de sangramento que deve
b) Infecção pélvica: com o intuito de
ser investigado.15
minimizar os riscos de infecção, após in-
e) Dor: pode acontecer, assim como
serção do dispositivo, é interessante fazer
o sangramento vaginal não relacionado à
o uso de instrumentos desinfectados de
menstruação. É uma complicação rara e,
forma altamente eiciente e a limpeza do
de acordo com artigos, ocorre em 1% dos
colo do útero com um antisséptico aquo-
casos. O problema pode ser resultado de
so tal como o gluconato de clorexideno, ou
uma movimentação do dispositivo dentro
com um iodóforo (por exemplo, Betadine).
do corpo. Neste caso, o indicado é consul-
Outra forma de evitar a infecção é a téc-
tar o ginecologista, que fez o implante, e
nica de inserção “sem toque”, que abran-
descobrir as causas e como proceder para
ge carregar o DIU no aplicador, enquanto
evitar esta condição.12
o DIU ainda está na embalagem estéril, a
Assim, com a aplicação da técnica
im de evitar que se toque diretamente o
no cadáver, foi possível prever e discutir
DIU. Limpar o cérvix completamente com
essas possíveis complicações, ao analisar
antisséptico antes da inserção do DIU; to-
a anatomia pélvica feminina, seus órgãos
mar cuidado para não tocar a parede vagi-
e anexos, assim como, sua musculatura e
nal ou lâminas do espéculo como a sonda
disposição no corpo.
uterina ou o aplicador do DIU carregado.
Quanto à técnica de inserção dos
Por im, passar a sonda uterina e o aplica-
DIUs, a literatura tem observado que a
dor de DIU carregado somente uma vez,
diminuição das complicações está intima-
122 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
mente relacionada com o momento da in-
dispositivos intrauterinos são laceração do
serção. Observa-se que, quanto mais fácil
canal cervical, posicionamento inadequa-
for a inserção, sem dor e ou intercorrências,
do do dispositivo (no canal cervical ou pe-
menor é o risco de ocorrerem quaisquer
netrando miométrio), perfuração uterina
das complicações ou expulsão do disposi-
com e sem migração do dispositivo para a
tivo, aumentado as taxas de tolerabilidade
cavidade abdominal, expulsão do disposi-
e aceitação do mesmo. As complicações
tivo e impossibilidade de inserção.16
mais comuns relacionadas à inserção dos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A forma minuciosa de realização do
Ao analisar a anatomia pélvica feminina, a
procedimento de inserção do DIU é de grande
musculatura e seus órgãos e anexos na peça
importância para que não ocorram compli-
cadavérica, foi possível prever essas compli-
cações. Algumas destas formas foram anali-
cações e analisá-las mais detalhadamente.
sadas e discutidas durante o procedimento,
É importante reiterar que a diminuição das
como a perfuração uterina, a infecção pélvi-
complicações está intimamente relacionada
ca, a expulsão, o sangramento genital e a dor.
ao momento da inserção.
PROCEDURE FOR THE PLACEMENT OF IUD IN A CADAVER AND ITS COMPLICANTIONS
ABSTRACT The intrauterine device is a small T-shaped plastic device that is usually coated with metal copper. When the IUD contains the progesterone hormone, it becomes called IUD (intrauterine device), also known as hormonal IUS or Mirena IUD. This device should be implanted inside the woman’s womb through the vagina by the gynecologist doctor. The purpose of this work is to report the procedure of placement of the intra uterine device, describing the placement steps and relating its possible complications. It is a descriptive exploratory research carried out in human rigor parts of the laboratory of Anatomy of Nova Esperança Medical College (FAMENE), destined for the discipline of anatomy. During the development of the work a human uterus piece was used for demonstration of the procedure. In addition, it was counted, with the use of the kit composed of vaginal speculum, cheron forceps in polystyrene, pozzy metal and disposable tweezers, instrument to measure the uterus and stopper. Initially, the procedure was carried out on cadaver; however it was not successful due to muscular rigidity that made it impossible to pass the speculum. From this, the procedure was performed in an
123 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
isolated part of uterus, where the slow and smooth passage of the uterine probe through the cervix was carried out in order to measure the depth and position of the uterus. Then it was placed the IUD in the applicator, inserted it, to subsequently remove it after insertion and ixation of the device in the uterus. Finally, the existing wires were cut into the IUD, leaving them hanging about three centimeters outside the cervix. Thus, with the application of the technique in the cadaver it was possible to predict and discuss the possible complications of placement of the IUD by analyzing the female pelvic anatomy, its organs and attachments, as well as, its musculature and disposition in the body. KEYWORDS: Contraceptive. Anatomy. Cadaver.
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125 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
CAPÍTULO 15 ALTERAÇÕES HEPÁTICAS EM CADÁVERES E SUAS CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Resumo O fígado é um dos maiores órgãos do corpo humano, localizado no quadrante superior direito da cavidade abdominal, logo abaixo do diafragma. Ele pode apresentar alterações clínicas, como a hepatomegalia, uma das mais prevalentes alterações hepáticas. O objetivo do trabalho foi investigar alterações hepáticas em cadáveres dissecados no ano de 2016 no Laboratório de Anatomia da Faculdade de Medicina Nova Esperança. Realizou-se uma pesquisa de campo descritiva e observacional composta por 6 cadáveres dissecados no ano de 2016, avaliados por ocasião da disciplina de Correlações Anátomo-Clínicas II. O instrumento escolhido para mensurar o tamanho do fígado, usando-se dos pontos de maior equidistância, foi uma régua móvel milimétrica. Foi realizada a medida do diâmetro craniocaudal, através de uma linha que se estende, desde o bordo hepático superior até o inferior, e a do diâmetro transversal, por meio de uma linha que vai das maiores extremidades laterais dos lobos direito e esquerdo. Os dados foram analisados por meio do método quantitativo e os resultados foram obtidos comparando-se as amostras entre si e com a literatura especializada. De acordo com a hepatimetria obtida nos 6 cadáveres avaliados, os fígados apresentaram média de 19,83 cm para diâmetro horizontal e 14,58 cm para diâmetro vertical. Analisando os fígados, de acordo com a normalidade padrão da população brasileira (Diâmetro horizontal 20,0 cm/ diâmetro vertical 17,0 cm), apenas 1 cadáver icou acima da média desses valores (diâmetro horizontal 27,5 cm / diâmetro vertical 20,8 cm), sugerindo hepatomegalia. Dessa forma, ressalta-se a importância da investigação anatômica em cadáveres para estudantes da medicina, tendo em vista que há um enriquecimento cientíico sobre o conteúdo, como também para uma futura prática clínica relacionada a índices hepatimétricos. PALAVRAS-CHAVE: Hepatomegalia. Patologia. Anatomia. Dissecação.
Nicássio Silva Menezes1 Acadêmico de Medicina - FAMENE
Marilia Medeiros da Silva2 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Vivian Maria Vieira Moura de Holanda3 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Albero Ferreira de Morais França4 Acadêmico de Medicina - FAMENE
Catarina Maria Andrade Figueiredo Guimarães Maia5 Docente - FAMENE
Tânia Regina Ferreira Cavalcanti6 Docente - FAMENE
126 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
INTRODUÇÃO O estômago é uma porção dilatada
compõem esse lóbulo são denominadas
do tubo O fígado é notadamente um dos
de hepatócitos, que é a unidade funcional
órgãos mais importantes do corpo huma-
própria do fígado, além de veias, artérias e
no, sendo ele de extrema importância
pequenos canalículos biliares. Além disso,
para um funcionamento adequado do or-
têm um papel importante na manutenção
ganismo. Também é considerado um dos
da hemostasia, conversões de nutrientes,
maiores órgãos do corpo, executando
na regulação e armazenamento da ener-
suas funções de produção de várias sub-
gia, nas alterações hormonais e vitaminas
stâncias, como os sais biliares, bem como
e na biotransformação de compostos estra-
do metabolismo, tendo ação direta sobre
nhos.3
o armazenamento e degradação de substâncias, além de regular proteínas, carboidratos e
lipídeos.1
Porém,
toda
estrutura
hepática
pode ser alterada na presença de algumas doenças, como a cirrose, em que há
Outra característica importante é
uma substituição difusa da estrutura nor-
a regeneração do fígado, por ser um me-
mal por nódulos de estrutura anormal cir-
canismo de defesa do órgão contra a per-
cundados por ibrose de etiologia etílica,
da de tecido hepático funcional, podendo
hepatites crônicas virais e autoimunes ou
ser por agravo de qualquer tipo de nature-
aquelas de ordem metabólica, vascular ou
za (perda traumática, viral, química ou por
biliar.4 Às vezes, essas doenças manifes-
hepatectomia parcial). Essa capacidade,
tam-se não por nódulos, mas por aumento
na verdade, é uma resposta compen-
da massa hepática (hepatomegalia).
satória através de hiperplasia e hipertroia
Portanto, o estudo teve como obje-
do tecido remanescente, estabelecendo a
tivo realizar uma avaliação anatômica de
massa hepática anterior ao
trauma.2
fígados, através de uma hepatimetria em
O fígado é constituído por uma uni-
cadáveres do laboratório de anatomia da
dade básica chamada de lóbulo hepático,
Faculdade de Medicina Nova Esperança, a
que é um arcabouço cilíndrico que pos-
im de identiicar alterações com relação
sui medições (comprimento e diâmetro
ao seu tamanho, bem como observar es-
variável) em milímetros. As células que
truturas associadas ao órgão.
METODOLOGIA
Foi realizada uma pesquisa de cam-
vacional com abordagem quantitativa, no
po, de aspecto descritivo, do tipo obser-
Laboratório de Anatomia da Faculdade de
127 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
Medicina Nova Esperança, localizado no
e a medida foi feita nos pontos, vistos a
Bairro Gramame na cidade de João Pessoa
olho nu, de maior equidistância. Foi reali-
- Paraíba. O instrumento para coleta de
zada a medida do diâmetro crânio-caudal,
dados foi por atuação direta em cadáveres
através de uma linha que se estende des-
conservados no laboratório de anatomia
de o bordo hepático superior, até o bordo
da FAMENE. A amostra foi composta por
hepático inferior e a do diâmetro trans-
6 cadáveres dissecados no ano de 2016,
versal, por meio de uma linha que vai das
referentes a disciplina de Correlações Aná-
maiores extremidades laterais dos lobos
tomo-Clínicas II, ministrada para o terceiro
direito e esquerdo. As estruturas também
período do curso de medicina da Faculda-
foram fotografadas, a cada etapa, com a
de de Medicina Nova Esperança. O critério
permissão da Faculdade de Medicina Nova
estabelecido para seleção da amostra foi a
Esperança, a im de que a discussão desse
presença de fígado intacto e com as estru-
estudo se tornasse mais didática.
turas da cavidade abdominal preservadas.
A coleta de dados foi realizada após
Nesse sentido, foram incluídos fígados de
aprovação ética do projeto pelo Comitê
cadáveres, ainda bem preservados, princi-
de Ética das Faculdades de Enfermagem
palmente no que diz a respeito a sua vas-
e Medicina Nova Esperança FACENE/FAME-
cularização. Essa exigência é fundamental
NE (CAAE: 62582816.0.0000.5179). A co-
para que, durante a realização do procedi-
leta de dados ocorreu nos meses de abril
mento, seja possível observar as estrutu-
e maio de 2017, em dias e horários pre-
ras anatômicas com localizações e carac-
viamente agendados pelo responsável do
terísticas naturais.
laboratório de anatomia da FAMENE.
Uma régua móvel milimétrica foi utilizada para mensurar o tamanho do fígado
RESULTADOS
De acordo com a hepatimetria obtida, os fígados apresentaram diferenças
cm, também com uma diferença de mais de 10,0 cm.
bastante signiicativas e, quanto ao diâ-
A média obtida dentro da amostra
metro horizontal, o valor máximo foram
foi: diâmetro horizontal 19,83 cm e diâme-
observados nos fígados que apresentaram
tro vertical de 14,58 cm (Tabela 1).
um tamanho maior de 27,5 cm. Já o menor valor foi de 15,7 cm, uma diferença de quase 12 cm. No tocante ao diâmetro vertical, os valores foram de 20,8 cm a 10,6
128 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
TABELA 1: Distribuição dos resultados da hepatimetria em centímetros por meio do método clínico.
Cadáver
Diâmetro horizontal
Diâmetro vertical
Cadáver 1
15,7cm
14,0cm
Cadáver 2
16,8cm
14,0cm
Cadáver 3
19,0cm
10,6cm
Cadáver 4
22,0cm
15,5cm
Cadáver 5
27,5cm
20,8cm
Cadáver 6
18,0cm
12,6cm
Média
19,83cm
14,58cm
Com relação às características clíni-
acima do normal, sugerindo uma hepato-
cas, os fígados avaliados apresentaram-se
megalia, apresentou também uma colora-
dentro da normalidade padrão, ou seja,
ção esverdeada, determinando, possivel-
proporcionais ao corpo. Com exceção do
mente, que a vesícula biliar rompeu.
cadáver 5 que, além de ter seu tamanho FIGURA 1: Imagens das medições horizontais e verticais no fígado (cadáver 5).
1-Medição horizontal do fígado. 2- Medição vertical do fígado. 3- Imagem ampliada do fígado. 4- Imagem mais ampla, mostrando a relação com os outros órgãos da cavidade abdominal e torácica.
129 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
Todos os fígados encontravam-se no hipocôndrio direito e as estruturas que os compõem (vasos e ductos) esta-
vam preservadas em sua totalidade, até mesmo quanto a tamanho e sem nenhuma variação anatômica.
FIGURA 2: Imagem das estruturas vasculares dos fígados dissecados.
1: Artéria hepática própria. 2: Artéria hepática esquerda. 3: Artéria hepática direita. 4: Artéria cística.
Quanto a anatomia vascular que compõe o hilo hepático, todos os cadáveres dissecados apresentaram suas
estruturas preservadas em tamanho, quantidade e sem ausência de variações anatômicas.
DISCUSSÃO O estudo utilizou a hepatimetria
proporcional ao tamanho do corpo e em in-
como um tópico de avaliação quantitativa.
divíduos do gênero feminino, mede de 8 a
Os fígados avaliados na pesquisa apresen-
10 cm, e do gênero masculino, mede de 10
taram variações de tamanho, tendo uma
a 12 cm. Uma provável explicação para o
média quanto ao diâmetro horizontal de
variado espectro de valores existentes é a
19,83 cm e diâmetro vertical de 14,58 cm
morfologia complexa e variável do órgão.6
(Tabela 1). Já o fígado do cadáver 5 apre-
As causas de hepatomegalia podem
sentou valores superiores de diâmetro ho-
ser classiicadas por ordem de frequência.
rizontal e vertical, sendo 27,5 cm e 20,8
As mais frequentes são etilismo crônico,
cm respectivamente. Segundo Silva e Si-
esteatose não alcoólica, neoplasia 1ª ou
queira5, o tamanho de um fígado normal é
metastática, hepatite aguda viral ou insu-
130 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
iciência cardíaca direita/global e pericar-
tomegalia, incluindo septos de ibroses pe-
dite. Outras causas menos frequentes são
rivenular e periporta, hiperplasia de ductos
síndromes mieloproliferativas, síndromes
biliares e colangite.10
linfoproliferativas, obstrução biliar, hemo-
Através da observação, veriicou-se
cromatose, e doença autoimune (cirrose
que estruturas associadas ao fígado, como
biliar primária). Já as raras são Síndrome
vasos e ductos, estavam preservados em
de Budd-Chiari, amiloidose, poliquistose,
todos os cadáveres, não constando nenhu-
hidatidose, doença de Wilson, granuloma-
ma variação anatômica.
tose (tuberculose, sarcoidose, fungos), deiciência de α1-antitripsina, glicogenose.7 A hepatomegalia quase sempre está associada a
esplenomegalia.8
Um caso de anomalia congênita das vias biliares extra-hepáticas é caracterizado por ausência de ducto colédoco,
Também po-
com implantação baixa dos ductos hepá-
dem ocorrer variações vasculares, como
ticos direito e esquerdo, e implantação do
na veia porta, que são ainda classiicadas
ducto cístico no ducto hepático direito. A
em quatro tipos. No tipo I, ocorre bifurca-
disposição da via biliar normal é compos-
ção do tronco principal da veia porta em
ta por ductos hepáticos direito e esquerdo
ramo direito e ramo esquerdo, considera-
de conluência alta, pela presença de um
da padrão e normal. No tipo II, há trifurca-
ducto hepático comum e pela inserção do
ção da veia porta em ramo direito anterior,
ducto cístico em ângulo agudo, originando
ramo direito posterior e ramo esquerdo.
o ducto colédoco.11
Além desses, existem ainda, o tipo III, em
Uma variação da via biliar principal
que o tronco principal da veia porta, ini-
apresentando importância cirúrgica é a
cialmente, fornece o ramo direito poste-
formação extra-hepática baixa, quando a
rior, em seguida, o ramo direito anterior, o
conluência dos ductos hepáticos esquer-
ramo esquerdo e o tipo IV. Destaca-se que
do e direito ocorre próxima ao duodeno.
o ramo direito anterior é originado da veia
Se o indivíduo tiver um ducto cístico cur-
esquerda.9
to, existem grandes possibilidades de con-
De forma experimental, a ligadura
fundir-se o ducto hepático esquerdo com o
do ducto biliopancreático pode produzir
ducto colédoco e o ducto hepático direito
colestase, com alterações na histoarquite-
com o ducto cístico.11
porta
tura hepática e desenvolvimento de hepa-
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a prática da dissecação dos
sível encontrar, através da observação,
cadáveres e as aulas teórico-práticas no
alterações estruturais e morfológicas de
laboratório de anatomia humana é pos-
órgãos, o que incentiva os alunos ao in-
131 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
teresse para um estudo mais aprofundado.
de extrema importância para o auxílio de
Embora não seja possível a realização de
diagnósticos patológicos. Pesquisas futuras
exames histopatológicos e bioquímicos dos
devem ser realizadas com uma amostra
objetos de estudo, o exame macroscópico
maior, utilizando-se de outros parâmetros
no cadáver, junto com as características
como sexo, etnia, idade estimada, altura
morfológicas do fígado, sugerem hepato-
e IMC ou causa morte dos mesmos, sendo
megalia em 1 dos 6 fígados analisados.
possível a correlação entre eles.
Dessa forma, o conhecimento anatômico é
HEPATIC ALTERATIONS IN CADAVERS AND THEIR CLINICAL FEATURES
ABSTRACT The liver is one of the largest organs in the human body, located in the upper right quadrant of the abdominal cavity just below the diaphragm. It may present clinical changes, such as hepatomegaly, one of the most prevalent liver alterations. This study aims to investigate hepatic alterations in dissected cadavers at the Anatomy Laboratory of the Nova Esperança Medical College in the year of 2016. In the present work, a descriptive and observational ield research was carried out, composed of six dissected cadavers in the year of 2016, evaluated in the course of Anatomical-Clinical Correlations II. The instrument chosen to measure the size of the liver, utilizing points of greater equidistance, was a millimeter moving ruler. The craniocaudal diameter was measured through a line extending from the upper to lower hepatic borders and the transverse diameter by means of a line extending from the major lateral extremities of the right and left lobes. The data were analyzed using the quantitative method and the results were obtained comparing the samples with each other and with the specialized literature. According to the hepatimetry obtained in the 6 cadavers evaluated, the livers showed an average of 19.83 cm for horizontal diameter and 14.58 cm for vertical diameter and 2 cadavers were above average. However, analyzing the liver according to the standard normality of the Brazilian population (horizontal diameter 20.0 cm/ vertical diameter 17.0 cm), only 1 cadaver was beyond these values (horizontal diameter 27.5 cm/ vertical diameter 20.8), suggesting hepatomegaly. Therefore, the importance of anatomical investigation in cadavers for medical students is highlighted, considering that there is a scientiic enrichment on the content, as well as for a future clinical practice related to hepatimetric indexes. KEYWORDS: Hepatomegaly. Pathology. Anatomy. Dissection.
132 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
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133 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
CAPÍTULO 16 DEMONSTRAÇÃO DA ARTROPLASTIA PARCIAL DE QUADRIL EM CADÁVER Resumo O propósito do presente estudo é descrever a realização de uma artroplastia parcial do quadril, priorizando a técnica correta em um cadáver, com intuito de mostrar as possíveis complicações durante o acesso cirúrgico. Esse procedimento vem se tornando cada vez mais indicado para as fraturas de colo de fêmur, por sua praticidade, baixo índice de complicações, melhora da dor no pós-operatório, com consequente melhoria na qualidade de vida dos idosos acometidos. A pesquisa consiste de um relato de experiência, do tipo descritivo, com abordagem qualitativa no Laboratório de Anatomia Humana da Faculdade de Medicina Nova Esperança (FAMENE), em João Pessoa (Paraíba). Foi realizada a artroplastia parcial do quadril com prótese unipolar de Thompson em um cadáver do laboratório, sendo registrada por fotos em cada etapa e posterior descrição completa da intervenção cirúrgica feita. O acesso foi realizado por etapas, demarcando pontos anatômicos para incisão como a espinha ilíaca póstero-superior (EIPS), rebatimento da pele, gordura, fáscia do glúteo máximo e trato iliotibial. Foram observadas estruturas nobres, durante o acesso cirúrgico, como o nervo isquiático, ramos supericiais da artéria glútea superior, além da artéria glútea inferior. Observaram-se durante o acesso cirúrgico possíveis complicações nervosas, vasculares, entre outras. O domínio da anatomia topográica para demarcação da linha de incisão e o conhecimento de todas as estruturas, que devem passar por processo de diérese, para chegar na cabeça do fêmur e realizar a artroplastia parcial do quadril, levará a uma maior probabilidade de sucesso no procedimento cirúrgico e menor probabilidade de complicações intra e pós-operatórias. PALAVRAS-CHAVE: Artroplastia de Quadril. Cadáver. Procedimento Cirúrgico.
Waldênio Araújo Barros dos Santos1 Acadêmico de Medicina - FAMENE
Arthur Gonçalves de Lima França2 Acadêmico de Medicina - FAMENE
Leonardo Tenório Monteiro3 Acadêmico de Medicina - FAMENE
Pedro Henrique Coêlho de Mélo Leite4 Acadêmico de Medicina - FAMENE
Tânia Regina Ferreira Cavalcanti5 Docente - FAMENE
134 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
INTRODUÇÃO As fraturas de colo do fêmur são co-
de mortalidade observadas na literatura
muns e, devido a mudança demográica,
são: sexo feminino, idade isiológica maior
gerada pelo envelhecimento da população,
que 80 anos e déicit cognitivo.3-11 A baixa
este tipo de fratura se tornará ainda mais
presença de dor no pós-operatório é fator
comum, já que os idosos são mais pro-
deinitivo para a manutenção de uma boa
pensos, uma vez que, ao longo dos anos,
qualidade de vida do idoso.7 Apesar de ser
ocorrem alterações da qualidade óssea. A
um procedimento cirúrgico, a melhora do
incidência de fraturas do quadril aumenta
quadro doloroso, quando empregada técni-
com a idade, dobrando a cada dez anos de-
ca correta, é comprovada por vários estu-
pois de alcançado os 50 anos, sendo este
dos.3,6,7 Um tempo operatório prolongado
aumento ainda mais considerável depois
(maior que 2 horas) mostrou aumentar
da menopausa nas mulheres, e depois dos
a incidência de complicações como, por
70 anos nos homens, sendo a média de
exemplo, a trombose venosa profunda.14
idade em torno de 80 anos.1-5
O
conhecimento
da
anatomia
O tratamento ideal da fratura de
topográica é fator fundamental para o en-
colo de fêmur ainda permanece contro-
tendimento das vias de acesso cirúrgico
verso, embora a abordagem cirúrgica seja
e eventuais desfechos desfavoráveis que
elemento chave no tratamento. Entre as
possam ocorrer com o mau emprego da
opções terapêuticas, a artroplastia parcial
técnica.15 Mediante a exposição dos fatos,
do quadril vem se tornando cada vez mais
considerando a importância da artroplastia
indicada em relação a artroplastia total
parcial do quadril no tratamento de fratu-
para pacientes com baixa capacidade fun-
ras do colo femoral, bem como relatos de
cional, baixa expectativa de vida e múlti-
pesquisas e periódicos a respeito dos re-
plas comorbidades, já que é um procedi-
sultados e as possíveis comorbidades, ob-
mento mais simples, de menor morbidade
tidas no pós-operatório, somada ao sig-
e ideal para o grau de mobilidade da maio-
niicativo aumento da população alvo
ria dos idosos, que são acometidos por esta
deste procedimento, faz-se necessário
patologia.2, 3, 4, 5, 12, 13
o estudo mais aprofundado e detalhado
Os índices de mortalidade no primeiro
ano
após
hemiartroplastia
do
quadril variam na literatura entre 17% e
da técnica cirúrgica, com a inalidade de melhorar a compreensão a respeito da técnica correta e de seus benefícios.
28%, já que os pacientes idosos já apresentam
outras
comorbidades
associa-
das ao trauma. Os principais preditores
135 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
METODOLOGIA Esta pesquisa caracteriza-se como
em dias úteis dos turnos manhã e tarde.
um relato de experiência, do tipo descri-
A pesquisa foi desenvolvida em
tivo, com abordagem qualitativa, que
duas fases. Inicialmente foi realizada a
consistiu na realização de uma artroplas-
seleção amostral no Laboratório de Anato-
tia parcial do quadril em um cadáver. O
mia Humana da Faculdade de Medicina
procedimento foi realizado no Laboratório
Nova Esperança (FAMENE). Em seguida,
de Anatomia da Faculdade de Medicina
executado o acesso cirúrgico para artro-
Nova Esperança. Durante todas as etapas
plastia parcial do quadril com prótese uni-
do procedimento, os autores utilizaram
polar de Thompson, seguindo a técnica de
os equipamentos de proteção individuais
Gibson, modiicada, sendo registrado por
necessários como jaleco, touca, óculos de
fotos em cada etapa e descrito por com-
proteção, máscara e luvas.
pleto. Foram utilizadas as bases de dados
A amostra para realização do estu-
do Scielo, BVS e Google Acadêmico para
do foi constituída de uma hemipelve de um
pesquisa e confrotamento com os acha-
cadáver, a qual obedeceu aos seguintes
dos durante o acesso cirúrgico.
critérios de inclusão: hemipelve íntegra
A presente pesquisa respeitou
sem nenhuma parte dissecada, permitin-
os aspectos éticos, preconizados pela
do a realização de acesso cirúrgico para
Resolução CNS 466/2012, no art. III,
uma artroplastia parcial de quadril.
que implica no respeito ao partici-
O instrumento escolhido para a co-
pante da pesquisa em sua dignidade,
leta de dados foi por atuação direta no
respeito e cuidado, reconhecendo sua
cadáver, através da realização do proced-
vulnerabilidade.
imento cirúrgico de artroplastia parcial do
Comitê de Ética da Faculdade de Me-
quadril, com registro fotográico, análise e
dicina Nova Esperança e cadastra-
a observação direta, durante e após o pro-
da na Plataforma Brasil com CAAE
cedimento. A coleta de dados foi realizada
58438116.2.0000.5179.
Foi
aprovada
pelo
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Retirou-se
o
cadáver
do
reser-
pôs-se em prática a técnica de Gibson,
vatório de conservação em formaldeído,
modiicada, demarcando-se uma linha de
para colocá-lo sobre a mesa, pertencente
incisão em um ponto anterior à espinha
ao Laboratório de Anatomia para estudo.
ilíaca póstero-superior e imediatamente
A partir do cadáver em decúbito lateral,
distal à crista ilíaca, acima da borda an-
136 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
terior do músculo glúteo máximo, esten-
guida de dissecção romba ampla, a im de
dendo-a até a borda anterior do trocanter
rebater pele, gordura subcutânea e expor
maior e então mais distalmente ao logo da
melhor as estruturas devido a perda da
linha do fêmur por 15 a 18 cm. Foi feita
elasticidade do cadáver (Figura 1).
uma incisão na área delimitada, prosse-
FIGURA 1: Demarcação da linha de incisão com exposição do TCSC.
1:Pele; 2: TCSC; 3: Fáscia do Glúteo Máximo; 4: Trato iliotibial.
Em seguida, incisou-se o trato
vo isquiático. Em seguida, retirou-se
íliotibial na direção de suas fibras, em
a fáscia remanescente, visualizando o
sentido distalproximal, até o trocanter
ramo superficial da artéria glútea supe-
maior. Em seguida, localizou-se o mús-
rior e expondo o trocanter maior junto
culo glúteo máximo e seu sulco no ex-
aos músculos glúteo mínimo, piriforme,
tremo proximal da incisão no trato, es-
gêmeo superior, obturador interno e
tendendo a incisão e a dissecção ao
gêmeo inferior. Foi visualizado também
longo do mesmo (Figura 2).
o nervo glúteo inferior emergindo logo
Foram rebatidas as massas an-
abaixo do músculo piriforme (Figura 3).
terior e posterior desse músculo, dissecando
os
vasos
próximos,
sendo
possível visualizar as veias glúteas inferiores e, mais profundamente, o ner-
137 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
FIGURA 2: Dissecção do glúteo máximo para exposição de ibras, divulsão do mesmo e abertura do trato iliotibial.
1: Pele; 2: TCSC; 5: Fibras do Músculo Glúteo Máximo.
FIGURA 3: – Rebatimento do glúteo máximo e dissecção da gordura e fáscia posterior ao mesmo para exposição de estruturas.
1: Pele; 2: TCSC; 6: Vv. Glúteas inferiores; 7: N. isquiático; 8: Ramo supericial da a. glútea superior; 9: N. Glúteo inferior; 10: M. piriforme; 11: M. Gêmeo superior; 12: Tendão do M. obturador interno; 13: M. Gêmeo inferior.
138 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
FIGURA 5: Fechamento da cápsula articular e trato iliotibial com io absorvível e raia da pele com io de nylon.
Fechamento da cápsula articular, tenorraia, fechamento do trato iliotibial e pele. Imagens em sequência.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao inalizar o procedimento no ca-
As possíveis complicações da he-
dáver, foi possível ter uma visão do aces-
miartoplastia são: trombose venosa pro-
so cirúrgico da artroplastia parcial na peça
funda, paralisia de nervo, complicações
anatômica, a qual é semelhante à realiza-
vasculares,
da in vivo, porém a rigidez e a consistência
após artroplastia, discrepância no compri-
do cadáver são diferentes, devido ao enri-
mento das pernas, não consolidação do
jecimento cadavérico e ao uso do formal-
trocanter, ossiicação heterotrópica e in-
deído como forma de conservar.
fecção. Tendo em vista que o procedimen-
fratura/perfuração,
luxação
Buscou-se realizar o procedimento
to realizado se restringiu à simulação do
de modo didático, demonstrando todo o
acesso cirúrgico em cadáver, não foi rea-
trajeto anatômico do acesso e as suas pos-
lizada a colocação da prótese unipolar de
síveis complicações. Para isso, optou-se
Thompson nem desinserção do trocanter
por dissecar de forma instrutiva, preferin-
maior do fêmur.
do uma maneira educacional de visualiza-
Em relação a trombose venosa
ção do procedimento e objetivando manter
profunda, a cirurgia inclui como fatores
a integridade anatômica cadavérica rigoro-
de risco toda a tríade de Virchow (estase
samente idêntica à da técnica in vivo.
sanguínea, hipercoagulabilidade e lesão
140 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
endotelial). Estase intraoperatória e/ou
de incisão e área manipulada, durante o
pós-operatória é causada pela imobilida-
acesso/procedimento cirúrgico.
de e pode ser associada também a menor
As complicações vasculares são re-
habilidade e conhecimento e cirurgiões
ferentes a lesão endotelial da tríade de
menos experientes. Já o estado de hiper-
Virchow. Fratura ou perfurações podem
coagulabilidade, resulta diretamente do
ocorrer devido a colocação da prótese em
trauma cirúrgico e lesão vascular, devido
si, ou devido a uma qualidade óssea bem
a manipulação de vasos como as veias
debilitada por osteoporose intensa. Luxa-
glúteas inferiores visualizadas durante o
ções podem ocorrer principalmente devido
acesso póstero-lateral.
a má angulação em posição de antever-
Os possíveis nervos que poderiam
são da cabeça do componente femoral. A
ser lesionados (gerando desfechos desfa-
discrepância no comprimento das pernas
voráveis como a dor no pós-operatório), du-
deve ser evitada, principalmente, nas pró-
rante o procedimento realizado neste estu-
teses cimentadas como a de Thompson,
do, são o nervo cutâneo femoral posterior,
compensando eventuais discrepâncias, ao
nervo isquiático e nervo glúteo inferior.
ajustar o a profundidade do componente
Todos foram visualizados, com exceção do
femoral no osso, ou ajustando o compri-
primeiro. Para evitar esta ocorrência é pre-
mento do colo da prótese. Porém, é pos-
ciso conhecer a sua localização e evitar le-
sível que mesmo fazendo as corretas me-
são por manipulação inadequada ou lesão
dições haja certa discrepância, tendo em
direta com bisturi. Segundo Canale11, as
vista que nenhum método é a prova de fa-
possíveis lesões são: neuropraxia, em que
lhas.
a condução é prejudicada; axonotmese, o
Em relação à ossiicação heterotró-
neurônio é afetado, enquanto a bainha de
pica, existem vários fatores de risco, sendo
mielina permanece intacta; a neurotmese,
os de maior importância no estudo as fra-
quando o nervo sofre ruptura total. O mais
turas intraoperatórias, lesão muscular ou
comum de ser lesado é o nervo isquiático,
hematomas localizados. São classiicados
sendo o componente ibular o de maior ris-
pelo sistema de Brooker e devem passar
co, possivelmente devido a sua localização
por excisão cirúrgica nos graus III e IV ou
ser mais lateral em relação ao componen-
quando muito sintomática.
te tibial e, portanto, mais próximo da linha
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O total conhecimento da anatomia em
palpatória, a im de realizar a correta demar-
todos os estágios do acesso cirúrgico são mui-
cação da linha de incisão e obter o conheci-
to importantes para o domínio da anatomia
mento de todas as estruturas, que devem
141 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
passar por processo de diérese, para assim
complicações intra e pós-operatórias.
chegar a cabeça do fêmur e realizar a artro-
Preservar a estratigraia anatômica
plastia parcial do quadril. Isto levará a uma
para a melhor síntese possível dos tecidos do
maior probabilidade de sucesso no proce-
paciente proporcionará a este uma melhor re-
dimento cirúrgico e menor probabilidade de
cuperação e cicatrização do acesso cirúrgico.
DEMONSTRATION OF PARTIAL ARTHROPLASTY OF THE HIP IN A CORPSE
ABSTRACT The purpose of the present study was to perform a partial hip arthroplasty, prioritizing the correct technique, on a corpse in order to show the possible complications during surgical access. This procedure is becoming increasingly indicated for femoral neck fractures, because of its practicality, low rate of complications, and postoperative pain improvement with consequent beneit in living situation of the afected elderly. The research consists in a descriptive study of case with a qualitative approach in the Laboratory of Human Anatomy of the Nova Esperança Medical School (FAMENE), in João Pessoa city, (Paraíba state). A partial hip arthroplasty was made with a Thompson unipolar prosthesis in a laboratory corpse, being registered by photos at each step and a complete description of the surgical intervention was made later. The access was made in stages, marking anatomical points for incision such as the posterior superior iliac spine (EIPS), folding of the skin, fat, gluteus maximus fascia and iliotibial tract. Noble structures were observed during surgical access, such as the sciatic nerve, supericial branches of the upper gluteal artery, and the inferior gluteal artery. During surgical access, possible nerve and vascular complications were observed, among others. The domain of topographic anatomy for the demarcation of the incision line and the knowledge of all structures that must pass through dieresis process to reach the femoral head and perform the arthroplasty will result in a greater probability of success in surgical procedure and less probability of intra and postoperative complications. KEYWORDS: Arthroplasty of the Hip. Corpse. Surgical Procedure.
142 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
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144 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
CAPÍTULO 17 VARIAÇÕES ANATÔMICAS DO TRONCO CELÍACO E SISTEMA ARTERIAL HEPÁTICO EM CADÁVERES: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Resumo A total compreensão da anatomia do tronco arterial celíaco (TAC), do sistema arterial hepático (SAH), é de imprescindível importância para o cirurgião durante o manejo dos vasos da cavidade abdominal, pois, muitas vezes, os médicos se deparam com variações anatômicas que podem diicultar o diagnóstico ou o procedimento cirúrgico. Portanto, é importante um conhecimento adequado da anatomia do ser humano e das variações mais frequentes que afetam a população. O presente estudo trata-se de uma pesquisa de campo exploratória e descritiva, com abordagem quantitativa, que irá descrever, com números, a relação de cadáveres com o padrão de normalidade, como também as variações anatômicas, relacionadas com as diversas ramiicações, do tronco arterial celíaco e do sistema arterial hepático, contribuindo para o estudo de médicos e estudantes de medicina. A pesquisa foi realizada no Laboratório de Anatomia Humana da Faculdade de Medicina Nova Esperança (FAMENE). Foram utilizados cinco cadáveres para realizar comparações dos dados obtidos, fortalecendo os resultados. O instrumento escolhido para a coleta de dados foi por atuação direta no cadáver, por meio da avaliação das estruturas do tronco celíaco em todos os cadáveres dissecados e do sistema arterial hepático. Esse estudo corroborou com as informações pré-existentes na literatura de que esse padrão de anatomia de trifurcação dos ramos do tronco celíaco constitui o mais comum encontrado em seres humanos. PALAVRAS-CHAVE: Variação anatômica. Cadáver. Tronco celíaco. Sistema arterial hepático.
Oséas Nazário de Oliveira Júnior1 Acadêmico de Medicina - FAMENE
Edine Medeiros de Andrade Martins2 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Lívia Tafnes Almeida de Araújo3 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Miguel Xavier Bezerra Barbosa4 Acadêmico de Medicina - FAMENE
Tiago Wanderley Queiroga Lira5 Acadêmico de Medicina - FAMENE
Luzia Sandra Moura Moreira6 Docente - FAMENE
145 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
INTRODUÇÃO Aristóteles e Galeno, dois grandes
artéria hepática comum. Esta última, após
estudiosos da anatomia humana, foram os
a emergência da artéria gastroduodenal,
pioneiros no estudo da anatomia arterial
continua como artéria hepática própria e
hepática e do tronco celíaco. Eles desig-
ramiica-se em artéria hepática direita e
naram que as artérias gástricas, hepáti-
esquerda no hilo hepático.
cas e esplênicas, não tinham origem num
O SAH descrito como normal
tronco comum na aorta, mas sim em dois
caracteriza-se
ramos de tronco celíaco: direito (artéria
ca direita e esquerda proveniente da
hepática comum) e esquerdo (artéria es-
artéria hepática própria que, por sua
plênica, com ramo gástrico para a artéria
vez, tem origem na artéria hepática
gástrica esquerda). Posteriormente, os pais
comum, após a emergência da artéria
da angiologia moderna, Jacques Benigne
gastroduodenal,
Wislow e Albert Haller, deiniram correta-
mente. A divisão da artéria hepática
mente a anatomia do tronco celíaco, com
própria em artéria hepática direita e
Wislow descrevendo corretamente o tron-
esquerda deve ser proximal ao fígado
co e seus ramos (sistema de trifurcação), e
dentro do ligamento hepatoduodenal. 5
Haller abordando os aspectos anômalos da
O objetivo deste trabalho é tra-
artéria hepática.1,2
como
que
artéria
corre
hepáti-
inferior-
duzir com números, de maneira quan-
A total compreensão da anatomia
titativa, a relação de cadáveres com o
do tronco arterial celíaco (TAC), do sistema
padrão de normalidade, como também
arterial hepático (SAH), é de imprescindível
as variações anatômicas, relacionadas
importância para o cirurgião durante o
com as diversas ramificações, do tron-
manejo dos vasos da cavidade abdominal,
co arterial celíaco e do sistema arterial
pois, muitas vezes, os médicos se depa-
hepático, contribuindo para o estudo de
ram com variações anatômicas que podem
médicos e estudantes de medicina.
diicultar o diagnóstico ou o procedimento cirúrgico. Portanto, é importante um conhecimento adequado da anatomia do ser humano e das variações mais frequentes que afetam uma população. Conforme descrito por Moore3 e Sobotta6, a anatomia do tronco celíaco, com origem na aorta, ramiica-se em artéria gástrica esquerda, artéria esplênica e
146 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
RELATO DE EXPERIÊNCIA Entre as atribuições designadas
margem costal até o osso ilíaco do quadril.
aos monitores da disciplina Correlações
Ainda, duas incisões junto a margem cos-
Anatômicas Clinicas 2, da Faculdade de Me-
tal, no sentido anteroposterior. Essas in-
dicina Nova Esperança, está a realização e
cisões se encontraram no ápice do pro-
orientação dos alunos na prática da disse-
cesso xifoide, sendo rebatida a parede
cação de cadáveres, disponibilizados pela
abdominal, em bloco, no sentido da sínise
instituição. Sendo assim, durante o se-
púbica. Assim, após a secção do peritônio,
mestre letivo, cinco cadáveres foram dis-
foi possível a visualização das estruturas
secados pelos alunos e monitores de acor-
anatômicas abdominais.
do com os temas de avaliação – Topograia do pescoço, tórax e abdome.
Com a abertura da cavidade abdominal, foi possível avaliar as estruturas
A dissecação da região abdominal
do tronco celíaco em todos os cadáveres
foi iniciada com a exposição da muscula-
dissecados, e do sistema arterial hepático
tura abdominal anterior e lateral, por meio
nos cadáveres intencionalmente escolhi-
da retirada da pele e tecido subcutâneo.
dos para a visualização desta região (Figu-
Logo após, foi realizada a secção dessa
ras 1 a 11).
musculatura nas linhas axilares média, da
FIGURA 1: Variações anatômicas do tronco celíaco e sistema arterial hepático no Cadáver 01.
1: Tronco Celíaco; 2: Artéria Gástrica Esquerda; 3: Artéria esplênica; 4: Artéria Hepática Comum.
147 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
FIGURA 2: Variações anatômicas do tronco celíaco e sistema arterial hepático no Cadáver 01.
1: Artéria Hepática Comum; 2: Artéria Gastroduodenal; 3: Artéria Hepática Própria; 4: Artéria Hepática Direita; (5)= Artéria Hepática Esquerda
FIGURA 3: Variações anatômicas do tronco celíaco e sistema arterial hepático no Cadáver 02.
1: Tronco Celíaco; 2: Artéria Gástrica Esquerda seccionada; 3: Artéria Esplênica; 4: Artéria Hepática Comum.
148 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
FIGURA 4: Variações anatômicas do tronco celíaco e sistema arterial hepático no Cadáver 02.
1: Tronco Celíaco; 2: Artéria Hepática Comum; 3: Artéria Gastroduodenal; 4: Artéria Hepática Própria.
FIGURA 5: Variações anatômicas do tronco celíaco e sistema arterial hepático no Cadáver 02.
1: Artéria Hepática Própria; 2: Artéria Hepática Esquerda; 3: Artéria Hepática Direita.
149 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
FIGURA 6: Variações anatômicas do tronco celíaco e sistema arterial hepático no Cadáver 03.
1: Tronco Celíaco; 2: Artéria Gástrica Esquerda; 3: Artéria Esplênica; 4: Artéria Hepática Comum.
FIGURA 7: Variações anatômicas do tronco celíaco e sistema arterial hepático no Cadáver 03.
1: Artéria Hepática Comum; 2: Artéria Hepática Própria; 3: Artéria Hepática Direita; 4: Artéria Hepática Esquerda; 5: Artéria Gastroduodenal; 6: Artéria Gástrica Direita.
150 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
FIGURA 8: Variações anatômicas do tronco celíaco e sistema arterial hepático no Cadáver 04.
1: Tronco Hepatoesplênico; 2: Artéria Gástrica Esquerda; 3: Artéria Esplênica; 4: Artéria Hepática Comum.
FIGURA 9: Variações anatômicas do tronco celíaco e sistema arterial hepático no Cadáver 04.
1: Artéria Hepática Comum; 2: Artéria Hepática Própria; 3: Artéria Hepática Direita; 4: Artéria Hepática Esquerda; 5: Artéria Gastroduodenal; 6: Artéria Gástrica Direita.
151 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
FIGURA 10: Variações anatômicas do tronco celíaco e sistema arterial hepático no Cadáver 05.
1: Tronco Celíaco; 2: Artéria Gástrica Esquerda; 3: Artéria Esplênica; 4: Artéria Hepática Comum.
FIGURA 11: Variações anatômicas do tronco celíaco e sistema arterial hepático no Cadáver 05.
1: Artéria Hepática Comum; 2: Artéria Gastroduodenal; 3: Artéria Hepática Própria.
152 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
Da casuística pesquisada de cinco
ando anatomicamente dos demais.
cadáveres, todos eram homens. Quatro
Dos cadáveres dissecados, quatro
(80%) foram classiicados com anatomia
(80%) (cadáver 1, 2, 4 e 5) apresentaram
normal do Tronco Celíaco (trifurcação em
anatomia normal da artéria hepática co-
artéria gástrica esquerda, artéria esplêni-
mum bifurcando-se em artéria hepática
ca e artéria hepática comum) (cadáver 1,
própria e artéria gastroduodenal. Em ape-
2, 3 e 5). Apenas um (20%) caso (cadáver
nas um (20%) (cadáver 3), existia variação
4) estudado apresentou Tronco Hepa-
da artéria hepática comum em uma trifur-
toesplênico e artéria gástrica esquerda
cação em artéria hepática própria, artéria
originando-se da base deste tronco, vari-
gastroduodenal e artéria gástrica direita.
TABELA 1: Anatomia do Tronco celíaco e Sistema Arterial Hepático dos cadáveres dissecados durante o semestre de monitorias da disciplina Correlações Anatômicas Clínicas 2.
Cadáver
Anatomia do Tronco Celíaco
Anatomia Arterial Hepática
01
Trifurcação em artéria gástrica esquerda, artéria esplênica e artéria hepática comum.
Bifurcação da artéria hepática comum em artéria gastroduodenal e artéria hepática própria.
02
Trifurcação em artéria gástrica esquerda, artéria esplênica e artéria hepática comum.
Bifurcação da artéria hepática comum em artéria gastroduodenal e artéria hepática própria.
03
Trifurcação em artéria gástrica esquerda, artéria esplênica e artéria hepática comum.
Trifurcação da artéria hepática comum em artéria gastroduodenal, artéria hepática própria e artéria gástrica direita.
04
Presença de tronco hepatoesplênico e artéria gástrica esquerda tendo como origem a base deste tronco.
Bifurcação da artéria hepática comum em artéria gastroduodenal e artéria hepática própria.
05
Trifurcação em artéria gástrica esquerda, artéria esplênica e artéria hepática comum.
Bifurcação da artéria hepática comum em artéria gastroduodenal e artéria hepática própria
DISCUSSÃO
A total compreensão da anatomia do
responde ao sistema de trifurcação, quan-
tronco arterial celíaco (TAC) e do sistema
do este troco surge imediatamente abaixo
arterial hepático (SAH) é de imprescindí-
ao hiato aórtico do músculo diafragma,
vel importância para o cirurgião, durante o
na aorta abdominal, dando origem a três
manejo dos vasos da cavidade abdominal,
ramos: artéria gástrica esquerda, primei-
uma vez que esses dois sistemas arteriais
ro ramo do TAC, com trajeto cranialmen-
podem apresentar diversas variações ana-
te para a curvatura menor do estômago;
tômicas. O padrão mais visto do TAC cor-
artéria esplênica, com trajeto virtuoso em
153 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
direção ao baço e, por im, artéria hepática
O sistema arterial hepático (SAH),
comum, que corre para direita para suprir
descrito como normal, caracteriza-se como
o sistema hepático.
artéria hepática direita e esquerda prove-
Segundo estudo realizado por Arau-
niente da artéria hepática própria que, por
jo Neto6, 90% de pacientes submetidos à
sua vez, tem origem na artéria hepática
TC contrastada, apresentavam a distribui-
comum, após a emergência da artéria gas-
ção descrita acima do TAC. O restante do
troduodenal, que corre inferiormente. A
estudo (10%) apresentou um sistema de
divisão da artéria hepática própria em ar-
bifurcação, onde 8,3% com tronco hepato-
téria hepática direita e esquerda deve ser
esplênico, com artéria gástrica esquerda
proximal ao fígado dentro do ligamento he-
originada diretamente da aorta abdominal,
patoduodenal.5
e 1,7% com tronco hepatogástrico, e arté-
Além disso, quatro dos cadáveres
ria esplênica também emergindo da aorta.
dissecados apresentaram anatomia nor-
A classiicação de quatro cadáveres
mal da artéria hepática comum, bifurcan-
classiicados como anatomia normal do
do-se em artéria hepática própria e arté-
Tronco Celíaco (trifurcação em artéria gás-
ria gastroduodenal. Com isso, conirma-se
trica esquerda, artéria esplênica e artéria
que a anatomia humana segue esse pa-
hepática comum) estão de acordo com as
drão, como o mais frequente, e corrobora
informações pré-existentes na literatura
com dados vistos em fontes literárias que
de que esse padrão de anatomia de trifur-
embasaram o estudo em questão.
cação dos ramos do tronco celíaco cons-
A variação da artéria hepática co-
titui o mais comum encontrado em seres
mum em uma trifurcação em artéria he-
humanos. O único cadáver (nº 4), variou
pática própria, artéria gastroduodenal e
anatomicamente dos demais, com tronco
artéria gástrica direita em um único cadá-
hepatoesplênico e artéria gástrica esquer-
ver estudado (nº 3), não foi tão evidencia-
da originando-se da base deste tronco e,
da nos estudos mais atuais envolvendo o
comparando-se com os dados da literatu-
SAH, o qual tem como anomalias mais fre-
ra, nota-se um sistema de bifurcação em
quentes a da artéria hepática direita, origi-
um menor percentual.
nando-se da artéria mesentérica superior;
Essa bifurcação também tem varia-
artéria hepática esquerda, como ramo da
ções, podendo existir tronco hepatoesplê-
artéria gástrica esquerda; artéria hepáti-
nico, com artéria gástrica esquerda, como
ca direita oriunda da artéria mesentérica
ramo direto da aorta, ou da base do pró-
superior, associada à artéria hepática es-
prio tronco formado, que foi o identiicado
querda oriunda da artéria gástrica esquer-
na pesquisa. Outra forma de apresentação
da, e artéria hepática comum ramo da ar-
seria um tronco hepatogástrico e a artéria
téria mesentérica superior.
esplênica emergindo da aorta, condição não encontrada no presente estudo.
154 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante da alta incidência das varia-
para as cirurgias hepáticas, principalmen-
ções no sistema arterial hepático e sua in-
te o transplante. Um número expressivo
luência nos procedimentos que envolvem
de complicações pode ser evitado quando
a região, é de suma importância que ela
do reconhecimento de possíveis variações
seja bem estudada, detalhada e conheci-
anatômicas, tanto na captação quanto no
da por estudantes e proissionais da área
implante hepático de cadáveres ou entre
de saúde. Este conhecimento é relevante
vivos.
ANATOMIC VARIATIONS OF CELIAC TRUNK AND HEPATIC ARTERIAL SYSTEM IN CADAVERS: AN EXPERIENCE REPORT
ABSTRACT The complete understanding of the anatomy of the celiac arterial trunk (CAT) of the hepatic arterial system (HAS), is of essential importance for the surgeon during the management of the vessels of the abdominal cavity, since doctors often encounter anatomical variations that may hinder the diagnosis or surgical procedure. Therefore, an adequate knowledge of the anatomy of the human being and the most frequent variations afecting a population is important. The present study is an exploratory and descriptive ield research, with a quantitative approach that will describe, with numbers, the relation of cadavers to the standard of normality, as well as the anatomical variations related to the various branches of the celiac arterial trunk and hepatic arterial system, contributing to the study of physicians and medical students. The research was carried out at the Human Anatomy Laboratory of Nova Esperança Medical School (FAMENE). In carrying out the study, ive cadavers were used to compare the obtained data, strengthening the results. The instrument chosen for data collection was by direct actuation in the cadaver, through the evaluation of the structures of the celiac trunk in all dissected cadavers and the hepatic arterial system. This study corroborated with the pre-existing information in the literature that this pattern of trifurcation anatomy of the celiac trunk branches is the most common in humans. KEYWORDS: Anatomical variation. Corpse. Celiac trunk. Hepatic arterial system.
155 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
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Bras Cir. 2013; 40(3): 221-226.
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variantes. Radiol Bras. 2016; 49(1): 49-52.
156 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
CAPÍTULO 18
AVALIAÇÃO DO pH DE POLPAS DE FRUTAS COMERCIALIZADAS NA CIDADE DE JOÃO PESSOA, PARAÍBA
Resumo Neste trabalho, foi avaliado o pH de polpas de frutas congeladas de diferentes sabores e marcas, comercializadas no município de João Pessoa (PB). O experimento foi conduzido em Delineamento Inteiramente Casualizado (DIC), disposto em um arranjo fatorial 6 x 3, ou seja, utilizando 6 níveis do fator sabores de polpa e 3 níveis do fator marcas (X, Y e Z) com 3 repetições. Houve variações dos valores de pH entre as marcas e os sabores nas amostras de polpas de frutas analisadas (p<0,05). Porém, estas apresentaram pH condizentes com a legislação preconizada, IN nº 1 de 7 de janeiro de 2000 do MAPA, que indica padrões de identidade e de qualidade sobre as polpas de frutas. Constatou-se também, a necessidade de que sejam estabelecidas na legislação, padrões de pH para a polpa de morango. PALAVRAS-CHAVE: Polpa de frutas. pH.
Homero Perazzo Barbosa1 Docente - FAMENE
Carolina Uchôa Guerra Barbosa de Lima2 Docente - FAMENE
Amanda Justino Costa3 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Layanna carla ferreira Sousa4 Acadêmica de Medicina - FAMENE
Marcela Carvalho César Félix5 Acadêmica de Medicina - FAMENE
157 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
INTRODUÇÃO O consumo e a comercialização de
No Brasil, a qualidade das polpas
polpa de frutas aumentam consideravel-
de frutas comercializadas é regulamenta-
mente a cada ano. As pessoas estão bus-
da pela Resolução RDC nº 12, de 2 de ja-
cando produtos saudáveis e que tenham
neiro de 2001 e pelo Regulamento Técnico
praticidade na hora do preparo. Como as
para Fixação dos Padrões de Identidade e
frutas são produtos perecíveis, a polpa de
Qualidade para Polpa de Frutas - Instrução
fruta é uma boa opção de substituição. São
Normativa nº 1 de 7 de janeiro de 2000,
produzidas nas épocas de safra, ou seja,
que estabelecem bioindicadores da quali-
pode-se ter matéria-prima com facilidade
dade higiênica. A qualidade da polpa tam-
e preço mais acessível nos períodos mais
bém está relacionada à preservação dos
favoráveis e podem ser comercializadas
nutrientes e às suas características físi-
de acordo com a demanda do mercado
co-químicas e sensoriais, que devem ser
consumidor.1
próximas da fruta in natura, de forma a
A alta perecibilidade dos frutos e
atender às exigências do consumidor e
sua sazonalidade impulsionam o desen-
da legislação vigente. Desse modo, as-
volvimento de processos tecnológicos.
pectos como pH e outras características
Dentre os quais pode-se destacar a pro-
físico-químicas são determinados nas nor-
dução de polpas, que é uma atividade
mas especíicas de cada tipo de polpa de
agroindustrial importante à medida que
fruta.5,6
agrega valor econômico à fruta, evitan-
O pH inluencia em diversos fa-
do desperdícios e minimizando as per-
tores, entre eles o equipamento escolhido
das que podem ocorrer durante a comer-
para processamento, seleção de aditivos,
cialização do produto in natura, além de
palatabilidade, entre outros, o que torna
permitir estender sua vida útil com ma-
importante sua determinação.7 Diante
nutenção da qualidade.2
disso, o objetivo do presente trabalho foi
Por apresentarem concentrações eleva-
o de avaliar o pH de diferentes polpas de
das de açúcares simples e alta atividade de
frutas congeladas, comercializadas na ci-
água, as frutas são substratos favoráveis à mul-
dade de João Pessoa – PB.
tiplicação de microrganismos e, portanto, são susceptíveis a uma rápida deterioração, principalmente sob conservação inadequada.3 As infecções e intoxicações alimentares representam grave problema de sanidade pública e a transmissão de muitos patógenos aos seres humanos ocorre pela manipulação inadequada e/ou má conservação dos alimentos.4
158 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
METODOLOGIA As amostras foram transportadas
frutas congeladas, das diferentes marcas,
em suas embalagens originais e íntegras
foram coletadas nos sabores de acerola
e em caixa térmica, para o Laboratório
(Malpighia emarginata), cajá (Spondias lu-
de Bioquímica das Faculdades Nova Es-
tea), caju (Anacardium occidentale), goia-
perança (FACENE/FAMENE), durante os
ba (Psidium guajava), graviola (Annona
meses de fevereiro e março de 2018, para
muricata) e morango (Fragaria sp).
posteriores análises. Como critério de in-
Após a homogeneização, o pH das
clusão, foram utilizadas polpas de frutas
amostras foi determinado em pHmetro
dentro do prazo de validade, devidamente
QUIMIS Mod. Q 400 HM. Foram realizadas
embaladas e adquiridas na Cidade de João
pelo menos 3 medidas de pH para cada
Pessoa (PB).
amostra, sendo o valor inal dado pela
O experimento foi conduzido em
média aritmética simples das medidas.
delineamento inteiramente casualizado
Para a análise de variância (Tabe-
(DIC), disposto em um arranjo fatorial 6 x
la 1), utilizou-se o software SAS SYSTEM
3, ou seja, 6 níveis do fator sabores de pol-
(Statistical Analysis System - SAS Institute
pa, 3 níveis do fator marcas (X, Y e Z), com
Inc., North Carolina, USA).8 Aplicou-se
3 repetições, totalizando cinquenta de
o teste de Tukey a 5% de probabilidade,
quatro amostras analisadas. As polpas de
para comparação das médias.
TABELA 1: Análise de Variância (ANOVA) dos dados experimentais.
Fontes de Variação
GL
SQ
QM
F
Polpas
5
7,1025
1,4205
6136,58*
Marca
2
0,1797
0,0899
388,72*
Polpas e Marcas
10
0,1764
0,0176
76,24*
Erro experimental
36
0,0083
0,00023
Total corrigido
53
7,4671
*Signiicativo a 5% de probabilidade pelo teste F
Os resultados obtidos foram comparados, também, individualmente, aos padrões estabelecidos pela normatização
brasileira para cada tipo de polpa de fruta.5
159 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
RESULTADOS E DISCUSSÃO O controle de qualidade, no que
das polpas de frutas analisadas. Houve
diz respeito ao pH, é muito impor-
diferenças estatisticamente signiicati-
tante na padronização do produto e na
va, entre as marcas e os sabores estu-
análise de alterações ocorridas durante
dados, sendo que a média obtida para
o processamento e o armazenamento.
a marca Y foi superior às demais. A pol-
A Tabela 2 expressa os valores médios de pH das marcas e sabores
pa de cajá foi a que apresentou menor pH (P<0,05).
TABELA 2: Médias* de pH das polpas congeladas de seis sabores, em três marcas diferentes, comercializadas nas cidades de João Pessoa (PB).
Polpas
X
Y
Z
Médias
Acerola
3,09eA
3,07eA
2,93eB
3,03e
Cajá
2,66fA
2,63fB
2,66fA
2,65f
Caju
3,74aB
3,79aA
3,49bC
3,67a
Goiaba
3,68bB
3,70bA
3,55aC
3,64b
Graviola
3,43cB
3,63cA
3,38cC
3,48c
Morango
3,17dC
3,26dA
3,22dB
3,22d
Médias
3,29B
3,35A
3,21C
CV (%) = 0,46; dms (polpas/marcas) = 0,04 e dms (marcas/ polpas) = 0,03 *Médias seguidas da mesma letra minúscula, nas colunas, e maiúsculas, nas linhas, não diferem signiicativamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Para as amostras estudadas, os va-
A polpa de acerola deve apresentar
lores médios de pH (Tabela 2) variaram
cor variando de amarelo ao vermelho, sa-
de 2,63 (cajá) a 3,79 (caju) apresentando
bor ácido, aroma próprio e pH mínimo de
diferenças entre si (P<0,05). Por sua vez,
2,85,6 igual ao determinado por outros es-
a Marca Y (pH médio de 3,35) apresentou
tudos.9 Castro et al.10 encontraram, para
para, os diversos sabores estudados, pH
a polpa de acerola pH de 3,7, valor mais
superior (P<0,05) às outras marcas estu-
elevado do que a média determinada neste
dadas (X = 3,29 e Z = 3,21).
experimento de 3,03. Por sua vez, Santos
160 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
et al.11 encontraram para a acerola pH de
variável de branco a vermelho, sabor leve-
3,2 e Bueno et al.12 pH de 3,3.
mente ácido, aroma próprio e deverá obede-
O cajá é uma fruta muito aromática e
cer as características determinadas e apre-
de polpa suculenta, que apresenta um sab-
sentar pH que varie de 3,5 a 4,2. O valor
or característico denominado de agridoce.
médio de pH determinado (3,64) se aprox-
Como padrão, a polpa de cajá deve ter pH
ima do mínimo para aceitação para con-
mínimo de
2,25
valor inferior a média de-
sumo e próximo ao determinado por Bueno
terminada nesta pesquisa (pH de 2,65) se-
et al.12 de 3,8. Evangelista e Vieites2, em
melhante ao de Bueno et al.12 e Canuto et
três amostras avaliadas, observaram pH
al.9, que obtiveram pH de 2,7. Por sua vez,
acima de 4,2. Já um estudo feito por Castro
Santos et
al.13,
avaliando diferentes mar-
cas, determinaram valores médios superi-
et al.10 encontraram valores mais elevados (4,16).
ores (pH de 3,12).
A polpa de graviola deve apresen-
Um estudo realizado por Caldas et
tar cor variando do branco ao marim,
foi observado que o pH das polpas
sabor ácido, aroma próprio e pH mín-
congeladas de cajá estavam de acordo
imo de 3,56, valor aproximado ao do
com a legislação. Resultados semelhan-
presente trabalho de 3,48. Por sua vez,
tes foram encontrados por Dantas et al.15,
Canuto et al.9 obtiveram pH de 3,7.
al.14,
ao analisarem polpas comercializadas em
Siqueira et al.17 encontraram va-
Campina Grande/PB. Valores inferiores a
lores médios de pH 3,75 para polpas
0,9 foram encontrados por Monção et al.
de morango conservadas em refriger-
16,
onde três das cinco amostras de polpas
ação, valor superior ao determinado
de cajá utilizadas estavam abaixo do míni-
neste estudo de 3,22. O pH de três
mo estabelecido.
marcas avaliadas, no estudo de Pereira
A polpa de caju deverá exibir cor
et al.18 para polpa de morango conge-
variando do branco ao amarelado, sabor
lada, variou entre 3,50 e 3,61. Oliveira
próprio, levemente ácido e adstringente
et al.19 encontraram valor de 3,60. O
com aroma próprio. Santos et al.11, avalian-
valor mínimo ou máximo da polpa de
do polpas congeladas, determinaram um
morango não consta nesta legislação
pH de 3,2 para a polpa de caju, valor inferior
especíica.5
ao encontrado nessa pesquisa de 3,67. Em
Fatores edafoclimáticos podem
avaliando
inluenciar na variação do pH das frutas.
diferentes marcas, determinaram valores
A presença de ácidos orgânicos, com-
médios um pouco superiores (pH de 3,82).
ponentes importantes na formação de
Porém, dentro do máximo preconizado pela
diversas propriedades das frutas, tam-
legislação5,
bém pode contribuir para a variação do
outra pesquisa, Santos et
al.13,
que é de 4,6. Canuto et
al.9
en-
contraram valores de 4,7. A polpa de goiaba deverá ter cor
pH.20 Segundo Castro et al.10, para a
161 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
preservação dos alimentos, a indústria
de 4,5 para que sejam conservadas de
tira proveito da ação do pH sobre os mi-
maneira adequada sem necessidade
crorganismos, pois o baixo pH diminui a
do uso de altas temperaturas e que as-
microbiota alterante. Assim, as polpas
sim não coloquem em risco sua quali-
de frutas devem apresentar pH abaixo
dade e segurança dos consumidores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Todas as marcas estudadas apresentaram valores de pH dentro do padrão
necessidade de se estabelecer padrões físico-químicos para a polpa de morango.
estabelecidos pela legislação vigente. Há
EVALUATIONS OF THE pH OF THE COMMERCIALIZED FRUIT PULPS IN THE CITY OF JOÃO PESSOA, PARAÍBA STATE
ABSTRACT The objective of this work was to evaluate the pH of frozen fruit pulp of diferent lavors and brands, marketed in the city of João Pessoa (Paraiba state, Brazil). The experiment was conducted in a Completely Randomized Design (CRD), arranged by a 6 x 3 factorial scheme, in another words, using 6 tiers of the factor pulp lavor and 3 tiers of the brand factor (X, Y and Z) with 3 repetitions. There were variations in the pH values between brands and the lavors in the analyzed fruit pulps (P<0,05), however these showed pH compatible with the law established by the IN nº 1 of January 7th of 2000 of MAPA, which indicates identity patterns and quality about the fruit pulps. It was also found the necessity that it must be established, by the legislation, patterns of pH for the strawberry pulps. KEYWORDS: Frozen. Fruit Pulp. pH.
162 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
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163 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA
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164 PROJETOS DE MONITORIA 2017 | FACULDADES NOVA ESPERANÇA