C&S nº 39

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39 ISSN 1983-1390

00039

revista comércio & serviços publicação da federação do comércio de bens, serviços e turismo do estado de são paulo

9

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139001

ANO 24 • Nº 39 • julho/agosto • 2015

SORRISO QUE FATUR A Conheç a os planos ambic iosos d a rede de f ranquia s O r toplan

SÓCIOS NO SUCE SSO O segredo para a so c ied ade nos negó c ios d ar cer to

SUSTE N TA BIL IDA DE PA R A PEQU E NOS D ic a s prát ic a s para tor nar

O paraíso dos empreendedores No ano passado, quase 18 milhões de fiéis e romeiros movimentaram em torno de R$ 15 bilhões. Trata-se de um ótimo mercado para as micros e pequenas empresas

o negó c io mais su s tentável

E ATALY vs MERCADÃO O novo shopping d a c ulinár ia e o t radic ional merc ado




C ARTA AO L EI TOR

Na crise, cresce o mercado da fé Indicadores de emprego e renda mais

Entretanto, mesmo no atual cenário

recentes apontam para quedas recordes

pessimista, há setores que estão cres-

no rendimento médio e na geração de

cendo e oferecem oportunidades,

empregos. O desemprego está aumen-

principalmente para os micros e pe-

tando e reverte rapidamente a curva

quenos negócios. É o caso do mercado

positiva de anos passados. Com menos

vinculado às religiões, abordado nesta

empregos, renda menor e inflação em

edição da revista C&S, que movimen-

alta, a tendência é que a confiança de

ta a economia com a construção e

consumidores e empresários mantenha

decoração de templos e igrejas; a ins-

o ritmo de queda. É provável, ainda, que

talação de sistemas de segurança; as

a inadimplência se eleve e os bancos tor-

vendas de CDs, DVDs com shows de

nem os financiamentos cada vez mais

padres e de músicos gospel; e a comer-

seletivos e caros. O cenário também não

cialização de bíblias, livros, santinhos

é bom para a indústria, que continua a

e artigos do gênero.

amargar péssimos resultados. O turismo religioso também é destaque A FecomercioSP vinha alertando em-

nesse segmento. No ano passado, qua-

presários, consumidores e Poder Públi-

se 18 milhões de fiéis e romeiros parti-

co há quase dois anos sobre os riscos de

ciparam de novenas, procissões, datas

uma política macroeconômica em de-

comemorativas e marchas em torno de

sequilíbrio, que privilegiou o consumo

algum santo ou causa, movimentando

e alguns setores com desonerações de

aproximadamente R$ 15 bilhões.

impostos, em vez de realizar reformas estruturais e estruturantes. Essas re-

A cidade de Aparecida, no Vale do Pa-

formulações necessárias seriam o ca-

raíba, vive em torno da religião e da

minho para o aumento da eficiência

fé, já que lá está o Santuário Nacional

por meio de mais produtividade e, por

de Aparecida, maior santuário maria-

consequência, maior competitivida-

no do mundo. Além das lojas alocadas

de. No seio dessas mudanças, estaria

dentro da basílica, há comércio por

a semente para a flexibilização das

todo o seu entorno. São hotéis, res-

relações entre trabalho e capital. Elas

taurantes, lojas e feira de ambulantes,

certamente seriam tam-

todos dispostos a atender os turistas

bém o embrião de mais e

que não param de chegar. A economia

melhores empregos, que

movida pela religião faz girar, por ano,

viriam ao longo do

ao redor de R$ 1,4 bilhão na cidade,

tempo como fruto

montante 14 vezes superior ao próprio

das correções.

Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo Presidente Abram Szajman Diretor-executivo Antonio Carlos Borges

Conselho Editorial Ives Gandra Martins, José Goldemberg, Renato Opice Blum, José Pastore, Jorge Duarte, Pedro Guasti e Antonio Carlos Borges Editora Editor-chefe e jornalista responsável André Rocha MTB 45653/SP Editor Carlos Ossamu Repórteres Filipe Lopes, Rachel Cardoso e Raíza Dias Estagiária Priscila Oliveira Editores de arte Clara Voegeli e Demian Russo Chefe de arte Carolina Lusser Designers Renata Lauletta e Laís Brevilheri Assistentes de arte Paula Seco, Vitória Bernardes e Raísa Almeida Estagiário Yuri Miyoshi Revisão Flávia Marques, Luisa Soler e Paulo Teixeira Fotos Ciéte Silvério e Rubens Chiri Colaboram nesta edição André Zara, Barbara Oliveira, Lúcia Camargo, Sara Carvalho e Vitor França Redação Rua Itapeva, 26, 11º andar Bela Vista – CEP 01332–000 – São Paulo/SP Tel.: (11) 3170 1571 Fale com a gente cs@fecomercio.com.br Impressão Plural Indústria Gráfica

orçamento municipal.

Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio de Bens,

Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), entidade que administra o Sesc e o Senac no Estado

Aqui tem a força do comércio


ÍNDICE

22

Mercado religioso

Romarias, feiras, vendas de CDs, DVDs, livros e até shows de padres movimentam mercado bilionário

NEGÓCIO EM EXPANSÃO

a estratégia agressiva de 8 Conheça crescimento da Ortoplan, rede de

42 SUSTENTABILIDADE O que os pequenos negócios podem fazer para serem mais sustentáveis e, com isso, aumentar o lucro

franquias de clínicas odontológicas

SOCIEDADE EM RISCO

as dicas de especialistas para que 14 Veja sociedades com membros da mesma

LADO POSITIVO

vez de reclamar da crise econômica, 46 Em empreendedores podem descobrir oportunidades de negócio

família tenham sucesso

FIDELIDADE EM ALTA

Clube do bolinha

como as grandes empresas, 48 Assim as micros e pequenas também podem ter programas de fidelidade

20 Barbearia recria ambiente dos antigos salões, com quadros, mobílias, poltronas, piso e enfeites de época

UM DIA NO...

54 Comparativo entre o Eataly, novo shopping

da culinária italiana, com o tradicional Mercado Municipal de São Paulo

PEQUENAS EMPRESAS

30 Pelas reduções do Estado, dos impostos

e da burocracia, pequenos empresários do Brasil, uni-vos!

FESTIVAL DE SOPAS

pedida para as noites frias 60 Boa de inverno é o bufê de sopas do

tradicional restaurante Via Castelli

CIDADE DA FÉ

32 A economia de Aparecida, no Vale do Paraíba, gira em torno da religião, recebendo 12 milhões de visitantes por ano

AGENDA

62 CULTURAL

PROBLEMAS ONLINE

da ABComm mostra 38 Pesquisa insatisfação das lojas virtuais com suas plataformas de e-commerce

66

Livros

64 Roteiro SP

Dicas de leitura para os empreendedores ficarem bem informados e atualizados


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Preços e condições obtidos pela negociação coletiva da Qualicorp com as operadoras de saúde parceiras. 2R$ 140,97 – UP Bronze Enfermaria Uniplan Adesão (registro na ANS nº 467.996/12-2), da Unimed Paulistana, faixa etária até 18 anos e acomodação coletiva (tabela de janeiro/2015 - SP).

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EN T R E V ISTA Por ANDRÉ ZARA fotos RUBENS CHIRI

Com a faca nos dentes F

ilho de libaneses e comerciantes

ram as franquias, lançadas em 2009.

do varejo de roupas, Faisal Ismail tem

Com uma visão firme para o negócio,

o comércio no sangue. No entanto, de-

Ismail não vende para investidores

cidiu contrariar a tradição da família e

que não sejam ou estejam associados

seguiu a carreira de dentista. Mesmo

a dentistas. Segundo ele, isso garante

assim, os ensinamentos aprendidos

a qualidade do serviço. No entanto, o

nos anos trabalhando na loja dos pais,

profissional clínico não administra a

em Foz do Iguaçu (PR), serviram para

franquia, sendo necessária a figura de

criar a rede de franquias de especiali-

um gestor profissional, o que garante

dades odontológicas Ortoplan. A ideia

melhor controle da empresa.

para a primeira clínica surgiu quando foi participar de um congresso no Ca-

Com o modelo, a Ortoplan fechou 2014

nadá, onde percebeu um modelo de

com 41 franquias e faturamento de R$ 12

negócios diferente. Com o projeto na

milhões. Contudo, os planos para o futu-

cabeça, conheceu o sócio, o também

ro são agressivos. Neste ano, espera-se

dentista Alessandro Schwertner, dan-

chegar a cem unidades e, em 2016, a 200

do início à Ortoplan, em 1998.

franquias (inclusive com a compra de redes concorrentes). A expansão inter-

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Com o sucesso, em 2005, os sócios

nacional também está nos planos, re-

começaram a licenciar a marca para

forçando as seis unidades já abertas no

amigos. Os testes deram certo e o ca-

Paraguai e a primeira franquia no Chile,

minho para expandir ainda mais fo-

em 2015. Confira a entrevista a seguir.


Com uma estratégia agressiva, a Ortoplan, rede de franquias de clínicas odontológicas, quer chegar a cem unidades neste ano e dobrar o número em 2016

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EN T R E V ISTA

Faisal Ismail ,

presidente da Ortoplan

Como procurou se capacitar para gerir o novo modelo de negócios? Precisei me capacitar nas áreas de gesoutros franqueadores e empresas para

Buscamos alternativas e criamos um modelo de clínica integrada, com todas as especialidades da odontologia, para facilitar a vida do cliente

tão e finanças. Por causa disso, conheci entender como funcionava uma franquia, sendo de saúde ou não. O meu entendimento foi que nós não vendemos produtos, mas a percepção humana do atendimento. Por isso, pensamos em um modelo não para investidores, mas somente para especialistas em odontologia. Esse é nosso diferencial: somos os únicos a negociar apenas com dentistas. Se o investidor quiser uma unidade, tem que se associar ao especialista clínico

Como nasceu a Ortoplan?

comum, conheci meu sócio Alessandro

para ter controle de qualidade. Também

Eu sou descendente de libaneses e mi-

Schwertner e, em 1º de abril de 1998, em

não vendemos para recém-formados. O

nha família tem comércio de roupas em

Foz do Iguaçu, começamos a Ortoplan.

modelo de negócios não está voltado a quem tem pouca experiência clínica. Mas

Foz do Iguaçu. No entanto, eu decidi

Por que decidiram partir para franquias?

isso não o impede de se associar a outro

Completei a graduação em 1994 e, em 1995, em um congresso no Canadá, des-

Quando abrimos a primeira clínica, em

zer mais conhecimento. Isso serve para

cobri um modelo de negócios diferente,

1998, focamos na colocação de aparelhos

preservar o investidor e a franquia. Não

em que as clínicas tinham atendimento

dentários. Mas acompanhando o merca-

queremos só vender unidades por vender.

multidiciplinar, com uma sala grande

do, vimos uma mudança no setor. O vo-

onde operavam dois ou três consultó-

lume de especialistas ortodônticos, que

rios ao mesmo tempo. No Brasil, esse

trabalham com os aparelhos, começou

sistema já era usado, mas apenas na

a crescer muito. Isso trouxe dificulda-

Os dentistas estão preparados para serem empreendedores?

forma acadêmica. Outro grande dife-

des e houve diminuição de pacientes.

É um fato, reconhecido pela classe, que

rencial era utilizar o que hoje se chama

Por isso, buscamos alternativas e cria-

os dentistas têm pouco conhecimento

técnico em saúde bucal [TSB], que é o

mos um modelo de clínica integrada,

de empreendedorismo. As faculdades

profissional similar ao enfermeiro do

com todas as especialidades da odon-

dispõem de um modelo ultrapassado,

médico. Ele tem formação e aptidões

tologia, para facilitar a vida do cliente.

focado exclusivamente na formação

muito acima de um simples auxiliar,

A mudança exigiu adaptações e acaba-

clínica, e pecam em não preparar o alu-

o que permite otimizar o tempo de

mos até desenvolvendo um software de

no para o mercado. O dentista tem uma

atendimento. Com o dentista auxilia-

gestão para nos ajudar. Com a alteração,

diferença grande em relação ao médico,

do pelo TSB, é possível atender o dobro

em 2005, começamos a testar um mo-

que possui proteção de empresas como

de clientes sem perder qualidade. Eu

delo de licenciamento de marca. Fizemos

hospitais e laboratórios. Os dentistas

fiquei com a ideia na cabeça, mas pre-

um teste com amigos e atingimos seis

não, assim como psicólogos e fisiote-

cisava de um parceiro clínico e finan-

clínicas. Com o sucesso, em 2007, procu-

rapeutas. Esses profissionais têm difi-

ceiro para viabilizar o negócio, por ser

ramos uma empresa especializada para

culdade em alavancar o negócio, pois

novo na profissão e não ter o capital

formatar a franquia. Em 2009, lançamos

não foram treinados para entender de

financeiro. Por meio de um amigo em

o modelo no mercado.

gestão e lidar com pessoas, custos e

ser dentista e a "ovelha negra" [risos].

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dentista mais experiente, o que vai tra-


inadimplência. Poucos são os dentistas

para cidades acima de 100 mil habitan-

temos competitividade de precificação.

que buscam esse conhecimento.

tes. Há um ano e meio, começamos a

Oferecemos preço justo para ter quali-

desenhar um novo modelo para cida-

dade. A faixa etária está concentrada

Quais são os formatos estabelecidos para as unidades da Ortoplan?

des menores por causa da demanda

entre seis e 45 anos, com um padrão de

de regiões com até 80 mil habitantes.

atendimento familiar também aos sába-

Esses locais requerem menos investi-

dos. Por isso, as clínicas oferecem sem-

A rede oferece dois modelos de negócios.

mentos, pelo menor fluxo e pela me-

pre internet, café e espaço para crianças.

As clínicas no formato padrão Plus, mais

nor estrutura.

Como muitas vezes atendemos a família

amplas e com no mínimo três consultórios, e o modelo de microfranquias

toda (chamamos isso de “tratamento

Quem é o cliente-alvo das franquias?

familiar conjugado”), o mesmo dentis-

Smart, que pode ser aberto com um ou dois consultórios. Nós começamos em

Focamos no público das classes B e C.

mo grupo. Em termos de tratamentos,

2009 só com modelo Plus, que é padrão

Não miramos a linha popular, pois não

os mais buscados são na parte estética,

ta pode ficar horas tratando um mes-

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EN T R E V ISTA

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Faisal Ismail ,

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presidente da Ortoplan


agressiva: chegar a 200 franquias. Esse

tas brasileiros estão entre os três me-

A Ortoplan já tem seis unidades no Paraguai e planeja expandir para outros países. Como estão se preparando para o crescimento internacional?

lhores do mundo, muitos estrangeiros

Temos unidades no Paraguai pela pro-

com cautela, pois em algumas regiões,

de países como Canadá, EUA, Portugal

ximidade geográfica com nossa unida-

como o Nordeste, as questões logísti-

e Espanha nos procuram. Esses clientes

de master em Foz do Iguaçu e por eu

cas são complicadas. Isso não quer dizer

buscam duas coisas: a qualidade e o pre-

ser professor de cursos no país há 15

que não podemos ter franquias, já que

ço. No Canadá, por exemplo, um trata-

anos. Temos grande expertise lá, mas

estamos abrindo em Salvador [BA] e já

mento de canal custa, em média, US$ 2

não foi fácil, pois é uma cultura dife-

temos unidade de sucesso em São Luís.

mil. No Brasil, sai por US$ 200. Ou seja,

rente. Tivemos vários problemas no co-

Mas, para dar um atendimento corre-

com o mesmo nível de atendimento, ele

meço até alinhar a operação. Abrimos

to ao franqueado, precisamos primeiro

vem se divertir e paga menos.

uma primeira clínica, em 2013, da qual

viabilizar o modelo Plus, principalmente

somos sócios em 20%, para entender

em capitais, para dar suporte ao sistema

Como é a relação com a concorrência?

a operação e desenvolver estratégias

Smart no interior.

Em 2009, analisamos o mercado e já

e meio, analisamos a operação de ex-

existiam outras franqueadoras no

pansão. Hoje, temos uma unidade que

nosso segmento. Sabemos que há um

atende os franqueados e desenvolve-

O momento econômico brasileiro pode atrapalhar esse planejamento?

preconceito por estarmos no interior

mos com uma agência local de pu-

É fato que alguns setores da economia

e precisamos romper barreiras para

blicidade a divulgação de forma in-

têm problemas e outros, não. A crise

competir nacionalmente. A estraté-

dependente. A operação no Paraguai

não é para todo mundo e ela sempre

gia foi buscar regiões fora do interior

responde por 11% do nosso faturamen-

apresenta oportunidades. Somos oti-

e do Paraná para nos dar mais visibili-

to e a meta é chegar a 20%. Nós esta-

mistas e investimos no País, que já vi-

dade. Por isso, procuramos parceiros

mos também negociando a abertura da

veu e viverá novamente esses momen-

em Porto Alegre [RS], São Luís [MA],

primeira unidade no Chile, o que deve

tos difíceis. A estratégia atual é focar

Rio de Janeiro e Brasília. Hoje, existem

ocorrer até dezembro. O país foi esco-

mais no público B para obter fatura-

mais de 40 franqueadoras no nosso

lhido pela sua estabilidade, por estar

mento melhor. É uma forma de traba-

setor no País, mas sabemos que pou-

no Mercosul e por ter características

lhar a carteira de clientes e buscar no-

cos conseguem manter qualidade pelo

parecidas com o Brasil.

vos consumidores. Toda estratégia deve

ortodontia e implante dental. Uma coisa que tem crescido, e temos apostado, é a prevenção para crianças a partir dos três anos. Falando especificamente da clínica de Foz de Iguaçu, ainda trabalhamos com turismo de saúde. Como os dentis-

movimento está diretamente relacionado à concorrência e à possibilidade de comprar redes competidoras, o que vemos acontecer em breve. Já estamos em nove Estados e negociando para abrir unidades em outros, mas

diferentes do Brasil. Durante um ano

ser medida e modificada, se necessário.

perfil e pela estrutura do negócio. Elas

Nós fazemos isso a cada 15 dias e é bem

das em outros públicos. Nós nascemos

Quais são os planos para o futuro da franquia?

voltados às classes B e C. A diferencia-

Terminamos 2014 com 41 franquias

mento, no Brasil, em que precisamos

ção é agregar valor ao atendimento e

abertas, com faturamento acima dos

olhar para dentro do negócio para se

ao tratamento clínico. Nas nossas uni-

R$ 12 milhões e crescimento de 36% na

fortalecer. O importante é não deixar a

dades, também é obrigatório ter um

rede. Outro fato importante foi que os

empresa recuar. Quem deixa isso acon-

administrador, pois o dentista não faz

franqueados iniciaram a replicação da

tecer não enxerga que existe um mo-

gestão. Nossa visão é que o dentista é

segunda unidade, o que mostra confian-

mento de atenção, não de preocupação.

o especialista clínico e o gerente dirige

ça. Para este ano, queremos ter cem uni-

É preciso, sim, fazer as renegociações

a operação. Não há tempo para gerir

dades e faturamento de R$ 20 milhões.

com fornecedores, mas cortar custos

e clinicar.

Para o ano que vem, temos uma meta

têm DNA diferente, geralmente foca-

complexo, mas imprescindível no mo-

é a última opção. &

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GE STÃO POR Filipe Lopes

Desafio tamanho-família 14

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Firmar uma sociedade para abrir empresa não é tarefa fácil, ainda mais quando membros da mesma família estão envolvidos. Veja as dicas de especialistas e empreendedores para uma sociedade de sucesso

N

o Brasil, 98% do total das

o mesmo IBGE atesta que a cada cem

empresas é familiar, segundo dados

empresas familiares ativas, apenas 30

do Instituto Brasileiro de Geografia e

chegam à segunda geração, e 15, à ter-

Estatística (IBGE). Apesar dessa quase

ceira. Entre os principais fatores que

unanimidade, quando se pensa em

contribuem para a descontinuidade

empresa familiar, logo vem à cabeça

das instituições familiares estão a di-

problemas de relacionamento entre

ficuldade de lidar com questões emo-

os sócios, dificuldades na tomada de

cionais nas tomadas de decisão, de-

decisões e resistência às mudanças

savenças entre os sócios sobre quem

– como investir em inovação e tecno-

comanda a empresa, discordância en-

logia. Talvez essa impressão não seja

tre expandir os negócios ou continuar

apenas um tabu do segmento, já que

na mesma toada, entre outros.

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Para lidar com os problemas do dia a dia, a sociedade familiar deve ser bem “amarrada” desde o início, deixando claras as responsabilidades de cada um, além das metas almejadas pela empresa. “Deve-se estabelecer regras de comportamento comuns entre os sócios. Mesmo que um deles tenha entrado como sócio-investidor e o outro, como mão de obra, deve estar claro que tanto o ativo tangível (dinheiro)

Desa f io t a m a n ho-fa m í l i a

As diferenças de personalidade existem, mas as sócias devem superar isso para o bem da empresa Danyelle Van Straten

sócia da Depyl

GE STÃO

e o intangível (trabalho) têm o mesmo peso e nenhum sobrevive sozinho. Portanto, devem ter o mesmo poder de Foto: Divulgação

decisão dentro da companhia”, afirma o responsável pela divisão de finanças corporativas, M&A e governança corporativa da consultoria Crowe Horwath, Francisco D’Orto Neto.

Boas práticas Uma boa alternativa para organi-

cular riscos, profissionalizar proces-

ser feita por outro parente que não

zar a empresa familiar é determinar

sos internos, atrair investidores e au-

aquele responsável pela tarefa no dia

práticas básicas de governança cor-

mentar confiança de clientes, além de

a dia. O importante é garantir o fluxo

porativa. De maneira diferente do

deixar clara a divisão entre proprieda-

de informação e assegurar que todos

que muitas pessoas pensam, as fer-

des pessoal e profissional (problema

os envolvidos estejam devidamente

ramentas de governança não servem

comum nas MPEs familiares), sendo

alinhados às metas.

apenas para grandes companhias,

que, em algumas empresas, todos os

sendo indispensáveis para micros e

bens pessoais (carros, imóveis etc.)

Segundo o gerente de capacitação do

pequenas empresas (MPEs) que quei-

são associados à empresa.

Instituto Brasileiro de Governança

ram organizar processos internos e

Corporativa (IBGC), Rodrigo Trentin,

melhorar a transparência e o contato

Para organizar uma governança cor-

nas empresas familiares é recomendá-

com acionistas e investidores, além

porativa, é preciso levar em conta

vel criar um conselho administrativo e

de definir regras que todos os fun-

quatro princípios: transparência, equi-

um conselho de família para manter a

cionários deverão seguir, incluindo

dade (justiça), prestação de contas e

cultura familiar alinhada às metas da

os donos. “Tanto empresas de grande

responsabilidade corporativa. Na es-

empresa, para que os interesses dos

porte como pequenas podem utilizar

sência, são conceitos que independem

acionários ou investidores não sobres-

a governança para instaurar contro-

do porte do negócio e podem ser ado-

saiam aos interesses familiares. “Tem

le de gestão. Muitas vezes, é comum

tados mesmo em um estabelecimen-

de deixar clara a intenção de cada um

que questões familiares influenciem

to regido por dois ou mais familiares.

e escolher cada função. Deixar claro,

na tomada de decisões internas nas

Outros conceitos, como conselhos,

também, o peso de cada um dentro do

corporações. Isso atrapalha o desen-

auditorias ou comitês, podem parecer

negócio. A divisão de comando pode

volvimento da companhia e também

estranhos às MPEs, mas a dica é não

gerar discussão entre os familiares. É

pode enfraquecer as relações fami-

se ater ao formalismo. Para essas em-

difícil abrir mão de poder de decisão”,

liares”, afirma D’Orto. Ainda segundo

presas, um comitê pode ser formado

afirma Trentin. Apesar do desafio de

ele, a governança pode ajudar a cal-

por pai e filho e uma auditoria pode

alinhar todos os agentes da governan-

16

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Principais diferenças entre os líderes que fazem parte da família e o restante

Assegurar o futuro da empresa a longo prazo

-1%

Melhorar a lucratividade

2%

-4%

Crescer o mais rápido possível

7%

-4%

9%

Atrair competências de alta qualidade

2%

-5% Assegurar recompensa justa a empregados

5%

-9% Conduzir o negócio de forma mais profissional

0%

Ser mais inovador

-2%

2% 2%

Gostar do trabalho e se manter interessado

7%

-15% Diversificar em novos produtos, setores ou canais

-6%

Buscar diferentes mercados de exportação

10%

-6%

12% -3%

Buscar novos mercados no país de origem

7%

Contribuir para comunidade/legado positivo

5%

-8% Assegurar que o negócio fique na família

6%

-10% Criar emprego para outros membros da família -3%

2%

é membro da família não é membro da família Fonte: Pesquisa "Empresa Familiar – O desafio da governança" (2014). PW

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GE STÃO

Desa f io t a m a n ho-fa m í l i a

ça corporativa, os resultados positivos

Afinal, qual é o segredo do bom rela-

93 lojas (sendo 4 unidades próprias), em

valem o esforço. Segundo o IBGC, as

cionamento entre sócios? De acordo

24 Estados brasileiros. “Temos persona-

práticas podem trazer um rendimen-

com as sócias (mãe e filha) da rede de

lidades complementares. Minha mãe é

to maior à empresa; melhorar a con-

franquias especializada em depilação

uma empreendedora nata e encontra

fiança de acionistas e investidores; mi-

Depyl Action, a “receita certa” é defini-

os melhores caminhos para desbravar-

nimizar o conflito de interesses entre

da por três palavras: respeito, confiança

mos, e eu executo ‘passando o trator’.

sócios e proprietários; e preparar her-

e tolerância. “As diferenças de persona-

Sempre respeitamos nossas diferenças

deiros ou outros sucessores para tocar

lidade existem, mas as sócias devem

e nunca tentamos mudar nenhuma de

a empresa futuramente.

separar isso para o bem da empresa.

nós”, afirma Danyelle.

Entrosamento no sangue

É importante fazer uma simbiose entre trabalho e vida social. A diferença

Uma vantagem competitiva que as

Apesar do grande desafio que é man-

não é evitar levar trabalho para casa,

empresas familiares bem-estrutura-

ter uma empresa familiar, não são

mas não discutir no momento errado”,

das têm é a forte identidade da mar-

poucos os casos de sucesso de em-

afirma Danyelle Van Straten. A empre-

ca construída ao longo do tempo,

preendimentos tocados por paren-

sa foi criada por Glaci Van Straten há

que faça com que os clientes saibam

tes que nasceram, cresceram e se

30 anos, quando inventou uma cera

exatamente o que esperar dos ser-

tornaram referência pelo empenho

especial para depilação e começou a

viços/produtos ofertados. Esse é o

dos sócios-familiares, com marcas só-

atender clientes. Danyelle iniciou o tra-

principal ativo deste tipo de compa-

lidas e reconhecidas mundialmente.

balho com a mãe aos 14 anos e, juntas,

nhia e deve ser preservado ao longo

São os casos de Grupo Fiat, Benetton

planejaram a expansão do negócio no

das gerações que comandarão o ne-

e Salvatore Ferragamo, na Itália; de

formato franquia e, hoje, contam com

gócio. Pensando nisso, Danyelle já se

L’Oreal, Grupo Carrefour e Michelin, França; de Ford Motors Co. e Walmart, nos Estados Unidos; de BMW e Siemens, na Alemanha; de Samsung, Hyundai Motor e Grupo LG, na Coreia do Sul; entre outras. No Brasil, também existem exemplos de grandes empresas familiares que alcançaram o sucesso, como Votorantim, Casas Bahia e Magazine Luiza.

Francisco D’Orto Neto

responsável pela divisão de finanças corporativas, M&A e governança corporativa da consultoria Crowe Horwath

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Foto: Divulgação

Pequenas empresas também devem estabelecer práticas básicas de governança corporativa


prepara para assumir inteiramente os negócios da Depyl, uma vez que sua mãe planeja se aposentar em cinco anos. “Já estamos preparando essa transição e capacitando os herdeiros para, futuramente, tocar a empresa também”, afirma. Para este ano, a empresa espera manter o aumento de 27% no faturamento regiscem lojas até dezembro.

Preto no branco Um erro comum das empresas familiares, que pode ser muito prejudicial a todos os sócios, é achar que, por serem parentes, não há necessidade de documentar todas as atribuições, ações e repartições societárias. Isso aconteceu no restaurante que Vaneide Sacchetin abriu com a irmã. No início das operações, a irmã propôs uma sociedade na

É comum que os sócios de pequenas empresas não tenham muita distinção entre contas das pessoas jurídica e física, mas essa união pode trazer prejuízos e uma confusão patrimonial, e isso pode ser visto como fraude Juliana Motta

assessora jurídica da FecomercioSP

trado em 2014 e alcançar a marca de

qual ela entrava com o dinheiro (sócio-investidor) e Vaneide, com a mão de obra (trabalho). “O combinado era que

assegurado em contrato. “Saí com

tância de deixar claro quem serão os

eu cuidasse da administração do res-

uma mão na frente e outra atrás”,

administradores de fato da compa-

taurante, dos funcionários e de toda a

afirma. Como confiou na palavra da

nhia. “Normalmente, a porcentagem

parte operacional do negócio, pois ti-

irmã, Vaneide não sabia que, pelo

menor de participação é daqueles

nha experiência. Mas, na prática, não

contrato, ela tinha apenas 10% da

que entram com o capital intelectu-

foi o que aconteceu”, afirma. Segundo

empresa e não poderia vender sua

al, e o sócio majoritário, que entrou

Vaneide, a relação familiar começou

parte para ninguém. A situação en-

com o dinheiro, tem mais influência

a se sobrepor à profissional e causar

tre as irmãs ficou insustentável e as

nas decisões. Mas tudo isso deve ser

danos à empresa. “Ela tomava as de-

conversas passaram a ser interme-

definido entre os sócios no momen-

cisões e os funcionários a enxergavam

diadas por advogados.

to de constituir o contrato social”, aponta. Ainda segundo Juliana, ou-

como chefe de fato, e eu era apenas mais uma empregada. Acredito que,

De acordo com a assessora jurídica

tro ponto importante que muitas

na cabeça dela, agindo assim estaria

da FecomercioSP, Juliana Motta, to-

MPEs devem se atentar é a divisão

me ajudando (como irmã) a não me

das as regras estabelecidas (como

entre capitais empresarial e pessoal.

sobrecarregar, mas como profissional,

cláusulas, condições e divisão so-

“É comum que os sócios de pequenas

estava me atrapalhando”, aponta.

cietária) devem estar presentes no

empresas não tenham muita distin-

contrato social da empresa, assim

ção entre contas das pessoas jurídica

A sociedade não deu certo e Vaneide

que ela nasce. “Isso serve para qual-

e física, mas essa união pode trazer

solicitou o rompimento, porém, no

quer companhia, não apenas familiar.

prejuízos e uma confusão patrimo-

momento da separação, percebeu

Tudo deve ser documentado e aceito

nial, como dizemos na linguagem

que tudo aquilo que imaginava que

pelas partes”, afirma. Sobre a divisão

jurídica, e isso pode ser visto como

teria direito como sócia não estava

societária, Juliana salienta a impor-

fraude”, afirma. &

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N EG ÓCIOS POR POR RAÍZA DIAS

Espaço de cavalheiros Barbearia resgata a tradição dos antigos salões e oferece experiências que vão além dos simples cortes de cabelo e de barba

20

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B

arba, cabelo, bigode e cerveja.

A oportunidade é ofertar esses servi-

O que poderia ser apenas um espaço

ços para públicos específicos, como

para os homens capricharem no visual

o masculino. O homem, hoje em dia,

se tornou uma oportunidade de ne-

está se permitindo ter experiências,

gócio para empreendedores criativos,

além de ser mais vaidoso", explica.

que viram no resgate do antigo um espaço para o novo.

A rede paulistana Barbearia 9 de Julho seguiu bem o conceito de proporcio-

A proliferação de barbearias como am-

nar ao público masculino a experiên-

bientes não só de beleza, mas também

cia de ter um espaço só seu, como um

de lazer e descontração, tem acompa-

"Clube do Bolinha". O estabelecimento,

nhado a demanda crescente do públi-

que nasceu em 2007, trouxe dos anos

co masculino por serviços segmenta-

1950 a inspiração para abrir o negócio,

dos, como explica a sócia-fundadora

como conta o sócio-fundador, Tiago

da consultoria ba}STOCKLER [escrito

Cecco Gonçalves. "Uni o conceito de

assim mesmo, com o símbolo de chave],

barbearia com coisas que eu curto,

Angelina Stockler. "É tendência agregar

como música antiga, carros e todo um

serviços à experiência do consumidor.

estilo de vida."


Foto: Rubens Chiri

em breve, pretende lançar uma bebida especial feita sob medida. "O barman Fernando Lisboa está desenvolvendo um drinque exclusivo para nós. Ele resgatou bem esse espírito dos anos 1940 e 1950 e o que as pessoas bebiam na época. O cliente poderá degustar e relaxar", conta. A barbearia trabalha, também, na criação de uma pomada especial para barbas, produto que tem demonstrado uma procura expressiva pelos clientes e que deve chegar em breve ao mercado. Para a consultora Angelina, é preciso saber o limite na oferta de produtos e serviços nesse tipo de negócio. "O empresário não pode perder o foco. O primeiro passo para isso é entender qual é o público e o que ele acha relevante. É preciso desenhar bem o conceito do negócio para perceber o que é possível Tiago Cecco Gonçalves: uni o conceito de barbearia com coisas que gosto, como música antiga, carros e estilo de vida

vender e qual será o diferencial oferecido", alerta. Na visão de Tiago Gonçalves, a proliferação desse modelo de negócio tende

A identidade tradicional está da ca-

Bebida e cabelo

beça aos pés. Entrar em uma das seis

O diferencial da Barbearia 9 de julho

que tem muito lugar que precisa de

unidades da 9 de Julho é como via-

não está só na decoração e no resga-

barbearia nesse estilo, pois a clientela

jar no tempo. A maioria dos itens de

te do espaço para "cavalheiros". Uma

gosta, mas não há quem atenda a essa

decoração é antiga, como quadros,

das provas disso é a cerveja artesanal,

demanda. Minha visão de empreen-

mobília, poltronas, piso e enfeites.

que leva o nome da rede, criada espe-

dedor é que surjam mais barbearias

Hora marcada não existe, nem uso

cialmente para ser degustada pelos

em bairros legais", estima. Seguindo

de tintas ou produtos químicos. As

clientes que esperam o atendimento.

sua própria expectativa, a Barbearia

técnicas, no entanto, são bem atuais.

A ideia de servir bebida para a clientela

9 de Julho, que possui 30 funcionários

"Sabemos fazer qualquer tipo de

nasceu com a barbearia. No entanto, o

e mais um sócio, Anderson Napoles,

corte, desde o clássico ao mais mo-

empresário precisou encontrar o equi-

prepara-se para abrir mais três unida-

derno. Ao longo dos anos, os salões

líbrio para não transformar o espaço

des em São Paulo até o ano que vem.

divulgaram uma imagem errada das

em um bar. "Estamos conseguindo

Além disso, a rede estuda criar fran-

barbearias, sugerindo que estavam

gerenciar bem o fato de ter bebida no

quias em outras capitais brasileiras.

paradas no tempo. Mas nós viaja-

ambiente. Os clientes entenderam rá-

“Se a pessoa faz com coração, ela está

mos muito, conhecemos barbearias

pido essa junção", cita. Além da cerveja

trabalhando em prol de manter uma

e salões mundo afora e estamos bem

artesanal, a rede possui exclusividade

cultura viva, não apenas um nicho do

antenados", afirma.

para oferecer uma marca de rum e,

a crescer para, então, estabilizar. "Acho

mercado”, finaliza Gonçalves. &

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C APA POR barbara oliveira

O bilionรกrio


mercado religioso Feiras, romarias, turismo, shows e comércio de livros, discos, imagens, móveis e acessórios são o paraíso dos empreendedores


C APA

O

O bi l ion á r io merc ado rel i g ioso

Brasil é um país profunda-

nas, procissões, datas comemorativas

cos neopentecostais, por sua vez, têm,

mente religioso, disso não há dúvidas. O

e marchas em torno de algum santo

desde o ano passado, um exuberante

catolicismo mobiliza 57% da população

ou causa. Deles, 7,7 milhões pernoita-

cartão-postal: o Templo de Salomão,

– aproximadamente 116 milhões de pes-

ram em alguma cidade, hospedaram-

da Igreja Universal do Reino de Deus,

soas –, enquanto as igrejas evangélicas,

-se em hotéis e pousadas, consumi-

cujas dimensões superam as de um

em todas as suas vertentes, arregimen-

ram em restaurantes e em lojas e se

campo de futebol e tem 100 mil metros

tam perto de 42 milhões de fiéis (25%),

locomoveram de ônibus ou em carros

quadrados de área construída. O em-

de acordo com pesquisas de 2013 feitas

particulares. Os demais 10 milhões são

preendimento recebe 10 mil pessoas

pelo Datafolha e que atualizam o cen-

catalogados pelo Ministério do Turis-

sentadas e custou R$ 680 milhões à

so do IBGE de 2010 (64% e 22%, respec-

mo como excursionistas porque fre-

Universal, sendo ricamente decorado

tivamente). Os espíritas, com 3%, estão

quentaram as festividades de acordo

com cadeiras importadas da Espanha

em terceiro lugar, seguidos por teste-

com sua crença, mas não pernoita-

e esteira rolante para os dízimos.

munhas de Jeová, umbandistas, budis-

ram. “É um setor que tende a crescer

tas, adeptos do candomblé, judeus e

muito no País”, avalia o diretor do de-

Evento importante para os cristãos é

muçulmanos. Esse público estimula a

partamento de estudos e pesquisas do

a Marcha para Jesus, promovida pela

realização de feiras e eventos no País e

Ministério do Turismo, José Francisco

igreja Renascer, em São Paulo, Rio de

movimenta a economia com a constru-

Salles Lopes. E toda essa gente conso-

Janeiro e outras capitais. Ela já integra

ção e a decoração de templos e igrejas;

me. A média de gastos de um turista

o calendário oficial do País desde 2009

instalação de sistemas de segurança;

doméstico é de R$ 1,2 mil por viagem,

e reúne milhares de evangélicos, cujo

vendas de CDs, DVDs; shows de padres

sendo um peregrino ou não.

destaque são os shows de cantores e

e de músicos gospel; e comercialização

bandas gospel.

de bíblias, livros, santinhos, artigos eso-

Os destinos mais procurados pelos

téricos e lingeries (e até eróticos).

católicos são o Santuário Nacional de

Exposições

Aparecida (São Paulo), com 10 a 12 mi-

Por ser um rico filão, esse mercado de

São as inúmeras festas e romarias as

lhões de visitantes ao longo do ano;

religiões atrai exposições focadas no

responsáveis por turbinar o turismo

Círio de Nazaré (Belém); Juazeiro do

tema. Uma das mais importantes é a

religioso – algo em torno de R$ 15 bi-

Norte (Ceará), para a romaria do Padre

ExpoCatólica, principal feira de negó-

lhões, segundo levantamento do ins-

Cícero; e Nova Trento (Santa Catarina),

cios do mundo católico e que terá sua

tituto Data Popular. No ano passado,

local do Santuário de Madre Paulina, a

11ª edição na primeira semana de ju-

aproximadamente 17,7 milhões de fiéis

primeira santa brasileira. São municí-

lho, em São Paulo. Trata-se de uma vi-

e romeiros fizeram esse tipo de turis-

pios cuja principal fonte de arrecada-

trine de produtos e serviços para igre-

mo doméstico participando de nove-

ção é o turismo religioso. Os evangéli-

jas e educadores: editoras de livros e

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edição 39 • julho | agosto • 2015


CDs, lojas de artigos religiosos, móveis

cultos exigem interação com o público

las em videowall) de áreas internas e

e equipamentos de áudio, de vídeo e

e muitos são transmitidos ao vivo.

externas do santuário. Isso reduziu o

de iluminação para as igrejas.

número de pessoas perdidas e de rouMarcas como Panasonic, Sony, Sam-

bos e furtos no centro de apoio aos ro-

O segmento católico é responsável por

sung, Harman Group e Genetec são

meiros, onde existe um shopping com

faturar R$ 8 bilhões, avalia a empresa

algumas das participantes da Tech

330 lojas e uma praça de alimentação.

promotora Promocat Marketing Inte-

Expo. Um dos cases apresentados foi

grado. A exposição teve 120 estandes e

o da nova plataforma de videomonito-

Um dos principais fornecedores des-

mais de 200 expositores, e desde 2013

ramento na Basílica de N.S. Aparecida,

ses santuários e participante frequen-

tornou-se bienal. “A ExpoCatólica gera

a fim de gerir 160 câmeras IP (seis te-

te das feiras é a DeLucas Móveis, cuja

negócios em torno de R$ 5 milhões nos quatro dias de realização e até R$ 20 milhões ao longo dos dois meses se-

No ano passado, aproximadamente 17,7 milhões de fiéis e romeiros fizeram algum tipo de turismo doméstico participando de novenas, procissões, datas comemorativas e marchas em torno de um santo ou causa religiosa. Desses, 7,7 milhões pernoitaram em alguma cidade, hospedaram-se em hotéis ou pousadas.

guintes”, informa a diretora da Promocat, Kiara Castro e Castro, organizadora do evento. Um censo do setor, feito no período de 2013/2014 pela empresa, concluiu a existência de 350 santuários e 11.312 paróquias no País. Os templos evangélicos somam mais 220 mil, segundo o Serviço de Evangelização para a América Latina. Empresas de tecnologia, de vídeo, de som e de iluminação também estão investindo no segmento e criaram, neste ano, uma feira exclusiva para atender à demanda de templos e paróquias. A Church Tech Expo, realizada em maio último em São Paulo, é a primeira do gênero na América Latina e teve 200 empresas participantes com 90 expositores. O CEO da VP Group Comunicação Integrada e promotora da Expo, Victor Hugo Piiroja, lembra que, diariamente, 12 igrejas e templos são abertos por dia. “É um ótimo nicho a ser explorado, os líderes religiosos estão cada vez mais preocupados com a qualidade tecnológica dos espaços dedicados procuram desde a instalação de sistemas de segurança até a montagem de altares e palcos com boa acústica e iluminação para padres, pastores e músicos brilharem, porque essas missas e

Foto:Marcelo Camargo

a cultos, missas e convenções.” Eles

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Números da indústria da fé 116 milhões de pessoas afirmam ser católicas 42 milhões de pessoas se dizem evangélicas 3,8 milhões de pessoas se declararam espíritas 150 milhões de livros espíritas foram vendidos no País R$ 15 bilhões é quanto movimenta o turismo religioso no Brasil 17,7 milhões de romeiros participam de eventos religiosos por ano 12 milhões de fiéis visitam por ano a cidade de Aparecida R$ 680 milhões foi o custo do Templo de Salomão da Igreja Universal 2 milhões de pessoas participaram, em junho, da Marcha para Jesus em São Paulo 11.312 paróquias católicas estão instaladas no Brasil R$ 8 bilhões é quanto movimenta o mercado de artigos católicos 12 igrejas e templos de todas as religiões são abertos por dia no País 150 gravadoras se dedicam ao mercado gospel R$ 500 milhões é quanto faturam as editoras de livros religiosos 5 milhões de unidades foi quanto vendeu o livro Ágape, do padre Marcelo Rossi


fábrica no município de Alfredo Mar-

dos em rádios, em canais de tevê e na

estilo, conta o diretor da Sony Mu-

condes (próximo a Presidente Pruden-

web, vendendo milhões de CDs, DVDs

sic, Mauricio Soares. A gravadora já

te), existe há 20 anos. Desde 2006 pas-

e downloads entre os cristãos. O mer-

contava em seu portfólio com dois

sou a se dedicar à produção de altares,

cado gospel cresce 14% ao ano e reú-

campeões de sucesso: Roberto Car-

bancos, pedestais e pias batismais ex-

ne mais de 150 gravadoras. Segundo

los e padre Marcelo Rossi (oito mi-

clusivos para as igrejas. Lucas Cavitioli,

a Associação Brasileira de Produto-

lhões de cópias vendidas de seus 15

um dos sócios da empresa, tem cons-

res de Disco (ABPD), esse tipo de mú-

álbuns), e, nos últimos quatro anos,

tatado crescimento médio de 20% ao

sica sempre está entre os 20 discos

a Sony passou também a obter mui-

ano, e 15% das suas vendas se referem

mais vendidos no Brasil. Tanto que as

to sucesso com os cantores evangé-

a clientes em regiões onde ele ainda

grandes gravadoras criaram selos es-

licos. O destaque do selo é a canto-

não atuava, principalmente no Nor-

pecíficos para ele.

ra Damares, que só perde para Rossi e para o rei Roberto em vendas. “Ela

deste. A DeLucas também foi uma das principais fornecedoras do santuário

A Sony Music Gospel, por exemplo,

é a líder nesse gênero musical, ven-

da Comunidade Canção Nova, de Ca-

tem essa divisão desde 2010 e foi a

deu 800 mil cópias dos dois últimos

choeira Paulista (SP), com capacidade

primeira entre as 60 filiais da com-

CDs”, diz Soares. Damares conquis-

para 5 mil fiéis, inaugurado em 2014.

panhia no mundo a investir nesse

tou, em apenas dois dias, a certifica-

Música e livros Para o fim de julho, está prevista a Expo Cristã 2015; em agosto próximo, o Salão Internacional Gospel, dedicado a uma vertente lucrativa e de maior crescimento na área do entretenimento. O gênero musical, que só tinha espaço dentro das igrejas anos atrás, hoje é um dos mais executa-

ceo da vp GROUP

Foto: Rubens Chiri

Victor Hugo Piiroja

É um ótimo nicho a ser explorado, os líderes religiosos estão cada vez mais preocupados com a qualidade tecnológica dos espaços dedicados a cultos, missas e convenções

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C APA

O bi l ion á r io merc ado rel i g ioso

Santo turismo da religião De acordo com o Relatório de Tendências 2015 da WTM Latin America, o turismo religioso é a modalidade que mais cresce no Brasil. No ano passado, segundo o estudo, 7,7 milhões de viagens domésticas estavam relacionadas à fé. Para se ter uma ideia do que isso representa, esse número equivale ao total de viagens domésticas realizadas no Uruguai em 2012. O Santuário de Nossa Senhora Aparecida recebe 12 milhões de visitantes por ano – quase o dobro do número de turistas que visitam a Torre Eiffel, em Paris, na França. A cidade de Juazeiro do Norte (CE) recebe mais de 2,5 milhões de fiéis por ano, mais do que o total de viagens domésticas do Paraguai. O turismo religioso no Brasil “subiu aos céus” após a eleição do Papa Francisco, em 2013. Carismático, o pontífice argentino consegue arrastar multidões por onde passa. Foi assim na Jornada Mundial da Juventude em

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2013, no Rio de Janeiro, que recebeu a visita de 3,7 milhões de fiéis de 175 países, segundo os organizadores. Outros números divulgados dão conta de que 60 mil voluntários trabalharam na organização dos eventos e cem confessionários foram organizados para atender os peregrinos. A Arquidiocese do Rio de Janeiro estimou em 4 milhões o número de hóstias distribuídas nos seis dias do evento e foram credenciados 6,5 mil jornalistas de 57 países. No ano passado, com a canonização do Padre José de Anchieta, agora São José de Anchieta, o Pátio do Colégio – no Centro de São Paulo – ganhou destaque no turismo religioso. Foi lá que o padre Manoel da Nóbrega e o noviço José de Anchieta ergueram um colégio para catequizar os índios, fundando a cidade de São Paulo. A cidade de Anchieta (ES), antiga Iriritiba, onde o santo morreu em 9 de junho de 1597, também virou roteiro turístico.


Foto: Divulgação

No ano passado, a empresa lançou o selo Pórtico, destinado a evangélicos, e recentemente fechou parceria com a comunidade Canção Nova para publicar obras católicas.

Sexshop Nem só literatura, discos, shows, feiras e turismo movimentam esse mercado religioso. Os comércios de artesanato, imagens, acessórios, bijuterias, cristais e roupas também são vigorosos, seja qual for a crença. O importante é que esses lojistas possam adaptar sua linha de produtos visando o consumidor-alvo. É o caso da sexshop Secret Toys, com unidades em Jandira e Itapevi, na Grande São Paulo, além de A cantora gospel Damares vendeu 800 mil cópias dos seus dois últimos CDs

e-commerce. Seus proprietários, João e Lídia Ribeiro, são evangélicos e consultores de casais, mas nem por isso perderam a oportunidade de fazer um

ção de disco de ouro com seu DVD O

ram vendidos 72,4 milhões de exem-

bom negócio no competitivo mundo

Maior Troféu, lançado em março pas-

plares, e pelo menos 30% dos títulos

dos artigos eróticos.

sado. O executivo da Sony informa

se referem à religião. Figuram sem-

que a área gospel corresponde a 20%

pre entre os best-sellers os títulos

A Secret Toys tem mil produtos no mix

do resultado líquido da companhia.

do padre Marcelo Rossi, do esotérico

– roupas, objetos, perfumes e cosmé-

Paulo Coelho e do bispo Edir Mace-

ticos –, mas parte deles foi ajustada

A tradicional Editora Paulinas, conhe-

do. Só o livro Ágape, de Rossi, supe-

para atender ao público mais recatado

cida pelas suas publicações católicas

rou 5 milhões de unidades, enquan-

da igreja. A cor vermelha em lingeries

e que está completando cem anos no

to Edir Macedo esteve em primeiro

e em alguns objetos não é bem-aceita

mercado editorial, também tem uma

lugar no ano passado com o terceiro

porque, para alguns grupos, ela "evo-

divisão musical. A editora distribui

volume de sua biografia Nada a Per-

ca o demônio". Palavras mais “fortes”

CDs e DVDs de padres e bandas. Con-

der (753 mil exemplares), diz o site Pu-

foram atenuadas nas embalagens

tudo, os livros ainda são o principal ne-

blish News, que monitora o mercado

e essas devem ser mais discretas do

gócio da editora. Com 33 lojas físicas e

editorial. Até hoje, as três edições da

que as oferecidas aos consumidores

um e-commerce, a Paulinas vende em

biografia de Macedo foram traduzi-

não crentes. “Entre os clientes da loja,

torno de 3,4 milhões de exemplares e

das para seis idiomas e venderam 7

pelo menos 60% são evangélicos, e es-

lança, anualmente, 200 títulos.

milhões no mundo. A escritora espí-

peramos que esse porcentual cresça

rita Zibia Gasparetto é outra autora

bem mais”, diz João Ribeiro. Tanto que

A Câmara Brasileira do Livro infor-

sempre presente nas melhores posi-

a Associação Brasileira de Empresas

ma que o faturamento com as ven-

ções do ranking de livros classificados

do Mercado Erótico (Abeme) lançou o

das de obras religiosas supera R$ 500

de autoajuda. O interesse do público

Guia Gospel para Sexshops, de 90 pá-

milhões ao ano. Só em 2013, segundo

por publicações religiosas chamou a

ginas, justamente para explicar a em-

uma pesquisa da Fundação Instituto

atenção da editora espanhola Planeta,

presários regras e dicas para vender

de Pesquisas Econômicas (Fipe), fo-

uma das mais importantes do mundo.

melhor para esse público. &

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ART IG O POR Vitor Augusto Meira França

Pequenos empresários do Brasil, uni-vos!

A

justificativa usual para o au-

des privadas também ganham com o

cros e pequenas empresas, que res-

mento dos gastos públicos está rela-

programa. Além disso, a realização do

pondem por 27% do PIB. Além de li-

cionada aos benefícios sociais gera-

sonho da casa própria ou do diploma

darem com margens apertadas e

dos por eles. Entretanto, o orçamento

universitário gera um retorno eleito-

serem mais afetadas pelo excesso de

é finito, enquanto as necessidades da

ral indiscutivelmente superior ao do

Estado e burocracia, como são muitas,

população são ilimitadas. Fica a cargo

investimento em saneamento ou em

elas enfrentam maiores dificuldades

do governo eleito democraticamen-

educação básica.

para se organizarem politicamente.

te direcionar os recursos para esse ou

Entretanto, a atual crise econômica e

aquele fim. Subsidiar o sonho da casa

Quanto mais rico e mais coeso o gru-

os consecutivos escândalos de corrup-

própria ou investir em saneamento

po de interesse, maior sua capacidade

ção parecem oferecer uma bandeira

básico em áreas pobres? Privilegiar o

de exercer influência. Não é à toa que

em torno da qual se unir e pela qual

ensino fundamental ou o superior?

financiamentos do BNDES e desonera-

lutar: pelas reduções do Estado, dos

A resposta a essas perguntas, infeliz-

ções tributárias acabam favorecendo

impostos e da burocracia, pequenos

mente, está mais no cálculo dos políti-

grandes empresas em detrimento de

cos (que buscam se manter no poder)

pequenos empresários. Se a forma de

e na ação dos grupos de interesse (que

coibir a ação desses grupos não é ób-

buscam benefícios para si) do que pro-

via, ao menos uma coisa é certa: quan-

priamente no bem-estar social. Este,

to menores a carga tributária e a in-

quase sempre, não passa de mero sub-

tervenção do Estado, menor o espaço

produto do jogo político.

para a ação dos grupos de interesse e a margem para que políticos utilizem

Se, por um lado, o déficit habitacio-

recursos públicos de forma oportunis-

nal justifica um programa como o

ta, visando apenas o resultado da pró-

Minha Casa, Minha Vida, por outro,

xima eleição.

construtoras são beneficiadas por ele. Se o Prouni se justifica pela desi-

Segundo o SEBRAE, o Brasil possui

gualdade social, grandes universida-

aproximadamente 9 milhões de mi-

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empresários do Brasil, uni-vos! &

Vitor Augusto Meira França é assessor econômico da FecomercioSP


Aqui tem a força do comércio


RA IO X POR POR RAÍZA DIAS

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Uma cidade além da fé Abrigo do maior santuário mariano do mundo, a cidade de Aparecida luta para viabilizar oportunidades de negócios além dos

Foto: Divulgação

muros da basílica

C

idade sanfona. Assim pode ser

a imagem da santa. A estrutura da

definido o município de Aparecida,

basílica acabou por representar qua-

no interior de São Paulo, que teve sua

se que completamente a imagem da

construção econômica baseada no

cidade, motivo que trouxe benefícios

mercado da fé, característica que lhe

e desafios aos moradores.

rendeu a identidade peculiar de inchar e esvaziar repentinamente todas as

A fé que move

semanas. Com aproximadamente 36

A fé é o principal motor econômico

mil habitantes, distribuídos por uma

de Aparecida. Além das lojas aloca-

área de 121 mil quilômetros quadrados,

das na própria basílica, há comércio

a cidade chega a receber 12 milhões de

por todo o seu entorno. São hotéis,

visitantes por ano.

restaurantes, lojas e feira de ambulantes, todos dispostos a atender os

Nossa Senhora Aparecida, considera-

turistas que chegam. A economia

da pelos católicos a padroeira do País,

movida pela religião faz girar, por

deu origem a esse caminho que leva

ano, em torno de R$ 1,4 bilhão na ci-

tantos turistas e romeiros para visitar

dade, montante 14 vezes superior ao

o Santuário Nacional, local que abriga

próprio orçamento municipal.

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RA IO X

Um a cid ade a lém d a fé

Para a Secretaria de Indústria e Co-

radores da cidade, como cita a cofun-

nossos objetivos e tivemos o retorno

mércio de Aparecida, essa identidade

dadora da empresa, Juliana Proserpio.

esperado”, avalia Alves.

do município se tornou o foco das po-

“A maioria dos moradores de Apareci-

líticas para avanço econômico local,

da trabalha em atividades ligadas ao

Os comerciantes locais, no entanto,

como explica o secretário da pasta,

turismo religioso, mas não gasta na

ainda enfrentam dificuldades. É o

Marcos Willian dos Santos. "A melhor

cidade. Eles ganham dinheiro em Apa-

caso da proprietária da loja Espaço

maneira de alavancar a economia local

recida e gastam em cidades vizinhas,

Roma, especializada em roupas de

é dar total assistência aos estabeleci-

ocasionando uma evasão grande de

festa, Márcia Oliveira. “O apareciden-

mentos comerciais da cidade, fazendo

capital”, assinala.

se gosta, sim, de comprar nas cidades

parcerias para capacitação e moderni-

vizinhas e venho percebendo que 70%

zação. Assim, procuramos junto com

Nos últimos dez anos, olhar para o mo-

dos clientes que nos procuram são

a Secretaria de Turismo fomentar as

rador tem sido uma oportunidade de

de outras cidades”, comenta. A loja,

atividades hoteleira, comercial e ali-

negócio em Aparecida. É o que indica

aberta em 2008, utilizou diversas fer-

mentícia", comenta.

o gerente do Escritório Regional do

ramentas de marketing para atrair a

Sebrae-SP em Guaratinguetá, Ricardo

clientela, como divulgações na mídia e

Os dados comprovam a força do se-

Calil. “Há dez anos, o comércio de pro-

em desfiles de moda. Hoje, os compra-

tor de comércio na cidade. Números

dutos para consumo do dia a dia não

dores vêm a partir do famoso “boca a

da Confederação Nacional do Comér-

era desenvolvido na cidade. Mas, de lá

boca”, diz Márcia. Ainda assim, a em-

cio de Bens, Serviços e Turismo (CNC)

para cá, esse movimento tem mudado

presária vê problemas para desenvol-

mostram que quase 60% da atividade

a partir da dinâmica do empreendedo-

ver o comércio na cidade. “Falta uma

econômica local se apoia nos estabe-

rismo. Aparecida começou a receber

infraestrutura melhor para receber as

lecimentos comerciais. A indústria

várias lojas e redes, o que manteve o

pessoas”, afirma.

aparece com menos de 6% do total. O

cidadão apareciense dentro da cidade

secretário explica: "Aparecida possui

para comprar.”

extensão territorial urbana pequena,

Os desafios de Aparecida “Aparecida é uma cidade única e for-

é uma cidade cortada por serras e,

Um exemplo dessa tendência foi a

te nas suas características de ‘cidade

também, pelo Rio Paraíba, o que difi-

inauguração de uma unidade das Lo-

sanfona’ – ela incha e desincha muito

culta a criação de um polo industrial.

jas Cem, rede que comercializa móveis

rapidamente. Então, todo fim de sema-

Dessa maneira, os principais investi-

e eletrodomésticos, com foco na clas-

na vira uma cidade de 270 mil pessoas

mentos ocorrem na área de comércio e

se C. A loja foi inaugurada no fim de

e, depois, volta a ser pequena. E, tal

serviços", assinala Santos. As micros e

2008 ao perceber o potencial de con-

como uma pessoa, cria ‘estrias’”, avalia

pequenas empresas são maioria, com

sumo, como indica o supervisor geral

Juliana Proserpio. Essas “estrias” ditas

96,8% do total de companhias ativas

da rede, José Domingos Alves. “Temos

por Juliana se referem a problemas e

na cidade.

lojas praticamente em todo o Vale do

ranhuras que ficam no dia a dia da ci-

Paraíba, mas não tínhamos em Apare-

dade, a exemplo do desafio econômi-

cida. E percebíamos que o consumidor

co de potencializar outras atividades.

Aparecida vai além dos muros do

aparecidense comprava na vizinhan-

“Muitos jovens saem do município

santuário. Colocar essa realidade em

ça. Aparecida é um polo de consumo

para estudar e, quando voltam, não

prática, no entanto, tem sido um de-

importante, e hoje atendemos tam-

conseguem aplicar ideias no turismo

safio de moradores e empresários da

bém pessoas que visitam a cidade.

religioso porque os próprios donos dos

região. Uma pesquisa de campo feita

Foi uma surpresa.” A loja tem apre-

negócios são muito tradicionais e resis-

pela empresa Design Echos, em par-

sentado crescimento médio anual de

tentes a novidades. Por isso, há evasão

ceria com a distribuidora de energia

20% e contabiliza em torno de 2,5 mil

de talento em Aparecida”, comenta.

EDP Bandeirante, mostrou que um

compradores por mês, que gastam um

dos principais problemas é a falta de

tíquete médio de R$ 550. “É um bom

A capacitação dos trabalhadores é ou-

estabelecimentos para atender os mo-

investimento, tanto que atingimos

tro gargalo encontrado pela Design

Além da basílica

34

edição 39 • julho | agosto • 2015


E a santa apareceu A história da cidade de Aparecida está diretamente ligada à história da imagem da padroeira, que deu origem a toda essa trajetória de fé e devoção. Preocupados em providenciar o jantar para o poderoso Conde de Assumar, de passagem pela Vila de Guaratinguetá, a caminho de Vila Rica (atual Ouro Preto), onde iria assumir o cargo de governador da Capitania das Minas Gerais, três pescadores retiraram com suas redes, do Rio Paraíba do Sul, uma imagem de Nossa Senhora da Conceição. A imagem que surgiu das águas ficou abrigada durante anos na casa de um dos pescadores, até que, em 1745, foi construída uma capela no Morro dos Coqueiros. Os frequentes relatos de milagres atribuídos à santa fizeram com que fosse criada uma freguesia de Guaratinguetá, batizada de Aparecida. Em decorrência da intensa peregrinação de fiéis, a capela foi ampliada e, em 1888, Nossa Senhora Aparecida e Vila de Aparecida ganharam uma igreja maior, conhecida hoje como Basílica Velha – ou Matriz Basílica. Em 1928, a Terra da Padroeira finalmente conseguiu sua emancipação de Guaratinguetá, e sua história de fé prosseguiu com a construção, em 1955, do Santuário Nacional, segunda maior basílica e maior santuário mariano do mundo. Localizada no Vale do Paraíba, a meio caminho das duas maiores metrópoles do País – São Paulo e Rio de Janeiro –, é cortada pela mais importante rodovia brasileira, a Via Dutra. Essa localização privilegiada facilita a acessibilidade ao município, tanto por transporte rodoviário quanto por aéreo, em razão da proximidade com as duas capitais, que detêm os maiores e mais movimentados aeroportos do Brasil. Destaque no cenário turístico do País, Aparecida é conhecida como “capital Mariana da Fé” e recebe anualmente mais de 12 milhões de visitantes, constituindo-se como maior centro de peregrinação religiosa da América Latina.

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RA IO X

Um a cid ade a lém d a fé

Echos. “Há um problema grande de empregos informais na cidade, dificul-

Os números de Aparecida

1955

foi o ano que a Basílica de Nossa Senhora de Aparecida começou a ser construída;

1982

foi o ano que o Santuário Nacional passou a realizar, em definitivo, as atividades religiosas;

1,3 milhão

de metros quadrados é a área total do Santuário Nacional;

380

é a quantidade de lojas localizadas no Centro de Apoio ao Romeiro;

12 milhões

de turistas são recebidos anualmente.

tando a elaboração de regras e a qualificação dos empregados. Isso porque o funcionário se sente desestimulado em investir nos estudos e não ser reconhecido pelo chefe, o que gera uma acomodação”, avalia Juliana. Nesse quesito, o secretário de Indústria e Comércio cita a recente mudança da Feira de Ambulantes e o trabalho do governo para regularizar a situação dos trabalhadores. “Existe apoio por parte da prefeitura para quem já está na feira, pois novas licenças de ambulantes não são mais concedidas. O espaço já está em seu limite. O que procuramos é melhorar as condições de trabalho”, indica Santos. No estudo feito na cidade, a Design Echos notou que faltam opções de lazer, entretenimento, cultura e educação para os moradores, áreas que poderiam ser exploradas por empresários. De olho em incentivar o desenvolvimento das atividades turísticas na cidade e estimular novas ideias, a EDP Bandeirante, a partir do diagnóstico feito, criou ações tecnológicas e sociais na cidade. Uma delas foi a modernização de todos os medidores de energia do município. Outra foi um trabalho educacional com jovens para despertar o olhar sobre o turismo, como explica o assessor do Instituto EDP, Paulo Ramicelli. “Fizemos parceria com a prefeitura e criamos uma política pública com a criação de uma cartilha para educação sobre turismo. Alunos do ensino fundamental passaram a ter, desde 2014, aulas para mostrar ao aluno como tratar o turismo local e quais os pontos turísticos e questões de sustentabilidade, com um olhar no futuro. O objetivo é

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quebrar muros para atrações além da

do o diretor do escritório da Empresa

melhoria nas cidades. Por enquanto,

basílica”, explica.

Paulista de Planejamento Metropoli-

o capital disponível para projetos e

tano (Emplasa), José Celso Bueno. “Na

programas está em torno de R$ 8 mi-

Para empreendedores de olho em

região, temos municípios com grande

lhões, segundo Bueno. A expectativa

Aparecida,

reforçam:

capacidade turística. Por isso, vamos

é que, com o passar dos anos e evo-

público e espaço para inovar nos ne-

explorar potencialidades e fazer pro-

lução do trabalho no Vale do Paraíba,

gócios não faltam.

jetos para estimular esse desenvolvi-

mais recursos sejam destinados aos

mento. Esta é uma das prioridades:

trabalhos de melhoria dos 39 muni-

promover ações para ampliar o desen-

cípios. “Estamos passando por um

volvimento da região”, indica.

processo de aprendizado sobre como

especialistas

O peso de ser Vale do Paraíba Aparecida é uma das 39 cidades que compõem a recém-consolidada região

esse novo formato de governança A localidade conta, inclusive, com re-

toral Norte. Planos não faltam, segun-

cursos próprios para tocar ações de

pode contribuir para a região”, assinala Bueno. &

Foto: Divulgação

metropolitana do Vale do Paraíba e Li-

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T ECNOL OGI A POR Barbara Oliveira

Lojas online reclamam Pesquisa da ABComm aponta que 25% dos varejistas virtuais estão insatisfeitos e consideram suas tecnologias pouco flexíveis para o negócio decolar

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ma pesquisa feita no fim do

ra de Comércio Eletrônico (ABComm), envolvendo 1.018 pequenos varejistas online de todo o País, indicou que 25% desses entrevistados não estão satisfeitos com as suas plataformas, principalmente porque elas são muito engessadas. “Trata-se de um porcentual

Mauricio Salvador

presidente da ABComm

U

ano passado pela Associação Brasilei-

Erros de planejamento e de sistema são as principais causas para a mortalidade dos negócios

considerável”, avalia o presidente da ABComm, Maurício Salvador. Segundo o executivo, erros de planejamento e de sistema são as principais causas para a mortalidade dos negócios. Geralmente, sistemas de e-commerce de código aberto permitem montar Foto: Rubens Chiri

e customizar o site de forma mais fácil, de acordo com as necessidades do cliente, integrando-o aos programas de gestão de maneira fluida. O resultado é um checkout mais ágil e confiável, sem que o consumidor precise sair do ambiente da loja para pagar com cartão. O engessamento de algumas

formatá-lo para as telas dos smart-

‘notebook’, mas o algoritmo da busca

tecnologias é justamente um dos pon-

phones e, além disso, o pagamento só

não oferece sugestões como ‘laptops’

tos mais criticados pelos pesquisados

podia ser feito com cartão e travava

e ‘netbooks’; ou não reconhece que as

insatisfeitos, porque isso implica per-

muito. Isso nos prejudicou muito”,

palavras foram escritas de forma erra-

das no faturamento e até abandono

conta um dos sócios da Elo Natural,

da (por exemplo, 'notebuk'e 'leptop') e

por parte do usuário.

Ademir Belarmino de Oliveira.

ficam sem entender a solicitação. Isso

Por outro lado, de nada adianta acer-

Os empresários ouvidos na pesquisa

tar na escolha da plataforma para

da ABComm apontam as funcionali-

Para ele, independentemente da tec-

colocar no ar o site e errar na hos-

dades essenciais para uma platafor-

nologia escolhida, é o planejamento

pedagem, pois o comerciante terá

ma de e-commerce, como facilidade

inicial que importa. Pode ser tentador

problemas. Foi o caso da Elo Natural,

no checkout, atendimento ao cliente

abrir uma loja porque os preços dos

comércio online de suplementos na-

na pré e na pós-venda e integração

sistemas são baratos, mas, para ela se

turais, que apostou em uma boa pla-

com SAC, gestão e meios de pagamen-

manter ativa, é necessário um estu-

taforma (a popular Magento, uma das

to mais aceitos. Eles também criticam

do prévio e cuidadoso. Nem sempre

mais usadas pelo e-commerce global),

mecanismos de buscas pouco inte-

o comerciante possui visão global do

mas teve pouca sorte com a hospeda-

ligentes inseridos nesses sistemas e

mercado onde vai atuar – se vai vender

gem e precisou migrar para outra em-

incapazes de encontrar sinônimos de

moda, precisa estar ciente da concor-

presa. “Estávamos sem suporte, não

palavras e sem sugerir alternativas ao

rência e da grade de modelos, cores e

podíamos fazer ajustes no site nem

internauta. “O consumidor quer um

enfraquece a loja”, diz Salvador.

tamanhos, por exemplo. &

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Aqui tem a força do comércio


SUST EN TA BIL IDA DE Por filipe lopes


Identidade sustentável Ainda tabu em muitas micros e pequenas empresas, sustentabilidade pode ser importante diferencial de mercado para vencer crises, conquistar clientes e diminuir gastos

M

uito se fala sobre susten-

mente 12 milhões de micros e peque-

tabilidade pelo mundo – seja em en-

nas empresas (MPEs), que empregam

contros entre presidentes de diversas

15,6 milhões de trabalhadores. A taxa

nações, que discutem ações para dimi-

de sobrevivência desses empreendi-

nuir os impactos ambientais e energé-

mentos com até dois anos passou de

ticos, seja em campanhas locais sobre

73,6% para 75,6%. Apesar da melhora,

reciclagem de lixo e usos conscientes

o setor ainda enfrenta muitas bai-

de água e luz. Contudo, sustentabili-

xas, ou seja, aproximadamente 25%

dade empresarial vai além da preser-

das empresas não conseguem ser au-

vação ambiental e pode ser estratégica

tossustentáveis. Para o sócio-diretor

para uma companhia crescer e se de-

da iSetor e presidente do Conselho

senvolver no mercado, oferecendo uma

Deliberativo da Associação Brasileira

identidade e atraindo pessoas que

dos Profissionais de Sustentabilidade

compartilhem das mesmas intenções.

(Abraps), Marcus Nakagawa, o primeiro passo para tornar a empresa

Segundo o mais atual boletim do

mais sustentável é controlar as fi-

Sebrae, “Estudos e Pesquisas”, de

nanças e investir na qualificação da

2013, existem no Brasil aproximda-

mão de obra. “Sustentabilidade é cor-

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SUST EN TA BIL IDA DE

Ident id ade s u s tent ável

tar gastos e desperdícios, tornando

Fabricando cultura

nuição de 60% do faturamento. Foi aí

a empresa mais produtiva. Para isso,

Para muitos negócios, sustentabili-

que a sócia-proprietária da empresa,

as primeiras medidas são cuidar da

dade não é questão de escolha, mas

Vanessa Martins, resolveu reformar

parte tributária e analisar profunda-

uma obrigação legal. A oficina de me-

um imóvel que possuía para criar um

mente o negócio, para checar quais

cânica Torigoe, com sede no Tatuapé,

novo galpão. Nesse local, apesar das

materiais estão indo para o lixo, que

zona leste de São Paulo, sempre teve

dificuldades financeiras, Vanessa fez

poderiam ser reaproveitados”, afirma.

preocupação com o descarte correto

questão de construir um edifício 100%

Ainda de acordo com Nakagawa, alte-

de resíduos, porém, uma desavença

sustentável. “O novo galpão foi feito

rar processos internos e estruturais é

com um vizinho provocou uma série

do zero, então, aproveitamos a opor-

o próximo passo para tornar o DNA da

de fiscalizações no estabelecimento,

tunidade para investir em medidas

empresa sustentável.

que culminaram na mudança de en-

permanentes que dariam uma nova

dereço, depois de mais de 15 anos no

cara ao negócio”, afirma. A nova sede

mesmo bairro. Como o novo aluguel, a

conta com pé-direito alto, claraboia e

Ainda há quem afirme que sustenta-

oficina precisava inovar para dar con-

telhas translúcidas, garantindo a re-

bilidade é assunto para grandes em-

ta das despesas, que em apenas seis

dução de 70% no uso de energia, além

presas, que têm capacidade de inves-

meses foram responsáveis pela dimi-

de cisterna com capacidade para 5 mil

1º obstáculo: conhecimento

tir em políticas complexas que ditam diretrizes para funcionários, acionistas, vendedores e consumidores. Entretanto, a filosofia sustentável pode ser adquirida por companhias de qualquer porte e fazer a diferença no mercado. Segundo o SEBRAE, que entrevistou 3.912 empresários em 2014, 65% pensam em sustentabilidade nas MPEs, mas somente 12% deles declaram entender muito sobre o assunto e 25% afirmam entender pouco. Segundo Nakagawa, as MPEs têm totais condições de estabelecer práticas sustentáveis, assim como fazem as grandes. “As pequenas têm a vantagem da maleabilidade para mudar rapidamente os rumos do negócio, que não é possível pela burocracia das grandes”, afirma. Ainda segundo Nakagawa, os principais desafios que a sustentabilidade enfrenta no País são as questões legais, “pois não estimulam produtos que agridam menos o meio ambiente, com isenção de impostos, além da pouca existência de escolas de empreendedorismo, que tratam a sustentabilidade como cultura e não apenas como fator financeiro”.

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Inscrições abertas Para promover as ideias sustentáveis de 11 categorias diferentes, o Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP promove anualmente, em parceria com a Fundação Dom Cabral, o Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade. As inscrições para a quinta edição do prêmio – que ocorre em novembro – estão abertas até 10 de agosto, e os interessados podem enviar seus projetos para o site: http://sustentabilidade. fecomercio.com.br. Ao todo, 276 projetos de 91 municípios de 21 Estados foram inscritos na edição do ano passado, e 11 foram premiados. Para a edição deste ano, a expectativa é que ainda mais projetos sejam inscritos e que novas soluções para a sustentabilidade ganhem destaque. “Prêmio é sempre bom, mas, particularmente, prêmio na área ambiental ressalta que a iniciativa está dando certo e motiva todos a se engajarem”, afirma o presidente do Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP, José Goldemberg. As 11 categorias que serão premiadas durante o evento são: Microempresa, Pequena e Média Empresa, Grande Empresa, Indústria, Entidade, Órgão Público, Academia (Professor e Aluno) e Reportagem jornalística (Impresso, Rádio e TV e Online).


inteligente, com máquinas que fazem a sucção do líquido e, por meio de canaletas, deposita o componente em uma caixa separadora, na qual filtra as impurezas e facilita a reciclagem. A mudança foi tamanha que até o logotipo da empresa mudou e ganhou as cores verde e branco, que representam o meio ambiente e a nova fase da mecânica. “Sustentabilidade não é apenas investir em ações que respeitem o meio ambiente. O maior desafio é torná-la a cultura da empresa, e, para

As pequenas empresas têm a vantagem da maleabilidade para mudar rapidamente os rumos do negócio, que não é possível pela burocracia das grandes

litros de água de chuva e troca de óleo

Marcus Nakagawa

sócio-diretor da iSetor e presidente do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade (Abraps)

isso, temos de incorporar essa filosofia para que as práticas não sejam deixadas de lado no futuro”, afirma Vanessa. Além das medidas estruturais, a mecânica também investiu em sustentabilidade no ambiente de trabalho e em ações sociais. Todo o mobiliário da ofiFoto: Rubens Chiri

cina foi desenhado por um ecodesigner, que utilizou pneu reciclado para fabricar sofás e poltronas. O uniforme dos funcionários também não ficou de fora do “banho sustentável” pelo qual a empresa passou, e ganharam camisetas feitas de fios de garrafas PET e cintos confeccionados de materiais

ferencial de mercado, a mecânica figu-

ambientes que não necessitem do uso

de correias dentadas. “Também rea-

ra entre as principais empresas relacio-

de água potável; diminuir a geração de

lizamos ações sociais para melhorar

nadas à sustentabilidade, ocupando o

resíduos, desenvolvendo o hábito de

o bairro e reforçar o compromisso da

topo da lista de companhias procura-

perguntar a seu cliente se deseja saco-

nossa marca com o meio ambiente”,

das em sites de buscas na internet.

las plásticas ou retornáveis; substituir

aponta a proprietária da Torigoe.

lâmpadas incandescentes por lâmpa-

Com nova roupagem, a oficina ganhou

Excelência em sustentabilidade

mais clientes e já não contabiliza pre-

Para ajudar os empreendedores, o

60% e pode evitar a emissão média de

juízos. Mesmo com o atual cenário de

Centro de Sustentabilidade do Sebrae

136 quilos de gás carbônico por ano;

crise econômica e as incertezas, a em-

mantém em seu portal dicas e ações

manter o equilíbrio no nível e nas tem-

presa soma aumento de 10% no fatu-

sustentáveis que estão ao alcance de

peraturas da água e da atmosfera, ga-

ramento mensal. “O cliente observa

todos. Segundo a entidade, indepen-

rantindo a sobrevivência das espécies;

nossas atitudes de respeito às pessoas

dentemente do tamanho, o empre-

e observar se os investimentos causam

e ao meio ambiente, o que gera uma

sário pode fazer a captação e o apro-

impacto, pois muitas instituições fi-

relação de confiança entre as partes”,

veitamento das águas de chuva e de

nanceiras verificam tais abalos para

afirma Vanessa. Agora, com o novo di-

reúso em geral para a manutenção de

das econômicas fluorescentes, pois a economia no consumo chega a ser de

conceder crédito. &

edição 39 • julho | agosto • 2015

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ART IG O POR sara carvalho

Crise econômica: oportunidade de bons negócios!

E

m 2014, já se ouviam os rumores

de que o ano seguinte seria de reces-

de de se fazer bons negócios e obter

Assim, para não deixar de agarrar as

chances de crescimento.

oportunidades de bons negócios em

são econômica, e o que certificamos em 2015 é que não se tratavam apenas

meio à crise, a empresa deverá ficar O “quê” insólito da questão surge na

atenta à saúde e à gestão financeira.

de rumores, mas da constatação acer-

sua possibilidade. O que deve ser de ci-

E, é claro, os custos deverão ser en-

ca das consequências de como o País

ência de todos, principalmente de em-

xutos. Portanto, torna-se obrigatório

era conduzido. Vemos, agora, inflação

presários empreendedores, é que, em

realizar análise de fluxo de caixa perio-

em alta, aumento do dólar, restrições

momentos de estagnação e crise, o mer-

dicamente e reformulação do plano de

de crédito, ampliação das dívidas em

cado abre novas frentes a serem traba-

negócio; refazer planos estratégicos e

atraso etc. Nesse sentido, o indica-

lhadas. Com as incertezas, pessoas ten-

orçamentários; e traçar novos projetos

dor Serasa Experian de Inadimplência

dem a retornar a hábitos mais antigos e

de cobranças. A contratação de uma

das Empresas mostra que as empre-

a usufruir de serviços mais básicos, po-

empresa de consultoria ou de serviços

sas brasileiras começaram o ano com

rém, não querem ficar desatualizadas

especializados pode ajudar a atingir

mais dívidas atrasadas, apontando

de acordo com as novas tendências tec-

o objetivo de crescimento, bem como

12,1% de crescimento de inadimplência

nológicas e de comportamento. Então,

a participação de cursos, palestras e

financeira no primeiro trimestre de

as palavras certas a serem usadas no

treinamentos que instruam os empre-

2015, em comparação com o mesmo

momento são inovação e otimização.

período de 2014.

endedores a respeito do assunto. &

Pessoas, nessa época de finanças enxuApesar de todos os problemas eco-

tas, compram e reparam carros usados,

nômicos, segundo o economista

em vez de comprar novos; restauram

brasileiro e ex-ministro da Fazenda

roupas e sapatos usados; reformam

Maílson da Nóbrega, o Brasil vive

suas casas, pois o acesso ao crédito

uma crise e não um colapso, ou

estará mais restrito a financiamentos

seja, não iremos esmorecer como a

imobiliários etc. Aqui, o diferencial é

Argentina e a Venezuela. Isso signifi-

a oferta a esses clientes, uma vez que

ca que, em meio a essa turbulência,

produtos e serviços devem ser moder-

também é possível ter a oportunida-

nos e de qualidade, com preço acessível.

46

edição 39 • julho | agosto •2015 • 2015

Sara Carvalho é consultora nas áreas de finanças e contabilidade, especialista em controladoria e professora do curso de aperfeiçoamento profissional Gestão de Inadimplência e Formas de Pagamento, do Instituto de Pós-Graduação e Graduação (Ipog)


Quer ultrapassar as fronteiras do mercado? A Fecomercio Internacional é o parceiro perfeito para aumentar o rendimento da sua empresa e auxiliar empreendimentos estrangeiros no Brasil.

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N EG ÓCIOS POR Carlos Ossamu

Fidelidade recompensada Programas de fidelidade não são exclusividade das grandes redes. Cresce a oferta de serviços para que pequenos e médios negócios recompensem os clientes fiéis e gerenciem o relacionamento sem perdê-los para a concorrência

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edição 39 • julho | agosto • 2015

T

er uma clientela fiel é o desejo

de qualquer empresário, pois ela gas-

bém não interessa aos líderes do mercado de recompensa.

ta mais em comparação àqueles que compram pela primeira vez, e ainda

A boa notícia é que existem alterna-

costuma recomendar a empresa aos

tivas nesse campo para negócios de

amigos. Os programas de fidelidade

todos os portes. São serviços online e

surgiram para estreitar o relaciona-

de baixo custo que não exigem a ins-

mento com esse público e recompen-

talação de softwares ou computado-

sá-lo, distribuindo prêmios mediante

res dedicados. Pelo lado do cliente,

o acúmulo de pontos.

basta a instalação de um aplicativo (gratuito) no celular ou um cartão

Grandes empresas, principalmente

de identificação.

as do varejo, possuem sistemas próprios e sofisticados para esse fim, ou

O Fidelêco foi criado em janeiro de

são parceiras dos maiores programas

2014 pelo GS Group, de São José do Rio

de fidelidade, aqueles que distribuem

Preto. Trata-se de um programa de

passagens aéreas, diárias em hotéis e

fidelidade e de relacionamento com

eletrônicos. De maneira geral, o custo

clientes voltado para pequenas e mé-

desse tipo de parceria afasta peque-

dias empresas. O serviço possui mais

nos e médios lojistas ou prestadores

de 1,2 mil consumidores, como res-

de serviço, cujo volume de venda tam-

taurantes, pizzarias, salões de beleza,



N EG ÓCIOS

Fidel id ade recompen s ad a

clubes e postos de gasolina, e a ex-

dio de compra. Assim, pode-se definir

pletado no Clube de Benefícios da

pectativa é chegar a 5 mil até o fim do

que R$ 10 ou R$ 20 valem um ponto,

ACM; 2 ou 3 pontos (dependendo do

ano. Para os lojistas, os custos variam

por exemplo.

mês) a cada R$ 100 pagos na inscri-

de acordo com o número de clientes

ção por algum amigo que ele tenha

que participam do programa. A gra-

A relação entre a quantidade de pon-

indicado etc. Os prêmios são conver-

tuidade vale apenas para quem tem

tos e o resgate de prêmios é crucial

tidos em descontos no momento da

até 20 participantes. Os pagamen-

para o sucesso da iniciativa. Caso de-

renovação do plano.

tos começam em R$ 29,90 por mês

more muito para resgatar, o cliente

(300 clientes) e vão até R$ 199,90

pode esquecer ou se desinteressar

Histórico do cliente

(6 mil clientes).

pelo programa. O prêmio pode ser um

A DotMiles é outro programa de fide-

desconto ou a escolha de um produto.

lidade online que entrou em operação

Para o diretor de Inteligência do GS

no início do ano passado, também

Group, Fernando Gibotti, um progra-

A ACM/YMCA São Paulo, instituição

com foco nas pequenas e médias em-

ma de fidelidade deve atender a três

conhecida por suas academias de

presas. Para o CEO (Chief Executive

pilares. “O primeiro pilar é conhecer

ginástica e atividades esportivas, é

Officer) da empresa, Leandro Ota, com

o cliente – quando e quanto ele con-

usuária do Fidelêco desde outubro

a chegada de serviços como a DotMi-

some, onde mora, perfil, profissão, e

do ano passado. De acordo com o

les, o pequeno empresário pode agora

se compra perto de casa ou do tra-

executivo da divisão de comunicação

desenvolver um programa de fidelida-

balho. Assim, é possível fazer uma

e marketing da instituição, João Pau-

de com baixo investimento e facilida-

análise geográfica da compra e saber

lo Barbosa, dos 45 mil associados no

de para operar, além de conhecer me-

a abrangência da loja ou do serviço”,

Estado de São Paulo, distribuídos por

lhor o cliente. São dois tipos de planos:

explica. O segundo é o relacionamen-

12 unidades, 15 mil participam do pro-

o Light, com mensalidade de R$ 147, e o

to com o usuário. Para isso, as ferra-

grama de fidelidade, que na ACM tem

Standard, que custa R$ 297.

mentas usadas são mensagens via

o formato de um cartão, chamado

SMS, WhatsApp e e-mail, com con-

ACM/YMCA Card. “Este mercado de

“Começamos a testar a plataforma em

teúdo relevante para o cliente e que

academias é muito competitivo e tem

2013, mas, no início de 2014, graças ao

não seja feito necessariamente para

grande rotatividade. A nossa intenção

aporte de um investidor-anjo, lançamos

vender. “Uma academia, por exem-

é ter um diferencial e premiar os as-

oficialmente o serviço, que hoje possui

plo, pode enviar dicas de exercícios

sociados fiéis, pois, em geral, as pro-

15 clientes. É uma plataforma online de

aos alunos. A mensagem pode estar

moções visam atrair novos clientes e

CRM (Customer Relationship Manage-

casada com o conteúdo da rede so-

esquecem os antigos”, diz Barbosa.

ment, ou gerenciamento de relações

cial da empresa”, observa. O terceiro

com o cliente), que permite conhecer o

é a recompensa, que é a alma de um

Por essa razão, a participação no pro-

histórico de compras e administrar um

programa de fidelidade. Cria-se um

grama de fidelidade é condicionada

programa de fidelidade, distribuindo

sistema para controlar a pontuação,

ao cumprimento de, no mínimo, um

prêmios e descontos”, explica Ota.

catálogo de prêmios e uma metodo-

dos seguintes requisitos: ser associa-

logia para resgatá-los.

do há pelo menos dois anos, fazer o

Para o executivo, o programa de fide-

pagamento com débito automático

lidade por si só não resolve todos os

Gibotti comenta que, em razão da

ou indicar um ou mais amigos para

problemas de uma empresa. O ideal é

pouca experiência do empresário bra-

se tornarem sócios. O associado ca-

que o negócio já esteja bem estrutu-

sileiro com programas de recompensa,

dastrado tem várias maneiras de ga-

rado, com uma gestão eficiente, caso

as dúvidas são várias. As principais se

nhar pontos: 20 pontos ao optar por

contrário, o empresário irá se perder

referem à definição dos pontos e dos

pagamento em débito automático;

no controle, gerando prejuízos ou a

prêmios. De maneira geral, a pontu-

20 pontos ao completar um total de

frustração do cliente. “Mas, em geral,

ação depende do tipo de produto ou

250 pontos; 10 pontos ao fazer ani-

as pequenas empresas não possuem

serviço comercializado e do valor mé-

versário; 10 pontos a cada ano com-

controles eficientes”, afirma Ota.

50

edição 39 • julho | agosto • 2015


João Paulo Barbosa

executivo da Divisão de Comunicação e Marketing da ACM/YMCA

A nossa intenção é ter um diferencial e premiar os associados fiéis, pois, em geral, as promoções visam atrair novos clientes e esquecem os antigos

Standard permite o envio de SMS, uma ferramenta eficiente para ações promocionais. “Uma das funções do nosso sistema é o acompanhamento da frequência de compras dos clientes cadastrados. Se ele fica um mês sem comprar, uma alerta aparece na tela. A loja pode enviar um SMS para o cliente, lembrando a sua pontuação e oferecendo um produto em promoção, por exemplo”, diz. Usuária do serviço da DotMiles desde Foto: Rubens Chiri

setembro do ano passado, a lanchonete Joy Juyce, no bairro dos Jardins, em São Paulo, tem cera de 500 clientes cadastrados. “Muitos dos nossos clientes já são fiéis, conhecem a casa e voltam com frequência, e nada mais justo do que recompensá-los por isso”,

Na DotMiles, a contratação do serviço

samos a sua política de precificação, e

diz o sócio-proprietário da lanchone-

não é feita online. A empresa aposta

definimos a estratégia de pontuação

te, Fernando Luíz Cardoso Lemos. Da-

no contato pessoal, dando mais segu-

e os prêmios que serão distribuídos”,

dos obtidos pelo sistema da DotMiles

rança ao empresário e tirando todas

comenta Ota.

revelam que os clientes da Joy Juice cadastrados no programa de fidelida-

as dúvidas sobre o serviço. “Nossos grandes diferenciais são a consultoria

Os dois planos comercializados, Light e

de consomem 12% mais e que a frequ-

e o suporte que oferecemos. Para con-

Standard, oferecem número ilimitado

ência é quatro vezes maior em compa-

tratar um de nossos planos, o empre-

de clientes, catálogo de prêmios, relató-

ração aos outros clientes. Os prêmios

sário entra em contato, sentamos com

rios gerenciais e envio de newsletters

distribuídos vão de um suco até um

ele, entendemos o seu negócio, anali-

por e-mail. A diferença é que o plano

prato completo. &

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51




U M DI A No... POR Lúcia Camargo fotos Rubens Chiri

... Eataly 54

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uma viagem à Em um delicioso tour gastronômico, comparamos o Eataly, o shopping culinário sensação da cidade, com o tradicional Mercado Municipal, o Mercadão

R

Itália

ecém-aberto em São Paulo, o

cantar pelo lugar, pois tudo é orga-

Eataly é um shopping da culinária ita-

nizado, limpo e os funcionários são

liana com 4,5 mil metros quadrados

bem treinados. Você só terá de ter

em três pavimentos, onde são reuni-

cautela se estiver com orçamento li-

dos restaurantes; cafeterias; açougue;

mitado. Embora seja possível achar

padaria; rotisseria; sorveteria; livraria;

itens com preços razoáveis, quase

lojas de vinhos, equipamentos e lou-

tudo ali é caro.

ças; e frutas e legumes, tudo no mesmo ambiente.

Exemplo: uma máquina para esticar massas Marcato Atlas 150 Wellness custa

Visitamos o Eataly e vamos relatar

R$ 413,80 – o mesmo modelo é oferecido

aqui o que vale a pena. É fácil se en-

por R$ 198,55 em uma loja online. Com-

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55


U M DI A No...

E at a ly

pramos um tagliatelle fresco, em uma

delo a loja Eataly original de Turim,

vem de fazendas do Rio Grande do Sul,

bandeja com 346 gramas, por R$ 11,07.

norte da Itália, aberta por Oscar

nas quais o gado se alimenta apenas

Na mesma seção, encontramos marcas

Farinetti em 2007, além do aval do

de capim – o que faz a carne se tornar

como Barilla, Rigorosa, Alta Valle Scrivia,

Slow Food, movimento que defende

mais tenra e saudável. O quilo do filé

Parnese e Filotea a preços acessíveis.

o consumo de alimento sustentável

mignon custa R$ 78,90.

de maneira agradável e sem pressa. De todo modo, a proposta, de fato,

A seção de hortifrúti é uma festa de

não é vender pechinchas. Do alto

Azeites, vinhos, alguns queijos e mas-

cores: da granadilha (R$ 70,99 o quilo)

padrão dos 7 mil produtos expostos

sas secas, conservas e latarias vêm da

à brasileiríssima carambola (R$ 11,90),

nas prateleiras – até as massas fei-

Itália, já os produtos frescos são de

passando pelo tomate italiano (R$ 7,90)

tas no local –, tudo tem como mo-

origem nacional. No açougue, a carne

e pelos cogumelos, oferecidos a granel (R$ 60 o quilo). Entre os mais emblemáticos frios estão o presunto cru italiano (R$ 172,50 o quilo) e o queijo parmesão Grana Padano (R$ 89 o quilo). Para acompanhar, algum dos 800 rótulos de vinho. O branco Romagna Lazolla 2013, da uva Trebbiano, sai por R$ 39,90. Já se preferir o mais caro da adega, opte pelo Gaja Sori Tildin 2010, da uva Nebbiolo, por R$ 3,2 mil. Na seção de pescados, a caranha de 14 quilos (R$ 48,50 o quilo) “observa” o movimento enquanto o peixeiro sugere receitas. Se a preferência é aprender de maneira sistemática, é possí-

Eataly: é fácil se encantar pelo lugar, pois tudo é organizado, limpo e os funcionários são bem treinados. O único perigo que se corre é gastar demais.

56

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vel se inscrever em um dos cursos da escola de culinária do Eataly. Na programação, Marco Renzetti, da Osteria Del Pettirosso, que ensina a preparar linguine negro com camarões, tomate-cereja e burrata, no dia 13 de julho (inscrição, R$ 180). Antes de continuar, uma pausa para o café é uma boa pedida. No Vergnano, degusta-se o famoso café produzido na Itália desde 1882 por R$ 4,50. Se o desejo é comer e não cozinhar, então a brincadeira fica mais interessante ao entrar em um dos sete restaurantes temáticos do Eataly, todos localizados ao lado da respectiva loja. O La Carne fica ao lado do açougue; o La Pasta, ao lado da loja de massas; e assim por diante. Provamos e recomendamos a insalata di mare (R$ 38) do Il Pesce; o frito misto (R$ 42) do bar La Piazza, que leva polvo, lula, camarão e o peixe do dia; e o tagliatelle all’ossobuco (R$ 42), do La Pasta. Apesar da água na boca, não havia mais lugar no estômago para provar o salmão marinado e curado com vegetais orgânicos (R$ 44) do El Crudo, tam-

está o quiosque da Nutella, que pre-

Com declarados R$ 40 milhões em

pouco a apetitosa porchetta (R$ 45) do

para crepes (R$ 14 o simples e R$ 16,

investimentos, o Eataly paulistano é

La Carne. Isolado no segundo andar

a versão com frutas) e vende potes

a primeira unidade na América Lati-

está o Brace, no qual tudo o que é ser-

do creme de avelãs com “São Pau-

na. Tem como sócios Bernardo Ouro

vido passa pela brasa, do bife ao toma-

lo” estampado no rótulo, a R$ 13,90.

Preto e Victor Leal, das redes de su-

te confitado.

O gosto é igual ao da Nutella que já

permercados St Marche e Empório

é conhecido.

Santa Maria, com uma fatia de 40%

Na hora da sobremesa, a dica é descer

e a tarefa de administrar o negócio.

ao térreo e provar o gelato de chocola-

A pequena homenagem integra a es-

Os restantes 60% são de investido-

te meio amargo da sorveteria e choco-

tratégia do Eataly ao chegar a uma

res italianos e americanos.

lateria Venchi. Tanto o copinho como a

nova cidade: fundir elementos da cul-

casquinha com uma bola custam R$ 14.

tura local ao empreendimento. A ou-

EATALY

tra está na arquitetura do edifício, fei-

Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 1.489

Quer mais opções de doce? Os cho-

to em vidro com estrutura de vigas em

Vila Nova Conceição

colates a granel custam de R$ 29,90

metal vermelho, que remete ao Museu

(11) 3279-3300

a R$ 39,90 cada cem gramas. Ao lado,

de Arte de São Paulo (Masp).

www.eataly.com.br

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57


U M DI A No...

Merc ad ão

... outro dia no Mercadão Depois do Eataly, rumamos para o tra-

Boa parte dos visitantes vem de fora

Mercado. Até hoje continuam fazendo o

dicional Mercado Municipal de São

do Estado ou do País. Isso explicaria

famoso sanduba, que custa R$ 18 e vem

Paulo, o Mercadão, na Rua da Canta-

em parte esses números, uma vez que

com 450 gramas de mortadela. Eles di-

reira, centro da cidade, próximo à Rua

turistas raramente têm intenção de

vulgam vender 2 mil sanduíches por sá-

25 de Março. Desde sempre procura-

adquirir ingredientes para cozinhar.

bado, o dia mais movimentado.

do para compra de ingredientes bons

E o investimento na divulgação das

e baratos para cozinhar, atualmente

atrações gastronômicas também aju-

Outros bares oferecem o lanche, mas

o público vem mudando. Um levan-

da: o sanduíche de mortadela e o pas-

com pequenas ou grandes variações.

tamento da associação que congre-

tel de bacalhau são as vedetes.

No Mortadela Brasil, há 11 anos instala-

ga comerciantes do local aponta que

do no mezanino do Mercadão, além do

cresce a cada ano o número de fre-

O Bar do Mané, que ostenta o slogan “O

sanduíche tradicional, com 300 gra-

quentadores que vão com a intenção

sanduíche mais famoso do Mercadão”,

mas de mortadela (R$ 19,50), há o Bra-

apenas de comer em restaurantes e

clama para si o pioneirismo. Os donos

zuca (R$ 27), recheado de mortadela,

lanchonetes. A proporção hoje é de

atuais são herdeiros de Jeremias e Alber-

bacon crocante, queijo cheddar e alfa-

60% de clientes dos restaurantes con-

to Cardoso Lareiro, que abriram a lan-

ce americana, que chega a pesar meio

tra 40% de compradores.

chonete em 1933, ano da inauguração do

quilo. O bar vende também o pastel de

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bacalhau (R$ 19), que preenche o pra-

Quem procura frutas não sai de mãos

to e acaba valendo por uma refeição.

vazias. Há abacaxis, maçãs, bananas

Alguns visitantes chegam decididos a

(R$ 3) e mangas em profusão. Também

experimentar ambos, para comprovar

são encontradas vistosas carambolas

a fama dos lanches, e vão logo pedindo

(R$ 7 o quilo) e belas melancias (R$ 4).

um de cada. Os garçons são instruídos

Contudo, os comerciantes investem

a explicar o tamanho de cada quitute,

mesmo é na venda das frutas sofisti-

pois raramente uma pessoa consegue

cadas e caras. A curiosa uva safira de

comer os dois de uma vez. [A equipe da

Petrolina (PE), sem sementes, é ven-

C&S, formada por repórter e fotógrafo,

dida a R$ 69,90 o quilo. A potenciais

provou ambos, por obrigação do ofício.

compradores, oferece-se para provar

Mas, para ninguém pensar que são es-

uma combinação do morango da Ca-

ganados, explica-se: cada um comeu apenas a metade de um lanche] Ao lado do Mortadela, pode-se comer o sanduíche de bacalhau desfiado (R$ 17,50) do Elídio Bar ou, se preferir uma refeição inteira, é possível pedir o baião de dois (R$ 45) do Brasileirinho, que leva feijão de corda, costelinha

Nos 12,6 mil metros quadrados de área construída do Mercadão, o visitante irá encontrar grande variedade de produtos e guloseimas.

suína e queijo coalho.

lifórnia (R$ 79,90 o quilo) e a tâmara israelense (R$ 89,90), que, extremamente doce, quebra o “azedinho” do morango. Quando a repórter passa, anunciam que “hoje, quem está usando lenço roxo no pescoço, paga menos”. Como em uma grande e animada feira, disputam-se clientes pelos corredores. Humor, amostras grátis e descontos são as armas para aumentar o faturamento. [A repórter confessa que

O mezanino, onde está localizada gran-

Uma vez alimentados, o próximo pas-

comprou alguns gramas dos enormes

de parte de lanchonetes e restaurantes,

so é ir às compras. Nos 12,6 mil metros

morangos californianos. O gosto decep-

é também o melhor lugar para admirar

quadrados de área construída do Mer-

cionou. Os pequenos morangos de Ati-

os vitrais do Mercadão. Se bater aquela

cadão, variedade é a palavra que im-

preguiça pós-almoço, a dica é pedir um

pera. No box Central de Carnes Tigrão

café e apreciar 32 painéis subdivididos

são ofertadas carnes exóticas como ja-

Mercado Municipal Paulistano

em 72 vitrais, trabalho do artista russo

caré (R$ 95 o quilo), rã (R$ 49), avestruz

Rua da Cantareira, 306 – Centro

Conrado Sorgenicht Filho, responsável

(R$ 49) e javali (R$ 64), além das já co-

(11) 3313-3365

também pelos vitrais da Catedral da Sé.

nhecidas, como o filé mignon (R$ 49).

www.oportaldomercadao.com.br

baia são mais saborosos] &

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GA ST RONOMI A POR Lúcia Camargo

Festival de sopas Evento no Via Castelli é boa pedida para noites frias de inverno

A

chegada do inverno baixa as

além de cebola, cenoura, alho-poró, re-

temperaturas e aumenta a procura por

polho e azeite; o creme de cenoura, que

lugares aconchegantes. Para emendar

leva os mesmos ingredientes, com ex-

o happy hour ao jantar ou reunir ami-

ceção do repolho, substituído na receita

gos e família nas noites frias, a dica

por mais cenoura; e o creme de palmito,

é aproveitar os bufês de sopas, nos

de fórmula parecida, que troca cenoura

quais você pode experimentar sabores

por palmito. O creme de frango possui a

variados, pagando um preço fixo. Na

base igual, acrescentando apenas folha

capital paulistana, há desde padarias

de louro, mandioquinha e pequenos pe-

até restaurantes sofisticados que ser-

daços de frango. Já o creme de ervilhas

vem as sopas nesse sistema. Nossa in-

é feito com batata, cebola, alho, pé de

dicação é o tradicional Via Castelli, no

porco salgado (apenas para temperar,

bairro de Higienópolis, zona oeste da

os pedaços não ficam na sopa), bacon,

capital, que neste ano completou 39

ervilhas frescas e creme de leite.

anos e oferece uma boa relação entre custo e qualidade, além de localização

Em alguns dias da semana, aparece no

com acesso fácil para quem vem de di-

bufê o caldo verde, feito com creme de

versas regiões da Cidade.

batata, paio e couve mineira; em outros, você encontrará a sopa de cebola,

60

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A cada noite são servidas quatro varie-

preparada com caldos de carne ou de

dades de sopas, de um total de 11 sabo-

frango, cebola, farinha de trigo, shoyu e

res. Entre as cremosas, há o creme de

azeite. Já a canja de galinha leva galinha

legumes, no qual vão batatas cozidas

desfiada, hortelã, cenoura, cebola, alho,

e amassadas até formar um purê ralo,

folha de louro, alho-poró, massinha ros-


Fotos: Fernando Nunes/Perspectiva

marino e azeite. E o minestrone, a tra-

quais outras sejam servidas. Um le-

ça de uma jaqueira de 90 anos, no meio

dicional sopa de legumes, tem abóbora,

vantamento do restaurante indica que

do salão, que dá frutos de novembro a

batatas, cebola, cenoura, vagem, mús-

o cliente consome, em média, quatro

abril. O restaurante fica tranquilo em

culo de boi, repolho, alho-poró, abo-

cumbucas de sopa em um jantar. “Nor-

noites da semana, mas às sextas e aos

brinha e azeite. É recomendada para

malmente, a pessoa pega um sabor de

sábados não é raro haver espera na por-

quem chega com bastante fome, mas

cada. Mas quando tem a trasmontana,

ta. Quando é necessário aguardar, apro-

deseja um alimento que não pese no

ela toma duas cumbucas desta”, conta.

veite para pedir uma taça de vinho no

estômago. A carne cozida lentamente

piano-bar da entrada, ao lado da adega

espalha seu gosto e o resultado é uma

Paga-se R$ 29,90 por pessoa para co-

climatizada. Os preços dos vinhos são

sopa reconfortante e deliciosa.

mer à vontade. O couvert (pão, man-

razoáveis. Uma taça (187 ml) de vinho

teiga e pães de queijo quentinhos)

tinto argentino Malbec Michel Torino,

Se preferir algo, digamos, mais exóti-

está incluído no preço, assim como

por exemplo, sai por R$ 21. Os serviços do

co, prove a sopa de grãos com horta-

complementos para as sopas: salsi-

bar e das mesas são gentis e atenciosos.

liças, receita que reúne grão-de-bico,

nha, queijo parmesão e torradas com

alho, cebola, azeite e espinafre ou a

alho. As bebidas e o serviço são cobra-

canjica trasmontana, preparada com

dos à parte. O bufê de sopas será servi-

pé e costelinha de porco salgados,

do todos os dias até o fim do inverno, a

Higienópolis. Tel: (11) 3662-2999. Funciona

canjica branca, cenoura, alho-poró,

partir das 18h30.

de segunda a sexta para almoço, das 11h30

brócolis, cebola, linguiça calabresa e

serviço

Via Castelli. Rua Martinico Prado, 341 –

às 15h. Reabre às 18h30 para o jantar, fican-

azeite. Suculenta, essa é a sopa que

Com 180 lugares, no Via Castelli os am-

do até 0h30 (sexta e sábado até 1h). Aos sá-

faz mais sucesso ali. O gerente do Via

bientes são divididos, de maneira que,

bados, domingos e feriados funciona, sem

Castelli, Roberto Fernandes, diz que

mesmo sendo grande, a casa não perde

intervalos, o dia inteiro. Faz entregas na

essa é a que acaba primeiro, entre as

o clima aconchegante. A decoração só-

região. Oferece Wi-Fi gratuito. O estacio-

quatro sopas do dia, não importando

bria é quebrada pela inusitada presen-

namento com manobrista custa R$12. &

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AGE N DA C U LT U R A L Por priscila oliveira

Contos sobre a riqueza da tradição oral do continente latino-americano, motivos de celebração das palavras contada e cantada. O público partilha essas histórias, que têm como inspiração o livro A Volta ao Mundo em 52 Histórias, de Neil Philip. Com A Fabulosa Cia. Teatro de Histórias. Criação, concepção e narração de Simone Grande. Musicista: Antonia Matos.

Um Continente de Histórias

Onde: Sesc Bom Retiro Alameda Nothmann, 185 – Bom Retiro Quando: 21/7, terça-feira, às 18h30 Mais informações: (11) 3332-3600

LIG DES – Marcello Nitsche

Onde: Sesc Pompeia R. Clélia, 93 – Vila Pompeia Quando: 19/6 a 30/8, de terça a sábado, das 10h às 21h; domingo, das 10h às 19h Mais informações: (11) 3871-7700

62

edição 39 • julho | agosto • 2015

Fotos: Divulgação

A exposição é uma retrospectiva do artista Marcello Nitsche e apresenta sua extensa trajetória, desde a década de 1960 até os dias atuais. Sua carreira artística é marcada pelo diálogo estreito com a cultura pop, pela leitura ativa da paisagem e dos signos urbanos e pela exploração de diversas linguagens – como pintura, desenho, intervenções no espaço urbano e realização de filmes em Super-8.


Com curadoria de Agnaldo Farias, a mostra reúne 12 artistas de Angola, Brasil, Moçambique e Portugal, com o objetivo de apresentar uma parcela da produção contemporânea desses países lusófonos. Os trabalhos apresentam interseções entre as artes visuais e a música e refletem sobre questões como memória, espaço e arquitetura, por meio de instalações, fotografias, vídeos e objetos.

As Margens dos Mares O performer compartilha com o público vivências próprias, todas elas relacionadas com a morte de parentes e amigos. De acordo com Benjamin, "a morte é a sanção de tudo o que o narrador pode contar. É da morte que ele deriva sua autoridade." Assim, mais do que compartilhar a morte, eis uma performance que parte dela para abrir um olhar renovador sobre a vida. A performance se configu-

O NARRADOR

Onde: Sesc Pinheiros Rua Paes Leme, 195 – Pinheiros Quando: 8/5 a 2/8, de terça a sábado, das 10h às 21h30; domingo, das 10h às 18h30 Mais informações: (11) 3095-9400

ra, então, como um encontro entre ator/performer e público ouvinte, entrelaçados pelo gesto de contar histórias. Onde: Sesc Ipiranga R. Bom Pastor, 822 – Ipiranga Quando: 12/6 a 1º/8, sextas, às 21h30; sábados, às 19h30 Mais informações: (11) 3340-2046


ROT E IRO SP Por Priscila Oliveira

Esportes de aventura RADICAIS Quem pensa em esportes de aventura não imagina que seja possível praticar longe das montanhas e do verde, mas dentro do caos urbano, entre os prédios e o trânsito infernal da cidade de São Paulo

WakeboArd 2D Cable Park / Estância – Estrada velha de Santos, Km 33, Riacho Grande – São Bernardo do Campo – Estância Alto da Serra Informações: (11) 99659-2590 O wakeboard é uma espécie de esqui aquático praticado sobre uma prancha. O wakeboarder fica com os pés presos à prancha e realiza vários tipos de manobra, enquanto é puxado por um barco. A represa de Guarapiranga foi o berço do esporte no Brasil, nos anos 1990. Hoje, segundo a Associação Brasileira de Wakeboard (ABW), a modalidade conta com 40 mil adeptos no País, grande parte deles em São Paulo.

Casa de Pedra – Rua Venâncio Aires, 31 – Água Branca Diária: R$ 15. Curso: R$ 60 para não associados, R$ 45 para associados Informações: (11) 3875-1521 A escalada esportiva é uma modalidade de esporte de aventura que já nasceu urbana. Ela surgiu na Europa, como uma forma de treinamento para montanhistas dentro da cidade. Hoje, já bastante difundida e atrai tanto os adeptos do montanhismo tradicional quanto os escaladores urbanos – o esporte vem ganhando cada vez mais adeptos entre os paulistanos. A modalidade é praticada em dupla, em ginásios de escaladas, e faz do esporte sua principal atividade física.

Escalada esportiva


Cantareira Adventure – Avenida Sen. José Ermírio de Morais, 1.400 –Tremembé Passeios de quatro a cinco horas, grupos de até 20 pessoas, R$ 150 por pessoa. Informações: (11) 4063-0410 Enfrentar atoleiros e buracos, desbravar a mata fechada em um jipe com tração nas quatro rodas e terminar coberto de lama ou poeira. O grande desafio dos off--roaders é ultrapassar qualquer tipo de obstáculo com total adrenalina. O off-road ("fora de estrada") 4x4 pode ser encontrado sem sair da cidade de São Paulo. O Parque Estadual da Cantareira, a apenas 10 quilômetros ao norte do centro da capital, é um dos destinos mais procurados por jipeiros.

Fotos: Divulgação

Off-road 4x4

Simulador de Paraquedismo

Wind Up – Av. Cruzeiro do Sul, 1.100 – Canindé Informações: (11) 3432-2473 O paraquedismo é uma das atividades preferidas para os corajosos que apreciam voos panorâmicos e muita adrenalina. E os paulistanos têm a oportunidade de sentir essa emoção com um simulador de voo. Nele, é possível se divertir sem risco ou precisar saltar de um avião a 3 mil metros de altura.


L I V ROS

DICAS de leitura

Cidade maravilhosa Vitrine da nação, farol do país, coração do Brasil, a cidade do Rio de Janeiro é geralmente representada no imaginá-

Mundo empresarial

Coletânea

No livro Mas, Afinal, o que É essa Tal

Se, por um lado, o desenvolvimento

dos elementos constitutivos da nacio-

Organização?, o autor Sidney Zaganin

econômico é requisito da modernida-

nalidade brasileira. A comemoração

Latorre procura responder à questão

de e da paz social, por outro, os recur-

dos 450 anos de sua fundação, em 1º

propondo uma metáfora em que des-

sos naturais necessários à sua realiza-

de março último, e os 40 anos da ca-

creve a organização como uma pessoa

ção são exauríveis e finitos, impondo

pital fluminense podem nos mostrar

que tem corpo e alma e, por isso, pode

ações efetivas para proteção e preser-

o quanto o desafio de construção de

aprender, mudar, adoecer e até morrer

vação dos elementos fundamentais à

uma nova identidade para o Rio tem

ao longo de seu ciclo de vida.

continuidade da vida em nosso pla-

sido (ou não) bem-sucedido. A leitura

A publicação tem linguagem leve, mas

neta. Com uma linguagem clara e de

de Rio de Janeiro – Uma Cidade na His-

não deixa de lado o rigor técnico, por

uma visão multidisciplinar e holística,

tória, de Marieta de Moraes Ferreira,

isso, a obra é voltada a diversos tipos de

o livro Tributação e Sustentabilidade

obra reeditada especialmente para

público, do alto executivo até o funcio-

Ambiental tem como objetivo difun-

a ocasião, pode nos ajudar a entender

nário com funções básicas. O autor su-

dir ideias e propostas de autores bra-

esse percurso e os desafios permanen-

gere que o corpo e a alma das organiza-

sileiros e estrangeiros, os quais trarão

tes de definição do lugar do Rio no con-

ções correspondem, respectivamente,

suas contribuições acerca de temas

texto do Brasil e de um mundo globali-

aos aspectos mais concretos e visíveis

relevantes envolvendo meio ambien-

zado no século 21.

– pessoas, estruturas, tarefas e tecno-

te, desenvolvimento econômico, vida

Marieta de Moraes Ferreira é doutora

logia – e aos mais sutis, como a cultu-

digna, sustentabilidade e tributação.

em História pela Universidade Fede-

ra e os valores organizacionais, que se

Os textos foram organizados por Ana

ral Fluminense e realizou pós-douto-

relacionam com a individualidade e a

Alice De Carli, Leonardo de Andrade

rado na École des Hautes Etudes em

personalidade da organização.

Costa e Ricardo Lodi Ribeiro.

Sciences Sociales-EHSS, Paris.

Mas, Afinal, o que É essa Tal Organização?

Tributação e Sustentabilidade Ambiental

Rio de Janeiro – Uma Cidade na História

• Editora Senac São Paulo

66

edição 39 • julho | agosto • 2015

• FGV Editora

rio social como a mais perfeita síntese

• FGV Editora


MINISTÉRIO DA CULTURA E ITAÚ APRESENTAM

ETTY SYLVIO MIRIAM FRASER ZILBER MEHLER YUNES GABRIELA MARLENE CHAMI RABELO COLLÉ

TEXTO E DIREÇÃO:

ODILON WAGNER

FOTO: JAIRO GOLDFLUS

LAURA NÍVEA CARDOSO MARIA SONIA GÉSIO GUEDES AMADEU

DE SEXTA A DOMINGO SEXTA ÀS 21H30 SÁBADO ÀS 21H00 DOMINGO ÀS 19H00

PROMOÇÃO

12

APOIO

TRANSPORTADORA OFICIAL

REALIZAÇÃO

Classificação etária:

PATROCÍNIO

RUA DR. PLINIO BARRETO, 285 BELA VISTA - SP


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