40 ISSN 1983-1390
00040
revista comércio & serviços publicação da federação do comércio de bens, serviços e turismo do estado de são paulo
9
771983
139001
ANO 24 • Nº 40 • setembro/outubro • 2015
PEC DA S DOMÉSTIC A S Novas oportunidades em serviços de limpeza
PR INCE S A TECEL Ã A c id ade de Amer ic ana e a Guer ra de Secessão
Um passeio pelo turismo paulista
SUSTE N TA BIL IDA DE PA R A TODOS Ações unem a cadeia da construção civil
No ano passado, a cidade de São Paulo recebeu mais de 15 milhões de visitantes, boa parte veio a negócio. No interior, os diversos circuitos turísticos atraem visitantes de todo o Brasil e do exterior
MOSTEIRO DE SÃO BENTO His tór ia , c ult ura e delíc ia s dos monges b enedit inos
Canal FecomercioSP. Assista, assine, opine. Discutir o Brasil ĂŠ fundamental. www.youtube.com/fecomerciosp
Aqui tem a força do comércio
C A RTA AO L EI TOR
A força do
turismo paulista Este tem sido um ano desafiador para
consumidor deixa de comprar; e o co-
todos: empresários, trabalhadores,
merciante não sabe se irá vender.
governantes, políticos, enfim, a população, em geral. O desemprego vem
Como antídoto contra a paralisia do País,
batendo recorde, a inflação continua a
nesta edição especial da revista C&S,
subir – apesar da taxa de juros estar
analisamos a fundo o setor de turismo
em patamar muito alto –, já se fala em
no Estado de São Paulo. Esse é um mer-
Produto Interno Bruto (PIB) negativo
cado amplo, que reage de forma dife-
de quase 2% em 2015 e a desconfiança
rente em relação à crise. No setor de via-
é generalizada. A estratégia do gover-
gens corporativas, a palavra de ordem é
no federal de emplacar uma agenda
reduzir custo; as viagens internacionais
positiva (com o Plano de Investimen-
estão em baixa em razão do dólar mais
tos em Logística, o apoio à Agricultu-
caro, apesar das promoções das compa-
ra e o Plano Nacional de Exportações,
nhias aéreas; e as classes A e B estão via-
na tentativa de trazer alento para a
jando mais para destinos dentro do País.
economia), torna-se inócua diante da crise política, com o embate cada vez
Recentemente, a FecomercioSP criou o
mais acirrado entre o Executivo e o
Conselho Executivo de Viagens e Even-
Legislativo. Todo esse cenário afasta
tos Corporativos, presidido por Viviânne
os investimentos, deixa o consumidor
Martins, profissional experiente e com
cauteloso e derruba as vendas do co-
destacado trabalho no mercado de via-
mércio e a produção na indústria – um
gens corporativas, por meio da Associa-
círculo vicioso difícil de ser quebrado.
ção Latino Americana de Gestores de Eventos e Viagens Corporativas (Alagev).
A palavra mais importante a ser resga-
Sua principal missão é gerar conteúdo
tada hoje é confiança. Ela movimenta
estratégico e articular os setores públi-
a economia, dá ânimo para ir ao tra-
co e privado, aproveitando o lugar cati-
balho, move o empresário a produzir
vo que a Federação possui no Conselho
e gerar empregos e estimula o consu-
Estadual de Turismo. Mesmo com a
midor a comprar. A falta de confiança,
crise, as empresas precisam fechar ne-
por sua vez, traz resultados negativos:
gócios, por isso, participam dos even-
o trabalhador, que não
tos corporativos. A capital paulista tem
sabe se continuará em-
hoje em torno de 300 mil metros qua-
pregado, produz menos
drados de pavilhões para eventos, mais
e mal; o empresá-
que o dobro do Rio de Janeiro, com 100
rio não investe e
mil metros quadrados. Temos de forta-
pode demitir; o
Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo Presidente Abram Szajman Diretor-executivo Antonio Carlos Borges
Conselho Editorial Ives Gandra Martins, José Goldemberg, Renato Opice Blum, José Pastore, Jorge Duarte, Pedro Guasti e Antonio Carlos Borges Editora Editor-chefe e jornalista responsável André Rocha MTB 45653/SP Editor Carlos Ossamu Repórteres Filipe Lopes, Rachel Cardoso e Raíza Dias Estagiária Priscila Oliveira Editores de arte Clara Voegeli e Demian Russo Chefe de arte Carolina Lusser Designers Renata Lauletta e Laís Brevilheri Assistentes de arte Paula Seco, Cíntia Funchal e Vitória Bernardes Estagiário Yuri Miyoshi Revisão Flávia Marques, Luisa Soler e Paulo Teixeira Fotos Ciéte Silvério e Rubens Chiri Colaboram nesta edição André Zara, Barbara Oliveira, Haroldo Silveira Piccina, Leonardo Fontenele e Lúcia Camargo Redação Rua Itapeva, 26, 11º andar Bela Vista – CEP 01332–000 – São Paulo/SP Tel.: (11) 3170 1571 Fale com a gente cs@fecomercio.com.br Impressão Plural Indústria Gráfica
lecer ainda mais o setor.
Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), entidade que administra o Sesc e o Senac no Estado
Aqui tem a força do comércio
ÍNDICE
especial turismo
14
turismo paulista
Na capital, impera o turismo de negócios; no interior, ainda há muito a fazer
20
vocação para o negócio
Além dos eventos corporativos, São Paulo tem cultura e gastronomia
22
belezas do interior
Conheça a riqueza dos diversos circuitos turísticos do interior paulista
8
26
28
32
38
42
entrevista
Especializada em viagens corporativas, a agência de turismo Kontik Franstur diversificou
queda livre
O setor de serviços vem sentindo forte retração com a crise econômica
negócio da limpeza
Com a PEC das Domésticas, cresce as oportunidades em serviços de limpeza
tERRA DOS CONFEDERADOS
Imigrantes norte-americanos ajudaram a fundar a cidade de Americana
44
48
54
58
ATENÇÃO AO CLIENTE
Sistemas de CRM fazem a administração de relacionamento com o cliente
IDENTIDADE VISUAL
Como a arquitetura física da loja influencia no sucesso do negócio
62
66
SUSTENTABILIDADE
A indústria da construção civil não quer mais ser a vilã do meio ambiente
UM DIA NO ...
Mosteiro de São Bento, a instituição mais antiga de São Paulo, com mais de 417 anos
BOM PARA TODOS
Ruas de comércio temático ganham impulso e movimentam a cidade
COMER COM OS OLHOS
Restaurante Tantra serve pratos com flores comestíveis, cultivadas no local
AGENDA CULTURAL
Livros
64
Roteiro SP
Dicas de leituras para os empreendedores ficarem bem informados e atualizados
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Preços e condições obtidos pela negociação coletiva da Qualicorp com as operadoras de saúde parceiras. 2R$ 187,15 – Bradesco Saúde Nacional Flex E CA Copart 5 (registro na ANS nº 473.115/15-8), da Bradesco Saúde, faixa etária até 18 anos, com coparticipação e acomodação coletiva (tabela de julho/2015 – SP).
1
EN T R E V ISTA Por André Zara fotos Rubens Chiri
O segredo é DIVERSIFICAR E
duardo Vasconcellos se apai-
xonou pelo turismo na década
la os segredos do negócio e da longevidade da companhia.
de 1970, quando começou a gerir
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a agência de turismo Kontik Frans-
Especializada em diversos segmentos,
tur (fundada em 1955), na época,
a Kontik tem como estratégia a diver-
uma empresa do Banco Econômico.
sificação, independentemente de ser
Quando a instituição financeira de-
nas viagens corporativas, na realização
cidiu vender o negócio, ele o com-
de eventos, ou, modernamente, no in-
prou em 1992 e contagiou a pró-
vestimento no varejo online de viagens
pria família. Seus dois filhos (Duda
de lazer. Isso traz solidez em momentos
e Fernando) e a esposa embarca-
mais difíceis, e a aposta se mostrou cer-
ram na aposta e transformaram
teira neste ano, com retração do merca-
a empresa, sediada em Salvador
do corporativo para a Kontik, mas com
(BA), em uma das mais respeita-
crescimento nas vendas de turismo de
das agências de turismo no Brasil.
lazer. Além disso, Vasconcellos revela o
Em entrevista à revista C&S, o atual
jeito único de gestão da empresa, que
diretor comercial e filho de Vascon-
não tem presidente e as equipes estão
cellos, Fernando Vasconcellos, reve-
distribuídas em células autônomas.
ASSIM QUE NOTOU QUEDA NOS NEGÓCIOS CORPORATIVOS, A KONTIK REFORÇOU A ATUAÇÃO EM TURISMO DE LAZER E VENDAS ONLINE
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EN T R E V ISTA
Fernando Vasconcellos,
diretor comercial da Kontik Franstur
Como surgiu a Kontik Franstur?
dessas regiões. Em 2000, quando acabou
e minha mãe cuida das viagens de jo-
o contrato, no primeiro dia útil, vim para
vens para os Estados Unidos. Por isso,
Em 2015, completamos 60 anos, mas a
abrir o escritório em São Paulo e volta-
sempre nos preocupamos muito com a
empresa não foi criada pelo meu pai. Era
mos ao mercado paulista.
gestão familiar e buscamos no mercado
do Banco Econômico, pois antigamente bancos tinham empresas de turismo.
quem poderia nos ajudar: a Fundação Dom Cabral, que nos auxiliou na ques-
Ele era diretor da instituição e, na década
Como é ser uma empresa familiar?
de 1970, foi convidado para tomar conta
Eu comecei a trabalhar na Kontik em
panhamento externo a cada três meses.
das áreas não financeiras do banco, como
1994, logo após sair do colégio. Pedi pa-
Somos uma empresa familiar, mas extre-
seguros, além da Kontik. Meu pai se en-
ra trabalhar e passei por várias áreas.
mamente profissionais.
cantou pelo turismo, e quando o banco
Comecei operando telex, depois passei
decidiu vender o setor, em 1992, ele com-
por atendimento corporativo, fatura-
prou a empresa. A American Express quis
mento e cheguei à área comercial. En-
Como ficou a gestão da empresa por causa dessas questões?
comprar a Kontik, mas não queríamos
tendi que precisava rodar na empresa
Não temos presidente, mas uma forma
vender. Comercialização, apenas a ope-
para conhecê-la e foi um processo de seis
de gestão diferente, com base em uma
ração no Sul e no Sudeste. Mantivemos
anos. Meu irmão, Duda, é diretor de ope-
estratégia em cinco pilares: vendas cor-
o nome Kontik e fizemos um contrato de
rações e de relacionamento com fornece-
porativas, diversificação para impul-
não concorrência, ficando oito anos fora
dores, meu pai é presidente do conselho
sionar crescimento, tecnologia, solidez
10
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tão de como fazer e, hoje, temos acom-
O primeiro semestre foi bem difícil no segmento corporativo e não enxergamos melhora no segundo
Como você vê a profissionalização do mercado de turismo brasileiro? É um grande desafio, principalmente no segmento corporativo. A expectativa sobre o consultor é grande, mas não corresponde à realidade. Antigamente, hotéis e companhias aéreas investiam mais na capacitação do trade, mas, com a busca pela lucratividade, isso ficou de
financeira e nossas pessoas (RH). A fór-
pois queremos passar o ano respirando
lado. As pessoas não têm tempo nem di-
mula é que cada um toma conta da sua
bem. Acompanhamos diariamente as
nheiro para conhecer os destinos. Outro
área, mas cada setor responde ao outro.
vendas e devemos apresentar resulta-
problema é que vivemos num mundo
Eu sou responsável pela área comercial
dos iguais aos do ano passado. E ainda
de pessoas ansiosas, que querem subir
e tenho metas, mas em algumas delas
falam que 2016 será a mesma coisa. Eu
rápido. O desafio é conquistar o colabo-
respondo ao Duda, e vice-versa. Outro
converso muito com clientes e, de fato,
rador para que ele se conecte à compa-
diferencial é que dividimos as pessoas
o pessoal está segurando investimento,
nhia e tenha comprometimento para
em equipes multifuncionais e acabamos
mesmo em setores que poderiam reagir.
continuar na organização. Como nossos
com departamentos. Temos 19 “peque-
É uma crise de confiança, não se sabe o
fornecedores estão passando pelos mes-
nas kontiks” que atendem a uma gama
que o futuro trará. O primeiro semestre
mos dilemas, vemos os problemas em
de clientes e têm todas as áreas, como
foi bem difícil no segmento corporativo
cadeia e fica difícil mostrar valor para
faturamento e relacionamento. São cé-
e não enxergamos melhora no segundo.
os clientes. Por isso, temos consultores
lulas autônomas, para acabar com dis-
O que tem ajudado é o turismo de lazer,
seniores que não perdemos por nada, pa-
putas internas e resolver as demandas
com aumento de vendas na nossa plata-
ra realizar os roteiros mais complexos.
rapidamente, em vez de jogar problemas
forma de vendas online, o Zupper.
A tecnologia nos ajuda muito no controle,
para outros departamentos. Dentro delas, dividimos as empresas clientes por
mas cabe ao consultor fazer os trechos mais complexos das viagens, que é onde
grandes em uma célula, por isso, elas não
Quais são as dificuldades para atuar no segmento de viagens corporativas?
competem entre si. É diferente, mas esta-
Dispor de caixa é a parte difícil do merca-
mos acostumados, pois funciona assim
do. Precisamos de fluxo para bancar os
Qual é a importância do Estado de São Paulo para os negócios?
há 14 anos.
prazos dos clientes, especialmente pelo
Atualmente, as viagens corporativas cor-
seu baixo uso do cartão de crédito. Além
respondem por 70% dos nossos negócios;
Como a empresa tem enfrentado o cenário econômico mais desafiador deste ano?
da pouca utilização, as empresas que-
eventos e incentivo, 18%; online, 10%; e o
rem sempre prazos maiores. Brincamos
excedente é lazer. Dentro do segmento
que o protesto chega antes da fatura do
corporativo, o Estado de São Paulo é res-
Em 2014, tivemos mais de R$ 900 mi-
hotel [risos]. Por isso, precisamos ter cai-
ponsável por 60% do faturamento, con-
lhões em faturamento. Foi um ano bom,
xa e meta de Ebitda [lucros antes de ju-
tra 30% do Rio de Janeiro. Temos sedes em
considerando que tínhamos medo do
ros, impostos, depreciação e amortiza-
Salvador, Rio e São Paulo, mas, hoje, a ca-
impacto da Copa do Mundo. O even-
ção] por segmento específico. Olhamos
pital paulista concentra 75% dos mais de
to prejudicou o fluxo só no período de
o fluxo de caixa diariamente: não adian-
500 funcionários. As grandes empresas
realização. Neste ano, o mercado está
ta só olhar as vendas, do contrário, você
e decisões são tomadas aqui. Mesmo se
sofrendo – e nós também. Os resulta-
quebra. Também prestamos atenção em
eu quiser atender a grandes empresas na
dos de janeiro foram péssimos, então,
como os bancos olham para nós, pois re-
Bahia ou na América Latina, a base delas
em fevereiro, já fizemos os ajustes ne-
sultados ruins podem encarecer ou cor-
está aqui. Por isso, precisamos ter presen-
cessários. Seguramos investimentos,
tar linhas de crédito.
ça forte na cidade para nos relacionarmos.
tamanho, mas colocamos cada uma das
mostramos o nosso valor.
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EN T R E V ISTA
Fernando Vasconcellos,
diretor comercial da Kontik Franstur
Vamos lançar em novembro uma empresa única e exclusiva para atender às pequenas empresas, deixando o atendimento às médias e grandes na Kontik
Qual é a importância das pequenas e médias empresas no segmento de viagens corporativas?
17 anos. A responsabilidade é maior, pois
Vamos lançar em novembro uma em-
para muitos deles é a primeira viagem
Como é a estratégia de divulgação da plataforma?
internacional. Por causa disso, tomamos
O perfil de passageiros é diversificado
muitos cuidados, e minha mãe, Maria
e focamos realmente em baixo custo
José, supervisiona o segmento pessoal-
de propaganda, como blogs e outras
presa única e exclusiva para atender às
mente. Ela é a conhecida por “tia Zezé”
maneiras de divulgação, em vez de
pequenas empresas, deixando o atendi-
na Bahia e toma conta dos passageiros –
links patrocinados do Google, que con-
mento às médias e grandes na Kontik.
em torno de 2 mil por ano – como filhos.
somem muita receita. O Zupper tem
O Brasil tem um número enorme de pequenos negócios que compram viagens
atendimento diferenciado, um conceito de butique, no qual problemas são resol-
de levar relatórios e sistemas para que
Por que a Kontik decidiu investir no varejo online, com a plataforma Zupper?
consigam aproveitar melhor e ter acordo
A participação do turismo de lazer era
rentabilidade e volume para que a nossa
diferenciado. Entendemos o grande desa-
pequena no grupo, fazíamos só ações
estratégia de diversificação faça sentido.
fio, por isso, estamos separando as ope-
para clientes corporativos. Com o Zupper,
Atualmente, a plataforma representa
rações para dar atendimento especial.
tentamos direcionar os investimentos. O
10% do faturamento, mas queremos
site começou como estratégia de diver-
que chegue a 20% no futuro. Isso deixa o
A cidade de Orlando (EUA) elegeu o dia 15 de junho como o “Kontik Day”. Como foi o reconhecimento?
sificação e porque sempre somos bom-
grupo saudável, porque se o corporativo
bardeados com a questão da tarifa mais
vai mal, o lazer compensa.
Nós levamos grupos de jovens para a
de varejo online. Começamos a planejar
Disney desde 1974. Ficamos surpresos
há quatro anos, mas o Zupper entrou
com a consideração, pois não é um prê-
em operação há três. O mercado online
Como está o planejamento para a Kontik se tornar uma das maiores agências do Brasil em 2020?
mio que se concorre. É um reconheci-
é difícil e exige forte investimento em
O projeto “Feliz 2020”, lançado em 2010,
mento pelo fato de a empresa ter leva-
marketing. Pegamos o jeito e encontra-
estipula que devemos ter 15% de cres-
do mais passageiros por mais tempo do
mos o caminho com a humanização do
cimento por dez anos consecutivos. No
Brasil para o destino, injetando US$ 10
atendimento. Isso fideliza o cliente e faz
entanto, temos registrado 23% ao ano.
milhões por ano na economia local. Esse
com que volte sem grandes despesas em
A estratégia está baseada nos cinco
é um nicho forte e histórico para nós na
marketing. Hoje, 30% das vendas vêm de
pilares de gestão. Por isso, toda quar-
Bahia, transportando jovens dos 13 aos
clientes recorrentes.
ta-feira um dos cinco diretores faz
separadas e sem gestão. Gostaríamos
12
vidos mais rapidamente. Não queremos ser Submarino ou Decolar, queremos ter
barata da internet. Criamos uma empresa separada para competir no mercado
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uma apresentação sobre a área que
se trabalhar. Já temos várias ações nes-
Humildade e reconhecimento dos erros
é responsável e a estratégia adotada.
se sentido, mas ainda estamos tentan-
são também nossos pilares. E sempre
A cada três meses nós nos reportamos
do mensurar.
olhar para dentro: veja o que o merca-
para o conselho e o conselheiro externo, e todo ano revisamos o planejamento.
do está fazendo, mas não se preocupe muito com isso e coloque o seu negócio
anos à frente e isso está em nossa cul-
Quais são os segredos para uma empresa durar 60 anos no mercado?
tura: investimos muito tempo nisso. Nós
Pode parecer clichê, porém, nunca se deve
mesmo que não seja perfeito. Pode pa-
queremos ser uma das cinco maiores
ficar na zona de conforto, mas buscar a
recer trivial, mas não há como inventar
agências do Brasil. Já somos a quarta
renovação. Outra coisa é ouvir o cliente:
a roda. O difícil é colocar em prática, por
maior no segmento corporativo, mas
muita gente dá a desculpa que o consu-
isso, é necessário disciplina. Esse é um dos
gostaríamos também de sermos reco-
midor quer tudo, mas é preciso descobrir
motivos de realizarmos tantas reuniões:
nhecidos como a melhor agência para
o que é realmente importante para ele.
Temos o hábito de pensar sempre dez
para funcionar. Ponha a sua estratégia em prática, não deixe o tempo passar,
o empenho para atingir resultados. &
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C A PA POR AndrĂŠ Zara
Terra do trabalho e do turismo
Nesta edição, traçamos um amplo panorama do mercado de turismo no Estado de São Paulo. Com boa infraestrutura, a capital paulista e cidades próximas são destaques no segmento de turismo de negócio. Já no interior, foram criados diversos circuitos temáticos por regiões, mas ainda há muito a melhorar no turismo de lazer
C A PA
E speci a l T U R ISMO
S
ão Paulo se destaca como o prin-
Por causa do cenário desafiador da eco-
trabalho no mercado de viagens cor-
cipal destino para viagens de negó-
nomia e da importância do mercado
porativas, por meio da Associação La-
cios no País e a porta de entrada para
para o Estado, a FecomercioSP decidiu
tino Americana de Gestores de Even-
turistas estrangeiros. Com sua capital
criar um conselho na área de turismo
tos e Viagens Corporativas (Alagev),
vibrante, o entretenimento e as artes
com o objetivo de ajudar os empresá-
Viviânne quer colocar a mão na mas-
também ganham destaques, atraindo
rios. O órgão consultivo se chama Con-
sa e usar a estrutura da FecomercioSP
cada vez mais viajantes, que decidem
selho Executivo de Viagens e Eventos
para gerar conteúdo estratégico e
esticar a estadia após a participação
Corporativos e vai debater os vários
articular melhor os setores público e
de eventos. Todos esses atrativos serão
“turismos”, que oferecem serviços
privado. E o conselho promete muitas
testados neste e no próximo ano, com o
para diversos públicos e, muitas vezes,
ações, uma vez que a Entidade tem
momento econômico ruim e a crise po-
dependem dos mesmos fornecedores.
lugar cativo no Conselho Estadual
lítica, que prejudicam o segmento de
“Turismo é um motor guiado por vá-
de Turismo.
viagens corporativas. O turismo inter-
rios mercados, com o qual combina-
no de lazer pode ajudar a mitigar essa
mos para funcionar. São Paulo tem
Bons negócios
situação, porém, é salutar ter mais pro-
uma capacidade única e a oportuni-
O Estado de São Paulo é líder e fatu-
fissionalização e divulgação com obje-
dade para ser ainda mais profissional.
ra muito com o turismo. Somente em
tivo de vender a paulistas e visitantes
Queremos ajudar para o sucesso de
eventos, segundo a União Brasileira
de fora, mostrando que o Estado figu-
todo o setor”, afirma a nova presiden-
dos Promotores de Feiras (Ubrafe), a re-
ra-se como uma ótima opção de férias.
te, Viviânne Martins. Com destacado
gião é a que mais promove feiras e con-
16
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gressos no Brasil. De acordo com a enti-
pela Fundação Instituto de Pesquisas
tudo de Turismo do Estado de São Pau-
dade, no período 2013/14, das mil feiras
Econômicas (Fipe) para o Ministério
lo 2011-2012”), feito com base em 7.866
realizadas no Sudeste, seiscentas acon-
de Turismo, São Paulo ficou com 47,6%
questionários de visitantes ao Estado,
teceram no Estado paulista. “Além da
do fluxo de estrangeiros que visitaram
aproximadamente dois terços (66,8%)
cidade de São Paulo, que consideramos
o Brasil a negócios ou para participar
dos turistas entrevistados residem na
a capital de feiras do Mercosul, Santos
de eventos ou convenções. Líder como
própria Região Sudeste, seguido pelas
e Campinas têm boas estruturas para
destino de lazer, o Rio de Janeiro é o
regiões Sul (12,4%), Nordeste (9,2%) e
eventos e temos grandes feiras em Ri-
segundo na preferência de trabalho,
Centro-Oeste (7,1%). A participação da
beirão Preto e Sertãozinho, ligadas à
com 24,4% das visitas.
Região Norte é reduzida (2,2%), e equi-
indústria sucroalcooleira, comprovan-
valente àquela dos estrangeiros, tam-
do a força do Estado”, afirma o presi-
Com todos esses atrativos, de acordo
dente da Ubrafe, Armando Mello.
com estimativa do Observatório do Tu-
bém 2,2% dos entrevistados.
rismo da SPTuris, a cidade de São Pau-
O próprio Estado de São Paulo é o prin-
As diferenças paulistas são infraes-
lo recebeu 15 milhões de visitantes em
cipal emissor de turistas para si mes-
trutura – que começou a ser implan-
2014. Isso representa um crescimento
mo, respondendo por 50,1% da origem
tada há 50 anos, quando a cidade se
de 20% sobre o número de turistas
dos viajantes. Visitar amigos e paren-
preparava para receber muitos visi-
que estiveram na capital em 2012. No
tes é o motivo da viagem mais citado
tantes – e ofertas para abrigar visi-
entanto, não há estimativa para o total
pelos entrevistados (35,5%), seguido
tantes, como pavilhões de eventos
de turistas no Estado. Segundo o últi-
por lazer (28,6%) e negócios (19,9%). O
do Anhembi. “A cidade de São Paulo
mo levantamento sobre a região (“Es-
que chama a atenção é que a capital
tem, hoje, 300 mil metros quadrados de pavilhões para eventos contra 100 mil do Rio de Janeiro. E como cada um desses aparelhos tem influência a 500 quilômetros de distância, os eventos na cidade impactam os vizinhos (Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná)”, explica. Com a capacidade de atrair muita gente, os eventos dão início a uma grande reação em cadeia de negócios, em que ganham restaurantes, hotéis, agências de viagem e varejo lo-
São Paulo tem uma capacidade única e a oportunidade para ser ainda mais profissional. Queremos ajudar para o sucesso de todo o setor Viviânne Martins
presidente do Conselho Executivo de Viagens e Eventos Corporativos da FecomercioSP
cal. “Como muitas ofertas só existem aqui, é comum os visitantes trazerem até a família para aproveitar. Os eventos precisam da infraestrutura de São Paulo, geradora de renda e impostos”, conclui – esse suporte estrutural é o melhor do Brasil para o turismo, segundo levantamento do Ministério do 65 destinos brasileiros.
Grandes números Por esses motivos, o Estudo da Demanda Turística Internacional, executado
Foto: Fernando Nunes
Turismo sobre competitividade entre
C A PA
E speci a l T U R ISMO
paulista atrai a maioria das visitas dos
a não conhecer o Estado, mesmo com
turistas (34%), deixando pouco fluxo
todos os apelos”, afirma.
para outros, como Campinas (4,8%) e Ribeirão Preto (3,4%).
Emissor de turistas
Crise e oportunidade No entanto, existe outro fator. Promover São Paulo como destino turístico
São Paulo, além de receber muitos
é um pensamento recente: somente
turistas, também é o maior emissor
em 2009, a Assembleia Legislativa
desses viajantes do Brasil (somente
estadual autorizou a propaganda go-
para o Amazonas foram 205 mil pau-
vernamental fora dos limites do Es-
listas em 2014, maior demanda entre
tado para estimular o turismo. Além
os 617 mil excursionistas domésticos
disso, alguns dos avanços contempo-
registrados). Mas o Estado ainda luta
râneos foram a formação de circui-
para atrair seus próprios residentes
tos turísticos e a definição de cidades
para conhecer as belezas de interior
como de interesse para passeio [leia a
e litoral. “Estimamos que o interior
seguir]. Neste ano, que muitos consi-
de São Paulo seja o emissor de 23% do
deram de crise, a alta do dólar e o re-
fluxo de turistas no Brasil – o segun-
ceio do consumidor podem gerar via-
do maior, atrás apenas da capital. Ou
gens mais curtas e ajudar no turismo
seja, mandamos muitos turistas para
regional paulista. Segundo a “Son-
fora, mas no segmento receptivo ain-
dagem do Consumidor – Intenção de
da engatinhamos”, diz o presidente da
Viagem”, do Ministério do Turismo,
Associação das Agências de Viagens
em junho, os paulistas apresentaram
Independentes do Interior do Estado
a maior intenção de viagem dentro do
de São Paulo (Aviesp), Marcelo Matera.
próprio Estado (31,8%), entre as sete capitais pesquisadas. O destaque no
Para ele, como o paulista viaja pouco
quesito “viagens de ônibus” foi São
dentro do Estado, o desafio está na
Paulo, do qual 17,6% dos viajantes
propaganda e no treinamento de mão
deve usar esse meio de transporte –
de obra para receptivo. “É um fator
crescimento de 74,2% em compara-
crucial para receber turistas. Existe
ção a junho de 2014. Por causa da eco-
oportunidade de crescimento a longo
nomia, a “Sondagem do Consumidor”
prazo, mas empresários e governan-
registrou no mês o melhor índice de
tes precisam investir nas várias possi-
intenção de viagem para destinos na-
bilidades. Temos de criar, promover e
cionais dos últimos quatro anos.
vender produtos que atraiam o turista. Devemos mirar o exemplo de des-
Quem também percebe esses resulta-
tinos, como as Serras Gaúchas, que
dos é a diretora-executiva da Federa-
têm pacotes completos com toda a
ção das Empresas de Transportes de
infraestrutura de atendimento”, ana-
Passageiros por Fretamento do Esta-
lisa Matera. De acordo com ele, parte
do de São Paulo (Fresp), Regina Rocha,
desse desconhecimento é resultado
cujos associados prestam serviços de
do declínio do turismo rodoviário no
fretamento constantes (para escola-
Estado, muito forte antigamente, mas,
res e trabalhadores) e eventuais (ex-
com barateamento dos bilhetes áere-
cursões de turismo). “As empresas que
os, perdeu força. “Isso ajuda o paulista
constantemente contratam os servi-
Estimamos que o interior de São Paulo seja o emissor de 23% do fluxo de turistas no Brasil, atrás apenas da capital. Ou seja, mandamos muitos turistas para fora, mas no segmento receptivo ainda engatinhamos Marcelo Matera Foto: Divulgação
presidente da Aviesp
ços estão negociando mais os contra-
sam em infraestrutura receptiva e or-
No panorama geral, o mercado tem
tos e diminuindo o número de viagens.
ganização do fluxo de pessoas.
sentido o momento econômico de
Mas o fretamento eventual não sentiu
maneira diferente. No segmento de
impacto e existe aumento de deman-
Para o presidente do Sindicato das
viagens corporativas, as empresas
da por viagens pequenas, com dura-
Empresas do Turismo no Estado de
estão reduzindo custos. Já o turismo
ção de um dia”, diz.
São Paulo (Sindetur), Ilya Hirsch, os
de lazer para as classes A e B não sen-
agentes de viagem, que poderiam ser
tiu impacto nas vendas, mas, em de-
Para Regina, é hora de aproveitar o
uma parte importante dessa cadeia,
corrência das incertezas, esse turis-
momento, apesar da necessidade de
não vendem o interior e o litoral por-
ta prefere viagens mais próximas do
apoio na divulgação e na capacitação
que o turismo interno não exige tan-
embarque ou redução do tempo de
turística no interior. “Muitas cidades
to planejamento do excursionista. “O
estadia no destino. “Com os clientes
até hoje impedem a entrada de freta-
agente quer vender um produto com
das classes C e D, é preciso ser mais
mentos, exigindo pagamento de ta-
maior rentabilidade, como um resort
ativo e oferecer ofertas. Todos os for-
xas ou reserva de hotel para turistas
no Nordeste, para aumentar comis-
necedores investem em promoções
rodoviários. Esse é um entrave para o
são. As viagens internas envolvem
para manter o setor aquecido, es-
turismo regional que vem de percep-
baixos custos, com informações dis-
timulando a competição”, diz. Com
ções da década de 1980, quando esse
poníveis para o consumidor”, explica.
a diversidade de cenários, típica de
viajante era visto como ‘farofeiro’”, ex-
De acordo com Hirsch, para gerar mais
um gigante, como São Paulo, o desa-
plica. De acordo com ela, os problemas
demanda, seria melhor treinar agen-
fio para os empresários é continuar
com esses turistas acontecem princi-
tes de viagem de outros Estados, ten-
faturando e, quem sabe, vender mais
palmente porque as cidades não pen-
do São Paulo como destino.
o destino. &
edição 40 • setembro | outubro • 2015
19
C A PA
E speci a l T U R ISMO
Por andré zara
São Paulo tem de tudo Como não poderia deixar de ser, a capital paulista é líder em turismo de negócios no País, e a oferta em outras áreas é tão grande e variada como a cidade
S
ão Paulo é a maior cidade do
Segundo ele, entre as ações estão
Brasil, e sua lista de atrações para
a entrega de dez novas Centrais de
turistas é tão diversa quanto sua
Informação Turística para a cidade,
população. A cidade é conhecida por
sendo duas fixas (CIT Congonhas e
ser o destino de milhares de viajantes
Tietê) e oito móveis (atingindo 15 cen-
de negócios do País e estrangeiro to-
trais no total); a instalação de 451 pla-
dos os anos, porém, o município tem
cas de sinalização turística para pe-
muito mais a oferecer em termos de
destres, na região central e Avenida
cultura, gastronomia e serviços, que
Paulista (parte de ação que acontece
resultam em atração de milhões de
desde 2007 e já garantiu a implan-
pessoas todo os anos. “O ano de 2014
tação de 700 placas); e a criação de
foi excelente para o turismo de São
uma Central de Monitoramento do
Paulo. Recebemos mais de 15 milhões
Turismo, que gera relatórios mensais
de turistas, ganhamos os olhos do
com um panorama do mercado turís-
mundo com a Copa e entregamos
tico na cidade.
para a cidade uma série de projetos
20
edição 40 • setembro | outubro • 2015
com objetivo de fortalecer o destino
Esse foco no turismo e os investi-
turístico”, afirma secretário municipal
mentos deram à cidade uma série de
para Assuntos de Turismo e presiden-
prêmios no ano passado, nacionais e
te da SPTuris, Wilson Poit.
internacionais, como o de melhor des-
tino turístico do Brasil e terceiro me-
dências do mercado local para melho-
tação de serviços de receptivo e trans-
lhor da América do Sul pelos usuários
rar a oferta. “Estamos analisando com
porte executivo. “Nós lidamos com
do site TripAdvisor. Outro destaque
mais critério e precisão todas as ver-
públicos diferentes, tanto de negócios
para a diversidade do turismo local foi
tentes do turismo: o médico, o religio-
como de lazer. Ter uma gama extensa
o reconhecimento da rede de televisão
so, o LGBT, o de estudo, o de negócios e,
de produtos abre oportunidades e pro-
americana CNN, que listou as dez me-
principalmente, o de lazer. O que per-
blemas, mas somos especialistas na
lhores vidas noturnas do planeta e ele-
cebemos neste ano é um crescimento
cidade e prontos para atender a qual-
geu a capital paulista o quarto melhor
nos turistas de lazer/cultura, no turis-
quer demanda relacionada”, afirma o
do ranking. “São Paulo é a capital do
mo doméstico (nacionais) e naqueles
gerente comercial da Urben, Lucas Leal
entretenimento, da cultura e da gas-
que ficam em casas de amigos e pa-
Cunha. E em uma cidade tão diversa,
tronomia, além de ser muito democrá-
rentes. Um dos motivos é a crise eco-
os cenários são sempre desafiadores,
tica. É possível aproveitar o que há de
nômica”, conta. Para ele, neste cená-
especialmente relacionados à logís-
melhor na cidade gastando pouco ou
rio de dificuldade da economia, todos
tica operacional de transporte pelas
encontrar uma enorme oferta de luxo.
precisam de mais profissionalização e
dimensões do município. “A legisla-
Apesar de ser um destino sem a combi-
aperfeiçoamento. “Nos segmentos de
ção tem mudado muito, com cada vez
nação de praia e sol, o município atrai
saúde, estudo e LGBT, continuamos lí-
mais dificuldades para trabalhar com
por outras vertentes. São mais de 280
deres no Brasil, afinal, não há outra ci-
ônibus e fretamentos. Como também
salas de cinema, cerca de cem museus
dade no País com oferta maior nesses
oferecemos transporte executivo, o
e 180 teatros, além de inúmeros par-
setores”, analisa.
momento de guerra entre o aplicativo
ques e áreas verdes, isso sem contar a oferta para compras”, explica Poit.
Uber e os taxistas tem causado incerUma das empresas que aproveita (e
teza para nós. Não existe regulação es-
enfrenta os desafios) de atuar na ca-
pecífica para o transporte executivo e,
Segundo o presidente da SPTuris, a en-
pital paulista é a Urben Turismo, que
muitas vezes, somos confundidos com
tidade monitora e analisa diversas ten-
existe desde 2001 e trabalha na pres-
motoristas do aplicativo”, explica. A empresa trabalha geralmente recebendo grupos, especialmente da ter-
São Paulo é a capital do entretenimento, da cultura e da gastronomia, além de ser muito democrática
ceira idade, religiosos, estudantes e profissionais de empresas. Os produtos mais vendidos são os tradicionais city tours, mas uma tendência tem despontado na cidade nos últimos anos: pacotes para shows e musicais. Por isso, a Urben fica de olho na programação
Wilson Poit
para oferecer os serviços. “Notamos
presidente da SPTuris
que a mídia dava muita atenção para os eventos e começamos a receber pedidos das agências que vendem nossos produtos em todo o Brasil”, diz Cunha. Mesmo com a grande oferta de São Paulo, a empresa não passa impune
Foto: Divulgação
pela crise econômica e sentiu queda de 10% na demanda em relação ao ano passado. A solução é inovar e acreditar que, mesmo sem praia, a capital paulista pode agradar a todos. &
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C A PA
E speci a l T U R ISMO
Por André zara
Turismo à la carte
São Paulo criou vários circuitos temáticos, divididos por região. É só pegar o menu e escolher (tem para todos os gostos)
O
Estado de São Paulo tem mui-
que, muitas vezes, o próprio morador
tas atrações, porém, ainda pouco co-
local não conhece a cidade vizinha”,
nhecidas entre os próprios turistas pau-
afirma o gerente executivo do SRCVB,
listas e de outros Estados. Para chamar
Alexandre Nunes. Segundo ele, tra-
a atenção, as regiões começaram a se
balhar em conjunto é complexo, es-
unir em circuitos turísticos (atualmen-
pecialmente considerando aspectos
te, são 32) com base nas semelhanças
políticos. “É um cabo de guerra, mas
locais. O momento pode ser ideal para
o turismo é ideal para unir o mercado,
eles, pois os viajantes estão com menos
pois as pessoas circulam por várias ci-
dinheiro no bolso e tendem a escolher
dades quando viajam. O maior objeti-
destinos mais próximos e baratos.
vo é fazer com que elas voltem”, conta.
Um dos circuitos de destaque é o da
Para divulgar o destino, a estratégia é
Costa da Mata Atlântica, que inclui
identificar os distintos mercados (se-
nove cidades da Baixada Santista:
jam para eventos, sejam para lazer), a
Bertioga, Cubatão, Guarujá, Santos,
fim de obter fluxo o ano inteiro e com-
São Vicente, Praia Grande, Mongaguá,
bater a sazonalidade. “Participamos
Itanhaém e Peruíbe. A marca foi cria-
de feiras com diferentes perfis, para
da em 2003 pelo Santos e Região
cobrir todos os segmentos e despertar
Convention & Visitors Bureau (SRCVB)
consciência sobre nós”, diz. Além de
e pelas nove prefeituras da região.
participar dos eventos, o circuito tem
“A iniciativa buscou fortalecer nos-
material gráfico completo sobre infra-
sos diferenciais, e o desafio é fazer as
estrutura, portal na internet, aplicati-
pessoas redescobrirem a região, que
vo de celular em três idiomas e atua-
vai além das praias. É um esforço por-
ção constante nas mídias sociais.
C A PA
E speci a l T U R ISMO
Para avançar na promoção do destino,
nasceu da Associação de Turismo Rural
dade, em 2014, que revelou que 500 mil
foram preparadas algumas novida-
do Circuito das Frutas, com o objetivo
turistas foram ao destino por causa do
des: em agosto, foi lançado um portal
de desenvolver o turismo local. “As
turismo regional no ano. Em virtude do
internacional na internet (inglês e es-
pessoas estavam preocupadas, por-
desenvolvimento turístico, o setor em-
panhol) voltado a negócios e eventos,
que desde a década de 1980 havia um
pregava perto de 6 mil pessoas.
e, no ano que vem, deve ser lançado
desafio de agregar valor às proprieda-
um observatório do turismo na re-
des rurais. A descoberta foi o turismo
O roteiro tem o apoio regional do con-
gião, em parceria com a Universidade
e, após 15 anos da criação do circuito,
sórcio de dez municípios que fazem
Paulista (Unip), Etecs, Instituto Federal
já nos desenvolvemos muito, porém,
parte do circuito, pois dão aporte fi-
de Cubatão, Sebrae-SP, prefeituras, en-
focamos em trazer turistas e em ca-
nanceiro anual para ajudar na divul-
tre outros agentes. “Vamos criar uma
pacitar os empreendedores”, afirma o
gação e se reúnem mensalmente para
metodologia para monitorar o fluxo de
proprietário da operadora receptiva
discutir ações. “Precisamos de apoios
turistas na região, com base em dados
regional Rizzatour, José Luiz Rizzato, e
estadual e federal para criar projetos
de vendas de passagens de ônibus, pe-
um dos fundadores da entidade, hoje
que nos ajudem a ser conhecidos em
dágio, balsas, setor hoteleiro e eventos.
com 28 associados. Mesmo assim, ain-
todo o Brasil e nos façam crescer”, ex-
Teremos ainda parte qualitativa para
da é um desafio convencer o produtor
plica. Para ele, os empresários preci-
entender como o turista avalia a re-
rural de que a propriedade dele não
sam estar prontos para encantar os
gião. Com isso, podemos ser mais efe-
serve só para a produção. “Dos 2 mil
clientes e oferecer experiência, mos-
tivos na criação de políticas públicas e
produtores de frutas da região, apenas
trando os contextos cultural e ecoló-
acadêmicas, melhorando a formação
120 trabalham ou estão começando a
gico. O maior fluxo de turistas vem de
da mão de obra”, completa Nunes.
trabalhar conosco”, conta.
grupos que compram os pacotes de agências emissivas, com forte desta-
Turismo rural
O circuito foi citado recentemente, des-
que para a capital paulista. “Apesar de
Outro destaque é o Circuito das Frutas,
tacando a cidade de Jundiaí como uma
o maior número vir da cidade de São
formado pelas cidades de Atibaia,
das dez referências para o turismo rural
Paulo, temos bom fluxo de grupos do
Indaiatuba, Itatiba, Itupeva, Jarinu,
no Brasil pelo Ministério do Turismo. A
Rio de Janeiro vindos em feriados e pe-
Jundiaí, Louveira, Morungaba, Valinhos
importância do circuito também pode
ríodos de férias, que ficam três ou qua-
e Vinhedo. Criado em 2000, o roteiro
ser medida em pesquisa realizada na ci-
tro dias”, explica. Apesar da crise eco-
Foto: Divulgação
nômica, o volume de turistas para o roteiro continua constante. “O que nos ajuda é que estamos próximos da capital, oferecendo pouco deslocamento e baixo custo, e isso tem mantido a média de visitantes”, conta Rizzato.
Pé na estrada Trabalhando fora do apoio financeiro das prefeituras, o circuito Caminho do Sol, que corta dez cidades do interior paulista, totalizando 241 quilômetros de percurso, aposta em experiência similar ao Caminho de Santiago, popular destino para peregrinos na Espanha. O roteiro começou em 2002 graças ao entusiasmo de José Carlos Casarão histórico em Jarinu (SP) serviu de apoio às expedições dos bandeirantes
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edição 40 • setembro | outubro • 2015
Palma. “Resolvi criar um ambiente
Estados Unidos, França, Espanha, Japão,
guias formalizados, assim como a di-
Itália e Venezuela.
vulgação do destino.
Já o Circuito Turístico Religioso, que in-
Mais apoio
clui os municípios de Aparecida, Gua-
O turismo fora da capital também
ratinguetá, Lorena, Canas e Cachoei-
ganhou um apoio especial neste ano,
ra Paulista, é mais recente, criado em
com a aprovação do projeto de Lei
2007 após a visita do Papa Bento XVI ao
Complementar nº 32/2012, que pre-
Brasil. Seguindo a trilha, em 2009, foi
vê a ampliação do número de muni-
criada Associação dos Guias do Circui-
cípios beneficiários com os recursos
to Turístico (AGCTUR) para unir a mão
vinculados ao Fundo de Melhorias das
de obra especializada da região. “For-
Estâncias. A iniciativa institui que 140
mamos a entidade quando ainda éra-
municípios paulistas serão de interes-
para caminhadas a longa distância,
mos alunos do curso de turismo local,
se turístico. Para poder se encaixar, as
dotado de ampla infraestrutura que
mas, hoje, temos 50 profissionais as-
cidades deverão preencher alguns cri-
permitisse às pessoas ter contato com
sociados”, diz o presidente a agctur,
térios, como: possuir potencial turís-
a natureza e vivenciar momentos de
João Gilberto de Oliveira.
tico; meios de hospedagem; serviços de alimentação, de transporte, de se-
reflexão e introspecção. A relação com as prefeituras é simplesmente social.
O maior desafio enfrentado para o au-
gurança, de informação e receptivos;
O Caminho do Sol é uma instituição
mento da oferta de serviços pelo gru-
plano diretor de turismo; entre outros.
privada e não depende em nada das
po é o próprio fluxo de pessoas que as
Com isso, o governo estadual planeja
prefeituras ou de qualquer órgão ou
cidades recebem, formado por visitan-
aumentar o investimento no turismo
verba pública”, explica Palma.
tes de um dia, muitas vezes guiados
por meio de um fundo constitucional
por um coordenador de romaria das
que, para este ano, prevê um aporte de
No ano passado, estiveram no circuito
paróquias, e não turistas que se hos-
R$ 268 milhões para as 70 cidades com
674 peregrinos e 428 “bicigrinos” (ciclis-
pedam e permanecem. “Eles são au-
estâncias turísticas existentes.
tas) passando pelas cidades de Águas
toguiados e acham que não precisam
de São Pedro, Cabreúva, Capivari, Itu,
de profissional especializado”, explica.
O Sebrae-SP também está lançando
Mombuca, Piracicaba, Pirapora do Bom
Por isso, muito dos trabalhos são con-
catálogos para divulgar circuitos e ro-
Jesus, Salto, Santana de Parnaíba e São
tratados por agências de turismo de
teiros e suas diversas possibilidades.
Pedro. “Optei por cruzar o máximo pos-
fora, que enviam grupos do Sul e do
Os primeiros volumes lançados são so-
sível a área rural para que o Caminho pu-
Nordeste, e preferem trabalhar com
bre o Circuito Turístico Águas Paulista
desse proporcionar um maior contato
serviço especializado e legalizado.
e o Roteiro Turístico Caminhos Baixa
com a natureza. Isso também dá visibi-
Mogiana. Cada publicação tem infor-
lidades turística e midiática a pequenas
Outro desafio, segundo Oliveira, é a
mações sobre os municípios abordados
cidades, vilarejos e distritos por onde
carência de pensar produtos turísti-
e o circuito em questão. O conteúdo
passa o circuito. Assim, a passagem de
cos fora da visita da basílica, princi-
informa aos turistas a história, desta-
peregrinos influencia diretamente a
palmente com os apoios da inovação e
ques das cidades, dicas, informações
economia local, com os consumos de
do empreendedorismo locais. Por isso,
úteis e indicações de locais para visitas,
produtos, alimentação e serviços”, ex-
uma das soluções da entidade foi criar
bem como onde comer e se hospedar. A
plica. Ainda de acordo com ele, o per-
a Romaria Nacional dos Profissionais do
expectativa é que todo esse movimen-
fil dos turistas que escolhem o circuito
Turismo, que terá sua segunda edição
to e a especialização dos destinos fa-
é de acima de 40 anos, com ligeira van-
neste ano, em setembro, e buscar apoio
çam com que o turismo regional cresça
tagem do público feminino, vindos de
do Consórcio de Desenvolvimento
cada vez mais, mostrando a paulistas e
todos os Estados, além de países como
Integrado do Vale do Paraíba (Codivap),
pessoas de outras regiões os prazeres
Alemanha, Áustria, Argentina, Bélgica,
com o objetivo de incentivar a busca de
de se conhecer o Estado de São Paulo. &
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A RT IG O POR Haroldo Silveira Piccina
QUEDA LIVRE
O
Como parte da estratégia de ajuste,
relevantes para os setores empresa-
o governo federal cortou gastos com
riais representados no parlamento
serviços de publicidade e propagan-
não são discutidos. Sem interlocução,
da, consultoria e engenharia. Projetos
assistimos à aprovação de PECs e PLs
foram suspensos, obras foram para-
que prejudicam diretamente as em-
lisadas. Sem dinheiro, Estados e mu-
presas, inviabilizando qualquer reação
nicípios seguiram a mesma linha,
delas, bem como aumentando seu en-
cortando esses serviços – de grande
dividamento e causando desemprego
qualificação técnica com despesas
e quebradeira.
acentuadas em aquisição de conhecisetor de serviços, que chegou
mento e tecnologia.
a responder por 69,4% do PIB em 2013,
O setor que historicamente salvou o emprego no Brasil, na última década,
está perdendo o fôlego e registrando
Desde o salão de beleza da periferia,
agora vai engrossar os coros da indús-
fortes perdas diante da crise econômi-
que não consegue pagar suas despe-
tria e do comércio. Os ganhos que o pró-
ca. Depois de dez anos em crescimen-
sas de energia elétrica e de água, até
prio governo obteve com a formaliza-
to, os erros na condução da economia
a empresa de engenharia, que não
ção do setor serão totalmente perdidos
fizeram o setor viver uma situação de
tem como pagar royalties dos softwa-
– parte deles de forma irrecuperável.
queda livre.
res que utiliza, todo o setor está atordoado com o que está passando. É o
O cenário é fortemente desfavorável,
A irresponsabilidade nos gastos pú-
caso dos prestadores de serviços de
mas temos de continuar acreditan-
blicos, nos dois últimos anos, resulta
transporte: impulsionados a investir
do em nossa capacidade de reação,
agora em consequências desastrosas
em ampliação de frotas para atender
mesmo diante de uma conjuntura tão
para a economia. O IBGE revela um en-
à demanda crescente por mais de dez
complicada. Já saímos de situações
colhimento da renda média em torno
anos, agora sofrem com a paralisação
parecidas antes, o problema é que
de 5% entre maio de 2014 e maio de
do setor industrial, reduzindo subs-
nossa paciência com a classe política
2015. Só o dado já explica a retração
tancialmente a necessidade de trans-
vai se esgotando e, logo, não teremos
nos serviços de alojamento, alimenta-
porte de seus produtos.
ção e serviço pessoais. Essa realidade afeta todo o setor, mas a situação crí-
Sabemos que a inflação deve ser con-
tica é a das micros e pequenas empre-
trolada, porém, não podemos arcar
sas, que estão se endividando de for-
com todos os custos desse controle. O
ma perigosa.
governo precisa cortar gastos ou não
mais como acreditar no País. &
teremos resultados a médio prazo. Há A inflação, pivô da crise, ainda está
muito o que cortar sem prejudicar o
em alta e só deve estacionar no fim do
funcionamento da máquina, porém,
ano, com possível queda no início de
as reduções não são feitas por ques-
2016. Como ela é o termômetro, nada
tões políticas – aliás, basicamente es-
deve acontecer de positivo na econo-
sas mesmas questões que levaram o
mia até que ela ceda de forma sus-
País à atual situação.
tentável. Já conhecemos o problema de longa data, mas desta vez, a guerra
No atual cenário de guerra aberta en-
fará muitas vítimas. Quando a queda
tre Congresso e governo, no qual um
do setor de serviços é tão acentuada,
promete retaliar o outro, ambos não
ela revela que não há dinheiro no mer-
estão preocupados com as consequên-
cado, ou seja, o combate à inflação é
cias dessa briga pelo poder. As banca-
efetivo, mas exagerado.
das estão perdendo força e os temas
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edição 40 • setembro | outubro • 2015
Haroldo Silveira Piccina é empresário, advogado, administrador de empresas, contabilista, vice-presidente da FecomercioSP, presidente do Conselho de Serviços da Entidade e presidente do Sindicomis/ACTC
CENSO
HEPATITE C
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Apoio
N EG ÓCIOS Por filipe lopes
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edição 40 • setembro | outubro • 2015
Revolução na limpeza Após regulamentação da “PEC das Domésticas”, cresce a procura por serviços de limpeza profissional realizados por empresas especializadas
V
igora desde 1º de junho de 2015 a
mentação), indenização compensa-
Lei Complementar (LC) nº 150, de 2015,
tória da perda do emprego sem justa
que regulamenta a chamada “PEC das
causa, entre outros benefícios.
Domésticas”, equiparando a classe aos demais trabalhadores urbanos. São
Para tanto, o empregado terá de des-
considerados trabalhadores domés-
tinar 8% do salário à contribuição pre-
ticos: faxineira, cozinheira, copeira,
videnciária. Já o empregador pagará
babá, cuidadora, enfermeira, motoris-
8% de contribuição patronal previden-
ta particular, jardineiro, caseiro, entre
ciária, 0,8% a título de contribuição
outros. Se, por um lado, a medida traz
social para financiamento do seguro
direitos legítimos aos trabalhadores
contra acidentes de trabalho, 8% do
da categoria, por outro, encarece para
FGTS e 3,2% destinados ao pagamen-
as famílias manterem os empregados
to de indenização compensatória da
domésticos, o que abre oportunidades
perda do emprego. No total, a contri-
de negócios para empresas prestado-
buição mensal a cargo do empregador
ras de serviço terceirizado de limpeza
doméstico passa a ser de 20%, fora o
e diaristas.
salário do funcionário. Esse montante desestimula a manutenção de um em-
A FecomercioSP publicou uma car-
pregado doméstico em tempo integral
tilha explicando todas as altera-
e abre espaço para diaristas autôno-
ções na lei, disponível no endereço
mos e empresas que oferecem o servi-
www.fecomercio.com.br/publicaco-
ço com menor frequência de trabalho
es. A nova legislação garante à ca-
e preços mais acessíveis.
tegoria seguro-desemprego, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
Oportunidades
(FGTS), adicional noturno, carga ho-
A PEC criou um novo nicho de mercado
rária de 44 horas semanais, férias
para as empresas prestadoras de servi-
remuneradas, salário-família (con-
ços: o da limpeza doméstica. Segundo
cedido ao empregado doméstico que
o vice-presidente administrativo fi-
apresentar a certidão de nascimento
nanceiro da Associação Brasileira
dos filhos, ainda depende de regula-
do Mercado de Limpeza Profissional
edição 40 • setembro | outubro • 2015
29
N EG ÓCIOS
R e voluç ão n a l i mpez a
(Abralimp), Danilo Volante, esse seg-
mento por essas atividades ao “boom”
dos para apartamentos pequenos. “O
mento tem sido ocupado principal-
imobiliário, em 2006. “Nessa época,
cliente quer preço bom. Oferecemos,
mente pelo modelo de franchising
os apartamentos diminuíram de ta-
entre outras opções, limpeza diá-
(franquias) com expressivo crescimen-
manho e áreas de serviços e quartos
ria (em média, 20 minutos/dia) em
to no ranking da Associação Brasileira
de empregados deixaram de existir
apartamentos de até 50 metros qua-
de Franchising (ABF). “Na Abralimp,
nas moradias das grandes cidades,
drados, por R$ 285 ao mês. Esse valor
somente neste ano, foram registrados
enquanto áreas de lazer ganharam es-
é muito inferior ao cobrado por um
11 novos associados que atuam na lim-
paço nos condomínios. Isso gerou mui-
diarista ou profissional fixo, fora que
peza doméstica”, afirma. Mesmo com
ta demanda por serviços, como jardi-
já está contabilizado o gasto com pro-
a ampliação do segmento residencial,
nagem, limpeza e reformas”, aponta
dutos químicos”, afirma Ticoulat. Os
o progresso do setor de limpeza profis-
Ticoulat. No início de 2014, ele fun-
serviços da empresa já fazem suces-
sional continua predominantemente
dou a Limpeza com Zelo (braço espe-
so e, segundo ele, a Limpeza com Zelo,
voltado ao mercado institucional, for-
cializado em serviços residenciais do
que iniciou suas atividades com fatu-
mado por shopping centers; hospitais;
grupo de representantes da JAN-PRO
ramento médio de R$ 1 milhão/mês,
hotéis; condomínios; comércio; bares e
no Brasil, presente há 12 anos no País)
agora, um ano e meio depois, fatura
restaurantes; construtoras (pós-obra);
para oferecer qualidade, pontualidade
R$ 7 milhões mensais, com 25 fran-
indústrias; instituições de ensino; ter-
e bom preço para o setor.
quiados espalhados por São Paulo, Rio
minais rodoviários, ferroviários e aero-
de Janeiro e Minas Gerais.
portuários; e outros espaços que pre-
A empresa oferece serviços de limpeza
cisem de limpeza. Atualmente, estão
residencial a partir de R$ 20 por hora
Para Ticoulat, o segmento de limpeza
cadastradas no site da Abralimp 122
e conta com pacotes mensais fecha-
residencial seguirá aquecido nas gran-
limpeza profissional em todo o Brasil. Segundo levantamento mais recente da Abralimp sobre o mercado de limpeza profissional no Brasil, divulgado em 2013, o setor movimentou entre R$ 17,1 e R$ 17,8 bilhões em 2012 e empregava 760 mil trabalhadores exclusivamente na limpeza profissional. Apesar de não obter dados mais atuais, de acordo com Volante, acompanhando o crescimento do PIB dos dois últimos anos, estima-se que no ano
“
Na Abralimp, somente neste ano, foram registrados 11 novos associados que atuam na limpeza doméstica Danilo Volante
vice-presidente da Abralimp
passado o setor movimentou em torno de R$ 18,22 bilhões. Há mais de 20 anos no mercado de limpeza profissional, sendo ex-presidente da ABF e fundador da primeira franNeto acompanhou as mudanças que o segmento sofreu ao longo dos anos – como o despertar da demanda por serviços residenciais – e credita o au-
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edição 40 • setembro | outubro • 2015
Foto: Rubens Chiri
quia do setor no Brasil, Renato Ticoulat
“
empresas prestadoras de serviços de
Renato Ticoulat Neto
fundador da Limpeza com Zelo
“
“
No interior, ainda se mantém a cultura do empregado fixo em casa e a rotina das pessoas é diferente das grandes cidades
por hora, e para serviço recorrente, R$ 20,90 por hora. Existe uma tabela de preços baseada em horas por metros quadrados, que varia de R$ 87,15, para serviços avulsos em residências de 40 a 50 metros quadrados (que demandam de 3h30 a 4 horas de trabalho), até mais de R$ 211,65, para serviços em áreas superiores a 140 metros quadrados (que necessitam de mais de 8 horas de atividades). Em média, uma diarista em São Paulo cobra R$ 110 por até seis horas de serviços
Foto: Rubens Chiri
(máximo de horas que caracterizam a atividade de diarista). Apesar dos preços serem atrativos nos dois serviços, segundo Ana, conforme a necessidade do cliente, na Helpling, as pessoas contam com a segurança de contratar des capitais brasileiras, mas os muni-
recebemos as demandas por e-mail.
um profissional avaliado e, teorica-
cípios do interior ainda não estão pre-
Conforme a localização da residência,
mente, mais seguro. “As pessoas estão
parados para a prática. “No interior,
encaminhamos o profissional dispo-
mais conscientes que precisam con-
ainda se mantém a cultura do empre-
nível para a atividade”, afirma a ge-
tratar profissionais confiáveis para en-
gado fixo em casa e a rotina das pes-
rente de operações da Helpling, Ana
trar em seus lares, mas também que-
soas é diferente das grandes cidades”,
Carparelli. Entre os critérios para sele-
rem economizar. Contratar faxineiras
aponta. A empresa espera inaugurar
ção de profissionais, a empresa exige
por meio da nossa plataforma permi-
ainda neste ano mais cinco unidades
experiência comprovada de pelo me-
te ao cliente solicitar serviços a qual-
franquiadas e dar sequência ao forta-
nos dois anos na área, além de possuir
quer hora do dia ou da noite e calcular
lecimento da marca.
conta em banco, acesso à internet e
os gastos conforme o tempo de servi-
noções básicas de informática, bem
ços – cobrança justa e segura”, afirma.
Elo entre cliente e profissional
como a realização de entrevista pes-
Se o momento é bom para empresas
soal com cada um para atestar a qua-
Já para o profissional, a empresa afir-
que prestam serviços de limpeza pro-
lidade dos serviços que oferecerão.
ma que os ganhos com os serviços
fissional, também é propício para o
prestados por meio da plataforma
surgimento de novas plataformas que
A dinâmica da plataforma não cria
chegam a ser até três vezes maiores
aproximem profissionais autônomos
vínculo empregatício entre profissio-
do que se ingressassem sozinhos no
dos clientes por meio da tecnologia.
nal e contratante, uma vez que per-
mercado. “No sistema, o autônomo
A Helpling, plataforma online alemã
mite que o mesmo faxineiro realize
recebe ofertas de serviços, que po-
que recruta profissionais de limpeza e
apenas dois serviços por semana em
dem aceitar (ou não) conforme sua
agenda serviços com clientes residen-
cada residência (limite máximo per-
disponibilidade. Com essa flexibili-
ciais, chegou ao Brasil em setembro
mitido pela lei). Outra vantagem para
dade, ele consegue atender quantos
do ano passado e já comemora a acei-
o cliente é o preço por faxina, fecha-
clientes quiser e escolher suas folgas”,
tação de faxineiros e contratantes. “A
do conforme o metro quadrado da
afirma Ana. Em razão dessas facilida-
empresa conta com profissionais pre-
residência e da quantidade de horas
des, segundo a empresa, a platafor-
viamente avaliados e cadastrados no
que o serviço despenderá. Para um
ma conta com mais de 600 profissio-
sistema, que são acionados quando
serviço avulso, são cobrados R$ 24,90
nais cadastrados. &
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R A IO X
Fotos: Divulgação
POR Raíza Dias
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Novos rumos após reinado do algodão Fazendeiros sulistas norteamericanos derrotados na Guerra de Secessão vieram para o Brasil plantar algodão e ajudaram a fundar a cidade de Americana, a "Princesa Tecelã do Brasil"
R
econhecida no passado por ser
Com população estimada em quase
a “Princesa Tecelã” do País, a cidade
227 mil habitantes, segundo o Institu-
de Americana (SP), antes identificada
to Brasileiro de Geografia e Estatística
apenas pelo forte mercado têxtil, tem
(IBGE), a cidade está entre os 20 muni-
se destacado também em atividades
cípios brasileiros com melhor Índice de
complementares a indústria automo-
Desenvolvimento Humano Municipal
bilística, construção e serviços.
(IDHM) de 2013, medido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvi-
As oportunidades econômicas da pe-
mento (Pnud), ocupando a 19ª posição
quena cidade, a 129 quilômetros da ca-
na listagem.
pital paulista, não são os únicos atrativos para empresas e moradores.
O Produto Interno Bruto (PIB) de Ame-
Americana é dona da melhor pontu-
ricana está entre os cem maiores do
ação no Índice de Bem-Estar Urbano
País, chegando aos R$ 7,13 bilhões, se-
(Ibeu) do País, medido pelo Observa-
gundo dados do IBGE de 2012, no 98º lu-
tório das Metrópoles. O reconheci-
gar. A cidade abriga 25,9 mil empresas,
mento é fruto de bons indicadores em
das quais quase 90% são micros e pe-
termos de condições ambientais, ur-
quenas, conforme mostram os dados
banas, habitacionais e atendimento a
da Confederação Nacional do Comér-
serviços coletivos.
cio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
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Novos r u mos após o reinado do A L G ODÃO
Fotos: Divulgação
R A IO X
Com população estimada em quase 227 mil habitantes, segundo o IBGE, a cidade está entre os 20 municípios brasileiros com melhor Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) Algodão e imigrantes
Após a derrota na Guerra Civil dos
identidade de Americana até meta-
Estados Unidos, muitos fazendeiros
de dos anos 1990, período em que a
sulistas perderam suas terras e imi-
cidade passou a enfrentar dificulda-
graram para o Brasil, como alternati-
des diante da concorrência chinesa
va para continuar os negócios. No in-
no mercado têxtil. Antes disso, a ci-
terior de São Paulo, a cidade de Santa
dade era conhecida como a “Princesa
Bárbara D'Oeste recebeu parte desses
Tecelã”. “Americana ainda é forte no
imigrantes, que investiu no cultivo de
mercado têxtil. A cidade passou por
algodão. Americana, até então vista
transformações porque, antes, tinha
como uma vila da cidade, cresceu e
muito mais a produção de tecidos.
abrigou, também, plantações de café,
Hoje, envolve-se mais com confecção
Americana é uma cidade jovem. Fun-
tornando-se, com os anos, um novo
e produto acabado, o que agrega mais
dada em 1875, nasceu com apoio de
município paulistano.
valor ao item”, comenta o secretário de planejamento do município, Cláu-
imigrantes norte-americano confede-
dio Amarante.
rados, que, após a derrota na Guerra
Os americanos não foram os únicos
de Secessão, finalizada há 150 anos,
estrangeiros a ocupar a cidade. A in-
vieram para o Brasil. A confederação
fluência imigratória também está pre-
Além do têxtil
era formada por Estados do Sul, agrá-
sente na recepção de portugueses, ita-
A desaceleração no mercado ligado ao
rios e escravagistas – Alabama, Caroli-
lianos, alemães e árabes.
algodão, no entanto, não fez a economia da cidade parar. Pelo contrário,
na do Sul, Flórida, Geórgia, Louisiana, Mississipi, Texas, Virgínia, Arkansas,
Essa ocupação baseada no cultivo de
abriu espaço para a diversificação de
Carolina do Norte e Tennessee.
algodão foi responsável por ditar a
atividades em Americana. “A cidade
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está mudando o perfil industrial, com
de maior valor agregado. Uma fábrica
Campinas. A localização de America-
empresas que dão suporte, principal-
que produz carros, por exemplo, em-
na é privilegiada e a mão de obra mui-
mente, ao setor automobilístico. Além
prega pouco em relação aos metros
to qualificada nessas áreas”, comenta.
disso, existe uma infraestrutura ins-
quadrados ocupados. Já uma empre-
talada de prédios utilizados, anterior-
sa de call center emprega centenas em
A pequena corporação da área de sis-
mente, para a atividade têxtil e que,
pouco espaço, sendo mais interessan-
tema de informação, Microgestão Sis-
agora, podem servir para o setor de
te para o mercado de trabalho”, indica
temas, fundada em 1989, soube olhar
serviços”, indica Amarante. “São bal-
Amarante.
para as oportunidades da cidade, como
cões e salões vazios, com preços aces-
indica um dos sócios, Fábio Ribas. “Te-
síveis para locação e venda. Agre-
As empresas que têm aproveitado as
mos muita demanda local. Atendemos
gado a isso, há a disponibilidade de
oportunidades de Americana são, por
seis Estados, mas 70% dos nossos clien-
mão de obra qualificada”, completa
exemplo, consultorias de negócios,
tes são de Americana. É um polo indus-
o secretário.
tecnologia da informação e marke-
trial bem atrativo e, em razão da iden-
ting, segundo indica o diretor-coor-
tidade têxtil, especializamo-nos no
Com a queda da economia ligada ao
denador do departamento das com-
atendimento a este setor”, afirma.
algodão, os locais antes ocupados por
panhias prestadoras de serviços da
essas empresas ficaram disponíveis,
Associação Comercial e Industrial de
A companhia, no entanto, buscou a di-
o que, para a cidade, deveria ser me-
Americana, Marcelo Fernandes. “Essas
versificação na cartela de clientes para
lhor aproveitado pelas companhias
organizações empresariais têm como
não depender apenas do mercado li-
de serviços. “Pretendemos ocupar
clientes não só os estabelecimentos da
gado à cadeia do algodão. “Atendemos
os espaços que a indústria têxtil dei-
nossa própria cidade, como também
a indústrias de alimentos, empresas
xou para atividades mais lucrativas e
de toda a região metropolitana de
do ramo de construção, metalúrgicas,
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R A IO X
Novos r u mos após o reinado do A L G ODÃO
comércio e, também, prestadores de serviços. O mercado de Americana é
Números de Americana
muito próspero e, além disso, a região
226.970
dita o empresário.
Habitantes, segundo estimativa de 2014 do IBGE
133,6 km
Extensão territorial da cidade
R$ 7,13 bilhões
metropolitana de Campinas é uma das locomotivas do Estado, produzindo muita demanda de serviços”, acre-
Os números da empresa comprovam o bom momento para o setor. O pequeno negócio atende, hoje, 150 clientes. A expectativa é bater os 200 até o fim de 2016. A meta de crescimento para 2015 era de 20%. No entanto, com meses antes de encerrar o ano, o objetivo foi alcançado e, agora, a Microgestão Sistemas estima um crescimento em torno de 30% nos negócios. “Está melhor que a encomenda”, brinca Ribas. Concorrência não falta, indica o
Produto Interno Bruto (PIB) de 2012, de acordo com o IBGE
empresário. Porém, ele aponta que há
R$ 641,1 milhões
Enquanto o setor de serviços cami-
Receita do Município em 2014, segundo a Secretaria de Fazenda
3,70%
Taxa de analfabetismo do município, segundo Censo de 2010
0,911
Melhor pontuação no ranking do Índice de Bem-Estar Urbano do País, medido pelo Observatório das Metrópoles
espaço para todos, desde que saibam aproveitar a diversidade do mercado.
nha a passos largos em Americana, o comércio segue conforme a entoada do mercado nacional: em ritmo lento. “O varejo de Americana não está bom. Está um pouco em retração, conforme o restante do País. Contudo, apesar de o nosso centro comercial ser muito pequeno, ele é bastante agitado. E há um dinamismo no nosso comércio, apesar de estar freado”, avalia o vice-presidente do Sindicato dos Lojistas e do Comércio Varejista (Sincomercio) de Americana e Região, Ozanini Mário Rosineli.
Empreendedorismo no DNA O ato de empreender faz parte da realidade de Americana. De 2013 para 2014, o número de novas empresas abertas na cidade aumentou 12,5%. Entre os micros e pequenos negócios,
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a ampliação foi de 12,6%. De 2014 até
automotores e motocicletas. Empresas
atendimento local. Americana é uma
julho deste ano, a abertura de em-
da indústria de transformação apa-
cidade extremamente próspera, com
preendimentos já registra crescimen-
recem em seguida, com alojamento e
um povo muito empreendedor. A cul-
to próximo a 6,5%, enquanto entre as
alimentação no terceiro lugar da escala.
tura da cidade é do empreendedo-
MPEs, a expansão é de 5,9%. Os dados
Negócios referentes a atividades admi-
rismo, tanto que a maioria das ati-
são do Empresômetro, da Confede-
nistrativas, serviços complementares
vidades que promovemos fica sem
ração Nacional do Comércio de Bens,
e construção também aparecem com
vagas rapidamente. Temos analisado
Serviços e Turismo (CNC).
destaque entre as MPEs da cidade.
o mercado de Americana como pro-
Ao realizar um raio x desses dados,
O movimento empreendedor da ci-
nota-se que a atividade econômica de
dade chamou a atenção, inclusive, do
Ribeiro indica que, apesar da pressão
predominância entre as micros e pe-
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
em algumas cadeias produtivas, como a
quenas estão ligadas ao comércio, prin-
Pequenas Empresas do Estado de São
sentida no mercado têxtil do município,
cipalmente as de reparação de veículos
Paulo (Sebrae-SP), que abriu, recen-
a economia local tem se mostrado ver-
temente, um posto de atendimento
sátil. “Americana não é só têxtil e con-
no município, com apoio de diversas
fecção. É uma cidade com posição ge-
entidades, até mesmo do Sincomer-
ográfica extremamente vantajosa em
cio, como explica o gerente do Escri-
termos de logística, além de ter um par-
tório Regional do Sebrae-SP em Pira-
que industrial diversificado e com um
cicaba, Antonio Carlos Ribeiro. “Era
povo bastante inovador, suscitado por
uma demanda antiga na cidade, que
várias oportunidades de negócio”, co-
missor e dinâmico.”
queria se organizar e ter um posto de
menta o representante do Sebrae-SP. &
Fotos: Divulgação
De 2013 para 2014, o número de novas empresas abertas na cidade aumentou 12,5%. Entre os micros e pequenos negócios, a ampliação foi de 12,6%
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T ECNOL OGI A POR barbara oliveira
Conheรงa o seu
Confira os sistemas de CRM enxutos, baratos e fáceis de usar, que permitem estreitar relacionamentos e fidelizar o consumidor
Q
nilhas manuais, como o Excel, para ali-
para tecnologias complicadas ou trei-
mentar os cadastros de compras e dos
namentos e estão mais preocupados
clientes, cuja eficácia é questionável
em fazer as visitas à clientela”, diz Fi-
e com resultados quase nulos. “Infe-
notti. Em menos de um mês, todos es-
lizmente, para esses compradores, os
tavam usando o software. “Com a fer-
softwares de gestão representam um
ramenta, passei a ter mais visibilidade
custo, e não um investimento”, obser-
das vendas e de quem eu atendo.”
va o consultor do Sebrae-SP Fabiano Nagamatsu. Mas, em cenário de crise,
Antes de sair à rua, os vendedores fa-
alta competitividade e consumidores
zem seu plano de visitas no computa-
exigentes, ferramentas com recursos
dor e, pelo celular, acessam o endereço
que tragam agendas, atualização de
e o telefone do restaurante ou empó-
dados – de clientes e de compras – e
rio. O telefone também avisa dos com-
módulos para ações de marketing e
promissos uma hora antes. “Embora
fidelização são importantes. Pequenos
eu não conheça detalhes do meu com-
empreendedores contam com solu-
prador, como nome e endereço, eu pos-
ções simples, práticas e baratas para
so visualizar as informações geradas
garantir a sobrevivência e se manter
sobre eles, alimentadas pelos vende-
no azul, mesmo em tempos difíceis.
dores, e as oportunidades que surgem
Afinal, vender mais, melhor e por mais
para alguma promoção, desconto etc.”
tempo é o que todos buscam. Com o sistema, a Sabores do Vinho A loja virtual Sabores do Vinho – no ar
conseguiu ampliar o número de res-
desde 2013 com atendimento a empó-
taurantes, eventos e pessoas físicas
uando uma pequena em-
rios, restaurantes e clientes individuais
atendidas, e deve fechar o ano com
presa, um varejo, prestador de servi-
apreciadores da bebida – trocou a ve-
crescimento de 80% sobre 2014. Em
ço, startup ou empreendedor resolve
lha planilha de atualização de contatos
julho, ele já havia ultrapassado o mo-
fazer um cadastro de seus clientes
e a agenda do Outlook por um sistema
vimento do ano passado, graças tam-
ou usuários, descobrir suas prefe-
unificado, mas com a mesma simpli-
bém a novos clientes conquistados.
rências para criar um perfil e, com
cidade exigida pelo seu proprietário,
“Com o CRM, eu dobrei meu fatura-
base nisso, planejar uma ação de ma-
Edson Finotti, só que bem mais ágil e
mento com o mesmo número de fun-
rketing para vender mais, fará CRM,
inteligente. Com apenas cinco pessoas
cionários”, comemora o empresário.
mesmo que nem se dê conta disso. A
na loja, entre operação e vendas, Finot-
ferramenta Customer Relationship
ti optou pela solução Agendor (cujo
Compacto e fácil de usar
Management (CRM) nada mais é do
nome remete à “agenda do vendedor”),
Gratuito para até duas pessoas em um
que uma estratégia de gestão de re-
porque é compacta e de fácil opera-
pequeno escritório e com plano básico
lacionamento com o público que se
ção, segundo ele; além de ser online e
a partir de R$ 80 mensais – para até
quer atingir – o primeiro passo para
ficar sempre disponível, tanto para os
cinco usuários –, o Agendor foi con-
incrementar as vendas.
desktops como para os smartphones
cebido justamente para quem não
(na forma de aplicativo).
quer nada complicado e precisa de
Muitos empresários de micros e pe-
algo enxuto para ganhar eficiência no
quenos negócios ainda não dominam
“Optei pela facilidade do sistema, por-
dia a dia, analisa o diretor da empresa
tais técnicas e insistem no uso de pla-
que os vendedores não têm tempo
do mesmo nome e criador do softwa-
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T ECNOL OGI A
C on heç a o seu cl iente
re, Gustavo Paulillo. Os recursos do
mática, sem que o cliente precise se
sário, a ideia é economizar tempo e ser
Agendor, mesmo no plano mais bara-
preocupar com isso.
algo direto e simples.” Apesar disso, existem tutoriais e vídeos de orien-
to, incluem cadastro de fornecedores, parceiros e clientes; históricos de rela-
Sempre que alguém buscar uma fer-
tação informando como o software
cionamento; agendamento de tarefas;
ramenta de relacionamento, como o
deve ser configurado.
importação de contatos; relatórios
CRM, precisa encarar a venda como
personalizáveis e etapas de vendas
algo metódico, estruturar esse seg-
Nagamatsu, do Sebrae-SP, lembra que
(contato, envio de proposta, follow-up
mento e acompanhar as etapas –
a partir do momento que o gestor faz
e fechamento); cadastro de produtos e
contato inicial, reuniões, visitas e fe-
um planejamento para conhecer me-
serviços; entre outras opções.
chamento das vendas – e, com isso,
lhor o seu público, ele já projeta o que
enxergar as ações necessárias, ensina
deseja de um CRM. “Sempre orienta-
Segundo Paulillo, muitos dos seus
Paulillo. O gestor e as equipes acom-
mos os empreendedores a entender
usuários (em torno de nove mil em-
panham esse processo e direcionam
primeiro quem eles querem atingir,
preendedores de micros, pequenas e
os esforços para novas oportunida-
se é jovem, techie, arrojado ou conser-
médias empresas) trabalhavam com
des. “O painel na tela é como uma
vador e tradicional. E, baseado na sua
planilhas manuais ou tinham um
planilha visual e vemos o que está pa-
estrutura, se o sistema deve ser online,
programa tradicional instalado em
rado, o que está evoluindo. Tudo pode
se estará integrado com a mídia (redes
um servidor e sem a vantagem da
ser feito na web ou no aplicativo, em
sociais, por exemplo) e como agir para
mobilidade. O Agendor está na web,
que ele também enxerga sua agenda
fidelizar o comprador do produto ou
disponível para Android e iOS e fica
de compromissos.” O suporte é feito
serviço”, explica o consultor. “Muita
hospedado na nuvem da Amazon
por e-mail, chat ou telefone. “Não da-
gente ainda acha que CRM é só um
Web Services, com atualização auto-
mos treinamento porque não é neces-
cadastro. Vai além, porque envolve a análise de dados para entender o comportamento das pessoas e também uma ação colaborativa pela qual as direto e na forma de abordar o consu-
Com o sistema de CRM, eu dobrei meu faturamento com o mesmo número de funcionários Edson Finotti
da Sabores do Vinho
“
“
informações são aplicadas no contato midor”, ensina.
Fidelização A Pizzaria Carlitos, da Vila Mariana, zona sul de São Paulo, adotou um sistema da Cheff Solutions há seis anos. Desde então, ela consegue gerenciar melhor seus estoques, reduzir perdas e manter os clientes fidelizados. “Fazíamos tudo de forma manual, dava muito trabalho e pouco resultado. Com a mudança, passamos da carroça com rodas de madeira para um carro zero-quilômetro. Tudo fun-
Fotos: Rubens Chiri
ciona melhor”, garante o gerente da pizzaria, George Nascimento, que comanda 24 funcionários e comercializa aproximadamente 4 mil pizzas por mês.
se, quando todos querem gastar menos, controlar verba, comprar melhor, vender mais e estancar perdas de estoques”, afirma o gestor de varejo da PC Sistemas (empresa do grupo Totvs), Cairo Araújo. A empresa comercializa produtos modulares com mensalidades a partir de R$ 200. “A fidelização é um importante recurso para ampliar as vendas.” De acordo com o público a ser conquis-
“
O Agendor foi concebido para quem não quer nada complicado e precisa de algo enxuto para ganhar eficiência Gustavo Paulillo criador do software
“
“A gestão ajuda em momentos de cri-
tado, o gestor usa estratégias diferentes. Se for das clientelas A e B, ele terá mais interesse em descontos e gestão dos pontos para trocar por brindes. A empresa terá um perfil de compras desse consumidor só com o cartão de crédito. Se os clientes forem das classes C e D, o ideal é trabalhar com cartão próprio, porque esse público prefere facilidade nas compras. Desse Fotos: Rubens Chiri
modo, o gestor diminui seus custos de tarifas com as adquirentes (Visa, Redecard etc), antecipa os recebimentos em um prazo menor (25 dias e não em 30) e aproveita para conhecer melhor quem é o seu consumidor. “A gestão do cartão próprio também fica mais barata para o pequeno empresário”,
crescimento de 18%, especialmente da
postagens com 9 mil likes (“curtidas”)
observa Araújo.
coleção de inverno. “Estou vendendo
e com mais de 500 comentários, que
oito batons por dia, meu problema é
são números grandes para uma micro-
lidar com pedidos superiores ao esto-
empresa de cosméticos, cuja franquia
Marcelo Moreira, dono de uma loja
que”, informa Moreira, que também é
é de marca pouco conhecida”, analisa
franqueada da marca Yes Cosmetics,
especializado em soluções de gestão,
Moreira. “O Facebook me permite en-
em Piracicaba (SP), levou sua experiên-
pois anteriormente foi sócio da YouDb,
contrar minhas clientes, saber quem
cia adquirida no relacionamento com
agência onde ajudou a criar o conceito
são elas e o que compram, porque es-
o cliente para as redes sociais. Em ja-
do marketing voltado para o relacio-
tamos conversando. Mantenho uma
neiro, criou uma página institucional
namento, aproximando a empresa do
proposta de relacionamento com o in-
no Facebook para que a marca ficasse
público e promovendo engajamento,
tuito de vender mais, separo o público
próxima do público feminino com pos-
convívio e fidelidade.
geograficamente por faixa etária, sexo
Relacionamento no Facebook
tagens relacionadas ao segmento de
e interesse e mostro um produto com
cosméticos. Desde então, a franquia
No Facebook, Moreira aplica esse con-
custo/benefício muito bom”. Segundo
da Yes conseguiu milhares de curtidas
ceito de se relacionar com os futuros
ele, trata-se de um novo formato de
e posts, e mantém a média semanal de
clientes de forma mais direta. “Temos
CRM aplicado às redes sociais. &
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A RT IG O POR Leonardo Fontenele
Novo desafio para as franquias
M
esmo com a estagnação
obra residencial. Os diferenciados são
experiências é o da M&M’s Academy,
econômica do País, a Associação
aqueles que conseguem “beber de di-
em Las Vegas (EUA), a loja original da
Brasileira de Franchising (ABF) divul-
ferentes fontes”, buscando conheci-
rede de franquias de mesmo nome. O
gou um crescimento de 7% do setor de
mentos de outras áreas, como marke-
local é encantador e explora infinitas
franquias em 2014. Isso explica por que
ting e entretenimento.
possibilidades de interação do públi-
milhares de empreendedores investem
co com os famosos pedaços de choco-
no segmento a cada ano, acreditando
A forma como o ambiente será per-
late ao leite. É praticamente impossí-
que o sucesso surgirá como algo natu-
cebido, ou seja, o conceito de marca
vel sair de lá sem adquirir produtos da
ral caso consigam aliar uma ideia pro-
expresso fisicamente, terá grande
marca e ser impactado pelo carisma
missora a um ponto comercial movi-
influência nos rumos do negócio e
das personagens.
mentado. Mas será que a “receita” para
merece atenção redobrada por par-
engrenar como negócio só conta com
te dos donos de qualquer empresa.
Cada um dos “eMes”, aqueles chocola-
esses ingredientes? É razoável pensar
Com uma definição clara das men-
tinhos de diferentes cores (amarelos,
que não. Para se sobressair, são neces-
sagens que pretende transmitir, um
vermelhos, azuis etc.) possuem perso-
sárias diversas virtudes, entre elas o
empreendimento tem à disposição
nalidade própria. Dentro do estabele-
cuidado com a identidade física, que
diversos recursos sensoriais e técni-
cimento, eles são as grandes estrelas,
deve ser estruturada e bem definida.
cas de integração para se conectar
estão por todos os lados e podem ser
emocionalmente com o cliente, pro-
comprados em diferentes formatos,
A força de uma marca está em pro-
vocando experiências únicas que o
como pelúcia, cartão, cofre, almofada,
porcionar experiências fortes. O ca-
façam ter desejo de voltar. Essas fer-
revista – e, claro, doces! Todo o ambien-
minho para atingir esse resultado
ramentas podem envolver músicas,
te foi projetado para encantar e entre-
passa por combinar diversos fatores
efeitos luminotécnicos e aromas, en-
ter o visitante. Essa é apenas mais uma
que gerem percepções positivas, sa-
tre outras possibilidades.
prova de que transcender a arquitetu-
bendo “regê-los” em harmonia, como
ra convencional e criar experiências é
um maestro. É nesse ponto que con-
O chamado brand experience (expe-
seguem se sobressair os franqueado-
riência de marca) não representa, no
res capazes de pensar de uma forma
entanto, apenas a utilização de tecno-
inovadora. Afinal, como projetar uma
logias que estimulam os sentidos do
loja? A arquitetura convencional traz
visitante – ele pode ser mais simples e
respostas padronizadas, que pouco
igualmente eficaz. Um exemplo de su-
se alteram daquelas referentes a uma
cesso comercial ligado ao conceito de
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edição 40 • setembro | outubro • 2015
um passo essencial para consolidar a marca de uma franquia. &
Leonardo Fontenele é CEO da IMAGIC! Brasil, especializada em arquitetura do conteúdo
SUST EN TA BIL IDA DE Por Rachel Cardoso
De ponta a ponta Indústria e varejo unidos começam a transformar imagem de vilã da construção civil com medidas efetivas que envolvem toda a cadeia
A
indústria da construção civil
frentes para transformar o compor-
tem revertido, aos poucos, a imagem
tamento dentro das mais de 140 mil
de vilã ambiental adquirida ao longo
lojas espalhadas pelo Brasil, que em-
dos anos, ao incorporar práticas sus-
pregam 15 milhões de pessoas, sendo
tentáveis não apenas em seus empre-
4 milhões diretamente. Muitos são,
endimentos, mas em toda a cadeia
segundo Conz, os avanços alcançados
produtiva. Com uma participação de
graças ao esforço conjunto com a in-
40% na economia mundial, o setor –
dústria. “Não faltam ofertas de produ-
que representa 13% do Produto Interno
tos ao consumidor capazes de propor-
Bruto (PIB) brasileiro – influencia não
cionar economias de água e energia, e
somente o meio ambiente, mas toda
as novas tecnologias abrem infinitas
a sociedade e tem, por isso mesmo, o
possibilidades diante de qualquer de-
desafio de tirar o discurso do papel e
manda”, diz. “Não há mais desculpas.”
mostrar que pode promover melhorias efetivas para a atividade e o fu-
Tradicionalmente, contudo, os maiores
turo do planeta. “Ainda hoje a maio-
impactos estão na produção de resídu-
ria fala e não dá o exemplo”, afirma
os. Para se ter uma ideia, as fases de
o presidente da Associação Nacional
construção e reforma produzem, anu-
dos Comerciantes de Material de
almente, cerca de 400 quilos de entu-
Construção (Anamaco), Cláudio Conz.
lho por habitante, equivalente a 40% do resíduo criado por todas as ativi-
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Na tentativa de mudar esse quadro,
dades humanas. Atentos ao problema
a entidade vem atuando em diversas
dessa etapa, teve início – em São Paulo,
mais especificamente na loja da C&C
Ali, os consumidores podem entregar
pós-consumo, que são 100% recicláveis
na Marginal Tietê, na Barra Funda,
latas vazias de tintas e também de
e têm forte demanda no mercado. Além
zona oeste de São Paulo – uma inicia-
outros produtos, que serão classifica-
de estar alinhada à proposta apre-
tiva que ainda promete dar o que falar.
das, separadas e, posteriormente, en-
sentada pela Abeaço e Abrafati para o
viadas para a siderúrgica parceira do
atendimento às exigências da Política
A unidade foi a primeira a receber o
projeto, que as reutilizará como maté-
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
ponto de entrega voluntária, batizado
ria-prima no processo de produção de
“PEV”, de latas de aço pós-consumo do
novas chapas de aço.
Prolata Reciclagem, uma instituição
A gerente de sustentabilidade da Abrafati, Juliana Zellauy Feres, conta
sem fins lucrativos, formada por em-
Trata-se, porém, de algo bem mais
que ainda neste ano outros 12 PEVs
presas do setor de embalagens de aço,
ambicioso. Logo mais, o PEV passa-
entrarão em operação em diferentes
que conta com o investimento, o apoio
rá também a recolher e acondicio-
pontos do País. “A iniciativa faz parte
e a expertise técnica da Associação
nar as sobras de tintas imobiliárias
de uma ação maior, que foi a criação
Brasileira de Embalagem de Aço
eventualmente existentes nas em-
do Centro Modelo Prolata Reciclagem,
(Abeaço) e da Associação Brasileira
balagens. A recuperação e o reapro-
localizado no bairro de Pirituba, em
dos Fabricantes de Tintas (Abrafati). O
veitamento serão feitos em parceria
São Paulo, em funcionamento há mais
principal objetivo é estimular a coleta
com empresas especializadas.
de um ano”, diz.
De acordo com a gerente-executiva do
Com investimento de R$ 1 milhão, o
e a reciclagem de latas de aço pós-consumo no Brasil.
Prolata e da Abeaço, Thais Fagury, a im-
espaço tem capacidade para receber e
A loja foi escolhida por ser projetada e
plantação dos PEVs é parte do trabalho
reciclar até 2 mil toneladas de embala-
construída com base em conceitos de
voltado para facilitar a coleta e a desti-
gens de aço pós-consumo por mês. As
sustentabilidade e de ecoeficiência.
nação correta das embalagens de aço
embalagens são classificadas, pren-
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45
De pont a a pont a
SUST EN TA BIL IDA DE
sadas e enviadas para siderúrgicas
da MasterHouse Manutenções e
deve buscar o aproveitamento da luz
transformarem o material em novas
Reformas, Allan Comploier.
solar. Contudo, é importante prever o
chapas metálicas para reutilização. O
uso de brises (quebra-sol) ou outros
centro é o primeiro do Brasil a traba-
Entre as soluções simples de serem
elementos de sombreamento da fa-
lhar formalmente dentro das normas
adotadas estão as reduções do con-
chada, para prevenir a incidência di-
da PNRS. “O Prolata nada mais é que
sumo de energia e água, aumento da
reta do sol. Outra providência é usar a
um facilitador ao sistema de Logística
captação da água de chuva, redução
ventilação natural, a fim de reduzir o
Reversa convencional”, diz Juliana.
do volume de lixo e/ou reciclagem,
uso do ar-condicionado.
facilidades de limpeza e manutenção, Os consumidores podem levar as em-
utilização de materiais reciclados, au-
As luminárias e as lâmpadas de alta
balagens de aço pós-consumo direto
mento da durabilidade do edifício e a
eficiência também geram grande
para os centros ou para cooperativas e
possibilidade de modernização ao tér-
economia, e os sistemas de aqueci-
sucateiros parceiros do programa. Já o
mino de sua vida útil.
mento solar para a água tornam-se
lojista precisa aderir ao programa, via
cada vez mais acessíveis, resultando
associação, para participar.
Para reduzir o consumo de energia,
em grande economia na fase de uso
nas fases de concepção e projeto se
das edificações.
Mais recentemente, o programa incorporação de 50 cooperativas de catadores, em 12 capitais brasileiras. Os cooperados recebem apoio técnico para desenvolver as suas atividades e treinamento em melhores práticas de gestão, coleta e armazenamento das embalagens de aço.
“
Juntamente com as melhorias na operação das cooperativas, estão sendo buscadas formas de aumentar a renda obtida pelos seus membros, o que já vem acontecendo em função do acordo firmado com a siderúrgica Gerdau, que se compromete a comprar todo o aço coletado por elas por um valor di-
Temos muito a fazer ainda, mas, se começarmos pelas soluções mais simples, alcançaremos bons resultados, com retorno financeiro a investidores e usuários, estimulando sempre o ciclo de melhoria Allan Comploier
diretor de Operações da MasterHouse
“
Prolata expandiu seu alcance com a
ferenciado no mercado.
Soluções simples para economizar Nem sempre é necessário investir em novas tecnologias ou promover grandes mudanças para preservar o tura organizacional, com o objetivo de reduzir as perdas e a geração de entulho. A recomendação é do engenheiro e diretor de operações
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Foto: Rubens Chiri
meio ambiente. Basta alterar a cul-
água cinza é realidade, embora ainda haja grande resistência. O mercado dispõe de estações de tratamento de alta eficiência, possibilitando o reúso de águas servidas. A reutilização da água da chuva e a condensação de ar condicionado, além da irrigação automatizada, estão entre outras soluções que ajudam a economizar. Metais, torneiras e bacias sa-
“
O Prolata nada mais é que um facilitador ao sistema de logística reversa convencional
“
Além disso, o reaproveitamento de
Juliana Zellauy Feres
gerente de Sustentabilidade da Abrafati
nitárias, com dispositivos de redução de vazão, são utilizados cada vez com mais frequência em diversas obras. Outra recomendação é escolher materiais de acabamento de pisos e paredes fáceis de manter e limpar. Aqueles muito porosos e com facilidade de manchar necessitarão de mais água para limpeza. Foto: Rubens Chiri
As possibilidades são inúmeras, basta fazer o básico bem-feito, com controle e dedicação, que os bons resultados irão aparecer. “Temos muito a fazer ainda, mas, se começarmos pelas soluções mais simples, alcançaremos bons resultados, com retorno financeiro a investi-
Além dessas dicas clássicas, a criativi-
desenvolvidos com tecnologia de pon-
dores e usuários, estimulando sempre
dade auxilia a providenciar novas me-
ta, por exemplo, a argamassa, que não
o ciclo de melhoria”, diz Comploier.
lhorias sustentáveis.
requer a utilização de água. “Esse pro-
Ele destaca que a construção civil
Nos canteiros, que tal utilizar telhas
nos canteiros, além de triplicar a pro-
apresenta taxas que variam de 25%
translúcidas a fim de iluminar os am-
dutividade dos trabalhadores”, finaliza
a 30% de desperdício de recursos na-
bientes sem a necessidade da energia
Comploier, que chama a atenção para
turais, como matérias-primas, água e
elétrica? Além disso, investir em uma
a conscientização de todos os envolvi-
energia. “Estima-se que haja desperdí-
ventilação cruzada (quando janelas e
dos no projeto.
cio de 20 litros de água por metro qua-
portas de um ambiente são colocados
drado construído graças a mangueiras
em paredes opostas ou adjacentes, no
Sem uma legislação que regulamen-
danificadas ou ligadas sem uso, vaza-
sentido dos ventos locais, permitindo
te a utilização dos recursos naturais
mentos nas instalações hidráulicas e
a entrada e saída do ar), o que evita o
nos canteiros de obra, é preciso con-
negligência por parte dos trabalhado-
uso do ar-condicionado.
tar com a dedicação dos profissionais.
duto reduz em até 90% o desperdício
res”, comenta. Se há desperdício, é fun-
Por isso, educar os trabalhadores para
damental que haja uma intervenção
Com relação ao trabalho propriamen-
em busca da economia.
te dito, é possível optar por produtos
que evitem o desperdício no dia a dia é fundamental. &
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U M DI A No... POR lúcia camargo fotos rubens chiri
... Mosteiro de São Bento
Parece outro
mundo
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Cartão postal da cidade, o Mosteiro de São Bento tem 417 anos de existência e é a instituição mais antiga de São Paulo
P
az. Essa é a sensação ao entrar
Boa Vista e XV de Novembro, com
no Mosteiro de São Bento. Localizado
seus bancos, financeiras e bolsas de
em um dos pontos mais movimen-
valores; e o barulho dos helicópte-
tados do centro da capital paulista,
ros que percorrem os céus da região.
funciona como um abrigo que deixa
Você entra e o ruído, de fato, fica para
para fora a agitação da vizinha Rua 25
fora. Caso seja em um dos momentos
de Março, sempre apinhada de vora-
do dia nos quais os monges entoam
zes compradores; a correria das ruas
o canto gregoriano, melhor. É como
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U M DI A No...
Mos tei ro de São B ento
O repertório do canto gregoriano, que transforma as celebrações em algo único, é escolhido por irmão Vinícius
turas da igreja, que exibem animais e árvores de tâmaras, típicas desses locais refrescantes encravados nos desertos. “Aludem à Nossa Senhora e também ao Jardim do Éden. Simbolizam o prazer de estar em comunhão adentrar um universo paralelo de cal-
“Somos a instituição mais antiga de
maria em meio ao caos.
São Paulo. A cidade cresceu ao redor
íntima com Deus.”
do mosteiro”, conta Dom João Baptis-
O repertório do canto gregoriano, que
O complexo engloba a Basílica de Nos-
ta, monge bibliotecário e produtor cul-
transforma as celebrações em algo
sa Senhora da Assunção, o Colégio e a
tural da instituição. Foi ele quem rece-
único, é escolhido por irmão Vinícius.
Faculdade de São Bento e a abadia, na
beu a reportagem da C&S e explicou o
O site do mosteiro traz a lista comple-
qual residem 45 membros da comuni-
funcionamento da instituição e a vida
ta das liturgias, com informação de
dade monástica. A construção origi-
baseada na Regra de São Bento, esta-
quais são acompanhadas por canto
nal é de 1598, sendo a atual a quarta
tuto segundo o qual os monges devem
gregoriano e órgão. E se quiser apren-
versão do prédio. O terreno, antes da
orar, trabalhar e ler.
der, há curso gratuito do canto, minis-
chegada dos portugueses, era a Taba
trado todas as quartas-feiras, das 20h
do Cacique Tibiriçá. Hoje, pertence ofi-
Quando surge a ideia de que o mos-
cialmente aos beneditinos. A escritu-
teiro representa um oásis em meio
ra atesta que foi doado pelo município
ao ambiente inóspito dos arredores,
Mesmo que você não siga o catolicis-
aos monges “até o fim do mundo”.
o monge a ilustra mostrando as pin-
mo – ou qualquer outra religião – o
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às 21h30.
Mosteiro de São Bento é um passeio
conduz a uma visita guiada, que se
coólicas. A única bebida alcoólica ser-
interessante por sua importância his-
encerra por volta das 15h.
vida é uma taça de vinho Prosecco,
tórica e belíssima arquitetura de estilo
oferecida a todos os adultos antes do
alemão beuronense – que integra de
Custa R$ 187 por pessoa, com tudo in-
almoço, a título de drinque de boas-
maneira harmônica, do chão ao teto,
cluso, comidas e bebidas. É grátis para
-vindas. Durante a refeição, apenas
pinturas, esculturas, vitrais e mosai-
crianças de até cinco anos de idade.
sucos e refrigerantes.
cos. Cada um dos elementos é parte de
Como se trata de um brunch, o bufê é
uma intrincada simbologia.
composto por itens de café da manhã,
Participam cerca de 160 pessoas a
como pães, frios e bolos, e também de
cada brunch. A procura é grande. Em
Conservar tudo não é fácil. O conjun-
almoço, com saladas e pratos quentes,
julho e agosto, o serviço foi interrom-
to passa por uma grande restauração,
além de sobremesas e bebidas não al-
pido para reformas no espaço. As re-
que já dura cinco anos. O restaurador João Rossi é o atual responsável. Já foram reparadas peças como as imagens de São Bento e Santa Escolástica, feitas em barro cru pelo monge beneditino Frei Agostinho de Jesus, em 1650. O trabalho nas pinturas da nave central segue a topo vapor.
Visita do Papa O Mosteiro de São Bento foi o local escolhido para a hospedagem do Papa Bento XVI, em sua visita ao Brasil em 2007. O fato despertou a curiosidade popular em relação às dependências internas da instituição e à comida que seria servida ao pontífice. Para mostrar um pouco de ambas, nessa época surgiu aquele que é hoje um dos mais concorridos eventos do local: o brunch. Acontece no segundo e no último domingos de cada mês e dura aproximadamente cinco horas. Começa com a participação na missa das 10h da manhã. Em seguida, as famílias saem do ato litúrigico e assistem a uma apresentação musical de meia hora. Ao fim, as pessoas são encaminhadas ao salão no qual é servido o almoço. “Quando o sino dá as badaladas do meio-dia, todo mundo já está com bastante fome”, lembra Dom João. Os comensais chegam à mesa farta, arrumada e decorada. Depois do almoço, o anfitrião
É um passeio interessante por sua importância histórica e belíssima arquitetura de estilo alemão beuronense – que integra de maneira harmônica, do chão ao teto, pinturas, esculturas, vitrais e mosaicos
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U M DI A No...
Mos tei ro de São B ento
servas para setembro já estão esgota-
a agradável sensação de almoçar de-
Há bolos, pães, geleias, biscoitos, lico-
das. Há vagas para os próximos meses
pois da missa em uma animada mesa
res e outros doces. O bolo Dom Ber-
do ano, mas não muitas. Felizmente, a
comunitária. À época, a refeição era
nardo é feito à base de café, chocolate,
agenda de 2016 já foi aberta.
simples, formada por grandes pane-
conhaque, nozes, pêssego e gengibre e
lões de arroz, frango e maionese, tudo
custa R$ 65. A embalagem com quatro
Uma empresa de eventos cuida de
preparado por mulheres da própria
madeleines sai por R$ 15. O menu de
toda a logística, da captação de clien-
paróquia. Pagava-se barato, algo equi-
degustação, com cinco tipo de mini-
tes à contratação do bufê, que costu-
valente hoje a R$ 20. O brunch do mos-
bolos, é vendido a R$ 40. Na opinião da
ma mudar a cada edição. Os interes-
teiro é bem mais sofisticado e caro, e
repórter, compradora contumaz dos
sados em participar devem telefonar
geralmente as pessoas em volta não
produtos da padaria, um dos melho-
solicitando a reserva e o pagamento
são todas vizinhas ou conhecidas do
res é o Pão de São Bento, que leva man-
deve ser realizado por boleto. Não são
bairro. Mas o espírito é o mesmo.
dioquinha em sua composição. Macio
aceitos cheques nem cartões de crédito ou débito.
Receita secular
e muito saboroso, custa R$ 20.
Desde 1999, é possível também levar
Algumas receitas possuem um com-
A melhor forma de chegar é usando
para a casa os pães e bolos produzi-
ponente ainda mais nobre: mel, que
transporte público, pois a estação do
dos pela padaria do mosteiro. Fez tan-
vem de um apiário mantido pelo pró-
Metrô São Bento fica em frente, mas
to sucesso que em 2009 foi aberta
prio abade – a autoridade máxima no
caso queira ir de carro, o estaciona-
outra loja, nos Jardins (Rua Barão de
mosteiro. As abelhas são criadas em
mento na garagem do próprio mostei-
Capanema, 416). Desde o ano passa-
uma chácara na cidade de Itu, no in-
ro sai por R$ 20.
do os produtos podem ser comprados
terior de São Paulo. O bolo Magnificat
também online, com entrega em todo
(R$ 50) é feito com mel e frutas em cal-
Quem passou a infância e adolescên-
o Brasil. O responsável pela padaria é
das (pêssego, abacaxi e laranja), e o
cia em cidades do interior [como esta
Dom Bernardo Shüller, guardião das
mel também pode ser comprado em
repórter] e frequentou igrejas católi-
receitas seculares mantidas no arqui-
garrafas de 300 ml, a R$ 30.
cas, poderá relembrar nesse brunch
vo da abadia.
Escola Outra atividade importante no Mosteiro de São Bento é a educação. No passado, uma escola para filhos de nobres e barões do café, hoje o Colégio de São Bento, que completou cem anos em 2003, possui 400 alunos matriculados nos ensinos fundamental e médio. Pagam mensalidades em torno
O famoso brunch do mosteiro custa R$ 187 por pessoa, com tudo incluso, comidas e bebidas. É grátis para crianças de até cinco anos de idade
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A escola de idiomas, que funciona desde 2006, começou com as aulas de português para filhos de chineses
Da herança ancestral dos monges, que copiavam obras à mão, os beneditinos conservam o amor à leitura. A biblioteca do mosteiro conta com 115 mil livros. Uma valiosa Bíblia de Gutenberg está guardada a sete chaves. Mas podem ser consultados títulos raros, como o Antiphonale, de 1715, que traz partituras com a notação musical medieval. As mulheres não são autorizadas a entrar na biblioteca, por ficar dentro da clausura. Contudo, foi dada à repórter uma autorização especial, em razão da atividade jornalística. A imensa biblioteca é impecavelmente arrumada e imponente. A obra A República, de Platão, e centenas de dicionários convivem bem com a profusão de bíblias. Essa parte da visita não podemos recomendar, já que fica fechada ao público. de R$ 1,6 mil para receber educação de
rim. Atualmente, é ensinado portu-
Mas adentrar a área trouxe satisfação
qualidade, que inclui aulas de músi-
guês para qualquer estrangeiro que
tão grande quanto ouvir o canto gre-
ca. A Faculdade de São Bento oferece
deseje aprender. O idioma franco é o
goriano na basílica, afinal, uma biblio-
as graduações em Filosofia e Teologia
inglês, e ainda há aulas de grego e la-
teca desse porte é uma celebração ao
(R$ 1,2 mil por mês), pós-graduação e
tim para brasileiros.
conhecimento – um dos pilares da Re-
cursos livres de artes, linguagem, filosofia, teologia e idiomas.
O ensino de idiomas interferiu até na decoração. Em uma sala, na qual acon-
gra de São Bento. &
mosteiro de são bento
A escola de idiomas, que funciona des-
teceram algumas das entrevistas que
Largo de São Bento, s/nº – Centro.
de 2006, começou com aulas de por-
geraram esta matéria, há duas peças
São Paulo – SP. Tel.: (11) 3328-8799.
tuguês para filhos de chineses. Depois,
inusitadas de uma instituição católi-
http://mosteiro.org.br/
formaram-se classes para que os pais
ca: estátuas em terracota de guerrei-
http://www.padariadomosteiro.com.br/
também aprendessem. Os professores
ros de Xian, presenteadas pela China
Brunch. Múltipla Eventos.
são brasileiros com noções de manda-
como agradecimento.
Tel.: (11) 2440-7837.
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CENÁ R IOS POR rachel cardoso
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Bom para
todos Ruas de comércio temático ganham impulso e movimentam a cidade com união de lojistas e revitalização de espaços públicos
A
De acordo com ele, um dos maiores
sobre quem pode entrar, por que e
atrativos da capital no segmento de
quando. Espaços públicos, por sua
turismo de compras é o comércio es-
vez, são por natureza espaços livres,
pecializado. São clusters econômicos
abertos a todos, sem distinções de
que movimentam bilhões de reais por
classe ou de raça.
ano. Ruas como Teodoro Sampaio (móveis), São Caetano (vestidos de noivas),
O termo está ligado ao conceito do
Consolação (iluminação), Santa Ifigê-
Direito à Cidade, do sociólogo fran-
nia (eletroeletrônicos) e Florêncio de
cês Henri Lefebvre, o qual declara que
Abreu (ferramentas) têm enorme po-
todos os indivíduos deveriam ter as
tencial. “A infraestrutura ainda deixa
mesmas oportunidades de se benefi-
muito a desejar e a saída é a coopera-
ciarem dos diversos aspectos da vida
ção conjunta para sanar os problemas
urbana. Espaços públicos oferecem a
e atrair público que vai além do inte-
possibilidade de ir e vir sem necessida-
resse das compras”, destaca.
de de justificar o propósito da presença no local específico.
Pina avalia que o antigo conceito criação de espaços públicos
norte-americano no parking, no bu-
Embora o princípio seja diferente da
nas cidades é uma reivindicação que
siness (“sem estacionamento não há
prática, esses locais são propriedade
ganha corpo no mundo todo. Não é di-
negócios”) tem perdido força, porque
pública planejada para uso públi-
ferente na capital paulista, onde uma
as pessoas estão adquirindo o hábito
co. E, ao perceber essa possibilidade,
das maiores queixas da população é a
de caminhar. Os passeios pelas ruas
clusters comerciais como as ruas João
falta de áreas de encontros destinadas
só não se tornam mais frequentes por
Cachoeira, Avanhandava e Oscar Frei-
ao lazer e acessíveis a todos. Um sinal
falta de opção. “As vias temáticas são
re têm provocado transformação em
claro disso veio durante a inaugura-
como as praças de alimentação dos
toda a metrópole.
ção da ciclofaixa na Avenida Paulista,
shoppings”, compara o economista.
que, fechada, foi invadida também
Na Rua Oscar Freire, nos Jardins,
por pedestres. Nesse caminho, muitos
Em sua avaliação, o que ainda falta é
o processo envolveu mudança de
comerciantes têm se unido para trans-
a atratividade inerente a essas ruas,
comportamento do empresariado,
formar ruas temáticas em espaços so-
como serviços, restaurantes e segu-
segundo conta a presidente da As-
ciais e, de quebra, ampliar os negócios.
rança. Na prática, espaços sociais
sociação de Lojistas da Oscar Freire,
“É preciso deixar de ver o concorrente
como shoppings podem juntar pes-
Rosangela Lyra. A entidade foi criada
como inimigo”, diz o economista Fábio
soas, porém, por serem propriedades
inicialmente com o propósito de me-
Pina, assessor da FecomercioSP.
privadas, há restrições implícitas
lhorar o espaço público, mas ganhou
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CENÁ R IOS
B om pa r a todos
corpo e voz capaz de reverberar em
reverter o processo de degradação de
A subprefeitura fez o sistema de drena-
órgãos públicos.
tradicionais corredores comerciais,
gem da rua para melhorar o escoamen-
que têm perdido a disputa por clientes
to de chuva. Galerias de águas pluviais
para os shopping centers.
e grelhas foram colocadas ao longo da
Reunidos, os lojistas buscaram parceria com a Prefeitura de São Paulo e
via para escoar a água das chuvas e im-
conquistaram o patrocínio de mar-
O processo é simples e começa pela
pedir que a sujeira penetre na tubula-
cas importantes, como a bandeira de
união de comerciantes de determi-
ção subterrânea.
cartões de crédito American Express.
nada região, que, organizados, de-
“Tornamo-nos um captador de de-
senvolvem projetos de revitalização
Além da obra de zeladoria necessária
mandas para promover não só o co-
em conjunto com escritórios de ar-
à rua, nesse caso, houve uma parceria
mércio, mas o turismo em São Paulo”,
quitetura e urbanismo. Em conjunto,
com os restaurantes para tornar a Rua
afirma. “Após a revitalização, o núme-
fazem o levantamento dos custos,
Avanhandava um local convidativo
ro de pessoas que vem conhecer a rua
buscam patrocinadores e apresen-
à população, por meio da Associação
triplicou”, diz Rosangela.
tam o pacote à prefeitura. A admi-
dos Restaurantes da Rua Avanhanda-
nistração municipal, por sua vez,
va, que tem à frente o proprietário de
As ações para dividir o espaço público
submete o projeto a avaliações téc-
restaurantes Walter Mancini. O resul-
com a população não têm limites: uma
nicas dos setores envolvidos – como
tado é um espaço charmoso, com lojas
sorveteria inaugurada com piqueni-
sistema viário e iluminação pública
e restaurantes cercados de segurança
que, uma nova praça com food truck
– e apresenta eventuais restrições.
e beleza no centro antigo da cidade,
e Wi-Fi e uma joalheria com fachada
Se o acordo for fechado, o gerencia-
um dos lugares mais românticos de
assinada pelo artista plástico Eduardo
mento das obras fica por conta do
São Paulo.
Kobra. Tudo é permitido para reposi-
setor público, e os custos são ratea-
cionar a Oscar Freire, que tem entre
dos conforme o acordado.
seus maiores feitos o aterramento dos
Outro exemplo de rua citado por Pina, economista da FecomercioSP, é a Rua
fios da rede elétrica, projeto agora em
Na Rua Avanhandava, na Bela Vista, o
João Cachoeira, no Itaim Bibi. Lá, a ne-
pauta na prefeitura para toda a cida-
projeto faz parte de um termo de coo-
cessidade de modificações foi apon-
de, não só pela estética, mas pela se-
peração entre a Subprefeitura da Sé e
tada por uma pesquisa com frequen-
gurança que proporciona.
a associação dos restaurantes da rua,
tadores das lojas e de shoppings da
com apoio da Comissão Permanente
região. O estudo indicou que o consu-
Consultores de varejo acreditam que
de Acessibilidade. A obra compreende
midor queria um lugar mais agradável,
são medidas como essas que tornam
o trecho de 140 metros entre as ruas
pois o local era mal assistido. Para tan-
as lojas de rua mais agradáveis em re-
Martins Fontes e Martinho Prado.
to, o trecho entre as ruas Jesuíno Ar-
lação aos shoppings. “As ruas sugerem
Nesse trecho, o piso foi trocado por la-
ruda e Leopoldo Couto de Magalhães,
algo mais livre, sem compromisso, o
drilho e a rua alargada em 2,5 metros
com 140 lojas e público de mais de 10
prazer de apenas desfrutar a cidade”,
em cada lado, atendendo também às
mil pessoas por dia, levou um “banho”
afirma Rosangela.
exigências da Comissão Permanente
de revitalização, incluindo mudanças
de Acessibilidade.
da pista de rolamento, do piso e do de-
Em vez de árvores mirradas e sufoca-
senho da calçada; troca da iluminação
das pela poluição e pelo emaranhado
O equipamento urbano foi moderni-
e instalação de luzes voltadas para o
de fios, variedades de vegetação apro-
zado para atender melhor os pedes-
pedestre; plantios de pés de pitanga e
priada para sobreviver no espaço ur-
tres, com instalações de quiosques
araçá; e instalação de bancos.
bano. Para completar o cenário, facha-
de informação e de um posto policial,
das revitalizadas, iluminação atraente
colocação de telefone público para
Assim, ao contrário do que parece,
e novos equipamentos urbanos. Em
portadores de deficiência auditiva e
nem sempre a concorrência atrapalha.
linhas gerais, essas são as trocas que
de painel informativo em braile e rea-
A coexistência lado a lado de concor-
os comerciantes têm feito para tentar
locação dos postes.
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rentes pode, às vezes, ajudar. &
A força das ruas temáticas O consumo total na cidade de São Paulo atinge R$ 230 bilhões ao ano, sendo que o varejo na capital fatura R$ 170 bilhões, segundo dados da Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista do Estado de São Paulo (PCCV), da FecomercioSP. Os segmentos representados pelas cinco ruas destacadas abaixo respondem por quase 2% do total de consumo na cidade, e mais de 2,5% do varejo. No entorno, ainda são gerados milhares de empregos vinculados a bares, restaurantes, serviços, transporte e uma enorme cadeia de negócios. São pontos comerciais que servem de referência para a localização das pessoas na cida-
de, também significativos no turismo. Basta uma caminhada em qualquer uma dessas ruas (sem contar José Paulino, Oscar Freire, 25 de Março, entre outras) para se verificar a quantidade de pessoas e empresários que vêm de fora para fazer seus negócios ou realizar sonhos de consumo. Algo justificado pela variedade e pelos preços encontrados em cada item desses clusters. “A diversidade econômica dessas regiões no entorno dessas ruas especializadas as tornaram referências e pontos turísticos”, completa o economista Fábio Pina, assessor técnico da FecomercioSP.
consumo total do setor em reais
móveis e decorações e conserto de móveis
Rua Teodoro Sampaio
2,3 bilhões
eletrônicos e consertos de eletrônicos Rua Santa Efigênia
1,55 bilhão
vestidos e vestido de noiva Rua São Caetano
ferramentas e ferragens Rua Florêncio de Abreu
lustres, luminárias e lâmpadas Rua da Consolação
372 milhões 17 milhões 67 milhões Fonte: FecomercioSP
GA ST RONOMI A POR Lúcia Camargo FOTOS FERNANDO NUNES
para despertar o paladar No restaurante Tantra, flores comestíveis fazem parte de todos os pratos principais do cardápio
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N
este mês da chegada da pri-
As flores entram em todos os pratos
mavera, a C&S mostra um restauran-
principais e entradas do cardápio à la
te que se empenha em ser florido o
carte e em muitos drinques. São usa-
ano todo. No Tantra, além dos vasos
das, principalmente, cinco espécies:
espalhados pela casa, as flores comes-
amor-perfeito, que aparece em tons
tíveis integram pratos e drinques em
de roxo, azul e rosa; a capuchinha,
caráter permanente. São cultivadas
também chamada “flor de nastúrcio”,
de forma orgânica (sem uso de agro-
em geral nas cores amarela, vermelha,
tóxicos ou fertilizantes sintéticos), ao
laranja; a orquídea “pingo de ouro”; a
lado de hortaliças, ervas e frutas, pelo
flor de baunilha; e flores de manjeri-
próprio chef de cozinha e proprietário,
cão, que além de complementarem o
Eric Thomas.
visual, conferem aroma característico.
provocar cada um dos cinco sentidos do comensal. Muitos dos preparos servidos são denominados “afrodisíacos”, como o drinque de morango com gengibre, noz-moscada e perfume de pimenta; e o shake, que leva banana, cacau, maçã peruana, leite de amêndoas, canela, colágeno e Whey Protein. Ambos custam R$ 15. Há a sobremesa Desejo (R$ 26,90), cuja taça traz sorvete de chocolate, licor de chocolate, licor de cacau, amarula e baunilha. E, entre outras, a salada Buquê de Noiva (convite a algo mais sério?), que consiste em tiras de salmão defumado enroladas com folhas, frutas e flores comestíveis, vendida a R$ 28,90. No cardápio, não há apenas receitas exóticas. É possível pedir, por exemplo, petiscos como ceviche (R$ 18,90), filé aperitivo na mostarda (R$ 37,50) e bolinhas de siri ao molho agridoce (R$ 32,50), e pratos como filé-mignon com shitake (R$ 66,80). No entanto, A capuchinha e o amor-perfeito têm
de uma brincadeira de Thomas, que
quem vai ao Tantra, em geral, não de-
gostos ligeiramente amargos e cítri-
funciona como sugestão para que o
seja comer algo “normal”, o que leva
cos, como se a rúcula e o limão-rosa se
espumante acompanhe a refeição,
a maioria das receitas a ter um toque
combinassem em uma única planta.
surte efeitos, e a dobradinha lagosta/
diferente, como a porção de pastéis
As demais, bem suaves, não chegam a
champanhe é das mais pedidas. “Não
mistos (R$ 27,90), que vem com oito
alterar o sabor dos alimentos.
dá para negar que é uma combinação
unidades recheadas de queijo brie
sensual”, diz o chef.
com geleia de pimenta, camarão,
Lagosta e Camarão (R$ 79,90), é uma
A sensualidade, aliás, pauta o Tantra
tubarão (R$ 34,20), no qual o peixe é
profusão de cores. Montado dentro
em todos os aspectos. O nome do res-
marinado com molho shoyo, óleo de
da carapaça da lagosta, pedaços dos
taurante é uma palavra que vem do
gergelim, limão, pimenta e manga,
dois crustáceos recebem vinagrete
idioma sânscrito e define, na filosofia
servido numa cama de rúcula.
de frutas, sementes de papoula, kiwi,
hindu, um conjunto de ensinamentos
manga, mamão, capuchinhas, amo-
e práticas que têm por objetivo tanto
Outra marca registrada do restauran-
res-perfeitos e flores de manjericão.
a elevação espiritual quanto o prazer
te é o salmão ao lovo. Custa R$ 65,90.
“Uma mulher nunca deveria ser vista
carnal. Desde o hall de entrada, já fica
A inspiração vem de preparo típico das
comendo ou bebendo, a não ser que
claro que o foco ali são as sensações.
Ilhas Fiji, onde carnes ou peixes são
fosse salada de lagosta e champanhe”,
A intenção declarada é que drinques,
envoltos em folhas de bananeira e cozi-
do poeta inglês Lord Byron. Trata-se
pratos e ambiente se combinem para
dos dentro de um buraco na terra, com
Um dos pratos emblemáticos da casa,
salmão e frango. Ou o carpaccio de
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GA ST RONOMI A
F lores pa r a desper t a r o pa l ad a r
pedras vulcânicas incandescentes por
prato pronto é pensado para despertar
de, sai por R$ 72,90. Bebidas, sobreme-
cima. Não é muito diferente do chur-
os sentidos. Comece optando por uma
sas e serviço são cobrados à parte.
rasco gaúcho, chamado de “fogo de
ou mais entre oito proteínas (diversas
chão”. Bem, no caso do salmão do Tan-
opções de peixes, carnes e frangos).
Sustentável
tra, o peixe é temperado com as ervas
Em seguida, pegue quantos vegetais à
As flores e a sensualidade são apenas as
orgânicas de produção própria, enrola-
escolha, de uma mesa com 20 possibi-
partes mais visíveis do empreendimen-
do na folha de bananeira e coberto com
lidades; depois, adicione algumas das
to. Mantendo a metáfora botânica, po-
pedras trazidas de regiões vulcânicas,
42 especiarias. Entregue o conteúdo
demos dizer que as raízes das ideias es-
que são aquecidas a uma temperatura
da cumbuca ao cozinheiro, que vai jo-
tão fincadas bem mais fundas no solo.
de 420 graus Celsius. É servido acom-
gar tudo sobre a chapa e misturar, com
Aberto originalmente na Vila Olímpia
panhado de arroz integral e legumes.
grandes gestos. A fumaça que sobe tor-
há 18 anos, o Tantra se espalhou pela
na o ato mais teatral. Você sente o chei-
capital e Grande São Paulo, com uni-
ro dos temperos, um pouco mesmeriza-
dades na Granja Viana; São Caetano
No dia a dia, o Mongolian Grill corres-
do pelo espetáculo, e começa a salivar,
do Sul; Tatuapé, na zona leste; e em Pi-
ponde a 60% do movimento do restau-
esperando que sua combinação resulte
nheiros, na zona oeste, onde funciona
rante. É uma espécie de sistema self-
em algo delicioso. Caso não se considere
ao lado da casa de eventos EcoHouse,
-service de comida oriental grelhada.
capaz de escolher ingredientes que har-
a “menina dos olhos” de Thomas, por
Mas não só isso. No Tantra, até o cami-
monizem entre si, o pessoal do Tantra
abrigar a horta e a maioria dos projetos
nho entre a escolha dos ingredientes e o
fornece sugestões. Pergunte ou espie
de sustentabilidade que ele vem desen-
o painel de receitas listadas nos peque-
volvendo ao longo de duas décadas.
O espetáculo do grill
nos cartazes (confeccionados com pa-
Flores, ervas e hortaliças são cultivadas pelo próprio chef de cozinha e proprietário, Eric Thomas
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pel reciclado) afixados na parede. O grill
Na EcoHouse, onde são feitos even-
custa R$ 37,20 por pessoa no almoço de
tos para até 400 convidados (preços
segunda a sexta, sendo que cada um
a partir de R$ 100 por pessoa) tudo é
pode se servir duas vezes. Aos sábados,
sustentável. Há coleta seletiva de lixo,
domingos e feriados, com bufê à vonta-
faz-se compostagem para a produção
Desde o hall de entrada, já fica claro que o foco ali são as sensações
de adubo natural para a horta e atingiram uma respeitável eficiência no uso de recursos hídricos e energéticos. Um intrincado sistema de captação leva água pluvial e já usada a um grande piscinão, com capacidade de 50 mil litros, de onde ela sai para ser tratada, filtrada e usada novamente. Thomas conta que sua conta de água, antes de R$ 4 mil por mês, agora fica em torno de R$ 50. Somente a água
sua eficiência aos clientes por meio de
empresas que queriam festas com a
para a cozinha provém da Sabesp.
um “econômetro”. Quando um evento é
marca sustentável me procuravam. Di-
realizado ali, quem o contratou recebe
ziam: ‘Quero um evento para 300 pes-
O piscinão está instalado exatamente
um relatório sobre tudo o que foi pou-
soas, quanto você cobra?’. Hoje, elas
embaixo da pista de dança, que gera
pado. Cada festa economiza, em média,
me ligam dizendo: ‘Tenho 10 mil para
eletricidade. Cada pisada acende uma
o equivalente a 44 banhos de dez minu-
gastar em um evento para 300 pesso-
pequena lâmpada sob o pé do convida-
tos ou 172 descargas de seis litros – ele-
as. O que você pode fazer com isso?’
do. A conta de energia diminui à medida
tricidade correspondente ao consumo
No bufê em que antes servia panqueca
que a animação aumenta. Se os DJs das
de duas famílias de quatro pessoas por
com frutas, coloco pão de queijo.”
festas na EcoHouse tocarem mais rock
mês e 68 quilos de resíduos gerados não
do que baladinhas, o planeta agradece.
encaminhados para aterros sanitários.
A aposta de Thomas é que a conjuntura mude em pouco tempo, ainda mais
Thomas também trocou todas as lâmpadas do espaço por iluminação LED (si-
Para manter o tripé da sustentabili-
para quem oferece festas que geram
gla para o termo em inglês Light Emitter
dade, além dos aspectos ambiental e
energia e pratos sensuais com flores co-
Diode), que economiza até 80% energia.
econômico, é preciso cuidar do social. E
mestíveis. Sustentável, como o mundo
para mostrar que não estão só jogando
hoje exige, mas sem perder a ternura. &
Implantar todos esses sistemas custou
pelo marketing, existe o projeto Escola
muito dinheiro. Thomas não revela o
para Todos, no qual a EcoHouse paga
montante gasto, apenas diz: “Consumiu
professores particulares para auxiliar os
todo o meu patrimônio. Mas não me ar-
funcionários na conclusão dos ensinos
156 – Pinheiros. Tel.: (11) 3437-3235 e 3815-
rependo. É aquilo no que acredito”.
médio, fundamental e universitário.
-6233. O restaurante funciona apenas para
serviço
Tantra Restaurante. Rua Amaro Cavalheiro,
almoço, de segunda a sexta, das 11h30
A EcoHouse monitora os consumos de
Eric Thomas lamenta apenas que a
às 15h. A EcoHouse Eventos fica ao lado.
água e energia, além da gestão de re-
crise tenha feito a sustentabilidade
Outras unidades em Vila Olímpia, Granja
síduos, e calcula mensalmente os indi-
perder apelo para o custo, na visão de
Viana, Tatuapé e ABC. Algumas abrem
cadores de desempenho e comunica a
muitos empresários. “Há dois anos,
para almoço e jantar.
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AGE N DA C U LT U R A L Por Priscila Oliveira
Polissenia N
Série de fotografias de registro de performance com base na parceria entre as artistas Suzy Okamoto e Karlla Girotto. Com a investigação das formas inabituais de beleza, as artistas apresentam uma relação entre a moda e as artes plásticas, o corpo e o bordado, a inquietude e a harmonia.
Onde: Sesc Santana Avenida Luiz Dumont Villares, 579 – Santana Quando: 5/8 a 20/12, de terça a sexta, das 10h às 21h; sábado e domingo, das 10h às 18h Mais informações: (11) 2971-8700
Uma história de amizade entre o escritor e sua máquina de escrever. É o nome dado por Mário de Andrade à sua máquina em homenagem ao escritor e amigo Manuel Bandeira. É do ponto de vista da máquina a narrativa da história. Ferramenta para escrever esta que conta quem foi esse brasileiro, por meio da poesia e da correspondência do morador da Lopes Chaves e das suas reflexões de companheira.
Manuela
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Fotos: Divulgação
Onde: Sesc Ipiranga Rua Bom Pastor, 822 – Ipiranga Quando: 11/8 a 7/10, terças e quartas, às 21h30 Mais informações: (11) 3340-2046
Máquina Tadeusz Kantor
A exposição abarca a extensa trajetória do multiartista polonês Tadeusz Kantor, apresentando todas as técnicas e linguagens representativas do pensamento estético deste que é reconhecido entre os mais importantes artistas do século 20, cujas pinturas foram exibidas somente na Bienal Internacional de São Paulo em 1967.
Onde: Sesc Consolação Rua Dr. Vila Nova, 245 – Vila Buarque Quando: 19/8 a 14/11, de segunda a sábado, das 11h às 21h30 Mais informações: : (11) 3234-3000
Tudo é Semente
A exposição reproduz o ateliê do artista Rubens Matuck, com obras, objetos, instrumentos e cadernos de viagem, pesquisados e produzidos ao longo dos mais de 40 anos de trabalho. Entre as produções, estão as que transitam em elaborações conceituais da arte e a produção de um fazer popular, valorizando os antigos ofícios e artesãos.
Onde: Sesc Interlagos Avenida Manuel Alves Soares, 1.100 – Parque Colonial Quando: 25/4 a 12/10, de quarta a sexta, das 10h às 16h30; sábado e domingo, das 10h às 17h Mais informações: (11) 5662-9500
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ROT E IRO SP Por Priscila Oliveira
Além dos grandes e famosos museus como o Masp e o MAM, São Paulo oferece outras opções de exposições permanentes, algumas curiosas e outras com temas específicos.
Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil
Rua Joaquim, 381 – Liberdade Preço: R$ 8 Horário de funcionamento: de terça a domingo, das 13h30 às 17h Informações: museu@bunkyo.org.br Tel.: (11) 3209-5465/ (11) 3208-1755 O bairro da Liberdade, no centro de São Paulo, é famoso por reunir a comunidade japonesa. É lá onde também se encontra o Museu da Imigração Japonesa, o qual conta um pouco da história dos primeiros imigrantes nipônicos que vieram ao Brasil. O local possui um acervo com mais de 97 mil itens históricos, como documentos, fotos, vídeos e filmes e está localizado dentro do prédio da Sociedade Brasileira da Cultura Japonesa, que ocupa três andares do edifício.
Acervo e Museu Monteiro Lobato
Rua General Jardim, 485 – Consolação Horário: de segunda a sexta, das 8h às 18h; sábado, das 10h às 17h; domingo, 10h às 14h Tel.: (11) 3256-4122 Grátis O escritor Monteiro Lobato, autor de histórias infantis, como o Sítio do Pica-Pau Amarelo e Reinações de Narizinho, é lembrado em um acervo que faz referência à vida e obra. O local contém livros, fotografias, mobiliário, objetos pessoais, banco de textos, bibliografia e documentações, além do Teatro Monteiro Lobato.
Fotos: Divulgação
Lazer e cultura pela cidade
Avenida João Pedro Cardoso, 574 – Campo Belo Funcionamento: segunda a sexta das 9h às 18h Informações: www.museudalampada.com Telefone: (11) 2898-9358 Grátis
Museu da Lâmpada
Criada pelo americano Thomas Edison, em 1879, a lâmpada é uma das invenções que se tornou essencial na vida de todos. Que tal conhecer e entender a história desse objeto que, literalmente, ilumina nossa vida? No Museu da Lâmpada, localizado no Campo Belo, zona oeste da capital, você pode ficar por dentro do surgimento da lâmpada, conferir um acervo histórico bem bacana e ainda participar de oficinas.
Museu da Língua Portuguesa
Praça da Luz, s/nº – Centro (próximo à Estação Luz do Metrô e da CPTM) Preço: R$ 6 (inteira). No sábado, o ingresso é gratuito para todos os visitantes Funcionamento: de terça a domingo, das 10h às 18h Bilheteria: das 10h às 17h Informações: (11) 3815-7215 Informações: www.museudalinguaportuguesa.org.br Tel.: (11) 3322-0080 Recursos de interatividade e tecnologia para apresentar os conteúdos são os diferenciais de um dos museus mais frequentados do Brasil. O acervo do Museu da Língua Portuguesa é exposto de forma inovadora e inusitada. A visitação é feita de cima para baixo. No auditório do terceiro andar, pode ser assistido um vídeo de dez minutos sobre o surgimento da língua portuguesa. Depois, o visitante passa para a Praça da Língua, onde o audiovisual, com textos projetados por toda a sala, ilustra a riqueza do idioma falado no Brasil.
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L I V ROS
DICAS de leitura Liderança É fato que, em ambientes profissionais, ter as pessoas certas – o que o autor chama de “a arte da grande decisão do ‘quem’” – faz a diferença entre o sucesso e o fracasso. Para crescer, é necessário identificar as pessoas com mais potencial, trazer para a sua equi-
E-commerce
Mundo empresarial
A escassez de material teórico sobre
Repleto de histórias inspiradoras e envol-
são capazes de realizar esse desafio. É
o mercado foi o que o motivou Ga-
ventes, o livro Refém na mesa de negocia-
o tema do livro Não é como nem o que,
briel Lima a escrever o livro Comércio
ções exalta a importância da inteligência
mas quem, de Claudio Fernandéz-Aráoz,
Eletrônico – Melhores práticas do mer-
emocional, principalmente no ambien-
lançado pela HSM Educação Executiva.
cado brasileiro. “Percebi que um dos
te profissional, e também a capacidade
Os textos curtos e engajadores do livro
grandes desafios desse mercado é a
de liderança. “Líderes autênticos apren-
mostram os desafios para a grande de-
falta de conhecimento dos profissio-
dem a administrar sua natureza com-
cisão do “quem” e oferecem soluções
nais que trabalham na área. Isso acon-
petitiva e descobrem que, ironicamente,
para “chegar lá” de uma maneira siste-
tece no mundo todo, mas, no Brasil,
ajudando os outros a crescer e se desen-
mática. Esta obra foi escrita com base
onde o mercado vem crescendo de for-
volverem, eles têm mais sucesso do que
na experiência de muitos anos do au-
ma expressiva, a falta de capacitação
se ficarem concentrados apenas em si”,
tor como consultor de executive search.
da mão de obra é latente. Faz-se ain-
observa o autor, o psicólogo clínico e or-
Fernandéz-Aráoz faz parte do conselho
da mais necessário formalizar alguns
ganizacional George Kohlrieser. Segun-
da Egon Zendher, empresa de recruta-
processos e atividades para ajudar
do ele, situações que envolvem grandes
mento de altos executivos. Trabalhou
gestores e profissionais que trabalham
emoções, como raiva, medo, estresse, são
na McKinsey & Company e possui MBA
com e-commerce a se desenvolverem”
comuns nas vidas das pessoas, porém,
pela Stanford. É expert no desenvolvi-
explica. Gabriel Lima é cofundador da
a forma como são tratadas depende do
mento de lideranças, sua consultoria
eNext, consultoria especializada em
psicológico de cada um. A carga fica um
é procurada por CEOs de grandes em-
e-commerce, professor da Business
pouco maior quando, à rotina, somam-se
presas no mundo, além de instituições
School São Paulo e mestre em Admi-
as responsabilidades do trabalho. Neste
governamentais. Aráoz também é pales-
nistração de Empresas pelo Insper.
ambiente, além das situações rotineiras,
trante na Harvard Business School e co-
Comércio Eletrônico – Melhores práticas do mercado brasileiro
há metas, dinheiro, chefia, carreira etc.
lunista da Harvard Business Review.
Refém na mesa de negociações
Não é como nem o que, mas quem
• Editora ComSchool • R$ 35,00
66
• Nossa Cultura • R$ 49,00
edição 40 • setembro | outubro • 2015
pe e desenvolvê-las. Mas poucos ainda
• Editora HSM • R$ 43,00
apresenta
Caros Ouvintes Caros Ouvintes apresenta
CO_CeS_20,9x27,5_TRC.pdf 1 30/07/2015 19:41:07
a revista r e v i s t a da d a radionovela r a d i o n o v e l a brasileira brasileira a a revista r e v i s t a da d a radionovela r a d i o n o v e l a brasileira brasileira a
produção produção
texto e direção texto e direção
ed júlio ed júlio
Otávio MArtins Otávio MArtins
oscar filho natallia rodrigues marcos damigo ivo müller oscar filho natallia rodrigues marcos damigo ivo müller nany people eduardo semerjian camilla camargo elam lima nany people eduardo semerjian camilla camargo elam lima TEMPORADA POPULAR | www.carosouvintes.baoba.art.br | f/baobaprodartisticas t/baoba_art TEMPORADA POPULAR | www.carosouvintes.baoba.art.br | f/baobaprodartisticas t/baoba_art INFORMAÇÕES E VENDAS INFORMAÇÕES E VENDAS
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Prêmio Proex Excelência 2015 O nosso jeito de parabenizar as empresas brasileiras que se destacaram no mercado internacional.
O Prêmio Proex Excelência é uma iniciativa do Banco do Brasil para incentivar e valorizar o comércio exterior brasileiro pelo reconhecimento dos exportadores que se destacaram no uso dos recursos do Programa de Financiamento às Exportações – Proex.