ISSN 1983-1390
00028
9
revista comércio & serviços publicação da federação do comércio de bens, serviços e turismo do estado de são paulo
771983
139001
ANO 22 • Nº 28 • agosto/setembrO • 2013
75 a nos Fecomerc ioSP amplia leque de infor maçõ es econômic a s e ser v iços
edição 28 • agosto / setembro 2013
E n c u r t a n d o o c a m i n ho
28 Pr ato f ei to Saiba como fa zer a ges tão de alimentaç ão de seu s colab oradores
Encurtando o caminho Com expectativa de crescimento de 14% neste ano, conheça as áreas mais promissoras do setor de franquias para você investir
Voo l i v r e Acompanhe a rot ina do Aerop or to Inter nac ional de Cumbic a , o maior do Bra sil
Negócios impressos Só c io -presidente d a AlphaGraphics revela planos d a empresa para o País
C A RTA AO L EI TOR
O caminho ESCOLHIDO Em 1938, enquanto os comerciantes
aos produtos importados, a criação e o
paulistas iam substituindo a merca-
aperfeiçoamento do Código de Defesa
doria vendida a granel por produtos
do Consumidor e o fim da CPMF.
embalados e a tradicional caderneta pelo cheque ou crediário, nascia a Fe-
No século 21, ampliou sua área de atu-
deração do Comércio de Bens, Serviços
ação para ajudar a inserir o setor que
e Turismo do Estado de São Paulo, com
representa no mundo globalizado.
a missão que desde então desempe-
Hoje, atua como centro catalisador
nha no setor terciário: representar os
realizando encontros empresariais in-
interesses das empresas, contribuir
ternacionais, congressos e simpósios,
para a sua modernização constante e
cursos e palestras, feiras e exposições,
colaborar com as autoridades de todos
entre outros eventos destinados ao fo-
os níveis e poderes para fazer do Brasil
mento dos negócios.
um país economicamente desenvolvido e socialmente justo.
Desde o tradicional comércio de rua até as sofisticadas técnicas de ven-
Presidente Abram Szajman Diretor Executivo Antonio Carlos Borges
Conselho Editorial Ives Gandra Martins, José Goldemberg, Renato Opice Blum, José Pastore, Adolfo Melito, Paulo Roberto Feldmann, Pedro Guasti, Antonio Carlos Borges, Luciana Fischer, Luis Antonio Flora, Romeu Bueno de Camargo, Fabio Pina e Guilherme Dietze Editora Diretora de comunicação Neusa Ramos Diretor de conteúdo André Rocha Editora Jo Pasquatto Assistente de edição André Zara Projeto gráfico atendimento@tutu.ee Editores de arte Clara Voegeli e Demian Russo Chefe de arte Carolina Lusser Designer Kareen Sayuri Assistentes de arte Camila Marques e Laís Brevilheri Publicidade Original Brasil - Tel.: (11) 2283-2359 comercioeservicos@originaldobrasil.com.br
Entidade apartidária, mas jamais au-
das pela internet, a FecomercioSP se
sente dos debates dos grandes temas
faz presente apoiando pequenos e
políticos, econômicos e sociais, a Feco-
microempresários – maioria abso-
mercioSP posicionou-se durante essas
luta do setor – por intermédio de
sete décadas e meia a favor das refor-
seus conselhos, de sua assessoria
Colaboram nesta edição André Zara, Didú Russo, Filipe Lopes, Gabriel Pelosi, Marina Garcia, Moacyr de Moraes, Paulo Feldmann e Priscilla Gonçalves
mas estruturais do Estado e de um
econômica e jurídica e com a força
Revisão Flávia Marques
sistema tributário simplificado. De-
da poderosa união de seus 154 sin-
senvolveu ações voltadas para o cres-
dicatos filiados.
Fotos Emiliano Hagge
cimento econômico do País. Garantiu conquistas sociais por meio de um
Neste momento difícil para o Brasil e
permanente diálogo construtivo entre
para a economia mundial, nossa
capital e trabalho, incluindo a criação
responsabilidade aumenta. Orgu-
do Sesc e do Senac, entidades que ad-
lhosa de seu passado, mas com os
ministra em benefício dos trabalhado-
olhos voltados para o futuro, a Fe-
res e de toda a sociedade.
comercioSP comemora 75 anos de estrada com a certeza de que
Defendeu ainda o mercado interno, a
escolheu o rumo certo
livre-iniciativa e o tratamento diferen-
em uma caminhada
ciado para as pequenas e microempre-
que, embora pareça
sas. Destacam-se dentre suas conquis-
longe, está apenas co-
tas, a abertura do mercado brasileiro
meçando.
4
2013 • edição 28 • agosto / setembro
Jornalista responsável Neusa Ramos MTB 20596 Impressão Gráfica IBEP Fale com a gente cs@fecomercio.com.br Redação Rua Itapeva,26, 11º andar Bela Vista – CEP 01332–000 – São Paulo/SP Tel.: (11) 3170 1571
Permitida a transcrição de matéria desde que citada a fonte. Registro Civil de Pessoas Jurídicas, Livro B-3, sob o número 2904. Nota: as declarações consubstanciadas em artigos assinados não são de responsabilidade da FecomercioSP.
Abram Szajman
Presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), entidade que administra o Sesc e o Senac no estado
ÍNDICE
18
Modelos de sucesso
Franquias continuam em alta no Brasil e especialistas indicam os melhores segmentos para negócios em 2013
8
RodrigO ABreu
Sócio-presidente da AlphaGraphics Brasil fala da expansão da rede
Apetite saciado
dicas para gerir a alimentação 14 Confira dos colaboradores no trabalho
A hora e a vez das pequenas
26 Presidente do Conselho da Pequena
Empresa discute a importância do setor
28
75 anos de Fecomercio-SP
Lutas e conquistas da entidade do comércio de bens, serviços e turismo de São Paulo
Uma cidade em movimento
32 C&S registrou a rotina dos trabalhadores que mantêm o maior aeroporto do Brasil
38
MIXLEGAL
39
ECONOMIX
Diversão e glamour
42 Salões de beleza infantis fazem sucesso ao
entreter e lidar com a vaidade dos pequenos
cativo 46 Cliente Modelo de clubes de assinatura volta à moda e apresenta oportunidades
52
Direitos e oportunidades
PEC das domésticas aumenta demanda de empresas de limpeza profissional
Retrato da fartura
da FecomercioSP mostra diversidade 56 Pesquisa do faturamento no Estado de São Paulo
AGENDA
6o CULTURAL
62
Museus e comida
A batalha dos vinhos orgânicos
64 Didú Russo fala da importância da certificação para garantir a qualidade da bebida
65 Profissões do futuro
Gestão de negócios internacionais
De heróis
66 e de bárbaros
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Acesso à saúde de qualidade para o Empregador do Comércio viver melhor. Só a parceria da FECOMERCIO-SP com a Qualicorp proporciona a você, Empregador do Comércio e sua família, acesso aos melhores planos de saúde por até metade do preço.
• A solidez e a experiência de algumas das mais reconhecidas operadoras do Brasil. • Os hospitais e clínicas mais conceituadas do país.1 • Os mais modernos laboratórios.1 • Livre escolha de prestadores médico-hospitalares com reembolso.2
Até metade do preço: em comparação a produtos similares no mercado de planos de saúde individuais (tabela de abril/2013 – Omint). ¹ De acordo com a disponibilidade da rede médica da operadora escolhida e do plano contratado. ² Conforme condições contratuais. Planos de saúde coletivos por adesão, conforme as regras da ANS. Informações resumidas. Os preços e a rede estão sujeitos a alterações, por parte das respectivas operadoras, respeitadas as disposições contratuais e legais (Lei no 9.656/98). Condições contratuais disponíveis para análise. Setembro/2013.
Amil: ANS nº 326305
Bradesco Saúde: ANS nº 005711
Golden Cross: ANS nº 403911
Lincx: ANS nº
Omint: ANS nº 359661
SulAmérica:
Qualicorp Adm. de Benefícios: ANS nº 417173
Ligue e confira: De segunda a sexta, das 9 às 21h, e aos sábados, das 10 às 16h.
www.economizecomaqualicorp.com.br.
EN T R E V ISTA Por André Zara fotos emiliano hagge
BOAS impressões A
empresa norte-americana
de ser o máster franqueado no Brasil,
AlphaGraphics, especializada em im-
dando à operação nacional o poder
pressão, comemora 43 anos de exis-
para atuar de acordo com sua visão de
tência com mais de 280 unidades es-
negócios. Com esse controle, o empre-
palhadas pelo mundo. No Brasil há
sário passou a investir em novas áreas
23 anos, a rede conta com 23 lojas e
que, no futuro, poderão levar a empre-
tem planos para mais quatro até o
sa para além do mercado de impres-
fim do ano. Apesar de altos e baixos
são. Especialista em inovação, o exe-
vividos ao longo de sua história no
cutivo afirma que apesar de o digital
País, a empresa vem apresentando
ganhar cada vez mais espaço no mer-
bons resultados desde a reestrutura-
cado, o papel – hoje um dos principais
ção de 2005, quando Rodrigo Abreu
atores no negócio – deve manter posi-
assumiu a presidência da franquia
ção de destaque nos próximos anos.
brasileira. Desde 2008, a operação figura na segunda posição de fatura-
Em entrevista, Abreu falou sobre o em-
mento da rede no mundo, perdendo
preendimento e seus devidos desafios,
apenas para os Estados Unidos.
detalhou a relação com os franqueados e expôs sua aceitação ao novo
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2013 • edição 28 • agosto / setembro
No ano passado, Abreu, que também
posicionamento da AlphaGraphics. Re-
ocupava a vice-presidência global de
velou ainda os desafios do mercado de
marketing da rede, adquiriu o direito
impressão e de comunicação no Brasil.
Há 23 anos no Brasil, rede franqueadora AlphaGraphics busca expansão e explora novas áreas de negócios para inovar em seu segmento
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EN T R E V ISTA
Rodr ig o A br eu,
sócio-presidente da AlphaGraphics Brasil
Qual é a avaliação da atuação da AlphaGraphics nesses 23 anos de trabalho no Brasil?
impressão digital, que oferece mais op-
posição que eu acumulava enquanto era
ções de personalização. Apesar do temor
presidente da subsidiária nacional, como
inicial de alguns, hoje a tecnologia é mais
vice-presidente global de marketing (que
É positiva, pois ela sempre se posicionou
uma aliada do que uma ameaça.
englobava a área de inovação). Isso criou
como uma empresa de vanguarda e inovação. Ela abriu as primeiras lojas próprias no
uma cultura e quase todos os novos projetos são lançados e testados no Brasil.
brasileiras, como a questão do self-service,
no ano passado, a subsidiária brasileira foi vendida e o senhor tornou-se máster franqueado. Qual foi a estratégia?
prática muito bem aceita em outros paí-
Ajudei a empresa a aumentar o fatura-
ses, mas não por aqui. Em 1994 a rede co-
mento de R$ 20 milhões em 2004 para
meçou a se expandir, entretanto, em 1999
R$ 72 milhões em 2012. Vivi e respirei o ne-
o mercado gráfico sofreu com a desvalo-
gócio, mas sentia falta de algo a mais. Eu
Com o senhor assumindo o controle local, houve investimentos em novas áreas de negócios. O que está por trás dessas mudanças?
rização do real. Quase todas as concor-
desejava ter um negócio próprio. Em ja-
Começamos as mudanças de conceito da
rentes estrangeiras saíram do Brasil, mas
neiro de 2012, a empresa foi vendida para
empresa quando vimos que o mercado
ficamos. A companhia então passou por
um fundo de private equity. Durante uma
tornou-se multicanal: a relevância maior
uma restruturação e algumas lojas não se
reunião, demonstraram desejo de vender
está na estratégia. No passado, éramos
mostraram viáveis por diversas questões.
as subsidiárias no Brasil e na Inglaterra.
vistos como a etapa final do processo,
Chegamos a ter 20 lojas, mas após 2002,
Com gestão própria, iriam focar os EUA.
só com a impressão. Passamos a enten-
ficamos com apenas cinco. Durante esse
Surgiu uma oportunidade profissional de
der o objetivo da impressão para o clien-
período, o modelo de negócio foi repensa-
algo que eu já tinha domínio. Foi uma de-
te e criamos uma divisão exclusiva de
do. No fim de 2005, assumi a presidência
cisão rápida e tive sorte. Eu sempre tratei o
marketing direto e inteligência de dados, a
no Brasil e voltamos a crescer.
negócio como se fosse meu, mas confesso
agDirect. A ideia é oferecer às empresas
que quando passei a responder por tudo
um serviço diferenciado que impacte
na empresa, a responsabilidade foi maior
seus clientes de forma individualizada,
do que eu imaginava (risos).
tanto na mídia como na mensagem. Isso
começo da década de 1990 e depois passou a franquear unidades. No começo, precisou se adaptar a particularidades culturais
E como a rede está atualmente no Brasil? Temos 22 franquias e uma unidade própria: 14 no Estado de São Paulo e as demais em
Somos vistos pela franqueadora norte-americana como celeiro de inovação.
porque as companhias não têm de investir a mesma quantidade de dinheiro para
sete Estados. Antes, o modelo de negócios
E como ficou a relação com a proprietária da marca?
incluía só franquias, mas quando adquiri
Quando era executivo, seguia o orçamen-
Para desenvolver outras ações, nascidas
a franqueadora em março de 2012, achei
to da matriz. Agora, sou guiado pelas mi-
de pesquisas ou da observação de ten-
importante criar uma loja-conceito, no
nhas próprias necessidades. As projeções
dências, investimos em outros produtos.
Brooklin, em São Paulo. Muita gente acha
de crescimento passaram a seguir meus
O agBook, divisão de livros sob deman-
que temos mais lojas do que as existentes,
anseios, com redistribuição e alocação
da que permite que escritores editem e
mas isso faz parte do plano. Visibilidade
de verbas. Sou franqueado e tenho que
publiquem seus livros por meio de pla-
transfere credibilidade e conveniência e,
seguir as diretrizes da sede, mas tenho
taforma online, é um exemplo. O produ-
por isso, estamos nas melhores regiões.
independência financeira e de negócios.
to nasceu de um estudo preliminar que
Quais os motivos dos bons resultados obtidos nos últimos anos?
Como o Brasil está posicionado no faturamento global da empresa?
País não é publicado. Isso porque o meio
Construímos uma relação próxima e de
Desde 2008, somos o segundo país mais
evolução da tecnologia sob demanda via-
confiança com os clientes. Outro ponto
importante para a rede, representando
bilizou que qualquer pessoa pode lançar
é que o mercado passou a aceitar as mu-
perto de 20% da receita global. Também
seu livro por meio digital ou impresso. O
danças tecnológicas e os benefícios da
temos um foco em inovação, até pela
agBook publica gratuitamente e coloca
cada cliente para atingir bons resultados.
registrou que 90% do que é escrito no
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tradicional editorial não permite que jovens escritores possam publicar. Mas a
impresso após ser vendido. Já o agFoto é um aplicativo de celular que permite usar fotos pessoais para personalizar produtos – como cadernos, calendários e agendas – e surgiu para acompanhar a tendência da mobilidade trazida pelos celulares. O produto está sendo muito bem aceito, pois com ele trabalhamos o lado social e de customização em massa.
E como está processo para implantar esse novo posicionamento de marca? Uma mudança de posicionamento não é como virar uma chave. Em nosso caso, 90% da receita vêm de impressões, não podemos esquecer isso. Qualquer mudança é um desafio para a empresa, pensando em como você continua ganhando dinheiro com o que faz hoje versus quanto tempo você investe para o que vai dar dinheiro no futuro. Todas essas novas plataformas estão em processo de investimento, mas nos diferenciam no mercado, iniciam conversas com clientes e passam a mensagem de que estamos focados no amanhã. Os franqueados pensam no “hoje”, nos pagam para dar suporte ao presente e pensar no futuro.
Essas mudanças de foco afetam o futuro do papel na AlphaGraphics? O papel passa a ter uma função mais relevante e direcionada, não menor. Na verdade, ele passa a ter uma função até maior. O papel continuará a ter relevância no futuro, mas com um direcionamento mais estratégico.
Qual o perfil do cliente da empresa hoje? Cerca de 90% de nossos clientes são empresa s. Trabalhamos para a s maiores companhias do Brasil, mas
“
Muita gente acha que temos mais lojas do que as existentes, mas isso faz parte do plano. Visibilidade transfere credibilidade e conveniência e, por isso, estamos nas melhores regiões
“
à venda na livraria virtual e o livro só é
EN T R E V ISTA
Rodr ig o A br eu,
s贸cio-presidente da AlphaGraphics Brasil
at u amos t amb ém em empresa s de todos os portes, pois conseguimos atender a qualquer demanda.
E como é a relação dos franqueados com esses novos produtos e posicionamento?
maior não é ter equipamentos digitais,
A maior parte aceita bem. Todos enten-
de vendas do que o meio de produção.
Geograficamente, a rede tem forte presença em São Paulo, além de unidades espalhadas por alguns Estados. algumas regiões são inviáveis Economicamente para o tipo de serviço que a AlphaGraphics oferece?
deram a importância de um processo de renovação constante, mas não são todos
mas como a impressão é vendida. Para isso, será preciso trabalhar mais o canal
que focam as novidades, preferem ficar
A recente alta do dólar atrapalha os negócios?
com os serviços tradicionais. É uma ques-
As máquinas, os toners e o papel sofrem
tão de perfil e adaptação. Eles respeitam,
efeitos da alta do dólar e do preço do pe-
mas quando apresentamos uma coisa
tróleo. A oscilação do dólar, indepen-
muito “fora da caixa”, pode demorar um
dentemente de ser positiva ou negati-
pouco mais para a aceitação. Mas em al-
va, prejudica muito o negócio. Quando
Ainda teremos unidades em todos os
gum momento acontece, pois fazemos
você analisa os custos, precisa considerar
Estados. Abrimos, em média, de três a
um processo contínuo de conscientização.
as variáveis para garantir rentabilidade.
quatro lojas por ano. Quando pensa-
Um franqueado não pode ficar para trás.
Acho que o reflexo, no entanto, tem sido muito mais para o importador de máqui-
mos na abertura, consideramos o perfil e o número de empresas instaladas
nas do que para nós.
ressados em adquirir a franquia têm o
Mas isso exige mais investimentos deles com tecnologia?
perfil adequado.
Temos requisitos mínimos de equipa-
E quais as metas para os próximos anos?
na cidade, além de analisar se os inte-
mentos para os franqueados porque
Queremos crescer 10% e abrir quatro lojas
Por anos, o senhor liderou a área global da rede de marketing, de inovações e de novos projetos. O que garante inovação?
temos um negócio sensível a reinvesti-
(uma em São Luís, no Maranhão; duas em
mentos constantes. Isso exige upgrades
Campinas; e uma São José dos Campos, no
de tempos em tempos, mas é impossí-
interior de São Paulo). No futuro quere-
vel realizar mudanças a cada seis meses.
mos consolidar os novos projetos e alguns
O que acontece é que cada franqueado
deles até podem se tornar negócios inde-
Persistência e investimento contínuo.
adapta-se a um mercado específico.
pendentes. Estamos realizando um gran-
Ela não acontece de uma hora para ou-
Cada um foca uma área, como arquite-
de investimento em e-commerce. A nossa
tra e não significa que tudo que você
tura, publicações, educação ou jurídica.
entrada na internet, com plataforma de
investir vai vingar. Muitas empresas têm
Temos essas particularidades entre os
compras empresariais, vai garantir uma
duas ou três experiências frustradas e
franqueados.
diferenciação para o negócio. Sabemos
acabam desistindo, passando a ser mais seguidoras do que inovadoras. Eu par-
por pesquisas nos EUA que as empresas desembolsam R$ 12 em despesas com
meu tempo só para lidar com isso. Se me
Como está o mercado de comunicação e impressão no Brasil?
ligam para apresentar um projeto, eu
O mercado está aprendendo os benefí-
no e-commerce para eliminar esses gas-
escuto. Em termos financeiros, reservo
cios e o caminho da impressão digital.
tos para os clientes. Também queremos
10% de nossa verba de marketing para
As grandes gráficas começam a migrar
transcender o relacionamento com os fun-
inovação. Mas existe uma hora que a no-
nesse sentido. Estamos em uma época
cionários dos clientes e estar presentes em
vidade precisa se sustentar. Nos 12 pri-
de aprendizado e de mudança cultural.
suas festas de casamento e no cartão do
meiros meses é inovação, depois, entra
As empresas terão de entender que, da
aniversário do filho, por exemplo. Se pre-
no orçamento normal. Aí é um produto
mesma forma que os processos de im-
cisarem de algo relacionado à comunica-
e tem que dar dinheiro, o que faz a pres-
pressão são diferentes, o procedimento
ção, queremos ser lembrados. Queremos
são por resultados ser maior. Se não der
de venda também é distinto. Para quem
consolidar nossa imagem como empresa
certo, abortamos. É um processo normal
trabalha com o digital, este é o momento
multicanal, na qual a impressão é simples-
de renovação do portfólio.
de usufruir dessa mudança. O segredo
ticularmente reservo de 15% a 20% do
processos burocráticos para cada R$ 2 que gastam com impressão. Investimos
mente uma das ofertas. &
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GE STÃO TEXTO André Zara Lettering kareen sayuri
Gestão da alimentação no trabalho pode reduzir custos para empresas e aumentar produtividade de funcionários
A
questão da alimentação no
Segundo ela, é muito comum na
presas. A companhia também pode
trabalho ainda é um tema secundário
Justiça do Trabalho ações em que o
descontar do empregado no máximo
para muitos empresários, porém, ela
ex-funcionário pede reconhecimento
20% do custo final da refeição.
traz muitas oportunidades para reduzir
do valor relativo à alimentação como
custos, para fidelizar equipe e até para
parte integrante do salário e, por con-
Ainda do ponto de vista legal, vale lem-
aumentar produtividade. O assunto é
sequência, faça com que os cálculos
brar também a Norma Reguladora
abrangente e oferece muitos caminhos,
sejam feitos com base nos valores. “O
nº 24 do Ministério do Trabalho e
a depender do tamanho da empresa e
êxito do trabalhador nestas ações cos-
Emprego, que assegura a existência de
da visão de negócios do empreendedor.
tuma ser frequente. A única forma de
refeitório nos estabelecimentos com
exclusão do benefício como salário
mais de 300 empregados e garante
Do ponto de vista das regras da
será por meio da inscrição da empresa
condições aos trabalhadores para a re-
Consolidação das Leis de Trabalho
no PAT (Programa de Alimentação do
alização de refeições – embora não seja
(CLT), o empregador não é obrigado
Trabalhador)”, completa.
exigência – em empresas com mais de
a fornecer alimentação aos funcio-
30 até 300 funcionários, mesmo que a
nários. “É um acerto individual com
O programa, do governo federal, foi
o empregado ou estabelecido em
criado em 1976. Sua vantagem é o fim
alimentação não seja oferecida.
convenções e acordos coletivos, que
da natureza salarial para a concessão
“As empresas têm vários posiciona-
quando fixado, passa a estar compre-
de alimentação por meio de cesta bá-
mentos em relação ao tema dependen-
endido no salário, como estabelecido
sica, vale-refeição ou tíquete, entre
do de seu porte e ramo de atividade.
no art. 458 da CLT”, diz a advogada do
outros meios. A adesão, que é volun-
No setor industrial, oferecer alimenta-
escritório Duarte e Tonetti Advogados
tária, prevê redução fiscal no impos-
ção é estratégico para garantir a quali-
Associados, Fernanda Miranda.
to de renda de até 4% sobre as em-
dade da mão de obra. Em outros, o mais
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15
GE STÃO
A pet ite saci ado
cionário de escolher onde comer e não exige gastos extras da empresa com estrutura. A Nutricash, por exemplo, oferece cartões com tecnologia aceita nas máquinas da Redecard e saldo cumulativo, podendo o usuário utilizá-lo no mês seguinte. “O cartão também dá segurança jurídica, pois somos regulamentados pelo PAT. Diversos clientes nos procuram depois de problemas jurídicos, pois davam a alimentação em forma de dinheiro”, afirma a gerente comercial da Nutricash, Fernanda Carla. A desvantagem é que o colaborador pode usar o dinheiro como quiser. “Por lei, os mercados não podem vender cigarros e bebidas alcoólicas com o vale-refeição, mas nem todos cumprem a legislação. O sistema não tem o poder de bloquear essas compras”, explica. comum é dar vale-refeição, que é visto
para atender a poucas pessoas pode
como mais prático e como um instru-
fazer esse valor mais do que dobrar”,
Os valores para a empresa usar o cartão
mento para dar benefício e atrair fun-
explica. No entanto, ele lembra que
variam dependendo da quantidade de
cionários”, afirma a diretora de certifica-
alguns empresários também recor-
funcionários, mas as cobranças podem
ções e métricas da Associação Brasileira
rem a empresas de serviços de refei-
ser feitas sobre o porcentual do total do
de Recursos Humanos (ABRH), Andrea
ção transportada, que entregam co-
valor dos gastos com as refeições – em
Huggard-Caine.
mida pronta.
média 3% – ou um valor fixo cobrado
Mas como cada companhia tem a
Para Andrea Huggard-Caine, diversos
vam em consideração diversos fatores,
sua própria realidade, é necessário
fatores devem ser analisados nessa
como o valor do benefício oferecido.
adaptar a questão de acordo com
equação. “É preciso olhar o perfil de
cada perfil. Atualmente as empresas
seu funcionário e o retorno com a sa-
Para o proprietário da Saffi Consultoria,
de pequeno e médio porte têm op-
tisfação dele, além da região onde está
Rogério Saffi Mello, ao negociar com as
tado por vale-refeição pela sua pra-
a empresa, para avaliar se existe oferta
empresas de cartão de vale-refeição,
ticidade, segundo o diretor superin-
de restaurantes e o preço deles.” O di-
o importante é pesquisar, analisando
tendente da Associação Brasileira de
retor da Direto Contabilidade, Gestão e
taxas e questões como quantidade mí-
Refeições Coletivas (Aberc), Antônio
Consultoria, Silvinei Cordeiro Toffanin,
nima de funcionários. Também é indi-
Guimarães. “Para o fornecimento de
concorda: “O custo de alimentação fora
cado fazer pesquisa na região de seu
alimentação no trabalho ser viável, é
do escritório é altíssimo e, às vezes, a
negócio para ver quais bandeiras são
preciso ter um maior volume de fun-
qualidade deixa a desejar.”
aceitas pelos restaurantes. “Faça pelo
por cada cartão ativo, cujos valores le-
cionários e disponibilidade de espa-
menos três cotações para ter poder na
ço. As grandes empresas de forneci-
Prato cheio
mento de alimentação, por exemplo,
Cada opção traz seus prós e contras,
trabalham oferecendo um mínimo
cabe ao empresário fazer a melhor es-
Oferecer a alimentação também pode
de 200 refeições a um custo médio de
colha, que é particular. O vale-refeição é
ter suas vantagens. “Há vários benefícios
R$ 10 por pessoa. Manter uma equipe
prático, pois oferece a liberdade ao fun-
para a empresa quando se implanta um
16
2013 • edição 28 • agosto / setembro
hora de negociação”, aconselha.
serviço de alimentação aos seus funcio-
Restaurantes, por exemplo, não atende
Se o empreendedor optar por ter o pró-
nários. Dentre eles, o controle ou diminui-
por menos de 220 refeições e prepara
prio serviço de alimentação, estará su-
ção dos riscos de Doenças Crônicas Não
a comida na própria empresa contra-
jeito às legislações vigentes no âmbito
Transmissíveis (DCNT), como obesidade,
tante. “Se botar na ponta do lápis, con-
federal, estadual e municipal de dife-
diabetes, hipertensão, entre outros”, afir-
tratar uma empresa e ter uma equipe
rentes órgãos, como a Anvisa (Agência
ma a responsável pelo Conselho Regional
própria possuem quase o mesmo preço,
Nacional de Vigilância Sanitária). Além
de Nutrição, Natalia Mayara Albano.
mas oferecemos qualidade, técnica e
disso, é preciso ter um responsável
Segundo ela, existem diversas pesquisas
anos de experiência”, afirma o diretor
técnico, como um nutricionista, para
científicas que relacionam melhorias no
comercial da LC, Walter Mello. Os con-
coordenar a operação. “As normas não
desempenho do funcionário, auxiliando
tratos com a empresa são elaborados
se diferem pelo tamanho da empresa,
na motivação e no bem-estar.
por pelo menos um ano, com reajustes
mas pela região onde ela está situada”,
anuais com base no índice de alimenta-
avisa Natalia Mayara Albano. Os custos
Caso a escolha seja fornecer alimenta-
ção da FIPE. A empresa também exige
de implantação de uma cozinha va-
ção no próprio trabalho, há três opções:
padrões mínimos no local onde forne-
riam, mas o piso salarial de um nutri-
contratar uma empresa para adminis-
cerá o serviço. “O custo da montagem
cionista, segundo o Sinesp (Sindicato
trar o restaurante interno, ter o próprio
de uma cozinha para 200 refeições é de,
dos Nutricionistas do Estado de São
serviço ou usar refeição transportada.
aproximadamente, R$ 90 mil e disponi-
Paulo), é de R$ 1.900.
No primeiro caso, é preciso ficar aten-
bilizamos cinco funcionários mais um
to ao número de funcionários. A LC
nutricionista para operá-la”, explica.
A terceira opção seria contratar o serviço de refeição transportada, como a da Self Food. A empresa fornece 14 mil refeições por dia, com sua maioria transportada para a Grande São Paulo e interior do Estado, além do
Foto: Emiliano Hagge
do com o perfil do cliente, analisan-
A vantagem [de terceirizar] é não ter funcionário para cuidar da cozinha e custos com gás, água, utensílios e com descarte de lixo, além de não assumir risco. Preparar comida é assunto sério David Prado
CEO da Self Food
“
“
Espírito Santo. “Tudo é feito de acordo, por exemplo, se os colaboradores trabalham sentados ou em operações mais braçais. Além disso, a comida enviada é balanceada e variada”, afirma o CEO da empresa, David Prado. A companhia também fornece pequenas quantidades, como o caso de um cliente em Atibaia (SP), que contrata apenas 20 refeições. “A vantagem é não ter funcionário para cuidar da cozinha e custos com gás, água, utensílios e com descarte de lixo, além de não assumir risco. Preparar comida é assunto sério”, explica. Os custos do serviço são baseados na quantidade de funcionários e nas distâncias percorridas para fazer a entrega. Para entregar 20 refeições na Grande São Paulo, por exemplo, os valores podem ficar entre R$ 10 e R$ 15 a unidade.&
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C A PA POR Felipe Vanini Bruning ilustraテァテバ carolina lusser
Microfranquias de serviço, alimentação e ensino são as áreas mais promissoras para investir
C A PA
Modelos de s ucesso
N
ada é mais assustador para
perspectiva de perder o capital investido. Felizmente, esse temor pode ser nitidamente reduzido se recursos e energia forem dirigidos ao modelo de franquias. Visto como mais resistente às provações iniciais impostas pelos mercados, esse tipo de empre-
“
endimento vem se expandindo como modelo empresarial e de negócios nas economias mais dinâmicas do mundo e – como não poderia deixar de ser – também no Brasil. De acordo com o diretor-executivo da Associação Brasileira
de
Franchising
Se for levado em consideração que o Canadá, com uma população equivalente à do Estado de São Paulo, tem quase os mesmos 100 mil pontos de venda franqueados do Brasil, dá para imaginar o potencial de crescimento que ainda temos para explorar Ricardo Camargo
“
um aspirante a empresário do que a
Diretor-executivo da Associação Brasileira de Franchising (ABF)
(ABF),
Ricardo Camargo, enquanto a taxa de mortalidade das empresas brasileiras é de quase metade em três anos, no caso das franquias o índice é de 5%. “Mesmo que alguém tenha uma experiência corporativa muito relevante em uma área, como vendas, abrir um negócio é uma tarefa multidisciplinar que envolve criação de identidade visual, processos, fornecedores e daí por diante. Com a franquia, tudo isso já foi feito e o franqueado não precisa reinventar a roda”, afirma Camargo. Um dos termômetros é o faturamento do setor, multiplicado por cinco vezes na última década. Em 2012, a receita que as 2.500 redes de franquias obtiveram atingiu R$ 103,2 bilhões, valor equivalente aos orçamentos somados do Ministério da Saúde e do Programa Bolsa Família. Atualmente, o Brasil é o terceiro país com o maior número de dos Estados Unidos e da China, e sétimo maior mercado mundial em termo de receitas. A taxa de crescimento de dois dígitos figura nos gráficos da ABF desde
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2013 • edição 28 • agosto / setembro
Foto: Divulgação
marcas de franquias, atrás somente
2005. Para 2013, a expectativa é de ex-
ressado a procurar outros franque-
– empresa responsável pela estrutu-
pansão de 14%, número que foi revisado
ados para saber como é o clima e a
ração da franquia da marca Casa do
dos 16% previstos no início do ano, em
cultura da empresa. “Os maiores pro-
Pão de Queijo – além dos requisitos
razão da projeção de menor dinamis-
blemas que temos na área são omis-
listados por Claudia Bittencourt, o
mo da economia brasileira. “Se for leva-
são de informação e expectativa erra-
franqueador deve analisar em que lo-
do em consideração que o Canadá, com
da de ganhos. Muita gente acha que já
calidade investir e quais são as áreas
uma população equivalente à do Estado
começa o empreendimento ganhan-
mais favoráveis. Ele aposta que a ex-
de São Paulo, tem quase os mesmos 100
do. Mas, na verdade, uma franquia
pansão no Nordeste, região que con-
mil pontos de venda franqueados do
obedece à mesma lógica que serve
centra 28% da população brasileira
Brasil, dá para imaginar o potencial de
para outros negócios: um período ini-
e uma fatia de 7,7% do mercado na-
crescimento que ainda temos para ex-
cial em que a despesa é maior do que
cional de franquias, será o motor de
plorar”, compara Camargo.
os retornos. Depois, gastos e despesas
médio e longo prazos das franquea-
se igualam até, finalmente, atingir a
doras. “A região tinha ficado um pou-
Ainda assim, a modalidade não é uma
esperada fase de lucro”, conta. “Agora,
co para trás nos últimos anos, mas
opção sem riscos nem está imune aos
o que observo como alguém de den-
as marcas começam a olhar de modo
modismos e às flutuações do merca-
tro do setor é que cada vez mais os in-
diferente para esse mercado do qual
do. A consultora Claudia Bittencourt,
teressados em abrir franquias estão
as perspectivas de crescimento são
que comanda o Grupo Bittencourt,
cautelosos, o que é muito saudável,
maiores do que em outras partes do
uma das maiores consultorias espe-
pois desse modo se preparam mais e
País. Existem ilhas de consumo, como
cializadas em franquias do País, ob-
planejam melhor.”
Salvador, Recife e Fortaleza, que po-
serva que a decisão de investir em
dem ser melhor aproveitadas, além do
uma franquia tem que ser tomada
De acordo com o consultor Paulo
aumento do poder aquisitivo das clas-
cuidadosamente. E aconselha o inte-
Mauro, diretor da Global Franchise
ses C e D, que é o eixo do movimento”,
2013 • edição 28 • agosto / setembro
21
C A PA
Modelos de s ucesso
diz Mauro. “Outro fator muito impor-
de crescimento para um longo período
te e o gasto realizado nos cursos é visto
tante de crescimento será a expansão
de tempo”, afirma. A área de educação
como investimento pessoal. Além dis-
das redes nas cidades do interior, prin-
apresenta um potencial grande de ex-
so, contamos com eventos como a Copa
cipalmente nos mercados com mais
pansão na avaliação de Claudia. Entre
do Mundo e as Olimpíadas para crescer
de 100 mil habitantes.”
2011 e 2012, o segmento de treinamen-
mais”, diz o diretor de expansão e novos
to e educação cresceu 10,4% conforme
negócios, Arno Krug Júnior.
Segundo Paulo Mauro, dentre as áreas
a avaliação da ABF. “É pouco diante do
mais promissoras na modalidade das
potencial que o País apresenta e, por
Quanto à aplicação do modelo de fran-
franquias estão os setores de alimen-
isso, acredito que a área vai acelerar
quia para a holding, que possui três mil
tação; educação; serviços; beleza e saú-
seu crescimento”, avalia Claudia sobre
escolas e é líder do setor, Krug Júnior
de; informática e eletrônicos; hotelaria
a tendência de avanço das franquias na
afirma que o grande responsável pelo
e turismo. Para Claudia Bittencourt, o
área educacional.
sucesso de suas escolas é o sistema di-
setor de serviços ganhou novas ade-
dático que dota o aluno da capacidade
sões de negócios que viviam à sombra
Educação
da legalidade, além de ser um dos des-
A realização de eventos esportivos de al-
desde a primeira aula. “O franqueado
taques entre as franquias. “A forma-
cance global também está impulsionan-
conta ainda com um arsenal de conhe-
lização de atividades que antes eram
do o crescimento de franquias no setor
cimento construído por milhares de ad-
exercidas quase que exclusivamente
de ensino. O Grupo Multi – cujo carro-
ministradores que se viram diante das
de forma irregular é tendência muito
-chefe é a escola de idiomas Wizard – es-
mesmas situações”, diz ele.
positiva. O ingresso de prestadores de
pera crescer 15% neste ano. “Apostamos
serviço como os de jardinagem, de en-
no aumento da renda dos brasileiros
O segredo do grupo para continuar
canamento, de sapataria e costura, en-
para puxar esse ritmo. A fluência em
crescendo é também ampliar a oferta
tre outros, é por si só um combustível
inglês é objeto de desejo de muita gen-
de serviços. O Grupo Multi, que é co-
22
2013 • edição 28 • agosto / setembro
de se expressar no idioma estrangeiro
“
“
Outro fator muito importante de crescimento será a expansão das redes nas cidades do interior, principalmente nos mercados com mais de 100 mil habitantes Paulo Mauro
Diretor da Global Franchise
mandado pelo empresário Carlos Wi-
adultos – este último com opções mais
manter essa expansão, que nos últi-
zard, está entrando no ramo de pre-
voltadas à vida profissional. Lançado
mos três anos ficou na média de 150 a
paração pré-vestibular, aumentando
em junho, o negócio já conta com duas
200 pontos novos”, afirma.
ainda mais o leque de atividades, que
unidades em operação e tem como
vai de cursos de informática à educa-
meta atingir 300 pontos em dois anos.
Foto: Emiliano Hagge
ção profissional. “Estamos sempre de
A possibilidade de expandir negócios de modo mais rápido, preservando re-
olho nas tendências e o Enem é visivel-
Alimentação
mente o sistema de concursos que vai
Outro setor bem avaliado pelos es-
a estruturar seus negócios baseados
suceder aos vestibulares. Como nosso
pecialistas ouvidos pela C&S é o de
nos modelos de franquia no setor de
foco é educação, estamos nos anteci-
alimentação. Com uma receita de
alimentação. E às vezes, a inspiração
pando”, diz o executivo Krug Júnior.
R$ 16 bilhões em 2012, a área é um dos
que motiva alguém a empreender é
cursos, continua atraindo empresários
melhores exemplos do sucesso das
bastante frugal. O empresário Tom Ri-
O escritor e médico Augusto Cury,
franquias. A marca Bob’s foi uma das
cetti foi comprar pão para a família na
um dos mais bem-sucedidos nomes
pioneiras e hoje a presença de seus
véspera de Natal do ano passado em
do mercado editorial brasileiro, tam-
“titãs”, como o sanduíche de picanha
São Carlos, no interior paulista. Entra-
bém apostou na área da educação ao
e o milk-shake de Ovomaltine, se es-
va e saía das padarias assustado com
entrar no ramo das franquias e está
palha por todas as regiões do País. E
as filas. Resolveu ir ao mercado e, lá,
lançando uma escola focada no ensi-
aposta na continuidade de seu cresci-
acabou cedendo à longa espera. Mas a
no de sua teoria da inteligência e no
mento. De acordo com o diretor-geral
partir desse “trauma”, Ricetti desenvol-
gerenciamento de emoções. A Escola
do Bob’s, Marcello Farrel, a marca terá
veu uma padaria drive-thru, a PãoToGo.
da Inteligência (Educação Emocional
um incremento de 150 pontos em 2013.
e Social)oferece cursos para crianças a
“Como temos um cardápio diversifica-
E a ideia de Ricetti está vendendo
partir de seis anos, para jovens e para
do de opções de lojas, apostamos em
como pão quentinho. “Antes de forma-
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C A PA
Modelos de s ucesso
tar o negócio, contei minha ideia a um amigo, que já se interessou em abrir uma loja. No início, pensava que iria ter no máximo quatro lojas próprias, mas até agora temos 51 contratos fechados de abertura de novas unidades. Até o fim de 2013 espero fechar 75 contratos”, diz. “O pão não é o nosso principal produto. O que atrai as pessoas é a comodidade, como poder ficar ouvindo música no carro”, finaliza.
Hotelaria e Turismo A área de hotelaria e turismo, que teve a maior expansão setorial em 2012 (114%), aproveita a espiral positiva dos grandes eventos esportivos marcados para 2014 e 2016. No entanto, de acordo com o professor de Gestão Estratégica do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), David Kallás, o melhor momento para esse tipo de investimento já passou. “A área de hotela-
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2013 • edição 28 • agosto / setembro
David Kallás
Foto: Emiliano Hagge
Professor de Gestão Estratégica do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper)
“
“
A área de hotelaria requer um planejamento bastante antecipado. Portanto, quem está interessado em investir na área deve reprogramar seu horizonte, pois dificilmente conseguirá concretizar um empreendimento a tempo da Copa do Mundo e das Olimpíadas
ria requer um planejamento bastante
Beleza
Lucio Rodrigues. A ideia da rede, que
antecipado. Portanto, quem está in-
O setor de beleza dobrou de tamanho
possui uma unidade em funciona-
teressado em investir na área deve
nos últimos cinco anos. Estimativas
mento e vai inaugurar mais cinco até o
reprogramar seu horizonte, pois difi-
da Associação Nacional do Comércio
fim do ano, é operar com um conjunto
cilmente conseguirá concretizar um
de Artigos de Higiene Pessoal e Beleza
de 237 lojas até 2017.
empreendimento a tempo da Copa do
apontam que há quase 80 mil salões
Mundo e das Olimpíadas.”
regularizados no País e que o fatura-
Informática e eletrônicos
mento anual das empresas que ofe-
O aumento da renda, especialmen-
Porém, a onda de protestos no País e
recem serviços no setor supere R$ 40
te na classe C, possibilitou maior
a deterioração da política econômi-
bilhões. “Hoje as redes de franquia de
consumo de produtos de informáti-
ca do governo podem esfriar a dis-
salões de beleza estão voltadas prin-
ca e eletrônicos, setor que apontou
posição dos empresários em inves-
cipalmente para o público de elevado
37% de crescimento no faturamento
tir neste momento. De acordo com o
poder aquisitivo e vemos o restante da
de 2011 para 2012. “A compra desses
professor da Faculdade de Economia
pirâmide em uma situação de gestão
produtos é algo que está na lista de
e Administração da Universidade de
muito precária. Além dos cursos de
prioridades das famílias. Programas
São Paulo e dirigente do Instituto
formação técnica e do cumprimento
de incentivo ao consumo – como o
Brasileiro de Executivos de Varejo
de todos os direitos trabalhistas dos
recém-lançado Minha Casa Melhor
e Mercado de Consumo (Ibevar),
funcionários, trazemos para esse pú-
– devem continuar fazendo com que
Claudio Felisoni de Angelo, iniciativas
blico algo que até então não estava ao
as vendas desses produtos se man-
como o recente corte de orçamento do
alcance deles: modelo de gestão exe-
tenham em níveis altos”, afirma
governo federal são mais um aceno de
cutiva, formação administrativa e im-
o professor de Gestão Estratégica
intenções do que mudanças eficazes
plantação de indicadores gerenciais”,
do Instituto de Ensino e Pesquisa
na ordem econômica do Brasil.
conta o sócio-diretor da empresa,
(Insper), David Kallás. &
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A RT IG O POR Paulo Roberto Feldmann
O pequeno empresário varejista sem-
A hora e a vez das pequenas
pre se viu excluído do acesso ao crédito do BNDES no que lhe é mais importante: linhas de financiamento para capital de giro. Tal dificuldade é justificada pelas instituições por tratar-se de operações de grande risco sem a contrapartida de garantias que suportassem o retorno do empréstimo. A proposta tem como base de sustentação a letra “S” da sigla do BNDES – afinal, o que pode ser de caráter mais social do
A
que a geração de empregos na atividade que é, ao mesmo tempo, a maior geradora de novas vagas no mercado produtivo e o setor que mais absorve s rápidas transformações da
São de extrema importância ações go-
mão de obra jovem, principalmente do
economia geraram situações novas
vernamentais que possam dar melho-
contingente que entra todos os anos
principalmente pela estabilidade eco-
res condições aos pequenos negócios,
no mercado em busca do primeiro em-
nômica vivenciada pelo País nos úl-
com objetivo de aumentar sua produ-
prego? Essa linha poderá flexibilizar e
timos anos. As micro e pequenas
tividade e de expandir a atividade nos
simplificar ao máximo a exigência de
empresas conquistaram uma fatia
mercados interno e externo.
garantias porque, considerando os ob-
significativa de mercado, sobretudo
jetivos do BNDES, a criação e a manu-
no que tange a número de estabele-
A aprovação de propostas em prol
tenção de novos empregos são as maio-
cimentos e à geração de empregos.
desse segmento é uma grande ne-
res garantias que se pode almejar.
Atualmente existem no Brasil mais de
cessidade e um passo importante
5,8 milhões de micro e pequenas em-
para o crescimento do País, princi-
Enfim, a criação da linha de financia-
presas, o que corresponde a 98% do
palmente no que diz respeito à gera-
mento terá impacto imediato sobre o
total de estabelecimentos registrados.
ção de emprego e de renda. Algumas
nível de emprego, reduzindo o custo
medidas pontuais, como a amplia-
unitário de cada operação e permitindo
Apesar da magnitude exposta, o maior
ção do teto de faturamento para
que milhares de pessoas sejam contra-
desafio para os pequenos negócios no
classificação das micro e pequenas
tadas no médio prazo. Ademais, permi-
Brasil é a busca de alternativas para so-
empresas e dos microempreendedo-
tirá abrir espaço para que os pequenos
breviver e se manter no mercado. As mi-
res individuais, podem ser conside-
varejistas possam direcionar recursos
cro e pequenas empresas representam
radas um grande avanço para o se-
próprios para investimentos operacio-
menos de 20% do PIB, porcentual aquém
tor, mas muito ainda resta a fazer.
nais na empresa, aliviando sua pressão
do registrado em países mais desenvolvi-
financeira e, dessa forma, dando-lhes
dos. Alguns gargalos burocráticos, como
Diante disso, a FecomercioSP vem
melhores condições para crescer e cum-
dificuldade de financiamento, alta car-
discutindo no Conselho da Pequena
prir o pagamento de seus empréstimos.
ga tributária, desconhecimento da ativi-
Empresa a criação do “Emprega fácil
O País somente terá a ganhar com estí-
dade, obstáculos para abertura e fecha-
BNDES”, uma proposta que tem como
mento de empresas, pirataria e a própria
objetivo a criação de uma linha de cré-
falta de inovação, são os motivos que
dito via BNDES para estimular a con-
confirmam os elevados índices de morta-
tratação de empregados pelas varejis-
lidade dos pequenos empreendimentos.
tas de micro e pequeno porte.
26
2013 • edição 28 • agosto / setembro
mulos ao empreendedorismo. &
Paulo Roberto Feldmann é presidente do Conselho da Pequena Empresa da FecomercioSP
INST I T UCIONA L TEXTO André Rocha e marina garcia
75 anos de FecomercioSP Entidade representa 1,8 milhão de empresas paulistas e promove ações de estímulo à cidadania e ao desenvolvimento sustentável do setor
A
nos 30. O Brasil é palco de pro-
fundas transformações sociais, políticas e econômicas. O modo de produção brasileiro – principalmente o paulistano – passa de mercantil para industrial e esse novo contexto obriga o Estado a assumir seu papel de organizar de maneira centralizada suas relações com empresários e trabalhadores. Esse é o pano de fundo para a criação da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, em 30 de setembro de 1938. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) completa 75 anos reunindo 154 sindicatos e representando nada menos do que 1,8 milhão de empresas e 4% do PIB do País. Apesar de a história da entidade estar intimamente ligada a esse cenário de mudanças, as dinâmicas sindicais se consolidaram de forma cada vez
rabilidade, que será mantida indepen-
mais autônoma e a federação con-
dente de quem a comande”, afirma.
quistou legitimidade e representati-
28
vidade no âmbito sociopolítico paulis-
Personalidades envolvidas diretamen-
tano e nacional. Para o presidente da
te na dinâmica político-econômica do
FecomercioSP, Abram Szajman, esse é o
País creditam essa legitimidade ao po-
principal trunfo da federação. “Evoluí-
sicionamento firme da federação em
mos e crescemos com credibilidade e
relação a temas e problemas presen-
respeitabilidade reconhecidas em todo
tes e relevantes no contexto de cada
o Brasil. Temos credibilidade para opi-
época. “A FecomercioSP sabe liderar
nar, informar e difundir conhecimento.
o empresariado nacional em direção
O ponto forte da federação é sua hono-
à modernização e ao crescimento da
2013 • edição 28 • agosto / setembro
economia, acompanhando as grandes
jurídica, alterar determinados dispo-
xação de Preços e Fiscalização”, no ano
transformações sociais e políticas do
sitivos do Código Tributário Nacional
passado. O material esclarecia as dúvi-
País”, destaca o presidente da Câmara
e, por fim, adequar a legislação do
das dos comerciantes sobre o assunto.
dos Deputados, Henrique Alves.
País às demandas atuais.
Como exemplo dessa militância, Al-
O presidente-executivo do Programa
não atendiam à legislação no início da
ves cita o Programa de Simplificação
de Proteção e Defesa do Consumidor
campanha, por falta de informação. No
e Racionalização do Sistema Tributá-
de São Paulo (Procon-SP), Paulo Goés,
fim da campanha, 69% atendiam às re-
rio Nacional. A proposta elaborada
também ressalta a relevância da Feco-
gras. Goés explica que, em termos prá-
pela entidade é um conjunto de nor-
mercioSP como entidade de defesa do
ticos, isso significa mais consumidores
mas para simplificar e agilizar pro-
consumidor. Ele lembra a parceria para
informados e atendidos corretamente
cessos, promover maior segurança
publicação conjunta da cartilha “Afi-
e menor incidência de multas ao setor.
Segundo ele, 86% dos comerciantes
2013 • edição 28 • agosto / setembro
29
INST I T UCIONA L
75 a nos de FecomercioSP
Linha histórica 75 anos Fecomercio-SP
“Em outras palavras, menos conflitos e
pelas ações da FecomercioSP. “A enti-
mais cidadania”, conclui.
dade exerce importante papel para o desenvolvimento do comércio. A for-
A conduta da FecomercioSP também
ça e o crescimento do setor refletem
harmoniza a relação entre comercian-
esse trabalho, que abrange frentes
tes e trabalhadores, segundo o presiden-
importantes como sustentabilidade,
te do Sindicato dos Comerciários, Ricar-
pessoas e gestão do varejo”, salienta
do Patah. “É um ponto importantíssimo.
o diretor-presidente do Grupo Pão de
A regulamentação dos comerciários em
Açúcar, Enéas Pestana.
março teve apoio irrestrito da federação.
1938
17 sindicatos fundam a Federação do Comércio do Estado de São Paulo
1946
Fecomercio de São Paulo cria na capital paulista os Conselhos Regionais do Sesc e do Senac
Isso cria a possibilidade de a profissão,
Outro ponto central da importância
hoje a maior do Brasil, com 12 milhões de
consolidada pela federação durante
trabalhadores, ter piso único nacional,
essas sete décadas e meia foi a decisão
capacitação e qualificação”, detalha.
de criar o Serviço Social do Comércio (Sesc) e o Serviço Nacional de Apren-
Grandes grupos do varejo também
dizagem (Senac). O surgimento des-
se veem positivamente influenciados
sas entidades, geridas pela Fecomercio
1977
Posicionamento em defesa da abertura política vai
1957
Defende a primazia da iniciativa privada dentro dos preceitos do direito e dos princípios de liberdade
contra o interesse de militares
Com indicadores pioneiros, marca presença no debate econômico do País
1976
Lança estudo sobre a formação de conglomerados industriais e comerciais capitaneados por instituições financeiras
30
2013 • edição 28 • agosto / setembro
maneira que a Constituição de 1988 passa a determinar, em seu artigo 179, um tratamento diferenciado à micro e à pequena empresa
1979
Realiza o I Congresso Nacional de Pequena e Média Empresa,
1972
1988
Sensibiliza os constituintes, de
em defesa do empreendedorismo
1990
É implantado o Código de Defesa do Consumidor (CDC). Nos estágios prévios das discussões, a Fecomercio
1980
Lança o Fórum de Pequenas e Médias Empresas
1984
participa da definição do Estatuto da Microempresa
abre suas portas para um amplo debate, que conta com a presença de renomados especialistas
1994
Luta por um projeto de regulamentação relativo à formação de grandes redes varejistas, tal como existe no mundo todo
desde o ano de 1946, foi uma respos-
por melhores condições profissionais
ta à nova configuração política e so-
sob o ponto de vista de lazer, cultura e
cial do Brasil, que pedia por alterações
educação, conta o diretor regional do
sociais, profissionais e econômicas no
Sesc, Danilo Miranda: “A FecomercioSP
aspecto empresarial.
exerceu o papel de formalizar essa proposta num contexto de pós-Guerra, in-
Diante da necessidade de intensificar
dustrialização e urbanização. O Sesc é
investimentos em educação e forma-
resultado dessa ação.”
ção profissional, o Senac destaca-se como um centro de excelência. Para
Segundo Abram Szajman, a FecomercioSP
Paulo Salgado, diretor regional, a liga-
manterá as bandeiras de modernida-
ção entre o Senac e a FecomercioSP é
de, de geração e difusão do conheci-
estreita. “Há uma união de interesses
mento, de credibilidade e de criativida-
extremamente interessante. O Senac
de, adequadas a um ambiente propício
procura suprir deficiências de empre-
para o crescimento sustentável do País.
go e de qualificação”. Já a fundação do
Veja nesta página a linha do tempo da
Sesc foi resultado da busca empresarial
FecomercioSP. &
2012
Elaboração das cartilhas: “Afixação de Preços e Fiscalização” (parceria com o Procon), “Representação Sindical” (parceria com o Sescon-SP) e “Segurança da Informação para Empresas” -------Construção do Planejamento Estratégico 2012-2016, baseado em uma das metodologias mais respeitadas no meio corporativo: o Balance Score Card (BSC)
2013
Lançamento da 4ª edição do Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade. A partir dessa edição, o prêmio
2003
Colabora na fundação do Conselho Estadual de Defesa do Contribuinte (Codecon/SP), que atua na aplicação
2008
Início das obras do novo prédio que conta com cinco subsolos, 15 pavimentos, cobertura e heliporto
do Código de Defesa do Contribuinte no Estado de São Paulo
2004 2005
Inauguração do Teatro Raul Cortez,
2009
Lançamento do Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade
2007
resultou no fim da CPMF
nas edições anteriores -------Lançamento da nova Pesquisa no Estado de São Paulo (PCCV) que utiliza dados sobre valores mensais de receitas de vendas informados pelas empresas varejistas ao governo paulista, por meio de um convênio de cooperação técnica firmado com
2010
Lançamento da revista Conselhos, publicação da FecomercioSP voltada a líderes empresariais e gestores
na sede da FecomercioSP
Integra a campanha que
também conta com um banco de práticas com os projetos inscritos
Conjuntural do Comércio Varejista
Inauguração da atual sede à Rua Dr. Plínio Barreto, no bairro de Bela Vista
torna-se anual. O site oficial
a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz) -------Lançamento do Índice de Preços do Varejo (IPV) e Índice de Preços de Serviços (IPS) que utiliza informações da Pesquisa de Orçamentos
2011
Divulgação do inédito estudo Radiografia do Endividamento das Famílias nas Capitais Brasileiras
Familiares (POF) do IBGE e contempla as cinco faixas de renda familiar (A, B, C, D e E) para avaliar os pesos e os efeitos da alta de preços na região metropolitana de São Paulo, em 247 itens de consumo
2013 • edição 28 • agosto / setembro
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U M DI A NO... texto Filipe Lopes
fotos emiliano hagge
... aeroporto 32
2013 • edição 28 • agosto / setembro
Uma cidade em movimento Reportagem da C&S passou um dia no maior aeroporto do Brasil que, sob nova direção, tem o desafio de atender com
R
ealizar um sonho, matar a sau-
retornar a seus países de origem
dade ou dar o primeiro passo para
após a Jornada Mundial da Juven-
uma nova vida. Sejam quais forem
tude – que acorreu no fim de julho
os motivos que levam as pessoas ao
e marcou a primeira visita do Papa
Aeroporto Internacional Guarulhos, a
Francisco ao Brasil. Angolanos, ni-
certeza é de que serão acolhidas por
gerianos, espanhóis e muitos ou-
uma estrutura de aproximadamente
tros indivíduos cujos idiomas são
190 mil m , com mais de 30 mil funcio-
de difícil identificação, fazem filas
2
qualidade mais de 100 mil passageiros por dia
nários (diretos e indiretos) que traba-
para passar pelo check-in. Bagagem
lham muito para que os passageiros
e bandeiras coloridas tornam o am-
apenas se preocupem com a viagem.
biente do aeroporto mais alegre e descontraído, destoando do cinza
O dia mal começou e o saguão prin-
predominante das escadarias e das
cipal está bem movimentado. Cente-
estruturas de concreto que susten-
nas de estrangeiros aguardam para
tam o grande complexo.
2013 • edição 28 • agosto / setembro
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U M DI A NO...
A eropor to
tornar quase imperceptível a presença dos funcionários da limpeza, manutenção e segurança. Por conta disso, a atmosfera do aeroporto dá a sensação de liberdade e acolhimento, fundamentais para que o passageiro consiga passar horas ali esperando seu voo.
De cara nova No dia 6 de fevereiro de 2012 foi anunciado o vencedor do leilão de concessão do Aeroporto Internacional de Guarulhos, após 28 anos sob administração da Infraero: o consórcio formado pelas empresas Invepar (Investimentos e Participações em Infraestrutura S.A.) e ACSA (Airports Company South Africa). Por um valor de R$ 16,2 bilhões, o consórcio obteve o direito de administrar por um período de 20 anos (até junho de 2032) o aeroporto. Desde a assinatura do contrato, em 14 de junho de 2012, ele passou a se chamar GRU Airport – Aeroporto Internacional de São Paulo. Mas as mudanças não se resumiram apenas à troca do nome. Diversos setores foram sensivelmente alterados para melhorar as operações do complexo. Talvez a primeira mudança que os passaOutra cor que chama atenção é o ver-
prometer o andamento dos trabalhos.
geiros percebam logo nos primeiros mi-
de intenso, quase fluorescente, dos co-
Os uniformes (que parecem ser de fis-
nutos no interior do aeroporto é a nova
letes de dezenas de funcionários que
cais de trânsito de tão extravagantes)
voz dos alto-falantes. Após quase trinta
acompanham atentamente todas as
servem exatamente para que os agen-
anos, o aeroporto resolveu desenvolver
operações. Empunhados de “walkto-
tes sejam encontrados à distância.
um projeto de sound branding, a fim de
ques”, esses profissionais estão ali para
“Identifico a presença de um líquido no
criar uma identidade e “despoluir” o sis-
uma das tarefas mais importantes de
chão do Terminal 1, Asa A”, comunica
tema de som do terminal – que, segun-
todo o aeroporto: garantir a harmonia.
uma voz firme e ágil. Em poucos segun-
do os passageiros, mais parecia uma fei-
A equipe de atendimento no terminal
dos surge um profissional da limpe-
ra com as chamadas constantes, além
é formada por 76 pessoas, que aju-
za com os equipamentos necessários
do incômodo causado pelos megafones
dam os passageiros a se orientarem no
para que ninguém escorregue no suco
presentes até nos banheiros. Agora, as
complexo, organizam filas, identificam
que havia sido derramado e, também
chamadas de “proibido fumar” e infor-
falhas que requerem manutenção,
em segundos, vai embora quase sem
mações sobre voos são curtas e acompa-
checam problemas com limpeza e se-
ser notado. Essa também é uma das
nhadas de uma trilha sonora à base de
gurança, e tudo o mais que possa com-
principais funções da equipe de verde:
violão, flauta, trompete e violoncelo.
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2013 • edição 28 • agosto / setembro
Outra medida que foi feita nos pri-
cional do aeroporto para a Copa do
Matando o tempo
meiros meses da nova concessão foi
Mundo de 2014. Está em construção
Esperar. Esse é o verbo mais conjugado
a reforma dos banheiros, que eram
o novo Terminal 3 para voos inter-
no aeroporto, seja dos passageiros que
muito
passagei-
nacionais, que fará o transporte de
aguardam o horário da viagem, seja das
ros pelo estado de conservação e de
passageiros do GRU Airport mais do
pessoas que estão ali para recepcionar
limpeza. Também foram instaladas
que triplicar: passará de 13 milhões
um cliente, seja por um ente querido que
900 novas placas de sinalização, das
ao ano em 2013 para 45 milhões em
esteja prestes a chegar. Muitas vezes essa
quais mais de 700 são luminosas em
2014. Até o fim da concessão, em 2032,
tarefa dura horas e, pela falta de passa-
dois idiomas (português e inglês).
chegará a 60 milhões de passageiros.
tempos, parece interminável. Por isso, o
criticados
pelos
Parecem mudanças simples, mas que fazem diferença em um aeroporto de 28 anos de vida, cujos equipamentos (elevadores, esteiras e escadas rolantes) têm a mesma idade do local. Esse é o maior desafio da equipe que coordena a manutenção do aeroporto, pois quando surge algum problema
Com a inauguração do novo Terminal 3, o aeroporto mais do que triplicará sua capacidade, podendo receber 45 milhões de passageiros em 2014
nos elevadores e nas escadas rolantes, o reparo deve ser rápido e preciso para não comprometer as operações. Porém, muitas vezes, a solução do problema leva dias para ser solucionado, exatamente pelo tempo de vida que os equipamentos possuem. Por conta disso, a equipe realiza manutenção preventiva todo mês para identificar possíveis falhas e para minimizar os transtornos aos passageiros. A equipe de atendimento – os profissionais de colete verde – identifica o mau funcionamento de equipamentos e aciona o help desk para relatar falhas. Dependendo do problema, o equipamento recebe o conserto imediato ou entra para o cronograma de manutenção – quando será realizada nos horários de menor circulação de passageiros, geralmente no período da tarde. Gradativamente, os equipamentos obsoletos estão sendo substituídos por outros mais modernos. Obras estruturais estão sendo realizadas para aumentar a capacidade opera-
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U M DI A NO...
A eropor to
aeroporto conta com atrações musicais
A arte também tem espaço na nova for-
e Compras e Blue Dog, estão no inte-
e culturais gratuitas para entretenimen-
matação do aeroporto de Guarulhos.
rior do aeroporto e dão um colorido
to. O projeto “Viaje na Música” aprovei-
Os consagrados artistas brasileiros
especial ao ambiente.
ta o espaço do saguão de desembarque
Romero Britto e Tomie Ohtake têm obras
para apresentações musicais. Minutos
permanentemente expostas no GRU
O preço da comodidade
antes das apresentações, alto-falantes
Airport. Logo no acesso ao aeropor-
O Aeroporto Internacional de São Paulo
solicitam que as pessoas se dirijam ao
to é possível notar a escultura em
tem como característica o alto fluxo
saguão. Durante as apresentações, o ae-
aço de nove metros de diâmetro de
de pessoas praticamente em tempo
roporto ganha ares de teatro e os passa-
Tomie, que homenageia os laços de
integral. Os horários de pico, costu-
geiros só lembram que estão ali para via-
amizade entre Brasil e Japão. Já as
meiramente, são das 5 às 9 horas
jar quando olham para suas bagagens.
duas obras de Romero Britto, Viagens
para o desembarque e das 17 às 22 horas para embarque. Com amplia-
Em julho deste ano, o aeroporto de Guarulhos registrou a maior movimentação da história, quando em um único dia 116,9 mil passageiros passaram por lá
ção e modernização do sistema, o aeroporto recebe cada vez mais passageiros, registrando em julho dois recordes de movimentação: no dia 18 aconteceram 885 operações de pousos e decolagens, com a movimentação de 116,2 mil pessoas. Já no dia seguinte, foram contabilizados 116,9 mil passageiros – maior movimentação da história do aeroporto. Mas será que o aeroporto conta com estrutura preparada para atender às necessidades de todas essas pessoas? E quando ficam com fome, por exemplo? Aí surge outro universo do complexo, que conta com cerca de 150 estabelecimentos comerciais como lojas, restaurantes, lanchonetes, bancos, farmácias, entre outros. A diversidade de serviços oferecidos é comparável à de grandes shoppings, onde os passageiros encontram quase tudo sem a necessidade de sair do aeroporto. A grande maioria funciona 24 horas e oferece serviços diferenciados para cada público. Durante o tempo de espera para os voos é possível cortar o cabelo, pagar as contas, engraxar os sapatos, ir ao dentista, comprar presentes e roupas, trocar dinheiro nas casas de câmbio e até mesmo tirar uma soneca e tomar um banho. Nos terminais 1 e 2 existem es-
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paços especiais que oferecem serviços de banho e cabines para descanso, pagos por hora. Essas cabines são pequenos quartos semelhantes aos de navios ou trens, medindo 1,60m x 2,10m – aproximadamente 3,50m2 –, com beliche inclusa e opções com ou sem banheiro anexo. As cabines são equipadas com TV, ar-condicionado central, tomada de energia elétrica para recarregar celular ou notebook, internet grátis e telefone (cobrança extra). Apesar da variedade de serviços, nem sempre eles cabem no bolso de todos. Para se hospedar em uma dessas cabines, o viajante desembolsa a partir de R$ 70 a hora, mais impostos. Achou caro e prefere gastar dinheiro com alimentação? O leque de opções também é enorme, mas se o desejo é fugir
Voltando para casa
pontos da cidade e sistemas de trens e
das redes de fastfoods tradicionais, os
Quando a viagem chega ao fim, está na
metrô. Apenas o ônibus que sai do ter-
preços são salgados. Existem pelo me-
hora de voltar para casa. Para o trans-
minal do Metrô Tatuapé custa R$ 4,45.
nos três restaurantes que oferecem
porte de retorno, os passageiros tam-
serviços de bufê, mas o quilo da refei-
bém devem reservar um bom dinheiro.
Se optar pelo serviço de táxi, o aeroporto conta com 650 veículos cre-
ção chega a R$ 60. Caso a preferência seja uma refeição mais rápida, como
Se o viajante veio ao aeroporto de
denciados que oferecem corrida para
uma coxinha e um suco de laranja, a
carro e o deixou no estacionamen-
qualquer lugar da cidade de São
despesa será algo em torno de R$ 15.
to do complexo, é hora de fazer as
Paulo. Mas os preços são tabelados e
contas para saber quanto ele irá de-
podem ultrapassar facilmente os dois
Com a ascensão da nova classe média
sembolsar. A diária para clientes de
dígitos. O alto custo pode ser justifica-
brasileira, cada vez mais pessoas têm
longa duração é de R$ 33. Em maio,
do pelo investimento do taxista para
a oportunidade de realizar viagens
a concessionária inaugurou o novo
poder ingressar na Guarucoop – coo-
domésticas e internacionais. A diver-
edifício-garagem de oito andares
perativa que tem concessão exclusiva
sidade de público exige também uma
com 2.644 vagas. O empreendimen-
no local. De acordo com os profissio-
mudança na política do aeroporto
to, que teve investimento de R$ 60
nais, um ponto no aeroporto não sai
para acolher essa nova demanda. De
milhões, deu ao estacionamento um
por menos de R$ 500 mil. O valor é o
acordo com o GRU Airport, o Terminal
total de 7,5 mil vagas, o que repre-
mais caro de São Paulo – para servir ao
3 – que está em construção – conta-
senta um aumento de 87% no núme-
aeroporto de Congonhas, na Zona Sul
rá com cerca de 100 lojas. A estraté-
ro das vagas disponíveis.
da cidade, o taxista investe R$ 150 mil.
mix maior de lojas, bares, restauran-
Outra possibilidade de transporte é o
O Aeroporto Internacional de Guarulhos
tes, livrarias e serviços em geral para
ônibus Airport Bus Service da Empre-
é um universo à parte, com diversas pos-
os passageiros e visitantes, de acordo
sa Metropolitana de Transportes Urba-
sibilidades de serviços para atender a
com as características dos diferentes
nos de São Paulo (EMTU/SP), que presta
uma “cidade” que não dorme e que está
públicos que frequentam o aeroporto.
serviços a partir de R$ 36,50 para vários
gia da concessionária é oferecer um
permanentemente em movimento. &
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Confira aqui na C&S os principais destaques das últimas edições do MixLegal Digital e MixLegal Impresso. As publicações têm dicas e informações de natureza jurídica que podem interferir no dia a dia dos negócios
STJ diz “não” à bitributação na venda consignada de veículos Em julgamento de recurso especial sobre a sujeição da operação de venda de veículos automotivos usados à incidência do ICMS – a ser pago pelo estabelecimento comercial –, o Judiciário decidiu que há cobrança somente do ISS, e não do ICMS. Entendeu-se que a consignação dos veículos significa mera detenção precária da mercadoria para fins de exibição. As agências de veículos não adquirem bens, somente servem de intermediárias na venda. Portanto, não há a circulação de mercadorias, lógica que rege o ICMS. Para a FecomercioSP, a decisão esclarece os contratos de consignação. Cabe ao fisco estadual averiguar possíveis manobras que tentem burlar a tributação.
Redefinição na legislação do trabalho infantil
FecomercioSP apoia fim da taxa de 10% sobre FGTS
Proposta beneficia recém-nascidos sem mãe
Visando adequar o corpo legislativo nacional às normas internacionais e constitucionais, o projeto de lei 4.968/13, do deputado federal Jean Wyllys (PSOL/RJ), propõe alteração do artigo 60 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A proposição adapta o dispositivo à Constituição, elevando a proibição de trabalho para o limite mínimo de 16 anos, além de permitir que os menores a partir de 14 anos possam exercer ofícios somente na condição de aprendiz. A FecomercioSP reconhece que a assimetria entre as normas contribui para a continuidade da exclusão social e da precarização das relações trabalhistas e julga positiva a iniciativa do deputado federal.
A presidente Dilma Rousseff vetou o projeto que previa o fim da alíquota de 10% sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em casos de demissão sem justa causa. A decisão foi reprovada pela FecomercioSP, que vê no projeto uma maneira de aliviar os custos do trabalho, favorecendo a formalização do emprego. A extinção foi sugerida pelo Projeto de Lei Complementar 200/12, que tramitou no Congresso desde 2006 sem que ganhasse força na Câmara. A FecomercioSP se movimentou durante o mês de junho para que a questão fosse discutida e aprovada. A entidade está definindo com parlamentares uma estratégia para tentar reverter a decisão da presidente.
De autoria do deputado federal Geraldo Resende (PMDB/RS), o projeto de lei 5.556/13 busca conceder ao pai viúvo os direitos da licença-maternidade de se afastar do trabalho por três meses, sem prejuízos salariais. O autor se baseou na decisão para um trabalhador de Patos (PB), que perdeu a esposa no parto da filha e obteve os direitos para cuidar da recém-nascida. Apesar de a legislação se referir à genitora, a lógica do dispositivo é o bem-estar e a proteção da criança. A FecomercioSP opina que a aprovação não significará sobrecarga dos cofres públicos e será fundamental para que o pai cumpra a função de substituir a mãe com todos os amparos legais.
Leia essas notícias na íntegra, além de outras informações, nas edições que estão disponíveis no site da FecomercioSP: www.fecomercio.com.br (em Serviços/Publicações)
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Confira aqui na C&S os principais destaques das últimas edições do EconoMix Digital e do EconoMix Impresso. As publicações têm dicas e informações voltadas à melhoria da gestão dos negócios e à compreensão do ambiente macroeconômico
Gastos básicos comprometem capacidade do brasileiro de investir A mais recente Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do IBGE aponta que as famílias brasileiras destinam 70% de seu orçamento a gastos básicos. Mesmo considerando a diferença de rendas e de estilos de vida, a fatia restante de aproximadamente 30% é insuficiente para cobrir os gastos supérfluos. Dessa maneira, não sobra capital para investir. Pelo contrário, as famílias acabam se endividando mais – um processo apelidado de “despoupança”. Até para os que têm o hábito de poupar, a entidade recomenda mais atenção: com a inflação elevada, o Banco Central foi obrigado a elevar os juros básicos e deve fazer novos aumentos, elevando a Selic para algo entre 9% e 10%.
Fim do IPI para linha branca em setembro
Guerra fiscal se estende a municípios brasileiros
Mudanças na isenção do Imposto de Renda para PLR
Após aumentos graduais estabelecidos no fim do ano passado, a previsão era de que o benefício acabasse em junho, trazendo as alíquotas para o patamar normal a partir de julho. Mudanças no cenário macroeconômico levaram o governo a rever a decisão para os produtos da linha branca, móveis, revestimentos e luminárias. Segundo estimativas, a medida injetará R$ 118 milhões aos cofres públicos no próximo trimestre e os níveis favoráveis de geração de emprego e de renda manterão o crescimento nas vendas do setor. Contudo, espera-se um menor crescimento marginal – são bens duráveis e boa parte dos consumidores aproveitou para comprá-los no início do ano.
Antes restrita aos Estados, a batalha de competitividade chegou aos municípios, que buscam alternativas para preencher as lacunas de arrecadação. Além de os tributos de competência municipal serem insuficientes, as transferências das repartições diretas de outros impostos são assimétricas entre os diversos entes federativos: pouco mais de 5% da receita total contempla 5.565 cidades. A partir dessa distorção, os municípios passaram a recorrer a outros métodos, sendo os incentivos fiscais os mais comumente adotados. A Pesquisa de Informações Básicas Municipais de 2012 (do IBGE) comprova que mais da metade das cidades concede algum tipo de incentivo.
A lei 12.832, que entrou em vigor no dia 21 de junho deste ano, alterou a norma 10.101 (de 2000) a fim de regulamentar a participação dos funcionários nos lucros e resultados (PLR) das companhias em que trabalham. As novas determinações produzem efeitos retroativos a 1º de janeiro de 2013. Com a mudança, PLRs que tenham valor igual ou inferior a R$ 6 mil não sofrerão cobrança do Imposto de Renda. Anteriormente, a tributação seguia as mesmas regras aplicadas às verbas salariais. Caso haja impasse na negociação do PLR, além de mediação, as empresas poderão se basear no Instituto de Arbitragem, regido pela Lei 9.307, de 1996.
Leia essas notícias na íntegra, além de outras informações, nas edições que estão disponíveis no site FecomercioSP: www.fecomercio.com.br (em Serviços/Publicações)
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DI V ER SIDA DE TEXTO Filipe Lopes
Diversão e glamour Salões de beleza especializados em crianças surgem para atender a um público exigente, misturando beleza e brincadeira
A
vaidade infantil e a busca
nhuma graça: as meninas enfrenta-
o GlitzMania, inaugurado em 2003, se-
pela diversão, até mesmo na hora de
vam pacientemente as intermináveis
guindo um conceito mundial de pro-
cortar os cabelos, abriram mais um
conversas das mulheres, ao passo que
dutos e serviços voltados às crianças.
nicho no já criativo mercado da bele-
aos meninos restava um cenário digno
As sócias e irmãs, Patrícia Rezende,
za: os salões especializados no aten-
de borracharia ou de oficina mecânica,
Paula Rezende Bannura e Juliana
dimento a crianças. E a atenção de
com revistas e pôsteres de mulheres
Rezende Monteiro investem pesado
empresários a esse segmento tem ra-
seminuas. Definitivamente esses sa-
para que as crianças se sintam com-
zão de ser, já que a população infantil
lões não eram feitos para os pequenos,
pletamente integradas e satisfeitas.
– que reúne crianças e adolescentes
pouco importavam tesoura afiada e
entre zero e 14 anos de idade – é de
mãos habilidosas.
aproximadamente 46 milhões de pes-
“Clientinhos” exigentes A inspiração para abrir o GlitzMania
soas, de acordo com dados do Censo
Os primeiros salões de beleza voltados
veio de uma das mais famosas lo-
Demográfico mais recente realizado
exclusivamente para o atendimento
jas de beleza infantil de Nova York, o
pelo Instituto Brasileiro de Geografia
ao público infantil começaram a sur-
American Girl Place, totalmente desti-
e Estatística (IBGE), em 2010.
gir há cerca de dez anos. A integração
nada à satisfação dos desejos das me-
entre crianças e salões de beleza – pro-
ninas. Mas no caso norte-americano,
As crianças das décadas de 1980 e 1990,
porcionada pelas novidades e brin-
a vaidade vai muito além do corte de
por falta de opção, estavam acostuma-
quedos –, colocou um fim nos acessos
cabelo, dos penteados e das unhas
das a frequentar os salões de cabelei-
de choro e de birra, além de aposentar
pintadas. Lá, as meninas podem pas-
reiros e de barbeiros dos pais. Alguns
o corte de cabelo mais pedido pelas
sar o dia fazendo compras de roupas
mais simples, nos bairros, outros mais
mães: “faça o mais rápido possível”.
e acessórios, tomando lanche da tarde
clássicos e chiques, mas todos sem ne-
No Brasil, um dos salões pioneiros foi
ou jantando, tirando fotos para mon-
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DI V ER SIDA DE
Diver são e g l a mou r
tar um book, comemorando o aniver-
próprias e outras cinco franquias, lo-
veu criar seu próprio salão, com um
sário e até mesmo fazendo penteados
calizadas em shoppings de São Paulo,
investimento inicial de R$ 190 mil, em
nas próprias bonecas com profissio-
de Campinas e do Rio de Janeiro. “Os
2007. Hoje, fatura cerca de R$ 50 mil
nais especializadas.
salões da marca necessitam de grande
por mês e conta com 16 funcionários
fluxo de clientes para se manter, então,
contratados – oito por salão.
No GlitzMania, o universo infantil
estar nos grandes shoppings é funda-
também é dominante, mas as opções
mental para atrair muitas crianças.
Atrações especiais
de consumo são mais focadas no em-
Agora estamos nos preparando para
O salão de beleza Corte Kids une di-
belezamento de meninas e meninos.
abrir nosso primeiro salão de rua, que
versão e praticidade, com uma variada
As crianças podem cortar os cabelos,
será uma experiência nova”, afirma
brinquedoteca, videogames e banca-
fazer as unhas e a maquiagem em
Patrícia. Com essa inauguração, a rede
das especiais. Uma delas é em forma
meio a brinquedos, a videogames, a
contará com mais de 100 funcionários
de camarim, para agradar as meninas.
balões coloridos e a várias outras atra-
treinados para atender aos pequenos.
Outras, simulam naves espaciais, com
ções, que tornam a experiência muito
botões e buzinas, para entreter os be-
mais divertida. Elas ainda podem ex-
Também especializado no atendimen-
bês. Contudo, segundo Finozzi, a pro-
perimentar o “brinquedão”, um com-
to ao público infantil, o salão Corte
posta é proporcionar uma experiência
plexo de escorregadores e labirintos,
Kids aposta nas lojas de rua. As duas
prazerosa durante o corte de cabelo, não
como aqueles encontrados em gran-
unidades estão localizadas em regi-
uma visita ao parque de diversões. “Não
des bufês infantis.
ões bem movimentadas da zona leste
invisto em grandes brinquedos, pois as
de São Paulo, região densamente po-
crianças passariam muito tempo neles,
Segundo Juliana, para manter um
voada que concentra cerca de quatro
dificultando o fluxo de novos clientes”,
salão de 80 metros quadrados é ne-
milhões de moradores. O Corte Kids
afirma o cabeleireiro. “Não trabalhamos
cessário fazer um investimento de
foi criado pelo cabeleireiro Alexandre
com químicas e o corte é muito bara-
cerca de R$ 350 mil. “Além disso, os
Finozzi, cansado de trabalhar em sa-
to, daí precisamos de um fluxo grande
funcionários devem receber treina-
lões tradicionais, cujos profissionais
para manter o salão”, complementa
mento específico para melhor lidar
não tinham nenhum preparo para
com as crianças”, afirma. Todos os
atender ao público infantil, um seg-
Os salões também dispõem de atra-
funcionários passam por um curso,
mento crescente – e exigente – nes-
ções especiais para atrair pais e filhos.
que tem duração de três meses, com
se ramo de serviço. “Quando chegava
Tanto o GlitzMania quanto o Corte
aulas que incluem desde orientações
uma criança, os colegas ficavam jo-
Kids oferecem o pacote de festas –
e técnicas de como tratar o “cliente
gando um para o outro a responsabi-
com direito a bolo, bufê e presença
criança” a como fazer os penteados
lidade de atendê-la”, lembra.
dos amigos, que serão devidamente
e looks mais pedidos pela garotada.
embelezados. Para os bebês, o pri-
Também precisam ter familiaridade
Com pouca saudade daqueles tem-
meiro corte. A primeira ida ao salão é
com personagens de desenhos, filmes
pos, Finozzi explica um dos motivos
transformada em um acontecimen-
e videogames, afinal, as conversas no
do recorrente empurra-empurra. “O
to, com direito a “diploma” enfeita-
GlitzMania não serão sobre o capítulo
atendimento era mais trabalhoso,
do com uma mechinha de cabelo. E,
da novela ou sobre futebol, mas sobre
exigia mais paciência e, no fim, não
enquanto o filho se “transforma” em
o filme da Barbie que acabou de estre-
passava de um corte simples de cabe-
Wolverine, Neymar, Justin Bieber ou
ar ou sobre o novo game que está fa-
lo que não rendia muito dinheiro para
outro personagem da moda, os pais
zendo a cabeça da meninada.
o profissional”, argumenta. “Era mais
podem aproveitar para cortar o ca-
interessante trabalhar com mulheres,
belo e fazer as unhas. No GlitzMania
Localização é fundamental
cujos serviços normalmente usam
ainda há um bazar com brinquedos,
A localização dos salões é outro fator
produtos químicos caros”, resume
objetos para prender o cabelo, fanta-
decisivo para garantir o sucesso do ne-
Finozzi. Ao perceber que a demanda
sias de princesas e super-heróis, entre
gócio. O GlitzMania possui duas lojas
infantil era subaproveitada, ele resol-
outros artigos do gênero.
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O Senac São Paulo – presente em 37 cidades do Estado e referência na capacitação de profissionais para o mercado de trabalho – ainda não dispõe de graduação específica para profissionais destinados ao trabalho em salões de beleza infantil. De acordo com os proprietários do GlitzMania e do Corte Kids, São Paulo deve contar com, no máximo, dez salões de beleza infantis e muitos deles fecham em um curto período de tempo. “O salão tem que ser bem localizado e com profissionais certos para que as crianças criem identidade com o espaço. Vemos que conquistamos a criança quando ela não quer ir embora”, afirma Juliana, do GlitzMania. Outro cuidado é não estimular a criança a ser um “adulto mirim”, a ida ao salão deve ser uma belo, uma experiência agradável.
O serviço deve ser divertido e as crianças devem se sentir à vontade, para continuar essa nova tendência que é levar os pais para cortar o cabelo e não mais o contrário
“Nosso slogan é ‘a experiência que
“
“
grande brincadeira e o corte de ca-
Juliana Rezende Monteiro, Paula Rezende Bannura e Patrícia Rezende Irmãs e sócias do GlitzMania
vai mudar sua cabeça’. Então, o serviço deve ser divertido e as crianças devem se sentir à vontade, para continuar essa nova tendência que é levar os pais para cortar o cabelo e não mais o contrário”, afirma Juliana. Seguindo os passos de expansão do GlitzMania, o salão Corte Kids se prepara para iniciar o processo de franquia da marca e aumentar os negócios. “São Paulo tem uma demanda
Foto: Emiliano Hagge
muito reprimida nesse setor e poucos salões especiais para criança. Esse
Desafios do segmento
para os funcionários. “O maior desa-
mercado tem muito a ser explorado”,
No Brasil, ainda não existem mui-
fio do setor é conseguir mão de obra
pondera Finozzi. Já o GlitzMania con-
tos salões especializados apenas em
especializada. Há bons cabeleireiros e
tinua sua expansão com franquias e
crianças, pois é um segmento de
manicures, mas gente que saiba lidar
investe na qualidade do serviço para
mercado emergente, que necessita
com crianças é difícil de encontrar.
manter um público rigoroso, que não
de grande investimento inicial (cerca
Gasta-se muito tempo no treinamen-
quer apenas um cabelo bonito, mas,
de R$ 250 mil) e treinamento especial
to desses profissionais”, afirma Finozzi.
principalmente, quer se divertir. &
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OPORT U NIDA DE S TEXTO André Zara
Cliente cativo Clubes de assinaturas de produtos ganham força no Brasil com auxílio da internet e representam chance para novos negócios
A redescoberta foi provocada pelo suces-
é um mistério saber o que de fato fun-
so de algumas empresas norte-ameri-
cionará. Agora é hora de experimentar,
canas, como a ShoeDazzle, um clube de
com a vantagem que o modelo permite
assinatura fundado em 2009. As clien-
começar em pequena escala.”
tes do clube recebiam um par de sapa-
F
tos por mês, em casa, pagando a men-
Agregador
salidade de US$ 39,95 pela comodidade.
Apostando na tendência, Fernando Nigri
Em pouco tempo a empresa conseguiu
Wolff criou o AssinaMe, um agrega-
milhões de usuárias. A proeza despertou
dor de clubes de assinatura. “No fim
atenção de empreendedores e investido-
de 2011, percebemos que esse modelo
res, inclusive de brasileiros que captaram
estava crescendo nos EUA e na Europa,
a movimentação e começaram a replicar
e achamos que chegaria com força ao
iniciativas semelhantes no País.
Brasil”, conta. O site AssinaMe foi lançado em março de 2012 com 40 clubes.
azer vendas por meio de assinatu-
“O modelo ressurgiu com uma nova
Meses depois, ofereceu uma ferra-
ras não é um modelo novo de negócios.
roupagem, impulsionado pela for-
menta que permite aos clubes criar
Os clubes do livro, por exemplo, existem
ça do comércio eletrônico e das redes
sites dentro da plataforma agregadora
pelo menos desde o século 19 e revistas
sociais. Houve uma febre e os bra-
para facilitar novos empreendimentos.
e jornais usam o sistema há décadas
sileiros logo começaram a copiar o
Atualmente a plataforma reúne 80
para alavancar seu comércio. No entan-
que dava certo”, afirma o professor de
clubes que vendem de produtos ali-
to, esse formato tem ganhado força nos
Empreendedorismo do Instituto de
mentícios e artigos eróticos a serviços
últimos cinco anos após empreendedo-
Ensino e Pesquisa (Insper), Marcelo
de assinatura comum, como a de jor-
res redescobrirem seu apelo comercial
Nakagawa. Para ele, como o modelo re-
nais. A diversificação de clubes impul-
renovado com o uso da internet e das
paginado de clube de assinatura ainda
siona a expansão do site agregador.
redes sociais. Apesar de ainda estar em
é novidade, o momento é ideal para
desenvolvimento, exemplos pioneiros
testes, com seus desafios de logística
“Tivemos uma primeira onda de clubes
mostram oportunidades para quem
e de aceitação por parte dos clientes.
com propostas factíveis e outras nem
estiver disposto a inovar.
“Existem muitas oportunidades, mas
tanto, com muitos aventureiros tentan-
OPORT U NIDA DE S
C l iente c at ivo
compra ao nosso depósito leva três meses. As variações no câmbio e greves em portos também atrapalham”. Outra empresa que está no agregador de clubes de assinaturas é o Rabixo, que oferece ao público masculino a oportunidade de montar e receber, a cada três meses, um kit com produtos como cuecas, meias, creme de barbear e preservativos, entregue pelos Correios. O clube foi aberto em abril de 2012 com investido a sorte. A questão é ter um produto
Borges. “Era caro manter as duas opera-
mento inicial de R$ 50 mil de dois sócios.
que segure uma carteira de clientes por
ções e decidimos ficar só com o escritó-
“No começo houve certa resistência dos
um longo prazo, de cinco anos”, explica
rio paulista”, relembra Borges.
consumidores, pois eles não entendiam
Wolff. Ele considera prematuro definir
o conceito. Por isso, batalhamos no
um perfil da nova modalidade porque
O negócio começou com três sócios en-
marketing pelas mídias sociais e, logo,
muitas das exigências comuns ao meio
carregados de todo o trabalho e respon-
as pessoas começaram a se interessar”,
físico ainda estão em teste no mundo
sáveis pelo despacho das garrafas por
explica um dos sócios, Diogo Vernier.
das assinaturas virtuais. Levantamento
meio de uma transportadora especiali-
feito pelo próprio Wolff aponta a exis-
zada. Em pouco tempo o clube caiu no
No início, tal como no clube de cerveja, os
tência de cerca de 170 clubes de assina-
gosto dos assinantes e hoje, a operação
sócios do Rabixo faziam todo o serviço.
turas no Brasil, divididos basicamente
conta com 10 funcionários e 7.500 asso-
Hoje, eles contam com uma equipe de 10
em dois tipos: de experiência (como o
ciados no Brasil inteiro. “Não investimos
funcionários, graças aos R$ 200 mil rece-
de vinhos) e de produtos de uso contí-
quase nada em comunicação, nosso
bidos neste ano de um investidor-anjo. O
nuo (como o de meias). “Um exige cons-
principal vendedor é o associado, no
dinheiro garantiu a continuidade do em-
tante inovação para encantar e manter
boca a boca”, diz. A previsão de fatura-
preendimento, pois o modelo de negócio
o cliente. O outro, ter consistência para
mento para este ano é de R$ 5 milhões.
ainda não se sustenta sozinho. Pelos cál-
cumprir o contrato”, avalia Wolff.
Explorando nichos
culos, a empresa precisaria ter 3 mil assi“O clube de assinatura tem similarida-
nantes para ser lucrativa, mas tem ape-
des com o de compras coletivas, o que
nas mil. “Acreditamos que atingiremos os
O Have a Nice Bier, considerado um
nos dá força de negociação com o for-
3 mil assinantes em 2014”, conta Vernier.
veterano na modalidade, começou a
necedor, mas o fundamental é ter um
O que incentiva a empresa é a taxa de
operar em 2011 – inspirado no livro 1001
atendimento ágil e estar conectado às
crescimento de 20% ao mês e um tíque-
Cervejas Para Beber Antes de Morrer –
redes sociais, sempre em contato com
te médio de R$ 100. “Conseguir o cliente
como um modelo de clube de vinhos
o assinante”, afirma Borges. Com as
é mais difícil do que mantê-lo. Depois de
e com um aporte de R$ 200 mil de um
bebidas, o Have a Nice Bier envia uma
aprovar a comodidade, o consumidor en-
investidor-anjo para desenvolver o ne-
revista própria do clube com conteúdo
tra no ‘piloto automático’”, explica.
gócio. O clube, que está no AssinaMe,
customizado. Além dos desafios ine-
oferece quatro cervejas importadas ao
rentes ao modelo de negócio escolhido,
Desconfianças
mês por R$ 68,90. “Abrimos com duas
o produto em si também tem que ven-
Como tudo que é novo, existem ainda
frentes. O sucesso inicial foi maior em
cer várias barreiras ao longo da cadeia
muitas incertezas sobre quais clubes
Porto Alegre, pela rede de amigos, mas
de comercialização, destaca Borges: “A
de assinatura obterão sucesso. “Eu sou
três meses depois São Paulo já era o
conjuntura nacional torna a logística
cético em relação à moda. Parece uma
nosso maior mercado”, conta o diretor
muito cara. O processo de importação
boa ideia, mas pouquíssimos clubes
de marketing e sócio da empresa, Rafael
envolve uma burocracia tremenda, da
vão perdurar. É uma mudança de com-
48
2013 • edição 28 • agosto / setembro
portamento e toda modificação precisa
um sucesso entre os clubes de assina-
“Sapatos que custavam entre R$ 150 e
que empresas invistam mais tempo e
turas nacionais. Ao explicar o fim do ne-
R$ 300 eram vendidos por R$ 99 com a
dinheiro nela”, afirma o professor da
gócio, a nota oficial da empresa aponta
assinatura. Ou seja, essas pessoas ga-
Escola de Administração de Empresas da
como “principal motivo para a decisão
nhavam os produtos e nós perdíamos
Fundação Getulio Vargas de São Paulo,
o fato de o modelo de assinatura de
a receita. Isso era algo imprevisível e
Maurício Morgado. O próprio mercado
sapatos não ter se mostrado viável no
muito particular do Brasil”, diz a nota
expõe sinais desse período de dúvidas.
mercado brasileiro”. O problema bási-
oficial da Shoes4you. Custos fixos altos
co estaria na tecnologia empregada: o
e margens de lucro apertadas teriam
Um fato recente foi o fechamen-
sistema informatizado não foi capaz
contribuído. A própria ShoeDazzle an-
to da Shoes4you, em abril deste ano.
de detectar e impedir compras feitas
dou patinando nos EUA. Abandonou
Inspirada no modelo da norte-america-
por ex-assinantes – que não tinham
o modelo de assinatura pioneiro em
na ShoeDazzle, a brasileira Shoes4you
mais direito a descontos, pois não pa-
2012 e apostou somente no e-com-
apresentou em 2012 um faturamento
gavam mais a mensalidade do clube,
merce. No entanto, neste ano, voltou
de R$ 5,5 milhões e 15 mil assinantes,
apesar de continuarem cadastrados.
atrás e retomou o sistema.
consumidor, precisa resolver um proble-
Não investimos quase nada em comunicação, nosso principal vendedor é o associado, no boca a boca Rafael Borges
sócio da Have a Nice Bier
“
“
“A assinatura tem de ser relevante para o ma ou uma compra chata. Por isso, é preciso escolher um produto de reposição contínua e convencer o cliente de que ele precisa disso”, explica Morgado. Já para atuar com os clubes de experiência, a dica do especialista é localizar as pessoas certas e as comunidades que possam ter interesse no produto, gerando também conteúdo e informação a fim de criar valor e relevância ao negócio. Por enquanto, a maioria dos clubes de assinatura brasileiros ainda tem poucos usuários convencidos do valor prático das compras fixas. “Um negócio desse tipo tem, em média, entre 100 e 500 assinantes, cobrando mensalidades entre R$ 40 e R$ 70. A percepção é que esse seja o valor máximo que as pessoas estão dispostas a gastar periodicamente”, conta Wolff. Para o professor Nakagawa, do Insper, as empresa físicas também podem se beneficiar do modelo, usando o clube de assinatura como um canal de vendas para
Foto: Emiliano Hagge
fidelizar seus clientes e para expandir negócios. “O segredo é pensar regionalmente e em formas de criar um sistema que dê conveniência para o consumidor e, se der certo, expandi-lo.” &
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49
OPORT U NIDA DE S TEXTO Filipe Lopes
t i e o r i s d
e s d a d i n u t r o p eo Com a regulamentação da PEC das domésticas, empresas terceirizadas de limpeza profissional se preparam para atender a um novo mercado
E
m julho, o Senado aprovou a re-
Para Gontijo, a segurança e a qualidade
Para ele, o mercado nacional de lim-
gulamentação da Proposta de Emenda
dos serviços prestados, garantidos por
peza profissional está em ascensão e
à Constituição (PEC) 478/2010, conhe-
contrato, são grandes atrativos para os
ainda é muito carente de serviços es-
cida como “PEC dos empregados do-
clientes domésticos que buscam agi-
pecializados, o que garante sucesso em
mésticos”, igualando a legislação dos
lidade e serviços eficientes. “Eles têm
qualquer local que receba franquia da
trabalhadores dessa categoria à dos
para quem reclamar se o serviço não
marca. “Para se ter uma ideia da pos-
demais trabalhadores. Dentre os di-
for feito conforme o combinado em
sibilidade de expansão, o mercado é
reitos recém-adquiridos, estão FGTS e
contrato. Além disso, a reclamação será
tão grande que ainda não sentimos a
adicional noturno, limite de carga ho-
prontamente atendida e o problema,
concorrência de outras empresas. Até
rária de 44 horas semanais, seguro-de-
solucionado, com o envio de novos pro-
a consolidação do mercado de limpe-
semprego, indenização por demissão
fissionais ao local”, argumenta. Outra
za profissional no País, haverá espaço
sem justa causa, salário-família, au-
consequência da PEC das domésticas,
para todas as empresas atuarem e in-
xílio-creche e seguro contra acidente
aponta Gontijo, pode ser a chegada de
vestirem nesse setor”, acredita Gontijo.
de trabalho. Esse avanço na legislação
um grande número de profissionais –
abriu uma oportunidade de negócios
saídos das casas de família – ao merca-
De acordo com a Associação Brasileira
para empresas que já atuam na área,
do da limpeza terceirizada, para aten-
do Mercado de Limpeza Profissional
pois da mesma forma que beneficiou
der a empresas ou a outras famílias.
(Abralimp), o mercado profissional de
os empregados domésticos, tornou mais caro para as famílias mantê-los.
Mão de obra qualificada
limpeza terceirizada movimentou, entre 2011 e 2012, de R$ 17,1 a R$ 17,8 bilhões.
Na avaliação de Gontijo, as empresas
O setor engloba 16.500 empresas entre
A Proclean, que atua desde 2007 pres-
de terceirização de limpeza poderão
fabricantes de máquinas, de equipa-
tando serviços terceirizados de limpe-
absorver esses profissionais que são
mentos e acessórios e de produtos quí-
za pós-obra, de tratamento de pisos e
considerados mão de obra rara no
micos , além de empresas distribuido-
de higienização de grandes empresas,
mercado atual. “É difícil encontrar fun-
ras e de prestadores de serviços. A fatia
já estuda entrar no ramo de faxina do-
cionários qualificados. Para manter a
das prestadoras de serviços é a mais re-
méstica, mesmo que não seja seu foco
qualidade dos serviços prestados pela
presentativa do setor, responsável pela
prioritário. “Observamos que houve um
nossa empresa, os novos empregados
movimentação anual de R$ 15,5 a R$ 16
aumento da demanda doméstica por
recebem treinamento. Além disso, te-
bilhões, com 13.200 empresas. A ativida-
conta do desligamento das emprega-
mos cursos de reciclagem periódicos
de de limpeza profissional (e seus mais
das das casas. Ficou mais caro manter
para manter um padrão elevado de
de 760 mil trabalhadores), quando so-
um profissional, mas é difícil uma famí-
serviço”, afirma Gontijo. Hoje, a Pro-
mada aos demais envolvidos nos mul-
lia ficar sem empregada. Então, nossa
clean tem 70 empregados contratados,
tiserviços oferecidos pelas prestadoras
diretoria vai criar um plano de franquia
distribuídos em 16 capitais brasileiras,
de serviço, como jardinagem, controle
especializada em limpeza doméstica
e registra crescimento anual de 30% e
de acesso, manutenção predial e con-
para atender a esse público”, afirma o
faturamento mensal de R$ 10 milhões
trole de pragas, pode ultrapassar a mar-
diretor geral da Proclean, Carlos Gontijo.
em todas as suas unidades.
ca de 1,6 milhão de trabalhadores.
2013 • edição 28 • agosto / setembro
53
OPORT U NIDA DE S
Di reitos e opor t u n id ades
Relação de confiança
foi criada a Limpeza Veloz. Uma diaris-
gulamentação da profissão, o empre-
Mesmo com números positivos no
ta não cobra menos de R$ 50 para lim-
gado ficou muito caro para o empre-
setor, especialistas apontam que o
par um escritório, fora os gastos com
gador, que terá de arcar com muitos
mercado de limpeza doméstica é dife-
produtos de limpeza. Com a Limpeza
impostos”, adverte. E faz as contas:
rente de tudo o que é oferecido hoje
Veloz, o cliente investe cerca de R$ 115
um empregado que ganha salário
pelas empresas profissionais no mer-
mensais, já inclusos material de limpe-
mínimo (R$ 770 em São Paulo) cus-
cado. O empregado doméstico tem
za e equipamento necessário, que con-
tará quase o dobro para a família. “Já
um perfil mais próximo dos clientes e
templam até quatro limpezas ao mês
os serviços da Limpeza Veloz custarão
constrói uma relação afetiva e de con-
em seu escritório, com duração de 60
entre R$ 160 e R$ 220 mensais, depen-
fiança com eles, o que muitas vezes é
minutos”, afirma.
dendo do tamanho da casa”, afirma. Além disso, os 200 empregados que
obstáculo para substituir esse profisSegundo Pontes, a terceirização de
prestam serviços para Limpeza Veloz
serviço de limpeza domiciliar pode
já contam com carteira assinada e
A Limpadora Veloz – com 11 anos de ex-
trazer benefícios para clientes e para
diversos benefícios que tornam a em-
periência no mercado – já treina uma
empregados domésticos. “Com a re-
presa atrativa para os profissionais.
equipe de profissionais para melhor atender à demanda doméstica que se forma. “Ela é bem diferente da empresarial porque a equipe lida com desafios novos que vão além do serviço de limpeza, como bichos de estimação e objetos de grande valor sentimental, que exigem maior cuidado e atenção dos profissionais”, afirma o diretor comercial, Evandro Pontes. Além de uma relação mais intimista, o mercado doméstico necessita também de serviços com horários flexíveis que se encaixem na agenda da família. Segundo Pontes, a maioria
“
Com a regulamentação da profissão, o empregado ficou muito caro para o empregador, que terá de arcar com muitos impostos
das pessoas prefere que o serviço de limpeza seja realizado a cada 15 dias e às sextas-feiras. A personalização do
“
sional por outro desconhecido.
Evandro Pontes
diretor comercial da Limpadora Veloz
serviço, segundo ele, não é problema para a Limpeza Veloz, que tem como diferencial exatamente a flexibilidade de horário e a oferta de trabalho para os mais variados ambientes.
Limpeza Veloz, Pontes relembra a criação da empresa. “Havia uma procura muito grande para escritórios de pequeno porte que não comportavam uma funcionária o dia inteiro. Para isso,
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2013 • edição 28 • agosto / setembro
Foto: Emiliano Hagge
Para exemplificar a versatilidade da
Futuro promissor A Abralimp registrou, em 2012, cresci-
Ficou mais caro
mento de 3% no setor em relação ao ano anterior, mesmo em meio à crise econômica que ainda pressiona o Brasil. O crescimento mostra a força convidati-
Com 8 horas extras, vale-transporte e 2 adicionais noturnos, o salário cresce de R$ 755 (salário mínimo de SP) para R$ 1.052 ou quase 40% de aumento.
va do setor para novos empreendedores que desejem investir em limpeza profissional. Para se tornar um franqueado
DADOS:
CONTA:
Salário Bruto
Salário
R$ 755,00
R$ 694,76
Horas extras no mês
+ Vale-transporte
Adicional noturno no mês
R$ 132,00
Vale-transporte
22 dias R$ 6,00 por dia
GASTO TOTAL R$ 1.052,00
dedor deve fazer um investimento de R$ 50 mil, distribuídos entre capital de giro, equipamentos de limpeza, instalações, taxa de franquia, entre outros. Esse é um mercado que não sofre com
8 2
da Proclean, por exemplo, o empreen-
barreiras de ingresso ou de tecnologia. Um empreendedor pode investir em equipamentos básicos e pouca mão de obra para oferecer o serviço. As fa-
= Pagar para o empregado Salário + vale-transporte
cilidades para entrar nesse segmento justificam o grande número de limpadoras com menos de 20 funcioná-
R$ 826,76
rios – mais de 8.500, ou quase 70% do
Recolher ao INSS Contribuição do trabalhador e patronal
e multiserviços existentes no mercado
total das 13.200 empresas de limpeza – segundo a Federação Nacional das Empresas de Serviços e Limpeza Am-
R$ 160,88
biental (Febrac).
Recolher ao FGTS*
O mercado de limpeza profissional
R$ 64,35
está concentrado nas regiões Sul, Sudeste e Distrito Federal, com cerca de
*A obrigatoriedade do FGTS ainda depende de regulamentação
80% da atuação, apesar de a região Nordeste apresentar crescimento na demanda devido a amplos investimen-
“Aqui, o funcionário recebe mais do que
na massa” e trabalhar duro até conquis-
tos governamentais em infraestrutura
um salário mínimo, pois nosso piso é
tar os clientes. “No começo investi cerca
na região e à instalação de grandes
de R$ 900, fora os benefícios como vale-
de R$ 30 a R$ 35 mil em três carrinhos de
empresas, o que gera uma grande
-transporte, refeição, décimo terceiro,
limpeza, com aspiradores de pó e produ-
oportunidade para franquias. “A região
plano de saúde, entre outros”, destaca o
tos e, muitas vezes, limpei os estabeleci-
Nordeste é a que paga melhor, pois
diretor. Hoje a empresa atua no eixo Rio-
mentos para melhor atender aos clientes.
ainda não conta com muitas opções
-São Paulo, com 700 clientes, e registra
O principal desafio no início é se tornar
de empresas profissionais de limpeza,
faturamento mensal em torno de R$ 650
conhecido e confiável. Fiz um trabalho in-
além de o poder econômico da popu-
mil. Apesar do sucesso, Pontes lembra o
tenso de panfletagem porta a porta até
lação ter crescido nos últimos anos”,
início difícil, quando teve de pôr a “mão
me tornar conhecido no mercado”, conta.
finaliza Gontijo, da Proclean. &
2013 • edição 28 • agosto / setembro
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C ONJ U N T U R A TEXTO André Zara
Retrato da fartura
Nova Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista
revela faturamento do setor nas diferentes regiões do Estado de São Paulo
A
Federação do Comércio de
grande representatividade do interior
Bens, Serviços e Turismo do Estado de
e litoral paulistas em termos de co-
São Paulo (FecomercioSP) lançou em
mércio e consumo”, afirma o assessor
julho uma nova Pesquisa Conjuntural
econômico da FecomercioSP, Altamiro
do Comércio Varejista no Estado de
Carvalho. Segundo ele, a observação
São Paulo (PCCV). O levantamento é o
dos resultados regionais permite ana-
mais abrangente e detalhado sobre o
lisar melhor as diferenças de compor-
faturamento do setor, expandindo sua
tamento entre as várias áreas que
análise da região metropolitana de
compõem o Estado.
São Paulo para todo o Estado. A iniciativa é resultado de uma parce“Ao compreender todo o Estado de
ria inédita com a Secretaria da Fazenda
São Paulo, a nova PCCV atende a uma
do Estado de São Paulo (Sefaz), que
demanda existente há anos, dada a
fornece os dados sobre o faturamento
2013 • edição 28 • agosto / setembro
57
C ONJ U N T U R A
R et r ato d a fa r t u r a
declarado pelos contribuintes. “O con-
O estudo realizado pela FecomercioSP
As mais fortes quedas no faturamen-
vênio tem como objetivo promover o
revelou que sete das dez atividades
to foram encontradas nas regiões de
intercâmbio de informações que con-
pesquisadas no Estado apresentaram
Jundiaí e Araraquara. As vendas em
tribuam para aprofundar o conheci-
crescimento no faturamento em maio,
Jundiaí apresentaram um declínio
mento sobre a atividade do comércio
em relação ao mesmo mês de 2012.
de 7,7% em maio, com forte queda da
paulista”, diz o chefe da Coordenadoria
Apenas as lojas de departamentos
atividade das lojas de departamen-
da Administração Tributária (CAT) da
(-27,5%), lojas de móveis e decoração
tos (-50,8%). No acumulado do ano,
Sefaz, José Clovis Cabrera.
(-5,2%) e as lojas de vestuário, teci-
a região mostra uma diminuição de
dos e calçados (-2,3%) mostraram de-
7% no faturamento. Já Araraquara
clínio nas vendas.
teve queda nas vendas de 1,7% no
A abrangência dos dados garante uma análise distinta nas 16 regiões
mês, com declínio acentuado na
que compõem o Estado e em dez seg-
O melhor resultado no mês foi obti-
atividade de lojas de móveis e deco-
mentos varejistas (autopeças e aces-
do pelas lojas de eletrodomésticos
ração (-27,6%). A região demonstrou
sórios; concessionárias de veículos;
e eletrônicos, com um aumento de
diminuição no faturamento de 1,6%
farmácias e perfumarias; lojas de de-
55% sobre maio de 2012. O desempe-
no acumulado de 2013.
partamentos; lojas de eletrodomés-
nho também elege a atividade com o
ticos e eletrônicos; lojas de móveis e
melhor resultado acumulado de 2013,
As vendas na capital paulista, que
decoração; lojas de vestuário, tecidos
com crescimento de 13,1%. O destaque
representam mais de 30% do fatura-
e calçados; materiais de construção;
negativo ficou com as lojas de depar-
mento do Estado, registraram expan-
supermercados; e outros).
tamentos, que registraram queda nas
são de 5,7% em maio sobre mesmo
vendas de 12,2% no acumulado deste
mês em 2012 e atingiram receitas de
ano, a maior dentre as atividades.
R$ 13,2 bilhões. No acumulado de 2013,
A PCCV com dados de maio (últimos disponíveis) apontou aumento de
o aumento nas vendas foi de 0,8%.
4,9% no faturamento do comércio
São Paulo em números
varejista, em relação ao mesmo mês
As regiões de Guarulhos e Sorocaba
dos dez setores pesquisados mostra-
de 2012. A receita com as vendas no
tiveram os melhores resultados no fa-
ram taxas negativas em maio, com-
Estado atingiu R$ 41,4 bilhões. No acu-
turamento no Estado de São Paulo em
parativamente ao mesmo mês do ano
mulado de 2013, ou seja, no período de
maio. Comparando-se a maio de 2012,
passado. O que salvou o crescimento
janeiro a maio, o faturamento do vare-
Guarulhos registrou o maior índice de
da região foram os fortes aumentos
jo cresceu 0,4%, revertendo uma ten-
crescimento (+27,1%). A atividade que
nas vendas das lojas de eletrodo-
dência negativa que vinha se manten-
se destacou positivamente no período
mésticos e eletrônicos (+33,9%) e das
do desde fevereiro. Levando em conta
foi a das lojas de eletrodomésticos e
concessionárias de veículos (+22,7%),
os resultados por regiões do Estado, 12
eletrônicos, com crescimento de 111,2%.
aliados ao aumento no faturamento
das 16 mostraram números positivos.
No acumulado dos cinco primeiros
dos supermercados (+4,4%) e de ma-
meses de 2013, o aumento do fatura-
teriais de construção (+5%).
“O aumento do faturamento do co-
Apesar dos resultados positivos, seis
mento geral na região foi de 9,6%.
mércio varejista em maio é importan-
No entanto, no acumulado de 2013,
te para avaliação do desempenho do
Sorocaba teve o segundo melhor
apenas quatro das dez atividades
consumo neste ano. Embora o total
desempenho no faturamento, com
apresentaram crescimento na cidade.
acumulado em 2013 no Estado ain-
crescimento de 15,7% em relação a
As concessionárias de veículos são o
da aponte um crescimento tímido,
maio de 2012, com destaque também
destaque positivo, com aumento ex-
o movimento vigoroso do mês pode
para crescimento no faturamento
pressivo de 7,3% no faturamento nos
ser entendido como, no mínimo, um
das lojas de eletrodomésticos e ele-
primeiros cinco meses deste ano. Já
alento diante dos prognósticos pouco
trônicos (+77,6%). No acumulado do
as lojas de departamentos apresen-
otimistas sobre os rumos do consu-
ano, a região apresentou aumento
tam os piores resultados, com redu-
mo em 2013”, afirma Carvalho.
de 7,4% nas vendas.
58
2013 • edição 28 • agosto / setembro
ção de 10,4% em 2013. &
R$ 41,4 bilhões
Foi o faturamento do comércio varejista no Estado em maio
R$ 13,2 bilhões É quanto o segmento arrecadou na capital paulista (31,86% de participação)
0,4%
Crescimento do faturamento no acumulado do ano (2013) em todo o Estado em relação ao ano passado
Desempenho por região e atividade (em relação a maio de 2012)
27,1%
Crescimento das vendas na região de Guarulhos. Melhor resultado no mês
7,7%
Diminuição do faturamento na região de Jundiaí. Pior resultado no mês
55%
Aumento nas vendas na atividade de lojas de eletrodomésticos e eletrônicos
27,5%
Diminuição do faturamento nas lojas de departamento
2013 • edição 28 • agosto / setembro
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AGENDA CULT UR A L TEXTO Priscilla Gonçalves
JACINTA Com direção de Aderbal Freire Filho (As Centenárias), a comédia musical Jacinta conta a história de uma atriz portuguesa, interpretada por Andrea Beltrão, que ganha o título de pior atriz do mundo em seu primeiro espetáculo para a rainha de Portugal, no século XVI. A monarca se decepciona com a atuação desastrosa da atriz, perde o ar e morre. Antes de falecer, a rainha ordena que a intérprete seja exilada de Portugal. Jacinta, então, vai para o Brasil e chega com fama de pior atriz do mundo. Agora, ela terá de lutar para mostrar seu talento e ganhar reconhecimento e aplauso do público. Sob direção musical de Branco Mello, vocalista da banda Titãs, o espetáculo traz uma mistura de fado, música medieval, funk e rock pesado para contar a trajetória artística de Jacinta.
TRÊS DIAS DE CHUVA Escrita pelo norte-americano Richard Greenberg em 1997, Três Dias de Chuva chega ao Brasil em sua primeira montagem traduzida e dirigida por Jô Soares. Dividida em dois atos, o público acompanha a história de uma relação entre pais e filhos, cujo segredo do passado é revelado aos poucos. O primeiro ato acontece em 1995 e narra o encontro dos filhos na partilha de bens do pai. Anna, interpretada por Carolina Ferraz, tenta acalmar o irmão Walker (Otávio Martins) após ele descobrir que o bem mais valioso foi deixado
para o filho de seu sócio, Pip, personagem de Petrônio Gontijo. No segundo ato, vemos os pais ainda jovens, interpretados pelos mesmos atores. Otávio Martins agora é Ned, sócio de Theo (Petrônio Gontijo), que é noivo de Lina (Carolina Ferraz). Durante um temporal, os três ficam presos em um apartamento e Ned e Lina se apaixonam, o que leva Theo a uma série de reflexões e questionamentos.
Onde: Teatro Raul Cortez Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – Bela Vista. Sede da FecomercioSP Quando: de 26/07 a 16/12. Sextas, às 21h30. Sábados, às 21h. Domingos, às 19h Quanto: sextas e domingos – R$ 60; sábados – R$70 Mais informações: (11) 3254-1700
Fotos: Jacinta – André Durão; Três dias de chuva – Priscila Prade;
Onde: Sesc Vila Mariana Rua Pelotas, 141 – Vila Mariana Quando: de 09/08 a 22/09. Sextas e sábados, às 21h; domingos, às 18h Quanto: R$ 32 Mais informações: (11) 5080-3000
A Cia. Polichinelo Teatro de Bonecos apresenta a história de um menino que aguarda por alguém em uma estação de trem, após uma longa viagem. Lá, ele encontra um homem com quem estabelece uma relação quase paternal. Durante a conversa, o menino resolve mostrar as cartas da sua bagagem que contam um pouco de sua história de vida. Por meio do teatro de sombras e de técnicas de animação, o público viaja pelas histórias de amor, encontros, despedidas, alegrias e tristezas contadas pelos personagens de uma forma delicada e ingênua.
Baseado na infância dos integrantes da Cia. Polichinelo, o espetáculo mostra a graça infantil e a importância do amor entre pais e filhos.
Onde: Sesc Bom Retiro Alameda Nothmann, 185 – Campos Elíseos Quando: de 04/08 a 01/09. Domingos, às 12h Quanto: R$ 8 Mais informações: (11) 3332-3600
CARTAS DE UM MENINO VIAJANTE RUBEM BRAGA
Cartas de um menino viajante – Divulgação Cia. Polichinelo; O Fazendeiro do ar – Cauê Diniz
O fazendeiro do ar
Em comemoração ao centenário do cronista capixaba Rubem Braga, a Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo realiza a exposição “O Fazendeiro do Ar”. Com curadoria de Joaquim Ferreira Santos e projeto cenográfico de Felipe Tessara, a mostra interativa traz ao público a história do cronista desde a infância em Cachoeiro de Itapemirim até o cotidiano nos jornais como redator, repórter político e correspondente de guerra, na Itália. Os arquivos cedidos pela família de Rubem Braga e pela Fundação Casa de Rui Barbosa mostram ao público imagens de diversas fases de vida do escritor na sala “Retratos”. No “Espaço Guerra” é possível que o visi-
tante encontre objetos dos anos 40 e que conheça jingles, programas de rádio e noticiários da Segunda Guerra Mundial. Vídeos com depoimentos de amigos próximos do cronista, como Ziraldo, Danuza Leão e Fernanda Montenegro, também podem ser conferidos na mostra.
Onde: Museu da Língua Portuguesa Rua Praça da Luz s/n – Luz Quando: até 01/09, de quarta a domingo, das 10h às 18h. Fechado às segundas. Às terças-feiras, o museu fica aberto até as 22h Quanto: R$6 – Entrada gratuita às terças-feiras e aos sábados Mais informações: (11) 3322-0080
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ROT EIRO SP
TEXTO Priscilla Gonçalves fotos EMILiano hagge
comida e cultura A combinação usual de museus de São Paulo para atrair público tornou-se item imperdível no roteiro, seja pela gastronomia, seja pela sofisticação Bar O Torcedor
Museu do Futebol Informações: (11) 3969-0739 Horário de funcionamento: de terça a domingo, das 9h à 0h. Em dias de jogos comuns, até as 16h. Em jogos clássicos, permanece fechado Considerado ponto de encontro dos torcedores no Estádio do Pacaembu e dos frequentadores do Museu do Futebol, o bar O Torcedor é o lugar ideal para quem procura por café da manhã, por almoço completo ou por um happy hour após o expediente. Com decoração inspirada no universo do futebol, o bar conta com fotos de torcedores nas paredes, com televisores ligados em canais de futebol e com lanches temáticos, como o Dog Torcedor.
Restaurante da Sala Sala São Paulo Informações: (11) 3225-9958 Horário de funcionamento: almoço, de segunda a sexta, das 12h às 15h, exceto feriados. Jantar em dias de concerto noturno da Osesp ou da Cultura Artística, das 18h30 à 1h No prédio da antiga estação Júlio Prestes está localizada a Sala São Paulo, um dos locais obrigatórios no roteiro cultural da cidade. Na entrada, o público depara-se com uma filial da tradicional Doceria Dulca, com doces e guloseimas para todos os gostos. O bufê do restaurante oferece opções de pratos frios e quentes com carnes variadas, saladas e peixes, como a pescada ao molho de camarão. A tradicional feijoada é servida todas as quartas. O espaço amplo enche os olhos pela beleza da arquitetura bem conservada, proporcionando tranquilidade e bem-estar aos frequentadores do local.
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Cafeteria Flor Café Museu da Casa Brasileira Informações: (11) 3032-2277 Horário de funcionamento: de terça a domingo, das 10h às 18h Inaugurado em abril de 2013 pelo grupo Capim Santo, o restaurante Santinho oferece serviços de bufê no almoço, pratos à la carte e um cardápio variado de lanches e petiscos. Saladas, grãos, acompanhamentos e massas preparadas na hora são algumas das várias opções de bufê. Dentre as opções de sobremesa, destacam-se os cupcakes de chocolate com cobertura de buttercream de Nutella e os brigadeiros de capim-santo e castanha-do-pará. Comandado pela chef Morena Leite, o restaurante conta com a supervisão de uma nutricionista que acompanha o preparo dos pratos da casa e a seleção dos alimentos.
Restaurante Santinho
Pinacoteca Informações: (11) 3313-1583 Horário de funcionamento: de terça a domingo, das 10h às 17h30 Além das belas exposições que oferece ao público, a Pinacoteca do Estado de São Paulo conta com um espaço aconchegante para lanches e almoços rápidos em frente ao Jardim da Luz, um dos locais mais antigos da cidade. Mais do que um cafezinho, a Flor Café conta com um bufê variado de salgados, sopas, doces e massas, como macarrão talharim e lasanha, os mais pedidos da casa. Há ainda opções de sanduíches batizados com nomes de artistas famosos – como Picasso – e tortas, além de saladas de folhas variadas. Dentre as opções de bebidas, a cafeteria oferece os tradicionais café expresso e cappuccino e deliciosos coquetéis de frutas.
ENOGA ST RONOMI A POR DIDÚ RUSSO
A batalha dos vinhos orgânicos O
UVAS
A mim, tal exigência parece falaciosa, pois outros vinhos, seja não orgânicos, seja não biodinâmicos (que são maio-
governo brasileiro, desde ja-
Não obstante, muitos deles já pos-
ria), inclusive os nacionais, costumei-
neiro de 2011, passou a exigir de pro-
suem certificação Demeter (para os
ramente usam uma enormidade de
dutos importados qualificados como
biodinâmicos) ou Ecocert (para os or-
produtos químicos que impedem todos
orgânicos um registro brasileiro no
gânicos), organismos europeus que
os dezesseis artigos descritos na defesa
Sistema Brasileiro de Avaliação da
gozam de grande respeito e reconhe-
da exigência do certificado da SisOrg.
Conformidade Orgânica (SisOrg).
cimento no assunto.
No caso dos vinhos, isso significa que
Diante do debate sobre a exigência da
enganando quem ?
o importador da bebida deve contra-
certificação SisOrg, o Comitê do Vinho
O Ecocert é um órgão francês de con-
tar empresa brasileira para viajar até
Fecomercio, com o apoio da Comissão
trole e certificação orgânica que desde
o produtor, se informar da veracida-
de Sustentabilidade da Fecomercio
1991 controla nos vinhedos os requisi-
de dos processos, certificar-se de que
– presidida pelo professor José Gol-
tos definidos como fundamentais para
não há utilização de produtos quími-
demberg –, encaminhou ofício ao Mi-
um cultivo orgânico, a fim de certificar
cos que afetem a vida do solo, atestar
nistério da Agricultura sugerindo e
e atestar a conformidade do produto
que a preservação da biodiversidade
solicitando que fossem reconhecidas
com os procedimentos exigentes.
é atendida e assim conferir uma sor-
a autoridade e a seriedade desses or-
te de exigências que se estendem em
ganismos pelo Inmetro, permitindo
A Demeter é alemã e bem mais antiga,
dezesseis capítulos.
assim que os vinhos obtivessem isen-
criada em 1928. É também mais radi-
ção do certificado do SisOrg.
cal, pois fiscaliza os produtos biodinâ-
Como fica então o consumidor ? Q uem está
Constatada a averiguação, o gover-
micos. Os critérios de cultivo abran-
no brasileiro expede a liberação do
Contudo, por mais curioso e contraditó-
produto a ser comercializado, que
rio que possa parecer, o governo mante-
necessariamente deverá utilizar o
ve a exigência da certificação brasileira,
O tema é sério e no Brasil pouco se
logotipo oficial de certificação bra-
alegando que não há neste momento
sabe sobre o assunto. O cultivo biodi-
sileira de "Produto Orgânico".
equivalência normativa no assunto que
nâmico se espalhou pelo mundo e con-
permita conceder tratamento igualitá-
templa alguns dos mais renomados e
rio a produtos estrangeiros.
conhecidos vinhos do mundo, como o
Como a grande maioria dos produtores de vinhos orgânicos, biodinâmicos e naturais é de pequeno porte
O governo alega ainda que não permitirá
e o Brasil é mercado irrisório para
o uso de expressões, títulos, marcas, gra-
esses produtos especializados, tor-
vuras ou qualquer informação que possa
na-se inviável em termos de custo
induzir o consumidor a erro quanto à ga-
investir na certificação.
rantia da qualidade orgânica do produto.
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gem conhecimentos antroposóficos.
Domaine de La Romanée Conti. &
Didú Russo é fundador da Confraria dos Sommeliers, autor do livro Nem Leigo Nem Expert, editor do site www.didu.com.br e do blogdodidu.zip.net, além de ser diretor e apresentador do programa de TV Celebre!
PROF ISSÕE S DO F FU U T U RO POR Gabriel Pelosi
Negociar é preciso Curso de pós-graduação do Senac prepara profissionais para atuar em negociações no mercado externo
O
negócios internacionais e na operacio-
ções internacionais. Profissionais da
nalização do comércio exterior, com
área também podem atuar no mer-
planejamento e desenvolvimento de
cado internacional como agentes ma-
projetos e empreendimentos inter-
rítimos e de carga e em organizações
nacionais rentáveis em ambientes de
públicas que promovam ou contro-
elevada segurança. “A internacionali-
lem operações de comércio exterior.
zação do Brasil é um caminho sem volta. A ascensão do País na comunida-
“O Brasil tem uma tradição em for-
de internacional, principalmente no
mação de pessoas operacionais. Nós
ambiente de negócios, é um processo
precisamos formar pessoas mais co-
que não pode ser revertido mais. Para
merciais, pessoas de gestão, de ge-
acompanhar esse processo, as empre-
rência. E são essas pessoas que fazem
sas precisam se internacionalizar com
a diferença lá na frente. São elas que
Brasil e a América Latina des-
o País. E, para que elas façam isso bem
saem do Brasil e vão negociar além
pontaram entre os mais importantes
feito, é natural que a qualificação de
das fronteiras. É disso que o Brasil
focos de desenvolvimento econômico
seus profissionais seja a melhor pos-
precisa, de mais negociadores inter-
durante o período de crise financeira
sível”, aponta Sérgio Pereira, espe-
nacionais”, ressalta Sérgio Pereira.
internacional, que começou em 2008.
cialista em negócios internacionais. O curso de pós-graduação em Gestão
A trajetória de crescimento brasileira, no entanto, expôs algumas de-
O intercâmbio de mercadorias no
de Negócios Internacionais está em
ficiências comuns às nações que se
Brasil e no mundo vem crescendo a
constante mudança em seu conteúdo
desenvolvem desordenadamente e
taxas elevadas, com as empresas bra-
programático a fim de atualizar téc-
com pouco planejamento. Dentre
sileiras competindo fortemente com
nicas emergentes e fundamentais na
os pontos fracos, destacam-se a au-
as estrangeiras no cenário interna-
área de administração de empresas,
sência de infraestrutura e a falta de
cional. Essa dinâmica gera uma de-
em especial, na gestão de negócios in-
profissionais qualificados para atuar,
manda crescente e urgente por qua-
ternacionais. O objetivo é desenvolver
sobretudo, na área de transações glo-
dros empresariais especializados em
as competências necessárias para que
bais. Para inserir o País no mercado
negócios internacionais. O mercado
os alunos tenham habilidade para co-
externo, o Centro Universitário Senac
de trabalho para os profissionais qua-
mandar áreas de acordo com a nova
oferece o curso de pós-graduação em
lificados na área de comércio exterior
dinâmica organizacional e global dos
Gestão de Negócios Internacionais.
é extenso e abrange empresas nacio-
mercados. A carga horária total do cur-
nais e estrangeiras voltadas para ex-
so é de 366 horas e, nas atualizações
O curso prepara o profissional para
portação e importação, como bancos,
inclusas na grade, foram acrescenta-
exercer suas competências empreen-
companhias de seguros e organiza-
dedoras na área segundo tendências
ções que operem em processos de fi-
do mercado internacional. As discipli-
nanciamento e de câmbio, e empresas
Mais informações pelo site www.sp.senac.br
nas preveem atuação na gestão dos
de logística que mantenham opera-
ou pelo telefone (11) 5682-7300
das quatro disciplinas à distância. &
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CRÔNIC A POR Moacyr de moraes • jornalista
De heróis e de bárbaros
O
Passe Livre. Os protestos que sacudiram São Paulo ecoaram em muitas outras capitais e grandes cidades dos quatro cantos do País. A crista baixa do brasileiro cordial se levantou. Centenas de milhares foram às ruas protestar contra a polícia, contra os desmandos do poder público e pelo fim da corrupção generalizada. A pauta agora era abrangente:
inverno de 2013 reabilitou
tinham-se comportadas, na moita,
exigia os direitos fundamentais de qual-
para o brasileiro costume há muito,
distantes da mídia “cumpanhera” que
quer sociedade civilizada, como saúde,
muito tempo esquecido: as passeatas
nunca lhes negou grande destaque.
educação, transporte e segurança.
Desde 1992, quando os caras-pintadas
Então, no começo do mês, quem nunca
Entretanto, jurássicos infiltrados e ca-
saíram às ruas exigindo e conseguin-
viu pôde ver – começando por São Pau-
muflados passaram a saquear, incen-
do o impeachment do presidente da
lo – as famosas passeatas de protestos
diar e destruir tudo o que viam pela
República, não havia registro de mani-
e de reivindicações com povo bravo na
frente, com pedras, paus e coquetéis
festação das massas na defesa ou no
rua. Mas o movimento, agora, tinha
molotov. Assim, as passeatas foram
ataque de qualquer bandeira. Quan-
características inéditas em relação
perdendo o encanto, o apoio popular
do muito, uma invasão dos sem-terra
aos protestos históricos. Não havia um
e a legitimidade das reivindicações.
ou uma ocupação dos sem-teto, um
líder, mas uma liderança pulverizada,
Teria sido apenas o “Black Bloc” (movi-
desfile de trabalhadores em greve ou
que proibia a participação de partidos,
mento anarquista do século 21) o res-
uma paralisação anual de professo-
de políticos e de grupos que agem à
ponsável pelo fim melancólico dos pro-
res e funcionários públicos. Passeatas
sombra de um ou de outro. Havia ape-
das boas – aqueles protestos para va-
nas uma reivindicação: o cancelamen-
ler – ficaram lá atrás, sofrendo mais de
to do reajuste recente das tarifas dos
duas décadas de esquecimento.
ônibus urbanos e do metrô.
Mas quando junho chegou, foi um al-
A mobilização dos manifestantes pelas
voroço, pois com ele veio também uma
redes sociais e a organização da passe-
explosão social daquelas de virar as tri-
ata eram do Movimento Passe Livre – o
pas pelo avesso e o País de pernas para
MPL –, constituído majoritariamente
o ar. No limiar da maioridade, rapazes e
por jovens de classe média alta e intelec-
moças talvez imaginassem, até então,
tualizada. Formado por alunos da USP
que as expressões concretas da von-
ou de universidades particulares, o MPL
tade popular se restringiam à Parada
afirmava batalhar apenas pelo trans-
do Orgulho Gay, à Marcha das Vadias
porte público gratuito em todo o País.
populares de protesto e reivindicação.
e às inúmeras passeatas dos defensores da liberação geral da maconha. E
A tranquilidade da primeira passeata
não era para menos. Afinal, por mais
não resistiu à segunda. Por alguma ra-
de dez anos permeava a sensação de
zão a polícia partiu para a repressão,
que o País vivia sob ordem e progresso
mas exagerou na dose. A ação desper-
inabaláveis, como quer a bandeira na-
tou a solidariedade aos manifestantes e
cional. Os sem-terra, os sem-teto e ou-
originou-se, então, uma mobilização ex-
tras organizações menos cotadas man-
traordinária da população em apoio ao
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testos democráticos? &
Sujeito à taxa de conveniência
Foto meramente ilustrativa
Mais do que acreditar, fazer. Matéria-prima sustentável, manufatura ecologicamente correta, produtos diferenciados, comércio solidário e até um Selo Verde. O Projeto Terra venceu a categoria Microempresa do 1º Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade, em 2008. Em nossa 4ª edição, continuamos procurando realizadores que desenvolvam projetos assim. É o seu caso? Então inscreva-se. Categorias: • Grande Empresa • Pequena e Média Empresa • Microempresa • Entidade Empresarial • Indústria • Órgão Público • Professor • Estudante • Reportagem Jornalística
Inscrições e informações, acesse: www.fecomercio.com.br/sustentabilidade Coordenação técnica:
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