35 ISSN 1983-1390
00035
revista comércio & serviços publicação da federação do comércio de bens, serviços e turismo do estado de são paulo
9
771983
139001
ANO 23 • Nº 35 • novembro/dezembro • 2014
No luga r certo Fer ramenta s de geolo c alizaç ão aprox imam clientes e empresa s
Móv eis e decor açõe s Bra sileiro adere ao e- commerce de mobiliár io e ar t igos de design
Intolerantes e afins
V e nding m achine s Ba se ins talad a ult rapa ssa 80 mil máquina s de autoatendimento
Cresce a oferta de produtos para pessoas que possuem algum tipo de restrição alimentar, nicho que atrai varejistas e fabricantes
recursos natur ais Car t ilha or ienta comérc io sobre reduç ão do consumo de águ a
A FecomercioSP apresenta uma novidade que vai ajudar na conclusão de bons negócios: o Meu Comércio Online. Uma ferramenta segura e prática que facilita a criação da sua loja virtual, além de anunciar o seu produto de graça, através do site Buscapé, para mais de 20 milhões de pessoas.
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Conheรงa um jeito de tornar as vendas online mais vantajosas.
C A RTA AO L EI TOR
Mercado de nichos Não há números precisos sobre o to-
calização, tecnologia baseada na iden-
tal de brasileiros portadores de algum
tificação de onde a pessoa está. Com
tipo de restrição alimentar. São pesso-
a disseminação e a queda nos preços
as com intolerância ou alergia a subs-
dos dispositivos móveis, as ferramen-
tâncias diversas, como glúten e lacto-
tas são usadas para expandir redes de
se, para citar as duas mais frequentes.
lojas, descobrir um bom endereço para
Com o diagnóstico mais preciso, é
construir ou vender um imóvel, buscar
crescente o volume de portadores que
serviços ou produtos, fazer marketing
vão em busca de produtos especiais, o
dirigido, enviar cupons de descontos
que tem atraído fabricantes e varejis-
para o consumidor e conhecer o perfil
tas para esse nicho de mercado.
do cliente.
Multiplicam-se as marcas destinadas
A tecnologia também contribui para
a esse público, assim como o espaço
tornar mais dinâmica a distribuição
aberto nas prateleiras para novas li-
de produtos por meio das vending
nhas de produtos. É o que mostra a
machines, ou máquinas automáti-
reportagem de capa desta edição da
cas. Inicialmente, elas ofereciam café,
C&S, que revela como empresas de
mas hoje estão disponíveis para uma
variados portes estão aproveitando as
série de produtos e serviços: flores,
oportunidades que surgiram a partir
alimentos, produtos de higiene e li-
de necessidades especiais de alimen-
vros são alguns dos itens possíveis
tação de uma parcela da população.
de adquirir por autoatendimento. As
Com o maior número de fabricantes,
máquinas automáticas estão espa-
cresceu também a cadeia de distribui-
lhadas por ambientes corporativos,
ção, com a abertura e a proliferação de
comerciais e de grande circulação
redes de produtos naturais e especiais
de pessoas. A tendência, a partir de
para pessoas com restrições e alérgi-
agora, não é só vender produtos, mas
cas, um público cativo e fiel. Além dele,
também usar o espaço para interagir
o crescimento é impulsionado por die-
com os clientes. Outra novidade é a
tas da moda que excluem do cardápio
aceitação de cartão de crédito, facili-
o glúten e a lactose.
dade que deve mudar a dinâmica de vendas e favorecer a adoção das má-
Oportunidades de ne-
quinas para uma gama ainda maior
gócios também surgem
de produtos. Como apresentado nas
em função de ino-
próximas páginas, a tecnologia é
vações
digitais,
como a geolo-
cada vez mais uma imprescindível aliada de quem faz negócios. &
Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo Presidente Abram Szajman Diretor-executivo Antonio Carlos Borges
Conselho Editorial Ives Gandra Martins, José Goldemberg, Renato Opice Blum, José Pastore, Adolfo Melito, Marcelo Calado, Paulo Roberto Feldmann, Pedro Guasti, Antonio Carlos Borges, Luciana Fischer, Luis Antonio Flora, Romeu Bueno de Camargo, Fabio Pina e Guilherme Dietze Editora Editor-chefe e jornalista responsável André Rocha MTB 45653/SP Editora Marineide Marques Repórteres Bismarck Rodrigues, Enzo Bertolini e Filipe Lopes Editores de arte Clara Voegeli e Demian Russo Chefe de arte Carolina Lusser Designers Renata Lauletta e Laís Brevilheri Assistentes de arte Paula Seco e Vitória Bernardes Estagiário Yuri Miyoshi Revisão Flávia Marques e Luisa Soler Fotos Emiliano Hagge Colaboram nesta edição Bárbara Oliveira, Pedro Guasti, Priscila Oliveira, Roberta Prescott e Romeu Bueno de Camargo Executiva de negócios Natalie Kardos (11) 3170-1571 natalie.kardos@agenciatutu.com.br Redação Rua Itapeva,26, 11º andar Bela Vista – CEP 01332–000 – São Paulo/SP Tel.: (11) 3170 1571 Fale com a gente cs@fecomercio.com.br Impressão Prol Gráfica
Abram Szajman, Presidente da Federação do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), entidade que administra o Sesc e o Senac no estado
Aqui tem a força do comércio
ÍNDICE
18
a vez dos intolerantes
Mercado de produtos para pessoas alérgicas e com restrições alimentares está em ascensão, mas exige qualificações e cuidados especiais
8
Staples
E-commerce de materiais de escritório testa novos modelos de negócios no Brasil
recursos naturais
orienta como reduzir o 14 Cartilha consumo e evitar o desperdício de água
E-commerce
26 Pedro Guasti comenta o veto do STF à bitributação do ICMS
28
depende do processo sucessório
52
Soluções de geolocalização aproximam empresas e clientes
Um dia na Rua Augusta
variedade de estabelecimentos
MIXLEGAL
39
ECONOMIX
Qual é a sua opinião?
42 Pesquisas de mercado e de satisfação ajudam PMEs a definir estratégias
Vending machine
Máquinas de autosserviço ganham adeptos e oferecem de tudo
Móveis online
adere aos sites especializados 56 Brasileiro em mobiliário e decoração
No lugar certo
32 Em três quilômetros, via arterial reúne
38
pai para filho 46 De Sobrevivência dos negócios familiares
AGENDA
6o CULTURAL
62
roteiro sp
Dupla visita
64 Regra não permite multa na primeira
fiscalização, que tem caráter educativo
65 Profissões do futuro
Pós-graduação em Atividades Físicas para Grupos Especiais
66
Livros
Histórias e dicas que ajudam no dia a dia do empreendedor
Acesso à saúde de qualidade para o Empregador do Comércio viver melhor. Só a parceria da FECOMERCIO-SP com a Qualicorp proporciona a você, Empregador do Comércio e sua família, acesso aos melhores planos de saúde por até metade do preço.1
• Rede com os melhores hospitais, laboratórios e médicos do Brasil.² • Livre escolha de prestadores médico-hospitalares com reembolso.³ • Confira as possibilidades de redução de carências.4
Em comparação a produtos similares no mercado de planos de saúde individuais (tabela de setembro/2014 – Omint). 2 De acordo com a disponibilidade da rede médica da operadora escolhida e do plano contratado. 3 Esse benefício se dá de acordo com a operadora escolhida e as condições contratuais do plano adquirido. 4 A disponibilidade e as características desse benefício especial podem variar conforme a operadora escolhida e o plano contratado. 1
Planos de saúde coletivos por adesão, conforme as regras da ANS. Informações resumidas. A comercialização dos planos respeita a área de abrangência das respectivas operadoras. Os preços e as redes estão sujeitos a alterações, por parte das respectivas operadoras, respeitadas as disposições contratuais e legais (Lei no 9.656/98). Condições contratuais disponíveis para análise. Outubro/2014. Amil: ANS nº 326305
Bradesco Saúde: ANS nº 005711
Omint: ANS nº 359661
SulAmérica:
Qualicorp Adm. de Benefícios: ANS nº 417173
Ligue e aproveite: De segunda a sexta, das 9 às 21h, e aos sábados, das 10 às 16h.
www.economizecomaqualicorp.com.br
EN T R E V ISTA Por marineide marques fotos emiliano hagge
Foco nos pequenos P
resente no varejo americano com
executivo, o enxugamento da estru-
megalojas de materiais para escritó-
tura americana demonstra que Brasil
rio, a Staples explora modelos diferen-
e Argentina estão no caminho certo.
tes na América Latina. Na Argentina,
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a opção é pelas “nanolojas”, estru-
Por aqui, o foco está nas pequenas e
turas menores que combinam ven-
médias empresas, que encontram na
das presenciais e virtuais. No Brasil,
Staples tudo o que não é estratégico
após dez anos somente com o e-com-
para o negócio. E não são apenas pro-
merce, a empresa inaugurou em
dutos de escritório, como cadeiras ou
setembro a primeira operação físi-
artigos de papelaria. Também é pos-
ca, no conceito batizado de pop-up
sível adquirir papel higiênico, café
store. Trata-se de um quiosque de
e copo descartável. Em entrevista à
20 metros quadrados no corredor
C&S, Piccioli comenta os desafios do
do Market Place, por meio do qual a
varejo online e discorre sobre o impac-
Staples quer avaliar o comportamen-
to de algumas tendências sobre o fu-
to do consumidor. Para o CEO da Sta-
turo da Staples. As principais, segun-
ples na América Latina, Leo Piccioli, o
do ele, são o teletrabalho, que reduz o
formato adotado na região é o futuro
número de pessoas nos escritórios, e a
da rede, especialmente depois que a
disseminação das tecnologias digitais,
matriz anunciou, em março, que fe-
que inibe o consumo de itens como
chará mais de 200 lojas nos Estados
papel e caneta. “A ameaça digital nos
Unidos até o fim de 2015. Segundo o
obriga a evoluir”, diz.
Após dez anos no mercado brasileiro exclusivamente com e-commerce, a Staples testa os quiosques para a venda de materiais de escritório e para tornar a marca mais conhecida do público em geral
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EN T R E V ISTA
L eo Picciol i,
CEO da Staples na América Latina
Qual é o perfil do cliente Staples?
convencido de que a chave para o suces-
varejista líder em tablets não oferece. A
so do negócio é o foco e isso exige a re-
ameaça digital nos obriga a evoluir mais
O perfil é de pequenas e médias empre-
cusa de algumas coisas. Então, em 2013,
rápido. Por isso, ser uma papelaria online
sas que queiram focar no seu negócio. A
concentrei os recursos, as pessoas, as in-
não é suficiente.
Staples fornece todos os produtos que
teligências e os processos no mercado
não são estratégicos, mas importantes
corporativo. O resultado foi um cresci-
O que é a Staples?
para o dia a dia do negócio. Um comércio
mento nas vendas online superior a 90%
Uma fornecedora de suprimentos que
não deixa de funcionar por falta de cane-
no primeiro semestre deste ano sobre o
vende basicamente tudo o que uma pe-
ta, ainda que ela seja necessária. Nosso
mesmo período de 2013.
quena e média empresa precisa, tudo o
cliente está basicamente na área de ser-
que não é estratégico.
viços. A indústria, de maneira geral, tra-
Qual balanço você faz de 2014?
balha com almoxarifado e tem um setor
Como argentino, eu invejo bastante a
de compras para o qual a nossa proposta
economia brasileira, que eu considero
de valor, que envolve a entrega de pedi-
muito mais estável do que vocês con-
dos pequenos, não vale tanto.
sideram. O brasileiro se queixa de uma
A Staples ainda é pouco conhecida e o único marketing de vocês está na web. Isso deve mudar?
inflação anual de 6%, mas a Argentina
Não somos uma marca de consumo de
Quais são os itens mais vendidos no Brasil?
tem esse porcentual no mês. É certo
massa. Estamos na internet porque não
que o brasileiro tem uma cultura de
faz sentido falar para todo o mercado e
O Brasil é bem diferente de outros
longo prazo maior que a do argentino.
a web nos permite a segmentação. Eu
países. Aqui tivemos um sucesso ex-
Também costumo ouvir que o Brasil
limito os meus anúncios às páginas de
cepcional com cadeiras. Café foi ou-
está crescendo a um ritmo mais len-
interesse do meu público e aos horários
tro produto cujas vendas surpreende-
to do que antes, mas eu não sinto isso
mais adequados.
ram. Eu sabia que o brasileiro consumia
nas vendas. Talvez a crise não tenha
muito café, mas não imaginava ven-
me atingido, ou eu esteja ganhando
der tanto pelo site, assim como copos
market share. Eu vendo cadernos, cane-
Por que você não quer a pessoa física?
descartáveis, que são um fenômeno de
tas, cartuchos e papel enfrentando a
Não é verdade que eu não queira, mas
vendas no País.
concorrência de empresas que querem
tenho foco em empresas. Para crescer
me destruir com a venda de tablets e
em pessoa física, eu teria de focar mui-
Qual tem sido o desempenho da Staples no Brasil?
telefones celulares que fazem tudo.
to mais em tecnologia, com a venda de
Estamos aqui há mais tempo do que mui-
xaria de focar nas pequenas e médias
ta gente pensa. A Staples entrou no Brasil
Como a tecnologia afeta o seu negócio?
em 2004 com a compra da Officenet,
Analisamos as principais tendências que
como não posso, preciso de foco.
para a qual eu trabalhava desde 1998.
podem nos afetar e estudamos o que
Assumi como diretor-geral há dois anos,
fazer a respeito. O avanço da tecnologia
quando decidi focar as vendas no mer-
nos impacta, assim como o teletrabalho,
cado corporativo.
que reduz o número de pessoas dentro
tablets e notebooks, por exemplo, e deiempresas. Eu adoraria fazer tudo, mas
Qual foi a principal mudança?
mos pedidos menores e vendemos para
A ausência de loja física não inibe a sua visibilidade de marca? O seu principal concorrente, a Kalunga, tem uma centena de lojas.
Encerrei as vendas para governo e en-
pessoas físicas, acabando com a exigên-
Eu admiro a Kalunga. Ela é líder de mer-
tidades públicas porque acredito que a
cia de CNPJ. A Staples deve se adaptar:
cado e, para a Staples crescer, ela precisa
nossa proposta de valor é mais adequa-
não seremos líderes na venda de tablets,
se diferenciar. Quem copia o líder é o se-
da à pequena e média empresa. Estou
mas venderemos outros produtos que o
gundo por definição. Então, procuramos
do escritório. Para contornar isso, aceita-
10
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“
“
Encerrei as vendas para governo e entidades públicas porque acredito que a nossa proposta de valor é mais adequada à pequena e média empresa
EN T R E V ISTA
L eo Picciol i,
CEO da Staples na AmĂŠrica Latina
ser diferentes e entender o que a Kalunga
empresas e entrego em todo o Brasil. A
sa. Para tornar a marca mais conhe-
é a resposta do Brasil ao enxugamento da estrutura americana?
cida, temos alguns projetos em teste.
Estamos no caminho certo e eles não con-
as minas. Com isso, quando quisermos
Na Argentina, possuímos oito estabe-
seguem ser tão agressivos quanto nós. Os
avançar para outras regiões, será mais
lecimentos no conceito de “nanolojas”.
americanos têm uma base instalada de
fácil. Mas, esse dia ainda não chegou.
São espaços pequenos, que obedecem
lojas físicas muito grande e não podem
à tendência de proximidade do cliente.
simplesmente reduzir essas lojas. Se eles
No Brasil, vamos testar o que chamamos
pudessem transformar uma loja de mil
de pop-up store, que são espaços ainda
metros quadrados em dez lojas de cem
Existe resistência do brasileiro à compra de material de escritório pela internet?
menores, integrados ao e-commerce.
metros, eles o fariam, mas não funciona
Esta discussão perdurou por um tempo.
A ideia é que o cliente compre alguns
assim. No resto do mundo e na Europa
Eu defendo que o problema era a falta de
produtos no local e encomende outros,
temos lojas menores, embora não tão
ofertas adequadas, e não estou falando
que ele pode receber no escritório ou até
pequenas como a pop-up store, que eu
de preço. Ainda hoje faltam empresas
mesmo retirar na pop-up store no dia se-
enxergo como o futuro.
que cumpram a palavra na venda pela
não faz para a pequena e média empre-
Vale é cliente e construímos uma estrutura logística para entrega em todas
guinte. Inauguramos a primeira no corredor do shopping Market Place. Estamos
internet, principalmente com relação ao prazo de entrega, mas a situação já está
mos replicar para outros importantes
Qual é a participação dos produtos com a marca Staples no total das vendas?
pontos comerciais.
Praticamente 90% dos itens de marca própria são fabricados na China com ex-
Qual é o prazo de entrega da Staples?
É uma ferramenta de marketing?
clusividade para a Staples. Temos apro-
Prometemos 48 horas para entregas
ximadamente 4,7 mil itens em estoque,
em São Paulo, mas 90% dos pedidos
Não apenas. A ideia é ficar próximo do
e mais de 500 carregam a nossa marca,
são entregues em 24 horas. Eu prefi-
cliente e ter a oportunidade de conferir,
presente em 45% dos carrinhos de com-
ro surpreender a decepcionar. Criamos
na prática, o comportamento do consu-
pra da atual base de clientes.
um programa B2B voltado a pequenas
testando o conceito e, se funcionar, va-
midor. O espaço permite a venda imediata de alguns itens do nosso portfólio
bem melhor.
e médias empresas que dá ao cliente
Como se dá a distribuição das vendas dentro do Brasil?
a opção de escolher entre o "desconto
de produtos, além da compra orientada no e-commerce. No quiosque, de 20
Cerca de 80% das vendas se concen-
to certo". Na “entrega certa”, a Staples
metros quadrados, é possível encontrar
tram no Estado de São Paulo. Se acres-
oferece frete grátis e delivery em até 24
artigos de papelaria e itens de marca pró-
centarmos Rio e Belo Horizonte, alcan-
horas para a Grande São Paulo.
pria. Além de atender a demandas ime-
çamos 95% dos negócios.
diatas, a estrutura física impulsiona o
certo", a "entrega certa" ou o "pagamen-
cada vez que inauguramos uma loja na
Existe a intenção de se fazer mais conhecido em outros Estados?
Argentina, percebe-se também o aumen-
Não, é preciso ter foco. Se eu tento me
to de visitas no site.
fazer mais conhecido no Acre, eu per-
Quais são as suas projeções para o ano que vem, considerando as previsões de que 2015 será um ano difícil para a economia?
co força em São Paulo. Como o Brasil é
Ainda não estou muito preocupado com
um continente, eu tenho de ganhar país
a economia brasileira. Como argentino,
por país. Primeiro eu foco em São Paulo
acho o Brasil um paraíso. A expansão da
para depois saltar para o Rio, e assim por
classe C aumentou o consumo no Brasil
e-commerce. A experiência mostra isso:
Em março, a matriz anunciou que fechará mais de 200 lojas nos Estados Unidos até o fim de 2015. A pop-up store
diante. Mas eu também atendo grandes
e ainda vejo espaço para crescimento. &
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SUST EN TA BIL IDA DE
saber para preservar Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP lança cartilha com dicas para reduzir o consumo e evitar o desperdício de água em estabelecimentos comerciais
O
consumo de água por habi-
aeroportos, escolas, restaurantes e la-
tante do Estado de São Paulo é de 180
vanderias pode ser conferido na carti-
litros por dia, bem acima do mínimo re-
lha "Água: o que o Empresário do Setor
comendado pela Organização Mundial
de Comércio e Serviços Precisa Saber
de Saúde, que é de cem litros diários.
e Fazer para Preservar este Precioso
O consumo elevado, somado à situa-
Recurso". O texto foi desenvolvido
ção de escassez em razão da falta de
pelo Conselho de Sustentabilidade
chuvas, exige mudanças nos hábitos
da Federação do Comércio de Bens,
de consumidores e estabelecimentos
Serviços e Turismo do Estado de São
comerciais. Um cinema, por exemplo,
Paulo (FecomercioSP) a partir de dados
utiliza aproximadamente dois litros
da Companhia de Saneamento Básico
de água por dia por assento, enquanto
do Estado de São Paulo (Sabesp).
um hotel chega a destinar de 250 a 350 litros por hóspede em 24 horas.
A cartilha lista dicas para reduzir o consumo e evitar o desperdício de
O volume de água consumida por esta-
água em estabelecimentos comer-
belecimentos comerciais, como bares,
ciais, além de informações sobre como
identificar vazamentos. “São ações
mentos e traz um cronograma de ma-
um dos sistemas, de acordo com a Lei
simples que podem reduzir significati-
nutenção preventiva das instalações
Complementar nº 236, de 2013.
vamente o consumo e evitar a adoção
hidráulico-sanitárias, de louças e de
de medidas como rodízio e raciona-
metais. A verificação de ralos e sifões
A cartilha lista ações de reaproveita-
mento”, diz o presidente do Conselho
de louças sanitárias, tanques, lavató-
mento, como a captação de água da
de Sustentabilidade da FecomercioSP,
rios e pias, por exemplo, deve ser feira
chuva para uso em lavatórios, pias e
José Goldemberg.
a cada seis meses, enquanto a inspe-
vasos sanitários. O documento traz
ção do sistema de drenagem em jar-
ainda dicas para o estabelecimen-
As ações se dividem entre o que pode
dins e em áreas externas é recomen-
to comercial aumentar a oferta de
ser feito para reduzir o consumo e
dada a cada 12 meses.
água, como a possibilidade de perfu-
projetos relacionados à manutenção/
rar um poço profundo e de forneci-
adequação das instalações hidráuli-
Reaproveitamento
cas. No primeiro grupo estão orien-
Alguns municípios paulistas conce-
é possível adquirir água reutilizada.
tações como treinamento sobre o uso
dem descontos no IPTU para imóveis
Na Sabesp, as estações de tratamen-
racional da água para os colaborado-
com sistema de captação de água de
to de esgoto (ETE) São Miguel, ABC,
res e fixação de metas de redução de
chuva (com armazenamento em reser-
Barueri e Parque Novo Mundo ven-
consumo. As dicas estão separadas
vatórios para uso da água pluvial no
dem água de reúso – Em 2013, as ETEs
por área, como reduzir o consumo nos
próprio imóvel) e sistema de reúso de
da Sabesp forneceram mais de 400
banheiros, na cozinha e nas áreas ex-
água (que utiliza, após o devido trata-
mil metros cúbicos de água.
terna e de serviço.
mento, águas residuais provenientes
mento por caminhões-pipa. Também
do próprio imóvel para atividades que
A Sabesp captou, tratou e distribuiu
A manutenção das instalações hidráu-
não exijam água potável). Em Guaru-
3,053 bilhões de metros cúbicos de
licas também contribui para a eco-
lhos, por exemplo, a Lei nº 6.793, de
água no passado, dos quais 745 mi-
nomia de água em estabelecimentos
2010, concede desconto de 3% em am-
lhões não foram faturados pela em-
comerciais. Entre as ações sugeridas
bos os casos por um período de cinco
presa, ou seja, o índice de perdas
pela cartilha estão a eliminação ime-
anos consecutivos, desde que o imóvel
alcançou 24,4%. A perda inclui dois
diata de vazamentos visíveis e a regu-
adote práticas sustentáveis. Já o mu-
tipos específicos: a física, em razão
lagem da válvula de descarga. O texto
nicípio de Jaguariúna confere descon-
do vazamento em redes e ramais; e a
também ensina como identificar vaza-
to de 1% para edifícios com qualquer
não física, resultado de submedição,
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SUST EN TA BIL IDA DE
Sa ber pa r a preser v a r
Consumo de água no comércio e nos serviços Consumo (litros/dia)
Por unidade
10 a 12
passageiro
40
m2
2
lugar
Creches1
50 a 80
criança
Edifícios de escritórios2
50 a 80
ocupante efetivo
Escolas (externatos)2
50
aluno
Escolas (internatos)2
150
aluno
Escolas (semiexternatos)2
100
aluno
Hospitais e casas de saúde2
250
leito
Hotéis com cozinha e lavanderia2
250 a 350
hóspede
Hotéis sem cozinha e lavanderia2
120
hóspede
Lava-rápido automático de carros1
250
veículo
Lavanderias2
30
kg de roupa seca
6 a 10
m2
Mercados2
5
m2
Parques e áreas verdes1
2
m2
100
automóvel
150
caminhão
Restaurantes e similares2
25
refeição preparada
Shopping centers2
4
m2
Uso Aeroportos1 Bares2 Cinemas e teatros2
Lojas e estabelecimentos comerciais1
Postos de serviço2
Fonte: 1 NUNES (2006); 2 LABEEE,PROCEL EDIFICA, ELETROBRAS, INMETRO
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de fraudes e de ligações clandesti-
• Setorize o consumo interno;
nas de água. Entre 2008 e 2013, os
• Providencie treinamento sobre o
esforços da Sabesp para reduzir es-
uso racional da água para seus co-
sas perdas resultaram na queda de
laboradores;
sete pontos porcentuais nas perdas
• Fixe metas de redução de consumo
originadas nos vazamentos, e dois
de água para seu estabelecimento
pontos porcentuais nas perdas rela-
comercial: estabeleça responsabi-
cionadas à submedição.
lidades e benefícios, bem como dê instruções claras para seus colabo-
Segundo números do Sistema Nacional
radores e clientes.
de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2011, no Brasil, de cada dez
Nas áreas externas e em automóveis
litros produzidos, apenas seis chegam
• Lave os automóveis e utilitários de sua
Na área de serviço
ao consumidor final. Em São Paulo, o
frota uma vez por mês e dê preferência
• Junte bastante roupa suja antes de
índice de perdas tem caído graças ao
ao uso de balde ou à lavagem a seco;
ligar a máquina ou usar o tanque. Não
Programa Corporativo de Redução de
• Use produtos de limpeza sem fos-
lave uma peça por vez;
Perdas, implantado no início de 2009.
fato, pois fazem menos espuma e de-
• Caso possua lavadora de roupa,
mandam menor quantidade de água;
use-a na capacidade total e, no máxi-
As principais ações de combate a per-
• Procure não lavar as áreas externas,
mo, três vezes por semana;
das são a substituição de redes, de ra-
faça varrição.
• No tanque, deixe as roupas de molho
mais e de hidrômetros; o combate a
e use a mesma água para esfregar e en-
ligações irregulares (fraudes); e a var-
No banheiro
saboar. Use água nova apenas no enxá-
redura de vazamentos não visíveis. O
• Mantenha a válvula de descarga do
gue. E aproveite essa última água para
volume físico total economizado nesse
vaso sanitário sempre regulada;
lavar o quintal ou a área de serviço;
período foi de 29,4 milhões de metros
• Não use o vaso como lixeira ou cinzeiro;
• Ao lavar a roupa, aproveite a água do
cúbicos, o suficiente para atender cer-
• Tome banhos rápidos (cinco minutos);
tanque ou da máquina de lavar e lave
ca de 450 mil habitantes – o equiva-
• Desligue o chuveiro enquanto se
o quintal ou a calçada.
lente à população de municípios como
ensaboa;
Santos ou São José do Rio Preto. A
• Feche a torneira sempre enquanto es-
No jardim e na piscina
Sabesp estima que, atualmente, cada
cova os dentes, faz a barba e lava o rosto;
• Como a grama alta retém mais umi-
um ponto percentual de queda no ín-
• Ao escovar os dentes, use um copo de
dade, durante o verão, deixe-a crescer
dice de perdas total represente volu-
água para o enxágue.
pelo menos quatro centímetros;
me necessário para o consumo de 300
• Escolha plantas que necessitem de
mil pessoas. Daí a relevância de ações
Na cozinha
menos água;
de prevenção e combate ao desperdí-
• Remova bem os restos de alimen-
• Use um regador para molhar as plan-
cio e à perda de água.
tos de panelas e talheres. Deixe-os de
tas em vez de utilizar a mangueira. Se
molho, se necessário. Ensaboe tudo de
for utilizar mangueira, deve ter esgui-
uma vez (mantendo a torneira fecha-
cho tipo revólver;
da) e, depois, então, enxágue de uma
• No verão e em dias quentes, regue
única vez;
as plantas de manhãzinha ou à noite,
• Só ligue a máquina de lavar louça
para reduzir a perda por evaporação;
• Evite jatos intensos;
quando ela estiver cheia;
• No inverno, a rega pode ser feita dia
• Evite limpeza desnecessária;
• Use o mesmo copo para tomar
sim, dia não;
• Troque a limpeza com manguei-
água o dia todo (para lavar um copo
• Cubra a piscina para evitar a perda
ras por varreduras com vassouras
é necessário gastar, pelo menos, dois
por evaporação e utilize mantas térmi-
onde for aplicável;
copos de água).
Dicas para reduzir o consumo de água • Desligue o fornecimento de água quando não estiver em uso;
cas, se a piscina for aquecida. &
edição 35 • novembro | dezembro • 2014
17
C A PA POR Roberta Prescott ilustração carolina lusser
A vez dos intolerantes Varejistas e fabricantes
investem para aumentar a distribuição de produtos destinados a pessoas alérgicas e com restrições alimentares. Mercado é crescente e oferece muitas oportunidades
C A PA
M
urilo Serra tinha 12 anos
quando foi diagnosticado com a do-
A vez dos i ntoler a ntes
mos de custos nem de ofertas”, afirma
endedora. Por 23 anos, Sandra Fumie
Aparecida Serra, mãe de Murilo.
Yamashita Matunoshita sofreu com
ença celíaca, que, se não tratada,
problemas respiratórios e dermato-
pode levar à morte. Sem remédio, o
Há 13 anos, quando o garoto foi diag-
lógicos sem saber que era alérgica
único tratamento é uma alimentação
nosticado, a família só conseguia os
ao leite de vaca. A dificuldade para
sem glúten por toda a vida – ou seja,
alimentos em dois locais: um super-
achar produtos que pudesse consu-
banir do cardápio alimentos que con-
mercado de luxo da capital paulista,
mir a levou a empreender. Sua em-
tenham trigo, aveia, centeio, cevada e
que vendia produtos importados, e
presa, a loja multimarca SOS Aler-
malte. Encontrar produtos que aten-
com uma microprodutora – ela pró-
gia, completou dez anos em junho
dam a essas necessidades já foi mais
pria também celíaca que, na dificul-
com oito franquias, além da matriz.
difícil, mas segue sendo uma tarefa
dade de adquirir produtos comerciais,
“Montei uma loja com produtos de
árdua e cara. Apesar do recente cresci-
passou a produzi-los. “Hoje, existem
dezenas de fornecedores. Com o tem-
mento de ofertas, o número e a capila-
mais opções, mas ainda é muito caro
po, as crianças pediam produtos que
ridade de produtos para pessoas into-
e difícil de encontrar”, diz Aparecida.
não existiam no mercado. Aquilo me
lerantes ou alérgicas a determinadas
sensibilizou e comecei a mexer na co-
substâncias está longe do ideal. “O
Em caso semelhante, a necessidade
zinha para fazer doces sem leite, sem
mercado não é favorável nem em ter-
transformou a paciente em empre-
ovo e sem soja”, conta.
20
edição 35 • novembro | dezembro • 2014
Assim, de revendedora de outras mar-
Do lado dos fornecedores, a justifica-
As empresas que fabricam para celí-
cas, a SOS Alergia passou a ter linha
tiva para os preços altos está na com-
acos precisam constantemente fazer
própria, que iniciou com produtos
plexidade do preparo dos alimentos,
análise dos ingredientes primários e
para pessoas alérgicas à proteína do
seja pelo alto grau de contaminação
certificar os fornecedores para garan-
leite e intolerantes à lactose e, agora,
(como é o caso do glúten, cujas partí-
tir que não haverá contaminação do
está expandindo para alimentos desti-
culas se proliferam pelo ar), seja pelo
produto final. É uma etapa a mais que
nados a celíacos e pessoas com fenilce-
fato de a formulação exigir, além de
resulta em gasto maior na fabricação.
tonúria, doença detectada no teste do
muito estudo e teste, procedimentos
Justamente por isso, é difícil encon-
pezinho e que impede o consumo de
e maquinários especiais.
trar produtores. “Às vezes, há apenas
fenilalanina, aminoácido presente em alimentos como peixe, frango e arroz.
Preço salgado
um com quem podemos trabalhar”, “Tive de instalar maquinário novo e se-
relata a diretora da Vitalin, empresa
parado para produzir alimentos para
especializada em alimentos orgâni-
celíacos e só trabalho com produto-
cos e integrais, Jerusa de Marchi.
Uma das mais constantes reclama-
res que conheço, pois, se for plantada
ções de quem é obrigado por ques-
aveia em um local onde antes tinha tri-
Tanta preocupação se traduz em zelo
tões de saúde a consumir alimentos
go, por exemplo, essa aveia ficará con-
pela saúde do celíaco. “O número de
especiais é o alto custo dos produtos.
taminada”, relata Sandra Yamashita.
oferta de produtos para quem tem
edição 35 • novembro | dezembro • 2014
21
A vez dos i ntoler a ntes
restrição alimentar vem crescen-
ten. A coordenadora de nutrição da
do muito nos últimos anos e é uma
Mundo Verde, Flavia Morais, lembra
novidade muito bem-vinda. Mas te-
que muitas mercadorias são impor-
mos a preocupação com a seguran-
tadas – o que também puxa os pre-
ça alimentar do celíaco porque nem
ços para cima.
tudo o que está no mercado, mesmo sendo sem glúten, é adequado para
Em expansão
ele. São necessários alguns cuida-
Se a questão do preço ainda precisa ser
dos com as matérias-primas, com
equacionada, a cadeia de distribuição
os processos de fabricação e com
melhorou significativamente nos últi-
o transporte e o armazenamento,
mos anos. A abertura e a proliferação
que, se não forem seguidos, podem
de redes de produtos naturais espe-
colocar em risco a saúde”, reforça a
ciais para pessoas intolerantes e alérgi-
presidente da Federação Nacional
cas a diversas substâncias (como Mun-
das Associações de Celíacos do Brasil
do Verde e SOS Alergia) foram bem
(Fenacelbra), Lucélia Costa.
recebidas pelos portadores das doen-
“
O Ministério da Saúde diz que 1% da população é celíaca. Nós acreditamos que o porcentual seja maior
“
C A PA
Gustavo Negrini
diretor da Gluten Free
ças e também pelos adeptos de dietas Na Vitalin, todos os vendedores de
sem glúten e lactose, que encontraram
matéria-prima são certificados e a ausência de contaminação é atestada periodicamente por amostragem. Atualmente, a empresa possui três linhas – sem glúten, orgânico e integral –, que juntas totalizam 26 produtos no portfólio, entre chia, linhaça, amaranto, granola e cookies. Os alimentos sem lactose também demandam algumas modificações nas fábricas, encarecendo a produção. O diretor-comercial da Verde Campo, Álvaro Gazolla, explica que existe um custo mais elevado para produzir a linha sem lactose, mas diz que a empresa trabalha para que os preços fiquem somente entre 10% e 15% mais altos em comparação com o produto regular. A alta carga tributária é uma reclacentivos por parte do governo. Lucélia Costa, da Fenacelbra, lembra que diferentemente do trigo, que tem subsídios do governo, o mesmo não acontece com as farinhas sem glú-
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edição 35 • novembro | dezembro • 2014
Foto: Emiliano Hagge
mação geral, somada à falta de in-
mais facilidade para comprar os produtos considerados de nicho. Atrelada à expansão no número de lojas especializadas está a adesão de mais empresas à produção de alimentos específicos para intolerantes e alérgicos. Esse cenário fica bastante nítido ao comparar o número de expositores e visitantes inscritos nas feiras Gluten Free, Zero Lactose e Expo Brasil, realizadas em São Paulo. Em 2010, foram apenas oito expositores e 110 visitantes. Em 2014, os números saltaram para 60 expositores e 1,8
Saiba mais sobre a doença Celíaca O que é
Doença autoimune que afeta o intestino delgado interferindo
diretamente na absorção de nutrientes essenciais ao organismo
como carboidratos, gorduras, proteínas, vitaminas, sais minerais e água. Caracteriza-se pela intolerância permanente ao glúten.
Tratamento
O único tratamento é a dieta isenta de glúten por toda a vida. A pessoa que tem a doença celíaca nunca poderá consumir
alimentos que contenham trigo, aveia, centeio, cevada e malte ou os seus derivados.
População afetada
mil visitantes.
Estudos internacionais apontam que 1% da população mundial
Para o diretor da Gluten Free, Gustavo
mas a maioria delas ainda está sem diagnóstico. A doença celíaca
Negrini, a expansão no número de expositores se deve ao investimento em engenharia do alimento e pesquisas, que culminaram na descoberta de novas farinhas e novos métodos de preparação dos alimentos. Ademais, com o diagnóstico mais acessível e disseminado, um número maior de pessoas soube da patologia. “O Ministério da Saúde diz que 1% da população é celíaca. Nós acreditamos que o porcentual seja maior”, contesta. Flavia Morais, da Mundo Verde, também aposta na ampliação do mercado. “Cada vez mais os consumidores têm seguido as fortes tendências globais, como a alimentação sem glúten, sem lactose, sem ovo ou sem outros alergênicos. Segundo dados da Euromonitor International, de 2009 a 2013 o setor de produtos sem glúten cres-
é celíaca. No Brasil, ela afeta em torno de 2 milhões de pessoas, ocorre em pessoas com tendência genética à doença.
Quais são os sinais mais comuns da doença?
Variam de pessoa para pessoa, porém, os mais comuns são: diarreia crônica; prisão de ventre; anemia; falta de apetite;
vômitos; emagrecimento/obesidade; atraso no crescimento; distensão abdominal (barriga inchada); dor abdominal.
Quais são os alimentos permitidos para quem tem a doença celíaca? ’ Cereais: arroz, milho.
’ Farinhas: mandioca, arroz, milho, fubá, féculas. ’ Gorduras: óleos, margarinas.
’ Frutas: todas in natura e sucos.
’ Laticínios: leite, manteiga, queijos e derivados.
’ Hortaliças e leguminosas: folhas, cenoura, tomate, vagem, feijão, soja, grão de bico, ervilha,
lentilha, cará, inhame, batata, mandioca e outros.
’ Carnes e ovos: aves, suínos, bovinos, caprinos, miúdos, peixes, frutos do mar.
Cuidados especiais
ceu entre 20% e 30% por ano.”
Atenção ao rótulo de produtos industrializados em geral.
Esses fatores estão levando mais
que produzem alimentos precisam informar obrigatoriamente
empresas a olhar para o segmento,
A Lei Federal nº 10674/2003 determina que todas as empresas em seus rótulos se aquele produto contém ou não glúten.
tanto para comercialização como para produção. A Fenacelbra destaca
Fonte: Fenacelbra
C A PA
A vez dos i ntoler a ntes
o glúten e a lactose do cardápio. Se, por um lado, tais modismos são condenados por nutricionistas por privar pessoas saudáveis de alguns alimentos, por outro, a grande repercussão ajuda a divulgar informações importantes. Até pouco tempo atrás, por exemplo, muita gente não sabia o que era glúten ou em quais alimentos ele é encontrado. O problema, apontam os especialistas, é a entrada de empresas sem o devido preparo nesse mercado, como pequenas padarias sem uma cozinha separada para a confecção de pães sem glúten. A Mundo Verde observou um aumento no número de fornecedores de produtos para dietas com finalidades específicas a fim de atender à nova demanda de mercado. Modismos à parte, quem entra nesse que observa novos empreendedores
Sobre a comercialização, Gazolla rela-
nicho encontra pela frente um pú-
se lançando no mercado e marcas já
ta que quando um produto é lançado,
blico muito fiel. “As pessoas que são
tradicionais querendo acompanhar
o maior número de pedidos vem das
intolerantes quando migram para a
as tendências. “O volume de negócios
lojas especializadas, mais atentas às
linha Lacfree não mudam, uma vez
é o que mais atrai o empreendedor”,
novidades. “Os supermercados são
que eles realmente precisam daqui-
diz Lucélia.
mais lentos, mas se preocupam cada
lo”, pontua Gazolla, da Verde Campo.
vez mais com o mix de produtos para
De acordo com ele, a procura pela li-
atender a todo tipo de consumidor.”
nha sem lactose está aumentando. “É
A Verde Campo nasceu há 15 anos com o objetivo de usar a tecnologia para
difícil estimar o tamanho do merca-
produzir alimentos mais saudáveis,
Futuro promissor
com menos gordura, menos açúcar
Ainda que de nicho, o mercado de
tos que não ocupam mais espaço na
e menos sódio. Desde 2010 a empre-
produtos especiais para pessoas in-
gôndola do supermercado, mas que
sa aposta em itens sem lactose, sem
tolerantes ou alérgicas tem potencial
são muito importantes para o esta-
adição de açúcar e com baixo teor de
para crescimento. Artigo publicado na
belecimento.”
gordura. Batizada de Lacfree, a linha
revista American Dietetic Association
começou com apenas dois produtos e
projeta aumento no consumo de pro-
O reflexo das expectativas positivas
hoje já somam 15. “Ainda é um merca-
dutos sem glúten de US$ 2,6 bilhões,
para o setor está no plano de negó-
do de nicho, mas que está começando
em 2010, para US$ 5 bilhões em 2015
cios das empresas. Com 160 funcio-
a crescer por aumento nos diagnós-
– considerando apenas o mercado
nários e fábrica em Lavras, no sul de
ticos [de pessoas com intolerância ou
americano.
Minas Gerais, a meta da Verde Cam-
alérgicas] e por gosto das pessoas”,
do, que ainda é de nicho. São produ-
po é chegar a 2017 como referência
explica o diretor comercial da Verde
Parte do recente “boom” está atre-
na produção de alimentos saudáveis.
Campo, Álvaro Gazolla.
lado a dietas da moda que excluem
Em 2014, a empresa espera faturar
24
edição 35 • novembro | dezembro • 2014
“
Tive de instalar maquinário novo e separado para produzir alimentos para celíacos e só trabalho com produtores que conheço para evitar contaminação
“
Sandra Fumie Yamashita Matunoshita dona da SOS Alergia
de 50%, mas foi reduzida diante do cenário macroeconômico. Contudo, o mercado segue atraente, segundo Jerusa. “Estamos vendo apenas a ponta do iceberg”, completa Negrini, da Gluten Free. Entre os que vislumbram esse potencial está o empresário o ex-dono do Grupo Multi, Carlos Wizard Martins, que anunciou em agosto a compra da rede de lojas de produtos naturais Mundo Verde. O valor da transação não foi revelado, mas o negócio gerou repercussão e injetou ânimo no setor. A rede Mundo Verde fechou o primeiro semestre de 2014 com faturamento de R$ 185 milhões, com 32% de crescimento em relação ao mesmo período do ano anterior. A expectativa é
R$ 80 milhões – um crescimento de
fechar este ano com um faturamen-
cerca de 80% em comparação a 2013.
to de R$ 430 milhões, ou aumento
Para 2015, a projeção é elevar o fatu-
superior a 33% quando comparado a
ramento em 80%. Para isso, a Verde
2013. Um dos grandes destaques de
Campo planeja crescer nos merca-
vendas no período foram os produtos
dos onde já atua e expandir a dis-
da marca própria Mundo Verde Sele-
tribuição dos produtos para outras
ção, que já ocupam o quinto lugar no
redes de varejo.
ranking entre os que mais faturam.
Sandra Yamashita conta que a linha
A rede chegou ao fim do primeiro
de produtos com marca própria da
semestre com cerca de 300 lojas, e
SOS Alergia ainda não se paga, mas
a meta é terminar 2016 com 450 lo-
a expectativa é grande para os pró-
jas. Os principais focos de expansão
ximos anos. O plano de negócios da
são os Estados de São Paulo e Minas
empresa inclui uma franquia em
Gerais e as regiões Sul e Centro-Oeste.
cada capital brasileira até 2019, um
De acordo com a empresa, a estraté-
verdadeiro salto para o cenário atual
gia está centrada no crescimento or-
– que possui nove unidades.
gânico por meio dos atuais franque-
Foto: Ricardo Prado
ados da marca para outras regiões, o A Vitalin, por sua vez, cresceu 50%
que representa algo em torno de 40%
em 2013 com relação a 2012, chegan-
das novas franquias nos últimos dois
do a R$ 8 milhões de faturamento, e
anos. Uma boa notícia para os adep-
espera um aumento de 35% para este
tos de dietas restritivas por opção ou
ano. A previsão para 2014 era maior,
por necessidade. &
edição 35 • novembro | dezembro • 2014
25
A RT IG O POR Pedro guasti
Veto da bitributação do ICMS
O
recente veto do Superior
ga tributária e, por consequência, o
ternativa, é se haverá mudanças pos-
Tribunal Federal (STF) ao recolhimen-
não encarecimento do produto – um
teriores. Para que outros Estados tam-
to do ICMS no Estado de destino para
ponto positivo para alavancar o cres-
bém possam ter sua parcela nesse
produtos comprados em lojas virtuais
cimento das vendas.
bolo do comércio eletrônico, que so-
foi considerado uma vitória pelos re-
mente no primeiro semestre de 2014
presentantes do setor no Brasil. Para
Além disso, reduzem-se ainda os cus-
movimentou R$ 16 bilhões no Brasil e
resgatar o assunto, a ação foi julgada
tos operacionais, já que as empresas
deve atingir R$ 35 bilhões até o fim do
no dia 17 de setembro, quando os mi-
podem trabalhar de maneira mais
ano, segundo estimativa da E-bit, eles
nistros do Tribunal concluíram que
prática, sem a necessidade de calcu-
devem negociar e propor uma emenda
a cobrança da taxa deve ser feita so-
lar e ajustar manualmente o imposto
constitucional para rever a legislação
mente no Estado de origem e não no
para cada um dos Estados signatários
do ICMS. É fazer a reforma ou perder
de destino da mercadoria, no caso de a
do Protocolo, que receberiam sua par-
competitividade, com danos ao varejo
compra ser feita de forma não presen-
te do ICMS. O tempo de entrega tam-
cial pelo consumidor final.
bém diminui, pois o veto evita que as mercadorias fiquem retidas por esse
Com base no Protocolo 21 (assinado
motivo nas fronteiras dos Estados sob
em 2011, mas revogado em março des-
fiscalização, sendo a encomenda libe-
te ano pelo ministro Luiz Fux), edita-
rada mais cedo.
do pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), a tributação era
Não há como deixar de citar o que é re-
feita tanto na origem quanto no des-
levante: os Estados que concentram a
tino da mercadoria. Isso ocasionava
maior parte dos centros de distribui-
cobrança dupla de imposto, violando
ção, sendo os principais São Paulo e
normas constitucionais.
Rio de Janeiro, não deixam de arrecadar o que é seu de direito. Hoje, o por-
A decisão, pelo menos por enquanto,
centual do ICMS sobre as mercadorias
favorece também outro grande inte-
varia de 7% a 18%.
ressado: o consumidor. Respeitando a forma como já funcionava na lei,
A FecomercioSP já manifestou seu
originalmente todo processo que
apoio à decisão tomada, ao lado da
envolve a compra de um produto
Confederação Nacional do Comércio
em uma loja virtual sofrerá menos
(CNC), que apresentou as ações ao STF.
ônus, impedindo o aumento da car-
O que está sendo discutido, como al-
26
edição 35 • novembro | dezembro • 2014
digital e ao consumidor virtual. &
Pedro Guasti é presidente do Conselho de Comércio Eletrônico da FecomercioSP e vice-presidente de relações institucionais do Buscapé Company
T ECNOL OGI A TEXTO Bárbara Oliveira
No lugar certo Geolocalização muda a forma de fazer negócios e aproxima clientes e fornecedores
B
ases de mapas com pontos de
As soluções de inteligência geográfi-
longitude e latitude, GPS, sensores ba-
ca de mercado se transformaram em
seados em comunicação bluetooth
plataformas acessíveis pela web ou
de baixa energia, microlocalização
por aplicativos móveis, de fácil assimi-
por wi-fi, aplicativos móveis com no-
lação por pessoas sem muito conheci-
tificações push. São todos termos re-
mento técnico. Segundo dados da em-
ferentes à geolocalização, tecnologia
presa ThinkNear, especializada nesse
baseada na identificação de onde a
segmento, campanhas de marketing
pessoa está (via celular ou web). Ainda
geolocalizadas já respondem por 67%
que os nomes pareçam complexos, as
de todos os anúncios móveis neste
soluções de geolocalização estão cada
ano, só nos Estados Unidos. O Brasil
vez mais presentes no nosso dia a dia,
não tem dados consolidados do mer-
e os preços em queda as tornam aces-
cado, mas é certo que o varejo de mé-
síveis para negócios de todos os por-
dio porte, as construtoras e as empre-
tes. As ferramentas são usadas para
sas de serviços já aderiram à novidade.
expandir redes de lojas, descobrir um bom endereço para construir ou ven-
Exemplos do uso da geolocalização
der um imóvel, buscar serviços ou pro-
para a venda de serviços são as star-
dutos, fazer marketing dirigido, enviar
tups GetNinjas e VaiMoto. As duas
cupons de descontos para o consumi-
têm como objetivo localizar onde
dor e conhecer o perfil do cliente para
está o profissional mais próximo do
vender mais e com qualidade.
cliente, seja para buscar uma en-
28
edição 35 • novembro | dezembro • 2014
comenda (no caso da VaiMoto) em um ponto A e levá-la ao ponto B, seja para oferecer profissionais para uma reforma da casa – pintor, eletricista, diarista, técnico em computadores ou um personal stylist –, que
No lu g a r cer to
“
é o foco da GetNinjas. Com 65 mil profissionais cadastrados e uma média de 60 mil pedidos por mês em todo o País, a GetNijas localiza o profissional mais próximo a partir da inserção do CEP na web ou pelo GPS do solicitante, quando usado o aplicativo no celular. “O consumidor se cadas-
Ganhamos em agilidade e na qualidade da informação. Antes, precisávamos alugar licenças e contratar empresas para fazer os estudos. Atualmente, consigo fechar dezenas de projetos em apenas um mês, sem complicação
“
T ECNOL OGI A
João Batista da Silva Júnior
tra no site e fornece o endereço para
Diretor do Rei do Mate
ser localizado. Se usar o aplicativo no smartphone (iPhone ou Android), ele é encontrado pelo GPS do aparelho. Com esses dados, nossos algoritmos buscam onde está o profissional (cadastrado na plataforma) mais próximo”, explica o CEO da empresa, Eduardo L’Hotellier. O GetNinjas também consegue detectar, pelo celular do cliente,
Foto: Emiliano Hagge
qual a operadora de telefonia utilizada para que a conversa, na hora da contratação, seja feita pela mesma empresa. Isso reduz custos de ambos os lados. Baseada em mapas do Google e do Bing, a VaiMoto usa a geolocalização para unir as duas pontas: motoboy e
celular e enviam as cotações”, explica
lançou a plataforma OnMaps, mais
usuário/empresa solicitante. Quando
o fundador do VaiMoto, Daniel Silva.
amigável e fácil de ser gerenciada até
o cliente solicita o transporte de um
O cliente, por sua vez, usa a web ou o
por quem não entende muito de tec-
documento ou encomenda e insere
próprio aplicativo para solicitar o ser-
nologia. Segundo o CEO da GeoFusion,
os endereços de busca e de entrega, o
viço e escolhe o motoboy com o me-
Pedro Figoli, um terço dos 300 clientes
sistema mostra um mapa na tela onde
lhor preço. São três mil cadastrados
atua no segmento de comércio. Auxiliar
são estabelecidos dados de longitude
na empresa e o VaiMoto tem crescido
na tomada de decisões para expandir
e latitude, informando o trajeto a ser
120% ao mês em novos usuários. O
novos pontos comerciais é uma de suas
percorrido e onde está o motoquei-
serviço cobra do prestador de serviço
principais aplicações. Os relatórios pre-
ro mais próximo para ser acionado.
R$ 1,99 a cada corrida realizada.
parados pela ferramenta contêm dados
“Nossos algoritmos disparam o pedi-
colhidos por algoritmos de softwares
do a todos os motoboys que estão em
Software de inteligência
um raio de cinco quilômetros do local.
A GeoFusion, fornecedora de tecnolo-
da, as atrações do bairro, onde está a
Eles recebem uma notificação pelo
gias de geoprocessamento há 18 anos,
concorrência mais próxima e qual o
30
edição 35 • novembro | dezembro • 2014
de inteligência sobre a região escolhi-
perfil do público que vive ali (por ren-
ao unir ferramentas de busca, con-
utilizadas fontes do Maplink, do Street
da, por idade e por tipo de consumo).
teúdos em vários canais e geolo-
View e dos Correios para informar
“Antigamente, obter relatórios geo-
calização tanto em desktops como
os 2,6 milhões de consumidores no
processados exigia a compra de um
em dispositivos móveis. “Localizar o
Brasil em busca desses catálogos on-
software, dos mapas, dos dados e de um
imóvel para o cliente faz todo o sen-
line. Segundo o CEO da Guiato, Clineu
gerenciamento em separado de tudo
tido para o nosso negócio”, afirma o
Júnior, o comerciante paga R$ 0,99 por
isso. Hoje, vendemos um pacote inte-
gerente de e-business da construto-
engajamento do usuário (se ele olhou
grado e a empresa traça sua própria es-
ra, Denilson Novelli. “Identificamos
e folheou o material promocional). Em
tratégia com base nessas informações
onde está o potencial comprador
papel, os folhetos têm um desperdí-
na plataforma online”, afirma Figoli.
quando ele entra no site – pelo nú-
cio alto – a cada cem impressos en-
mero IP do computador ou pelo GPS
tregues, 93 se perdem. “Na internet,
A rede de franquias Rei do Mate é clien-
do celular. Indicamos, no mapa, imó-
o aproveitamento é de 100%, uma vez
te da OnMaps para a escolha e a loca-
veis para compra naquela região ou
que o usuário clica no link porque de-
lização de novas lojas. A marca surgiu
no endereço desejado”, diz Novelli.
seja algo”, relata Clineu Júnior. O servi-
em 1978, na famosa esquina das ave-
ço está presente em nove países.
nidas Ipiranga com São João, com uma
Além da localização, a Tecnisa mos-
receita própria de chá – consumida
tra a planta, os preços, as imagens
Os beacons e as redes wi-fi são as no-
pura ou com leite. Atualmente, são 320
do entorno, os serviços de farmá-
vidades nesse mundo de engajamento
lojas em 84 cidades brasileiras e planos
cias, os shoppings, as lojas, os hos-
do consumidor pela microlocalização,
de inaugurar outras 16 até o fim do ano.
pitais etc. Com a ajuda do Google
pois mesclam rede sem fio em um
Maps e a integração do aplicativo
ambiente interno, sensores de locali-
Os ganhos com o geoprocessamen-
Waze, ela traça as rotas de como
zação (os beacons) e o Bluetooth Low
to são vários, segundo o diretor João
chegar ao imóvel. Segundo Novelli,
Energy (tecnologia de comunicação
Batista da Silva Júnior. “Ganhamos em
as visitas ao site aumentaram 25%
entre aparelhos com baixo consumo
agilidade e na qualidade da informa-
em um ano e meio, sendo que 40%
de energia). Ainda usado de forma
ção. Antes, precisávamos alugar licen-
das vendas da empresa são feitas
experimental no Brasil, a solução é
ças e contratar empresas para fazer
pela internet e, do total da comer-
usada nos Estados Unidos e na Europa
os estudos. Atualmente, consigo fe-
cialização online, 15% são efetuadas
como forma de atrair clientes pelos
char dezenas de projetos em apenas
pelo ambiente móvel.
cupons de descontos. O Shopping
um mês, sem complicação”, destaca
Higienópolis é um dos centros de com-
Silva Júnior. Ele conta que chegou a
Catálogos digitais
fazer 150 viagens para analisar locais
Sabe aqueles catálogos promocionais
cativo do serviço baixado no celular, o
fora de São Paulo para instalar novas
distribuídos por lojas e supermerca-
cliente recebe ofertas à medida que se
franquias. “Agora, faço de 30 a 50 via-
dos? Agora eles são digitalizados e
desloca pelo local.
gens, no máximo, para a mesma ta-
usam o geomarketing para aumen-
refa, e com a vantagem de que dispo-
tar as vendas. A Guiato, empresa de
Com o uso da tecnologia, a geolocaliza-
nho de dados mais assertivos, como o
origem alemã, fornece informações
ção está mudando a forma de fazer ne-
perfil socioeconômico da região ou do
estratégicas para seus 1,3 mil va-
gócios e levando o varejo e os serviços,
shopping desejado”. O valor pago pela
rejistas cadastrados no País (entre
Rei do Mate para acesso aos dados de-
eles, Pernambucanas, Leroy Merlin,
pende dos módulos utilizados, além
Volkswagen Caminhões, Polishop e
do pacote básico de R$ 3,5 mil mensais.
Dicico), e localiza a loja mais perto de
pras que testa a inovação. Com o apli-
literalmente, onde o cliente está. &
onde o cliente está a partir do moA Tecnisa, uma das maiores incor-
mento em que ele entra no site ou no
poradoras imobiliárias de São Paulo,
aplicativo para pesquisar o que pro-
consolidou as vendas pela internet
cura nos folhetos das empresas. São
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U M DI A NA ... POR Filipe Lopes FOTOS EMILIANO HAGGE
... Rua Augusta
Tradição e modernidade
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Uma das mais movimentadas e badaladas de São Paulo, a Rua Augusta conserva a vocação eclética e permite o convívio pacífico entre estabelecimentos comerciais de diversas vertentes, classes sociais, estilos e tribos
a
Rua Augusta é a típica arte-
Nos três quilômetros de extensão que
rial da cidade, característica das vias
separam a Rua Martinho Prado – jun-
que fazem a ligação de um bairro a
to à Praça Roosevelt, na região cen-
outro. Projetada para ligar o Centro
tral – da Rua Colômbia, no bairro dos
à Avenida Paulista, ela é muito mais
Jardins, é possível encontrar de lojas
do que um caminho. Já reuniu o que
de marcas internacionais ao comér-
havia de mais luxuoso no comércio
cio de artesanatos, passando por pe-
paulistano e, hoje, ostenta uma va-
ças para automóveis, comidas de to-
riedade de estabelecimentos que re-
dos os tipos, fantasias para festas,
sume bem a diversidade da capital.
eletroeletrônicos, discos e CDs, en-
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U M DI A NA ...
Ru a A u g u s t a
A miscelânea cultural e comercial foi se moldando ao longo dos anos, acompanhando as transformações da cidade de São Paulo
mitório tanto para a classe trabalhadora, que atuava na região central, como para a elite paulistana. É o que relata o pesquisador e mestre pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP), Felipe Melo Pissardo, autor da tese “A Rua Apropriada: Estudo Sobre as Transformações e Usos Urbanos na Rua Augusta (São Paulo, 1891-2012)”. Ele lembra que no período de 1891 até 1942, a via contava com intenso fluxo de bondes e abrigava escolas, clubes, palacetes, casas geminadas e habitações coletivas. De 1943 até a metade dos anos 1970, a região foi reurbanizada e passou a receber automóveis, o que deu início à verticalização das residências e à instre outros itens. Ao comércio, soma-
to de bares e casas noturnas que deu
talação de comércios para atender ao
-se uma variedade de opções cultu-
à região o título de um dos destinos
alto fluxo de pessoas e veículos que
rais. A Augusta abriga os tradicionais
mais badalados da noite paulistana.
cruzavam a rua. O comércio de luxo
teatro Procópio Ferreira e escola Ballet
se desenvolveu para atender à elite re-
Stagium, além do CineSesc, do Espaço
Essa miscelânea cultural e comercial
sidente e a via ganhou status de lugar
Itaú Cultural e do Conjunto Nacional,
foi se moldando ao longo dos anos,
moderno e de diversão para jovens.
que reúne espaços para exposições de
acompanhando as transformações da
arte, lojas e livrarias. A tudo isso, jun-
cidade de São Paulo. No início, ainda no
De 1976 a 2012, a Rua Augusta so-
tou-se mais recentemente um conjun-
século 19, a Augusta servia como dor-
freu um processo de estagnação em
34
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decorrência da migração do centro
até o ano 2000 que a região passou
A Rua Augusta sentido Jardins é re-
financeiro para a Avenida Paulista.
a ser revitalizada, voltando a atrair a
pleta de lojas diversas. As mais
O pesquisador da FAU destaca que
elite para o lazer e as compras”, afir-
luxuosas ficam próximas à Avenida
o início da década de 1980 marcou
ma Pissardo.
Paulista e nas esquinas com outras
profundamente a região: surgiram
vias famosas, como a Rua Oscar Frei-
outros polos comerciais na cidade,
Lado Jardins
como as avenidas Faria Lima e Enge-
Ao caminhar pela Rua Augusta, no-
O restante é popular e voltado a todos
nheiro Luiz Carlos Berrini – além da
tam-se duas realidades bem diferen-
os públicos.
Marginal Pinheiros –, que dividiram
tes. Cortada pela Avenida Paulista, a
a concentração de empresas multi-
via que termina no bairro dos Jardins
Observam-se lojas de roupas, sapatos,
nacionais, bancos e outras entida-
é voltada ao comércio e ao turismo
bijuterias, salões de beleza, papelarias,
des corporativas. “Houve um esvazia-
cultural, e possui edifícios comerciais.
estúdios de tatuagem, supermerca-
mento dos investimentos financeiros
Já o lado que começa na região central
dos, mercearias, lavanderias, livrarias,
na região e os prostíbulos e edifícios
da cidade tem o lazer, a gastronomia
pet shops, galerias, estabelecimentos
abandonados dominaram o lugar. So-
e o entretenimento como caracterís-
de material esportivo, autopeças, me-
mente no início da década de 1990
ticas marcantes.
cânicas, entre outros. A variedade de
re e as alamedas Itu, Lorena e Santos.
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U M DI A NA ...
Ru a A u g u s t a
A via que termina nos Jardins é voltada ao comércio e ao turismo cultural. O lado que começa no centro da cidade tem o lazer, a gastronomia e o entretenimento como características marcantes
com artigos de três dos principais clubes de futebol do Estado de São Paulo. Lá, o Sport Club Corinthians, a Sociedade Esportiva Palmeiras e o Santos Futebol Clube convivem em harmonia
produtos e serviços demonstra a ca-
mais lembram pracinhas de bairro do
– afinal, nesta rua há espaço para to-
racterística da rua, onde predominam
que o centro financeiro de São Paulo. O
das as tribos.
pessoas que trabalham nas proximi-
ar é até mais fresco e agradável do que
dades e na Avenida Paulista.
na rua, motivo pelo qual reuniões de
O novo divide espaço com o tradicio-
negócios acontecem nas mesas dos ca-
nal e o comércio popular contrasta
Há intenso sobe e desce de ônibus, ca-
fés no meio das galerias. Ao fundo de
com as lojas de luxo. Poucos metros
minhões e carros de todos os tipos ao
uma delas, no andar superior às lojas,
separam estabelecimentos que ven-
longo do dia. Pessoas de várias idades,
a costureira Neusa da Silva, de 68 anos,
dem sapatos por R$ 4 mil de outros
objetivos e nacionalidades caminham
trabalha na elaboração de moldes para
onde é possível encontrar bijuterias
tão apressadas que quase não perce-
vestidos. Ela conta que está ali há 13
a R$ 1,99. No campo da gastronomia,
bem o que está em volta. É pratica-
anos e que o ambiente destoa da corre-
restaurantes finos e churrascarias se
mente impossível parar no meio da
ria da Rua Augusta. “Aqui é o meu can-
misturam a self-service e lanchone-
calçada sem que alguém esbarre em
tinho, onde consigo trabalhar em paz e
tes fast-food.
você, na tentativa de ultrapassagem.
conversar com os vizinhos. Lá fora, não. É uma loucura sem tamanho”, afirma.
Em meio ao caos, as galerias são uma
A via também reserva endereços tradicionais que marcam diversas gera-
atração à parte. São verdadeiras vilas
Convívio pacífico
que remetem ao passado, onde é pos-
Ao lado dos Jardins, também é pos-
sapataria existente há 61 anos e uma
sível sentar em cadeiras de ferro que
sível encontrar lojas quase vizinhas
das lojas mais antigas da Augusta.
36
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ções de paulistanos, como a Casa Tody,
Lado Centro
lado dos Jardins. Também se notam
Roosevelt, onde predominam as ca-
A outra face da Rua Augusta segue em
muitos terrenos e galpões fechados,
sas de strip e os pubs.
direção à parte central da cidade. Lá está
que dão a impressão de abandono.
a região conhecida como Baixo Augusta,
Ao descer em direção à Praça Roose-
A peso de ouro
que concentra bares, restaurantes, ca-
velt, encontra-se uma variedade de
Com a revitalização da área central da
sas noturnas, prostíbulos e comércio de
restaurantes temáticos e de culiná-
cidade, a região da Rua Augusta foi va-
vestuário, de colecionáveis e de entrete-
ria nacional e estrangeira. Baladas
lorizada e a corrida imobiliária inflou
nimento. A dinâmica destoa da propos-
e bares diversificados completam o
os preços dos imóveis. Segundo o le-
ta rumo aos Jardins: é clara a vocação
roteiro, como o Comedians Club, pri-
vantamento da Fipe/Zap, o preço do
noturna e muitos estabelecimentos
meiro bar de stand-up da região, e o
metro quadrado dos apartamentos
abrem somente após as 18 horas.
Caos, misto de loja de antiguidades e
residenciais nos bairros que compõem
casa noturna. A cena musical conti-
a rua (Jardins, Consolação e Cerqueira
O lado do Centro ostenta edifícios do-
nua com Lab Club, Beco 203 e Inferno
César) aumentou, em média, 166% no
miciliares em maior número do que o
Club, até a aproximação com a Praça
período entre 2008 e 2014. Para os estabelecimentos comerciais, a valorização foi ainda maior, de 258%. Isso expulsou os prostíbulos e o público mais underground, atraindo para a Augusta casas noturnas voltadas às classes média e alta. A especulação imobiliária também é tema de uma polêmica que se arrasta desde o ano passado envolvendo o Parque Augusta – como ficou conhecido o espaço de 24.752 metros quadrados localizado entre as ruas Augusta, Caio Prado e Marquês de Paranaguá, na Consolação. Em setembro do ano passado, moradores vizinhos à área entraram na Justiça para que o terreno fosse transformado em parque. O prefeito Fernando Haddad já aprovou a criação do Parque Municipal Augusta, no entanto, a Secretaria do Verde e Meio Ambiente não tem verba para as desapropriações. Enquanto isso, duas construtoras disputam o espaço para a edificação de prédios, com a promessa de preservar 80% da área verde. O futuro ainda é incerto, mas, seja qual for o destino do terreno, marcará mais uma transformação na efervescente história de uma das mais famosas ruas de São Paulo. &
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Confira aqui na C&S os principais destaques das últimas edições do MixLegal Digital e MixLegal Impresso. As publicações têm dicas e informações de natureza jurídica que podem interferir no dia a dia dos negócios
Responsabilidade por quebra de contrato Um terceiro pode ser responsabilizado por quebra de contrato, mesmo não sendo
parte dele. É o que prevê o Projeto de Lei nº 7.886/2014, de autoria do deputado Carlos Bezerra (PMDB/MT), que pretende alterar a Lei nº 10.406/2002 – Código
Civil, com o intuito de consolidar o entendimento sobre quebra de contrato cau-
sada pela influência de terceiros alheios à relação contratual. A matéria está na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, onde aguarda a designação de um relator.
Transição de regime tributário
Acordos e convenções coletivas
Insalubridade e periculosidade
A transição das empresas do regime tri-
O Projeto de Lei do Senado nº 181, de 2011,
O Projeto de Lei nº 6.193/2013 propõe alte-
mido pode ser facilitada com o Projeto
balho com a finalidade de permitir a pror-
a obrigatoriedade de adoção e de aplica-
butário do Simples para o Lucro Presude Lei Complementar nº 414/2014. A proposta tem como objetivo estender o
período para a exclusão das empresas
do regime do Simples quando elas ultrapassarem o teto de faturamento. Hoje, a
exclusão acontece no mês subsequente
ao que a companhia ultrapassa o limite de R$ 3,6 milhões de faturamento bruto
acumulado em 12 meses. Pela proposta do PLC, a empresa deixaria o Simples gradativamente.
quer alterar a Consolidação das Leis do Trarogação de acordo ou convenção coletiva
enquanto não houver novo instrumento
normativo. Na prática, as normas coletivas têm sido celebradas com vigência de
um ano, podendo ser prorrogadas desde que respeitado o prazo-limite de dois anos. Para a FecomercioSP, a proposta de
estender a vigência por tempo indeterminado desestimula novos acordos entre as
categorias patronais e profissionais e pode causar desequilíbrio entre os envolvidos.
ração no artigo 157 da CLT para estabelecer
ção de tecnologias de eliminação ou de
redução da insalubridade e da periculo-
sidade do trabalho. Segundo a proposta, o adicional garantido por lei não pode ser
entendido como substituto da garantia da redução ou da eliminação dos riscos. A FecomercioSP apoia o projeto e defende que os respectivos adicionais só devem ser pagos após adotadas todas as possíveis
medidas de controle e risco – e, se ainda assim, o risco ou exposição persistir.
Leia essas notícias na íntegra, além de outras informações, nas edições que estão disponíveis no site da FecomercioSP: www.fecomercio.com.br (em Serviços/Publicações)
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Confira aqui na C&S os principais destaques das últimas edições do EconoMix Digital e do EconoMix Impresso. As publicações têm dicas e informações voltadas à melhoria da gestão dos negócios e à compreensão do ambiente macroeconômico
Uso crescente do cartão Os cartões de débito e de crédito movimentaram R$ 455 bilhões no primeiro semestre de 2014, com expansão de 16,3% na comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 4,8 bilhões de transações com cartões nos primeiros seis meses do ano – um crescimento de 12,3% em relação a igual período de 2013. Os dados são da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). Do total movimentado, R$ 291 bilhões referem-se aos cartões de crédito (alta de 13,5%) e R$ 164 bilhões aos cartões de débito (aumento de 21,6%).
Moda lidera vendas online
Cresce o número de concessões de crédito
Economia brasileira encolhe
O setor de moda e acessórios ultrapas-
As concessões de crédito cresceram,
Dados do IBGE divulgados em agosto de-
liderança das vendas online no País pela
mestre do ano, enquanto o estoque
no segundo trimestre de 2014 na compa-
sou o segmento de cultura e chegou à
primeira vez. Entre maio e junho, foram comercializados mais de 7 milhões
de peças de vestuário e acessórios pela internet ante 5,5 milhões de produtos culturais, como livros e DVDs, até então
líderes das vendas virtuais. Em seguida,
apareceram os setores de beleza e saúde, com 2 milhões de itens comercializados; de informática, com 1,5 milhão; e de
telefonia, com 1,3 milhão. Os dados são da pesquisa Ibope E-commerce.
em termos reais, 5,5% no primeiro sede crédito no mercado caiu 0,7% em
junho no comparativo anual – já descontada a inflação. Os dados são do Banco Central e mostram que há um
movimento de renegociação e troca de dívidas mais caras por mais baratas. Na capital paulista, a pesquisa PEIC da FecomercioSP indicava 13,5%
de famílias inadimplentes em julho
deste ano contra 18,7% no mesmo mês do ano anterior.
monstraram que a economia recuou 0,6%
ração com os três primeiros meses do ano. No período, a agropecuária foi o único setor que cresceu em relação ao trimestre anterior, mas com aumento de apenas
0,2%. No ano, a agropecuária acumulou alta de 1,2%. Os demais setores – indústria
e serviços – caíram na comparação com
o trimestre anterior, encolhendo 1,5% e 0,5%, respectivamente. No acumulado do
ano, a indústria somou queda de 1,4% e os serviços contabilizam crescimento de 1,1%.
Leia essas notícias na íntegra, além de outras informações, nas edições que estão disponíveis no site da FecomercioSP: www.fecomercio.com.br (em Serviços/Publicações)
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INOVAÇÃO TEXTO Bismarck Rodrigues
Qual é a sua
OPINIÃO?
Pesquisas de mercado e de satisfação deixam de ser exclusividade das grandes corporações. Aliados ao "feeling" dos gestores, os levantamentos também ajudam pequenas e médias a definir estratégias
P
42
ara muitas empresas, a conclu-
dimentos de pequeno e médio por-
O raciocínio é simples, embora não re-
são da compra marca o fim da intera-
tes, a intuição dos gestores costuma
ceba a devida atenção de boa parte das
ção com o cliente. A postura ignora a
prevalecer, mas isso está mudando.
empresas: é importante saber a opinião
importância do pós-venda e impede
A pesquisa de satisfação vem sendo
do cliente, pois a satisfação dele pode
que a companhia saiba exatamen-
cada vez mais incorporada ao dia a
valer recomendações ou comentários
te o que o cliente pensa. Há tempos
dia como ferramenta de gestão. “Aos
negativos. Enquanto as empresas bra-
que as grandes corporações, espe-
poucos, as empresas começaram a se
sileiras estão começando a trabalhar
cialmente as organizações multina-
valer dessa prática, pois entenderam
com pesquisas de satisfação, em pa-
cionais, perceberam a necessidade
que ela é estratégica para a evolução
íses como Alemanha e Japão a prática
de medir o nível de satisfação e de
e para a sobrevivência no mercado”,
é corriqueira. “Muitas empresas desses
informação dos clientes a respeito
afirma o superintendente geral da
países não dão um passo sem fazer uma
delas, por meio de métricas e pes-
Fundação Nacional da Qualidade
pesquisa de mercado”, afirma Claudio
quisas de opinião. Para os empreen-
(FNQ), Jairo Martins.
Silveira, diretor da Quorum Brasil.
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15% 70% 75%
30%
85%
37%
20%
20% 30%
20%
28%
35%
40% 25% 50%
70%
25%
25%
30%
25% 50%
25%
25%
25%
INOVAÇÃO
Q u a l é a s u a opi n i ão?
Para muitas empresas, a pesquisa
O consumidor descontente propaga a
timentos e as emoções do cliente em
pode trazer revelações importantes,
insatisfação mais rapidamente e a um
relação ao produto, o método qualita-
como descobrir que o seu público é
número maior de pessoas.
tivo é melhor do que o quantitativo”,
diferente daquele imaginado pela
destaca Lima. Identificar a melhor
direção. Foi o que aconteceu com a
Para valer a pena, os resultados da
opção de pesquisa diante de cada cir-
Rensz Calçados, varejista com cinco
pesquisa devem orientar um plano de
cunstância pode minimizar em 80% o
lojas no litoral norte paulista. “Sem-
ação para a melhoria do produto ou
risco de o novo produto desagradar o
pre imaginamos que nosso público
do serviço em questão. “As informa-
cliente, na opinião de Silveira.
estava na classe B, mas as pesquisas
ções do cliente, se bem aproveitadas,
mostraram que atraímos um seg-
tornam mais ágil a adoção de medi-
Não só os produtos podem melho-
mento mais popular, entre o B e o C”,
das corretivas”, explica o diretor da
rar com a opinião dos clientes, como
explica o diretor de planejamento e
Quorum Brasil.
também a imagem e a marca tendem
recursos humanos da Rensz, Leo Reis
a ganhar – afinal, muitas empresas
Leite Júnior. Ele conta que a informa-
As pesquisas não servem apenas para
usam os resultados como publicida-
ção foi determinante para definir a
avaliar produtos já existentes no mer-
de positiva. "Um indicador favorável
estratégia de expansão da rede, que
cado. A prática também pode envolver
pode ser usado para impressionar o
nasceu há 14 anos e nos últimos dois
testes de percepção antes mesmo do
mercado e se diferenciar da concor-
passou a fazer pesquisas de mercado.
lançamento. “Para identificar os sen-
rência”, explica Martins.
passo da Rensz é adotar a modalidade de cliente oculto, na qual a empresa contratada envia representantes disfarçados de clientes para testar o atendimento e averiguar se as medidas sugeridas na pesquisa de satis-
“
fação anterior foram colocadas em prática. “A pesquisa não substitui o feeling, mas complementa”, diz Leite Júnior. Ele ressalta a importância de não se fazer pesquisa indiscriminadamente, sem um propósito. “A pesquisa precisa estar inserida no contexto de gestão”, ressalta.
Plano de ação Especialistas consideram as pesquisas de satisfação como o começo de um ciclo, e não o fim. Ter a opinião do
Aos poucos, as empresas começaram a se valer das pesquisas de mercado, pois entenderam que elas são estratégicas para a evolução e para a sobrevivência Jairo Martins
superintendente da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ)
“
Definido o perfil do cliente, o próximo
cliente sobre os seus produtos pode representar aumento das vendas e, consequentemente, dos lucros. “Um cliente satisfeito traz outros clientes, porque ele confia na marca e se sente seguro para indicar”, explica Silveira.
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Foto: Divulgação
Já a insatisfação tem o efeito inverso.
E quando a pesquisa aponta percep-
objetivas, para que o cliente não per-
-alvo, região, modelo de pesquisa, tipo
ção negativa do cliente em relação à
ca a paciência e prejudique a coleta”,
de resposta, tamanho da amostra, en-
empresa ou ao produto? A melhor es-
conta Silveira. Outra dica é usar dispo-
tre tantas outras variáveis.
tratégia, segundo os especialistas, é
sitivos eletrônicos, como tablets, para
traçar um plano de ação rápido, sob o
tornar o processo mais rápido e dimi-
Para quem não dispõe dos montan-
risco de enfrentar problemas maiores
nuir o tempo exigido do entrevistado.
tes, existem formas mais econômicas,
à frente. “A empresa deve focar seus
como questionários online ou pesqui-
esforços no que é mais relevante e im-
O diretor da Mind Pesquisas, Alexan-
sas de pós-venda, que podem ser adap-
pactante do ponto de vista da insatis-
dre Lima, sugere evitar as pesquisas
tadas à realidade de cada empresa. Os
fação do cliente”, esclarece a diretora
por telefone, mas reconhece que, em
especialistas chamam atenção para o
da Bridge Research, Dayana Franco.
determinas ocasiões e por questões fi-
prazo de validade das pesquisas, que
Ainda que os resultados negativos
nanceiras e logísticas, elas podem ser
não deve ser superior a um ano, varian-
são sejam divulgados publicamen-
a melhor escolha. “Quando é business
do de acordo com o ramo da empresa.
te, a dica é usá-los de forma interna
to business (B2B), a melhor forma é
Se o produto for de consumo rápido
para melhorar processos e produtos.
agendar um horário previamente com
– ou envolver bebidas ou alimentos –,
Ignorar a opinião do cliente costuma
o executivo”, explica.
as pesquisas têm periodicidade ain-
ser a pior opção. “Muitas empresas ig-
da menor: a recomendação é que elas
noram o resultado ou não acreditam
Pesquisas online
nele. Também há casos piores, nos
Para pesquisas mais simples e com
“Eletroeletrônicos,
quais os gestores distorcem a pesquisa
poucos recursos, a internet traz uma
mento é mais demorado, pode envol-
para apresentar um melhor resultado
série de recursos que podem ser-
ver pesquisas anuais”, explica Silveira.
à alta cúpula da empresa”, afirma.
vir como interface entre o cliente e a
sejam feitas a cada três ou seis meses. cujo
desenvolvi-
empresa. “Pela internet conseguimos
Para as empresas que contratam o
atingir determinados grupos de pes-
serviço, o recomendável é que a medi-
Para muita gente, pesquisa de satisfa-
soas, via e-mail, videoconferência, re-
ção seja semestral, pois assim é possí-
ção se traduz como aquele formulário
des sociais ou comunidades no Face-
vel averiguar se o plano de ação surtiu
disponível no balcão de muitos esta-
book”, garante Lima.
efeito, recomenda Dayane. “Com duas
Diferentes métodos
belecimentos para que o cliente deixe
pesquisas por ano, podemos aferir
sua opinião sobre o atendimento. Ou-
As empresas contratantes desses servi-
os resultados e as empresas acabam
tra forma recorrente são as aborda-
ços usam as informações das mais dife-
usando a medição do segundo se-
gens de rua, nas quais só é necessário
rentes formas, desde incorporar as su-
mestre para bonificar os executivos”,
“um minutinho”. Segundo especialis-
gestões para a melhoria dos produtos
destaca a diretora. Em casos negati-
tas, esses são dois dos métodos mais
até como marketing institucional para
vos, medições pontuais podem servir
defasados para pesquisa, assim como
a própria empresa. Lima garante que
como um termômetro dos resultados.
a consulta telefônica feita por centrais
muitos empresários sabem de ante-
de atendimento. Para Martins, o prin-
mão quais serão os resultados mostra-
Há quem acredite que a falta de costu-
cipal problema não é o método, mas o
dos pelas pesquisas. “Um bom gestor
me em realizar as pesquisas de satisfa-
excessivo número de call centers com
quer apenas ratificar a impressão que
ção impeça as empresas brasileiras de
funcionários despreparados.
ele tem no dia a dia. Raramente vai se
crescer e competir com as multinacio-
surpreender com a pesquisa”, ressalta.
nais. Ou seja, o fato de não conhecerem
Assim, antes de descartar essa ou
seus clientes as impossibilita de ofere-
aquela forma de pesquisa, concentre-
Os custos dessas pesquisas dependem
cer um produto que atenda às expec-
-se em adequá-la ao objetivo da coleta
do nível de detalhamento das infor-
tativas do consumidor. “A falta de prio-
de dados. “Em entrevistas de rua, por
mações. A contratação de uma empre-
ridade às pesquisas de satisfação se
exemplo, o ideal é que o entrevistador
sa especializada varia de R$ 30 mil a
reflete na pouca inovação na hora de
faça no máximo dez perguntas, todas
R$ 500 mil, dependendo do público-
criar os produtos”, acredita Silveira. &
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GE STÃO TEXTO Bismarck Rodrigues ilustração carolina lusser
A maneira como fundador e herdeiros lidam com o processo sucessório é determinante para a longevidade das empresas
P
ara as empresas familiares, tão im-
deles, três trabalham na empresa e
portante quanto conquistar mercado é
se preparam para assumir o coman-
garantir a continuidade do negócio ao
do. “Não escolhemos que nossos pais
longo das gerações. Os motivos para
fossem sócios, mas nos damos bem e
que os empreendimentos não ultra-
não há disputa por poder”, diz a atual
passem a segunda ou a terceira linhas
gerente de talentos humanos e quali-
sucessórias são vários, a começar pelo
dade da rede, Gabriela Ribeiro Dezan.
despreparo dos herdeiros e pelos desentendimentos na estrutura familiar, com
Ela conta que os pais sempre esti-
consequente luta pelo poder. Dados da
mularam a capacitação dos herdei-
consultoria PricewaterhouseCoopers
ros. Todos os irmãos se formaram em
(PwC) indicam que, de cada cem em-
Administração, mas com diferentes
presas familiares, apenas 12 chegam à
especializações. Além de Gabriela,
terceira geração.
trabalham sua irmã, Bruna Ribeiro, gerente de implantações e novos ne-
Na essência do fracasso, assim como
gócios, e Francisco Ribeiro Conte, fi-
do sucesso, estão as atitudes da famí-
lho do Fran que dá nome à rede, que
lia e a forma como o fundador e os her-
é gerente de marketing. Ela garante
deiros lidam com o processo sucessó-
que nunca foram obrigados a seguir
rio. “A disputa, quando acontece, nem
na empresa: “Tivemos liberdade de
sempre é pelo dinheiro propriamente
escolha”, afirma Gabriela. Mesmo com
dito, mas pelo poder”, afirma o sócio
os herdeiros preparados, ainda não
da Consultoria Ricca e Associados –
há data para a transição. “Os sócios
especializada em empresas familiares
sabem que, no momento certo, terão
–, Domingos Ricca. Bons métodos de
pessoas preparadas para assumir a
gestão prevalecem entre as empresas
gestão”, assegura.
que atravessam gerações, com ênfase para a capacitação dos herdeiros e re-
Para algumas empresas, as diferen-
gras claras para a escolha do sucessor.
ças entre as gerações e a pressão de pai para filho podem ser com-
É o que vem sendo feito pela rede de
plicadores na hora da transição.
cafeterias Fran's Café, fundada há 42
“Geralmente, o fundador teve um ní-
anos por dois irmãos e um amigo. Os
vel de instrução mais baixo, mas com
sócios originais ainda estão à fren-
um grande feeling para o mercado.
te do negócio, mas, dos quatro filhos
Para a preparação do filho, ele ofere-
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GE STÃO
Negócios em fa m í l i a
ce toda a capacitação que não teve,
Semaan continua acompanhando a
gue a gestão de uma filial da empresa
mas aumenta a cobrança por resul-
empresa, mas decidiu cuidar apenas
ao filho/sucessor. Assim, a passagem
tados e segue interferindo na gestão
de uma das quatro lojas da rede, no
de bastão é gradativa, bem como o en-
do herdeiro”, comenta Ricca.
mesmo cargo no qual seu desempe-
volvimento do herdeiro com o coman-
nho foi notório ao longo de 53 anos: à
do da organização.
Para evitar que isso prejudique os negócios, é preciso que fundador e su-
beira do balcão. A profissionalização da gestão é outro
cessor tenham consciência de suas
Respeito ao conhecimento
diferenças e evitem o famoso choque
A transição gradativa segue as regras
cia de empresas familiares. Por isso,
de gerações. Como? Os mais velhos
da boa governança, segundo Waack,
segundo Ricca, é preciso criar meca-
precisam aceitar a racionalidade com
do IBGC. Ele recomenda que as virtu-
nismos que permitam a ascensão pro-
a qual os mais jovens encaram os ne-
des da primeira geração sejam respei-
fissional de colaboradores que não são
gócios, enquanto estes devem tirar
tadas, combinando o conhecimento
da família. “As organizações precisam
proveito do conhecimento de merca-
de mercado dos fundadores com as
preparar gente, além dos herdeiros,
do acumulado pelos pais em anos de
características dos mais jovens, prin-
para ajudar na gestão e até assumir
experiência, destaca o conselheiro de
cipalmente a capacidade de absorver
uma possível sucessão”, diz o consul-
administração do Instituto Brasileiro
mudanças e a facilidade em lidar com
tor. Exemplo disso é que na Di Cunto al-
de Governança Corporativa (IBGC),
os avanços tecnológicos.
guns dos mais velhos de casa estão em
Roberto Waack. “Normalmente, os
aspecto relevante para a sobrevivên-
cargos de liderança dentro da empre-
fundadores têm convicções sobre a
Herdeiro da quarta geração da con-
sa, como Claudio do Nascimento, atu-
forma de ver o mundo e de gerir a em-
feitaria Di Cunto, Marco Júnior é ge-
al gerente de finanças, que trabalha
presa, e não aceitam que seus filhos
rente de marketing da empresa que
com os Di Cunto há 40 anos. “Usamos
sejam mais racionais com os negócios
leva o nome da família. Ele atribui
a experiência dos mais antigos na ma-
da família”, analisa.
parte do êxito nas sucessões da em-
nutenção da cultura da empresa, que,
presa ao interesse natural dos filhos
consequentemente, também é a cul-
Brinquedos,
pelo empreendimento. Contudo, lem-
tura da família”, afirma Júnior.
Marcelo Mouawad concorda com o
bra que nem sempre esse interesse
conselheiro. “O lugar do meu pai sem-
foi tão natural. “Na primeira suces-
Um fator comum nas empresas fa-
pre foi no balcão, atendendo os clien-
são, os filhos dos fundadores tinham
miliares é o respeito pela história dos
tes. É ali que ele sabe trabalhar. Os fi-
de trabalhar na empresa tão logo pu-
funcionários antigos, que, muitas ve-
lhos foram preparados para cuidar da
dessem, afinal, era parte do sustento
zes, ajudaram em épocas de "vacas
gestão da empresa”, conta Mouawad,
da família”, ressalta.
magras". “Existe certo nepotismo por
Herdeiro
da
Semaan
que se formou em Engenharia Civil,
parte do dono, pois ele se lembra de
além de fazer diversos cursos de es-
Formado em Publicidade, Júnior ga-
quem esteve ao seu lado na fase ruim
pecialização, em contraste com o nível
rante que o gosto pelo empreendi-
e tem tolerância maior com esse co-
médio do patriarca.
mento familiar está no sangue. Ele
laborador, principalmente se ele esti-
chegou a ter experiências profissio-
ver em fim de carreira”, lembra Ricca,
A Semaan Brinquedos está na fase
nais fora da Di Cunto, mas assegura
ressaltando que a prática não existe
final de transição de poder, que pas-
que o maior aprendizado veio mesmo
em empresas convencionais. Waack
sa do fundador, Semaan Mouawad,
do pai. “Estar próximo ao meu pai me
reconhece que os compromissos an-
para os três filhos – além de Marcelo,
proporcionou – e ainda me propor-
tigos de gratidão são difíceis de evi-
que assume a diretoria comercial,
ciona – uma grande oportunidade de
tar. Na Di Cunto, Júnior prefere classi-
também participam do processo o
aprendizagem”, comenta.
ficar a importância dos funcionários
irmão Rodrigo, à frente da diretoria
mais antigos como fundamental
de finanças, e a irmã Fabiana, respon-
Para essas situações, o consultor do
para a manutenção da cultura e dos
sável pela área de recursos humanos.
IBGC sugere que o pai/fundador dele-
valores da empresa.
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Marcelo Mouawad diretor comercial da Semaan Brinquedos
“
“
Não quero forçá-los a dar continuidade ao negócio, mas gostaria que ao menos dois dos meus filhos seguissem na empresa
Pai de quatro filhos, ele quer que a Semaan integre a minoria de empresas que passam para a terceira geração. “Não quero forçá-los a dar continuidade ao negócio, mas gostaria que ao menos dois deles seguissem na empresa”, assume. Dispositivo usado com frequência para garantir a transparência é o acordo de sócios. Nele ficam estabelecidos direitos e deveres de cada acionista. “O documento pode detalhar as regras para contratação de familiares e possíveis acordos de prestação de serviços com parentes para evitar práticas antiéticas que prejudiquem a empresa”, destaca Ricca. Outra alternativa é a formação de um conselho administrativo misturando membros das várias gerações, profissionais que trabalham há algum tempo na empresa e conselheiros ex-
Foto: Emiliano Hagge
ternos. O mix, segundo Waack, tira o caráter familiar das decisões e ajuda a reforçar a hierarquia para os parentes que colaboram com a empresa. Para aumentar ainda mais a seriedade do conselho administrativo, o consul-
Transparência
ele, é para que se isolem os assuntos
tor do IBGE recomenda a criação de um
Segundo os consultores, nas relações
referentes à família do dia a dia da em-
conselho familiar. “É um espaço para os
familiares a transparência é o melhor
presa. “Questões familiares são resol-
parentes resolverem suas diferenças,
caminho para evitar desavenças com
vidas em casa. A empresa não pode
para que os assuntos cheguem mais
aqueles que não estão no processo su-
se adaptar à pessoa, mas o contrário é
pacificados ao conselho administrati-
cessório. “Quando a família cresce, é
possível”, afirma.
vo”, aconselha. A experiência mostra
difícil criar posição para absorver todo
que muitas empresas ainda não têm
mundo. É preciso colocar a empresa
Na família Mouawad, a sucessão na
o hábito de formalizar acordos e ainda
em primeiro lugar”, destaca o gerente
Semaan Brinquedos foi devidamente
recorrem ao bom senso como instru-
de marketing da Di Cunto.
conversada e negociada com os dois
mento de gestão. “Não temos nenhum
irmãos que eram sócios minoritários
código ou acordo de conduta. A tomada
Contratar parentes também merece
da empresa. “Eles seguiram outro ca-
de decisões é feita na base da conversa”,
atenção por parte dos gestores. “Só
minho e abriram uma nova empresa.
diz Marcelo Mouawad, em um retrato
contrate quem você pode demitir”, re-
Isso minimizou os problemas suces-
fiel de como boa parte das empresas
comenda Ricca. A orientação, segundo
sórios”, avalia Marcelo Mouawad.
familiares atravessa gerações. &
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OPORT U NIDA DE S POR Bismarck Rodrigues
Pague e leve Com 80 mil máquinas instaladas, mercado brasileiro de vending machines movimenta R$ 1 bilhão por ano e tende a crescer com a adoção de novas tecnologias
A
praticidade e a facilidade das
nas instaladas ao fim de 2014 em todo
máquinas automáticas fizeram com
o País. Os cálculos da entidade dão
que elas caíssem no gosto do consu-
uma ideia do potencial de crescimen-
midor brasileiro. Disponíveis inicial-
to deste mercado: por aqui, a relação
mente para café, as vending machines
habitante/máquina é de 2,5 mil habi-
oferecem hoje uma infinidade de pro-
tantes, enquanto nos Estados Unidos
dutos e serviços. É possível comprar
são 90 habitantes por máquina.
flores, alimentos, produtos de higiene, livros, pagar estacionamento e adqui-
De maneira geral, as máquinas auto-
rir uma variedade de outros itens. Em
máticas estão distribuídas por am-
crescimento, o mercado deve faturar
bientes corporativos, comerciais e de
R$ 1 bilhão em 2014, com alta de 15%
grande circulação de pessoas. Nos pri-
sobre o ano passado, e movimentar
meiros, os produtos são, quase sem-
um ecossistema que envolve fornece-
pre, oferecidos gratuitamente, como
dores de equipamentos, hotéis, res-
uma comodidade a funcionários e visi-
taurantes e empresas operadoras, res-
tantes. Alguns itens podem até ser co-
ponsáveis pelo abastecimento e pela
brados para minimizar os gastos, mas
manutenção dos equipamentos.
o lucro financeiro não costuma ser o objetivo das empresas.
Dados da Associação Brasileira de Vendas Automáticas (ABVA) indicam
A tendência, a partir de agora, não é só
que serão em torno de 80 mil máqui-
vender produtos, mas também usar o
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OPORT U NIDA DE S
Pa g ue e le ve
espaço para interagir com os clientes.
passado, eram frequentes as recla-
ainda maior de produtos. “A liberação
Assim, algumas empresas estão explo-
mações de máquinas que “engoliam”
dos cartões de crédito vai aumentar o
rando as máquinas como ferramenta
o dinheiro do cliente e não entrega-
faturamento e a opção de produtos,
para campanhas de marketing. Foi o
vam o produto ao fim da compra. “As
como alimentos preparados, produ-
que fez, em agosto, a marca de choco-
máquinas estão interagindo cada vez
tos de beleza e outros itens de maior
lates Bis, cujas máquinas distribuíram
mais com o público e incorporando
valor”, acredita Carlos Augusto Miti-
o produto em troca de pedidos inusi-
tecnologias, como sensor de queda
telli, CEO da EPS Eventos, empresa or-
tados, como uma dança engraçada.
do produto e tela sensível ao toque”,
ganizadora da Expovending, feira que
aponta Zanella.
reúne anualmente toda a cadeia de
Confiança e interação
vending machines em São Paulo.
Para o presidente da ABVA, Pedro Za-
Outra novidade é a aceitação de car-
nella, a tecnologia vem revolucionan-
tão de crédito, facilidade que deve mu-
As primeiras máquinas chegam ao mer-
do o mercado de vending machines,
dar a dinâmica de vendas e favorecer a
cado neste fim de ano, aceitando cartões
que se tornaram mais confiáveis. No
adoção das máquinas por uma gama
de crédito e débito, além de algumas um crescimento inicial de 35% no faturamento. A aceitação dos cartões nos
A aceitação dos cartões nos permitirá oferecer mais produtos com diferentes valores aos clientes
“
“
marcas de vale-refeição. “Esperamos
Fábio Bueno Netto
fundador da 24x7 Cultural
permitirá oferecer mais produtos com diferentes valores aos clientes”, explica Fábio Bueno Netto, fundador da 24x7 Cultural, distribuidora de livros a preços populares. “Vendemos mais de 100 mil livros por mês. O sucesso se explica pelo preço baixo, mas a qualidade dos livros também é primordial”, explica. A implantação dos leitores também deve contribuir para o aumento no número de equipamentos espalhados pelas ruas. “Sem dinheiro, as máquinas deixam de ser atrativas para ladrões”, acredita Bueno Netto. O maior número de vending machines deve resultar em mais interação e exposição de marketing. “As ações permitem mapear os clientes e as máquinas tendem a ser mais usadas como ativadoras de marcas. Com isso, mais produtos devem ser oferecidos a pre-
Foto: Emiliano Hagge
ços atrativos”, analisa Mititelli.
Dificuldades As oportunidades para quem pretende entrar nesse setor estão focadas em três áreas: operação, fornecimento
prias empresas podem ser responsáveis pelo abastecimento em locais de
Raio X do mercado de vending machines nos EUA Faturamento US$ 36 bilhões/ano 50 milhões de máquinas instaladas
Distribuição das máquinas por produtos 40% bebidas em latas e garrafas 19% snacks
baixo consumo”, orienta Zanella. Evelyne Siqueira, assistente comercial da Brasvending, que atua como operadora de vending machines em todo o Brasil, explica que o planejamento é realizado de acordo com o tamanho e a demanda da empresa. “Depois de instalada a máquina, ela é monitorada diariamente, por uma semana, para ajustes de quantidade e de produtos e para tirar dúvidas”, explica. Feitas as customizações, são estabelecidos os dias para a recarga da máquina. Segundo ela, a manutenção preventiva é realizada a cada seis meses, mas a periodicidade pode variar de acordo com a demanda diária.
13% selos, cartões e produtos
A instalação da máquina é simples
de higiene pessoal
ponto de tomada e espaço de um
e exige pouca mão de obra, além de metro quadrado. Cada máquina tem
10% sanduíches e alimentos frescos
capacidade para 200 a 600 produtos. “O monitoramento é remoto, via computador. Por telemetria é possível identificar problemas, saber o nível de abastecimento e saber quanto entrou de dinheiro”, explica Netto, da 24x7 Cultural. As máquinas automáticas simplificam a vida do consumidor, mas inibem uma
de máquinas e fornecimento de insu-
a expansão do setor. No Brasil, o preço
prática corriqueira nas relações de con-
mos. Como importar as máquinas é
de uma máquina chega a ser o dobro
sumo: a pechincha. Mititelli reconhece
trabalhoso e caro, as empresas recor-
do cobrado nos Estados Unidos e em
que a impossibilidade de negociar um
rem aos operadores, que geralmente
países da Europa.
desconto é fator de resistência à com-
oferecem os equipamentos por meio
pra automática. A favor do equipamen-
de comodato ou aluguel. “Todas as
A contratação de um operador para
to está o fato de ele ser instalado em lo-
máquinas são importadas, pois o
manutenção e reabastecimento das
cais de baixa ou nenhuma concorrência.
mercado brasileiro não justifica uma
máquinas deve ser estudada de acor-
Daí a opção por locais com alto fluxo de
fábrica. Os impostos de importação
do com o volume de produtos e a
pessoas, mas sem comércio fortemente
são altíssimos”, reclama Zanella, para
quantidade de equipamentos distri-
constituído, como estações de Metrô,
quem o preço dos equipamentos inibe
buídos no estabelecimento. “As pró-
hospitais e prédios de escritórios. &
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N EG ÓCIOS POR Enzo Bertolini
Tudo online
Sites especializados na venda de móveis ganham a adesão do brasileiro. A logística ainda é um desafio, assim como proporcionar ao cliente a mais completa visualização do produto
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A
compra de móveis e utensí-
De olho nesse filão de consumido-
lios para a decoração de ambientes
res, empresários têm investido no
quase sempre exige tempo para
e-commerce de móveis e artigos
múltiplas visitas a lojas e show-
para decoração. Segundo dados da
rooms. Para muita gente, o que po-
consultoria E-bit, a categoria casa
deria ser uma atividade prazerosa se
e decoração representa entre 5% e
transforma em sofrimento em razão
7% das compras online. Isso signifi-
do trânsito caótico, da distância en-
ca que dos R$ 35 bilhões em fatura-
tre os vários estabelecimentos e da
mento esperados pelo e-commerce
dificuldade para comparar preços –
brasileiro para 2014, o segmento
ou simplesmente porque a agenda
deve responder por algo em torno
não permite.
de R$ 2 bilhões. “É uma categoria
emergente, que só recebeu atenção
por esses mares, são as lojas de nicho
objetivo construir um portfólio vasto
das grandes empresas recentemen-
que têm se destacado. “É uma catego-
para atingir o maior público possível”,
te. Hoje é possível notar elevados in-
ria para novos entrantes. Muitas apre-
diz o diretor de business intelligence
vestimentos para vendas online por
sentam itens pouco explorados pelas
(BI) da empresa, Ricardo Bechara.
parte de nomes de referência no se-
grandes lojas”, afirma Guasti.
tor, como Tok&Stok e Etna”, explica o
São mais de 45 mil produtos dispo-
presidente do Conselho de Comércio
Entre os novatos, está a Mobly, criada
níveis de 600 marcas, distribuídos
Eletrônico da FecomercioSP e diretor
no fim de 2011 por três brasileiros que
por 481 categorias e nove departa-
executivo da E-bit, Pedro Guasti.
se inspiraram no modelo do site ame-
mentos: móveis; infantil; utilidades
ricano wayfair.com, que promete ofe-
domésticas; decoração; jardim e la-
Embora gigantes nacionais como Ma-
recer o máximo de produtos disponí-
zer; cama e banho; reforma; eletro; e
gazine Luiza e Ponto Frio naveguem
veis para o lar. “Sempre tivemos como
garagem. Do total, aproximadamen-
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N EG ÓCIOS
Tudo on l i ne
te mil são exclusivos da Mobly, com
compra e solicite a troca ou devolução.
pelo Código de Defesa do Consumidor
desenvolvimento próprio ou com
Assim, quanto melhor a informação,
(CDC). O sócio da Galatea conta que o
parceiros. “Estudamos o que mais
menor a chance de erro. Segundo o
cuidado no contato com o cliente via
atraía o nosso cliente e adaptamos
presidente do Conselho de Comércio
site e telefone diminui a porcentagem
para a marca Mobly”, afirma Bechara.
Eletrônico da FecomercioSP, gastos com
de trocas. “Até hoje só tivemos um pro-
Os itens mais procurados são sofás e
troca podem representar até 3% do cus-
duto avariado que precisou ser troca-
mesas, com tíquete médio de R$ 600.
to mensal. “Essa porcentagem é relati-
do. E apenas dois casos de atraso em
vamente alta, porque quando se com-
três anos de empresa.”
Estímulo visual
pra produtos ‘commoditizados’, a troca
Apesar da ascensão do varejo de mó-
normalmente só deveria ocorrer em
A Mobly oferece até 30 dias para o
veis online, os números ainda são pe-
caso de problemas técnicos”, explica.
cliente efetuar a troca, além do período
quenos considerando o mercado total.
que exige o CDC. “É uma das principais
Acostumado a testar os produtos, tocar
O custo da entrega tem de prever a
alavancas para incentivar o consumo”,
nos objetos e observar de perto as cores
possibilidade de troca, seja por causa
conta o diretor. A empresa estuda a ins-
antes de efetuar uma compra, o brasi-
de defeitos, seja porque o cliente não
talação de centros de distribuição pelo
leiro é um público que precisa ser con-
gostou do produto – garantia dada
País para diminuir o tempo de entrega.
produto por vários ângulos, de maneira que o consumidor consiga perceber todos os aspectos do item. Além disso, a descrição deve ser detalhada, incluindo medidas, cor, peso, textura e tudo que for necessário para a mais completa visualização do artigo. Por
“
fim, o atendimento por telefone precisa ser treinado para tirar todas as dúvidas sobre os produtos. “A Mobly chegou a fazer algumas experiências com vídeos descritivos para itens mais visitados, mas não houve boa receptividade”, conta Bechara. O sócio da loja online de móveis e objetos decorativos Galatea, Luiz Câmara Lopes, revela que uma das maiores dificuldades na venda virtual é que as pessoas não conhecem a qualidade dos materiais. “Nossos móveis são diferenciados e os clientes veem isso, mas não conseguem entender completamente até ter o produto em mãos.” Dar atenção aos detalhes colabora para que o cliente não se arrependa da
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Otimizamos a cadeia produtiva, estimulamos negócios locais e fazemos com que cada grupo foque naquilo que faz melhor Luiz Câmara Lopes
sócio da Galatea
“
A resposta é explorar a imagem do
Foto: Divulgação
quistado. Como fazer isso a distância?
Pedro Guasti reforça que as empresas precisam cumprir o que prometem sob o risco de propaganda negativa na internet. “Se a produção não for realizada no tempo prometido, deve-se avisar o cliente antes e interagir depois caso haja atraso. Isso é receita básica para qualquer e-commerce.” Ele também aconselha seguir o modelo do mercado de moda e acessórios, por exemplo, que usa o casamento
cional de um computador. Isso permite
clientes. Caso haja aprovação e a
de produtos para ampliar as vendas.
aproximar o produto do cliente, dimi-
possibilidade de realizar o projeto,
“A mesma estratégia pode ser usada
nuindo custos e tempo. “Fazemos algo
ativamos um fornecedor próximo
no ramo de casa e decoração ao fazer
no mundo virtual que as pessoas não
ao cliente. “Otimizamos a cadeia
a oferta casada de uma estante com
conseguem fazer no mundo real.” O for-
produtiva, estimulamos negócios
um produto decorativo, estimulando
mato do negócio rendeu um prêmio de
locais e fazemos com que cada gru-
o consumo mais amplo."
inovação da Fundação Getulio Vargas
po foque naquilo que faz melhor. O
(FGV). A Galatea trabalha com cinco
fornecedor só produz e não precisa
empresas especializadas em entregas
ter uma sessão de desenvolvimento.
Logística A questão logística é um dos maio-
de móveis que operam em todo o Brasil.
O designer cria e ganha royalties so-
res desafios quando se trabalha com
“Se houver algum problema, elas têm
bre a venda”, explica Lopes.
e-commerce no Brasil. As grandes
seguro. O custo do frete é alto, mas vale
distâncias, a péssima qualidade das
a pena pagar o risco”, ressalta Lopes.
Graças a uma operação enxuta e um formato inovador que dispensa esto-
estradas e a falta de opções de outros meios de transporte aumentam os
Buscando público fora do eixo Rio–São
que, a empresa cresce a uma média
custos e os riscos. E ainda há a ques-
Paulo, onde se concentram as vendas,
de 350% ao ano. Mesmo não tendo ne-
tão da montagem.
a Mobly tem investido em um contro-
nhum investidor por trás.
le rigoroso dos processos logísticos. Há operadores logísticos especializa-
“Temos equipes que acompanham o
Já a Mobly, que conta com o apoio do
dos em transporte de móveis, mas o
desempenho de cada transportado-
fundo alemão Rocket Internet, pos-
desafio é equacionar preço e prazo.
ra durante as entregas para avaliar o
sui o projeto Mobly Decora, espaço
“Ao simular a compra de um colchão, o
nível de serviço”, conta Bechara. Além
de concorrência criativa entre arqui-
frete pode ser muito caro e inviabilizar
disso, metade das entregas no Sudeste
tetos. Os profissionais se cadastram
a compra, dependendo da distância”,
é feita por frota própria. “Acompanhar
no site da empresa por meio do pa-
afirma Guasti.
o trecking do produto em cada uma
gamento de R$ 400 e criam projetos
das etapas diminui a chance de atra-
para os clientes. As ideias aprovadas
sos”, ratifica Guasti.
são remuneradas com uma porcen-
A Galatea inova nesse setor com a produção on-demand descentralizada. Isso
tagem do valor final. “Temos mais de
foi possível graças ao mapeamento re-
Inovação
alizado por Lopes. Parceiros espalhados
Para se destacar das grandes em-
Bechara. A empresa ainda trabalha
pelo Brasil foram treinados e capacita-
presas do setor, a Galatea produz
no lançamento de um aplicativo 3D,
dos para produzir de maneira uniforme,
móveis próprios a partir da criação
que vai projetar os produtos da Mo-
independentemente de onde estiverem.
de designers que se cadastram no
bly no ambiente da casa em realida-
site e enviam a ideia. Para saber se
de aumentada. É a tecnologia apro-
A inspiração vem do bootstraping, pro-
o item tem apelo de mercado, a em-
ximando os ambientes virtual e real
cesso de inicialização de sistema opera-
presa abre a ideia para votação dos
40 arquitetos cadastrados”, afirma
em favor dos negócios. &
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AGENDA CULTURAL TEXTO priscila oliveira
Memórias Inapagáveis
Com curadoria de Agustín Pérez Rubio, a exposição lança um olhar histórico sobre o acervo do Videobrasil, resgatando episódios polêmicos e conflituosos a partir de perspectivas pessoais, em obras de 18 renomados artistas nacionais e estrangeiros, como Jonathas de Andrade, Rosângela Rennó, Akram Zaatari, Bouchra Khalili, Coco Fusco e León Ferrari.
Onde: Sesc Pompeia Rua Clélia, 93 – Vila Pompeia Quando: de 31/8 a 30/11. De terça a sábado, das 10h às 21h; aos domingos, das 10h às 19h Mais informações: (11) 3871-7700
Na quinta edição do projeto Vão, Waltercio Caldas propõe para o espaço do átrio a repetição ordenada de 30 estruturas construídas em aço inoxidável, criando linhas predominantemente horizontais – os horizontes artificiais. Fixadas nessas estruturas, quatro palavras se multiplicam e se dissolvem pelo ambiente, gerando a cada olhar novas camadas de planos e volumes.
Onde: Sesc Belenzinho Rua Padre Adelino, 1.000 – Belém Quando: de 28/8 a 30/11. De terça a sábado, das 9h às 21h; aos domingos, das 9h às 19h Mais informações: (11) 2076-9700
Vão | Mar de Exemplo
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paralaxe
Paralaxe – efeito de aparente deslocamento do objeto observado por meio da modificação na posição do observador – é o nome da proposta do artista Raul Zito nesta intervenção composta por dois murais fotográficos que mostram um sanfoneiro e um clarinetista transformados em seres fantásticos, personagens que provocam sensações de deslocamento, duplicidade, fantasia, reflexo e distorção.
Onde: Sesc Pinheiros Rua Pais Leme, 195 – Pinheiros Quando: de 15/9 a 14/12. De terça a sexta, das 10h às 22h; aos sábados e domingos, das 10h às 19h Mais informações: (11) 3095-9400
o dia em que sam morrreu
O espetáculo teatral dramatiza as escolhas éticas que definem o destino de seis pessoas que se cruzam nos corredores de um grande hospital. Nesse ambiente onde a higienização dos corpos parece ser regra, um olhar mais detido pode mostrar que o belo é podre, e o podre sabe ser belo. Qual a percepção desses personagens sobre o mundo e o tempo em que vivem? Como permanecer limpo em um mundo onde tudo pode ser relativizado, ou mesmo quando a vida muda radicalmente em um estalo? A direção é de Paulo de Moraes, com Jopa Moraes, Lisa Eiras, Marcos Martins, Otto Jr., Patrícia Selonk, Ricardo Martins e Ricco Viana.
Onde: Sesc Consolação Rua Dr. Vila Nova, 245 – Vila Buarque, São Paulo Quando: de 17/10 a 30/11. Às sextas, sábados e domingos, às 21h Mais informações: (11) 3234-3000
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ROTEIRO SP
TEXTO Priscila oliveira fotos EMILiano hagge
História preservada São Paulo guarda sítios arqueológicos que mostram como viviam os primeiros habitantes da cidade desde o século 17. Todos com visitação gratuita sítio da ressaca Rua Nadra Raffoul Mokodsi, 3 – Jabaquara Informações: (11) 5011-7233 Horário de funcionamento: de terça a domingo, das 9h às 17h A construção é de 1719, como indica a marcação na porta principal. A restauração foi iniciada em 1978 e inaugurada um ano depois. Atualmente, abriga exposições e atividades voltadas à memória da presença afro-brasileira na região de São Paulo, bem como as manifestações da cultura popular. A casa era parte de um enorme sítio, que na década de 1970 foi loteado e mais de um terço do terreno foi desapropriado para a construção da estação Jabaquara do Metrô.
Rua Guabijú, 49 – Tatuapé Informações: (11) 2296-4330 Horário de funcionamento: de terça a domingo, das 9h às 17h Localizada no bairro que dá nome à residência, a Casa do Tatuapé tem registros de sua existência desde 1698. Em meados do século 19, o sítio passou a ser uma olaria para a produção de telhas, mas, com a imigração italiana, também passou a produzir tijolos. Em 1980, uma parceria entre a Prefeitura de São Paulo e o Museu Paulista da USP deu início às obras para restaurar o imóvel, com o intuito de devolver as características originais.
Casa do Tatuapé 62
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Praça do Monumento, s/nº – Ipiranga Informações: (11) 2273-4981 Horário de funcionamento: de terça a domingo, das 9h às 17h Há quem acredite que a Casa do Grito seja a mesma que aparece no quadro Independência ou Morte. No entanto, a obra é de 1822, enquanto o documento mais antigo do imóvel é de 1844. O prédio foi restaurado em 1955 e, para deixá-la parecida com a casa do quadro de Pedro Américo, foi criada até uma janela falsa. Em 1981, outra restauração corrigiu os excessos das intervenções anteriores e o imóvel foi reinaugurado em 2008 e incorporado ao Parque da Independência.
Solar da Marquesa de Santos
Rua Roberto Simonsen, 136 – Sé Informações: (11) 3241-1081 Horário de funcionamento: de terça a domingo, das 9h às 17h Próximo ao Páteo do Colégio, o imóvel recebeu esse nome após ter sido o local onde a Marquesa de Santos realizava as mais famosas festas da aristocracia paulista no século 19, período em que era conhecido como Palacete do Carmo. Há indícios de que o prédio date de 1739, mas só há documentação a partir de 1802. O Solar teve a fachada principal modificada para um modelo neoclássico em 1880. Atualmente, o local abriga atividades museológicas e a sede do Museu da Cidade de São Paulo.
casa do grito
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A RT IG O POR romeu bueno de camargo
Dupla visita A
municipal deverão observar o princípio do tratamento diferenciado, simplificado e favorecido por ocasião da fixação de valores decorrentes de multas e demais sanções administrativas. Assim, considerando o complexo ce-
s microempresas e empresas
des a que estão sujeitas no início de
nário em que estão inseridas as mi-
de pequeno porte exercem importan-
suas atividades. Trata-se da aplicação
croempresas e empresas de pequeno
te função social, contribuindo de for-
do critério da “dupla visita”, que não
porte – classe empresarial mais impor-
ma relevante para a geração de renda
permite que o fiscal multe essas em-
tante do nosso País –, que, em muitos
e de emprego e para o desenvolvimen-
presas no primeiro momento em que
momentos, mostram-se enfraqueci-
to econômico.
realizar determinada fiscalização.
das diante das dificuldades surgidas
A concepção dessa atividade e a sua
Essa norma é de extrema relevância
didas como a contida no artigo 55 da
efetivação no mercado dependem de
para os empresários de microempre-
Lei Complementar nº 147 poderão au-
inúmeros fatores a que essas empre-
sas e tem natureza muito mais edu-
mentar as possibilidades de encontrar
sas estão sujeitas nos primeiros anos
cativa do que punitiva. Na maioria das
soluções viáveis para o constante cres-
de existência. Para que possam sobre-
vezes, as empresas não cumprem al-
cimento desse importante segmento
viver e promover o desenvolvimento, é
guma norma por falta de conhecimen-
indispensável que recebam uma aten-
to. A visita inicial deve servir para que
ção especial e um tratamento que lhes
sejam feitos os esclarecimentos pelo
permita superar os diversos obstácu-
fiscal, para que este proceda à devida
los e as dificuldades que prejudicam
orientação e para que o empresário
seu sucesso empresarial.
possa corrigir, em prazo razoável, de-
no cotidiano de suas atividades, me-
da nossa atividade econômica. &
terminados procedimentos consideraA Constituição Federal estabelece, em
dos irregulares.
seu artigo 179, que a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios de-
A regra deve ser aplicada relativa-
vem dispensar um tratamento dife-
mente aos aspectos trabalhista, me-
renciado às microempresas e às em-
trológico, sanitário, ambiental, de
presas de pequeno porte, nos termos
segurança e de uso e ocupação do
da lei. Nesse contexto, foi editada a Lei
solo. A fiscalização está autorizada a
Complementar nº 123, que estabeleceu
lavrar o competente auto de infração
as normas gerais relativas a esse trata-
somente se constatar falta de registro
mento diferenciado.
de empregado, fraude ou resistência à fiscalização. Além disso, a dupla fis-
Referido dispositivo legal trouxe, em
calização não deverá ser aplicada nos
seu artigo 55 (na redação que lhe foi
casos de processo administrativo fis-
dada pela Lei Complementar nº 147),
cal relativo a tributos.
importante ferramenta para que as microempresas e empresas de peque-
Os órgãos e as entidades da administra-
no porte possam superar as dificulda-
ção pública federal, estadual, distrital e
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edição 35 • novembro | dezembro • 2014
Romeu Bueno de Camargo, assessor jurídico da FecomercioSP
PROF ISSÕE S DO F U T U RO POR Bismarck Rodrigues
Exercícios para todos Pós-graduação do Senac-SP prepara profissionais de educação física com foco na saúde e no bem-estar de pessoas com necessidades especiais
O
e acompanhada por um profissional de educação física. Quem conclui a especialização se tor-
sedentarismo é, cada vez
desenvolve suas competências profis-
na apto a desenvolver programas cus-
mais, motivo de preocupação para a
sionais a partir do estudo e da práti-
tomizados, individuais ou em grupos.
saúde dos brasileiros. A falta de ativi-
ca de conceitos mais básicos de trei-
E o mercado para esses novos profis-
dade física na infância tem contribuído
namento e prescrição de exercícios.
sionais é vasto, como academias, clu-
para a maior incidência de doenças e de
“Focamos nos mecanismos fisiológi-
bes e clínicas, além de espaços tera-
obesidade, tanto infantil como adulta.
cos decorrentes de cada condição do
pêuticos, hospitais e condomínios. “O
De olho nesse cenário, o Senac-SP lan-
público específico e de implicações
mercado de trabalho está em alta, a
çou a pós-graduação em Atividades
do treinamento físico, como os bene-
prática de exercícios físicos como pre-
Físicas para Grupos Especiais.
fícios e malefícios de cada prescrição
venção e promoção da saúde vem sen-
de programas de exercícios”, explica a
do amplamente divulgada pela mídia
O curso é dirigido aos graduados em
coordenadora do curso, referindo-se à
e passou a fazer parte de planos de
Educação Física que pretendem se es-
dinâmica do programa de aulas.
ação e de programas do governo”, res-
pecializar em atividades físicas para
salta a coordenadora.
pacientes com doenças crônicas, ido-
Assim, o curso segue em linha com a
sos, gestantes e pessoas que necessi-
crescente importância do papel do
O curso é ministrado no Senac Santo
tem de cuidados especiais na hora de
profissional de educação física no
Amaro, onde os alunos contam com
praticar exercícios físicos. “Há um nú-
treinamento personalizado para dia-
laboratório de fisiologia do exercício e
mero significativo de brasileiros que
béticos, hipertensos, idosos, gestan-
com um centro esportivo para ajudar
exigem atenção primária no cuidado
tes, entre outros. A pós-graduação
no aprimoramento técnico, conside-
de doenças relacionadas aos hábitos
também prepara o educador para
rando as características dos compo-
de vida. Por isso, a prática de exercí-
ações preventivas, considerando que
cios físicos voltados à promoção e à
a atividade física regular é a melhor
prevenção da saúde é cada vez mais
forma de minimizar doenças não
valorizada e, consequentemente, di-
contagiosas. “A prática regular de
Pós-graduação em Atividades Físicas
fundida na mídia”, afirma a coordena-
exercícios físicos tem sido estratégia
para Grupos Especiais
dora da área de atividades físicas do
na prevenção de doenças como car-
Data | a partir do primeiro semestre de 2015
Senac-SP, Bartira Righetti.
diopatias, diabetes, dislipidemia, es-
Local | Centro Universitário Senac – Santo
tresse, ansiedade e depressão”, afir-
Amaro – Avenida Engenheiro
O curso foi idealizado como uma ex-
ma Bartira, lembrando que qualquer
Eusébio Stevaux, 823 – Jurubatuba
tensão da graduação, na qual o aluno
atividade física deve ser prescrita
Informações | (11) 5682-7300
nentes curriculares. &
edição 35 • novembro | dezembro • 2014
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L I V ROS
Aulas de negócios
Mitos corporativos Um título de Master Business Administration (MBA) agrega valor ao currículo de um profissional. Mas, será que ele, de fato, fará alguma diferen-
Os inovadores
Linguagem corporal
A obra de Walter Isaacson conta a his-
O livro mostra como a linguagem cor-
foi ensinado nos programas de MBA
tória das pessoas que criaram o com-
poral impacta a capacidade dos líderes
representará algo quando um cargo
putador e a internet. Ele pondera que
em negociar, administrar a mudan-
de diretoria ou mesmo a presidência
ambos foram invenções coletivas, re-
ça, estabelecer a confiança, projetar
de uma grande organização estiver
sultados da colaboração de centenas
o carisma e promover a colaboração.
em jogo? Para o autor de Mitos Corpo-
de pessoas ao longo de décadas. Cada
Segundo a autora, a liderança é co-
rativos, Jorge Duro, a resposta negati-
inovador contribuiu com uma peça
municação em diversos níveis. Assim,
va é a mais provável, uma vez que as
nesse enorme quebra-cabeça, e cada
linguagem corporal se traduz por ad-
relações humanas cobrem um núme-
invenção inspirou gerações a levar
ministração do tempo, do espaço, da
ro muito grande de variáveis que não
adiante o projeto de um mundo conec-
aparência, da postura, do gesto, da
são ensinadas em sala de aula. Por
tado por meio de máquinas inteligen-
prosódia vocal, do toque, do cheiro,
meio de um texto acessível e didáti-
tes. O autor mostra em que medida foi
da expressão facial e do contato visu-
co, a obra apresenta novas perspec-
a colaboração entre equipes (mais do
al. Tudo isso colabora para uma lide-
tivas para qualquer um que deseja
que o gênio individual), que impulsio-
rança competente. Além de mostrar
crescer na carreira profissional sem
nou a maior revolução tecnológica da
como ser eficiente ao transmitir uma
se deixar levar pelos desafios invisí-
história. Os interessados em tecnolo-
mensagem, a obra orienta como de-
veis que aparecerão pelo caminho. O
gia encontrarão no livro o mapa das
codificar os sinais dos outros. "O mais
autor conta histórias para ilustrar al-
principais inovações das últimas dé-
curioso sobre a linguagem corporal é
guns casos e expõe a complexidade
cadas – do transístor ao microchip, do
que, muitas vezes, não sabemos como
das relações de poder, de autoridade
software livre à tela de toque.
estamos reagindo a ela", diz a autora.
e de hierarquia nas organizações.
Os Inovadores • Walter Isaacson
A Linguagem Corporal dos Líderes
• Companhia das Letras
66
• Carol Kinsey Goman • Editora Vozes
edição 35 • novembro | dezembro • 2014
ça em médio e longo prazos? O que
Mitos Corporativos • Jorge Duro
• Portfolio-Penguin
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