C&S nº 35

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35 ISSN 1983-1390

00035

revista comércio & serviços publicação da federação do comércio de bens, serviços e turismo do estado de são paulo

9

771983

139001

ANO 23 • Nº 35 • novembro/dezembro • 2014

No luga r certo Fer ramenta s de geolo c alizaç ão aprox imam clientes e empresa s

Móv eis e decor açõe s Bra sileiro adere ao e- commerce de mobiliár io e ar t igos de design

Intolerantes e afins

V e nding m achine s Ba se ins talad a ult rapa ssa 80 mil máquina s de autoatendimento

Cresce a oferta de produtos para pessoas que possuem algum tipo de restrição alimentar, nicho que atrai varejistas e fabricantes

recursos natur ais Car t ilha or ienta comérc io sobre reduç ão do consumo de águ a


A FecomercioSP apresenta uma novidade que vai ajudar na conclusão de bons negócios: o Meu Comércio Online. Uma ferramenta segura e prática que facilita a criação da sua loja virtual, além de anunciar o seu produto de graça, através do site Buscapé, para mais de 20 milhões de pessoas.

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C A RTA AO L EI TOR

Mercado de nichos Não há números precisos sobre o to-

calização, tecnologia baseada na iden-

tal de brasileiros portadores de algum

tificação de onde a pessoa está. Com

tipo de restrição alimentar. São pesso-

a disseminação e a queda nos preços

as com intolerância ou alergia a subs-

dos dispositivos móveis, as ferramen-

tâncias diversas, como glúten e lacto-

tas são usadas para expandir redes de

se, para citar as duas mais frequentes.

lojas, descobrir um bom endereço para

Com o diagnóstico mais preciso, é

construir ou vender um imóvel, buscar

crescente o volume de portadores que

serviços ou produtos, fazer marketing

vão em busca de produtos especiais, o

dirigido, enviar cupons de descontos

que tem atraído fabricantes e varejis-

para o consumidor e conhecer o perfil

tas para esse nicho de mercado.

do cliente.

Multiplicam-se as marcas destinadas

A tecnologia também contribui para

a esse público, assim como o espaço

tornar mais dinâmica a distribuição

aberto nas prateleiras para novas li-

de produtos por meio das vending

nhas de produtos. É o que mostra a

machines, ou máquinas automáti-

reportagem de capa desta edição da

cas. Inicialmente, elas ofereciam café,

C&S, que revela como empresas de

mas hoje estão disponíveis para uma

variados portes estão aproveitando as

série de produtos e serviços: flores,

oportunidades que surgiram a partir

alimentos, produtos de higiene e li-

de necessidades especiais de alimen-

vros são alguns dos itens possíveis

tação de uma parcela da população.

de adquirir por autoatendimento. As

Com o maior número de fabricantes,

máquinas automáticas estão espa-

cresceu também a cadeia de distribui-

lhadas por ambientes corporativos,

ção, com a abertura e a proliferação de

comerciais e de grande circulação

redes de produtos naturais e especiais

de pessoas. A tendência, a partir de

para pessoas com restrições e alérgi-

agora, não é só vender produtos, mas

cas, um público cativo e fiel. Além dele,

também usar o espaço para interagir

o crescimento é impulsionado por die-

com os clientes. Outra novidade é a

tas da moda que excluem do cardápio

aceitação de cartão de crédito, facili-

o glúten e a lactose.

dade que deve mudar a dinâmica de vendas e favorecer a adoção das má-

Oportunidades de ne-

quinas para uma gama ainda maior

gócios também surgem

de produtos. Como apresentado nas

em função de ino-

próximas páginas, a tecnologia é

vações

digitais,

como a geolo-

cada vez mais uma imprescindível aliada de quem faz negócios. &

Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo Presidente Abram Szajman Diretor-executivo Antonio Carlos Borges

Conselho Editorial Ives Gandra Martins, José Goldemberg, Renato Opice Blum, José Pastore, Adolfo Melito, Marcelo Calado, Paulo Roberto Feldmann, Pedro Guasti, Antonio Carlos Borges, Luciana Fischer, Luis Antonio Flora, Romeu Bueno de Camargo, Fabio Pina e Guilherme Dietze Editora Editor-chefe e jornalista responsável André Rocha MTB 45653/SP Editora Marineide Marques Repórteres Bismarck Rodrigues, Enzo Bertolini e Filipe Lopes Editores de arte Clara Voegeli e Demian Russo Chefe de arte Carolina Lusser Designers Renata Lauletta e Laís Brevilheri Assistentes de arte Paula Seco e Vitória Bernardes Estagiário Yuri Miyoshi Revisão Flávia Marques e Luisa Soler Fotos Emiliano Hagge Colaboram nesta edição Bárbara Oliveira, Pedro Guasti, Priscila Oliveira, Roberta Prescott e Romeu Bueno de Camargo Executiva de negócios Natalie Kardos  (11) 3170-1571 natalie.kardos@agenciatutu.com.br Redação Rua Itapeva,26, 11º andar Bela Vista – CEP 01332–000 – São Paulo/SP Tel.: (11) 3170 1571 Fale com a gente cs@fecomercio.com.br Impressão Prol Gráfica

Abram Szajman, Presidente da Federação do Comércio de Bens,

Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), entidade que administra o Sesc e o Senac no estado

Aqui tem a força do comércio


ÍNDICE

18

a vez dos intolerantes

Mercado de produtos para pessoas alérgicas e com restrições alimentares está em ascensão, mas exige qualificações e cuidados especiais

8

Staples

E-commerce de materiais de escritório testa novos modelos de negócios no Brasil

recursos naturais

orienta como reduzir o 14 Cartilha consumo e evitar o desperdício de água

E-commerce

26 Pedro Guasti comenta o veto do STF à bitributação do ICMS

28

depende do processo sucessório

52

Soluções de geolocalização aproximam empresas e clientes

Um dia na Rua Augusta

variedade de estabelecimentos

MIXLEGAL

39

ECONOMIX

Qual é a sua opinião?

42 Pesquisas de mercado e de satisfação ajudam PMEs a definir estratégias

Vending machine

Máquinas de autosserviço ganham adeptos e oferecem de tudo

Móveis online

adere aos sites especializados 56 Brasileiro em mobiliário e decoração

No lugar certo

32 Em três quilômetros, via arterial reúne

38

pai para filho 46 De Sobrevivência dos negócios familiares

AGENDA

6o CULTURAL

62

roteiro sp

Dupla visita

64 Regra não permite multa na primeira

fiscalização, que tem caráter educativo

65 Profissões do futuro

Pós-graduação em Atividades Físicas para Grupos Especiais

66

Livros

Histórias e dicas que ajudam no dia a dia do empreendedor


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Em comparação a produtos similares no mercado de planos de saúde individuais (tabela de setembro/2014 – Omint). 2 De acordo com a disponibilidade da rede médica da operadora escolhida e do plano contratado. 3 Esse benefício se dá de acordo com a operadora escolhida e as condições contratuais do plano adquirido. 4 A disponibilidade e as características desse benefício especial podem variar conforme a operadora escolhida e o plano contratado. 1

Planos de saúde coletivos por adesão, conforme as regras da ANS. Informações resumidas. A comercialização dos planos respeita a área de abrangência das respectivas operadoras. Os preços e as redes estão sujeitos a alterações, por parte das respectivas operadoras, respeitadas as disposições contratuais e legais (Lei no 9.656/98). Condições contratuais disponíveis para análise. Outubro/2014. Amil: ANS nº 326305

Bradesco Saúde: ANS nº 005711

Omint: ANS nº 359661

SulAmérica:

Qualicorp Adm. de Benefícios: ANS nº 417173


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EN T R E V ISTA Por  marineide marques fotos emiliano hagge

Foco nos pequenos P

resente no varejo americano com

executivo, o enxugamento da estru-

megalojas de materiais para escritó-

tura americana demonstra que Brasil

rio, a Staples explora modelos diferen-

e Argentina estão no caminho certo.

tes na América Latina. Na Argentina,

8

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a opção é pelas “nanolojas”, estru-

Por aqui, o foco está nas pequenas e

turas menores que combinam ven-

médias empresas, que encontram na

das presenciais e virtuais. No Brasil,

Staples tudo o que não é estratégico

após dez anos somente com o e-com-

para o negócio. E não são apenas pro-

merce, a empresa inaugurou em

dutos de escritório, como cadeiras ou

setembro a primeira operação físi-

artigos de papelaria. Também é pos-

ca, no conceito batizado de pop-up

sível adquirir papel higiênico, café

store. Trata-se de um quiosque de

e copo descartável. Em entrevista à

20 metros quadrados no corredor

C&S, Piccioli comenta os desafios do

do Market Place, por meio do qual a

varejo online e discorre sobre o impac-

Staples quer avaliar o comportamen-

to de algumas tendências sobre o fu-

to do consumidor. Para o CEO da Sta-

turo da Staples. As principais, segun-

ples na América Latina, Leo Piccioli, o

do ele, são o teletrabalho, que reduz o

formato adotado na região é o futuro

número de pessoas nos escritórios, e a

da rede, especialmente depois que a

disseminação das tecnologias digitais,

matriz anunciou, em março, que fe-

que inibe o consumo de itens como

chará mais de 200 lojas nos Estados

papel e caneta. “A ameaça digital nos

Unidos até o fim de 2015. Segundo o

obriga a evoluir”, diz.


Após dez anos no mercado brasileiro exclusivamente com e-commerce, a Staples testa os quiosques para a venda de materiais de escritório e para tornar a marca mais conhecida do público em geral

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EN T R E V ISTA

L eo Picciol i,

CEO da Staples na América Latina

Qual é o perfil do cliente Staples?

convencido de que a chave para o suces-

varejista líder em tablets não oferece. A

so do negócio é o foco e isso exige a re-

ameaça digital nos obriga a evoluir mais

O perfil é de pequenas e médias empre-

cusa de algumas coisas. Então, em 2013,

rápido. Por isso, ser uma papelaria online

sas que queiram focar no seu negócio. A

concentrei os recursos, as pessoas, as in-

não é suficiente.

Staples fornece todos os produtos que

teligências e os processos no mercado

não são estratégicos, mas importantes

corporativo. O resultado foi um cresci-

O que é a Staples?

para o dia a dia do negócio. Um comércio

mento nas vendas online superior a 90%

Uma fornecedora de suprimentos que

não deixa de funcionar por falta de cane-

no primeiro semestre deste ano sobre o

vende basicamente tudo o que uma pe-

ta, ainda que ela seja necessária. Nosso

mesmo período de 2013.

quena e média empresa precisa, tudo o

cliente está basicamente na área de ser-

que não é estratégico.

viços. A indústria, de maneira geral, tra-

Qual balanço você faz de 2014?

balha com almoxarifado e tem um setor

Como argentino, eu invejo bastante a

de compras para o qual a nossa proposta

economia brasileira, que eu considero

de valor, que envolve a entrega de pedi-

muito mais estável do que vocês con-

dos pequenos, não vale tanto.

sideram. O brasileiro se queixa de uma

A Staples ainda é pouco conhecida e o único marketing de vocês está na web. Isso deve mudar?

inflação anual de 6%, mas a Argentina

Não somos uma marca de consumo de

Quais são os itens mais vendidos no Brasil?

tem esse porcentual no mês. É certo

massa. Estamos na internet porque não

que o brasileiro tem uma cultura de

faz sentido falar para todo o mercado e

O Brasil é bem diferente de outros

longo prazo maior que a do argentino.

a web nos permite a segmentação. Eu

países. Aqui tivemos um sucesso ex-

Também costumo ouvir que o Brasil

limito os meus anúncios às páginas de

cepcional com cadeiras. Café foi ou-

está crescendo a um ritmo mais len-

interesse do meu público e aos horários

tro produto cujas vendas surpreende-

to do que antes, mas eu não sinto isso

mais adequados.

ram. Eu sabia que o brasileiro consumia

nas vendas. Talvez a crise não tenha

muito café, mas não imaginava ven-

me atingido, ou eu esteja ganhando

der tanto pelo site, assim como copos

market share. Eu vendo cadernos, cane-

Por que você não quer a pessoa física?

descartáveis, que são um fenômeno de

tas, cartuchos e papel enfrentando a

Não é verdade que eu não queira, mas

vendas no País.

concorrência de empresas que querem

tenho foco em empresas. Para crescer

me destruir com a venda de tablets e

em pessoa física, eu teria de focar mui-

Qual tem sido o desempenho da Staples no Brasil?

telefones celulares que fazem tudo.

to mais em tecnologia, com a venda de

Estamos aqui há mais tempo do que mui-

xaria de focar nas pequenas e médias

ta gente pensa. A Staples entrou no Brasil

Como a tecnologia afeta o seu negócio?

em 2004 com a compra da Officenet,

Analisamos as principais tendências que

como não posso, preciso de foco.

para a qual eu trabalhava desde 1998.

podem nos afetar e estudamos o que

Assumi como diretor-geral há dois anos,

fazer a respeito. O avanço da tecnologia

quando decidi focar as vendas no mer-

nos impacta, assim como o teletrabalho,

cado corporativo.

que reduz o número de pessoas dentro

tablets e notebooks, por exemplo, e deiempresas. Eu adoraria fazer tudo, mas

Qual foi a principal mudança?

mos pedidos menores e vendemos para

A ausência de loja física não inibe a sua visibilidade de marca? O seu principal concorrente, a Kalunga, tem uma centena de lojas.

Encerrei as vendas para governo e en-

pessoas físicas, acabando com a exigên-

Eu admiro a Kalunga. Ela é líder de mer-

tidades públicas porque acredito que a

cia de CNPJ. A Staples deve se adaptar:

cado e, para a Staples crescer, ela precisa

nossa proposta de valor é mais adequa-

não seremos líderes na venda de tablets,

se diferenciar. Quem copia o líder é o se-

da à pequena e média empresa. Estou

mas venderemos outros produtos que o

gundo por definição. Então, procuramos

do escritório. Para contornar isso, aceita-

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Encerrei as vendas para governo e entidades públicas porque acredito que a nossa proposta de valor é mais adequada à pequena e média empresa


EN T R E V ISTA

L eo Picciol i,

CEO da Staples na AmĂŠrica Latina


ser diferentes e entender o que a Kalunga

empresas e entrego em todo o Brasil. A

sa. Para tornar a marca mais conhe-

é a resposta do Brasil ao enxugamento da estrutura americana?

cida, temos alguns projetos em teste.

Estamos no caminho certo e eles não con-

as minas. Com isso, quando quisermos

Na Argentina, possuímos oito estabe-

seguem ser tão agressivos quanto nós. Os

avançar para outras regiões, será mais

lecimentos no conceito de “nanolojas”.

americanos têm uma base instalada de

fácil. Mas, esse dia ainda não chegou.

São espaços pequenos, que obedecem

lojas físicas muito grande e não podem

à tendência de proximidade do cliente.

simplesmente reduzir essas lojas. Se eles

No Brasil, vamos testar o que chamamos

pudessem transformar uma loja de mil

de pop-up store, que são espaços ainda

metros quadrados em dez lojas de cem

Existe resistência do brasileiro à compra de material de escritório pela internet?

menores, integrados ao e-commerce.

metros, eles o fariam, mas não funciona

Esta discussão perdurou por um tempo.

A ideia é que o cliente compre alguns

assim. No resto do mundo e na Europa

Eu defendo que o problema era a falta de

produtos no local e encomende outros,

temos lojas menores, embora não tão

ofertas adequadas, e não estou falando

que ele pode receber no escritório ou até

pequenas como a pop-up store, que eu

de preço. Ainda hoje faltam empresas

mesmo retirar na pop-up store no dia se-

enxergo como o futuro.

que cumpram a palavra na venda pela

não faz para a pequena e média empre-

Vale é cliente e construímos uma estrutura logística para entrega em todas

guinte. Inauguramos a primeira no corredor do shopping Market Place. Estamos

internet, principalmente com relação ao prazo de entrega, mas a situação já está

mos replicar para outros importantes

Qual é a participação dos produtos com a marca Staples no total das vendas?

pontos comerciais.

Praticamente 90% dos itens de marca própria são fabricados na China com ex-

Qual é o prazo de entrega da Staples?

É uma ferramenta de marketing?

clusividade para a Staples. Temos apro-

Prometemos 48 horas para entregas

ximadamente 4,7 mil itens em estoque,

em São Paulo, mas 90% dos pedidos

Não apenas. A ideia é ficar próximo do

e mais de 500 carregam a nossa marca,

são entregues em 24 horas. Eu prefi-

cliente e ter a oportunidade de conferir,

presente em 45% dos carrinhos de com-

ro surpreender a decepcionar. Criamos

na prática, o comportamento do consu-

pra da atual base de clientes.

um programa B2B voltado a pequenas

testando o conceito e, se funcionar, va-

midor. O espaço permite a venda imediata de alguns itens do nosso portfólio

bem melhor.

e médias empresas que dá ao cliente

Como se dá a distribuição das vendas dentro do Brasil?

a opção de escolher entre o "desconto

de produtos, além da compra orientada no e-commerce. No quiosque, de 20

Cerca de 80% das vendas se concen-

to certo". Na “entrega certa”, a Staples

metros quadrados, é possível encontrar

tram no Estado de São Paulo. Se acres-

oferece frete grátis e delivery em até 24

artigos de papelaria e itens de marca pró-

centarmos Rio e Belo Horizonte, alcan-

horas para a Grande São Paulo.

pria. Além de atender a demandas ime-

çamos 95% dos negócios.

diatas, a estrutura física impulsiona o

certo", a "entrega certa" ou o "pagamen-

cada vez que inauguramos uma loja na

Existe a intenção de se fazer mais conhecido em outros Estados?

Argentina, percebe-se também o aumen-

Não, é preciso ter foco. Se eu tento me

to de visitas no site.

fazer mais conhecido no Acre, eu per-

Quais são as suas projeções para o ano que vem, considerando as previsões de que 2015 será um ano difícil para a economia?

co força em São Paulo. Como o Brasil é

Ainda não estou muito preocupado com

um continente, eu tenho de ganhar país

a economia brasileira. Como argentino,

por país. Primeiro eu foco em São Paulo

acho o Brasil um paraíso. A expansão da

para depois saltar para o Rio, e assim por

classe C aumentou o consumo no Brasil

e-commerce. A experiência mostra isso:

Em março, a matriz anunciou que fechará mais de 200 lojas nos Estados Unidos até o fim de 2015. A pop-up store

diante. Mas eu também atendo grandes

e ainda vejo espaço para crescimento. &

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SUST EN TA BIL IDA DE

saber para preservar Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP lança cartilha com dicas para reduzir o consumo e evitar o desperdício de água em estabelecimentos comerciais

O

consumo de água por habi-

aeroportos, escolas, restaurantes e la-

tante do Estado de São Paulo é de 180

vanderias pode ser conferido na carti-

litros por dia, bem acima do mínimo re-

lha "Água: o que o Empresário do Setor

comendado pela Organização Mundial

de Comércio e Serviços Precisa Saber

de Saúde, que é de cem litros diários.

e Fazer para Preservar este Precioso

O consumo elevado, somado à situa-

Recurso". O texto foi desenvolvido

ção de escassez em razão da falta de

pelo Conselho de Sustentabilidade

chuvas, exige mudanças nos hábitos

da Federação do Comércio de Bens,

de consumidores e estabelecimentos

Serviços e Turismo do Estado de São

comerciais. Um cinema, por exemplo,

Paulo (FecomercioSP) a partir de dados

utiliza aproximadamente dois litros

da Companhia de Saneamento Básico

de água por dia por assento, enquanto

do Estado de São Paulo (Sabesp).

um hotel chega a destinar de 250 a 350 litros por hóspede em 24 horas.

A cartilha lista dicas para reduzir o consumo e evitar o desperdício de

O volume de água consumida por esta-

água em estabelecimentos comer-

belecimentos comerciais, como bares,

ciais, além de informações sobre como


identificar vazamentos. “São ações

mentos e traz um cronograma de ma-

um dos sistemas, de acordo com a Lei

simples que podem reduzir significati-

nutenção preventiva das instalações

Complementar nº 236, de 2013.

vamente o consumo e evitar a adoção

hidráulico-sanitárias, de louças e de

de medidas como rodízio e raciona-

metais. A verificação de ralos e sifões

A cartilha lista ações de reaproveita-

mento”, diz o presidente do Conselho

de louças sanitárias, tanques, lavató-

mento, como a captação de água da

de Sustentabilidade da FecomercioSP,

rios e pias, por exemplo, deve ser feira

chuva para uso em lavatórios, pias e

José Goldemberg.

a cada seis meses, enquanto a inspe-

vasos sanitários. O documento traz

ção do sistema de drenagem em jar-

ainda dicas para o estabelecimen-

As ações se dividem entre o que pode

dins e em áreas externas é recomen-

to comercial aumentar a oferta de

ser feito para reduzir o consumo e

dada a cada 12 meses.

água, como a possibilidade de perfu-

projetos relacionados à manutenção/

rar um poço profundo e de forneci-

adequação das instalações hidráuli-

Reaproveitamento

cas. No primeiro grupo estão orien-

Alguns municípios paulistas conce-

é possível adquirir água reutilizada.

tações como treinamento sobre o uso

dem descontos no IPTU para imóveis

Na Sabesp, as estações de tratamen-

racional da água para os colaborado-

com sistema de captação de água de

to de esgoto (ETE) São Miguel, ABC,

res e fixação de metas de redução de

chuva (com armazenamento em reser-

Barueri e Parque Novo Mundo ven-

consumo. As dicas estão separadas

vatórios para uso da água pluvial no

dem água de reúso – Em 2013, as ETEs

por área, como reduzir o consumo nos

próprio imóvel) e sistema de reúso de

da Sabesp forneceram mais de 400

banheiros, na cozinha e nas áreas ex-

água (que utiliza, após o devido trata-

mil metros cúbicos de água.

terna e de serviço.

mento, águas residuais provenientes

mento por caminhões-pipa. Também

do próprio imóvel para atividades que

A Sabesp captou, tratou e distribuiu

A manutenção das instalações hidráu-

não exijam água potável). Em Guaru-

3,053 bilhões de metros cúbicos de

licas também contribui para a eco-

lhos, por exemplo, a Lei nº 6.793, de

água no passado, dos quais 745 mi-

nomia de água em estabelecimentos

2010, concede desconto de 3% em am-

lhões não foram faturados pela em-

comerciais. Entre as ações sugeridas

bos os casos por um período de cinco

presa, ou seja, o índice de perdas

pela cartilha estão a eliminação ime-

anos consecutivos, desde que o imóvel

alcançou 24,4%. A perda inclui dois

diata de vazamentos visíveis e a regu-

adote práticas sustentáveis. Já o mu-

tipos específicos: a física, em razão

lagem da válvula de descarga. O texto

nicípio de Jaguariúna confere descon-

do vazamento em redes e ramais; e a

também ensina como identificar vaza-

to de 1% para edifícios com qualquer

não física, resultado de submedição,

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SUST EN TA BIL IDA DE

Sa ber pa r a preser v a r

Consumo de água no comércio e nos serviços Consumo (litros/dia)

Por unidade

10 a 12

passageiro

40

m2

2

lugar

Creches1

50 a 80

criança

Edifícios de escritórios2

50 a 80

ocupante efetivo

Escolas (externatos)2

50

aluno

Escolas (internatos)2

150

aluno

Escolas (semiexternatos)2

100

aluno

Hospitais e casas de saúde2

250

leito

Hotéis com cozinha e lavanderia2

250 a 350

hóspede

Hotéis sem cozinha e lavanderia2

120

hóspede

Lava-rápido automático de carros1

250

veículo

Lavanderias2

30

kg de roupa seca

6 a 10

m2

Mercados2

5

m2

Parques e áreas verdes1

2

m2

100

automóvel

150

caminhão

Restaurantes e similares2

25

refeição preparada

Shopping centers2

4

m2

Uso Aeroportos1 Bares2 Cinemas e teatros2

Lojas e estabelecimentos comerciais1

Postos de serviço2

Fonte: 1 NUNES (2006); 2 LABEEE,PROCEL EDIFICA, ELETROBRAS, INMETRO

16

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de fraudes e de ligações clandesti-

• Setorize o consumo interno;

nas de água. Entre 2008 e 2013, os

• Providencie treinamento sobre o

esforços da Sabesp para reduzir es-

uso racional da água para seus co-

sas perdas resultaram na queda de

laboradores;

sete pontos porcentuais nas perdas

• Fixe metas de redução de consumo

originadas nos vazamentos, e dois

de água para seu estabelecimento

pontos porcentuais nas perdas rela-

comercial: estabeleça responsabi-

cionadas à submedição.

lidades e benefícios, bem como dê instruções claras para seus colabo-

Segundo números do Sistema Nacional

radores e clientes.

de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2011, no Brasil, de cada dez

Nas áreas externas e em automóveis

litros produzidos, apenas seis chegam

• Lave os automóveis e utilitários de sua

Na área de serviço

ao consumidor final. Em São Paulo, o

frota uma vez por mês e dê preferência

• Junte bastante roupa suja antes de

índice de perdas tem caído graças ao

ao uso de balde ou à lavagem a seco;

ligar a máquina ou usar o tanque. Não

Programa Corporativo de Redução de

• Use produtos de limpeza sem fos-

lave uma peça por vez;

Perdas, implantado no início de 2009.

fato, pois fazem menos espuma e de-

• Caso possua lavadora de roupa,

mandam menor quantidade de água;

use-a na capacidade total e, no máxi-

As principais ações de combate a per-

• Procure não lavar as áreas externas,

mo, três vezes por semana;

das são a substituição de redes, de ra-

faça varrição.

• No tanque, deixe as roupas de molho

mais e de hidrômetros; o combate a

e use a mesma água para esfregar e en-

ligações irregulares (fraudes); e a var-

No banheiro

saboar. Use água nova apenas no enxá-

redura de vazamentos não visíveis. O

• Mantenha a válvula de descarga do

gue. E aproveite essa última água para

volume físico total economizado nesse

vaso sanitário sempre regulada;

lavar o quintal ou a área de serviço;

período foi de 29,4 milhões de metros

• Não use o vaso como lixeira ou cinzeiro;

• Ao lavar a roupa, aproveite a água do

cúbicos, o suficiente para atender cer-

• Tome banhos rápidos (cinco minutos);

tanque ou da máquina de lavar e lave

ca de 450 mil habitantes – o equiva-

• Desligue o chuveiro enquanto se

o quintal ou a calçada.

lente à população de municípios como

ensaboa;

Santos ou São José do Rio Preto. A

• Feche a torneira sempre enquanto es-

No jardim e na piscina

Sabesp estima que, atualmente, cada

cova os dentes, faz a barba e lava o rosto;

• Como a grama alta retém mais umi-

um ponto percentual de queda no ín-

• Ao escovar os dentes, use um copo de

dade, durante o verão, deixe-a crescer

dice de perdas total represente volu-

água para o enxágue.

pelo menos quatro centímetros;

me necessário para o consumo de 300

• Escolha plantas que necessitem de

mil pessoas. Daí a relevância de ações

Na cozinha

menos água;

de prevenção e combate ao desperdí-

• Remova bem os restos de alimen-

• Use um regador para molhar as plan-

cio e à perda de água.

tos de panelas e talheres. Deixe-os de

tas em vez de utilizar a mangueira. Se

molho, se necessário. Ensaboe tudo de

for utilizar mangueira, deve ter esgui-

uma vez (mantendo a torneira fecha-

cho tipo revólver;

da) e, depois, então, enxágue de uma

• No verão e em dias quentes, regue

única vez;

as plantas de manhãzinha ou à noite,

• Só ligue a máquina de lavar louça

para reduzir a perda por evaporação;

• Evite jatos intensos;

quando ela estiver cheia;

• No inverno, a rega pode ser feita dia

• Evite limpeza desnecessária;

• Use o mesmo copo para tomar

sim, dia não;

• Troque a limpeza com manguei-

água o dia todo (para lavar um copo

• Cubra a piscina para evitar a perda

ras por varreduras com vassouras

é necessário gastar, pelo menos, dois

por evaporação e utilize mantas térmi-

onde for aplicável;

copos de água).

Dicas para reduzir o consumo de água • Desligue o fornecimento de água quando não estiver em uso;

cas, se a piscina for aquecida. &

edição 35 • novembro | dezembro • 2014

17


C A PA POR Roberta Prescott ilustração carolina lusser


A vez dos intolerantes Varejistas e fabricantes

investem para aumentar a distribuição de produtos destinados a pessoas alérgicas e com restrições alimentares. Mercado é crescente e oferece muitas oportunidades


C A PA

M

urilo Serra tinha 12 anos

quando foi diagnosticado com a do-

A vez dos i ntoler a ntes

mos de custos nem de ofertas”, afirma

endedora. Por 23 anos, Sandra Fumie

Aparecida Serra, mãe de Murilo.

Yamashita Matunoshita sofreu com

ença celíaca, que, se não tratada,

problemas respiratórios e dermato-

pode levar à morte. Sem remédio, o

Há 13 anos, quando o garoto foi diag-

lógicos sem saber que era alérgica

único tratamento é uma alimentação

nosticado, a família só conseguia os

ao leite de vaca. A dificuldade para

sem glúten por toda a vida – ou seja,

alimentos em dois locais: um super-

achar produtos que pudesse consu-

banir do cardápio alimentos que con-

mercado de luxo da capital paulista,

mir a levou a empreender. Sua em-

tenham trigo, aveia, centeio, cevada e

que vendia produtos importados, e

presa, a loja multimarca SOS Aler-

malte. Encontrar produtos que aten-

com uma microprodutora – ela pró-

gia, completou dez anos em junho

dam a essas necessidades já foi mais

pria também celíaca que, na dificul-

com oito franquias, além da matriz.

difícil, mas segue sendo uma tarefa

dade de adquirir produtos comerciais,

“Montei uma loja com produtos de

árdua e cara. Apesar do recente cresci-

passou a produzi-los. “Hoje, existem

dezenas de fornecedores. Com o tem-

mento de ofertas, o número e a capila-

mais opções, mas ainda é muito caro

po, as crianças pediam produtos que

ridade de produtos para pessoas into-

e difícil de encontrar”, diz Aparecida.

não existiam no mercado. Aquilo me

lerantes ou alérgicas a determinadas

sensibilizou e comecei a mexer na co-

substâncias está longe do ideal. “O

Em caso semelhante, a necessidade

zinha para fazer doces sem leite, sem

mercado não é favorável nem em ter-

transformou a paciente em empre-

ovo e sem soja”, conta.

20

edição 35 • novembro | dezembro • 2014


Assim, de revendedora de outras mar-

Do lado dos fornecedores, a justifica-

As empresas que fabricam para celí-

cas, a SOS Alergia passou a ter linha

tiva para os preços altos está na com-

acos precisam constantemente fazer

própria, que iniciou com produtos

plexidade do preparo dos alimentos,

análise dos ingredientes primários e

para pessoas alérgicas à proteína do

seja pelo alto grau de contaminação

certificar os fornecedores para garan-

leite e intolerantes à lactose e, agora,

(como é o caso do glúten, cujas partí-

tir que não haverá contaminação do

está expandindo para alimentos desti-

culas se proliferam pelo ar), seja pelo

produto final. É uma etapa a mais que

nados a celíacos e pessoas com fenilce-

fato de a formulação exigir, além de

resulta em gasto maior na fabricação.

tonúria, doença detectada no teste do

muito estudo e teste, procedimentos

Justamente por isso, é difícil encon-

pezinho e que impede o consumo de

e maquinários especiais.

trar produtores. “Às vezes, há apenas

fenilalanina, aminoácido presente em alimentos como peixe, frango e arroz.

Preço salgado

um com quem podemos trabalhar”, “Tive de instalar maquinário novo e se-

relata a diretora da Vitalin, empresa

parado para produzir alimentos para

especializada em alimentos orgâni-

celíacos e só trabalho com produto-

cos e integrais, Jerusa de Marchi.

Uma das mais constantes reclama-

res que conheço, pois, se for plantada

ções de quem é obrigado por ques-

aveia em um local onde antes tinha tri-

Tanta preocupação se traduz em zelo

tões de saúde a consumir alimentos

go, por exemplo, essa aveia ficará con-

pela saúde do celíaco. “O número de

especiais é o alto custo dos produtos.

taminada”, relata Sandra Yamashita.

oferta de produtos para quem tem

edição 35 • novembro | dezembro • 2014

21


A vez dos i ntoler a ntes

restrição alimentar vem crescen-

ten. A coordenadora de nutrição da

do muito nos últimos anos e é uma

Mundo Verde, Flavia Morais, lembra

novidade muito bem-vinda. Mas te-

que muitas mercadorias são impor-

mos a preocupação com a seguran-

tadas – o que também puxa os pre-

ça alimentar do celíaco porque nem

ços para cima.

tudo o que está no mercado, mesmo sendo sem glúten, é adequado para

Em expansão

ele. São necessários alguns cuida-

Se a questão do preço ainda precisa ser

dos com as matérias-primas, com

equacionada, a cadeia de distribuição

os processos de fabricação e com

melhorou significativamente nos últi-

o transporte e o armazenamento,

mos anos. A abertura e a proliferação

que, se não forem seguidos, podem

de redes de produtos naturais espe-

colocar em risco a saúde”, reforça a

ciais para pessoas intolerantes e alérgi-

presidente da Federação Nacional

cas a diversas substâncias (como Mun-

das Associações de Celíacos do Brasil

do Verde e SOS Alergia) foram bem

(Fenacelbra), Lucélia Costa.

recebidas pelos portadores das doen-

O Ministério da Saúde diz que 1% da população é celíaca. Nós acreditamos que o porcentual seja maior

C A PA

Gustavo Negrini

diretor da Gluten Free

ças e também pelos adeptos de dietas Na Vitalin, todos os vendedores de

sem glúten e lactose, que encontraram

matéria-prima são certificados e a ausência de contaminação é atestada periodicamente por amostragem. Atualmente, a empresa possui três linhas – sem glúten, orgânico e integral –, que juntas totalizam 26 produtos no portfólio, entre chia, linhaça, amaranto, granola e cookies. Os alimentos sem lactose também demandam algumas modificações nas fábricas, encarecendo a produção. O diretor-comercial da Verde Campo, Álvaro Gazolla, explica que existe um custo mais elevado para produzir a linha sem lactose, mas diz que a empresa trabalha para que os preços fiquem somente entre 10% e 15% mais altos em comparação com o produto regular. A alta carga tributária é uma reclacentivos por parte do governo. Lucélia Costa, da Fenacelbra, lembra que diferentemente do trigo, que tem subsídios do governo, o mesmo não acontece com as farinhas sem glú-

22

edição 35 • novembro | dezembro • 2014

Foto: Emiliano Hagge

mação geral, somada à falta de in-


mais facilidade para comprar os produtos considerados de nicho. Atrelada à expansão no número de lojas especializadas está a adesão de mais empresas à produção de alimentos específicos para intolerantes e alérgicos. Esse cenário fica bastante nítido ao comparar o número de expositores e visitantes inscritos nas feiras Gluten Free, Zero Lactose e Expo Brasil, realizadas em São Paulo. Em 2010, foram apenas oito expositores e 110 visitantes. Em 2014, os números saltaram para 60 expositores e 1,8

Saiba mais sobre a doença Celíaca O que é

Doença autoimune que afeta o intestino delgado interferindo

diretamente na absorção de nutrientes essenciais ao organismo

como carboidratos, gorduras, proteínas, vitaminas, sais minerais e água. Caracteriza-se pela intolerância permanente ao glúten.

Tratamento

O único tratamento é a dieta isenta de glúten por toda a vida. A pessoa que tem a doença celíaca nunca poderá consumir

alimentos que contenham trigo, aveia, centeio, cevada e malte ou os seus derivados.

População afetada

mil visitantes.

Estudos internacionais apontam que 1% da população mundial

Para o diretor da Gluten Free, Gustavo

mas a maioria delas ainda está sem diagnóstico. A doença celíaca

Negrini, a expansão no número de expositores se deve ao investimento em engenharia do alimento e pesquisas, que culminaram na descoberta de novas farinhas e novos métodos de preparação dos alimentos. Ademais, com o diagnóstico mais acessível e disseminado, um número maior de pessoas soube da patologia. “O Ministério da Saúde diz que 1% da população é celíaca. Nós acreditamos que o porcentual seja maior”, contesta. Flavia Morais, da Mundo Verde, também aposta na ampliação do mercado. “Cada vez mais os consumidores têm seguido as fortes tendências globais, como a alimentação sem glúten, sem lactose, sem ovo ou sem outros alergênicos. Segundo dados da Euromonitor International, de 2009 a 2013 o setor de produtos sem glúten cres-

é celíaca. No Brasil, ela afeta em torno de 2 milhões de pessoas, ocorre em pessoas com tendência genética à doença.

Quais são os sinais mais comuns da doença?

Variam de pessoa para pessoa, porém, os mais comuns são: diarreia crônica; prisão de ventre; anemia; falta de apetite;

vômitos; emagrecimento/obesidade; atraso no crescimento; distensão abdominal (barriga inchada); dor abdominal.

Quais são os alimentos permitidos para quem tem a doença celíaca? ’ Cereais: arroz, milho.

’ Farinhas: mandioca, arroz, milho, fubá, féculas. ’ Gorduras: óleos, margarinas.

’ Frutas: todas in natura e sucos.

’ Laticínios: leite, manteiga, queijos e derivados.

’ Hortaliças e leguminosas: folhas, cenoura, tomate, vagem, feijão, soja, grão de bico, ervilha,

lentilha, cará, inhame, batata, mandioca e outros.

’ Carnes e ovos: aves, suínos, bovinos, caprinos, miúdos, peixes, frutos do mar.

Cuidados especiais

ceu entre 20% e 30% por ano.”

Atenção ao rótulo de produtos industrializados em geral.

Esses fatores estão levando mais

que produzem alimentos precisam informar obrigatoriamente

empresas a olhar para o segmento,

A Lei Federal nº 10674/2003 determina que todas as empresas em seus rótulos se aquele produto contém ou não glúten.

tanto para comercialização como para produção. A Fenacelbra destaca

Fonte: Fenacelbra


C A PA

A vez dos i ntoler a ntes

o glúten e a lactose do cardápio. Se, por um lado, tais modismos são condenados por nutricionistas por privar pessoas saudáveis de alguns alimentos, por outro, a grande repercussão ajuda a divulgar informações importantes. Até pouco tempo atrás, por exemplo, muita gente não sabia o que era glúten ou em quais alimentos ele é encontrado. O problema, apontam os especialistas, é a entrada de empresas sem o devido preparo nesse mercado, como pequenas padarias sem uma cozinha separada para a confecção de pães sem glúten. A Mundo Verde observou um aumento no número de fornecedores de produtos para dietas com finalidades específicas a fim de atender à nova demanda de mercado. Modismos à parte, quem entra nesse que observa novos empreendedores

Sobre a comercialização, Gazolla rela-

nicho encontra pela frente um pú-

se lançando no mercado e marcas já

ta que quando um produto é lançado,

blico muito fiel. “As pessoas que são

tradicionais querendo acompanhar

o maior número de pedidos vem das

intolerantes quando migram para a

as tendências. “O volume de negócios

lojas especializadas, mais atentas às

linha Lacfree não mudam, uma vez

é o que mais atrai o empreendedor”,

novidades. “Os supermercados são

que eles realmente precisam daqui-

diz Lucélia.

mais lentos, mas se preocupam cada

lo”, pontua Gazolla, da Verde Campo.

vez mais com o mix de produtos para

De acordo com ele, a procura pela li-

atender a todo tipo de consumidor.”

nha sem lactose está aumentando. “É

A Verde Campo nasceu há 15 anos com o objetivo de usar a tecnologia para

difícil estimar o tamanho do merca-

produzir alimentos mais saudáveis,

Futuro promissor

com menos gordura, menos açúcar

Ainda que de nicho, o mercado de

tos que não ocupam mais espaço na

e menos sódio. Desde 2010 a empre-

produtos especiais para pessoas in-

gôndola do supermercado, mas que

sa aposta em itens sem lactose, sem

tolerantes ou alérgicas tem potencial

são muito importantes para o esta-

adição de açúcar e com baixo teor de

para crescimento. Artigo publicado na

belecimento.”

gordura. Batizada de Lacfree, a linha

revista American Dietetic Association

começou com apenas dois produtos e

projeta aumento no consumo de pro-

O reflexo das expectativas positivas

hoje já somam 15. “Ainda é um merca-

dutos sem glúten de US$ 2,6 bilhões,

para o setor está no plano de negó-

do de nicho, mas que está começando

em 2010, para US$ 5 bilhões em 2015

cios das empresas. Com 160 funcio-

a crescer por aumento nos diagnós-

– considerando apenas o mercado

nários e fábrica em Lavras, no sul de

ticos [de pessoas com intolerância ou

americano.

Minas Gerais, a meta da Verde Cam-

alérgicas] e por gosto das pessoas”,

do, que ainda é de nicho. São produ-

po é chegar a 2017 como referência

explica o diretor comercial da Verde

Parte do recente “boom” está atre-

na produção de alimentos saudáveis.

Campo, Álvaro Gazolla.

lado a dietas da moda que excluem

Em 2014, a empresa espera faturar

24

edição 35 • novembro | dezembro • 2014


Tive de instalar maquinário novo e separado para produzir alimentos para celíacos e só trabalho com produtores que conheço para evitar contaminação

Sandra Fumie Yamashita Matunoshita dona da SOS Alergia

de 50%, mas foi reduzida diante do cenário macroeconômico. Contudo, o mercado segue atraente, segundo Jerusa. “Estamos vendo apenas a ponta do iceberg”, completa Negrini, da Gluten Free. Entre os que vislumbram esse potencial está o empresário o ex-dono do Grupo Multi, Carlos Wizard Martins, que anunciou em agosto a compra da rede de lojas de produtos naturais Mundo Verde. O valor da transação não foi revelado, mas o negócio gerou repercussão e injetou ânimo no setor. A rede Mundo Verde fechou o primeiro semestre de 2014 com faturamento de R$ 185 milhões, com 32% de crescimento em relação ao mesmo período do ano anterior. A expectativa é

R$ 80 milhões – um crescimento de

fechar este ano com um faturamen-

cerca de 80% em comparação a 2013.

to de R$ 430 milhões, ou aumento

Para 2015, a projeção é elevar o fatu-

superior a 33% quando comparado a

ramento em 80%. Para isso, a Verde

2013. Um dos grandes destaques de

Campo planeja crescer nos merca-

vendas no período foram os produtos

dos onde já atua e expandir a dis-

da marca própria Mundo Verde Sele-

tribuição dos produtos para outras

ção, que já ocupam o quinto lugar no

redes de varejo.

ranking entre os que mais faturam.

Sandra Yamashita conta que a linha

A rede chegou ao fim do primeiro

de produtos com marca própria da

semestre com cerca de 300 lojas, e

SOS Alergia ainda não se paga, mas

a meta é terminar 2016 com 450 lo-

a expectativa é grande para os pró-

jas. Os principais focos de expansão

ximos anos. O plano de negócios da

são os Estados de São Paulo e Minas

empresa inclui uma franquia em

Gerais e as regiões Sul e Centro-Oeste.

cada capital brasileira até 2019, um

De acordo com a empresa, a estraté-

verdadeiro salto para o cenário atual

gia está centrada no crescimento or-

– que possui nove unidades.

gânico por meio dos atuais franque-

Foto: Ricardo Prado

ados da marca para outras regiões, o A Vitalin, por sua vez, cresceu 50%

que representa algo em torno de 40%

em 2013 com relação a 2012, chegan-

das novas franquias nos últimos dois

do a R$ 8 milhões de faturamento, e

anos. Uma boa notícia para os adep-

espera um aumento de 35% para este

tos de dietas restritivas por opção ou

ano. A previsão para 2014 era maior,

por necessidade. &

edição 35 • novembro | dezembro • 2014

25


A RT IG O POR Pedro guasti

Veto da bitributação do ICMS

O

recente veto do Superior

ga tributária e, por consequência, o

ternativa, é se haverá mudanças pos-

Tribunal Federal (STF) ao recolhimen-

não encarecimento do produto – um

teriores. Para que outros Estados tam-

to do ICMS no Estado de destino para

ponto positivo para alavancar o cres-

bém possam ter sua parcela nesse

produtos comprados em lojas virtuais

cimento das vendas.

bolo do comércio eletrônico, que so-

foi considerado uma vitória pelos re-

mente no primeiro semestre de 2014

presentantes do setor no Brasil. Para

Além disso, reduzem-se ainda os cus-

movimentou R$ 16 bilhões no Brasil e

resgatar o assunto, a ação foi julgada

tos operacionais, já que as empresas

deve atingir R$ 35 bilhões até o fim do

no dia 17 de setembro, quando os mi-

podem trabalhar de maneira mais

ano, segundo estimativa da E-bit, eles

nistros do Tribunal concluíram que

prática, sem a necessidade de calcu-

devem negociar e propor uma emenda

a cobrança da taxa deve ser feita so-

lar e ajustar manualmente o imposto

constitucional para rever a legislação

mente no Estado de origem e não no

para cada um dos Estados signatários

do ICMS. É fazer a reforma ou perder

de destino da mercadoria, no caso de a

do Protocolo, que receberiam sua par-

competitividade, com danos ao varejo

compra ser feita de forma não presen-

te do ICMS. O tempo de entrega tam-

cial pelo consumidor final.

bém diminui, pois o veto evita que as mercadorias fiquem retidas por esse

Com base no Protocolo 21 (assinado

motivo nas fronteiras dos Estados sob

em 2011, mas revogado em março des-

fiscalização, sendo a encomenda libe-

te ano pelo ministro Luiz Fux), edita-

rada mais cedo.

do pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), a tributação era

Não há como deixar de citar o que é re-

feita tanto na origem quanto no des-

levante: os Estados que concentram a

tino da mercadoria. Isso ocasionava

maior parte dos centros de distribui-

cobrança dupla de imposto, violando

ção, sendo os principais São Paulo e

normas constitucionais.

Rio de Janeiro, não deixam de arrecadar o que é seu de direito. Hoje, o por-

A decisão, pelo menos por enquanto,

centual do ICMS sobre as mercadorias

favorece também outro grande inte-

varia de 7% a 18%.

ressado: o consumidor. Respeitando a forma como já funcionava na lei,

A FecomercioSP já manifestou seu

originalmente todo processo que

apoio à decisão tomada, ao lado da

envolve a compra de um produto

Confederação Nacional do Comércio

em uma loja virtual sofrerá menos

(CNC), que apresentou as ações ao STF.

ônus, impedindo o aumento da car-

O que está sendo discutido, como al-

26

edição 35 • novembro | dezembro • 2014

digital e ao consumidor virtual. &

Pedro Guasti é presidente do Conselho de Comércio Eletrônico da FecomercioSP e vice-presidente de relações institucionais do Buscapé Company



T ECNOL OGI A TEXTO Bárbara Oliveira

No lugar certo Geolocalização muda a forma de fazer negócios e aproxima clientes e fornecedores

B

ases de mapas com pontos de

As soluções de inteligência geográfi-

longitude e latitude, GPS, sensores ba-

ca de mercado se transformaram em

seados em comunicação bluetooth

plataformas acessíveis pela web ou

de baixa energia, microlocalização

por aplicativos móveis, de fácil assimi-

por wi-fi, aplicativos móveis com no-

lação por pessoas sem muito conheci-

tificações push. São todos termos re-

mento técnico. Segundo dados da em-

ferentes à geolocalização, tecnologia

presa ThinkNear, especializada nesse

baseada na identificação de onde a

segmento, campanhas de marketing

pessoa está (via celular ou web). Ainda

geolocalizadas já respondem por 67%

que os nomes pareçam complexos, as

de todos os anúncios móveis neste

soluções de geolocalização estão cada

ano, só nos Estados Unidos. O Brasil

vez mais presentes no nosso dia a dia,

não tem dados consolidados do mer-

e os preços em queda as tornam aces-

cado, mas é certo que o varejo de mé-

síveis para negócios de todos os por-

dio porte, as construtoras e as empre-

tes. As ferramentas são usadas para

sas de serviços já aderiram à novidade.

expandir redes de lojas, descobrir um bom endereço para construir ou ven-

Exemplos do uso da geolocalização

der um imóvel, buscar serviços ou pro-

para a venda de serviços são as star-

dutos, fazer marketing dirigido, enviar

tups GetNinjas e VaiMoto. As duas

cupons de descontos para o consumi-

têm como objetivo localizar onde

dor e conhecer o perfil do cliente para

está o profissional mais próximo do

vender mais e com qualidade.

cliente, seja para buscar uma en-

28

edição 35 • novembro | dezembro • 2014



comenda (no caso da VaiMoto) em um ponto A e levá-la ao ponto B, seja para oferecer profissionais para uma reforma da casa – pintor, eletricista, diarista, técnico em computadores ou um personal stylist –, que

No lu g a r cer to

é o foco da GetNinjas. Com 65 mil profissionais cadastrados e uma média de 60 mil pedidos por mês em todo o País, a GetNijas localiza o profissional mais próximo a partir da inserção do CEP na web ou pelo GPS do solicitante, quando usado o aplicativo no celular. “O consumidor se cadas-

Ganhamos em agilidade e na qualidade da informação. Antes, precisávamos alugar licenças e contratar empresas para fazer os estudos. Atualmente, consigo fechar dezenas de projetos em apenas um mês, sem complicação

T ECNOL OGI A

João Batista da Silva Júnior

tra no site e fornece o endereço para

Diretor do Rei do Mate

ser localizado. Se usar o aplicativo no smartphone (iPhone ou Android), ele é encontrado pelo GPS do aparelho. Com esses dados, nossos algoritmos buscam onde está o profissional (cadastrado na plataforma) mais próximo”, explica o CEO da empresa, Eduardo L’Hotellier. O GetNinjas também consegue detectar, pelo celular do cliente,

Foto: Emiliano Hagge

qual a operadora de telefonia utilizada para que a conversa, na hora da contratação, seja feita pela mesma empresa. Isso reduz custos de ambos os lados. Baseada em mapas do Google e do Bing, a VaiMoto usa a geolocalização para unir as duas pontas: motoboy e

celular e enviam as cotações”, explica

lançou a plataforma OnMaps, mais

usuário/empresa solicitante. Quando

o fundador do VaiMoto, Daniel Silva.

amigável e fácil de ser gerenciada até

o cliente solicita o transporte de um

O cliente, por sua vez, usa a web ou o

por quem não entende muito de tec-

documento ou encomenda e insere

próprio aplicativo para solicitar o ser-

nologia. Segundo o CEO da GeoFusion,

os endereços de busca e de entrega, o

viço e escolhe o motoboy com o me-

Pedro Figoli, um terço dos 300 clientes

sistema mostra um mapa na tela onde

lhor preço. São três mil cadastrados

atua no segmento de comércio. Auxiliar

são estabelecidos dados de longitude

na empresa e o VaiMoto tem crescido

na tomada de decisões para expandir

e latitude, informando o trajeto a ser

120% ao mês em novos usuários. O

novos pontos comerciais é uma de suas

percorrido e onde está o motoquei-

serviço cobra do prestador de serviço

principais aplicações. Os relatórios pre-

ro mais próximo para ser acionado.

R$ 1,99 a cada corrida realizada.

parados pela ferramenta contêm dados

“Nossos algoritmos disparam o pedi-

colhidos por algoritmos de softwares

do a todos os motoboys que estão em

Software de inteligência

um raio de cinco quilômetros do local.

A GeoFusion, fornecedora de tecnolo-

da, as atrações do bairro, onde está a

Eles recebem uma notificação pelo

gias de geoprocessamento há 18 anos,

concorrência mais próxima e qual o

30

edição 35 • novembro | dezembro • 2014

de inteligência sobre a região escolhi-


perfil do público que vive ali (por ren-

ao unir ferramentas de busca, con-

utilizadas fontes do Maplink, do Street

da, por idade e por tipo de consumo).

teúdos em vários canais e geolo-

View e dos Correios para informar

“Antigamente, obter relatórios geo-

calização tanto em desktops como

os 2,6 milhões de consumidores no

processados exigia a compra de um

em dispositivos móveis. “Localizar o

Brasil em busca desses catálogos on-

software, dos mapas, dos dados e de um

imóvel para o cliente faz todo o sen-

line. Segundo o CEO da Guiato, Clineu

gerenciamento em separado de tudo

tido para o nosso negócio”, afirma o

Júnior, o comerciante paga R$ 0,99 por

isso. Hoje, vendemos um pacote inte-

gerente de e-business da construto-

engajamento do usuário (se ele olhou

grado e a empresa traça sua própria es-

ra, Denilson Novelli. “Identificamos

e folheou o material promocional). Em

tratégia com base nessas informações

onde está o potencial comprador

papel, os folhetos têm um desperdí-

na plataforma online”, afirma Figoli.

quando ele entra no site – pelo nú-

cio alto – a cada cem impressos en-

mero IP do computador ou pelo GPS

tregues, 93 se perdem. “Na internet,

A rede de franquias Rei do Mate é clien-

do celular. Indicamos, no mapa, imó-

o aproveitamento é de 100%, uma vez

te da OnMaps para a escolha e a loca-

veis para compra naquela região ou

que o usuário clica no link porque de-

lização de novas lojas. A marca surgiu

no endereço desejado”, diz Novelli.

seja algo”, relata Clineu Júnior. O servi-

em 1978, na famosa esquina das ave-

ço está presente em nove países.

nidas Ipiranga com São João, com uma

Além da localização, a Tecnisa mos-

receita própria de chá – consumida

tra a planta, os preços, as imagens

Os beacons e as redes wi-fi são as no-

pura ou com leite. Atualmente, são 320

do entorno, os serviços de farmá-

vidades nesse mundo de engajamento

lojas em 84 cidades brasileiras e planos

cias, os shoppings, as lojas, os hos-

do consumidor pela microlocalização,

de inaugurar outras 16 até o fim do ano.

pitais etc. Com a ajuda do Google

pois mesclam rede sem fio em um

Maps e a integração do aplicativo

ambiente interno, sensores de locali-

Os ganhos com o geoprocessamen-

Waze, ela traça as rotas de como

zação (os beacons) e o Bluetooth Low

to são vários, segundo o diretor João

chegar ao imóvel. Segundo Novelli,

Energy (tecnologia de comunicação

Batista da Silva Júnior. “Ganhamos em

as visitas ao site aumentaram 25%

entre aparelhos com baixo consumo

agilidade e na qualidade da informa-

em um ano e meio, sendo que 40%

de energia). Ainda usado de forma

ção. Antes, precisávamos alugar licen-

das vendas da empresa são feitas

experimental no Brasil, a solução é

ças e contratar empresas para fazer

pela internet e, do total da comer-

usada nos Estados Unidos e na Europa

os estudos. Atualmente, consigo fe-

cialização online, 15% são efetuadas

como forma de atrair clientes pelos

char dezenas de projetos em apenas

pelo ambiente móvel.

cupons de descontos. O Shopping

um mês, sem complicação”, destaca

Higienópolis é um dos centros de com-

Silva Júnior. Ele conta que chegou a

Catálogos digitais

fazer 150 viagens para analisar locais

Sabe aqueles catálogos promocionais

cativo do serviço baixado no celular, o

fora de São Paulo para instalar novas

distribuídos por lojas e supermerca-

cliente recebe ofertas à medida que se

franquias. “Agora, faço de 30 a 50 via-

dos? Agora eles são digitalizados e

desloca pelo local.

gens, no máximo, para a mesma ta-

usam o geomarketing para aumen-

refa, e com a vantagem de que dispo-

tar as vendas. A Guiato, empresa de

Com o uso da tecnologia, a geolocaliza-

nho de dados mais assertivos, como o

origem alemã, fornece informações

ção está mudando a forma de fazer ne-

perfil socioeconômico da região ou do

estratégicas para seus 1,3 mil va-

gócios e levando o varejo e os serviços,

shopping desejado”. O valor pago pela

rejistas cadastrados no País (entre

Rei do Mate para acesso aos dados de-

eles, Pernambucanas, Leroy Merlin,

pende dos módulos utilizados, além

Volkswagen Caminhões, Polishop e

do pacote básico de R$ 3,5 mil mensais.

Dicico), e localiza a loja mais perto de

pras que testa a inovação. Com o apli-

literalmente, onde o cliente está. &

onde o cliente está a partir do moA Tecnisa, uma das maiores incor-

mento em que ele entra no site ou no

poradoras imobiliárias de São Paulo,

aplicativo para pesquisar o que pro-

consolidou as vendas pela internet

cura nos folhetos das empresas. São

edição 35 • novembro | dezembro • 2014

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U M DI A NA ... POR Filipe Lopes FOTOS EMILIANO HAGGE

... Rua Augusta

Tradição e modernidade

32

edição 35 • novembro | dezembro • 2014


Uma das mais movimentadas e badaladas de São Paulo, a Rua Augusta conserva a vocação eclética e permite o convívio pacífico entre estabelecimentos comerciais de diversas vertentes, classes sociais, estilos e tribos

a

Rua Augusta é a típica arte-

Nos três quilômetros de extensão que

rial da cidade, característica das vias

separam a Rua Martinho Prado – jun-

que fazem a ligação de um bairro a

to à Praça Roosevelt, na região cen-

outro. Projetada para ligar o Centro

tral – da Rua Colômbia, no bairro dos

à Avenida Paulista, ela é muito mais

Jardins, é possível encontrar de lojas

do que um caminho. Já reuniu o que

de marcas internacionais ao comér-

havia de mais luxuoso no comércio

cio de artesanatos, passando por pe-

paulistano e, hoje, ostenta uma va-

ças para automóveis, comidas de to-

riedade de estabelecimentos que re-

dos os tipos, fantasias para festas,

sume bem a diversidade da capital.

eletroeletrônicos, discos e CDs, en-

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U M DI A NA ...

Ru a A u g u s t a

A miscelânea cultural e comercial foi se moldando ao longo dos anos, acompanhando as transformações da cidade de São Paulo

mitório tanto para a classe trabalhadora, que atuava na região central, como para a elite paulistana. É o que relata o pesquisador e mestre pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP), Felipe Melo Pissardo, autor da tese “A Rua Apropriada: Estudo Sobre as Transformações e Usos Urbanos na Rua Augusta (São Paulo, 1891-2012)”. Ele lembra que no período de 1891 até 1942, a via contava com intenso fluxo de bondes e abrigava escolas, clubes, palacetes, casas geminadas e habitações coletivas. De 1943 até a metade dos anos 1970, a região foi reurbanizada e passou a receber automóveis, o que deu início à verticalização das residências e à instre outros itens. Ao comércio, soma-

to de bares e casas noturnas que deu

talação de comércios para atender ao

-se uma variedade de opções cultu-

à região o título de um dos destinos

alto fluxo de pessoas e veículos que

rais. A Augusta abriga os tradicionais

mais badalados da noite paulistana.

cruzavam a rua. O comércio de luxo

teatro Procópio Ferreira e escola Ballet

se desenvolveu para atender à elite re-

Stagium, além do CineSesc, do Espaço

Essa miscelânea cultural e comercial

sidente e a via ganhou status de lugar

Itaú Cultural e do Conjunto Nacional,

foi se moldando ao longo dos anos,

moderno e de diversão para jovens.

que reúne espaços para exposições de

acompanhando as transformações da

arte, lojas e livrarias. A tudo isso, jun-

cidade de São Paulo. No início, ainda no

De 1976 a 2012, a Rua Augusta so-

tou-se mais recentemente um conjun-

século 19, a Augusta servia como dor-

freu um processo de estagnação em

34

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decorrência da migração do centro

até o ano 2000 que a região passou

A Rua Augusta sentido Jardins é re-

financeiro para a Avenida Paulista.

a ser revitalizada, voltando a atrair a

pleta de lojas diversas. As mais

O pesquisador da FAU destaca que

elite para o lazer e as compras”, afir-

luxuosas ficam próximas à Avenida

o início da década de 1980 marcou

ma Pissardo.

Paulista e nas esquinas com outras

profundamente a região: surgiram

vias famosas, como a Rua Oscar Frei-

outros polos comerciais na cidade,

Lado Jardins

como as avenidas Faria Lima e Enge-

Ao caminhar pela Rua Augusta, no-

O restante é popular e voltado a todos

nheiro Luiz Carlos Berrini – além da

tam-se duas realidades bem diferen-

os públicos.

Marginal Pinheiros –, que dividiram

tes. Cortada pela Avenida Paulista, a

a concentração de empresas multi-

via que termina no bairro dos Jardins

Observam-se lojas de roupas, sapatos,

nacionais, bancos e outras entida-

é voltada ao comércio e ao turismo

bijuterias, salões de beleza, papelarias,

des corporativas. “Houve um esvazia-

cultural, e possui edifícios comerciais.

estúdios de tatuagem, supermerca-

mento dos investimentos financeiros

Já o lado que começa na região central

dos, mercearias, lavanderias, livrarias,

na região e os prostíbulos e edifícios

da cidade tem o lazer, a gastronomia

pet shops, galerias, estabelecimentos

abandonados dominaram o lugar. So-

e o entretenimento como caracterís-

de material esportivo, autopeças, me-

mente no início da década de 1990

ticas marcantes.

cânicas, entre outros. A variedade de

re e as alamedas Itu, Lorena e Santos.

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U M DI A NA ...

Ru a A u g u s t a

A via que termina nos Jardins é voltada ao comércio e ao turismo cultural. O lado que começa no centro da cidade tem o lazer, a gastronomia e o entretenimento como características marcantes

com artigos de três dos principais clubes de futebol do Estado de São Paulo. Lá, o Sport Club Corinthians, a Sociedade Esportiva Palmeiras e o Santos Futebol Clube convivem em harmonia

produtos e serviços demonstra a ca-

mais lembram pracinhas de bairro do

– afinal, nesta rua há espaço para to-

racterística da rua, onde predominam

que o centro financeiro de São Paulo. O

das as tribos.

pessoas que trabalham nas proximi-

ar é até mais fresco e agradável do que

dades e na Avenida Paulista.

na rua, motivo pelo qual reuniões de

O novo divide espaço com o tradicio-

negócios acontecem nas mesas dos ca-

nal e o comércio popular contrasta

Há intenso sobe e desce de ônibus, ca-

fés no meio das galerias. Ao fundo de

com as lojas de luxo. Poucos metros

minhões e carros de todos os tipos ao

uma delas, no andar superior às lojas,

separam estabelecimentos que ven-

longo do dia. Pessoas de várias idades,

a costureira Neusa da Silva, de 68 anos,

dem sapatos por R$ 4 mil de outros

objetivos e nacionalidades caminham

trabalha na elaboração de moldes para

onde é possível encontrar bijuterias

tão apressadas que quase não perce-

vestidos. Ela conta que está ali há 13

a R$ 1,99. No campo da gastronomia,

bem o que está em volta. É pratica-

anos e que o ambiente destoa da corre-

restaurantes finos e churrascarias se

mente impossível parar no meio da

ria da Rua Augusta. “Aqui é o meu can-

misturam a self-service e lanchone-

calçada sem que alguém esbarre em

tinho, onde consigo trabalhar em paz e

tes fast-food.

você, na tentativa de ultrapassagem.

conversar com os vizinhos. Lá fora, não. É uma loucura sem tamanho”, afirma.

Em meio ao caos, as galerias são uma

A via também reserva endereços tradicionais que marcam diversas gera-

atração à parte. São verdadeiras vilas

Convívio pacífico

que remetem ao passado, onde é pos-

Ao lado dos Jardins, também é pos-

sapataria existente há 61 anos e uma

sível sentar em cadeiras de ferro que

sível encontrar lojas quase vizinhas

das lojas mais antigas da Augusta.

36

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ções de paulistanos, como a Casa Tody,


Lado Centro

lado dos Jardins. Também se notam

Roosevelt, onde predominam as ca-

A outra face da Rua Augusta segue em

muitos terrenos e galpões fechados,

sas de strip e os pubs.

direção à parte central da cidade. Lá está

que dão a impressão de abandono.

a região conhecida como Baixo Augusta,

Ao descer em direção à Praça Roose-

A peso de ouro

que concentra bares, restaurantes, ca-

velt, encontra-se uma variedade de

Com a revitalização da área central da

sas noturnas, prostíbulos e comércio de

restaurantes temáticos e de culiná-

cidade, a região da Rua Augusta foi va-

vestuário, de colecionáveis e de entrete-

ria nacional e estrangeira. Baladas

lorizada e a corrida imobiliária inflou

nimento. A dinâmica destoa da propos-

e bares diversificados completam o

os preços dos imóveis. Segundo o le-

ta rumo aos Jardins: é clara a vocação

roteiro, como o Comedians Club, pri-

vantamento da Fipe/Zap, o preço do

noturna e muitos estabelecimentos

meiro bar de stand-up da região, e o

metro quadrado dos apartamentos

abrem somente após as 18 horas.

Caos, misto de loja de antiguidades e

residenciais nos bairros que compõem

casa noturna. A cena musical conti-

a rua (Jardins, Consolação e Cerqueira

O lado do Centro ostenta edifícios do-

nua com Lab Club, Beco 203 e Inferno

César) aumentou, em média, 166% no

miciliares em maior número do que o

Club, até a aproximação com a Praça

período entre 2008 e 2014. Para os estabelecimentos comerciais, a valorização foi ainda maior, de 258%. Isso expulsou os prostíbulos e o público mais underground, atraindo para a Augusta casas noturnas voltadas às classes média e alta. A especulação imobiliária também é tema de uma polêmica que se arrasta desde o ano passado envolvendo o Parque Augusta – como ficou conhecido o espaço de 24.752 metros quadrados localizado entre as ruas Augusta, Caio Prado e Marquês de Paranaguá, na Consolação. Em setembro do ano passado, moradores vizinhos à área entraram na Justiça para que o terreno fosse transformado em parque. O prefeito Fernando Haddad já aprovou a criação do Parque Municipal Augusta, no entanto, a Secretaria do Verde e Meio Ambiente não tem verba para as desapropriações. Enquanto isso, duas construtoras disputam o espaço para a edificação de prédios, com a promessa de preservar 80% da área verde. O futuro ainda é incerto, mas, seja qual for o destino do terreno, marcará mais uma transformação na efervescente história de uma das mais famosas ruas de São Paulo. &

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Confira aqui na C&S os principais destaques das últimas edições do MixLegal Digital e MixLegal Impresso. As publicações têm dicas e informações de natureza jurídica que podem interferir no dia a dia dos negócios

Responsabilidade por quebra de contrato Um terceiro pode ser responsabilizado por quebra de contrato, mesmo não sendo

parte dele. É o que prevê o Projeto de Lei nº 7.886/2014, de autoria do deputado Carlos Bezerra (PMDB/MT), que pretende alterar a Lei nº 10.406/2002 – Código

Civil, com o intuito de consolidar o entendimento sobre quebra de contrato cau-

sada pela influência de terceiros alheios à relação contratual. A matéria está na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, onde aguarda a designação de um relator.

Transição de regime tributário

Acordos e convenções coletivas

Insalubridade e periculosidade

A transição das empresas do regime tri-

O Projeto de Lei do Senado nº 181, de 2011,

O Projeto de Lei nº 6.193/2013 propõe alte-

mido pode ser facilitada com o Projeto

balho com a finalidade de permitir a pror-

a obrigatoriedade de adoção e de aplica-

butário do Simples para o Lucro Presude Lei Complementar nº 414/2014. A proposta tem como objetivo estender o

período para a exclusão das empresas

do regime do Simples quando elas ultrapassarem o teto de faturamento. Hoje, a

exclusão acontece no mês subsequente

ao que a companhia ultrapassa o limite de R$ 3,6 milhões de faturamento bruto

acumulado em 12 meses. Pela proposta do PLC, a empresa deixaria o Simples gradativamente.

quer alterar a Consolidação das Leis do Trarogação de acordo ou convenção coletiva

enquanto não houver novo instrumento

normativo. Na prática, as normas coletivas têm sido celebradas com vigência de

um ano, podendo ser prorrogadas desde que respeitado o prazo-limite de dois anos. Para a FecomercioSP, a proposta de

estender a vigência por tempo indeterminado desestimula novos acordos entre as

categorias patronais e profissionais e pode causar desequilíbrio entre os envolvidos.

ração no artigo 157 da CLT para estabelecer

ção de tecnologias de eliminação ou de

redução da insalubridade e da periculo-

sidade do trabalho. Segundo a proposta, o adicional garantido por lei não pode ser

entendido como substituto da garantia da redução ou da eliminação dos riscos. A FecomercioSP apoia o projeto e defende que os respectivos adicionais só devem ser pagos após adotadas todas as possíveis

medidas de controle e risco – e, se ainda assim, o risco ou exposição persistir.

Leia essas notícias na íntegra, além de outras informações, nas edições que estão disponíveis no site da FecomercioSP: www.fecomercio.com.br (em Serviços/Publicações)

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Confira aqui na C&S os principais destaques das últimas edições do EconoMix Digital e do EconoMix Impresso. As publicações têm dicas e informações voltadas à melhoria da gestão dos negócios e à compreensão do ambiente macroeconômico

Uso crescente do cartão Os cartões de débito e de crédito movimentaram R$ 455 bilhões no primeiro semestre de 2014, com expansão de 16,3% na comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 4,8 bilhões de transações com cartões nos primeiros seis meses do ano – um crescimento de 12,3% em relação a igual período de 2013. Os dados são da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). Do total movimentado, R$ 291 bilhões referem-se aos cartões de crédito (alta de 13,5%) e R$ 164 bilhões aos cartões de débito (aumento de 21,6%).

Moda lidera vendas online

Cresce o número de concessões de crédito

Economia brasileira encolhe

O setor de moda e acessórios ultrapas-

As concessões de crédito cresceram,

Dados do IBGE divulgados em agosto de-

liderança das vendas online no País pela

mestre do ano, enquanto o estoque

no segundo trimestre de 2014 na compa-

sou o segmento de cultura e chegou à

primeira vez. Entre maio e junho, foram comercializados mais de 7 milhões

de peças de vestuário e acessórios pela internet ante 5,5 milhões de produtos culturais, como livros e DVDs, até então

líderes das vendas virtuais. Em seguida,

apareceram os setores de beleza e saúde, com 2 milhões de itens comercializados; de informática, com 1,5 milhão; e de

telefonia, com 1,3 milhão. Os dados são da pesquisa Ibope E-commerce.

em termos reais, 5,5% no primeiro sede crédito no mercado caiu 0,7% em

junho no comparativo anual – já descontada a inflação. Os dados são do Banco Central e mostram que há um

movimento de renegociação e troca de dívidas mais caras por mais baratas. Na capital paulista, a pesquisa PEIC da FecomercioSP indicava 13,5%

de famílias inadimplentes em julho

deste ano contra 18,7% no mesmo mês do ano anterior.

monstraram que a economia recuou 0,6%

ração com os três primeiros meses do ano. No período, a agropecuária foi o único setor que cresceu em relação ao trimestre anterior, mas com aumento de apenas

0,2%. No ano, a agropecuária acumulou alta de 1,2%. Os demais setores – indústria

e serviços – caíram na comparação com

o trimestre anterior, encolhendo 1,5% e 0,5%, respectivamente. No acumulado do

ano, a indústria somou queda de 1,4% e os serviços contabilizam crescimento de 1,1%.

Leia essas notícias na íntegra, além de outras informações, nas edições que estão disponíveis no site da FecomercioSP: www.fecomercio.com.br (em Serviços/Publicações)

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INOVAÇÃO TEXTO Bismarck Rodrigues

Qual é a sua

OPINIÃO?

Pesquisas de mercado e de satisfação deixam de ser exclusividade das grandes corporações. Aliados ao "feeling" dos gestores, os levantamentos também ajudam pequenas e médias a definir estratégias

P

42

ara muitas empresas, a conclu-

dimentos de pequeno e médio por-

O raciocínio é simples, embora não re-

são da compra marca o fim da intera-

tes, a intuição dos gestores costuma

ceba a devida atenção de boa parte das

ção com o cliente. A postura ignora a

prevalecer, mas isso está mudando.

empresas: é importante saber a opinião

importância do pós-venda e impede

A pesquisa de satisfação vem sendo

do cliente, pois a satisfação dele pode

que a companhia saiba exatamen-

cada vez mais incorporada ao dia a

valer recomendações ou comentários

te o que o cliente pensa. Há tempos

dia como ferramenta de gestão. “Aos

negativos. Enquanto as empresas bra-

que as grandes corporações, espe-

poucos, as empresas começaram a se

sileiras estão começando a trabalhar

cialmente as organizações multina-

valer dessa prática, pois entenderam

com pesquisas de satisfação, em pa-

cionais, perceberam a necessidade

que ela é estratégica para a evolução

íses como Alemanha e Japão a prática

de medir o nível de satisfação e de

e para a sobrevivência no mercado”,

é corriqueira. “Muitas empresas desses

informação dos clientes a respeito

afirma o superintendente geral da

países não dão um passo sem fazer uma

delas, por meio de métricas e pes-

Fundação Nacional da Qualidade

pesquisa de mercado”, afirma Claudio

quisas de opinião. Para os empreen-

(FNQ), Jairo Martins.

Silveira, diretor da Quorum Brasil.

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15% 70% 75%

30%

85%

37%

20%

20% 30%

20%

28%

35%

40% 25% 50%

70%

25%

25%

30%

25% 50%

25%

25%

25%


INOVAÇÃO

Q u a l é a s u a opi n i ão?

Para muitas empresas, a pesquisa

O consumidor descontente propaga a

timentos e as emoções do cliente em

pode trazer revelações importantes,

insatisfação mais rapidamente e a um

relação ao produto, o método qualita-

como descobrir que o seu público é

número maior de pessoas.

tivo é melhor do que o quantitativo”,

diferente daquele imaginado pela

destaca Lima. Identificar a melhor

direção. Foi o que aconteceu com a

Para valer a pena, os resultados da

opção de pesquisa diante de cada cir-

Rensz Calçados, varejista com cinco

pesquisa devem orientar um plano de

cunstância pode minimizar em 80% o

lojas no litoral norte paulista. “Sem-

ação para a melhoria do produto ou

risco de o novo produto desagradar o

pre imaginamos que nosso público

do serviço em questão. “As informa-

cliente, na opinião de Silveira.

estava na classe B, mas as pesquisas

ções do cliente, se bem aproveitadas,

mostraram que atraímos um seg-

tornam mais ágil a adoção de medi-

Não só os produtos podem melho-

mento mais popular, entre o B e o C”,

das corretivas”, explica o diretor da

rar com a opinião dos clientes, como

explica o diretor de planejamento e

Quorum Brasil.

também a imagem e a marca tendem

recursos humanos da Rensz, Leo Reis

a ganhar – afinal, muitas empresas

Leite Júnior. Ele conta que a informa-

As pesquisas não servem apenas para

usam os resultados como publicida-

ção foi determinante para definir a

avaliar produtos já existentes no mer-

de positiva. "Um indicador favorável

estratégia de expansão da rede, que

cado. A prática também pode envolver

pode ser usado para impressionar o

nasceu há 14 anos e nos últimos dois

testes de percepção antes mesmo do

mercado e se diferenciar da concor-

passou a fazer pesquisas de mercado.

lançamento. “Para identificar os sen-

rência”, explica Martins.

passo da Rensz é adotar a modalidade de cliente oculto, na qual a empresa contratada envia representantes disfarçados de clientes para testar o atendimento e averiguar se as medidas sugeridas na pesquisa de satis-

fação anterior foram colocadas em prática. “A pesquisa não substitui o feeling, mas complementa”, diz Leite Júnior. Ele ressalta a importância de não se fazer pesquisa indiscriminadamente, sem um propósito. “A pesquisa precisa estar inserida no contexto de gestão”, ressalta.

Plano de ação Especialistas consideram as pesquisas de satisfação como o começo de um ciclo, e não o fim. Ter a opinião do

Aos poucos, as empresas começaram a se valer das pesquisas de mercado, pois entenderam que elas são estratégicas para a evolução e para a sobrevivência Jairo Martins

superintendente da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ)

Definido o perfil do cliente, o próximo

cliente sobre os seus produtos pode representar aumento das vendas e, consequentemente, dos lucros. “Um cliente satisfeito traz outros clientes, porque ele confia na marca e se sente seguro para indicar”, explica Silveira.

44

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Foto: Divulgação

Já a insatisfação tem o efeito inverso.


E quando a pesquisa aponta percep-

objetivas, para que o cliente não per-

-alvo, região, modelo de pesquisa, tipo

ção negativa do cliente em relação à

ca a paciência e prejudique a coleta”,

de resposta, tamanho da amostra, en-

empresa ou ao produto? A melhor es-

conta Silveira. Outra dica é usar dispo-

tre tantas outras variáveis.

tratégia, segundo os especialistas, é

sitivos eletrônicos, como tablets, para

traçar um plano de ação rápido, sob o

tornar o processo mais rápido e dimi-

Para quem não dispõe dos montan-

risco de enfrentar problemas maiores

nuir o tempo exigido do entrevistado.

tes, existem formas mais econômicas,

à frente. “A empresa deve focar seus

como questionários online ou pesqui-

esforços no que é mais relevante e im-

O diretor da Mind Pesquisas, Alexan-

sas de pós-venda, que podem ser adap-

pactante do ponto de vista da insatis-

dre Lima, sugere evitar as pesquisas

tadas à realidade de cada empresa. Os

fação do cliente”, esclarece a diretora

por telefone, mas reconhece que, em

especialistas chamam atenção para o

da Bridge Research, Dayana Franco.

determinas ocasiões e por questões fi-

prazo de validade das pesquisas, que

Ainda que os resultados negativos

nanceiras e logísticas, elas podem ser

não deve ser superior a um ano, varian-

são sejam divulgados publicamen-

a melhor escolha. “Quando é business

do de acordo com o ramo da empresa.

te, a dica é usá-los de forma interna

to business (B2B), a melhor forma é

Se o produto for de consumo rápido

para melhorar processos e produtos.

agendar um horário previamente com

– ou envolver bebidas ou alimentos –,

Ignorar a opinião do cliente costuma

o executivo”, explica.

as pesquisas têm periodicidade ain-

ser a pior opção. “Muitas empresas ig-

da menor: a recomendação é que elas

noram o resultado ou não acreditam

Pesquisas online

nele. Também há casos piores, nos

Para pesquisas mais simples e com

“Eletroeletrônicos,

quais os gestores distorcem a pesquisa

poucos recursos, a internet traz uma

mento é mais demorado, pode envol-

para apresentar um melhor resultado

série de recursos que podem ser-

ver pesquisas anuais”, explica Silveira.

à alta cúpula da empresa”, afirma.

vir como interface entre o cliente e a

sejam feitas a cada três ou seis meses. cujo

desenvolvi-

empresa. “Pela internet conseguimos

Para as empresas que contratam o

atingir determinados grupos de pes-

serviço, o recomendável é que a medi-

Para muita gente, pesquisa de satisfa-

soas, via e-mail, videoconferência, re-

ção seja semestral, pois assim é possí-

ção se traduz como aquele formulário

des sociais ou comunidades no Face-

vel averiguar se o plano de ação surtiu

disponível no balcão de muitos esta-

book”, garante Lima.

efeito, recomenda Dayane. “Com duas

Diferentes métodos

belecimentos para que o cliente deixe

pesquisas por ano, podemos aferir

sua opinião sobre o atendimento. Ou-

As empresas contratantes desses servi-

os resultados e as empresas acabam

tra forma recorrente são as aborda-

ços usam as informações das mais dife-

usando a medição do segundo se-

gens de rua, nas quais só é necessário

rentes formas, desde incorporar as su-

mestre para bonificar os executivos”,

“um minutinho”. Segundo especialis-

gestões para a melhoria dos produtos

destaca a diretora. Em casos negati-

tas, esses são dois dos métodos mais

até como marketing institucional para

vos, medições pontuais podem servir

defasados para pesquisa, assim como

a própria empresa. Lima garante que

como um termômetro dos resultados.

a consulta telefônica feita por centrais

muitos empresários sabem de ante-

de atendimento. Para Martins, o prin-

mão quais serão os resultados mostra-

Há quem acredite que a falta de costu-

cipal problema não é o método, mas o

dos pelas pesquisas. “Um bom gestor

me em realizar as pesquisas de satisfa-

excessivo número de call centers com

quer apenas ratificar a impressão que

ção impeça as empresas brasileiras de

funcionários despreparados.

ele tem no dia a dia. Raramente vai se

crescer e competir com as multinacio-

surpreender com a pesquisa”, ressalta.

nais. Ou seja, o fato de não conhecerem

Assim, antes de descartar essa ou

seus clientes as impossibilita de ofere-

aquela forma de pesquisa, concentre-

Os custos dessas pesquisas dependem

cer um produto que atenda às expec-

-se em adequá-la ao objetivo da coleta

do nível de detalhamento das infor-

tativas do consumidor. “A falta de prio-

de dados. “Em entrevistas de rua, por

mações. A contratação de uma empre-

ridade às pesquisas de satisfação se

exemplo, o ideal é que o entrevistador

sa especializada varia de R$ 30 mil a

reflete na pouca inovação na hora de

faça no máximo dez perguntas, todas

R$ 500 mil, dependendo do público-

criar os produtos”, acredita Silveira. &

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GE STÃO TEXTO Bismarck Rodrigues ilustração carolina lusser


A maneira como fundador e herdeiros lidam com o processo sucessório é determinante para a longevidade das empresas

P

ara as empresas familiares, tão im-

deles, três trabalham na empresa e

portante quanto conquistar mercado é

se preparam para assumir o coman-

garantir a continuidade do negócio ao

do. “Não escolhemos que nossos pais

longo das gerações. Os motivos para

fossem sócios, mas nos damos bem e

que os empreendimentos não ultra-

não há disputa por poder”, diz a atual

passem a segunda ou a terceira linhas

gerente de talentos humanos e quali-

sucessórias são vários, a começar pelo

dade da rede, Gabriela Ribeiro Dezan.

despreparo dos herdeiros e pelos desentendimentos na estrutura familiar, com

Ela conta que os pais sempre esti-

consequente luta pelo poder. Dados da

mularam a capacitação dos herdei-

consultoria PricewaterhouseCoopers

ros. Todos os irmãos se formaram em

(PwC) indicam que, de cada cem em-

Administração, mas com diferentes

presas familiares, apenas 12 chegam à

especializações. Além de Gabriela,

terceira geração.

trabalham sua irmã, Bruna Ribeiro, gerente de implantações e novos ne-

Na essência do fracasso, assim como

gócios, e Francisco Ribeiro Conte, fi-

do sucesso, estão as atitudes da famí-

lho do Fran que dá nome à rede, que

lia e a forma como o fundador e os her-

é gerente de marketing. Ela garante

deiros lidam com o processo sucessó-

que nunca foram obrigados a seguir

rio. “A disputa, quando acontece, nem

na empresa: “Tivemos liberdade de

sempre é pelo dinheiro propriamente

escolha”, afirma Gabriela. Mesmo com

dito, mas pelo poder”, afirma o sócio

os herdeiros preparados, ainda não

da Consultoria Ricca e Associados –

há data para a transição. “Os sócios

especializada em empresas familiares

sabem que, no momento certo, terão

–, Domingos Ricca. Bons métodos de

pessoas preparadas para assumir a

gestão prevalecem entre as empresas

gestão”, assegura.

que atravessam gerações, com ênfase para a capacitação dos herdeiros e re-

Para algumas empresas, as diferen-

gras claras para a escolha do sucessor.

ças entre as gerações e a pressão de pai para filho podem ser com-

É o que vem sendo feito pela rede de

plicadores na hora da transição.

cafeterias Fran's Café, fundada há 42

“Geralmente, o fundador teve um ní-

anos por dois irmãos e um amigo. Os

vel de instrução mais baixo, mas com

sócios originais ainda estão à fren-

um grande feeling para o mercado.

te do negócio, mas, dos quatro filhos

Para a preparação do filho, ele ofere-

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47


GE STÃO

Negócios em fa m í l i a

ce toda a capacitação que não teve,

Semaan continua acompanhando a

gue a gestão de uma filial da empresa

mas aumenta a cobrança por resul-

empresa, mas decidiu cuidar apenas

ao filho/sucessor. Assim, a passagem

tados e segue interferindo na gestão

de uma das quatro lojas da rede, no

de bastão é gradativa, bem como o en-

do herdeiro”, comenta Ricca.

mesmo cargo no qual seu desempe-

volvimento do herdeiro com o coman-

nho foi notório ao longo de 53 anos: à

do da organização.

Para evitar que isso prejudique os negócios, é preciso que fundador e su-

beira do balcão. A profissionalização da gestão é outro

cessor tenham consciência de suas

Respeito ao conhecimento

diferenças e evitem o famoso choque

A transição gradativa segue as regras

cia de empresas familiares. Por isso,

de gerações. Como? Os mais velhos

da boa governança, segundo Waack,

segundo Ricca, é preciso criar meca-

precisam aceitar a racionalidade com

do IBGC. Ele recomenda que as virtu-

nismos que permitam a ascensão pro-

a qual os mais jovens encaram os ne-

des da primeira geração sejam respei-

fissional de colaboradores que não são

gócios, enquanto estes devem tirar

tadas, combinando o conhecimento

da família. “As organizações precisam

proveito do conhecimento de merca-

de mercado dos fundadores com as

preparar gente, além dos herdeiros,

do acumulado pelos pais em anos de

características dos mais jovens, prin-

para ajudar na gestão e até assumir

experiência, destaca o conselheiro de

cipalmente a capacidade de absorver

uma possível sucessão”, diz o consul-

administração do Instituto Brasileiro

mudanças e a facilidade em lidar com

tor. Exemplo disso é que na Di Cunto al-

de Governança Corporativa (IBGC),

os avanços tecnológicos.

guns dos mais velhos de casa estão em

Roberto Waack. “Normalmente, os

aspecto relevante para a sobrevivên-

cargos de liderança dentro da empre-

fundadores têm convicções sobre a

Herdeiro da quarta geração da con-

sa, como Claudio do Nascimento, atu-

forma de ver o mundo e de gerir a em-

feitaria Di Cunto, Marco Júnior é ge-

al gerente de finanças, que trabalha

presa, e não aceitam que seus filhos

rente de marketing da empresa que

com os Di Cunto há 40 anos. “Usamos

sejam mais racionais com os negócios

leva o nome da família. Ele atribui

a experiência dos mais antigos na ma-

da família”, analisa.

parte do êxito nas sucessões da em-

nutenção da cultura da empresa, que,

presa ao interesse natural dos filhos

consequentemente, também é a cul-

Brinquedos,

pelo empreendimento. Contudo, lem-

tura da família”, afirma Júnior.

Marcelo Mouawad concorda com o

bra que nem sempre esse interesse

conselheiro. “O lugar do meu pai sem-

foi tão natural. “Na primeira suces-

Um fator comum nas empresas fa-

pre foi no balcão, atendendo os clien-

são, os filhos dos fundadores tinham

miliares é o respeito pela história dos

tes. É ali que ele sabe trabalhar. Os fi-

de trabalhar na empresa tão logo pu-

funcionários antigos, que, muitas ve-

lhos foram preparados para cuidar da

dessem, afinal, era parte do sustento

zes, ajudaram em épocas de "vacas

gestão da empresa”, conta Mouawad,

da família”, ressalta.

magras". “Existe certo nepotismo por

Herdeiro

da

Semaan

que se formou em Engenharia Civil,

parte do dono, pois ele se lembra de

além de fazer diversos cursos de es-

Formado em Publicidade, Júnior ga-

quem esteve ao seu lado na fase ruim

pecialização, em contraste com o nível

rante que o gosto pelo empreendi-

e tem tolerância maior com esse co-

médio do patriarca.

mento familiar está no sangue. Ele

laborador, principalmente se ele esti-

chegou a ter experiências profissio-

ver em fim de carreira”, lembra Ricca,

A Semaan Brinquedos está na fase

nais fora da Di Cunto, mas assegura

ressaltando que a prática não existe

final de transição de poder, que pas-

que o maior aprendizado veio mesmo

em empresas convencionais. Waack

sa do fundador, Semaan Mouawad,

do pai. “Estar próximo ao meu pai me

reconhece que os compromissos an-

para os três filhos – além de Marcelo,

proporcionou – e ainda me propor-

tigos de gratidão são difíceis de evi-

que assume a diretoria comercial,

ciona – uma grande oportunidade de

tar. Na Di Cunto, Júnior prefere classi-

também participam do processo o

aprendizagem”, comenta.

ficar a importância dos funcionários

irmão Rodrigo, à frente da diretoria

mais antigos como fundamental

de finanças, e a irmã Fabiana, respon-

Para essas situações, o consultor do

para a manutenção da cultura e dos

sável pela área de recursos humanos.

IBGC sugere que o pai/fundador dele-

valores da empresa.

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Marcelo Mouawad diretor comercial da Semaan Brinquedos

Não quero forçá-los a dar continuidade ao negócio, mas gostaria que ao menos dois dos meus filhos seguissem na empresa

Pai de quatro filhos, ele quer que a Semaan integre a minoria de empresas que passam para a terceira geração. “Não quero forçá-los a dar continuidade ao negócio, mas gostaria que ao menos dois deles seguissem na empresa”, assume. Dispositivo usado com frequência para garantir a transparência é o acordo de sócios. Nele ficam estabelecidos direitos e deveres de cada acionista. “O documento pode detalhar as regras para contratação de familiares e possíveis acordos de prestação de serviços com parentes para evitar práticas antiéticas que prejudiquem a empresa”, destaca Ricca. Outra alternativa é a formação de um conselho administrativo misturando membros das várias gerações, profissionais que trabalham há algum tempo na empresa e conselheiros ex-

Foto: Emiliano Hagge

ternos. O mix, segundo Waack, tira o caráter familiar das decisões e ajuda a reforçar a hierarquia para os parentes que colaboram com a empresa. Para aumentar ainda mais a seriedade do conselho administrativo, o consul-

Transparência

ele, é para que se isolem os assuntos

tor do IBGE recomenda a criação de um

Segundo os consultores, nas relações

referentes à família do dia a dia da em-

conselho familiar. “É um espaço para os

familiares a transparência é o melhor

presa. “Questões familiares são resol-

parentes resolverem suas diferenças,

caminho para evitar desavenças com

vidas em casa. A empresa não pode

para que os assuntos cheguem mais

aqueles que não estão no processo su-

se adaptar à pessoa, mas o contrário é

pacificados ao conselho administrati-

cessório. “Quando a família cresce, é

possível”, afirma.

vo”, aconselha. A experiência mostra

difícil criar posição para absorver todo

que muitas empresas ainda não têm

mundo. É preciso colocar a empresa

Na família Mouawad, a sucessão na

o hábito de formalizar acordos e ainda

em primeiro lugar”, destaca o gerente

Semaan Brinquedos foi devidamente

recorrem ao bom senso como instru-

de marketing da Di Cunto.

conversada e negociada com os dois

mento de gestão. “Não temos nenhum

irmãos que eram sócios minoritários

código ou acordo de conduta. A tomada

Contratar parentes também merece

da empresa. “Eles seguiram outro ca-

de decisões é feita na base da conversa”,

atenção por parte dos gestores. “Só

minho e abriram uma nova empresa.

diz Marcelo Mouawad, em um retrato

contrate quem você pode demitir”, re-

Isso minimizou os problemas suces-

fiel de como boa parte das empresas

comenda Ricca. A orientação, segundo

sórios”, avalia Marcelo Mouawad.

familiares atravessa gerações. &

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OPORT U NIDA DE S POR Bismarck Rodrigues


Pague e leve Com 80 mil máquinas instaladas, mercado brasileiro de vending machines movimenta R$ 1 bilhão por ano e tende a crescer com a adoção de novas tecnologias

A

praticidade e a facilidade das

nas instaladas ao fim de 2014 em todo

máquinas automáticas fizeram com

o País. Os cálculos da entidade dão

que elas caíssem no gosto do consu-

uma ideia do potencial de crescimen-

midor brasileiro. Disponíveis inicial-

to deste mercado: por aqui, a relação

mente para café, as vending machines

habitante/máquina é de 2,5 mil habi-

oferecem hoje uma infinidade de pro-

tantes, enquanto nos Estados Unidos

dutos e serviços. É possível comprar

são 90 habitantes por máquina.

flores, alimentos, produtos de higiene, livros, pagar estacionamento e adqui-

De maneira geral, as máquinas auto-

rir uma variedade de outros itens. Em

máticas estão distribuídas por am-

crescimento, o mercado deve faturar

bientes corporativos, comerciais e de

R$ 1 bilhão em 2014, com alta de 15%

grande circulação de pessoas. Nos pri-

sobre o ano passado, e movimentar

meiros, os produtos são, quase sem-

um ecossistema que envolve fornece-

pre, oferecidos gratuitamente, como

dores de equipamentos, hotéis, res-

uma comodidade a funcionários e visi-

taurantes e empresas operadoras, res-

tantes. Alguns itens podem até ser co-

ponsáveis pelo abastecimento e pela

brados para minimizar os gastos, mas

manutenção dos equipamentos.

o lucro financeiro não costuma ser o objetivo das empresas.

Dados da Associação Brasileira de Vendas Automáticas (ABVA) indicam

A tendência, a partir de agora, não é só

que serão em torno de 80 mil máqui-

vender produtos, mas também usar o

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OPORT U NIDA DE S

Pa g ue e le ve

espaço para interagir com os clientes.

passado, eram frequentes as recla-

ainda maior de produtos. “A liberação

Assim, algumas empresas estão explo-

mações de máquinas que “engoliam”

dos cartões de crédito vai aumentar o

rando as máquinas como ferramenta

o dinheiro do cliente e não entrega-

faturamento e a opção de produtos,

para campanhas de marketing. Foi o

vam o produto ao fim da compra. “As

como alimentos preparados, produ-

que fez, em agosto, a marca de choco-

máquinas estão interagindo cada vez

tos de beleza e outros itens de maior

lates Bis, cujas máquinas distribuíram

mais com o público e incorporando

valor”, acredita Carlos Augusto Miti-

o produto em troca de pedidos inusi-

tecnologias, como sensor de queda

telli, CEO da EPS Eventos, empresa or-

tados, como uma dança engraçada.

do produto e tela sensível ao toque”,

ganizadora da Expovending, feira que

aponta Zanella.

reúne anualmente toda a cadeia de

Confiança e interação

vending machines em São Paulo.

Para o presidente da ABVA, Pedro Za-

Outra novidade é a aceitação de car-

nella, a tecnologia vem revolucionan-

tão de crédito, facilidade que deve mu-

As primeiras máquinas chegam ao mer-

do o mercado de vending machines,

dar a dinâmica de vendas e favorecer a

cado neste fim de ano, aceitando cartões

que se tornaram mais confiáveis. No

adoção das máquinas por uma gama

de crédito e débito, além de algumas um crescimento inicial de 35% no faturamento. A aceitação dos cartões nos

A aceitação dos cartões nos permitirá oferecer mais produtos com diferentes valores aos clientes

marcas de vale-refeição. “Esperamos

Fábio Bueno Netto

fundador da 24x7 Cultural

permitirá oferecer mais produtos com diferentes valores aos clientes”, explica Fábio Bueno Netto, fundador da 24x7 Cultural, distribuidora de livros a preços populares. “Vendemos mais de 100 mil livros por mês. O sucesso se explica pelo preço baixo, mas a qualidade dos livros também é primordial”, explica. A implantação dos leitores também deve contribuir para o aumento no número de equipamentos espalhados pelas ruas. “Sem dinheiro, as máquinas deixam de ser atrativas para ladrões”, acredita Bueno Netto. O maior número de vending machines deve resultar em mais interação e exposição de marketing. “As ações permitem mapear os clientes e as máquinas tendem a ser mais usadas como ativadoras de marcas. Com isso, mais produtos devem ser oferecidos a pre-

Foto: Emiliano Hagge

ços atrativos”, analisa Mititelli.

Dificuldades As oportunidades para quem pretende entrar nesse setor estão focadas em três áreas: operação, fornecimento


prias empresas podem ser responsáveis pelo abastecimento em locais de

Raio X do mercado de vending machines nos EUA Faturamento US$ 36 bilhões/ano 50 milhões de máquinas instaladas

Distribuição das máquinas por produtos 40% bebidas em latas e garrafas 19% snacks

baixo consumo”, orienta Zanella. Evelyne Siqueira, assistente comercial da Brasvending, que atua como operadora de vending machines em todo o Brasil, explica que o planejamento é realizado de acordo com o tamanho e a demanda da empresa. “Depois de instalada a máquina, ela é monitorada diariamente, por uma semana, para ajustes de quantidade e de produtos e para tirar dúvidas”, explica. Feitas as customizações, são estabelecidos os dias para a recarga da máquina. Segundo ela, a manutenção preventiva é realizada a cada seis meses, mas a periodicidade pode variar de acordo com a demanda diária.

13% selos, cartões e produtos

A instalação da máquina é simples

de higiene pessoal

ponto de tomada e espaço de um

e exige pouca mão de obra, além de metro quadrado. Cada máquina tem

10% sanduíches e alimentos frescos

capacidade para 200 a 600 produtos. “O monitoramento é remoto, via computador. Por telemetria é possível identificar problemas, saber o nível de abastecimento e saber quanto entrou de dinheiro”, explica Netto, da 24x7 Cultural. As máquinas automáticas simplificam a vida do consumidor, mas inibem uma

de máquinas e fornecimento de insu-

a expansão do setor. No Brasil, o preço

prática corriqueira nas relações de con-

mos. Como importar as máquinas é

de uma máquina chega a ser o dobro

sumo: a pechincha. Mititelli reconhece

trabalhoso e caro, as empresas recor-

do cobrado nos Estados Unidos e em

que a impossibilidade de negociar um

rem aos operadores, que geralmente

países da Europa.

desconto é fator de resistência à com-

oferecem os equipamentos por meio

pra automática. A favor do equipamen-

de comodato ou aluguel. “Todas as

A contratação de um operador para

to está o fato de ele ser instalado em lo-

máquinas são importadas, pois o

manutenção e reabastecimento das

cais de baixa ou nenhuma concorrência.

mercado brasileiro não justifica uma

máquinas deve ser estudada de acor-

Daí a opção por locais com alto fluxo de

fábrica. Os impostos de importação

do com o volume de produtos e a

pessoas, mas sem comércio fortemente

são altíssimos”, reclama Zanella, para

quantidade de equipamentos distri-

constituído, como estações de Metrô,

quem o preço dos equipamentos inibe

buídos no estabelecimento. “As pró-

hospitais e prédios de escritórios. &

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N EG ÓCIOS POR Enzo Bertolini

Tudo online

Sites especializados na venda de móveis ganham a adesão do brasileiro. A logística ainda é um desafio, assim como proporcionar ao cliente a mais completa visualização do produto

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A

compra de móveis e utensí-

De olho nesse filão de consumido-

lios para a decoração de ambientes

res, empresários têm investido no

quase sempre exige tempo para

e-commerce de móveis e artigos

múltiplas visitas a lojas e show-

para decoração. Segundo dados da

rooms. Para muita gente, o que po-

consultoria E-bit, a categoria casa

deria ser uma atividade prazerosa se

e decoração representa entre 5% e

transforma em sofrimento em razão

7% das compras online. Isso signifi-

do trânsito caótico, da distância en-

ca que dos R$ 35 bilhões em fatura-

tre os vários estabelecimentos e da

mento esperados pelo e-commerce

dificuldade para comparar preços –

brasileiro para 2014, o segmento

ou simplesmente porque a agenda

deve responder por algo em torno

não permite.

de R$ 2 bilhões. “É uma categoria


emergente, que só recebeu atenção

por esses mares, são as lojas de nicho

objetivo construir um portfólio vasto

das grandes empresas recentemen-

que têm se destacado. “É uma catego-

para atingir o maior público possível”,

te. Hoje é possível notar elevados in-

ria para novos entrantes. Muitas apre-

diz o diretor de business intelligence

vestimentos para vendas online por

sentam itens pouco explorados pelas

(BI) da empresa, Ricardo Bechara.

parte de nomes de referência no se-

grandes lojas”, afirma Guasti.

tor, como Tok&Stok e Etna”, explica o

São mais de 45 mil produtos dispo-

presidente do Conselho de Comércio

Entre os novatos, está a Mobly, criada

níveis de 600 marcas, distribuídos

Eletrônico da FecomercioSP e diretor

no fim de 2011 por três brasileiros que

por 481 categorias e nove departa-

executivo da E-bit, Pedro Guasti.

se inspiraram no modelo do site ame-

mentos: móveis; infantil; utilidades

ricano wayfair.com, que promete ofe-

domésticas; decoração; jardim e la-

Embora gigantes nacionais como Ma-

recer o máximo de produtos disponí-

zer; cama e banho; reforma; eletro; e

gazine Luiza e Ponto Frio naveguem

veis para o lar. “Sempre tivemos como

garagem. Do total, aproximadamen-

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N EG ÓCIOS

Tudo on l i ne

te mil são exclusivos da Mobly, com

compra e solicite a troca ou devolução.

pelo Código de Defesa do Consumidor

desenvolvimento próprio ou com

Assim, quanto melhor a informação,

(CDC). O sócio da Galatea conta que o

parceiros. “Estudamos o que mais

menor a chance de erro. Segundo o

cuidado no contato com o cliente via

atraía o nosso cliente e adaptamos

presidente do Conselho de Comércio

site e telefone diminui a porcentagem

para a marca Mobly”, afirma Bechara.

Eletrônico da FecomercioSP, gastos com

de trocas. “Até hoje só tivemos um pro-

Os itens mais procurados são sofás e

troca podem representar até 3% do cus-

duto avariado que precisou ser troca-

mesas, com tíquete médio de R$ 600.

to mensal. “Essa porcentagem é relati-

do. E apenas dois casos de atraso em

vamente alta, porque quando se com-

três anos de empresa.”

Estímulo visual

pra produtos ‘commoditizados’, a troca

Apesar da ascensão do varejo de mó-

normalmente só deveria ocorrer em

A Mobly oferece até 30 dias para o

veis online, os números ainda são pe-

caso de problemas técnicos”, explica.

cliente efetuar a troca, além do período

quenos considerando o mercado total.

que exige o CDC. “É uma das principais

Acostumado a testar os produtos, tocar

O custo da entrega tem de prever a

alavancas para incentivar o consumo”,

nos objetos e observar de perto as cores

possibilidade de troca, seja por causa

conta o diretor. A empresa estuda a ins-

antes de efetuar uma compra, o brasi-

de defeitos, seja porque o cliente não

talação de centros de distribuição pelo

leiro é um público que precisa ser con-

gostou do produto – garantia dada

País para diminuir o tempo de entrega.

produto por vários ângulos, de maneira que o consumidor consiga perceber todos os aspectos do item. Além disso, a descrição deve ser detalhada, incluindo medidas, cor, peso, textura e tudo que for necessário para a mais completa visualização do artigo. Por

fim, o atendimento por telefone precisa ser treinado para tirar todas as dúvidas sobre os produtos. “A Mobly chegou a fazer algumas experiências com vídeos descritivos para itens mais visitados, mas não houve boa receptividade”, conta Bechara. O sócio da loja online de móveis e objetos decorativos Galatea, Luiz Câmara Lopes, revela que uma das maiores dificuldades na venda virtual é que as pessoas não conhecem a qualidade dos materiais. “Nossos móveis são diferenciados e os clientes veem isso, mas não conseguem entender completamente até ter o produto em mãos.” Dar atenção aos detalhes colabora para que o cliente não se arrependa da

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Otimizamos a cadeia produtiva, estimulamos negócios locais e fazemos com que cada grupo foque naquilo que faz melhor Luiz Câmara Lopes

sócio da Galatea

A resposta é explorar a imagem do

Foto: Divulgação

quistado. Como fazer isso a distância?


Pedro Guasti reforça que as empresas precisam cumprir o que prometem sob o risco de propaganda negativa na internet. “Se a produção não for realizada no tempo prometido, deve-se avisar o cliente antes e interagir depois caso haja atraso. Isso é receita básica para qualquer e-commerce.” Ele também aconselha seguir o modelo do mercado de moda e acessórios, por exemplo, que usa o casamento

cional de um computador. Isso permite

clientes. Caso haja aprovação e a

de produtos para ampliar as vendas.

aproximar o produto do cliente, dimi-

possibilidade de realizar o projeto,

“A mesma estratégia pode ser usada

nuindo custos e tempo. “Fazemos algo

ativamos um fornecedor próximo

no ramo de casa e decoração ao fazer

no mundo virtual que as pessoas não

ao cliente. “Otimizamos a cadeia

a oferta casada de uma estante com

conseguem fazer no mundo real.” O for-

produtiva, estimulamos negócios

um produto decorativo, estimulando

mato do negócio rendeu um prêmio de

locais e fazemos com que cada gru-

o consumo mais amplo."

inovação da Fundação Getulio Vargas

po foque naquilo que faz melhor. O

(FGV). A Galatea trabalha com cinco

fornecedor só produz e não precisa

empresas especializadas em entregas

ter uma sessão de desenvolvimento.

Logística A questão logística é um dos maio-

de móveis que operam em todo o Brasil.

O designer cria e ganha royalties so-

res desafios quando se trabalha com

“Se houver algum problema, elas têm

bre a venda”, explica Lopes.

e-commerce no Brasil. As grandes

seguro. O custo do frete é alto, mas vale

distâncias, a péssima qualidade das

a pena pagar o risco”, ressalta Lopes.

Graças a uma operação enxuta e um formato inovador que dispensa esto-

estradas e a falta de opções de outros meios de transporte aumentam os

Buscando público fora do eixo Rio–São

que, a empresa cresce a uma média

custos e os riscos. E ainda há a ques-

Paulo, onde se concentram as vendas,

de 350% ao ano. Mesmo não tendo ne-

tão da montagem.

a Mobly tem investido em um contro-

nhum investidor por trás.

le rigoroso dos processos logísticos. Há operadores logísticos especializa-

“Temos equipes que acompanham o

Já a Mobly, que conta com o apoio do

dos em transporte de móveis, mas o

desempenho de cada transportado-

fundo alemão Rocket Internet, pos-

desafio é equacionar preço e prazo.

ra durante as entregas para avaliar o

sui o projeto Mobly Decora, espaço

“Ao simular a compra de um colchão, o

nível de serviço”, conta Bechara. Além

de concorrência criativa entre arqui-

frete pode ser muito caro e inviabilizar

disso, metade das entregas no Sudeste

tetos. Os profissionais se cadastram

a compra, dependendo da distância”,

é feita por frota própria. “Acompanhar

no site da empresa por meio do pa-

afirma Guasti.

o trecking do produto em cada uma

gamento de R$ 400 e criam projetos

das etapas diminui a chance de atra-

para os clientes. As ideias aprovadas

sos”, ratifica Guasti.

são remuneradas com uma porcen-

A Galatea inova nesse setor com a produção on-demand descentralizada. Isso

tagem do valor final. “Temos mais de

foi possível graças ao mapeamento re-

Inovação

alizado por Lopes. Parceiros espalhados

Para se destacar das grandes em-

Bechara. A empresa ainda trabalha

pelo Brasil foram treinados e capacita-

presas do setor, a Galatea produz

no lançamento de um aplicativo 3D,

dos para produzir de maneira uniforme,

móveis próprios a partir da criação

que vai projetar os produtos da Mo-

independentemente de onde estiverem.

de designers que se cadastram no

bly no ambiente da casa em realida-

site e enviam a ideia. Para saber se

de aumentada. É a tecnologia apro-

A inspiração vem do bootstraping, pro-

o item tem apelo de mercado, a em-

ximando os ambientes virtual e real

cesso de inicialização de sistema opera-

presa abre a ideia para votação dos

40 arquitetos cadastrados”, afirma

em favor dos negócios. &

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AGENDA CULTURAL TEXTO priscila oliveira

Memórias Inapagáveis

Com curadoria de Agustín Pérez Rubio, a exposição lança um olhar histórico sobre o acervo do Videobrasil, resgatando episódios polêmicos e conflituosos a partir de perspectivas pessoais, em obras de 18 renomados artistas nacionais e estrangeiros, como Jonathas de Andrade, Rosângela Rennó, Akram Zaatari, Bouchra Khalili, Coco Fusco e León Ferrari.

Onde: Sesc Pompeia Rua Clélia, 93 – Vila Pompeia Quando: de 31/8 a 30/11. De terça a sábado, das 10h às 21h; aos domingos, das 10h às 19h Mais informações: (11) 3871-7700

Na quinta edição do projeto Vão, Waltercio Caldas propõe para o espaço do átrio a repetição ordenada de 30 estruturas construídas em aço inoxidável, criando linhas predominantemente horizontais – os horizontes artificiais. Fixadas nessas estruturas, quatro palavras se multiplicam e se dissolvem pelo ambiente, gerando a cada olhar novas camadas de planos e volumes.

Onde: Sesc Belenzinho Rua Padre Adelino, 1.000 – Belém Quando: de 28/8 a 30/11. De terça a sábado, das 9h às 21h; aos domingos, das 9h às 19h Mais informações: (11) 2076-9700

Vão | Mar de Exemplo

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paralaxe

Paralaxe – efeito de aparente deslocamento do objeto observado por meio da modificação na posição do observador – é o nome da proposta do artista Raul Zito nesta intervenção composta por dois murais fotográficos que mostram um sanfoneiro e um clarinetista transformados em seres fantásticos, personagens que provocam sensações de deslocamento, duplicidade, fantasia, reflexo e distorção.

Onde: Sesc Pinheiros Rua Pais Leme, 195 – Pinheiros Quando: de 15/9 a 14/12. De terça a sexta, das 10h às 22h; aos sábados e domingos, das 10h às 19h Mais informações: (11) 3095-9400

o dia em que sam morrreu

O espetáculo teatral dramatiza as escolhas éticas que definem o destino de seis pessoas que se cruzam nos corredores de um grande hospital. Nesse ambiente onde a higienização dos corpos parece ser regra, um olhar mais detido pode mostrar que o belo é podre, e o podre sabe ser belo. Qual a percepção desses personagens sobre o mundo e o tempo em que vivem? Como permanecer limpo em um mundo onde tudo pode ser relativizado, ou mesmo quando a vida muda radicalmente em um estalo? A direção é de Paulo de Moraes, com Jopa Moraes, Lisa Eiras, Marcos Martins, Otto Jr., Patrícia Selonk, Ricardo Martins e Ricco Viana.

Onde: Sesc Consolação Rua Dr. Vila Nova, 245 – Vila Buarque, São Paulo Quando: de 17/10 a 30/11. Às sextas, sábados e domingos, às 21h Mais informações: (11) 3234-3000

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ROTEIRO SP

TEXTO Priscila oliveira fotos EMILiano hagge

História preservada São Paulo guarda sítios arqueológicos que mostram como viviam os primeiros habitantes da cidade desde o século 17. Todos com visitação gratuita sítio da ressaca Rua Nadra Raffoul Mokodsi, 3 – Jabaquara Informações: (11) 5011-7233 Horário de funcionamento: de terça a domingo, das 9h às 17h A construção é de 1719, como indica a marcação na porta principal. A restauração foi iniciada em 1978 e inaugurada um ano depois. Atualmente, abriga exposições e atividades voltadas à memória da presença afro-brasileira na região de São Paulo, bem como as manifestações da cultura popular. A casa era parte de um enorme sítio, que na década de 1970 foi loteado e mais de um terço do terreno foi desapropriado para a construção da estação Jabaquara do Metrô.

Rua Guabijú, 49 – Tatuapé Informações: (11) 2296-4330 Horário de funcionamento: de terça a domingo, das 9h às 17h Localizada no bairro que dá nome à residência, a Casa do Tatuapé tem registros de sua existência desde 1698. Em meados do século 19, o sítio passou a ser uma olaria para a produção de telhas, mas, com a imigração italiana, também passou a produzir tijolos. Em 1980, uma parceria entre a Prefeitura de São Paulo e o Museu Paulista da USP deu início às obras para restaurar o imóvel, com o intuito de devolver as características originais.

Casa do Tatuapé 62

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Praça do Monumento, s/nº – Ipiranga Informações: (11) 2273-4981 Horário de funcionamento: de terça a domingo, das 9h às 17h Há quem acredite que a Casa do Grito seja a mesma que aparece no quadro Independência ou Morte. No entanto, a obra é de 1822, enquanto o documento mais antigo do imóvel é de 1844. O prédio foi restaurado em 1955 e, para deixá-la parecida com a casa do quadro de Pedro Américo, foi criada até uma janela falsa. Em 1981, outra restauração corrigiu os excessos das intervenções anteriores e o imóvel foi reinaugurado em 2008 e incorporado ao Parque da Independência.

Solar da Marquesa de Santos

Rua Roberto Simonsen, 136 – Sé Informações: (11) 3241-1081 Horário de funcionamento: de terça a domingo, das 9h às 17h Próximo ao Páteo do Colégio, o imóvel recebeu esse nome após ter sido o local onde a Marquesa de Santos realizava as mais famosas festas da aristocracia paulista no século 19, período em que era conhecido como Palacete do Carmo. Há indícios de que o prédio date de 1739, mas só há documentação a partir de 1802. O Solar teve a fachada principal modificada para um modelo neoclássico em 1880. Atualmente, o local abriga atividades museológicas e a sede do Museu da Cidade de São Paulo.

casa do grito

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A RT IG O POR romeu bueno de camargo

Dupla visita A

municipal deverão observar o princípio do tratamento diferenciado, simplificado e favorecido por ocasião da fixação de valores decorrentes de multas e demais sanções administrativas. Assim, considerando o complexo ce-

s microempresas e empresas

des a que estão sujeitas no início de

nário em que estão inseridas as mi-

de pequeno porte exercem importan-

suas atividades. Trata-se da aplicação

croempresas e empresas de pequeno

te função social, contribuindo de for-

do critério da “dupla visita”, que não

porte – classe empresarial mais impor-

ma relevante para a geração de renda

permite que o fiscal multe essas em-

tante do nosso País –, que, em muitos

e de emprego e para o desenvolvimen-

presas no primeiro momento em que

momentos, mostram-se enfraqueci-

to econômico.

realizar determinada fiscalização.

das diante das dificuldades surgidas

A concepção dessa atividade e a sua

Essa norma é de extrema relevância

didas como a contida no artigo 55 da

efetivação no mercado dependem de

para os empresários de microempre-

Lei Complementar nº 147 poderão au-

inúmeros fatores a que essas empre-

sas e tem natureza muito mais edu-

mentar as possibilidades de encontrar

sas estão sujeitas nos primeiros anos

cativa do que punitiva. Na maioria das

soluções viáveis para o constante cres-

de existência. Para que possam sobre-

vezes, as empresas não cumprem al-

cimento desse importante segmento

viver e promover o desenvolvimento, é

guma norma por falta de conhecimen-

indispensável que recebam uma aten-

to. A visita inicial deve servir para que

ção especial e um tratamento que lhes

sejam feitos os esclarecimentos pelo

permita superar os diversos obstácu-

fiscal, para que este proceda à devida

los e as dificuldades que prejudicam

orientação e para que o empresário

seu sucesso empresarial.

possa corrigir, em prazo razoável, de-

no cotidiano de suas atividades, me-

da nossa atividade econômica. &

terminados procedimentos consideraA Constituição Federal estabelece, em

dos irregulares.

seu artigo 179, que a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios de-

A regra deve ser aplicada relativa-

vem dispensar um tratamento dife-

mente aos aspectos trabalhista, me-

renciado às microempresas e às em-

trológico, sanitário, ambiental, de

presas de pequeno porte, nos termos

segurança e de uso e ocupação do

da lei. Nesse contexto, foi editada a Lei

solo. A fiscalização está autorizada a

Complementar nº 123, que estabeleceu

lavrar o competente auto de infração

as normas gerais relativas a esse trata-

somente se constatar falta de registro

mento diferenciado.

de empregado, fraude ou resistência à fiscalização. Além disso, a dupla fis-

Referido dispositivo legal trouxe, em

calização não deverá ser aplicada nos

seu artigo 55 (na redação que lhe foi

casos de processo administrativo fis-

dada pela Lei Complementar nº 147),

cal relativo a tributos.

importante ferramenta para que as microempresas e empresas de peque-

Os órgãos e as entidades da administra-

no porte possam superar as dificulda-

ção pública federal, estadual, distrital e

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edição 35 • novembro | dezembro • 2014

Romeu Bueno de Camargo, assessor jurídico da FecomercioSP


PROF ISSÕE S DO F U T U RO POR Bismarck Rodrigues

Exercícios para todos Pós-graduação do Senac-SP prepara profissionais de educação física com foco na saúde e no bem-estar de pessoas com necessidades especiais

O

e acompanhada por um profissional de educação física. Quem conclui a especialização se tor-

sedentarismo é, cada vez

desenvolve suas competências profis-

na apto a desenvolver programas cus-

mais, motivo de preocupação para a

sionais a partir do estudo e da práti-

tomizados, individuais ou em grupos.

saúde dos brasileiros. A falta de ativi-

ca de conceitos mais básicos de trei-

E o mercado para esses novos profis-

dade física na infância tem contribuído

namento e prescrição de exercícios.

sionais é vasto, como academias, clu-

para a maior incidência de doenças e de

“Focamos nos mecanismos fisiológi-

bes e clínicas, além de espaços tera-

obesidade, tanto infantil como adulta.

cos decorrentes de cada condição do

pêuticos, hospitais e condomínios. “O

De olho nesse cenário, o Senac-SP lan-

público específico e de implicações

mercado de trabalho está em alta, a

çou a pós-graduação em Atividades

do treinamento físico, como os bene-

prática de exercícios físicos como pre-

Físicas para Grupos Especiais.

fícios e malefícios de cada prescrição

venção e promoção da saúde vem sen-

de programas de exercícios”, explica a

do amplamente divulgada pela mídia

O curso é dirigido aos graduados em

coordenadora do curso, referindo-se à

e passou a fazer parte de planos de

Educação Física que pretendem se es-

dinâmica do programa de aulas.

ação e de programas do governo”, res-

pecializar em atividades físicas para

salta a coordenadora.

pacientes com doenças crônicas, ido-

Assim, o curso segue em linha com a

sos, gestantes e pessoas que necessi-

crescente importância do papel do

O curso é ministrado no Senac Santo

tem de cuidados especiais na hora de

profissional de educação física no

Amaro, onde os alunos contam com

praticar exercícios físicos. “Há um nú-

treinamento personalizado para dia-

laboratório de fisiologia do exercício e

mero significativo de brasileiros que

béticos, hipertensos, idosos, gestan-

com um centro esportivo para ajudar

exigem atenção primária no cuidado

tes, entre outros. A pós-graduação

no aprimoramento técnico, conside-

de doenças relacionadas aos hábitos

também prepara o educador para

rando as características dos compo-

de vida. Por isso, a prática de exercí-

ações preventivas, considerando que

cios físicos voltados à promoção e à

a atividade física regular é a melhor

prevenção da saúde é cada vez mais

forma de minimizar doenças não

valorizada e, consequentemente, di-

contagiosas. “A prática regular de

Pós-graduação em Atividades Físicas

fundida na mídia”, afirma a coordena-

exercícios físicos tem sido estratégia

para Grupos Especiais

dora da área de atividades físicas do

na prevenção de doenças como car-

Data | a partir do primeiro semestre de 2015

Senac-SP, Bartira Righetti.

diopatias, diabetes, dislipidemia, es-

Local | Centro Universitário Senac – Santo

tresse, ansiedade e depressão”, afir-

Amaro – Avenida Engenheiro

O curso foi idealizado como uma ex-

ma Bartira, lembrando que qualquer

Eusébio Stevaux, 823 – Jurubatuba

tensão da graduação, na qual o aluno

atividade física deve ser prescrita

Informações | (11) 5682-7300

nentes curriculares. &

edição 35 • novembro | dezembro • 2014

65


L I V ROS

Aulas de negócios

Mitos corporativos Um título de Master Business Administration (MBA) agrega valor ao currículo de um profissional. Mas, será que ele, de fato, fará alguma diferen-

Os inovadores

Linguagem corporal

A obra de Walter Isaacson conta a his-

O livro mostra como a linguagem cor-

foi ensinado nos programas de MBA

tória das pessoas que criaram o com-

poral impacta a capacidade dos líderes

representará algo quando um cargo

putador e a internet. Ele pondera que

em negociar, administrar a mudan-

de diretoria ou mesmo a presidência

ambos foram invenções coletivas, re-

ça, estabelecer a confiança, projetar

de uma grande organização estiver

sultados da colaboração de centenas

o carisma e promover a colaboração.

em jogo? Para o autor de Mitos Corpo-

de pessoas ao longo de décadas. Cada

Segundo a autora, a liderança é co-

rativos, Jorge Duro, a resposta negati-

inovador contribuiu com uma peça

municação em diversos níveis. Assim,

va é a mais provável, uma vez que as

nesse enorme quebra-cabeça, e cada

linguagem corporal se traduz por ad-

relações humanas cobrem um núme-

invenção inspirou gerações a levar

ministração do tempo, do espaço, da

ro muito grande de variáveis que não

adiante o projeto de um mundo conec-

aparência, da postura, do gesto, da

são ensinadas em sala de aula. Por

tado por meio de máquinas inteligen-

prosódia vocal, do toque, do cheiro,

meio de um texto acessível e didáti-

tes. O autor mostra em que medida foi

da expressão facial e do contato visu-

co, a obra apresenta novas perspec-

a colaboração entre equipes (mais do

al. Tudo isso colabora para uma lide-

tivas para qualquer um que deseja

que o gênio individual), que impulsio-

rança competente. Além de mostrar

crescer na carreira profissional sem

nou a maior revolução tecnológica da

como ser eficiente ao transmitir uma

se deixar levar pelos desafios invisí-

história. Os interessados em tecnolo-

mensagem, a obra orienta como de-

veis que aparecerão pelo caminho. O

gia encontrarão no livro o mapa das

codificar os sinais dos outros. "O mais

autor conta histórias para ilustrar al-

principais inovações das últimas dé-

curioso sobre a linguagem corporal é

guns casos e expõe a complexidade

cadas – do transístor ao microchip, do

que, muitas vezes, não sabemos como

das relações de poder, de autoridade

software livre à tela de toque.

estamos reagindo a ela", diz a autora.

e de hierarquia nas organizações.

Os Inovadores • Walter Isaacson

A Linguagem Corporal dos Líderes

• Companhia das Letras

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• Carol Kinsey Goman • Editora Vozes

edição 35 • novembro | dezembro • 2014

ça em médio e longo prazos? O que

Mitos Corporativos • Jorge Duro

• Portfolio-Penguin



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