25 ISSN 1983-1390
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revista comércio & serviços publicação da federação do comércio de bens, serviços e turismo do estado de são paulo
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139001
ANO 21 • Nº 25 • fevereiRO/marçO • 2013
Lu z ace s a São Paulo honra o t ít ulo de c id ade que não dor me, com negó c ios 2 4 hora s
Se tor terci á r io Em Gu ar ulhos, na Grande São Paulo, comérc io e ser v iços são resp onsáveis p or 67 % do PIB
O poder da infância O mercado infantil movimenta R$ 50 bilhões anualmente e cresce 14% ao ano. Um negócio de gente grande
S aú de no tr a b a l ho Empresa s aumentam a pro dut iv id ade de seu s qu adros ao c uid arem do bem- es tar
De ol hos a bertos O setor de óticas segue aquecido com grifes tradicionais e grandes redes
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C A RTA AO L EI TOR
Tamanho não é documento O mercado infantil movimenta R$ 50
famosa por abrigar o aeroporto inter-
bilhões anualmente e cresce 14% ao
nacional de Cumbica, fazendo um raio
ano. Não é de hoje que as crianças mo-
X da região nas páginas a seguir.
Presidente Abram Szajman Diretor Executivo Antonio Carlos Borges
tivam as compras. Vestuário, calçados, brinquedos e material escolar – quan-
Entre outros assuntos desta edição, des-
do frequentam as aulas – são artigos
taca-se a discussão de como escolher o
sempre presentes, mas o consumo so-
sócio ideal para alavancar os negócios.
fistica-se cada vez mais: aparelhos ele-
Especialistas dão dicas para evitar ar-
trônicos já fazem parte do dia a dia dos
madilhas na hora de compor parcerias.
pequenos. A capa desta C&S desvenda
Muitos decidem iniciar os negócios por
esse nicho do comércio.
meio de franquias, em razão do modelo de gestão já padronizado. Elas estão
Outra preocupação dos pais que acom-
presentes em muitos ramos, entre os
panham o crescimento dos pimpolhos
quais as óticas, que ainda se mostram
até a idade adulta é com a educação. E
bom negócio, com lojas próprias.
o aprendizado de novo idioma é garantia de mais oportunidades no mercado
Outro tema é a importante gestão da
de trabalho. Nesta edição, Leonardo
saúde dos empregados, com destaque
Cirino, da rede CNA, é o entrevistado.
para a análise do dr. Michael O’Donnell,
Ele fala sobre essa atividade vigorosa
fundador, presidente e editor-chefe do
e competitiva, que oferece amplas op-
American Journal of Health Promotion,
ções ao consumidor.
que esteve presente no 2º Seminário “Promoção de Saúde nas Empresas”, pro-
Também para atender à demanda, São
movido pelo Instituto de Estudos de Saú-
Paulo concentra os mais diversos ser-
de Suplementar (IESS), no Rio de Janeiro,
viços durante 24 horas. Apenas uma
no ano passado. E para manter o bem-
padaria que aderiu a esse modelo de
-estar, a água é imprescindível. O brasilei-
funcionamento vende mensalmente
ro conscientizou-se da sua importância:
2,4 mil bufês de café da manhã, 18 mil
atualmente, o mercado inova, lançando
cafés expressos, 3,2 mil sopas, 9 mil bo-
águas premium e com sabor, para o con-
las de sorvete e 15 mil coxinhas. A cidade
sumidor com sede de novidades.
que não dorme deixa acesa as chances do bom negócio.
Atualize-se, ainda, sobre os avanços do mercado de tecnologia
Mas não é apenas a capital paulista
com a chegada do 4G. Pesquisas
que mostra sua pujança. A Grande São
apontam que 51% dos donos
Paulo abrange Guarulhos, município
de dispositivos móveis
outrora industrial, onde hoje comércio
esperam passar no fu-
e serviços respondem por 67% do PIB.
turo mais tempo on-
São mais de 17 mil estabelecimentos
-line do que hoje. Será
formais, de diversos ramos, incluindo
Matrix
grandes redes. C&S esteve na cidade,
realidade?
4
tornando-se
2013 • edição 25 • fevereiro / março
Conselho Editorial Ives Gandra Martins, José Goldemberg, Renato Opice Blum, José Pastore, Adolfo Melito, Paulo Roberto Feldmann, Pedro Guasti, Antonio Carlos Borges, Luciana Fischer, Luiz Antonio Flora, Romeu Bueno de Camargo, Fabio Pina e Guilherme Dietze Editora Diretor de conteúdo André Rocha Editora executiva Selma Panazzo Editora assistente Denise Ramiro Projeto gráfico atendimento@tutu.ee Editores de Arte Clara Voegeli e Demian Russo Chefe de Arte Carolina Lusser Designer Kareen Sayuri Assistentes de Arte Camila Marques e Lais Brevilheri Publicidade Original Brasil - Tel.: (11) 2283-2359 comercioeservicos@originaldobrasil.com.br Colaboram nesta edição Adolfo Melito, Adriana Carvalho, Andrea Ramos Bueno, Didú Russo, Enzo Bertolini, Filipe Lopes, Gabriel Pelosi, Hebert Carvalho, Juliano Lencioni, Marina Garcia, Patricia Büll, Priscila Silva, Thais Telezzi, Thiago Rufino Fotos Alline Tosha e Ed Viggiani Jornalista responsável André Rocha MTB 45653/SP Impressão Gráfica IBEP Fale com a gente cs@fecomercio.com.br Redação Rua Itapeva,26, 11º andar Bela Vista - CEP 01332-000 - São Paulo/SP Tel.: (11) 3170 1571 Permitida a transcrição de matéria desde que citada a fonte. Registro Civil de Pessoas Jurídicas, Livro B-3, sob o número 2904. Nota: as declarações consubstanciadas em artigos assinados não são de responsabilidade da FecomercioSP.
Abram Szajman
Presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), entidade que administra o Sesc e o Senac no estado
ÍNDICE
18
Pequenos grandes clientes
O vigoroso mercado infantil cresce 14% ao ano
8
Leonardo Cirino
Diretor nacional do CNA conta os segredos do sucesso da rede
São Paulo a qualquer hora
título de cidade que nunca 14 Odorme é merecido
26
28
32
38
42
Conheça como funciona o Crowdfunding Adolfo Menezes Melito analisa as vantagens e o avanço da nova plataforma
Hora de apertar as mãos
escolha do parceiro de negócio 46 Apode significar o sucesso ou o fracasso
52
Conexão em alta velocidade
AGENDA
60 CULTURAL
Guarulhos: potência paulista O município na Grande São Paulo é o oitavo de maior PIB do País
MIXLEGAL
39
ECONOMIX
62
Roteiro SP
Os desafios do vinho no Brasil
64 Didú Russo ressalta que o setor de vinhos ainda precisa unir-se
65 Profissão do futuro
A importância da saúde do funcionário Programas podem garantir o bem-estar dos empregados e aumentar a produtividade
O consumidor coloca cada vez mais água na sua dieta
56 Rede 4G chega ao mercado de dispositivos móveis
Olho no olho
O setor de óticas destaca-se por renomadas franquias e redes tradicionais
O Brasil que tem sede
66
O verão do comércio
2013 • edição 25 • fevereiro / março
5
Meu plano de saúde não cobre o médico e o hospital que eu prefiro me tratar. E agora?
Empregador do Comércio: não se preocupe. Com a parceria da FECOMERCIO-SP com a Qualicorp, os planos de saúde que oferecem os melhores médicos, hospitais e laboratórios do Brasil já estão ao seu alcance.¹
Amil:
Bradesco:
Golden Cross:
Life:
SulAmérica:
Omint:
Qualicorp Adm. de Benefícios:
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50% mais baratos.2
Ligue e confira:
0800 799 3003 ou acesse www.qualicorp.com.br
¹ A comercialização dos planos respeita a área de abrangência das respectivas operadoras. ² Em comparação a produtos similares no mercado de planos de saúde individuais (tabela de janeiro/2013 - Omint). Planos de saúde coletivos por adesão, conforme as regras da ANS. Informações resumidas. A cobertura de hospitais e laboratórios, bem como de honorários profissionais, se dá conforme a disponibilidade da rede médica e as condições contratuais de cada operadora e categoria de plano. Condições contratuais disponíveis para análise. Fevereiro/2013.
EN T R E V ISTA
L eona r do Cir ino,
diretor nacional de marketing do CNA
Por Andrea Ramos Bueno fotos Alline Tosha
o sucesso que nasceu
por acaso A
s vendas porta a porta aumen-
O diretor nacional de marketing da
tavam e um dos vendedores atingia
marca, Leonardo Cirino, conversou
metas bastante expressivas. Ao inves-
com a C&S, contando mais da história,
tigar o motivo do sucesso do integran-
da filosofia e dos planos de expansão
te de sua equipe de vendas, Luiz Gama
da empresa. Atualmente, a marca en-
descobriu que estava com um proble-
sina idiomas a 550 mil pessoas em 527
ma: o homem que mais vendia livros
escolas, em 26 unidades da Federação,
prometia aos consumidores aulas gra-
não atuando apenas em Roraima.
tuitas de inglês, caso os estudantes não conseguissem aprender. As aulas
Das unidades, seis são próprias e as
não existiam e, para evitar a confusão,
demais são geridas pelo sistema de
a solução foi contratar uma professora
franquia. Nos últimos três anos, foram
para os interessados.
abertas cerca de 200 unidades com a bandeira CNA, a cada 12 meses. O fatu-
Assim, foi aberta uma sala de aula no 12º
ramento da marca para este ano está
andar de um prédio no centro de Porto
estimado em R$ 775 milhões.
Alegre que, posteriormente, se tornaria
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uma rede de escolas de idiomas presen-
Na sede administrativa nacional do
te em todo o País. O negócio andou de
CNA, em um prédio de 11 andares, no
vento em popa. Em seis meses, a esco-
Paraíso, zona sul da capital paulista,
la reunia 2.400 alunos. Empreendedor,
Cirino explicou por que a marca cresce
Gama viu que, a partir de uma mentira,
tanto e o modelo de gestão escolhido
novo negócio estava surgindo...
pela escola é vitorioso.
Ao completar 40 anos de existência, uma grande escola de idiomas do País conta como Luiz Gama, um vendedor de livros de inglês, criou o CNA, uma das maiores franquias de escolas de línguas, com muita coragem e visão empreendedora
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Nosso negócio é gestão de rede. O objetivo não é ter escolas próprias. Tanto que, em São Paulo, possuímos apenas duas, uma na Vila Mariana e outra na Liberdade, isso para testar produtos, serviços e também para não perder o que chamamos de umbigo no balcão
“
“
L eona r do Cir ino,
diretor nacional de marketing do CNA
C&S A
partir de Porto Alegre, como surgiram outras unidades do CNA?
Leonardo Cirino O senhor Luiz é autodidata, grande empreendedor. Ele foi seguindo aquilo que toda agência determina em planejamento estratégico. De Porto Alegre, foi para o Paraná, depois entrou em São Paulo, por Campinas, porque entendia que o estado era fortíssimo, mas que ele ainda não tinha musculatura para se instalar na capital paulista. Quando se sentiu mais confiante, abriu a primeira escola em São Paulo, no bairro da Liberdade, que até hoje é uma unidade própria da marca. Uma vez, quando já tinha 14 escolas na cidade, recebeu uma carta de uma professora de Charqueadas, no sul do País, dizendo que tinha achado interessante o material didático dele e pediu permissão para poder utilizar. Ela dava aula na sala de casa... Isso deu outra ideia ao senhor Luiz: “Será que não posso começar a mandar meu material didático para terceiros? Deixa entender como está esse mercado”. Depois de um anúncio feito numa revista, recebeu 75 pedidos de utilização da marca. Isso foi na década de 1980. Uma antevisão da franquia.
Qual é o modelo de negócio do CNA? Franquia ou loja própria?
mente porque somos hoje uma das
dos meus alunos. E tem uma relação
economias mais fortes do mundo,
direta, porque se formos pegar na
Nosso negócio é gestão de rede. O ob-
que ainda há 97% de demanda. Te-
pirâmide do Brasil, essa idade signi-
jetivo não é ter escolas próprias. Tanto
mos uma participação tão pequena,
fica 43% do País. E para se ter escala,
que, em São Paulo, possuímos apenas
como dizemos, em um País que hoje
para gerar mais de 500 alunos por
duas, uma na Vila Mariana e outra na
é foco mundialmente. E é nesse País
escola, que é a média que a gente
Liberdade, isso para testar produtos,
que a minha marca é conhecida. En-
exige do franqueado e trabalha para
serviços e também para não perder o
tão, o lugar onde mais vou rentabili-
que ele tenha esse número, preciso
que chamamos de umbigo no balcão.
zar o negócio é o Brasil.
focar no que é a base do País. Atual-
Se você de fato sabe gerir um negócio,
mente, a classe A já coloca seu filho
tem de provar para a rede, até mesmo
Em 2013, possuímos 200 unidades em
numa escola bilíngue desde o início
com um modelo, que seu discurso
processo de implantação. É como dizer
da alfabetização. Então, a chance
também vira prática.
que a cada um dia e meio a gente tem
dessa criança necessitar de um CNA
de abrir uma escola. Então, é um pro-
ou de outra marca é muito menor a
Nosso dia a dia nesse prédio, como
cesso bem agressivo que a marca está
médio e longo prazos.
franqueador, é cuidar de uma rede,
vivendo no ano. Acreditamos que há
e não atender alunos. Porém, para
potencial para até o período da Copa
encarregar-se de lojas franqueadas,
do Mundo e da Olimpíada estar em
E para a terceira idade? Há cursos para esse público?
tem-se de dominar e entender melhor
torno de mil unidades em operação.
A marca não tem foco para a tercei-
o consumidor do que seu franqueado, senão ele não vai lhe ouvir. Temos uma
ra idade. O que ocorre é que nosso curso adulto é totalmente adequa-
tem de ser farol. É preciso mostrar
Os 3% que estudam ou já estudaram inglês são pessoas que ainda podem voltar, não?
para a rede qual o melhor caminho.
Eles precisarão voltar. A gente perce-
não é quantitativo, é mais qualitati-
be uma coisa interessantíssima, que
vo, de pessoas da terceira idade que
Em termos de expansão, quais as possibilidades para a marca?
antes o brasileiro fazia inglês para
nos procuram para aperfeiçoar-se e
sair do Brasil, pelo sonho de traba-
continuar no mercado de trabalho
Hoje, 3% da população brasileira está
lhar numa multinacional. Hoje em
ou para viajar. Os cursos que chama-
cursando outro idioma. Temos 97% de
dia, as pessoas estudam a língua
mos de salva-vidas ou aulas vip para
share para ser conquistado ainda. Os
para ficar no País. Atualmente, 70%
uma viagem, para uma situação es-
3% que estudam ou que terminaram
dos alunos de idiomas do CNA e de
porádica é o que hoje mais traz esse
um curso, ao serem testados, numa
outras marcas param o curso no in-
consumidor para a escola.
escala de 0 a 10, recebem nota 2,9. En-
termediário. Por quê? Com o nível
tão, até os 3% que estão cursando em
intermediário de idioma, eles arru-
teoria são clientes em potencial, por-
mam bom emprego no Brasil, con-
que ainda falta muito para o brasileiro
seguem se virar numa ligação, numa
de fato dominar o segundo idioma.
apresentação. Quando decidem sair
fala no franchising que o franqueador
do a essa faixa etária. Então, temos percebido um movimento que ainda
do País, têm de ter fluência, maior
Qual foi o reflexo da ascensão da Classe C nos negócios do CNA? Vocês conseguem mensurar esse crescimento? Como foi nos últimos anos?
Os planos de expansão da marca incluem outros países? A instalação de unidades na América Latina faz parte da estratégia de crescimento?
domínio, aí voltam a estudar.
A ascensão da classe C é um dos
Hoje, o objetivo da marca não é tra-
grandes motores para tudo o que
Qual o perfil do aluno do CNA?
está ocorrendo na economia brasi-
Hoje, o Brasil é um País de jovens
leira. No entanto, a revolução dessa
adultos. A geração Y é o foco do CNA
classe no quesito educação ainda
e de qualquer outra marca. Quan-
não se deu. E é normal. As pessoas
balhar a internacionalização com a
do pego esse adolescente virando
ainda estão comprando bens durá-
abertura de outras escolas. Exata-
adulto, até os 35 anos, tenho 70%
veis que nunca tiveram.
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L eona r do Cir ino,
diretor nacional de marketing do CNA
Voltando ao perfil dos alunos. Normalmente, os que vêm do ensino médio, de escola pública ou de uma escola que não tenha uma qualidade tão elevada têm nível baixo de inglês. Como que é isso dentro do CNA, como vocês administram essas diferenças?
midor). No B2B, perguntamos por que
voltado para a Copa das Confederações,
escolher o CNA em vez de outra marca?
Copa do Mundo e Olimpíada.
A cada empresário que entra para nos-
Não tenho esse consumidor chegando
so time, fazemos questão de bater um
com o discurso de Copa, o que também
papo, até para entender por que nos
é natural, porque a gente nunca chega
escolheu. Primeiro, olhou para todo o
dizendo “vim aqui porque a Copa está
mercado e então não escolheu fast food
chegando”. Não é isso, mas temos perce-
Pegar alguém que não entenda nada
e, sim, educação e queremos entender
bido é que antes de a Copa do Mundo ser
de inglês, não tem problema, estamos
o porquê. Daí, em educação, olhou para
moda, e estar no grande holofote, esse
aqui para isso. O que se percebe é que
cursos e, por fim, optou por idiomas.
aumento já estava existindo em idio-
esse aluno chega com deficiência não
E quando olhou para idioma, viu dez
mas. O que estou querendo dizer é que é
só do idioma. Então, ele tem uma quali-
marcas e escolheu o CNA.
uma somatória, não são particularmen-
ficação um pouco inferior. É mais desa-
te esses eventos que estão movimentan-
fiador para a área pedagógica ajudá-lo
Para o consumidor final (B2C), a marca
a ter compreensão de outro idioma.
CNA tem uma preocupação e um zelo pedagógico absurdos. Nossa metodo-
do esse mercado, mas também são eles.
O que temos feito nos últimos anos é
logia é comunicativa, faz com que atra-
qualificar ainda mais nossos profes-
vés da conversação, das habilidades
sores, que vão lidar com essa situação
de compreensão e leitura, os alunos
em sala de aula, para que ele consiga
aprendam. Isso gera uma aula mui-
Tem muito mais a ver com aquilo que falou no início, que o Brasil é a bola da vez, as pessoas estão em condições e mais abertas para isso...
suprir as necessidades desse aluno. A
to mais descontraída, bem mais leve.
E vendo oportunidades. E enxergar seu
marca possui horários disponíveis para
Quando pergunto para o aluno CNA,
amigo que fala inglês ganhar o dobro
plantão de dúvidas, que chamamos de
principalmente do nível avançado, por
que você. Se perguntar quando que es-
SOS, a fim de dar a estrutura que esse
que ele está aqui há x anos, o que mais
tourarão as escolas para a Copa, diria
aluno talvez ainda não tenha, a fim de
ouço é “eu adoro o clima do CNA, o âm-
que no fim de 2013, início de 2014, por-
que consiga acompanhar o curso.
bito de sala de aula, o quanto é leve
que aí temos essa postura mais imedia-
aprender. E, principalmente, o quanto,
tista. Principalmente, porque o CNA e as
Quem elabora o material didático de vocês?
de fato, estou aprendendo”.
outras marcas já lançaram seus cursos
Temos um diretor de educação. Um an-
de autores. Existe um departamento in-
E os grandes eventos esportivos? Vocês têm alguma estratégia de cursos especiais, de marketing, de mercado? Como o CNA está se preparando para isso?
teiro só para cuidar da área pedagógica.
Esses eventos estão chegando, esse País
dar inteiro aqui deste prédio é só editorial. Há os responsáveis para cada produto, para cada nível do idioma. Temos times
rápidos, salva-vidas para atender a esse consumidor. Então, ele vai esperar o último momento para poder qualificar-se.
é a bola da vez, capa de revista, manche-
Qual a projeção de vocês para os próximos anos, contando com a demanda que pode surgir devido aos grandes eventos esportivos?
É feito tudo aqui no Brasil?
te dos grandes jornais e de TV. Mas o
Este ano, vamos ter um crescimento
Tudo aqui no País.
brasileiro ainda tem uma postura muito
de 29% em B2B, com mais 150 escolas.
imediatista. No ano passado, lancei um
Em B2C, estimamos aumento de 15%.
Qual é o diferencial do CNA em relação a outras escolas de idiomas?
produto chamado CNA Hello, que é exa-
Devemos fechar com faturamento
tamente um curso de turismo receptivo.
de R$ 775 milhões. Até o fim da Copa
Ele serve para quem? Para recepcionis-
e da Olimpíada, esperamos ter do-
O principal diferencial da marca é tan-
tas de hotéis, garçons, vendedores de lo-
brado a base de alunos e de estabele-
to o B2B (empresa) como o B2C (consu-
jas. Então, fizemos um curso totalmente
cimentos em funcionamento &
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OPORT U NIDA DE S POR Filipe Lopes ILUSTRAÇÕES COSTADOS
São Paulo a qualquer hora A cidade famosa por nunca dormir demonstra na diversidade de serviços 24 horas que, de fato, a maior metrópole brasileira não para ao cair da noite
A
cordar, tomar bom café em
os serviços disponíveis estão: chaveiros,
uma padaria tradicional, ir à aca-
cabelereiros, manicures, pet shops, far-
demia, almoçar em um restaurante
mácias, supermercados, restaurantes,
francês ou vegetariano, de sobreme-
autopeças, lava-rápidos, academias, den-
sa saborear bela fatia de bolo na sua
tistas, cafés, padarias, bancas de jornal,
doceria predileta, levar o animal de
dedetizadoras e muitos outros. O site
estimação ao pet shop e jantar em
guiasaopaulo24horas.com.br – guia
uma cantina italiana, com excelen-
on-line que permite realizar buscas
te vinho para acompanhar. Esse po-
por comércios e serviços 24 horas em
deria ser um dia comum na vida de
toda a cidade – lista mais de mil es-
qualquer brasileiro, em alguma das
tabelecimentos que funcionam full
capitais do País. É certo. Mas, em São
time na cidade. “São Paulo é uma das
Paulo, essa experiência pode ocorrer
maiores cidade do mundo em servi-
a qualquer hora do dia e da noite. A
ços 24 horas, podendo ser até mesmo
cidade mais populosa do Brasil (11,3
maior que Nova York. Ela tem voca-
milhões de habitantes), que faz jus à
ção para isso, pois obriga os serviços
fama de “nunca parar”, oferece uma
a terem esse ritmo frenético. O pau-
infinidade de serviços e comércios
listano dorme cada vez menos e exis-
24 horas, que permitem aos paulis-
tem muitas pessoas que trabalham
tanos trocar o dia pela noite, sem
durante a noite ou simplesmente
mudar sua rotina.
gostam de fazer as coisas nesse período, quando a cidade está mais
As atividades que os paulistanos podem
tranquila”, afirma Dalton Germano,
usufruir seguem noite adentro. Entre
jornalista e idealizador do site.
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OPORT U NIDA DE S
São Pau lo a q u a lq uer hor a
A diversidade também mostra que
3 horas da manhã, entregaremos às 3
Bella Paulista. Aberta 24 horas, recebe
o paulistano está cada vez mais exi-
em ponto” afirma Gilberto Ângelo, pro-
em média 8 a 9 mil consumidores por
gente e faz questão de consumir pro-
prietário do estabelecimento.
dia e oferece cardápio extenso, com massas, sorvetes, salgados, lanches,
dutos e serviços de qualidade a qualquer hora. “Além de existirem muitas
O cardápio do Sattva é naturalista ve-
vinhos, entre outros. Localizada nos
opções, a variedade que São Paulo
getariano e com opções veganas (sem
arredores da Avenida Paulista – uma
oferece é impressionante. Você pode
a presença de carne animal), oriundo
das mais movimentadas da capital –, a
usufruir desde um restaurante italia-
das culinárias: indiana, francesa, ita-
casa foi inaugurada em 2002. “A ideia
no, uma academia, até ir a uma banca
liana, brasileira, chinesa, grega e rus-
de abrir 24 horas surgiu pela própria
de jornal. Nesse momento, São Paulo
sa. “Temos uma central de atendimen-
necessidade da região e pelo feedback
é imbatível”, pondera Germano.
to 24 horas, onde registramos pedidos
dos clientes. Durante o dia, o público é
on-line ou por telefone. Em seguida,
mais empresarial, passando para mais
O gosto refinado dos paulistanos fez
nossa central entra em contato com
variado e jovem no período da tarde
com que o restaurante vegetariano
o cliente confirmando item por item
e da noite e mais descolado durante
Sattva, um dos pioneiros do segmento
do pedido, e assim ele recebe certinho
a madrugada, com o pessoal que vai
no Brasil, adotasse o sistema de deli-
na data e hora agendadas na entrega”,
ou sai da balada”, diz Fabrício Resende,
very para seus clientes. Desde sua fun-
destaca Ângelo. Ainda segundo ele, o
gerente da Bella Paulista.
dação, em 1976, a casa disponibiliza o
restaurante recebe em média 300 pe-
serviço 24 horas para atender as neces-
didos durante a madrugada.
De quinta a domingo, a padaria concentra seu público da madrugada e os
sidades dos clientes, “o melhor horário deles é nosso melhor horário, se nosso
Outra opção gastronômica que o
pedidos que mais saem são lanches,
cliente só pode receber alimentação às
paulistano pode apreciar é a padaria
principalmente, beirutes. “Nosso público desse horário é mais de quem saiu da balada ou simplesmente aquele que quer comer alguma coiAlém dos lanches, a Bella Paulista ven-
Além de existirem muitas opções, a variedade que São Paulo oferece é impressionante. Você pode usufruir desde um restaurante italiano, uma academia, até ir a uma banca de jornal. Nesse momento, São Paulo é imbatível
Idealizador do guia São Paulo 24 horas
16
2013 • edição 25 • fevereiro / março
Foto: Divulgação
Dalton Germano
“
“
sa na madrugada”, pondera Resende.
de todo mês 2,4 mil bufês de café da
o serviço”, afirma Verena Marques Pe-
Apesar da variedade, a maioria dos ser-
manhã; 18 mil cafés expressos; 3,2 mil
res, médica veterinária clínica e cardio-
viços está concentrada na região cen-
sopas; 9 mil bolas de sorvete e 15 mil
logista. O sucesso do serviço pode ser
tral da cidade. As extremidades ainda
coxinhas, entre outros números.
identificado pela frequência dos aten-
contam com poucas opções de esta-
dimentos: o hospital recebe pelo me-
belecimentos 24 horas e esse público
Não é apenas de serviços de gastrono-
nos um cliente por dia, para tratar uma
tem de optar por serviços de delivery
mia que o paulistano está servido de-
emergência. “Depois da meia-noite,
ou depender de automóvel próprio ou
pois da 0 hora. O hospital veterinário
disponibilizamos apenas atendimento
táxi para ir até o centro de São Paulo, já
Tigre D’Água garante, dia e noite, a saú-
clínico e emergências”, explica Verena.
que o transporte público não funciona
de dos animais domésticos. Inaugurado
durante toda a madrugada. Um exem-
em 1994, o estabelecimento conta com
A estética também tem espaço na
plo disso é o número discrepante de es-
serviços de pet shop, banho, tosa e hotel
madrugada paulistana. O salão de be-
tabelecimentos localizados no Centro
para animal de pequeno, médio e gran-
leza DeRo oferece serviços 24 horas,
em relação aos situados na Zona Leste
de portes. Ficam de plantão três veteri-
como cortes de cabelo masculino e
da capital. De acordo com o site guiasa-
nários, que se revezam para monitorar
feminino, escova, manicure/pedicu-
opaulo24horas.com.br, de 32 padarias
24 horas os animais que necessitam de
re, depilação, alongamento de cabelo,
que funcionam 24 horas em São Paulo,
internação e cuidados especiais. Além
design de sobrancelhas, entre outros.
apenas três estão localizadas na região
disso, oito veterinários especialistas
Com hora marcada, o cliente pode ser
leste. “Mesmo que ainda timidamente,
com um clínico buscam o diagnóstico
atendido a qualquer hora do dia e da
os estabelecimentos da periferia estão
precoce das doenças para um trata-
noite. O serviço começou a funcionar
percebendo o potencial que os serviços
mento mais eficiente. O hospital conta
no início de 2008 e surgiu da neces-
24 horas têm e começando a investir”,
ainda com serviços de acupuntura, car-
sidade de atender um público que
avalia Germano.
diologia, cirurgia, fisioterapia, neurolo-
trabalha durante o dia e tem apenas
gia, ortopedia, oftalmologia, oncologia,
o período noturno ou a madrugada
O idealizador do site também sente fal-
além de exames laboratoriais, ultras-
para cuidar da estética.
ta de alguns serviços que ainda não dis-
sonografia, raio x, eletrocardiograma, ecocardiograma e anestesia inalatória.
põem de atendimento 24 horas. “Ainda Mas durante a madrugada você aca-
carecem serviços como atendimento
bou quebrando um dente ou está
em caixa nos bancos, grande papelaria,
O atendimento 24 horas começou em
com aquela dor de dente que não lhe
lojas de presentes e boa livraria”, pon-
2010 e trouxe aumento de 20% na re-
deixa dormir? Não se preocupe, a ci-
dera Germano. Porém, ele espera que
ceita do hospital veterinário. “Tivemos
dade conta com mais de 15 opções de
dentro em breve as necessidades dos
bom feedback, principalmente em rela-
clínica odontológica espalhadas pelos
paulistanos irão acelerar a abertura
ção aos clientes antigos. A maioria dos
quatro cantos da capital, que funcio-
desses serviços. “A tendência é que em
nossos clientes necessitava de cuidados
nam 24 horas. Só perde uma noite de
pouco tempo teremos também esses
intensivos e optamos por disponibilizar
sono com dor de dente quem quiser.
serviços à disposição.” &
2013 • edição 25 • fevereiro / março
17
C A PA POR patricia Büll fotoS alline tosha ILUSTRAÇÕES carolina lusser
pequenos
grandes clientes O mercado de produto infantil ĂŠ um dos mais ativos na economia brasileira. AlĂŠm de movimentar R$ 50 bilhĂľes anualmente, cresce a uma velocidade de 14% ao ano
C A PA
Peq uenos g r a ndes cl ientes
N
ada mal quando comparado
ao crescimento médio do País, de pouco mais de 3,5% ao ano na última década. Outra boa notícia é que a relação das crianças com o consumo mudou e elas têm uma participação importante nessas cifras: se há alguns anos eram meras expectadoras na hora das compras, hoje participam ativamente da tomada de decisão. Mais do que influenciador, o público infantil transformou-se em decisor de compra. “As crianças antes pediam iogurte para a mãe, por exemplo. Hoje, elas dizem que querem o iogurte que tem determinado personagem, que faz parte de um desenho tal que ela viu na TV”, explica Lusia Nicolino, diretora de Marketing e Inovação do instituto de
De acordo com Jefferson Silva, coorde-
aos centros de compra elas passam
pesquisa QualiBest, que concluiu em
nador de Homescan da Nielsen, essa
de acompanhantes dos pais para par-
outubro o painel QPainel Kids & Teen,
participação da criança se dá especial-
ceiras ativas. “Em primeiro lugar, a
mapeamento feito com consumidores
mente em bens de consumo não du-
criança vem ao shopping em busca
de 8 a 12 anos que participaram de en-
ráveis, mas tem crescido também em
de entretenimento. Porém, na hora
trevistas, bate-papos e blogs on-line,
itens mais sofisticados, como roupas,
em que circula pelos corredores pas-
mostrando a forma como se relacio-
calçados e brinquedos. Nos corredo-
sa a interagir com seus familiares,
nam com as marcas. Segundo Lusia, a
res de shoppings é comum deparar-se
seja para escolher o restaurante onde
principal conclusão em relação a esse
com essa nova posição da criança. Se-
farão a refeição, opinar em relação
consumidor é que para conquistá-lo, o
gundo Fábio de Sousa Médici, superin-
à roupa ou ao sapato que a mãe vai
caminho mais fácil é o licenciamento
tendente do Central Plaza Shopping,
comprar para ela”, diz Médici.
de personagens, filmes ou desenho.
a criança de hoje é integrante ativa da sociedade e exerce, entre outros
Não por acaso, cada vez mais as ações
O estudo apontou que 35% das crian-
papéis, a função de consumidores de
de marketing dos shoppings são vol-
ças vão de forma rotineira aos super-
produtos e serviços que atendam às
tadas justamente para os pequenos.
mercados com seus pais. Dessas, 60%
suas necessidades. “Nesse contexto,
De acordo com Médici, o Central
sempre pedem que eles comprem al-
os pais, na maioria das vezes, respei-
Plaza Shopping preocupa-se em ofe-
guma coisa e 30% geralmente são ou-
tam essa necessidade e participam
recer uma gama de serviços e lazer
vidos. “O que percebemos é que é mais
como provedores daquilo que elas
que atenda às necessidades de toda
comum que os pedidos sejam atendi-
buscam”, afirma.
a família. Mas ele reconhece que o
dos quando as crianças estão junto
marketing concede ações que des-
dos pais no momento da compra, mas
Não se trata, entretanto, de minia-
pertam interesse do pai, da mãe e da
mesmo quando a solicitação é feita
dultos. Essas crianças ainda gritam
criança em ir ao centro de compra.
em casa, os adultos cedem e efetuam
e correm encantadas olhando as vi-
“Em 2012, por exemplo, trabalhamos
a compra”, explica Lusia.
trines, mas nos passeios de família
várias oficinas e ações lúdicas para o
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2013 • edição 25 • fevereiro / março
Dinamara Zeppelini Reple
Dona da loja Buticaba Coisas de Crianças
público infantil, além de outras brincadeiras sazonais, como férias, festa junina, Dia das Crianças e, no fim do ano, a chegada do Papai Noel”, diz. No Shopping Butantã, não foi diferente. O centro de compras realiza ações de marketing voltadas especificamente para crianças, mas de olho nos pais, já que, pelo menos até os 12 anos, é na companhia deles que a ida ao shopping se dá. De acordo com a assessoria do estabelecimento, a estratégia é para que a família participe e possa usufruir das ações de entretenimento e lazer que o espaço oferece, ao mesmo tempo em que incrementa as vendas.
Essa roupa eu não quero Dona da loja Buticaba Coisas de Crianças, Dinamara Zeppelini Reple vivencia todos os dias o poder de decisão das crianças. “Elas cada vez mais sabem o que querem. E ainda melhor o que não querem”, brinca a empresária. Segun-
“
“
O que percebo em minha loja é que os pais precisam ter boa argumentação para convencer os pequenos a comprar uma roupa que não tenha sido escolhida por eles. Caso contrário, simplesmente não levam
C A PA
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Peq uenos g r a ndes cl ientes
2013 • edição 25 • fevereiro / março
Altino Ito
Proprietário da Trenzinho Brinquedos Educativos
“
“
Algumas crianças chegam um pouco resistentes, pois estão influenciadas pela mídia. Daí a opção de deixar os brinquedos expostos fora das embalagens, para que elas possam experimentar. É a partir desse teste que elas decidem que brinquedo levar. E quando isso ocorre, mesmo que os pais não concordem totalmente com a escolha, respeitam e compram o brinquedo
do os pequenos, eles entram na loja e
ma, mãe de uma bebê de 2 meses e de
eu diria que em 90% dos casos os pais
logo se sentem acolhidos pelo espaço,
uma menina de 3 anos e meio vivencia
deixam a decisão por conta dos peque-
pensado especialmente para crianças.
isso em casa. “A mais velha já tem suas
nos, e só entram em cena na hora do
Aí, escolhem a roupa, experimentam
preferências e vontades. E na maioria
pagamento”, diz o executivo.
e, se gostam, já saem vestidos.
das vezes passo muito tempo argumentando e explicando meu ponto
Claro que isso não ocorre em todas as
“O que percebo em minha loja é que
de vista, quando é diferente do dela.
idades. Até mais ou menos os 4 anos,
os pais precisam ter boa argumen-
A garota, até mesmo, me ajuda na es-
Candi diz que a participação dos pais
tação para convencer os pequenos a
colha das roupas para a loja, pois tem
é mais presente. “Mas, a partir daí,
comprar uma roupa que não tenha
um olhar excelente e normalmente dá
são as crianças que mostram para os
sido escolhida por eles. Caso contrá-
supercerto”, garante a lojista.
adultos os brinquedos que querem,
rio, simplesmente não levam. Aliás,
argumentam sobre os motivos e até
já vi pais que insistiram em adquirir
Educativos e nem tanto
algo que as crianças não gostaram e,
Diretor comercial da distribuidora
dos na tentativa de persuadir os pais
quando voltaram na loja em outra
Sunny Brinquedos, Ricky Candi diz
sobre aquela escolha.”
ocasião, me disseram que a peça ficou
que essa mudança de comportamen-
lá, encostada, e só foi usada algumas
to pode ser confirmada em diversos
Embora tenha um apelo menos co-
poucas vezes.”
setores, e não é diferente nesse que é
mercial, a Trenzinho Brinquedos Edu-
o paraíso das crianças. A projeção da
cativos é a prova de que em maior
De acordo com Dinamara, a partir dos
Associação Brasileira da Indústria de
ou menor grau, a vontade da criança
2 anos e meio, as crianças “manipu-
Brinquedos (Abrinq) é que o setor te-
prevalece. De acordo com Altino Ito,
lam” os pais, com birra ou charminho
nha movimentado sozinho R$ 3,8 bi-
proprietário da loja, algumas crianças
para levar apenas o que querem. E, a
lhões em 2012, boa parte desse mon-
chegam um pouco resistentes, pois
partir dos 3, elas já sabem articular
tante vinda de decisões dos pequenos.
estão influenciadas pela mídia. Daí a
bem sobre o que pretendem. Ela mes-
“Na hora de escolher um brinquedo,
opção de deixar os brinquedos expos-
apresentam os personagens preferi-
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C A PA
Peq uenos g r a ndes cl ientes
Cuidados com o consumismo exagerado Um dos autores do livro Marketing e o mercado infantil, o professor de marketing Andres Veloso defende que a propaganda infantil só ocorra a partir dos 12 anos. “Antes dessa idade, a criança não tem ideia do que é uma empresa e que ela tem objetivo de lucro. Por isso, a falta de discernimento faz a criança olhar para determinado produto e para a propaganda que o anuncia como uma verdade”, explica. E ele não está sozinho. As autoras do livro Educar para o consumo, Cássia D'Aquino e Maria Tereza Maldonado, também defendem que os pais consigam discernir entre os desejos e as necessidades de seus filhos e, com isso, evitem gerar crianças e adolescentes consumistas. Na opinião de Maria Tereza, o consumismo exacerbado leva a criança a não saber diferenciar o que deseja do que realmente precisa e a não conseguir estabelecer prioridades na vida. “E isso cria uma sucessão de desejos que leva a um consumo desenfreado, mas não resulta em satisfação: nunca esse buraco é preenchido, pois a satisfação vem pelo desenvolvimento como pessoa e não pelo que se possui”, diz. Cássia, especialista em educação financeira, destaca que o fenômeno consumista entre as crianças brasileiras começa cada vez mais cedo. “Até pouco tempo atrás, a idade média em que um pimpolho pedia para que o pai comprasse algo era 2 anos e 8 meses. Hoje, já é 2 anos e 3 meses e isso vai cair ainda mais rapidamente. Os modelos de família que temos hoje priorizam o consumo. Nos fins de semana, os pais levam os pequenos ao shopping para comprar, em vez de passear, brincar, passar o tempo com os filhos.
24
2013 • edição 25 • fevereiro / março
tos fora das embalagens, para que elas
processo decisório da família, tanto na
sões de compra são tomadas por crian-
possam experimentar. “É a partir des-
compra de bens quanto de serviço.
ças menores de 12 anos, esse porcentual
se teste que elas decidem que brinque-
sobe para 34% quando se refere às de
do levar. E quando isso ocorre, mesmo
Diferenças de classes
que os pais não concordem totalmente
Um dos autores do livro Marketing e o
mais altas, o porcentual é de 31%.“Como
com a escolha, respeitam e compram
mercado infantil, Veloso destaca que
as opções de entretenimento são pou-
o brinquedo”, explica Ito. Ou seja, mes-
essa maior participação dos pimpolhos
cas nas classes de baixa renda, uma das
mo sem influência da publicidade, a
na tomada de decisão cresce na medida
saídas é entreter dentro do próprio lar
criança impõe a própria vontade.
em que aumenta o acesso às mídias. Não
através da “indulgência” na hora das
por acaso, também, são as de classes
compras”, explica Silva, da Nielsen.
rendas baixas, enquanto nas classes
Para alguns especialistas, o fato de os
mais altas as que têm maior participa-
pais passarem mais tempo longe dos
ção. “A criança das classes AB têm acesso
Pesquisa do instituto Data Popular con-
filhos faz que se tornem mais indul-
a vários canais de informação, pesquisa
firma que quanto menor a renda, maior
gentes. Deixar as crianças tomarem
na internet, acompanha blogs e lança-
a tolerância com os pedidos das crian-
algumas decisões de compra, escolher
mentos e se torna mais informada sobre
ças de São Paulo. De acordo com o levan-
o restaurante e o filme que vão assistir
serviços e produtos até mesmo que seus
tamento, 51% dos pais da classe C sen-
parece ser uma maneira de diminuir a
pais, por isso, é tão comum que opinem
tem dificuldades no momento em que
“culpa” da ausência. Essa é a opinião
na hora das compras e até seja consulta-
precisam dizer «não» aos seus filhos.
também de Andres Veloso, professor
da espontaneamente”, diz Veloso.
Nas classes DE, a porcentagem aumenta
de marketing do Programa de Marke-
ainda mais, para 61%. Os números con-
ting da Fundação Instituto de Admi-
Na mesma medida, a participação na
trastam com a taxa alcançada quando
nistração (Promark-FIA). Para ele, as
tomada de decisão diminui nas crian-
as classes AB são as analisadas, de 44%.
mudanças sociais em curso na socie-
ças vindas de famílias de rendas mais
dade brasileira, como diminuição do
baixas, já que o acesso aos meios de
De acordo com o instituto, crianças
número de filhos por família, adiamen-
informação também diminui. Essa
e adolescentes da base da pirâmide
to do casamento e da maternidade,
relação muda um pouco quando as
aprenderam a negociar a compra
maior participação da mulher no mer-
compras são de bens não duráveis. De
de produtos com os pais e, no lugar
cado de trabalho, culpa pela ausência
acordo com o coordenador da Nielsen,
de brigar, argumentam usando seu
do lar e falta de contato com a criança
quanto menor a renda da família, maior
desempenho nos estudos e o auxí-
têm criado uma situação em que o pe-
é a participação na tomada de decisão.
lio nos afazeres domésticos como
queno tem uma importância maior no
Enquanto na média Brasil 33% das deci-
moeda de troca. &
2013 • edição 25 • fevereiro / março
25
A RT IG O POR Adolfo Menezes Melito
A oportunidade de gerar empregos e inovar pelo crowdfunding
Q
Apesar do fato do mercado brasileiro de valores mobiliários ser relativamente estreito, não há a necessidade de que investidores sejam autoriza-
uanto mais regulado um mer-
Business Startups ou Jobs Act, fi-
dos para comprar ações ou títulos de
cado, menor número de inovações ele
nalmente assinado pelo presidente
empresas. Ao mesmo tempo, a regu-
apresenta. Quanto maior a confiança
norte-americano em abril de 2012,
lamentação existente há quase dez
nas agências reguladoras, mais au-
que permanece, porém, pendente de
anos libera micro e pequenas empre-
menta a probabilidade de que novos
regulamentação pela SEC. Há aqui
sas de registrar suas ofertas de cap-
modelos sejam rapidamente imple-
dois paradoxos: o mercado norte-
tação através de valores mobiliários.
mentados e beneficiem grande núme-
-americano, berço de inovações, está
Ainda melhor, há instruções bastan-
ro de interessados, com reflexos posi-
diante do desafio de regular um mer-
te objetivas da Comissão de Valores
tivos para a economia.
cado que inspira segurança e con-
Mobiliários (CVM) que permitem que
fiança ao pequeno investidor, mas se
uma oferta, publicada através de uma
O primeiro crowdfunding pela inter-
vê entre a cruz e a espada, pois, não
plataforma de crowdfunding, na inter-
net surgiu no mercado norte-america-
obstante todas as regras em vigor,
net, não seja considerada pública. E há
no em 2008, quando um comerciante
não conseguiu evitar o debacle do
modelos societários capazes de absor-
inteligente em mídias sociais – Mike
mercado de crédito, tampouco o es-
ver o ingresso de investidores interes-
Migliozzi – se propôs a ajudar os fun-
cândalo Madoff.
sados de maneira fácil, ágil, segura e
cionários de uma cervejaria centená-
com garantia.
ria, a Pabst Blue Ribbon, a fazer um
O segundo paradoxo é que, apesar de
management buyout. Criou uma pla-
o mercado norte-americano ofere-
A FecomercioSP, através do Conselho
taforma na internet com a ajuda de
cer às empresas nascentes um sem-
de Criatividade e Inovação, lidera a
investidores e, quando estava muito
-número de opções de investidores
discussão do tema com os entes gover-
próximo de atingir os US$ 300 mi-
iniciais a plataforma Kickstarter, lan-
namentais envolvidos. As expectativas
lhões estipulados pelo proprietário da
çada em 2009, pioneira e sinônimo de
são positivas diante da constatação de
cervejaria, foi obstado pela Securities
crowdfunding, permitiu que 18 mil
que o modelo pode ser aplicado de for-
Exchange Commission – SEC (a CVM
projetos recebessem compromissos de
ma segura e transparente. A CVM, que
norte-americana). Nos Estados Uni-
investimento de US$ 319 milhões de 2,2
examina particularidades de uma cap-
dos, somente investidores autorizados
milhões de doadores em 177 países no
tação através de crowdfunding para
podem adquirir ações de empresas
ano passado. A estimativa é de que o
empresas nascentes, tem acolhido com
em ofertas públicas previamente re-
mercado dos Estados Unidos, sozinho,
gistradas na SEC.
movimentou 50% dos US$ 3 bilhões de crowdfunding gerados no mundo.
Inconformado, Migliozzi liderou es-
A previsão é que esse número dobre
forços para aprovar o Jumpstart Our
anualmente nos próximos anos.
26
2013 • edição 25 • fevereiro / março
muito entusiasmo essas iniciativas. &
Adolfo Menezes Melito, presidente do Conselho de Criatividade e Inovação da FecomercioSP
NEG ÓCIOS TEXTO Marina Garcia
O
lh
o n o
o
l
h
o
Em f ra nca expa nsão, o se g m e n to d e óti cas é um n e g ó c i o at r a e n t e ta n to pa r a a s g r a n d e s f r a n q u i a s q u a n t o pa r a a s e m p r e s a s f a m i l i a r e s
28
2013 • edição 25 • fevereiro / março
U
Com apostas principalmente na impor-
qualidade do produto e a segurança de
tância estética, o mercado de óticas con-
bom negócio. “Assinamos acordos para
solidou sua competitividade no Brasil,
vendermos no preço mais baixo possível
movimentando, por ano, aproximada-
e nas condições mais facilitadas, com
mente R$ 14 bilhões, segundo dados da
transparência e simplicidade. Quando
Associação Brasileira de Óptica (ABCI).
se trata de lentes, nossos clientes são
As Óticas Carol são exemplo de franquia
normalmente muito leigos”, explica.
que soube beneficiar-se das condições
Para gerar fidelização e acesso à popu-
favoráveis do cenário econômico bra-
lação, a rede lança mão de campanhas
sileiro para a expansão do segmento.
bimestrais agressivas, apostando no
Fundada em 1997, como uma empresa
tripé marca-preço-prazo. “Tivemos, por
familiar, a Carol transformou-se em
exemplo, a campanha Par Perfeito, com
rede três anos depois. Em 2006, com 80
a armação e lente a R$ 99, e a Campanha
lojas, vendeu 50% de suas ações para a
da Idade, em que a idade do consumidor
Tecnol, maior indústria ótica da Améri-
correspondia à porcentagem de descon-
m mosaico de 130 milhões de
ca Latina até então. “O objetivo foi refor-
to que ele obteria na compra”, cita.
células nervosas sensíveis à luz alo-
çar a posição de marcas próprias, além
cadas em um globo. Sua curvatura,
de financiar a expansão”, conta Ronaldo
Na opinião de Pereira, o mercado de óti-
se problemática, determina a inca-
Pereira, CEO da empresa.
cas é um dos únicos no País que ainda
pacidade de cerca de 50% da popula-
não passou completamente pelo pro-
ção mundial enxergar devidamente,
A estratégia deu certo: hoje uma das três
cesso de fusão empresarial. “É muito
segundo a Organização Mundial da
maiores redes franqueadoras do setor,
pulverizado, com diversas óticas indivi-
Saúde (OMS). No caso do Brasil, o Con-
a Carol possui 496 lojas em 22 estados.
duais”, diz. Para lidar com essa peculia-
selho Brasileiro de Oftalmologia (CBO)
A expectativa é fechar este ano com fa-
ridade sem deixar de lado o orçamento,
aponta que pelo menos 85 milhões
turamento de R$ 420 milhões, com 750
a Carol visa dar uma atenção especial
apresentam algum problema de visão.
estabelecimentos, chegando em 1.500
à ascendência na renda da população
até o fim de 2015. A marca tem um centro
emergente brasileira, principalmente
O nome da ferramenta a qual permi-
de distribuição próprio desde 2009, e um
no que diz respeito às regiões Norte e
te que portadores de defeitos refra-
laboratório digital, inaugurado em 2010.
Nordeste. “Acreditamos que a classe C
tivos possam ver essas imagens com
Segundo Pereira, esses empreendimen-
tenha uma carência de 60 milhões de
nitidez tem origem no termo latino
tos dão mais autonomia ao franqueado
ocularium, que designava os orifícios
e diminuem a dependência médica. “As
nos elmos dos soldados. Na Europa,
lentes são vendidas a um preço 30% abai-
as lentes apareceram somente no ano
xo do mercado, sem perda de tecnologia
1000 como lupas de leitura, feitas a
ou qualidade”, acrescenta. Além disso, ele
partir de cristais polidos, designadas
acredita que a versatilidade da rede em
para serem posicionadas em cima do
circular em diferentes tipos de público
material que se pretendia ler.
também se destaca. “Apesar de ser originalmente idealizada para atingir a classe
Centenas de anos se passaram até que
B, a Carol, é adaptável. O fato de termos
tivessem a ideia de aproximar a lupa
produtos com extensa gama de preços
dos olhos: os primeiros óculos mini-
também contribui para isso”, teoriza.
mamente similares ao modelo atual apareceram no século 13. Foi só em
Para Pereira, o grande diferencial é a
1752, na Inglaterra, que eles surgiram
combinação de preço justo e elastici-
como os que conhecemos hoje.
dade no prazo, sem comprometer a
2013 • edição 25 • fevereiro / março
29
NEG ÓCIOS
Ol ho no ol ho
pessoas sem acesso a óculos, seja pela ausência de receita ou por mero desconhecimento”, ressalta Pereira. Outro exemplo de sucesso no segmento ótico é a Chilli Beans. Começando como um estande, em 1996, no Mercado Mundo Mix, feira de moda voltada para o público jovem, em São Paulo, a empresa passou por uma expansão e, hoje, conta com 550 estabelecimentos
com o “Chilli Truck”, carreta que roda
tel Chilli Beans”, com produtos desenvol-
espalhados por todo o Brasil e países
todo o Brasil e leva o conceito da marca
vidos em parceria com grandes nomes,
como Estados Unidos, Portugal, Co-
para cidades menores, e criou a primeira
como Alexandre Herchcovith, Isabela Ca-
lômbia, Angola e Kuwait.
vending machine de óculos do mundo.
peto, Ronaldo Fraga e Carlinhos Brown,
A partir de 2012, todas as lojas e todos
com divulgação em poderosos canais,
O diretor de expansão da marca, Ma-
os quiosques passaram a contar com
como a Rede Globo. Foi uma das cam-
rinho Ponci, explica que a inovação é
o Chilli+, ferramenta em que câmeras
panhas de maior sucesso da história da
a principal tônica da lógica de varejo
adaptadas em telas planas com sistema
marca”, comemora o diretor.
proposta. “Lançamos 15 modelos de
touch screen filmam o cliente e congelam
óculos escuro e cinco de óculos de
sua imagem, permitindo maior facilida-
Ponci diz que apesar do apelo com o
grau e de relógio, por semana. O clien-
de na escolha do modelo do produto. O
público jovem estar no DNA da Chilli Be-
te que entrar em uma de nossas lojas
consumidor pode, ainda, enviar as ima-
ans, a rede tem capacidade de agradar
vai, invariavelmente, deparar-se com
gens para o e-mail ou compartilhá-la
os mais diversos tipos de público. “Nos-
novidades”, revela.
nas redes sociais. Outro grande trunfo é
sa filosofia é democrática, com produtos
investir em pesadas ações de marketing
competitivos em termos de qualidade,
A marca foi pioneira ao apostar em ideias
para envolver o cliente no universo da
design e preço para todos os gostos.” O
inéditas. Diferenciou os canais de venda,
marca – esteve, por exemplo, no último
sucesso da lógica varejista da Chilli Be-
Rock in Rio, além de promover shows de
ans vem obtendo reconhecimento. No
artistas internacionais festejados, como
ano passado, a empresa foi premiada
o holandês Tiësto e o inglês Fatboy Slim.
pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) com o Selo de Excelência em Franchising (SEF) 2012. Em sua categoria,
tem visibilidade em grandes canais de
foi considerada, ainda, uma das três me-
comunicação. “Em 2012, lançamos a “Ho-
lhores franquias do Brasil.
Lançamos 15 modelos de óculos escuro e cinco de óculos de grau e de relógio, por semana. O cliente que entrar em uma de nossas lojas vai, invariavelmente, deparar-se com novidades Marinho Ponci
Diretor de expansão da Chilli Beans
Foto: Divulgação
“
“
As campanhas da marca também garan-
Foto: Divulgação
Ronaldo Pereira CEO da Óticas Carol
“
“
Acreditamos que a classe C tenha uma carência de 60 milhões de pessoas sem acesso a óculos, seja pela ausência de receita ou por mero desconhecimento
ra diz que a loja acaba, naturalmente, atraindo a classe A. Porém, segundo ele, o portfólio é bastante extenso, com modelos variando entre R$ 180 a R$ 25 mil, tendo potencial para atingir, também, outros segmentos de público. As apostas diferenciadas deram à ótica, na opinião do empresário, um Na contramão das redes de franquia
A loja nos Jardins é uma verdadeira “buti-
status único no cenário do mercado
e da produção em massa, há quem
que de óculos”, mesclando luxo, ambien-
do setor. Um dos principais cartões
prefira manter o caráter familiar, aten-
te familiar e receptividade. Para Ventura,
de visita, segundo ele, são os famosos
dimento personalizado e modelagem
o trunfo da loja, que o permite competir
e personalidades fiéis à marca, como
exclusiva. É o caso das Óticas Ventura,
com grandes redes de franquia, é exata-
Marília Gabriela, Adriane Galisteu,
do designer Francisco Ventura Jr., que,
mente a exclusividade. “O mercado de
Luana Piovani, entre outros, além da
há 25 anos, mantém o mesmo ponto
óticas está em eterna ebulição, com mu-
presença constante da Ventura nos
comercial na Rua Bela Cintra, nos Jar-
danças cada vez mais agressivas. O que
desfiles e editoriais de marcas e revistas
dins, área nobre da capital paulista.
era exclusivo deixou de ser, todos com-
consagradas. A fidelização dos clientes
pram o mesmo. Buscamos ter identida-
com base nesse modelo de marketing
Tudo começou com o pai de Ventura,
de, oferecendo algo 100% personalizado,
vem, de fato, apresentando resultados
que abriu em 1953 a Foto Ótica Elegan-
sob medida”, explica.
na prática: 46% dos clientes compraram
te, no centro de São Paulo. O arrojo, a
duas vezes nos últimos 18 meses.
mão para os negócios e o trato com o
A lógica começa logo no atendimento
cliente, para o empresário, estão no his-
ao cliente. Num bate-papo informal,
Apesar de reconhecer a rentabilidade
tórico da família. “Meu pai foi além da
Ventura analisa o formato do rosto e
das grandes redes de franquia e ter
função médica e buscou inovação. Fa-
dos olhos, a cor da pele e dos cabelos e
até estudado a ideia de transformar
lar em novos designers para óculos, na
conhece um pouco mais da personali-
sua loja em uma, Ventura rapida-
época, era uma loucura”. Ventura en-
dade do consumidor. “Sempre comparo
mente desistiu da ideia. “Subverteria
cantou-se por aquele universo e resol-
meu trabalho ao de um cirurgião plás-
a ordem natural do negócio. Nossa
veu abrir seu próprio negócio, unindo
tico, pautado no resultado em frente ao
identidade veio pautada justamente
seu gosto pela vanguarda com o apren-
espelho, no ego, na autoestima.”Por se
no exclusivo, no raro. Somos uma al-
dizado técnico advindo do genitor.
localizar em um bairro nobre, Ventu-
faiataria de óculos." &
2013 • edição 25 • fevereiro / março
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R A IO-X POR Adriana Carvalho FotoS Ed Viggiani
Guarulhos: potência paulista Segunda maior cidade do estado de São Paulo e oitava economia do País, o município solidificou as bases de sua economia com a indústria e, hoje, descobre grande potencial no comércio e nos serviços
Q
uando o imigrante italiano
transformando-se profundamente.
José Saraceni adquiriu uma chácara
O entorno da fábrica de couro rece-
em Guarulhos para instalar sua pio-
beu mais e mais moradores, atraídos
neira fábrica de sandálias e polainas
pela instalação dessa e de outras in-
de couro, na década de 1910, a paisa-
dústrias. Em 1954, a antiga chácara
gem da cidade era tipicamente rural.
ganhou um vizinho importante, que
Guarulhos tinha alcançado o status
facilitou o acesso à cidade: a Rodovia
de município havia 30 anos e não
Presidente Dutra.
possuía mais do que 5 mil habitantes. A energia elétrica acabara de chegar,
Nos anos 1970, no auge da era de in-
com a estrada de ferro. Automóveis
dustrialização da cidade, agora com
não havia. O primeiro a circular na
237 mil habitantes, o terreno mudou
cidade foi justamente o de Saraceni,
de dono. O local passou para as mãos
registrado com a placa de número 1.
da companhia Olivetti, que instalou
Com o passar dos anos, o cenário foi
ali sua fábrica de máquinas de escre-
2013 • edição 25 • fevereiro / março
33
R A IO-X
G u a r u l hos: potênci a pau l is t a
importantes capitais como Salvador e Fortaleza (veja tabelas). Em seu território, está situado o maior aeroporto
Com IDH de 0,798, considerado médio, Guarulhos ainda precisa melhorar no que se refere aos seus índices sociais, conforme destaca o relatório da agência Austin Rating. A classificadora de risco ressalta que o município recebeu nota 2 no IPRS, calculado pela Seade, o que significa que a cidade tem elevado nível de riqueza
internacional do Brasil, o Aeroporto Internacional Governador André Franco Montoro, também conhecido como Aeroporto de Cumbica. A cidade possui nota A+, conferida pela agência de classificação de risco Austin Rating. Isso indica para os investidores que oferece boa capacidade de honrar seus compromissos fiscais e financeiros. “Guarulhos tem crescido muito ao longo dos últimos anos. É uma cidade bastante beneficiada pelo seu grande nível de
ver. Nos arredores, outras empresas
eles, o Auto Shopping Internacional –
urbanização, apoiado no desenvolvi-
de porte já haviam se alojado, como
lançado em 2006 e especializado na
mento da sua economia. Tem obser-
a fábrica de rádios da multinacional
venda de veículos – e o Park Shopping
vado grande valorização imobiliária
Philips. No fim da década de 1990, já
Maia, primeiro centro de compras lo-
e destacou-se em sua administração
com uma população de 967 mil mo-
cal dedicado às classes A e B, que deve
por ter ampliado a capacidade de ar-
radores e em uma época em que as
entrar em funcionamento no primei-
recadação de impostos”, afirma Felipe
máquinas de escrever não tinham
ro semestre de 2014. A vizinha fábrica
Queiroz, economista da Austin Rating.
mais utilidade, a cidade viu a antiga
da Philips também não resistiu aos
indústria Olivetti dar lugar a gran-
novos tempos e transformou-se em
O relatório da análise de risco des-
de centro comercial: o Internacional
um espaço para eventos.
taca que a cidade tem baixo nível
Shopping Guarulhos nascia com 68 mil m2 de área bruta locável.
de endividamento e um histórico de As mudanças ocorridas no terreno
sucessivos superávits orçamentários
que há cem anos não passava de
entre 2001 e 2009, que não foi com-
As décadas seguintes trouxeram ain-
uma chácara e que representa pe-
prometido pelo fato pontual de o
da mais crescimento demográfico (o
quena fração do território de 319
município ter registrado déficit em
último censo do IBGE, de 2010, con-
km2 da cidade exemplificam bem a
2010 e 2011 em decorrência da crise
tabilizou mais de 1,2 milhão de pes-
evolução econômica do município,
financeira internacional. A Austin
soas) e maior poder aquisitivo para a
que fincou as bases de sua econo-
Rating ainda ressalta que Guarulhos
população de Guarulhos (estimado
mia com a indústria e, hoje, avança
atingiu todas as metas estabelecidas
hoje em R$ 24 mil, segundo dados de
com o desenvolvimento do setor de
pela Lei de Responsabilidade Fiscal e
2009, acima dos R$ 17,5 mil do estado
comércio e serviços.
adotou programas que aumentaram
de São Paulo). Com mais gente e mais
a eficiência da arrecadação tributá-
dinheiro circulando, comércio e servi-
Atualmente, Guarulhos tem grau de
ria. Outro aspecto que sobressai é o
ços prosperaram. A área de vendas do
urbanização de 100% e densidade
forte aumento do orçamento muni-
Internacional Shopping Guarulhos foi
populacional de 3.889 habitantes por
cipal, que cresceu 76% nos últimos
ampliada para os atuais 76 mil m2 e
quilômetro quadrado. Possui o se-
quatro anos, alavancado principal-
a empresa administradora, a General
gundo maior PIB do estado, perdendo
mente pela adoção de programas
Shopping, animou-se a lançar outros
apenas para a capital paulista, e é a
que aumentaram a eficiência da ar-
empreendimentos na cidade. Entre
oitava economia do País, à frente de
recadação de tributos.
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2013 • edição 25 • fevereiro / março
Economia diversificada
que Guarulhos se concentra hoje. De
mais diferentes perfis de população.
O setor industrial, que por várias dé-
acordo com o MTE, há mais de 17 mil
Além do Bairro dos Pimentas, pode-
cadas foi o motor do crescimento de
estabelecimentos comerciais formais,
mos destacar também a evolução
Guarulhos, responde hoje por pouco
de diversos ramos, incluindo grandes
que esses setores tiveram nos bair-
mais de 30% de seu PIB e ainda merece
redes de supermercado, lojas de de-
ros da Ponte Grande e do Taboão”, diz
destaque por sua diversificação. Se-
partamento e shoppings centers. O
Jorge Taiar, presidente da Associação
gundo dados do Ministério do Traba-
desenvolvimento do comércio não é
Comercial de Guarulhos. “Atualmen-
lho e Emprego (MTE), o município tem
centralizado e, hoje, já está presente
te, a cidade oferece de tudo a seus
cerca de 4 mil indústrias de setores
em vários bairros da cidade, incluindo
moradores e não fica nada a dever a
como o farmacêutico e químico, de au-
os mais afastados. É o caso do Bairro
São Paulo”, diz.
topeças, metalurgia, mecânica, têxtil
dos Pimentas, onde concentra o se-
e vestuário, gráfica e construção civil.
gundo maior centro de compras da ci-
Se antes a população de Guarulhos
A indústria emprega mais de 115 mil
dade, o Shopping Center Bonsucesso.
vivia e trabalhava na cidade, mas en-
trabalhadores, o que coloca o muni-
carava o trânsito da Via Dutra e da
cípio em quarto lugar no ranking bra-
“Há alguns anos, o comércio e os ser-
Marginal Tietê para fazer compras e
sileiro das cidades mais importantes
viços de Guarulhos eram restritos em
divertir-se em São Paulo, hoje já não há
nesse setor, atrás apenas das capitais
termos de variedade e concentrados
mais essa necessidade. É o que afirma
paulista, fluminense e paranaense.
no centro da cidade, não havia muita
Alexandre Dias, diretor de marketing
ramificação nos bairros. Hoje, esses
e varejo da General Shopping Brasil
Mas é no campo do comércio e dos
setores estão desenvolvendo-se com
e do Internacional Shopping Guaru-
serviços, responsáveis por 67% do PIB,
força e em diversos bairros, com os
lhos. “O Internacional Shopping vem
Perfil econômico Indicador
Guarulhos
São Paulo
Brasil
PIB agropecuária*
0,03%
1,6%
5,6%
PIB indústria*
32,3%
29%
26,8%
PIB serviços*
67,7%
69,3%
67,5%
Exportações **
2.713,6
59.909,3
256.039,6
Participação exportações do estado
4,5%
Participação exportações nacionais
1,1%
23,4%
2.807,4
41.692.668
(US$ milhões)
Importações** (US$ milhões)
Participação importações do estado
3,4%
Participação importações nacionais
1,2%
190.755.799
36,3%
* base 2009 ** base 2011 Fonte: IBGE / Pnad e Seade, elaborada por Austin Rating
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R A IO-X
G u a r u l hos: potênci a pau l is t a
passando por diversas ampliações nos
empresário Anilton José da Cruz. No
ampliar e diversificar o faturamento.
últimos anos, a fim de oferecer mais lo-
início da década de 1980, ele se mudou
“Meu foco principal no início era a in-
jas e melhores serviços, como na praça
com a família para a Vila Galvão, em
dústria, que ainda é muito importante
de alimentação. Para 2014, a General
Guarulhos, bairro que na época pouco
para nós. Hoje, fornecemos materiais
Shopping planeja a inauguração de
oferecia em termos de comércio. “Eu
elétricos para clientes como grandes
outro shopping, que ficará localizado
sempre trabalhei no ramo de mate-
cadeias de supermercado e empresas
na área mais nobre da cidade, próxi-
riais elétricos como empregado e, na-
de construção civil, mas também da-
mo ao Bosque Maia. Ele atenderá ao
quela época, decidi abrir meu próprio
mos atenção ao varejo”, explica o em-
público das classes A e B, que é estima-
negócio, que nasceu como Eletroton
preendedor, explicando que 60% de
do em 400 mil pessoas em Guarulhos.
Materiais Elétricos e, em 1995, mudou
seu faturamento vem do atacado e o
Ou seja, quem mora no município não
para A Comercial Elétrica”, conta Cruz.
restante, do varejo.
precisará mais ir a São Paulo se estiver
A empreitada começou com nove
em busca de um produto ou serviço
funcionários e o objetivo no início era
Atualmente, além da loja de mate-
mais sofisticado”, diz Dias.
vender apenas para o atacado. Após o
riais elétricos, com área de 2.200
choque provocado pelo Plano Collor,
m2, Cruz também possui uma loja
em 1990, porém, o empresário decidiu
de materiais hidráulicos e ferragens,
O crescimento populacional e o au-
investir no varejo. A princípio, a decisão
a Dominium, com 1.800 m2. Há seis
mento do poder aquisitivo provocaram
foi uma tentativa de sobreviver. De-
anos, o empresário decidiu ampliar
também mudanças no comércio tra-
pois, com o crescimento do comércio
ainda mais os negócios e inaugurou
dicional da cidade. Um exemplo é o do
no bairro, mostrou-se ótima forma de
outra loja, dedicada à sua paixão, a
Mudanças e desafios
“
“
A Roda Center foi uma das primeiras empresas em Guarulhos a oferecer serviços como alinhamento e balanceamento. Hoje, proporciona uma série de outros. Costumamos dizer que podemos atender o que o cliente precisar, de para-choque a para-brisa
Valdir Pinto da Silva
Proprietário da Roda Center Centro Automotivo
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2013 • edição 25 • fevereiro / março
Foto: Ed Viggiani
Oitavo lugar no País
A cidade de Guarulhos ocupa a oitava posição no ranking dos municípios com maior PIB e é o primeiro município que não é capital a aparecer na lista. município/uf
posição
pib
a preços correntes (1000 r$)
participação
outros atrativos, como os ligados a sonorização e ar-condicionado”, explica ele. “Oferecemos também serviços para buscar e devolver o carro na hora da lavagem e limpeza
São Paulo/SP
1°
443.600.102
11,77%
e contamos com um especialista
Rio de Janeiro/RJ
2°
190.249.043
5,05%
que está conosco desde o início da
Brasília/DF
3°
149.906.319
3,98%
Curitiba/PR
4°
53.106.497
1,41%
600 veículos por mês.
Belo Horizonte/MG
5°
51.661.760
1,37%
O que falta melhorar
Manaus/AM
6°
48.598.153
1,29%
Com IDH (Índice de Desenvolvimento
Porto Alegre/RS
7°
43.038.100
1,14%
dio, Guarulhos ainda precisa melho-
Guarulhos/SP
8°
37.139.404
0,99%
Fortaleza/CE
9°
37.106.309
0,98%
da agência Austin Rating. A classifica-
Salvador/BA
10°
36.744.670
0,97%
recebeu nota 2 no IPRS (Índice Paulista
Fonte: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo.
de Responsabilidade Social), calculado
em alinhamento e balanceamento empresa”, afirma Silva, acrescentando que tem um movimento de cerca de
Humano) de 0,798, considerado mérar no que se refere aos seus índices sociais, conforme destaca o relatório dora de risco ressalta que o município
pela Seade Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados, o que significa
música. Tecladista profissional, ele
tal para comprá-la em 2008. “A Roda
que a cidade tem elevado nível de ri-
chegou a tocar com o cantor Cauby
Center foi uma das primeiras empre-
queza, mas não apresenta bons indi-
Peixoto e, em sua 4A Music, vende
sas em Guarulhos a oferecer serviços
cadores sociais. Entre esses indicado-
instrumentos musicais e acessórios.
como alinhamento e balanceamento.
res, está o índice de escolaridade, que
“Começamos pequenos e, hoje, já te-
Hoje, proporciona uma série de outros.
registrou queda entre 2000 e 2008,
mos 85 funcionários, considerando
Costumamos dizer que podemos aten-
quando a cidade caiu no ranking do
os três negócios. Somos uma empre-
der o que o cliente precisar, de para-
IPRS da 39ª para a 62ª posição.
sa familiar. Sempre trabalhei com
-choque a para-brisa”, diz Silva.
minha mulher e meus dois filhos.
Além disso, e apesar do bom índice de
Agora, estou preparando-me para
Ele conta que, ao longo dessas
coleta de esgoto nas residências, de
passar tudo para eles e quero inves-
décadas em Guarulhos, viu o perfil
82%, a cidade conta com baixo índice
tir também na profissionalização da
de seus clientes mudar e precisou
de tratamento desse esgoto e tam-
empresa”, afirma Cruz.
adaptar-se para não perder mercado.
bém da água, que não passa de 35%.
“Clientes que atendo há 30 anos e que
Mas essa realidade deve melhorar em
Outra empresa que cresceu e precisou
antigamente demoravam para trocar
2013, pois há a previsão de inaugura-
adaptar-se ao novo ritmo da cidade
de carro, hoje circulam com modelos
ção de outra estação de tratamento
foi a Roda Center Centro Automotivo,
zero-quilômetro. E quem compra um
de água, conforme destaca o relatório.
estabelecida há 40 anos na cidade.
carro zero não traz o veículo à oficina
“A questão da infraestrutura contra-
Seu atual proprietário, Valdir Pinto da
quando tem um problema, leva na
balanceou outros aspectos positivos
Silva, conta que começou na empresa
concessionária.
precisei
em nossa análise, que precisam ser
como ajudante geral em 1985 e pas-
adaptar-me para oferecer outros
melhorados”, afirma Felipe Queiroz,
sou por vários cargos até juntar capi-
serviços a esses clientes, a fim de criar
Por
isso,
economista da Austin Rating. &
2013 • edição 25 • fevereiro / março
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Confira aqui na C&S os principais destaques das últimas edições do MixLegal digital e MixLegal impresso. As publicações têm dicas e informações de natureza jurídica que podem interferir no dia a dia dos negócios
Substituição gradativa do cupom fiscal Por meio da Portaria 147 da Coordenadoria de Administração Tributária (CAT), a Secretaria Estadual da Fazenda estabelece normas para a utilização obrigatória do Sistema de Autenticação e Transmissão do Cupom Fiscal (SAT). O sistema substituirá gradativamente o cupom fiscal emitido por equipamento Emissor de Cupom Fiscal (ECF) e a Nota Fiscal de Venda a Consumidor.
PL acaba com contribuição
Projeto quer adiar data de feriados
fechamento de micro e pequenas empresas
Está em tramitação na Câmara dos Deputados o Projeto de lei nº 3718/2012, do ex-deputado Romero Rodrigues, que pretende excluir a incidência da contribuição previdenciária sobre o aviso prévio indenizado. O PL propõe alteração da Lei de Custeio da Previdência Social, que define o aviso prévio indenizado como salário de contribuição. Além disso, determina que as importâncias recebidas em função do aviso prévio, como férias indenizadas e adicional constitucional não integrarão o salário de contribuição.
O Projeto de lei nº 108 de 2009, de autoria do deputado Marcelo Castro (PMDB/ PI), propõe que sejam comemorados por adiantamento, às sextas-feiras, os feriados nacionais que caírem nos demais dias da semana, com exceção dos que ocorrerem aos sábados e domingos e dos feriados de 1º de janeiro (Confraternização Universal), 7 de setembro, (Independência), 25 de dezembro (Natal) e feriados estaduais e municipais. O autor do projeto justifica sua proposição alegando que a ocorrência de diversos feriados no meio da semana traz grande prejuízo para a economia do País.
O encerramento das empresas optantes pelo Simples Nacional, no estado de São Paulo, está menos burocrático. O processo agora pode ser feito integralmente pelo site da Secretaria da Fazenda, sem a necessidade de apresentar uma série de documentos, como a declaração do motivo de suspensão da atividade, os livros e documentos fiscais. No entanto, os documentos da empresa deverão ser guardados por cinco anos, para eventuais fiscalizações. A Lei do Simples já previa a simplificação nos procedimentos de abertura e fechamento das empresas.
Leia essas notícias na íntegra, além de outras informações, nas edições que estão disponíveis no site da FecomercioSP: www.fecomercio.com.br (em Serviços/Publicações)
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Confira aqui na C&S os principais destaques das últimas edições do EconoMix digital e do EconoMix impresso. As publicações têm dicas e informações voltadas para a melhoria da gestão dos negócios e compreensão do ambiente macroeconômico
Isenção do Imposto de Renda na PLR No fim do ano passado, foi editada a Medida Provisória nº 567, de 26 de dezembro de 2012, que isenta do Imposto de Renda (IR) a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), no valor de até R$ 6 mil. A MP entrou em vigor em 1º de janeiro de 2013. A nova tributação do IR para a PLR, além de isentar os pagamentos até R$ 6 mil, será progressiva, em que alíquota máxima de 27,5% será tributada para pagamentos acima de R$ 15 mil.
Os desafios do comércio exterior
Qualificação da mão de obra
Cenário para as commodities em 2013
O Brasil ocupa posição entre os 30 maiores exportadores e importadores mundiais. A balança doméstica tem mantido o saldo positivo na conta, mesmo com a crise internacional, resultado da descentralização dos destinos das exportações. No entanto, tem acumulado resultados inferiores aos de 2011. Até outubro, as exportações somavam US$ 202,359 bilhões e as importações US$ 184,988 bilhões, com a corrente do comércio somando US$ 387,48 bilhões. Os números recuaram 31,6% em comparação ao ano anterior, motivado pelo maior aumento das importações em relação às exportações.
Foi divulgada recentemente a notícia de que o governo quer facilitar o acesso e estimular a permanência prolongada de trabalhadores estrangeiros qualificados no Brasil. Assim, o grupo de trabalho interministerial, sob a coordenação da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), estuda medidas para a formulação de nova política migratória, em substituição ao antigo Estatuto do Estrangeiro, visando a simplificação de exigências a profissionais atuantes em setores estratégicos, condição para elevar a competitividade da economia.
O preço das commodities deve subir mais de 20% neste ano, em meio às medidas de incentivo em economias como Estados Unidos, países da Europa e Japão, além da China, que, apesar de pisar no freio, mantém-se como uma das principais importadoras globais. Indicadores recentes mostram que a atividade mundial vem melhorando, com os Estados Unidos e a China dando sinais mais claros de recuperação. Porém, a incipiente melhora do ambiente continua sujeita a riscos, tais como os problemas fiscais nos EUA e a crise sem precedentes na Zona do Euro.
Leia essas notícias na íntegra, além de outras informações, nas edições que estão disponíveis no site FecomercioSP: www.fecomercio.com.br (em Serviços/Publicações)
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Certificado de Origem Fecomercio-SP. Mais praticidade e rapidez na hora de exportar.
Siga o melhor rumo para os seus negócios no exterior. Obtenha seu Certificado de Origem na FecomercioSP de maneira prática, rápida e segura, com as melhores condições do mercado. Mais informações, li gue (11) 3254-1652/1653 ou envie e-mail para certificado@fecomercio.com.br Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – Subsolo 9h às 12h30 / 14h às 17h30
GE STÃO TEXTO Enzo Bertolini
Programas de promoção de saúde no trabalho podem gerar economia nas empresas e reter talentos. Saiba como seu negócio pode se beneficiar
A saúde do funcionário é o sucesso da empresa
D
urante 2012, entre os altos e
presente no 2º Seminário “Promoção
baixos da economia brasileira, pelo
de Saúde nas Empresas”, promovido
menos um índice permaneceu baixo:
pelo Instituto de Estudos de Saúde
o de desemprego. Dados do Instituto
Suplementar (IESS), no Rio de Janeiro,
Brasileiro de Geografia e Estatística
no ano passado.
(IBGE) mostram que, de janeiro a novembro, houve o que os especialistas
Do outro lado do balcão, os programas
chamam de pleno emprego, com taxas
podem ajudar a construir uma força de
de 5,6% de desemprego em média.
trabalho mais coesa, motivada e produtiva. “Nos Estados Unidos, verificou-
Apesar disso, há muitas vagas ainda
-se que os programas bem concebidos
por preencher, especialmente em po-
têm um retorno de investimentos de
sições que exigem maior qualificação.
três para um, o que significa que a eco-
Manter os melhores profissionais no
nomia é igual a três vezes o custo do
quadro da empresa demanda diferen-
programa”, complementa O’Donnell.
tes estratégias dos empregadores. Uma
Além da manutenção de mão de obra
das possíveis ferramentas é a criação
qualificada, os programas auxiliam no
de programas de promoção de saúde
aumento da produtividade e na redu-
para os empregados. Ainda incipien-
ção de custos médicos e ausências.
te na maioria das empresas do Brasil, ações desse tipo são usadas por gran-
O crescimento da expectativa de
des companhias americanas e euro-
vida do brasileiro atrelado ao fato de
peias para retenção de talentos.
mais aposentados permanecerem no mercado de trabalho colabora para
Para o fundador, presidente e edi-
a necessidade de um programa de
tor-chefe do American Journal of
saúde no trabalho. Segundo o estudo
Health Promotion, o médico Michael
“A evolução da classe média e o seu
O’Donnell, há vantagens para em-
impacto no varejo”, elaborado pela Fe-
pregados e empregadores nos pro-
comercioSP em 2012, esta década terá
gramas de promoção de saúde. Do
como provável tema o envelhecimento
ponto de vista dos funcionários, os
da população. A redução acelerada da
programas podem melhorar a saúde
taxa de natalidade e o aumento sig-
e a qualidade de vida. Os de rastreio
nificativo da expectativa de vida au-
também ajudam a identificar pro-
mentam o esforço para entender-se os
blemas de saúde emergentes antes
riscos e oportunidades envolvidos no
que se tornem doenças. “Um progra-
natural e inexorável envelhecimento
ma de incentivo para o fim do taba-
da população.
gismo oferecido pelo empregador, quando bem concebido, pode ter seis
O diretor da Universidade do Estado
vezes mais sucesso do que quando
do Rio de Janeiro e da Universidade
funcionários tentam parar sem aju-
Aberta da Terceira Idade, Renato Ve-
da”, diz O’Donnell. O médico esteve
ras, lembra que o trabalho hoje em
GE STÃO
O s ucesso d a empresa depende d a saúde do f u ncion á r io
dia exige uma participação do ponto
com mais de 60 anos e poderá chegar
um bônus e um ônus demográfico ao
de vista intelectual e físico diferente de
a 22 milhões e 26 milhões de pessoas
País. De um lado, enorme contingente
alguns anos atrás. “Saúde é fundamen-
em 2015 e 2020, respectivamente.
de idosos que pressiona as contas atu-
tal e precisamos entender a ampliação
ariais de aposentadoria e seguridade
do tempo de vida ativa do trabalhador,
Veras reforça que com a formação mais
social e, de outro, o maior contingente
principalmente nos setores de conheci-
tardia dos profissionais, muitos atingi-
alocado na produção no Brasil. Diante
mento intelectual”, diz Veras. “Não há
rão idade que antigamente não se pen-
desse cenário, a promoção de saúde
mais doenças de trabalho gerais, mas
sava. Segundo ele, pessoas com mais
no trabalho cresce em importância,
sim doenças crônicas devido ao estilo
de 60 anos normalmente possuem, em
não apenas para grandes conglomera-
de vida”, acrescenta. Fatores que pode-
média, quatro doenças crônicas, e que
dos, mas também para micro e peque-
riam ser evitados não com mudanças
embora não tire tempo de vida, dimi-
nos empreendedores.
internas do ambiente de trabalho, mas
nui a qualidade desse tempo. “O papel
com um estilo de vida diferente.
da área médica não é mais aumentar o
O professor da Escola Paulista de Medi-
tempo de vida, mas ampliar a qualida-
cina (Unifesp) e diretor do Centro de Es-
de dos anos a mais no trabalho”, diz.
tudos do Envelhecimento, Luiz Roberto
O estudo Tábuas Completas de Mortalidade 2010, divulgado no fim de 2011
Ramos, salienta que a opção de plano
pelo IBGE, mostra que a expectativa
Hoje, há 130 milhões de pessoas em
de saúde corporativo que a empresa
de vida do brasileiro chegou a 73 anos,
idade ativa e até 2020 essa massa
faz terá impacto na qualidade da saú-
5 meses e 24 dias em 2010. Em 2000,
atingirá mais de 144 milhões, maior
de dos funcionários. “É preciso incluir
a esperança de vida era de 70,46 anos,
contingente histórico do País em ida-
nessas ações de assistência o serviço de
passando para 73,17 em 2009. Segun-
de produtiva, que representa um in-
promoções de saúde”, reforça.
do o estudo da FecomercioSP, em 2010,
cremento de mais de 10% na força de
o Brasil tinha 18 milhões de pessoas
trabalho potencial. A rigor, isso impõe
Doenças crônicas mais frequentes, o diabetes e a hipertensão não avisam quando estão chegando e só são descobertas por avaliação periódica. Porém, podem ser monitoradas e evitadas com ações que não terão grande peso no bolso do empresário. A pesquisa e distribuição de informações sobre doenças crônicas, além da promoção de atividades físicas frequentes colaboram para evitá-las e custam muito pouco. Dicas de hábitos
Michael O’Donnell
“
“
Um programa de incentivo para o fim do tabagismo oferecido pelo empregador, quando bem concebido, pode ter seis vezes mais sucesso do que quando funcionários tentam parar sem ajuda Fundador, presidente e editor-chefe do American Journal of Health Promotion
Foto: Tiago de Paula Carvalho
riam facilmente adotar em sua rotina diária, como caminhar sempre que possível, movimentar-se durante o dia e usar as escadas em vez do elevador. Passar mais de três minutos na escada por dia pode impedir 1 quilo de perda
“
“
saudáveis que os trabalhadores pode-
É preciso incluir nessas ações de assistência o serviço de promoções de saúde Luiz Roberto Ramos
Professor da Escola Paulista de Medicina
de massa magra em um ano e 10 quilos em uma década. A conhecida e temida LER (lesão por esforço repetitivo), muito comum em quem trabalha com computadores ou fábricas, pode ser prevenida ajudando funcionários a melhorar de forma sua
Antes de adotar um programa de pro-
força muscular e flexibilidade do cor-
moção da saúde, a empresa deve consi-
po de maneira proativa. Conhecimen-
derar algumas coisas. O primeiro passo
to sobre a postura correta e ações das
é o de clarificar objetivos. Qual a impor-
empresas com os funcionários para
tância de atrair? Retenção de funcioná-
fazê-los sair da rotina e relaxar um
rios, melhorar a saúde, aumentar a pro-
pouco mais, como ginástica laboral.
dutividade, reduzir custos médicos? Foto: Alinne Tosha
Questão Tostines
Um programa de metas impulsionará o desenvolvimento do programa de
Não há pesquisas científicas que com-
promoção de saúde. Segundo, alcan-
provem com 100% de certeza, porém
çar os funcionários para envolvê-los
há consenso que uma empresa com
no processo de desenvolvimento. Eles
programas de promoção de saúde ten-
devem dar seu apoio para que o pro-
dem a ser mais eficientes. “Descobri-
grama seja bem-sucedido. Fazer um
de anos de hábitos pouco saudáveis.
mos que companhias mais rentáveis
levantamento da saúde dos trabalha-
Elas podem sentir-se com novo âni-
têm programas de promoção de saú-
dores e doenças mais comuns. Terceiro,
mo rapidamente pela prática de hábi-
de, mas não sabemos o que provoca o
contar com especialistas que ajudem a
tos de saúde novos. “Os jovens podem
quê”, conta O’Donnell.
desenvolver o programa. E não há res-
beneficiar-se ao impedir ou atrasar
trição para nenhum tipo ou modelo
significativamente problemas de saú-
Os melhores programas têm quatro
de negócio que se beneficiaria em ter
de e fadiga crônica, porém esses não
elementos: aumentam a consciên-
um programa. “O foco deve ser tentar
percebem o quanto estão se benefi-
cia dos funcionários sobre a relação
mexer nos determinantes das doenças.
ciando até que se comparam aos seus
entre comportamento de vida e im-
Entre as crônicas, considerar o cuidado
amigos que não praticam um estilo de
pactos na saúde; motivam os fun-
com atividades físicas e alimentação.
vida saudável”, salienta O’Donnell.
cionários a melhorar seus hábitos
Por mais que você promova atividades,
de saúde descobrindo suas paixões
há muito do comprometimento dos
Ambientes de trabalho como os do Goo-
na vida; treinam colaboradores com
funcionários”, afirma Ramos.
gle ou Apple ajudam funcionários a
habilidades necessárias para fazer
adotar um estilo de vida mais saudável
mudanças de sucesso em seu estilo
Os benefícios iniciais são mais eviden-
e a fazerem a escolha salutar mais fácil.
de vida; e criam oportunidades para
tes entre pessoas de meia-idade que
Em alguns anos, o Brasil será uma nação
que funcionários tornem a escolha
estão fora de forma, sentindo-se es-
mais velha e precisa cuidar da sua saúde.
saudável a mais fácil.
tressado e começando a sentir o peso
Quanto antes começar, melhor será. &
2013 • edição 25 • fevereiro / março
45
NEG ÓCIOS TEXTO Filipe Lopes
Hora de apertar
U
m dos maiores dilemas no mo-
dedores a montar uma estratégia sé-
mento de iniciar um empreendimento
ria, que avalie todos os prós e contras
é ter certeza de que obteve êxito na es-
da parceria, além da necessidade pré-
colha do sócio. Levar em consideração
via de checar se suas características e
apenas o fator financeiro pode gerar
aptidões são complementares.
desgaste na relação, por causa da in-
46
2013 • edição 25 • fevereiro / março
compatibilidade de personalidades e
De acordo com o “Empresômetro” – fer-
ser responsável pelo fracasso futuro
ramenta criada pelo Instituto Brasileiro
da empresa. Por esse motivo, os espe-
de Planejamento Tributário (IBPT), que
cialistas orientam os novos empreen-
usa como base dados da Receita Fede-
as mãos
ral, secretarias estaduais da Fazenda,
delas encerram suas atividades três
secretarias municipais de Finanças, Mi-
anos após abertas, segundo a pesquisa
nistério do Desenvolvimento, Indústria
Demografia das Empresas 2010, divul-
e Comércio Exterior, Juntas Comerciais,
gada pelo IBGE. Essa dinâmica pode ser
portais da Transparência e Instituto
explicada pelo mau planejamento no
Brasileiro de Geografia e Estatística
momento de firmar uma parceria e es-
(IBGE) –, em 2012 foram criadas mais
truturar o novo empreendimento.
Associar-se a alguém é uma decisão delicada que demanda planejamento e sobriedade, para evitar a derrocada de uma empresa antes mesmo de ela existir
de 1,6 milhão de empresas no Brasil. Porém, na mesma medida em que “nas-
Apesar da empresa independente,
cem” novas empresas, cerca de 48%
onde o empreendedor embarca sozi-
2013 • edição 25 • fevereiro / março
47
NEG ÓCIOS
Hor a de aper t a r a s m ãos
nho no negócio, não ser recomenda-
Os engenheiros Márcio Toma, do Bra-
hoje”, afirma Toma, sócio da Excelchip
da pelos especialistas, a necessidade
sil, e Andrés Farfán, da Colômbia, ti-
– empresa focada em projeto de chips
de sociedade varia de empresa para
nham pouco em comum além da pro-
analógicos.
empresa. Se o empreendedor tem ca-
fissão. Contudo, quando o colombiano
pital e vocação para tocar sozinho um
veio para o Brasil fazer mestrado na
O sucesso se deu pelo fato de os dois
negócio, ele pode optar por uma admi-
Escola Politécnica da Universidade de
terem aptidões complementares e
nistração solitária. Porém, se a parce-
São Paulo (USP), começou a trabalhar
compromisso com o sucesso da em-
ria for a opção escolhida, o fator finan-
com projetos de circuitos integrados
presa recém-criada. “Ter bons sócios é
ceiro não pode ser preponderante para
na mesma empresa em que o brasilei-
fundamental para qualquer negócio. E
se determinar um sócio. É necessário
ro atuava. “Trabalhávamos no mesmo
tratando-se de uma empresa que está
analisar muito bem a intenção da so-
lugar, onde eu era chefe do Andrés e
iniciando, isso é mais indispensável
ciedade e observar se os dois têm foco
tinha bom relacionamento com ele,
ainda. Os sócios, em conjunto, trazem
em comum. “Antes mesmo de abrir
tanto profissional como pessoal. A
para a empresa um mix composto de
uma empresa e se associar a alguém,
organização onde trabalhávamos co-
capital, competências (técnicas ad-
você deve planejar tudo e deixar muito
meçou um processo de terceirização,
ministrativas e comportamentais) e
claro todos os termos do contrato de
solicitando que os colaboradores pas-
dedicação necessários para o funcio-
sociedade. Expor todos os direitos e
sassem a atuar como pessoa jurídica.
namento do negócio. Isso sem contar
deveres, capital necessário, atribuição
Andrés e eu nos unimos para atender
que, no início, precisam desempenhar
de funções, plano de estratégia de ne-
a essa demanda e estamos juntos até
múltiplos papéis”, pondera Toma.
gócios, divisão dos lucros e despesas; entre outros pontos. Não faça nada sem planejamento”, afirma Silvio Vucinic, consultor jurídico do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP).
neurship Monitor 2011 (GEM), realizada anualmente pelo Sebrae, em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), o Brasil possui 27 milhões de pessoas envolvidas em um negócio próprio ou na criação de um. Em números absolutos, o País aparece em terceiro lugar no ranking de 54 países analisados pela pesquisa, ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos. O empreendedorismo está no sangue dos brasileiros, mas é preciso ser racional e estrategista no momento
“
Antes mesmo de abrir uma empresa e se associar a alguém, você deve planejar tudo e deixar muito claro todos os termos do contrato de sociedade. Não faça nada sem planejamento Silvio Vucinic
Consultor jurídico do Sebrae-SP
de iniciar uma sociedade. É comum que essas parcerias surjam no próprio ambiente de trabalho, onde os profissionais conhecem na prática as qualidades dos parceiros.
48
2013 • edição 25 • fevereiro / março
“
Segundo a pesquisa Global Entrepre-
A divisão de tarefas na Excelchip é
tam grandes diferenças culturais, para
não deu certo e ambos seguiram ca-
determinada pelas aptidões de cada
facilitar na tomada de decisão”, ponde-
minhos profissionais diferentes.
sócio. Ambos fazem projetos, mas
ra o consultor do Sebrae.
Andrés cuida da parte financeira, já
Nesse caso, a relação familiar não foi
Toma prospecta novos negócios e cor-
Problema tamanho família
re atrás de projetos, financiamento e
Se a relação com um sócio pode ser difí-
mas existem experiências que as dis-
investidores. “Nós dois temos perfil
cil e desafiadora, quando os associados
cussões são tão acaloradas e profun-
técnico bastante forte, com muita ex-
são da mesma família, o desafio pode
das que provocam a separação dos
periência e conhecimento nas áreas
ser ainda maior. “Não é recomendável
entes. Foi o caso dos irmãos Gilmar
de eletrônica, programação e projeto
uma sociedade familiar. A menos que
e Paulo Teixeira, que, com a morte
de chips. O Andrés é bastante focado,
ambos tenham em mente que devem
repentina do pai, tiveram de admi-
pé no chão e não gosta de burocracia
somar e não dividir e deixar as questões
nistrar juntos o posto de gasolina
nem papelada, então cuida de nossas
familiares de lado. É muito difícil conse-
que ele havia deixado. As diferenças
finanças. Eu já sou mais estrategista e
guir separar os assuntos de família dos
de opinião eram grandes e as brigas
consigo lidar bem com a burocracia e
empresariais”, afirma Vucinic.
diárias. Sempre divergiam na melhor
escrever projetos, propostas e conversar com clientes”, explica Toma.
abalada pelo fracasso da sociedade,
forma de aplicar os investimentos Claudete Manha, de 43 anos, e seu ma-
e na divisão dos lucros. O resultado
rido resolveram associar-se para criar
foi à falência do estabelecimento e
A relação de sociedade deve ser compa-
uma empresa de confecções infantis.
a separação dos irmãos, que ficaram
rada ao casamento, em que os sócios
Eles tinham experiência de empregos
mais de 20 anos sem se falar. “Eu o
devem ter coisas em comum, como en-
anteriores, mas esbarraram na falta
culpava pelo fracasso e ele também.
trosamento, comprometimento e éti-
de capital de giro e nos desafios de
Quando na verdade os dois estavam
ca. “Vocês estarão juntos nos momen-
separar a vida profissional da pesso-
errados. Éramos inexperientes e dei-
tos bons e nos difíceis e, se não houver
al. “Perdemos o emprego ao mesmo
xamos nossas diferenças tomar a
bom relacionamento, pode-se nau-
tempo. Como sempre trabalhei em
frente do profissionalismo”, conclui
fragar rapidamente”, aponta Toma. É
confecção, achei que era a hora de
Gilmar. Hoje, os irmãos Teixeira fize-
fundamental que haja cumplicidade
criar nosso próprio negócio. Mas é
ram as pazes e voltaram a ter uma re-
e honestidade na divisão das tarefas,
muito difícil lidar com o emocional e
lação sadia, mas quando direcionam
para garantir o sucesso do negócio. “É
profissional ao mesmo tempo”, afirma
os olhos para o passado, a sociedade
recomendável também que não exis-
Claudete. Três anos depois, o negócio
Foto: Divulgação
ainda é motivo de discussão. &
2013 • edição 25 • fevereiro / março
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CONHEÇA IDEIAS QUE JÁ COMEÇARAM A MUDAR O MUNDO. O júri já escolheu os finalistas do 3º Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade. Para conhecer alguns desses projetos que já mudaram a vida de muita gente, acesse
www.fecomercio.com.br/sustentabilidade Categorias: Empresas, Entidades, Indústria, Órgãos Públicos e Academia.
DI V ER SIDA DE TEXTO JulianO Lencioni Ilustração camila marques
O Brasil que O mercado de água mineral não para de crescer no País, em razão de um consumidor preocupado com a saúde
A
venda de água mineral no
cimento no consumo de água no País
Brasil deve crescer ao menos 12% nes-
deve-se a vários fatores, como preocu-
te ano. A projeção da Associação Bra-
pação com a saúde, pois quanto mais
sileira da Indústria de Águas Minerais
informação o consumidor tem, maior é
(Abinam) foi baseada no sucesso obti-
o consumo da água. Isso se deve à falta
do pelo produto em 2012. O segundo se-
de confiança na água da rede pública.
mestre do ano passado foi o melhor em
Outros fatores são o aumento do poder
vendas no período dos últimos 15 anos.
aquisitivo e crescimento do turismo interno”, afirma Lancia.
O setor tem crescido anualmente. Em 2011, foram produzidos 9 bilhões de
De acordo com ele, o consumidor brasi-
litros de água mineral, incremento de
leiro ainda tem muito a aprender sobre
15% em relação a 2010, quando foram
a água mineral e, quando isso ocorrer,
produzidos 7,8 bilhões de litros. De
o consumo vai crescer ainda mais. “O
2008 para 2011, a produção cresceu
consumidor pede quatro tipos de água
32%. A Abinam ainda não tem os dados
mineral: gelada, sem gelo, com gás
de 2012 concluídos.
e sem gás. No Brasil, não temos uma carta de águas como há na Europa, o
O presidente da associação, Carlos Lan-
consumidor não faz essa exigência,
cia, afirma que o aumento do consumo
por isso, o principal atrativo ainda é a
está diretamente ligado à maior cons-
embalagem. Com o tempo, isso vai mu-
cientização da população sobre a im-
dar e, em cinco anos, a venda de água
portância do consumo de água. “O cres-
mineral vai superar a de refrigerante.”
tem sede Segundo a Abinam, o líder na venda de
que a água mineral venha para a cesta
tal, mantida pela empresa, protege a
águas no Brasil é o Grupo Edson Quei-
básica com ICMS de 7%, porque hoje
fonte e garante a pureza e qualidade
roz, proprietário das marcas Minalba
pagamos 18%. Solicitamos a correção
da água mineral que brota natural-
e Indaiá, que respondem por 12% das
desse erro histórico, falo erro para não
mente no meio da rocha, o que asse-
vendas nacionais do produto. Antonio
dizer outra coisa, pois há forças ocultas
gura baixo teor de sódio.
Carlos Vidal, superintendente da área
aí”, desabafa Lancia.
de bebidas da companhia, explica: “Te-
“A Minalba, por exemplo, tem baixo
mos crescido em linha com o mercado,
Apesar da alta tributação, Vidal, da
teor de sódio e o consumidor preocupa-
só no ano passado aumentamos 9%
Minalba, afirma que o consumidor não
-se com isso. É que a água mineral não
em vendas. E isso tem muito a ver com
faz conta na hora de comprar a água.
precisa passar por nenhum processo
o amadurecimento do consumidor. É
Para ele, “o público está disposto a
químico para filtragem ou adição de
mais isso, do que estratégia de preço
pagar mais caro por um produto dife-
sais minerais. Seu processo de engar-
ou produto, é um amadurecimento do
renciado. A Minalba hoje é a qualidade
rafamento é totalmente mecanizado
mercado brasileiro”, explica Vidal.
das fontes e isso faz com que a gente
e realizado em ambiente controlado”,
consiga descolar um pouco do preço de
completa Vidal.
Os fabricantes enfrentam barreiras
commodities.
comerciais que encarecem o produto.
Para Lancia, da Abinam, a pureza da
“Infelizmente, somos tratados como
A fonte de onde sai a água mineral
água mineral é seu principal diferen-
bebida, mas não somos isso. Até 1991, a
Minalba está localizada em uma área
cial. “Outro dia vi uma propaganda
água mineral era considerada alimen-
isolada, a 1.700 metros nas montanhas
dizendo que determinado filtro é
to. Desde então, ela passou a ser consi-
da Serra da Mantiqueira, no município
uma inovação no mercado porque
derada bebida e estamos na luta para
de Campos do Jordão, interior de São
purifica 99% da água. O que temos
reverter isso. Tanto é que reivindicamos
Paulo. A área de preservação ambien-
de lembrar é que a água mineral que
DI V ER SIDA DE
O Br a si l q ue tem sede
é vendida é totalmente purificada, é
“Muita gente não sabe que está desi-
E a temperatura da água interfere na
a única água 100%”, certifica Lancia.
dratada, mas há sinais bem claros, por
qualidade da bebida? A nutricionista
exemplo, dor de cabeça, boca e pele se-
afirma que não, segundo ela, a água
Uma novidade no mercado tem atraí-
cas e até mesmo cãimbra.” Outro fator
gelada ou em temperatura ambiente
do os consumidores. Trata-se da água
que interfere na necessidade hídrica da
é sempre saudável. “A única diferen-
com sabor. De acordo com a Abinam,
pessoa é a temperatura do corpo e do
ça é que a gelada ajuda acelerar a
na empresa Águas Ouro Fino as ver-
ambiente. "E, se estamos com febre, te-
queima de calorias, aumenta em 4%,
sões tangerina, maçã e limão represen-
mos de tomar mais, se está muito calor,
o que representa bem pouco. Mas
tam 12% da venda. Definida pela Ouro
também”, ensina a nutricionista.
para pacientes gordinhos, sempre lembro que a água participa de vá-
Fino como Linha Plus, as águas com sabor são elaboradas com essência im-
Mas nem sempre a água é bem-vinda.
rias reações químicas no organismo
portada da Holanda. Na embalagem,
Solange faz restrições à ingestão de
e sua ingestão pode auxiliar bastante
elas recebem uma tampa-copo colori-
água durante as refeições. “Eu sou
durante um processo de reeducação
da que diferencia o produto.
contra e peço para meus pacientes
alimentar, entretanto, independen-
tomarem o menos possível durante o
temente do peso do paciente, sempre
Nem toda água é igual e só no Brasil
almoço e a janta. É que a água vai diluir
digo que água nunca é demais.”
existem 400 marcas, com produtos vol-
o ácido clorídrico do estômago, e assim
tados para diversos fins (vide quadro).
você terá mais dificuldade para digerir
A nutricionista recomenda que todos
Independentemente da marca escolhi-
as proteínas ingeridas, é exatamente
saiam de casa com uma garrafa de
da, a água mineral é um item indispen-
no estômago que fazemos a maior hi-
água, que deve ser reabastecida du-
sável para o dia a dia. A nutricionista
drólise (quebra de molécula devido à
rante o dia. Então, é reservar a garrafa e
Solange Valio Camargo assegura que
água) dessas proteínas.”
devemos tomar água diariamente e que
não deixar de se hidratar-se. &
água por dia. O que recomendo para pacientes saudáveis são 30 ml de água por quilo. Então, uma pessoa que pesa 100 kg deve tomar 3 litros de água por dia. Já uma pessoa mais magra, com cerca de 70 kg, deve tomar 2,1 litros.” O primeiro copo d’água deve ser ingerido logo pela manhã. “Uma coisa muito importante é tomar água quando acorda, pois há uma desidratação durante a noite, principalmente idosos que urinam durante o sono ou pessoas que acordam para urinar, essas desidratam bastante à noite”, explica. A nutricionista afirma que o corpo nos avisa quando estamos desidratados.
54
“
Muita gente não sabe que está desidratada, mas há sinais bem claros, por exemplo, dor de cabeça, boca e pele secas e até mesmo cãimbra. E, se estamos com febre, temos de tomar mais água, se está muito calor, também
“
“Nem todo mundo deve tomar 2 litros de
Solange Valio Camargo Nutricionista
2013 • edição 25 • fevereiro / março
Foto: Alinne Tosha
a quantidade varia de pessoa a pessoa.
Tipos de água
Fonte: Abinam
Ácidas: Regularizam o PH da pele. Alcalinas: Diminuem a acidez estomacal e são boas hidratantes para a pele. Alcalinas-terrosas: diminuem a acidez estomacal, atuando como digestivo natural. Bicarbonatadas sódicas: combatem doenças estomacais, como gastrites e úlceras gastroduodenais. Brometadas: sedativas e tranquilizantes, combatem insônia, nervosismo, desequilíbrio emocional, epilepsia e histeria. Cálcicas: para casos de raquitismo e colite, consolidam fraturas e têm ação diurética, reduzem a sensibilidade em casos de asma, bronquite, eczemas e dermatoses. Carbogasosas: diuréticas e digestivas, são ideais para acompanhar as refeições, repõem energia e estimulam o apetite, eficazes contra hipertensão arterial. Carbônicas: hidratam a pele e reduzem o apetite. Fluoretadas: boa para saúde de dentes e ossos. Ferruginosas: boa para tratar anemias, parasitoses, alergias e acne juvenil. Estimulam o apetite. Iodetadas: tratam a adenoides, inflamação da faringe e insuficiência da tireoide. Oligominerais: higienizam a pele, combatem diurese, intoxicações hepáticas, ácido úrico, inflamações das vias urinárias, alergias e estafa. Radioativas: dissolvem cálculos renais e biliares, favorecem a digestão, são calmantes e laxantes, filtram excesso de gordura do sangue. Sulfatadas: atuam como anti-inflamatório e antitóxico. Sulfatadas sódicas: para prisão de ventre, colites e problemas hepáticos. Sulfurosas: para reumatismos, doenças da pele, artrites e inflamações em geral.
T ECNOL OGI A TEXTO Thiago Rufino
Conexão em alta velocidade A chegada da rede 4G traz nova perspectiva ao mercado de dispositivos móveis no País, mas a expansão do serviço encontra entraves no caminho
A
popularização dos smart-
dispositivos móveis esperam passar
phones, bem como a variedade de
mais tempo on-line futuramente
preços e modelos de tablet disponí-
do que hoje. A tendência é que esse
veis no Brasil vem mudando a forma
mercado continue em franca ex-
como o consumidor se relaciona com
pansão, ainda mais com a chegada
a tecnologia. Ter um dispositivo mó-
da tecnologia 4G no País. Por aqui, o
vel conectado à internet já faz parte
serviço começa a ser oferecido pelas
da realidade de muitos brasileiros.
principais operadoras de telefonia
No entanto, em diversas regiões do
móvel. Mas, afinal, o que é o 4G?
País, a qualidade do serviço 3G deixa a desejar, sobretudo pelo preço ele-
Como o nome sugere, essa é a quar-
vado. Apesar da dificuldade, de acor-
ta geração de telefonia móvel, sendo
do com a pesquisa do instituto Ipsos
sucessora do 3G. A banda larga mó-
MediaCT, hoje, 40% dos brasileiros
vel ultrarrápida entrou em operação
acessam a internet pelo smartphone
em 2006, na Coreia do Sul. Hoje, há
várias vezes ao dia.
mais de 40 redes 4G em operação no mundo, que vão conectar 100 milhões
O número é expressivo, levando-se
de dispositivos móveis em 2013. Essa
em consideração que o País conta
nova rede proporcionará para a popu-
com mais de 27 milhões de smart-
lação brasileira novas aplicações mó-
phones. Os dados da pesquisa ain-
veis, sobretudo para serviços de vídeo
da apontam que 51% dos donos de
ou envio de dados em alta velocidade.
T ECNOL OGI A
C one x ão em a lt a velocid ade
Em termos práticos, além da diferen-
progresso por ser “um avanço tecno-
sobretudo pela questão do custo. “À
ça de nomenclatura, o que distingue
lógico e com certa agilidade para os
medida que o preço é alto, tem poucos
uma conexão da outra é o considerá-
brasileiros, o que normalmente de-
clientes e as operadoras acabam não
vel ganho de velocidade. Na teoria, a
morava anos para chegar aqui”, afir-
expandindo a cobertura da rede. Uma
tecnologia 3G permite até 7 megabites
ma. Para ele, a principal vantagem é
coisa alimenta a outra”, salienta.
por segundo (Mbps). Porém, a média
a agilidade e qualidade com que as
da conexão no País é de 1 Mbps. Já no
informações poderão ser trocadas via
Segundo Tude, o custo elevado de vá-
4G, em tese, a transferência de dados
dispositivos móveis. “Isso vai aumen-
rios modelos de dispositivo móvel é
pode atingir até 100 Mbps. Entretanto,
tar consideravelmente a interativi-
um problema mundial. “O preço vai
no Brasil, essa velocidade deve demorar
dade com videoconferências e maior
cair assim que a tecnologia expandir
muito tempo para ser alcançada, uma
tempo de navegação. Tudo de forma
em escala mundial. Aqui no Brasil, por
vez que depende de expansiva cober-
bem autônoma, sem a necessidade
exemplo, o governo pode ajudar com
tura de rede. A expectativa é que o 4G
de estar no escritório”, acrescenta.
medidas de diminuição dos impostos
brasileiro tenha velocidade entre 5 e 12
sobre esses aparelhos, que são altos
Mbps, dependendo do plano escolhido
“O 4G é uma tecnologia de futuro no
demais”, afirma Tude. Castilho tam-
e o local do ponto de acesso do usuário.
ponto de vista de banda larga móvel,
bém compartilha o ponto de vista e
pois vai dar mais capacidade de aces-
acredita que “a redução de valores ou,
Apesar dos percalços que esse novo
so”, corrobora Eduardo Tude, presiden-
ao menos, preços mais competitivos
modelo de conexão móvel deve en-
te da consultoria Teleco. No entanto,
impulsionarão a tecnologia”, aposta.
frentar, Wanderson Castilho, presi-
ele adverte que a expansão da tecno-
dente da E-Net Security, comemora o
logia no Brasil deverá ser muito lenta,
Já na opinião de Pedro Guasti, presidente do Conselho de Interação e Comércio Eletrônico da FecomercioSP, “a chave para o sucesso são investimento e infraestrutura para que todo o avanço tecnológico seja possível”, acrescenta. Guasti também endossa que “a carga tributária sobre as tarifas de telecomunicação poderiam ser revisadas pelo governo”, sugere.
“
“
Isso vai aumentar consideravelmente a interatividade com videoconferências e maior tempo de navegação Wanderson Castilho
presidente da E-Net Security
58
Foto: Divulgação
2013 • edição 25 • fevereiro / março
Sistema em teste
A solução, de acordo com Castilho, é
das compras via dispositivos móveis é
As operadoras de telefonia móvel es-
o Brasil adotar modelos que já deram
cultural. “Os consumidores ainda não
tão correndo contra o relógio para im-
certo no exterior. Nos Estados Uni-
estão 100% acostumados a comprar
plementar o sistema antes da chegada
dos, por exemplo, as metrópoles que
via mobile. No entanto, já vimos um
dos próximos eventos esportivos do
contam com cobertura da rede 4G
incremento significativo desse hábito
País: Copa das Confederações, Copa do
apresentam velocidade satisfatória
de consumo”, prossegue.
Mundo e Olimpíada. A previsão é que
e estabilidade no sinal nos mais va-
até abril deste ano a rede 4G deve che-
riados pontos da cidade. Já o gover-
Nova tendência que engloba as fer-
gar a todas as cidades-sede da Copa
no britânico anunciou no fim do ano
ramentas de comércio eletrônico
das Confederações. Até o fim deste
passado um projeto que pretende
e deve crescer, com a expansão da
ano, os municípios-sede e subsedes da
estabelecer na Inglaterra a melhor
conexão móvel de alta velocidade
Copa do Mundo de 2014 devem contar
conexão banda larga da Europa até
é o showrooming. Em linhas gerais,
com a tecnologia.
2015. “Precisamos pensar no que deu
o modelo consiste em consumido-
certo, não temos de tentar inventar.
res que visitam uma loja física para
O grande desafio será expandir a rede
É mais fácil pegar modelos que estão
pesquisar um produto, mas fazem a
de cobertura em curto período a fim
funcionando positivamente e repetir
compra de forma on-line. “O show-
de atender a demanda de turistas
o processo aqui. Não precisamos in-
rooming já é uma realidade. O con-
nessas regiões. “As operadoras terão
ventar a roda”, orienta.
sumidor está conectado nas lojas
grande desafio de espalhar a cobertu-
físicas, comparando preços, com-
ra pelo Brasil. Se o País não conseguir
Compra com mobilidade
cumprir essa meta, quem perde so-
De acordo com um levantamento
sociais e, muitas vezes, comprando
mos nós”, afirma Castilho. “Mas não
realizado pelo e-bit, aponta que, em
on-line em lojas da concorrência”,
duvido da capacidade das empresas
junho de 2012, 1,3% das compras on-
explica Guasti. “Essa tendência já
privadas. As operadoras vão empe-
-line foram realizadas por meio dis-
está ocorrendo no Brasil, mas ainda
nhar-se muito para que tenha a maior
positivos móveis, sejam smartphones
em menor escala. Temos de acompa-
quantidade de expansão dentro desse
ou tablets. Em igual período de 2011, o
nhar essa evolução”, prossegue.
tempo de curto”, acrescenta.
índice foi de 0,3%. O aumento ainda é
partilhando informações nas redes
pouco diante do potencial dessa ten-
Guasti ainda salienta que o 4G deve
Já o presidente da Teleco destaca que o
dência. Em comparação aos Estados
impulsionar todo o mercado de co-
desafio não é o maior número de acessos
Unidos, por exemplo, a diferença ain-
mércio eletrônico no País. “Nossa
como um todo, mas sim a grande con-
da é maior. No ano passado, estima-
banda larga 3G disponibiliza um ní-
centração de pessoas em determinadas
-se que o mercado norte-americano
vel de serviço ruim, com baixa velo-
áreas de cobertura. “Precisamos cons-
de comércio móvel chegou a US$ 11,6
cidade e custos elevados. Mesmo as-
truir mais capacidade temporária nesses
bilhões, o que representa cerca de 5%
sim, já temos mais de 250 milhões de
locais, para dar conta dessa demanda”,
das vendas do varejo, com aumento
linhas ativas. Com o avanço da tec-
orienta Tude. Após os eventos esportivos,
de 73,1% em relação a 2011.
nologia para 4G, tudo isso será po-
ele endossa que as melhorias na infraes-
tencializado”, afirma. Devido ao fato
trutura da rede têm de continuar, uma
A chegada da cobertura 4G deve ex-
de a tecnologia ser recente no Brasil,
vez que à medida que mais usuários
pandir o m-commerce no Brasil, se-
os empresários do varejo que atuam
aderirem ao 4G, mais “disputada” será
gundo Guasti. “Hoje, vivemos um pe-
tanto no meio físico como virtual
a conexão. “No começo da rede 4G, a
ríodo de adaptação do mercado a essa
têm de ficar atentos para aproveitar
tendência é que a conexão seja boa, por-
nova tecnologia e já existem diversos
as novas oportunidades. “O mercado
que serão poucos usuários. Porém, isso é
movimentos de empresas se adap-
digital é extremamente dinâmico, o
uma bola de neve, porque cada vez mais
tando ao mobile commerce”, afirma.
que faz com que os empresários que
as pessoas querem velocidade maior na
Porém, segundo ele, uma das prin-
nele atuam precisem estar adeptos a
transferência de dados”, explica.
cipais dificuldades para a expansão
mudanças em tempo integral. &
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AGENDA C ULT UR A L TEXTO priscila silva
EXPOSIÇÃO SP ROCK 70 Para relembrar a história do rock dos anos 70, o Sesc Belenzinho apresenta a exposição SP Rock 70 Imagem, que traz fotos que marcaram o cenário paulistano da época. Organizada pelo músico e pesquisador Moisés Santana, fotos e capas de discos de grandes ícones do rock brasileiro como Raul Seixas, Rita Lee, Os Novos Baianos, Os Mutantes, entre outros, são destaque da mostra. Entre os fotógrafos que registraram as imagens estão: Vania Toledo, Ana Arantes, Antonio Freitas, Carlos Hyra, Flavia Lobo e Leila Lisboa.
Foto: Vania Toledo
Onde: Sesc Belenzinho Rua Padre Adelino, 1.000 – Belenzinho Sábados e domingos – 10h às 18h Quanto: grátis Mais informações: (11) 2076-9700
Sob a direção de Otávio Martins, o espetáculo Divórcio apresenta ao público a história bem-humorada do ex-casal de advogados, Cecília, interpretada por Suzy Rego, e Jurandir, vivido por José Rubens Chachá. Após longo tempo sem nenhum contato, eles se reencontram nos tribunais na separação de um casal de celebridades; a personalidade Bruna Prado, personagem de Nathália Rodrigues, e o jogador de futebol Cacau Melo, interpretado por Pedro Henrique Moutinho. Cecília defende o jogador Cacau e
Jurandir advoga para Bruna. Ironicamente, Cecília e Jurandir se veem obrigados a utilizar os mesmos argumentos usados em suas discussões agora com seus clientes.
Onde: Teatro Raul Cortez Rua Dr. Plínio Barreto, 285 Sede da FecomercioSP – Bela Vista Quando: até 21 de abril de 2013 Quanto: Sextas e domingos – R$ 50; Sábados – R$ 60 Mais informações: (11) 3254-1700
Foto: Otávio Dias
DIVÓRCIO
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Em comemoração aos cinco anos de sua trajetória, a Cia. Físico de Teatro apresenta Fã Clube, a história de uma atriz desconhecida que é sequestrada por dois fãs, que ela nunca imaginou ter. O rapto se torna uma prova de amor e obsessão, quando a refém vira alvo dos desejos mais inusitados. Com direção de Renato Livera, o espetáculo traz o vazio da sociedade cega pelo “ter” e coloca à prova a veracidade das relações. A proposta é investigar o sentido de “possuir” outra pessoa, pois a peça traz a relação de dois amigos que se tornam obcecados diante de tanto desejo.
Foto: Álvaro Riveros
Onde: Sesc Consolação Rua Dr. Vila Nova, 245 – Vila Buarque Quando: Quintas e sextas, às 21h. Exceto 29/3. Quanto: grátis Mais informações: (11) 3825-2560
FÃ CLUBE
AS ORIGENS DO FOTOJORNALISMO Um Olhar sobre O Cruzeiro
tribuições de fotógrafos como Jean Manzon, Peter Scheier, Henri Balot, Mário de Moraes e Luiz Carlos Barreto.
Onde: Instituto Moreira Salles Rua Piauí, 844 – 1º andar Higienópolis – São Paulo Quando: terça a sexta – 13h às 19h; sábados, domingos e feriados – 13h às 18h Quanto: grátis Mais informações: (11) 3825-2560
Foto: Jean Manzon / Acervo CEPAR Consultoria
A exposição traz mais de 400 imagens e reportagens que contam a história da revista O Cruzeiro, o principal impresso ilustrado brasileiro do século 20. O foco da exposição são as décadas de 1940 e 1950, período de maior atividade da publicação. Sob a direção da professora e curadora do Museu de Arte Contemporânea da USP, Helouise Costa, e do coordenador de fotografia do Instituto Moreira Salles, Sergio Burgi, a mostra apresenta con-
Carmem Miranda, década de 1940
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ROT EIRO SP
TEXTO Thais Telezzi
Comida natural
O chamado “mercado verde” vem modernizando-se e ganhando cada vez mais espaço nas ruas. Empresas apostam na variedade de produtos e serviços para fidelizar o consumidor Mundo Verde
Possui 226 lojas no Brasil e duas em Portugal Informações: (24) 2220-6300 Horário de funcionamento: de acordo com a unidade
Foto: Divulgação
O Mundo Verde, maior rede de lojas especializadas em produtos naturais e orgânicos da América Latina, é referência em qualidade de vida e alimentação saudável. A rede possui produtos especializados no auxílio do tratamento de emagrecimento, como os conhecidos óleo de cártamo e chá verde, além de DVDs e livros com dicas sobre terapias de relaxamento e meditação. A grande novidade é o serviço gratuito Alô Nutricionista, para esclarecimentos de dúvidas, dicas e orientações sobre bem-estar.
Seletti Culinária Saudável Possui 30 unidades no Brasil Informações: (11) 3673-2013 Horário de funcionamento: 10 às 23h
Foto: Divulgação
Presente no mercado gastronômico há cinco anos, o Seletti é uma rede de franquias especializada em alimentação saudável, até mesmo para crianças. Contando com o menu Kids Seletti, que traz pratos com gramaturas diferentes dos tradicionais e produtos já cortadinhos, a rede também é preparada para atender um público exigente, antenado e preocupado com o bem-estar. O cardápio reúne variedade de grelhados, saladas, acompanhamentos e saborosos folhados wraps. Na linha de bebidas, que conta com mais de 20 opções, estão os I0 shakes e sucos naturais. E o melhor: tudo a um preço competitivo.
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Pátio Natural
natural da terra
Possui oito unidades em São Paulo Informações: sac@naturaldaterra.com.br Horário de funcionamento: 7h30 às 22h Renomado no mercado hortifrúti de São Paulo, o grupo Natural da Terra tem expandido e aprimorado seus serviços. As lojas-conceito, Hortifruti & Emporium, incluem açougue, peixaria, perfumaria, pet e até um espaço para apreciadores de vinho, o Espaço Wine. A seção de hortifrútis está sempre abastecida com variedade de frutas, verduras e legumes, bem como a padaria Dona Padoca, outra inovação no segmento. Dentre tantos serviços, o grupo ainda edita a revista Natural da Terra, com dicas e receitas “verdes”.
Foto: Simone Queiroz
Imagine saborear uma comida saudável em amplo restaurante com iluminação natural e ainda poder levar para casa produtos fresquinhos. O Pátio Natural oferece aos seus clientes essa inovação no segmento, e atende a vegetarianos e não vegetarianos. Com serviço de bufê de saladas e pratos frios, ou à la carte, o Pátio tem pratos exóticos, como estrogonofe de shimeji, polpetone de carne de soja e ricota e até hambúrguer de salmão com molho de iogurte. Além de tudo, o restaurante conta com estacionamento para bicicletas e uma lojinha de produtos naturais, como cereais e especiarias orgânicas.
Foto: Valdir Reis
Alameda dos Nhambiquaras, 1197 Moema Informações: (11) 2533-2229 Horário de funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h. Sábados, das 11h às 16h
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ENOGA ST RONOMI A POR DIDÚ RUSSO Ilustração laís brevilheri
Os desafios do Vinho no Brasil
O
nada fácil, pois de um lado o Ibravin defende uma espécie de Cide, um imposto compulsório a ser gerido pelo governo. Os importadores não aprovam isso por acreditarem que a gestão desse fundo deveria necessariamente ser privada, empresarial. Os importadores sustentam ainda que muita burocracia e uma série de entulhos de normativas dos ministérios deveriam ser revogados, até mesmo o Selo Fiscal.
Ingrediente 3 grande desafio do setor de Vi-
nho do Brasil continua sendo a União.
Nesse cenário, temos alguns ingre-
Os pequenos produtores continuam
dientes de difícil harmonização.
à margem das discussões. A Uvifam
Após a retirada do pedido de salvaguar-
não consegue sentar à mesa do Ibra-
das ao vinho nacional com o Ministé-
Ingrediente 1
vin e não foi chamada para nenhuma
rio do Desenvolvimento, Indústria e
Para o vinho brasileiro baixar de preço,
reunião dessa comissão. Eles pedem o
Comércio Exterior (MDIC), por parte do
ele precisa de desoneração. O governo
Simples, o cancelamento do Selo Fiscal
Ibravin, o grupo do acordo: Abras, Abba,
tem de dar sua contribuição, afinal, li-
e a revisão da normativa que inviabili-
Abrabe e Ibravin num acordo de cava-
vrou-se do imbróglio das salvaguardas.
za a produção de vinhos de autor neste
lheiros se comprometeram a juntos
Brasil. Para se ter uma ideia, a Bour-
promover o crescimento do consumo
Todos lembram-se de que tanto a presi-
gogne não existiria se fossem obri-
do vinho no Brasil.
dente da República, como um ministro
gadas a cumprir as exigências que o
seu, o sr. Pepe Vargas, e um governador
Brasil pede aos pequenos produtores.
Esse grupo deverá reunir-se com o
de estado, o sr. Tarso Genro, haviam ga-
MDIC a cada três meses para mostrar
rantido em palanque político que sal-
Ingrediente 4
os avanços que estão conseguindo. O
variam os produtores brasileiros de seu
O Comitê do Vinho FecomercioSP, que
trabalho é árduo, pois, de um lado, os
drama, insinuando que aprovariam ao
é plural e onde todos os envolvidos têm
supermercados comprometeram-se a
pedido das salvaguardas. Porém, per-
voz, também não foi chamado para
aumentar a oferta de rótulos brasilei-
ceberam depois nos estudos técnicos
essa comissão. Como se vê, parece que
ros em suas prateleiras. Isso está ainda
que não havia respaldo técnico nem
tiraram o bode da sala, mas o problema
sendo costurado pela Abras entre seus
político. Para se ter uma ideia, só o Chi-
continua o mesmo. O tempo dirá. Se
associados. Não é trabalho fácil. Moti-
le importa de carne do Brasil mais que
o Comitê do Vinho FecomercioSP for
vo: o vinho brasileiro custa caro. De que
o volume de todo o vinho que o Brasil
convidado a participar do grupo de
adianta dar espaço a um produto caro?
importa. Imaginem como seria a reci-
trabalho e a Uvifan tiver voz no Ibravin,
procidade disso.
serei o primeiro a reconhecer que
De outro lado, essa comissão já se reu-
avançamos, mas confesso que estou
niu três vezes e ainda não discutiu o
Com ação incisiva da Abras, se conse-
Fundo Nacional para Comunicação e
guiu o acordo. Mas o governo agora
Promoção do Vinho. Esse Fundo deve-
fará sua parte reduzindo impostos?
rá ser criado para se ter receita para
Acho que deveria.
as ações de comunicação e promoção do vinho como um todo. Estamos fa-
Ingrediente 2
lando de vinho de mesa, espumantes
Para se criar esse Fundo de Comunica-
e vinhos finos, nacionais e importados.
ção, será necessário um entendimento
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com muitas dúvidas.&
Didú Russo é fundador da Confraria dos Sommeliers, autor do livro Nem Leigo, Nem Expert, editor do site www.didu.com.br e do blogdodidu.zip.net, além de diretor e apresentador do programa de TV Celebre!
PROF ISSÕE S DO F U T U RO POR GABRIEL PELOSI Ilustração kareen sayuri
Arquitetura no ambiente virtual Em um universo cada vez mais conectado, a atuação do designer digital na construção de produtos virtuais torna-se
A
indispensável
usuário. No mercado, esse profissional
mercado de trabalho, antecipam ten-
também é conhecido como designer UX
dências e têm contato com empresas
(sigla para User Experience, em inglês).
em atividades práticas, preparando-se para a vida profissional. O projeto
O bacharelado em design com linha de
educacional da área visa ainda formar
formação específica em design digital,
profissionais empreendedores e autô-
curso de graduação do Centro Univer-
nomos com campo amplo de ação.
sitário Senac, oferece sólida formação para atuação no mercado de softwa-
Com duração de quatro anos, o curso
res, games, web, design de serviços
forma profissionais aptos a trabalhar
e produtos interativos com foco na
em emissoras e produtoras de cinema
experiência do usuário. “O campo de
e TV, estúdios de criação, agências de
atuação do design de interface digital
publicidade e marketing, agências de
ssim como em espaços físicos
é promover de forma fácil e intuitiva
gestão de marcas e identidade corpo-
como residência, indústria, comércio
o acesso do homem a equipamentos
rativa e desenvolver projetos pessoais
e setor de serviços, o ambiente virtual
computacionais”, explica Vilma Vilari-
ou em organizações não governa-
também exige a utilização da arquite-
nho, coordenadora do curso de design
mentais. Além disso, poderá exercer a
tura e do design no seu projeto de cons-
digital no Campus Santo Amaro, do
função de crítico em design ou atuar
trução. O que no mundo físico repre-
Centro Universitário Senac.
no desenvolvimento de interfaces experimentais e aplicativos alternativos
senta paredes, janelas, pisos, móveis, utensílios metálicos etc., no mundo
O curso conta com laboratórios de
para tecnologias existentes ou na cria-
virtual, a arquitetura trabalha usando
interação e usabilidade estruturados
ção de novos sistemas midiáticos.
elementos como interatividade, usabi-
para o desenvolvimento e a análise de
lidade, acessibilidade e funcionalidade.
interfaces digitais e dotados de infra-
No mercado de trabalho, o design digital
estrutura de última geração em tec-
é um segmento novo, que alia o design
Uma das carreiras digitais que mais
nologia da informação, comunicação
às mídias digitais e tecnologias de co-
cresce em todo mundo é o design vol-
e interação. “Um dos grandes desafios
municação e informação mais recentes.
tado para a melhoria da experiência do
é como ensinar nossos alunos a traba-
A área é abrangente e multidisciplinar,
usuário. O profissional designer digital é
lhar com paradigmas, tecnologias ou
envolvendo comunicação, cultura, infor-
quem está capacitado para desenvolver
problemas que ainda nem existem,
mação e tecnologia, exigindo do profis-
esse trabalho. Para trabalhar nessa área,
mas que serão realidade na vida pro-
sional domínio das ferramentas tecno-
é preciso ter conhecimentos multidis-
fissional no futuro”, aponta Romero
lógicas e conhecimentos sobre cultura
ciplinares, como design, usabilidade,
Tori, professor do curso e pesquisador
contemporânea, linguagem visual, plás-
matemática e psicologia. O profissional
da área de design digital.
tica e senso estético/funcional. &
os sentimentos que determinada ação
No curso do Centro Universitário Se-
Mais informações pelo website www.
num software ou dispositivo causará no
nac, os alunos vivenciam situações do
sp.senac.br ou pelo telefone (11) 5682-7300
deve ser capaz de intuir as sensações e
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CRÔNIC A POR Hebert Carvalho • jornalista Ilustração camila marques
O verão do comércio E m 21 de dezembro de 2012, o
dos filhos podem significar o caminho
mundo não se acabou, como alguns
mais curto para se alcançar o bolso –
previam, temiam ou, ainda, desejavam.
ou a bolsa – dos pais. É preciso atrair
Em consequência, continuou o planeta
os petizes aos centros de compra, seja
Terra seu movimento em torno do Sol,
por meio dos modernos brinquedos
com as habituais inclinações que pro-
ou jogos eletrônicos.
duzem as quatro estações. Conseguir que um garoto fique quieto O calor já ameaçava derreter a Cate-
e não atrapalhe o adulto que compra
dral da Sé e o Minhocão desde o início
pode ser decisivo para quem vende.
do mês que representa a esperança do
Recordo-me de uma vez que, em via-
azul, para comerciantes e prestadores
gem ao exterior, fui com minha filha
de serviço perseguidos pelo vermelho.
pequena a uma loja de discos. Apreciador da música erudita e deslumbrado
Na cidade de São Paulo, onde as esta-
com a oferta abundante a preços aces-
ções podem se suceder num único dia
síveis, perambulava entre as pratelei-
e a temperatura às vezes cai até mais
ras separando pilhas de CDs, até que
do que 10ºC na medida em que a noi-
um início de choro ameaçou abreviar
te avança, esta é a época em que há
meu consumismo cultural. Imediata-
muita gente na rua e pouca pressa de
mente, o diligente vendedor cercou a
sandálias, sob os colares que adornam
voltar para casa.
menina de tantos mimos e atenções
o pescoço das jovens, ou por entre ber-
que o fim da compra acabou determi-
mudas e camisetas regatas enverga-
Até porque, se chover – ou se o céu
nado, horas depois, pelo limite do car-
das tanto por mauricinhos como pelos
estiver preto, ameaçando desabar –, o
tão de crédito.
manos da periferia.
lojas, seguindo o conselho daquela psi-
De volta às ruas de São Paulo, o que
Para dar conta das vaidades e aplacar
cóloga e ministra que já foi prefeita:
se observa, entre dezembro e mar-
receios de quem desconfia dos próprios
“Relaxa e goza” enquanto o carro dos
ço, é a cidade cosmopolita de feições
atributos físicos, salões de beleza aten-
outros, não o seu, fica parado no con-
europeias e orientais abrasileirar-se
dem no fim de semana e academias
gestionamento ou é levado pela cor-
na medida em que o clima esquenta.
oferecem horários nas madrugadas.
renteza de ruas e avenidas alagadas.
Ninguém poderá ver, é óbvio, sentado
Até que em janeiro, passada a febre das
à mesa de um bar na Avenida Paulista,
festas de fim do ano, quem não foi para
Entretanto, faça chuva ou faça sol, o
nos Jardins ou na Vila Madalena, doce
o litoral, comprou os últimos ventilado-
comércio continuará empenhado em
balanço a caminho do mar. Mas a pele
res em alguma liquidação. Fechando o
seu objetivo ancestral, de conquistar o
mais ou menos clara, escondida nos
verão, chega o Carnaval e o comércio
cliente e induzi-lo a comprar cada vez
outros meses por causa do frio, sur-
paulistano entrará no cordão: na frente
mais. E vamos lembrar que os desejos
ge a com as blusinhas, saias curtas e
melhor é se deixar ficar pelos bares e
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vai Salim, atrás vai Salomão. &