OS DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA O SETOR DE SERVIÇOS NA BAHIA

A Bahia é uma das principais economias do país com PIB em torno de 300 bilhões de reais, o maior do Nordeste, segundo o IBGE. E o setor de maior participação é o de Serviços, responsável por quase 70% do PIB local, incluindo a administração pública.

Há 920 mil pessoas empregadas com carteira assinada neste setor, sendo o que mais emprega, segundo o CAGED. Em 2022, os Serviços foram destaque no estado com o volume de crescimento de 7,2%, enquanto a indústria avançou 2,4% e o varejo retraiu 6,7%.

Suas atividades são numerosas e ecléticas, indo desde educação e saúde à locação de imóveis, transportes e turismo, que também se destacou com elevação de 23,4%.

São dados animadores após o baque da pandemia quando a queda chegou a 14,7%. Em 2021 os Serviços começam a se reerguer, com alta de 9,8%.

Apesar da recuperação, são muitos os desafios, como a baixa renda da população, aliada à informalidade e ao desemprego. Desta forma, há uma limitação de consumo das famílias, unida à inflação e à inadimplência. No final de 2022, apontamos um recorde histórico, de 43,7% de famílias com contas em atraso em Salvador, segundo pesquisa da Fecomércio ­BA e CNC.

É como se a economia baiana crescesse com um freio de mão puxado. Nos Serviços, empresas de TI, saúde, transportes, por exemplo, possuem custos elevados e dependem de crédito. Por mais que elas obtenham crédito no sistema financeiro, o juro alto é repassado ao cliente final.

No caso do turismo é diferente por não depender exclusivamente da renda local. Turistas de todas as partes mantêm aquecida essa cadeia econômica com renda e geração de emprego.

Assim, enxergamos as oportunidades em meio às dificuldades. O turismo é um bom exemplo disso. Ainda há muito espaço para seu crescimento, através de investimentos em meios de hospedagem, transportes, restaurantes. Há ainda a necessidade dos investimentos públicos em infraestrutura, aeroportos e rodovias. Na cultura e entretenimento, grande

Kelsor Fernandes

Presidente do Sistema Fecomércio-BA

vocação do Estado, com o retorno do Carnaval e logo do São João, aferimos forte recuperação pós pandemia.

Enfim, o Brasil e principalmente a Bahia carecem de muitos serviços essenciais e não essenciais. Há espaço a ser explorado. Talvez ainda não seja o momento ideal para se pensar numa recuperação mais sólida devido ao crédito caro. Porém, o caminho de longo prazo é de otimismo.

A taxa básica de juros deve iniciar um ciclo de reduções e a inflação começa a dar sinais de arrefecimento. Assim, o ganho de poder de compra está sendo gradual, com ampliação de consumo além dos setores essenciais, o que deve permitir, a partir de 2024, uma tração mais forte dos Serviços, contribuindo para a economia baiana com geração de renda e emprego. Bons tempos virão!