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Empreendedorismo

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ENTREVISTA PRIMO MALDONADO

por Jaciana Bianck

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Primo Maldonado é diretor da LDM, livraria e distribuidora baiana que, há 29 anos, atua no mercado editorial do estado. A LDM possui um vasto acervo de livros, com inúmeras editoras e das mais variadas áreas. Além disso, ela está presente nos principais eventos literários da Bahia. Atualmente, a livraria fica localizada em três postos da capital baiana: nos Shoppings Paseo e Bela Vista, além de sua matriz, em Brotas.

Sistema Fecomércio-BA - Em 2021, o Brasil contabilizou um crescimento de quase 30% na venda de livros, segundo o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). A LDM notou esse aumento, então, a quais fatores podemos associar esse cenário?

Primo Maldonado - Sim, notamos esse aumento. Embora bem menor na nossa empresa, pois operamos em menor proporção no varejo online, onde se destacam os grandes players (Submarino, Amazon, Cultura, etc.). Todavia, ao contrário do que aparenta este crescimento, durante a última década, o mercado de livros no país teve uma retração nas vendas, inclusive, com queda no preço nominal, o que causou uma perda de rentabilidade. Além disso, nos últimos anos, vem ocorrendo uma mudança no modelo das lojas; antigamente, existiam super lojas, que ocupavam um espaço acima de 1.500 metros quadrados, com conteúdo muito diversificado e altos custos operacionais. Atualmente, predominam lojas com tamanhos mais adequados, entre 500 a 1.000 metros quadrados ou até menores.

SF - Como a revolução digital está transformando o setor?

PM - As principais transformações foram nas áreas CTP (Científicos, Técnicos e Profissionais), onde os conteúdos migraram, em grande parte, para plataformas digitais. A maioria dos livros didáticos, impressos ou digitais, migrou para Sistemas de Ensino, e são comercializados pelas editoras, seja diretamente para as escolas ou para os pais. Nas outras áreas, como literatura, humanas, religiosa, infantil, entre outros, ainda predomina o livro físico. Porém, o modelo de comercialização, após a pandemia, está se dividindo, quase que proporcionalmente, entre livrarias físicas e vendas por sites, marketplaces e clubes de assinatura. O formato em audiolivro também tem crescido e se solidificado.

Mas, se há algo que simboliza o mito da Fênix, são as livrarias. Elas estão sempre se adaptando e se reinventando"

SF - Na última década, observamos a crescente migração das livrarias para o mundo digital. Observando esse panorama, ainda é possível que redes físicas se consolidem e cresçam?

PM - Sim. As redes de livrarias têm demonstrado um panorama positivo, pois estão se consolidando e crescendo, tanto as regionais quanto as nacionais. Principalmente, o modelo de empreendimento com lojas menores, pois é o mais adequado à nova realidade do mercado. Além disso, normalmente, elas são agregadas a cafés, cinemas ou eventos, o que atrai ainda mais os clientes.

SF - Quais estratégias a LDM adotou, nessas quase três décadas de atuação, para manter-se consolidada no mercado baiano, principalmente, após as transformações digitais?

PM - Investimos na diversificação do negócio, com atuação em várias áreas, seja no varejo, com livrarias físicas, site e redes sociais; ou no atacado, especialmente no segmento universitário (atendimento a faculdades, governo, entre outros) e pontos alternativos. Também, participamos de diversos eventos como bienais, festas literárias, feiras de livros, feiras escolares e trabalhos em escolas; especialmente na área de literatura paradidática.

SF - Quais são as perspectivas para o futuro das livrarias?

PM - Incerto, como quase sempre foi. Mas, se há algo que simboliza o mito da Fênix é a Livraria. Está sempre se adaptando e se reinventando. Hoje, é possível observar um movimento na sociedade de resgate da Cultura Livresca, perdida em parte nos últimos tempos. Entretanto, ainda existem agravantes como: reconhecimento e incentivo dos órgãos governamentais, falta de regulamentação e o modelo de comercialização em Shopping, que também está em xeque.

As redes de livrarias têm demonstrado um panorama positivo, pois estão se consolidando e crescendo, tanto as regionais quanto as nacionais. Principalmente, o modelo de empreendimento com lojas menores, pois é o mais adequado à nova realidade do mercado”

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