Pesquisa conjuntural abril 2014

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Boletim Conjuntural Abril/ 2014



BOLETIM CONJUNTURAL

1. O ambiente nacional e estadual Em abril, a economia brasileira seguiu apresentando baixo ritmo de expansão, o que levou o Ministério da Fazenda a rever a perspectiva de crescimento anual para 2% em 2014. O baixo ritmo de crescimento de abril foi influenciado pelo aumento da pressão inflacionária, provocada por despesas com educação, alimentação/bebidas e gastos pessoais, cuja continuidade deve fazer com que o valor acumulado do IPCA em 2014 se situe próximo ao teto superior da meta de inflação definida pelo BACEN (6,5%). Do ponto de vista do emprego, verificou-se leve redução da taxa de desemprego nas Regiões Metropolitanas do país, onde o índice passou de 5,0% em março para 4,9% em abril. Ao contrário da tendência nacional, o desemprego aumentou na Região Metropolitana do Recife (RMR) entre março e abril/2014, quando alcançou o patamar de 6,3%. Por outro lado, verificou-se estabilidade no que se refere ao rendimento médio mensal, em torno a R$ 1.503,00 na RMR e R$ 2.028,00 no conjunto das demais regiões metropolitanas do país. Essa estabilização, combinada com a elevação da taxa de desemprego, liga o alerta para a questão do gerenciamento financeiro praticado pelas famílias, como apontam o avanço no número de protestos financeiros e os índices de endividamento das famílias junto aos bancos. Em paralelo, as instituições financeiras, além de terem reduzido o prazo de pagamento dos créditos concedidos, têm adotado maior seletividade na liberação de crédito ao consumidor, encarecendo os custos da tomada de empréstimos. Com isso, a CNC apurou queda de 2,3% na Intenção de Consumo das Famílias (ICF) em abril de 2014, passando, esse indicador, para o menor nível desde janeiro de 2010. O recuo foi generalizado, abarcando pessoas de todas as classes de renda. O Índice de Confiança do Consumidor, calculado pela FGV, também apresentou variação negativa entre março e abril. Neste mês, viu-se uma situação semelhante ao pico de baixa observado no pior momento de 2013, quando ocorreram mudanças na política macroeconômica dos EUA, o recrudescimento inflacionário e manifestações de rua afetaram negativamente o consumo. Nesse quadro, a CNC revisou para baixo a projeção de crescimento anual das vendas no varejo em 2014, passando do patamar anterior de 5,3% para 4,9%. Com isso, o que se vê é uma convergência para o desempenho obtido no ano passado, quando as vendas cresceram 4,3% em relação a 2012. O mês de abril, portanto, foi marcado por dificuldades no que se refere à realização de vendas em todo o comércio do país. Cabe observar, a partir da próxima seção, o comportamento mais específico do setor na Região Metropolitana do Recife.

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2. Queda de 3,6% nas vendas entre março e abril de 2014 As vendas no varejo da RMR registraram queda de 3,6% em abril de 2014, relativamente ao mês de março (Gráfico 1 e Tabela 1). Essa redução ocorreu em maior proporção no Comércio Automotivo, principalmente nas lojas de Autopeças e acessórios (-16,4%), e nos Bens de Consumo Duráveis, com destaque para os estabelecimentos de Cine-foto-som e Óticas (-8,9%). Também houve diminuição significativa nas Livrarias e Papelarias (-26,6%), por conta do desaquecimento das vendas após a demanda tradicional no início do período letivo. Por sua vez, repetindo o que se registrou no mês de março, as vendas de Materiais de Construção apresentaram variação mensal de faturamento de -3,4%. As vendas foram positivas, apenas, nas lojas de Móveis e Decorações (5,2%) e de Vestuário e Tecidos (2,8%). Gráfico 1 Variação do faturamento real no comércio varejista da RMR em relação ao mês anterior (%)

20

18,0

15 10

7,5

5

6,4

7,9

3,7

0

-0,4 -1,8

-1,3 -3,6

-5

-4,9

-5,8 -8,8

-10 -13,5

-15 Abr13

Mai13

Jun13

Jul13

Ago13

Set13

Out13

Nov13

Dez13

Jan14

Fev14

Mar14

Abr14

Mar13

Abr13

Mai13

Jun13

Jul13

Ago13

Set13

Out13

Nov13

Dez13

Jan14

Fev14

Mar14

Fonte: Instituto Fecomércio-PE - Cepesq

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BOLETIM CONJUNTURAL - ABRIL 2014


Tabela 1 - Pesquisa conjuntural do comércio varejista da RMR – abril de 2014 FATURAMENTO REAL DISCRIMINAÇÃO

MASSA SALARIAL

NÍVEL DE EMPREGO

abr/14

abr/14

jan-abr/14

abr/14

abr/14

jan-abr/14

abr/14

abr/14

jan-abr/14

mar/14

abr/13

jan-abr/13

mar/14

abr/13

jan-abr/13

mar/13

abr/13

jan-abr/13

COMÉRCIO EM GERAL

-3,6

0,7

5,3

-0,2

-0,5

2,7

-0,2

1,2

1,0

COMÉRCIO EM GERAL (Exc. Conces.)

-3,6

-0,3

3,3

-0,2

1,1

3,7

-0,4

1,4

1,1

BENS DE CONSUMO DURÁVEIS

-5,4

2,8

7,9

-2,5

-2,3

0,2

-0,3

-6,6

-5,5

5,2

-2,9

-0,5

-4,2

3,9

7,0

-2,1

5,0

5,7

Lojas de Utilidades Domésticas

-6,0

9,9

13,2

-3,2

11,9

10,3

0,7

0,5

0,1

Cine-foto-som e Óticas

-8,9

3,4

6,6

-1,6

-15,4

-12,8

-0,7

-19,4

-18,9

Informática

-5,7

-6,8

2,0

-1,4

-10,4

-5,6

0,1

-11,5

-8,1

BENS DE CONSUMO SEMIDURÁVEIS

-4,1

5,9

5,4

-1,1

-2,7

1,1

-1,4

5,6

2,9

2,9

3,6

3,2

4,6

-6,6

-2,2

0,9

8,8

6,6

-0,7

8,1

2,5

-3,2

1,2

8,1

-3,2

-5,6

-4,1

Móveis e Decorações

Vestuário / Tecidos Calçados Livrarias e Papelarias

-26,6

13,4

11,0

-10,0

20,2

8,7

-8,6

11,2

-1,0

BENS DE CONSUMO NÃO DURÁVEIS

-1,6

1,7

2,9

-1,8

-0,4

1,6

0,9

1,2

0,7

Supermercados

-0,1

9,5

8,9

1,8

5,8

5,8

1,9

-1,0

-1,1

Farmácias e Perfumarias

-0,4

-17,3

-13,1

-5,0

-0,3

2,9

-1,7

2,4

2,5

Combustíveis

-3,1

5,2

6,2

-0,8

-3,6

-1,8

3,0

1,4

0,0

COMÉRCIO AUTOMOTIVO

-5,4

4,4

15,0

-0,4

-10,2

-3,4

1,8

-1,6

0,2

Concessionárias de Veículos

-3,7

6,0

16,5

0,3

-14,6

-7,3

-2,1

-2,0

-1,5

Autopeças e Acessórios MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO

-16,4

-6,0

5,2

-2,4

7,9

12,1

-0,4

3,4

4,3

-3,4

-5,6

1,0

-0,4

7,3

9,1

-0,4

0,6

1,7

Fonte: Instituto Fecomércio-PE - Cepesq

3. Vendas de abril/2014 reproduzem desempenho de abril/2013 O faturamento do varejo da RMR, em abril de 2014, praticamente repetiram o desempenho do mesmo período do ano anterior, uma vez que se registrou aumento de 0,7% no comparativo com o mesmo mês do ano passado (Gráfico 2). Observe-se, na Tabela 1, que os resultados foram melhores nos Bens de Consumo Semiduráveis (5,9%), principalmente nas Livrarias e Papelarias (13,4%). Ressaltem-se ainda as vendas das Lojas de Utilidade Domésticas (9,9%) e dos Supermercados (9,5%). Por outro lado, o ramo de Materiais de Construção apresentou queda (-5,6%), confirmando tendência já observada em março de desaceleração neste ano. Também tiveram reduções os ramos de Farmácias e Perfumarias (-17,2%), Informática (-6,8%) e Autopeças e Acessórios (-6,0%).

INSTITUTO FECOMÉRCIO - PE

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Gráfico 2 - Variação do faturamento real no comércio varejista da RMR em relação a igual mês do ano anterior (%)

15

13,3

12 9 7,2

6

5,0

4,8

4,8

3,8

3,0

3 1,0

1,2

0

-0,4

-3 -6

0,7 -0,8

-3,7

Abr13

Mai13

Jun13

Jul13

Ago13

Set13

Out13

Nov13

Dez13

Jan14

Fev14

Mar14

Abr14

Abr12

Mai12

Jun12

Jul12

Ago12

Set12

Out12

Nov12

Dez12

Jan13

Fev13

Mar13

Abr14

Fonte: Instituto Fecomércio-PE - Cepesq

4. Apesar do bom desempenho do 1º trimestre, verifica-se tendência declinante nas vendas acumuladas do 1º quadrimestre de 2014 O faturamento acumulado no primeiro quadrimestre de 2014 aponta que as vendas em 2014 continuam superando os resultados de 2013 (5,3%). No entanto, verifica-se tendência de desaceleração em relação ao ano anterior, principalmente a partir de março (Gráfico 3). Se esse resultado se explica, em parte, pelo fato de o carnaval ter ocorrido, em 2014, no mês de março, também deve ser levada em consideração a queda no índice de confiança do consumidor, a pressão inflacionária, a elevação da taxa de desemprego na RMR e problemas relacionados à gestão do endividamento. A Tabela 1 mostra que o melhor desempenho no acumulado das vendas neste ano foi verificado no Comércio Automotivo, ressaltando-se também os segmentos de Bens de Consumo Duráveis e Bens de Consumo Semiduráveis. Observam-se como destaques as Utilidades Domésticas (13,2%) e as Livrarias/Papelarias (11,0%). No sentido oposto, Farmácias e Perfumarias apresentaram queda significativa (-13,1%).

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BOLETIM CONJUNTURAL - ABRIL 2014


Gráfico 3 - Variação acumulada do faturamento real (%)

10

2013

2014

8,6

8 6,8

6

5,3 4,8 4,2

4

4,5 3,9

3,7

3,4 2,6

Jan/Jan

Jan/Fev

Jan/Mar

Jan/Abr

Jan/Mai

Jan/Jun

Jan/Jul

3,0

2,2

2,1

2

0

2,7

2,5 1,8

Jan/Ago

Jan/Set

Jan/Out

Jan/Nov

Jan/Dez

Fonte: Instituto Fecomércio-PE - Cepesq

5. Nível de emprego e massa salarial se sustentam no comparativo entre março e abril. No acumulado anual, têm desempenho positivo O nível dos salários em abril praticamente se manteve no mesmo patamar verificado em março, registrando queda de apenas 0,2%. Destacaram-se os Bens de Consumo Semiduráveis (1,1%), alavancados pela demanda de mão-de-obra e consequente pagamento de remunerações nas lojas de Vestuário e Tecidos (4,6%). Por outro lado, os Bens de Consumo Duráveis apresentaram redução de 2,5%, principalmente os estabelecimentos de Móveis e Decorações (-4,2%) e de Utilidades Domésticas (-3,2%). Também com redução acentuada no nível salarial é possível ressaltar as Livrarias e papelarias (-10,0%) e as Farmácias e Perfumarias (-5,0%). Em relação a abril de 2013, o nível dos salários quase não se alterou, apresentando leve declínio (caindo somente 0,4%). A queda mais expressiva foi verificada no Comércio Automotivo (-10,2%); por outro lado, a massa salarial das lojas de Materiais de Construção cresceu 7,3%. Ressalte-se, ainda, a redução no nível dos salários em Cine-foto-som e Óticas, Concessionárias de Veículos, Informática e Vestuário/Tecidos. Por sua vez, destacam-se o crescimento do nível salarial, pela ordem de grandeza, as livrarias e Papelarias, Utilidades Domésticas, Autopeças e Acessórios e Supermercados. No que se refere ao emprego, o nível das ocupações do comércio varejista praticamente se sustenta entre março e abril de 2014, registrando queda de apenas 0,2% (Tabela 1). Nos Bens de Consumo Semiduráveis ocorre maior redução relativa (-1,4%), com destaque para as Livrarias e Papelarias (-8,6%) e Calçados (-3,2%). Também se verifica queda nos Bens de Consumo Duráveis (-0,3%), ressaltando-se as lojas de Móveis e Decorações (-2,1%).

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No comparativo com o mesmo mês de 2013, observa-se discreto aumento no nível de emprego (1,2%), em especial nos Bens de Consumo Semiduráveis, principalmente nas Livrarias/Papelarias (11,2%) e em Vestuário e Tecidos (8,8%), registrando-se alta, ainda, nos Bens de Consumo Não-Duráveis e Materiais de Construção. Por outro lado, ocorreu considerável redução nos Bens de Consumo Duráveis (-6,6%), verificada de forma mais expressiva nas lojas de Cine-foto-som e Óticas, Informática e em menor escala nas de Calçados. 6. Síntese O que se pode afirmar, em termos da análise da conjuntura do mês de abril, é que as vendas acumuladas no 1º quadrimestre de 2014, embora situadas acima do patamar de 2013, tendem a convergir para o desempenho apresentado no ano passado. Esse é um resultado preocupante, haja vista as vendas terem sido afetadas, no ano anterior, por eventos considerados “exógenos” ao ciclo tradicional de vendas, como as manifestações e greves. Esse quadro é ainda mais agravado quando se tem em vista que as vendas nos próximos meses devem ser afetadas pela proximidade da Copa do Mundo, que provocará uma diminuição de dias úteis, e também pela ocorrência de feriados em junho, além de eventuais manifestações populares e/ou greves. O “EfeitoCopa”, que incidiu principalmente sobre a venda de bens duráveis (televisões e eletrônicos em geral) está praticamente no fim. Além disso, segmentos que até março tinham apresentado bom dinamismo – como os materiais de construção – passaram a registrar retração nas vendas (mensais e anuais). Essa tendência, que se confirmou em abril, guarda estreita relação com o arrefecimento, de modo geral, da atividade econômica, sobretudo na Região Metropolitana do Recife, que tem experimentado taxas de desemprego acima da média nacional. É preciso, portanto, assumir uma postura de cautela para os próximos meses. Consideradas as dificuldades que têm incidido sobre a economia, de modo geral, esse é um comportamento que já pode ser visto tanto entre empresários, como entre consumidores de todo o país.

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Fecomércio-PE Rua do Sossego, 264, Boa Vista, Recife-PE, Cep: 50050-080 Tel.: (81) 3231.5393 | Fax: (81) 3222.9498 Presidente: Josias Silva de Albuquerque Instituto Fecomércio-PE Centro de Pesquisa (Cepesq) Av. Visconde de Suassuna, 114, Santo Amaro, Recife-PE, Cep: 50050-540 Tel.: (81) 3231.6175 | Fax: (81) 3423.3024 E-mail: lailze.leal@fecomercio-pe.com ou urbano.nobrega@fecomercio-pe.com Diretor executivo: Oswaldo Ramos Equipe técnica: Lailze Santos e Urbano da Nóbrega Economistas responsáveis: Tania Bacelar, Osmil Galindo e Fábio Oliveira Revisão: Laércio Lutibergue Design: Daniele Torres e Thiago Maranhão

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Sede provis贸ria: Rua do Sossego, 264, Boa Vista, Recife, Pernambuco, CEP 50.050-080 Tel.: (81) 3231-5393 (PABX) Fax.: (81) 3222-9498 / 3231-2912 Anexo: Av. Visconde de Suassuna, 114, Boa Vista, Recife, Pernambuco, CEP 50.050-540 Tel.: (81) 3231-6175 (PABX) Fax: (81) 3423-3024

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