Cadernos Econômicos - nº 22

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Coordenador de Jornalismo Ernani Buchmann Revisão: Sônia Amaral Diagramação: Vera Andrion Tiragem: 1000 exemplares Periodicidade: mensal


A queda nos índices econômicos e a incerteza em relação ao emprego e às medidas de ajuste fiscal prejudicam o comércio e a indústria

junho 2015


Conjuntura preoc O desempenho do PIB brasileiro no 1.º trimestre de 2015 preocupa, seja por demonstrar uma conjuntura de limitações ocorridas no período, assim como por sinalizar um quadro de debilidades que deverão se estender para o restante do ano e, tudo indica, até meados de 2016. O PIB do trimestre caiu 1,6%, comparado ao mesmo período de 2014; o consumo das famílias teve redução de 0,9%; o consumo do governo apresentou contenção de 1,5%; o investimento (capital fixo público e privado) caiu 7,8%. O PIB do comércio no 1.º trimestre de 2015 apresentou queda de 6,0% em relação a igual período de 2014, enquanto que o acumulado nos últimos quatro trimestres (abril de 2014 a março de 2015) foi negativo em 3,8% comparado aos quatro trimestres anteriores. As exportações cresceram mais que as importações, contando com o incentivo da valorização cambial do dólar, mas seu valor não foi suficiente para gerar um saldo positivo na balança comercial. O PIB da Indústria teve contração de 3%, sendo mais significativo na indústria de transformação, que caiu 7,0%. SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

Surgem algumas explicações. O consumo das famílias caiu motivado por preços que superaram em muito os do mesmo período de 2014, acrescido de desemprego crescente, queda na oferta de empregos, redução na massa de salários, e o adiamento ou cancelamento de compras, diante da incerteza na manutenção do emprego. O cenário da inflação ascendente, que influenciou bastante a redução do poder de compra, teve como componentes alguns aumentos que constituem demandas compulsórias da população, como combustíveis, gás de cozinha, e o conjunto das tarifas de transporte, energia elétrica, água e saneamento, e telecomunicações. Esses aumentos possuem uma característica restritiva, pois extraem do mercado uma parcela expressiva do seu poder de compra e potencial de consumo, devido ao comprometimento da renda do consumidor com outras despesas essenciais, insubstituíveis ou inadiáveis. Alguns efeitos adicionais subsequentes de decisões governamentais ainda não foram sentidos na sua totalidade, mas tendem a se


a econômica cupa transformar em fatores limitantes das vendas do comércio no decorrer de 2015. É o caso da adoção do ajuste fiscal pelo contingenciamento orçamentário, com corte na despesa de R$ 69,9 bilhões. Por outro lado, as providências do governo federal também passam pelo aumento na tributação no trimestre, como CIDE, IOF, CSLL, retirada dos incentivos fiscais, mais a recente criação de um adicional tributário sobre importados. Acrescente-se a essas limitações, que repercutem sobre o comércio e a indústria na forma de bloqueio de vendas, outros fatores decorrentes de alterações nas alíquotas tributárias de cunho estadual, como elevação nas alíquotas do ICMS e IPVA, que também produzem impactos sobre preços finais. Se, por um lado, a percepção de parte significativa dos assalariados é que a manutenção do seu emprego – e respectiva fonte de renda – poderá estar comprometida no decorrer do ano, por outro lado, a avaliação dos empresários do comércio, da indústria e de serviços é que as restrições econômicas

sinalizam um futuro imediato, mais sombrio. Não é ainda um quadro recessivo, pois, tecnicamente, a recessão econômica se caracteriza pela queda no PIB por dois trimestres consecutivos em relação aos anteriores, mas é uma crise que tende a se expandir. Os efeitos positivos esperados exigirão o acompanhamento das políticas governamentais que podem requerer tempos distintos, em função da multiplicidade de objetivos. Mas não há como viabilizar as políticas sem uma grande dose de sacrifício da economia. Este é o preço que estamos pagando por erros de políticas públicas anteriores, principalmente nos últimos quatro anos. Será um momento importante para a criação e ampliação de novos padrões comportamentais no país, não só em termos econômicos, mas também éticos e morais, voltados a reduzirem os graus elevados de corrupção que comprometem a imagem do país. Darci Piana Presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR junho 2015





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