Revista Fecomércio PR - nº 128

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EXPEDIENTE FECOMÉRCIO PR RUA VISCONDE DO RIO BRANCO, 931, 6º ANDAR CEP 80410-001 CURITIBA PR 41 3883-4500

NÚCLEO DE COMUNICAÇÃO E MARKETING JORNALISMO@FECOMERCIOPR.COM.BR | 41 3883-4530

ÍNDICE 4 EDITORIAL

44 TRABALHO ACADÊMICO

O papel crucial desempenhado

Pesquisa a serviço do comércio

por Sesc e Senac em

45 SINDICATO

nome da justiça social

Sivamar

6 NOTAS

WWW.SESCPR.COM.BR | WWW.PR.SENAC.BR

8 GOVERNO

ISSUU.COM/FECOMERCIOPR

Paraná do futuro

WWW.FLICKR.COM/PHOTOS/FECOMERCIOPR/

46 EDUCAÇÃO Cursos técnicos

WWW.FECOMERCIOPR.COM.BR

12 AGRO Tecnologia no campo 15 SINDICATO Sincoval 16 ECONOMIA Retomada do crescimento 18 PERFIL Danilo Miranda, um ícone da cultura 20 CAPA Oportunidade, solidariedade e transformação 28 HISTÓRIAS PARANAENSES

48 APERFEIÇOAMENTO Neurociência e a educação profissional 50 TECNOLOGIA Cozinha em evolução 53 TORNEIO Duelo de raciocínio 55 XADREZ Competitividade no sangue 58 SINDICATO Sincamed 59 ESPORTE Paixão em quadra 61 CASE DE SUCESSO Novas carreiras

SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

Rio Iguaçu, uma indústria

62 SOLIDARIEDADE

PRESIDENTE: DARCI PIANA

de energia

Brasil sem frestas

DIRETOR REGIONAL DO SESC: EMERSON SEXTOS DIRETOR REGIONAL DO SENAC: VITOR MONASTIER

REVISTA FECOMÉRCIO PR ANO XIX Nº 128 JAN | FEV 2019

35 REPRESENTATIVIDADE

66 LÍNGUA PORTUGUESA

Comércio, Indústria e

10 anos do acordo ortográfico

Qualificação em pauta 36 QUALIFICAÇÃO Varejo Mais 2019

NÚCLEO DE COMUNICAÇÃO E MARKETING COORDENADOR GERAL: CESAR LUIZ GONÇALVES COORDENADOR DE JORNALISMO: ERNANI BUCHMANN

JORNALISTA RESPONSÁVEL

68 TURISMO As multifaces de Curitiba 72 FUTEBOL

37 CAFÉ

O inédito exemplo dos

O café da terra roxa

irmãos Ferreira

39 TENDÊNCIA

74 MÚSICA

A transformação na xícara

Um revival em 33 rotações

SILVIA BOCCHESE DE LIMA DRT-PR 6157 REDAÇÃO E REVISÃO CAROLINA GOMES, CÁSSIA FERREIRA, FERNANDA ZIEGMANN, ISABELA MATTIOLLI, KAREN BORTOLINI,

PIANA LICENCIA-SE DO SISTEMA FECOMÉRCIO

KARLA SANTIN, LARISSA GRIZOLI E SILVIA BOCCHESE DE LIMA ESTAGIÁRIA: LILIANE JOCHELAVICIUS

FOTOS: BRUNO TADASHI E IVO LIMA DRT-PR 9999 ARTE E DIAGRAMAÇÃO: VERA ANDRION DRT-PR 10260

IMPRESSÃO: AJIR ARTES GRÁFICA E EDITORA LTDA. CURITIBA PR | TIRAGEM: 5 MIL EXEMPLARES

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O presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac Paraná e vice-governador do estado, Darci Piana, licenciou-se em 22 de fevereiro das atividades do Sistema para assumir o governo do Paraná enquanto durar a viagem do governador Carlos Massa Ratinho Junior ao exterior. Com o ato, o 1º vice-presidente Ari Faria Bittencourt assume as presidências da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná, do Conselho Regional do Sesc e do Conselho Regional do Senac. A licença de Darci Piana se estenderá até o dia 11 de março.

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EDITORIAL

O PAPEL CRUCIAL DESEMPENHADO POR SESC E SENAC EM NOME DA JUSTIÇA SOCIAL BRUNO TADASHI

PROGRAMAS E AÇÕES DAS DUAS ENTIDADES MANTIDAS COM RECURSOS DO EMPRESARIADO PARANAENSE PODEM SER AFERIDOS PELOS SEUS NÚMEROS

O

país vem acompanhando nos últimos meses o noticiário gerado pela declaração do Ministro da Economia Paulo Guedes de que era preciso “meter a faca no Sistema S”, como forma de destinar tais recursos para o governo federal. É importante esclarecer para a população paranaense e brasileira que as receitas obtidas pelo Sistema S não são oriundas de verbas

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governamentais. Elas têm origem na contribuição do empresariado brasileiro, por meio de percentual pago pelas empresas sobre sua folha de pagamento. Esta receita é recolhida compulsoriamente pela Receita Federal e repassada às entidades do Sistema S. As nossas instituições são de caráter privado, sem fins lucrativos e não se enquadram como órgãos de governo, qualquer que seja.

de para que sejam examinadas e, por fim, aprovadas por todos os órgãos envolvidos. São adotadas igualmente princípios de transparência e compliance na gestão, cujos resultados são divulgados de forma ampla à população por meio dos relatórios publicados anualmente. Todos os fornecedores são escolhidos por meio de licitações e as contratações de pessoal são efetivadas via processo seletivo.

Embora não represente dinheiro público, por envolver repasse de órgão público – a Receita Federal, como citado – o Sistema S submete-se às auditorias da Controladoria Geral da União e às determinações do Tribunal de Contas da União, além de estar sujeito às investigações do Ministério Público de Contas. No Paraná, especificamente no Sesc e no Senac, temos também a fiscalização permanente dos Conselhos Fiscais das duas casas, e auditorias internas e externas, de forma a que todas as contas estejam em conformida-

A missão de ambas as casas foi delineada pela Carta da Paz Social, assinada pelo Presidente Getúlio Vargas em 1945. No Sesc, a ação educativa é uma das características básicas do seu trabalho institucional, presente direta ou indiretamente em todas as atividades desenvolvidas nas áreas de Educação, Saúde, Cultura, Esporte, Lazer e Ação Social. As ações são desenvolvidas tanto em benefício dos trabalhadores do comércio, empresários e respectivos dependentes, como pela população carente do estado, posto que promover cidadania é um dos pilares do Sesc. JAN | FEV 2019


O Senac tem como objetivo oferecer capacitação e aperfeiçoamento profissional para a população, tendo o comércio como destino. Diante das crescentes exigências do setor produtivo, o ensino profissionalizante desponta como o caminho mais rápido para a inserção no mercado de trabalho, ao proporcionar uma formação essencialmente prática e eficaz. Todos os recursos auferidos por Sesc e Senac são destinados à ampliação dos serviços oferecidos. Ao longo dos últimos 15 anos as estruturas físicas e os programas sociais do Sesc e do Senac cresceram a ponto de serem capazes de atingir todos os municípios paranaenses, por meio de suas unidades prediais e unidades móveis. Hoje as duas instituições possuem, juntas, 86 unidades distribuídas pelo território paranaense. Nosso plano de expansão contempla a construção de mais diversas unidades, a saber: unidades integradas Sesc Senac em Irati, Nova Londrina e Arapongas; hotel do Sesc em Cascavel, para atender toda a população do oeste e sudoeste do estado; reforma e revitalização do Sesc Centro, em Curitiba; nova unidade do Sesc em Maringá, substituindo a existente; restauração e reciclagem da Estação Saudade, em Ponta Grossa – incluindo museu ferroviário, cozinha didática e café-escola do Senac; reforma e revitalização do teatro de Bela Vista do Paraíso, também contando com serviços do Senac. As duas últimas serão unidades culturais do Sesc, nos moldes do Paço da Liberdade, em Curitiba, e do Cadeião, em Londrina. Os números demonstram a intensa integração das nossas entidades com a população, especialmente as mais carentes. Em relação ao Sesc, foram realizadas ações em mais de JAN | FEV 2019

300 cidades do Paraná, com destaque para as 26 cidades onde a instituição está presente. São resultados respeitáveis. Por exemplo, somente em 2018, o programa Futuro Integral teve 20.538 alunos inscritos em cursos e 107.547 inscritos em palestras e oficinas. O Circuito de Caminhada e Corrida de Rua totalizou 14.039 atletas participantes, em 24 municípios. A Semana Literária & Feira do Livro contou com 90.958 participantes e 48 mil livros comercializados. O programa Justiça no Bairro Sesc Cidadão beneficiou 131.550 pessoas, com 128 municípios atendidos e 4.043 uniões civis efetivadas nos casamentos coletivos. O Mesa Brasil distribuiu 2.120.847 quilos de alimentos para 371 instituições atendidas, beneficiando 135.835 pessoas. As campanhas do Agasalho e do Brinquedo bateram recordes. A primeira com 487.601 itens arrecadados, atendendo a 327 instituições e 119.927 pessoas beneficiadas. A Campanha do Brinquedo arrecadou 100.826 brinquedos, distribuídos a 259 instituições atendidas, alegrando 38.107 crianças beneficiadas. Também no Senac os dados são superlativos, o que demonstra o comprometimento da entidade com as mais avançadas práticas de gestão disponíveis recomendadas pelo mercado. A carga horária realizada chegou a quase nove milhões de horas-aula. Ultrapassamos o número de 110 mil atendimentos, abrangendo todos os 399 municípios paranaenses. Os parâmetros legais estabelecidos para os cursos de Gratuidade (PSG) permanecem su-

peravitários. Nossos métodos educacionais, corpo docente, instalações físicas e os 60 ambientes de prática profissional receberam ampla aprovação dos alunos. Os resultados financeiros obtidos ao longo dos anos, incluindo 2018, retratam com fidelidade os princípios de austeridade e transparência implantados nas duas instituições. São argumentos mais do que suficientes para demonstrar a vital importância de Sesc e Senac no Paraná. A paz social, que está no cerne das nossas instituições, é praticada diária e sistematicamente. Como diz a letra da canção Nos Bailes da Vida, de Milton Nascimento, “é preciso ir aonde o povo está”. É preciso prestar serviços que o poder público não consegue oferecer, cuidando de garantir melhor qualidade de vida à população. Tudo isso não pode ser prejudicado. Caso o corte no repasse dos recursos seja concretizado, os serviços terão redução no mesmo percentual, o que acarretará prejuízo incalculável para a população. O momento, como se vê, é dramático. Todos os esforços devem ser voltados para que não sejamos obrigados a reduzir o trabalho que é realizado pelo Sesc e Senac. Cada empresário, cada comerciário, cada usuário, cada aluno, cada colaborador e cada cidadão paranaense que conhece a excelência dos serviços de Sesc e Senac devem integrar-se nessa força-tarefa a favor da cidadania, do bem-estar social.  DARCI PIANA PRESIDENTE DO SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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NOTAS

BRUNO TADASHI

CONSUL SENEGALÊS É HOMENAGEADO

O VEREADOR NILO MONTEIRO ENTREGANDO O TÍTULO DE CIDADÃO HONORÁRIO AO CÔNSUL SENEGALÊS OZEIL MOURA DOS SANTOS.

Ozeil Moura dos Santos, Cônsul geral do Senegal para o Paraná e Santa Catarina, foi homenageado com o título de Cidadão Honorário de Paranaguá. A cerimônia aconteceu no dia 5 de dezembro na Câmara de Vereadores da cidade.

O título concedido ao Cônsul foi proposto pelo vereador Nilo Monteiro, por meio do decreto legislativo 455/2018, aprovado por unanimidade na Câmara Municipal. “O Cônsul Ozeil reuniu empresários com negócios no continente africano

para exportar via porto de Paranaguá e Antonina. É uma pessoa ligada ao movimento negro e que tem em sua raiz o dinamismo pelo trabalho e desenvolvimento da cultura afro em nossa região”, justificou o vereador. Na ocasião da homenagem, o Cônsul lembrou-se de outras personalidades parnaguaras e das características da cidade portuária, onde atuou no Conselho de Autoridades Portuárias (CAP) como representante dos usuários do porto. Outro fato de relevância para Paranaguá lembrado por Oziel Moura foi a parceria do Consulado de Senegal com o grupo afro de Paranaguá e o Senac PR, formando cerca de 40 afrodescendentes no Curso de Operador de Computador em 2015. “Serei a partir de agora um parnanguara lutador ferrenho com as garras de André Rebouças e seu irmão Antônio, os engenheiros que projetaram a estrada de ferro Curitiba-Paranaguá, e honrando a memória de todas as personalidades parnanguaras que fizeram de Paranaguá o berço da cultura do estado”, discursou o Cônsul em agradecimento à homenagem recebida.

Em comemoração ao Dia Mundial do Feijão e dos Pulses, alunos do curso de Cozinheiro do Senac Curitiba Centro participaram, no dia 8 de fevereiro, de uma ação na Praça Osório, com o objetivo de incentivar o consumo de leguminosas e divulgar seus benefícios para a saúde. Acompanhados do instrutor de gastronomia, Eunedes Bordim Sandim, os alunos ajudaram a servir mais de 800 amostras de Salada de Feijão para a população. “Ações como essa são muito importantes para a formação dos nossos alunos. O contato com o público e o conhecimento sobre novas possibilidades de utilizar o feijão e outras leguminosas

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IVO LIMA

SENAC CURITIBA NA AÇÃO DO DIA MUNDIAL DO FEIJÃO no dia a dia é muito enriquecedor”, ressaltou o instrutor. Nos dias 6 e 7 de fevereiro, a chef do Restaurante Quintana, Gabriela Vilar de Carvalho, ministrou workshop sobre os pulses e a versatilidade dos grãos para os alunos do Senac, que ajudaram no preparo da salada servida para a população na praça. O Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (IBRAFE), em parceria com a Prefeitura de Curitiba, realizou uma vasta programação em vários locais

da cidade. Esse é o primeiro ano em que se comemora o Dia Mundial do Feijão e dos Pulses, o dia escolhido pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), foi 10 de fevereiro.

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BRUNO TADASHI

O PRESIDENTE DA AGÊNCIA PARANÁ DE DESENVOLVIMENTO, JOSÉ EDUARDO BEKIN; O MINISTRO-CONSELHEIRO DA REPÚBLICA TCHECA, ONDREJ KARINA; O PRESIDENTE DA FECOMÉRCIO PR E VICE-GOVERNADOR DO PARANÁ, DARCI PIANA; A EMBAIXADORA DA REPÚBLICA TCHECA, SANDRA LANG LINKENSEDEROVÁ; O DIRETOR DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS DA FECOMERCIO PR, RUI LEMES, E A DEPUTADA FEDERAL, ALINE SLEUTJES

EMBAIXADORA DA REPÚBLICA TCHECA VISITA O PARANÁ A embaixadora da República Tcheca, Sandra Lang Linkensederová, e seu ministro-conselheiro, Ondrej Karina estiveram em Curitiba no dia 15 de fevereiro e foram recepcionados pelo presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR e vice-governador do Paraná, Darci Piana, e pelo diretor de Relações Internacionais da Fecomércio PR, Rui Lemes. Eles se reuniram no Palácio Iguaçu para tratar de assuntos relacionados aos interesses econômicos entre o Paraná e a República Tcheca. Durante a reunião, na qual também estiveram presentes o presidente da Agência Paraná de Desenvolvimento, José Eduardo Bekin, e a deputada federal Aline Sleutjes, foram apontados os principais nichos promissores de negócios entre os dois países. Discutiu-se também sobre o envio de duas missões econômicas, com a

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participação da Fecomércio PR, para a República Tcheca. “Estou maravilhada com o Paraná. É realmente um estado riquíssimo, em avançado desenvolvimento e com potencial enorme. A República Tcheca quer ser parceira do Paraná, desenvolver tecnologias em conjunto e identificar os setores com perspectivas de negócio”, declarou a embaixadora. Sobre o trabalho realizado junto à Fecomércio PR, os elogios não foram poupados. “Temos uma relação de forte vínculo com a instituição, que garante total suporte para as pequenas e médias empresas tchecas que querem fazer negócio no Paraná. É impressionante o tamanho da estrutura e organização da Fecomércio PR”, acrescentou Sandra. Darci Piana, que está deixando o cargo de Cônsul Honorário da República Tcheca no Paraná devido a incompatibilidade com as funções

de vice-governador, apresentou à embaixadora todos os pontos fortes do estado e colocou-se à disposição para auxiliar nos acordos bilaterais que podem surgir. “Temos muito a trocar. O estado precisa de parcerias produtivas, que gerem benefícios mútuos. Essa cooperação entre República Tcheca e o Paraná renderá bons frutos”, ressaltou. Para o diretor de Relações Internacionais da Fecomércio PR, Rui Lemes, as duas missões deste ano serão um passo importante para a realização de negócios. “Nosso objetivo é aumentar as relações bilaterais, não só em parcerias com o comércio, mas também envolvendo a agricultura e a indústria. Em maio faremos uma missão para tratar das importações ligadas ao mercado de cerveja e, em julho ou agosto, levaremos outra comitiva para fomentar negócios relacionados a tecnologia”, informou o diretor.

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GOVERNO

PARANÁ DO FUTURO CARLOS MASSA RATINHO JUNIOR E DARCI PIANA ASSUMEM MANDATO COM FOCO NA TRANSFORMAÇÃO DO PARANÁ NO ESTADO MAIS MODERNO DO BRASIL TEXTO : ISABE LA M ATTIOLLI | FOTOS: IVO LIMA

CARLOS MASSA RATINHO JUNIOR E DARCI PIANA INICIAM A GESTÃO 2019-2022 APÓS A TRANSMISSÃO DE CARGO DO GOVERNO DO ESTADO NO PALÁCIO IGUAÇU

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O

primeiro dia do ano de 2019 representou um novo marco para os paranaenses. Antes do previsto, às 8h15 da manhã, Carlos Massa Ratinho Junior e Darci Piana, acompanhados por familiares, subiram a rampa da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) para a sessão solene de posse para o mandato de 2019-2022, como governador e vice-governador do Paraná, respectivamente. Os dois foram conduzidos à mesa de honra pelos deputados Guto Silva, Hussein Bakri e Elio Rusch, para a cerimônia presidida pelo deputado estadual, Ademar Traiano, presidente

da Alep. A mesa também foi composta pelo presidente do Tribunal de Justiça do Paraná, desembargador Renato Braga Bettega; o procurador-geral de Justiça do Ministério Público do Paraná, Ivonei Sfoggia; o General de Divisão, Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, Comandante da 5ª Divisão de Exército; o presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, desembargador Luiz Taro Oyama; o Defensor Público Geral do Paraná, Eduardo Abraão; o deputado estadual Plauto Miró, primeiro secretário da Alep; e o deputado estadual, Jonas Guimarães, segundo secretário da Alep. Acompanharam a ce-

rimônia deputados, membros do corpo consular, prefeitos de diversas regiões, lideranças do estado, familiares e amigos dos empossados. O governador, eleito em primeiro turno no dia 7 de outubro, com 59,9% dos paranaenses, assinou o termo de renúncia de deputado estadual e, logo após, pronunciou seu compromisso constitucional como governador. O presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR, Darci Piana, também proferiu o seu compromisso, como vice-governador do estado. Carlos Ratinho Massa Junior e Piana assinaram, então, o termo de posse para os cargos.

GOVERNADOR E VICE-GOVERNADOR ELEITOS FORAM ACOMPANHADOS POR FAMILIARES E AUTORIDADES PARA A CERIMÔNIA

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ARNALDO ALVES

GOVERNO

obrigação de trabalhar incansavelmente para fazer do Paraná uma referência para o Brasil e o estado mais moderno do nosso país é também meu compromisso e de todos os que me acompanham”, pontuou.

DA ESQ. P/ A DIR.: O DEPUTADO ESTADUAL, JONAS GUIMARÃES; O VICE-GOVERNADOR, DARCI PIANA; O PRESIDENTE DA ALEP, ADEMAR TRAIANO; O GOVERNADOR DO PARANÁ, CARLOS MASSA RATINHO JUNIOR, E O DEPUTADO ESTADUAL PLAUTO MIRÓ, ASSINARAM O TERMO DE POSSE NA ALEP

Logo após, a primeira dama do estado, Luciana Saito Massa, e a vice-primeira-dama, Maria José Piana, receberam flores da deputada Claudia Pereira. Familiares e amigos acompanharam a sessão solene nas duas primeiras fileiras da Alep; destaque para os pais do governador: Solange Martinez Massa e Carlos Roberto Massa, dos irmãos Gabriel e Rafael, e os filhos Alana, Yasmin e Carlos Roberto Massa Neto. Do vice-governador a filha, Patrícia Piana Presas, e o genro, Joaquin Fernandes Presas; os cunhados, Laisse Messa Warpechoski e José Carlos Warpechoski; o vice-presidente da Fecomércio PR, Ari Faria Bittencourt e a esposa, Adelaide Bittencourt; o diretor regional do Sesc PR, Emerson Sextos, com a esposa Ana Paula Mendonça e o filho Enzo; a presidente da Câmara da Mulher Empreendedora e Gestora de Negócios de Curitiba, Luciana Maciel Burko, e o assessor Guilherme Piratello de Castro. TRANSMISSÃO DO CARGO NO PALÁCIO IGUAÇU

CIDA BORGHETTI NO MOMENTO DA TRANSMISSÃO DE CARGO A CARLOS MASSA RATINHO JUNIOR

O primeiro discurso do governador foi marcado por reafirmações de pautas de sua campanha. “Foi aqui [Alep], há 16 anos, que comecei a consolidar o meu projeto. Foi nesse plenário que comecei a compartilhar meu sonho com os paranaenses. Tenho orgulho de 10        FECOMÉRCIO PR

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ser o primeiro governador eleito nos últimos 40 anos sem fazer parte de nenhuma oligarquia. Tenho orgulho de ter uma história familiar de superação. Fui escolhido pela maioria da população para liderar esse movimento de transformação, de inovação. A minha

Empossados, governador e vice-governador desceram a rampa da Assembleia Legislativa e caminharam rumo ao Palácio Iguaçu para a solenidade de transmissão de cargo do Governo do Estado. Eles foram recebidos pela ex-governadora Cida Borghetti que discursou traçando um panorama de seu governo, além de ressaltar que entrega o cargo com as contas em JAN | FEV 2019


GOVERNADOR DISCURSOU SOBRE PAUTAS DE SUA CAMPANHA E REFORÇOU A SUA CONFIANÇA EM SEU VICE, DARCI PIANA

dia e com R$ 5,3 bilhões em caixa. “Trabalhamos com o gabinete de portas abertas, de forma objetiva e transparente, pautada em três princípios: no diálogo com todos os setores, na gestão eficiente e no combate à corrupção. Governos passam, mas o estado permanece. Desejo aos meus sucessores uma gestão plena de realizações em defesa dos paranaenses”, enfatizou. Aproximadamente duas mil pessoas acompanharam a solenidade. Logo após as assinaturas, o governador fez a nomeação dos 15 novos secretários. O arcebispo de Curitiba, dom José Antonio Peruzzo, e o pastor da Primeira Igreja Batista de Curitiba, Paschoal Piragine, realizaram uma bênção ecumênica para a nova gestão. Carlos Massa Ratinho Junior proferiu seu segundo discurso do dia e reforçou a confiança em seu vice, Darci Piana. “O Paraná tem um histórico de bons goverJAN | FEV 2019

nadores, mas o atual momento político exige um pouco mais de audácia. É necessário fazer uma ruptura dessa antiga forma de governar, enxugando a máquina pública e acabando com as mordomias. Seremos um governo de ouvidoria, ouvindo as ruas. Darci Piana traz sua experiência de vida e profissional. Ele representa um setor que gera 63% dos empregos do Paraná e não será um vice que só vai trabalhar quando eu estiver ausente, mas será meu braço direito e esquerdo e atuará comigo de manhã, tarde e noite”, disse o governador. Como vice-governador, Darci Piana, disse que trabalhará ainda mais para transformar o Paraná no melhor estado do país. “Vamos contar com o apoio do povo que nos elegeu e vamos dar a resposta com muito trabalho. Vou trabalhar mais do que eu já trabalho, mas isso não me assusta, estou preparado. O estado é

muito maior que uma entidade, pois as demandas são maiores. Mas, sabendo tratar os assuntos de forma correta, dividindo o tempo de forma adequada e fazendo a parcela que cabe a cada uma dessas partes, tenho certeza que vamos fazer muito pelo Paraná”, acrescentou. Além dos presentes na Assembleia Legislativa, acompanharam a cerimônia no Palácio Iguaçu o presidente eleito do TJPR, Adalberto Jorge Xisto Pereira; o vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel, representando os prefeitos do estado; o vereador Sabino Picolo, presidente eleito da Câmara Municipal da capital; os ex-governadores e vice-governadores, Paulo Pimentel, Orlando Pessuti, e Emília Belinati; prefeitos, vereadores, representantes de entidades, líderes partidários, entre outras autoridades, profissionais de imprensa, convidados, familiares e amigos.  FECOMÉRCIO PR

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AGRO

TECNOLOGIA NO CAMPO PELO 31º ANO, UM DOS MAIORES EVENTOS AGRÍCOLAS DO BRASIL SE DESTACA PELA QUALIDADE OFERECIDA AOS VISITANTES TE XTO E FOTOS: CA R OLIN A GOMES

U

m show de tecnologia. Assim podemos classificar mais uma edição do Show Rural Coopavel, que ocorreu entre os dias 4 e 8 de fevereiro em Cascavel. Com um público total de 288.802 visitantes gerando uma movimentação financeira de R$ 2,2 bilhões, o evento reuniu o que há de mais atual em máquinas, pesquisas e técnicas para facilitar a vida no campo. O presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, afirma que os números representam o bom momento brasileiro, de retomada da confiança no governo e no futuro do país. “Estamos muito felizes e somos gratos a todos que contribuíram para tornar esse evento possível”. DIGITAL

Nesta edição, o destaque especial foi para o Show Rural Digital, a grande sensação do evento. Em uma estrutura bem localizada no coração do Show Rural, o espaço contou com stands, área de hackathon, vila de startups, dois lounges e uma carreta de negócios onde as empresas mais inovadoras do agronegócio puderam trocar ex12        FECOMÉRCIO PR

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periências, networking e fechar negócios, com o objetivo de criar novas ideias para a agropecuária do amanhã.

comércio foram recepcionados pelo presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, que ressaltou a satisfação em recebê-los anualmente.

“O evento tem características únicas no mundo e representa uma revolução fantástica, que insere a produção e o agronegócio em um novo patamar. Sem dúvida a parte digital foi um diferencial para essa edição. Para 2020 será um grande desafio inovar ainda mais e continuar surpreendendo nosso público”, ressaltou o presidente da Coopavel.

“O Show Rural está completando 31 anos e em boa parte dessas edições contamos com a presença do Piana e comitiva do Sistema Fecomércio PR prestigiando o evento. Esse reconhecimento gera uma grande satisfação para todos nós. É importante que comércio e agricultura andem sempre de mãos dadas”, afirmou Grolli.

VISITA TRADICIONAL

Uma comitiva, formada pelo presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR e vice-governador do Paraná, Darci Piana, diretoria do Sistema Fecomércio e presidentes de sindicatos filiados, esteve em Cascavel entre os dias 4 e 6 para visita ao Show Rural. Na terça-feira, dia 5 de fevereiro os representantes do Sistema Fe-

O presidente Piana destacou a evolução do Show Rural ao longo dos anos. “Antigamente tínhamos que vir de botas e saíamos todos cheios de barro. Hoje, a estrutura inacreditável que o evento oferece traz total conforto para os visitantes. Além disso, podemos conferir um show de tecnologia e exposição dos serviços do campo. Aqui temos o exemplo do que está dando certo e deve ser usado como modelo no restante do país”, declarou.

PRESIDENTE DO SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR E VICE-GOVERNADOR DO PARANÁ, DARCI PIANA, E PRESIDENTE DA COOPAVEL, DILVO GROLLI

COMITIVA DO SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR FOI COMPOSTA POR LÍDERES SINDICAIS, DIRETORIA DO SISTEMA E LIDERADA PELO PRESIDENTE E VICE-GOVERNADOR DO PARANÁ, DARCI PIANA

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AGRO

COMITIVA

Além do presidente Darci Piana, estiveram presentes na equipe que visitou Cascavel: o vice-presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR, Ari Bittencourt; o diretor regional do Sesc PR, Emerson Sextos; o diretor regional do Senac PR, Vitor Monastier; a presidente da Câmara da Mulher Empreendedora e Gestora de Negócios de Cascavel, Julia Emiko Inomata; os presidentes de sindicatos filiados à Fecomércio, José Carlos Loureiro, Ovhanes Gava, Sigismundo Mazurek, Juarez Frizzo, Ulisses Piva, Ciro Chioqueta, Neuri Garbin, Carlos Nascimento, Ademar Bayer, Valdecir José Civeiro, Beloir João Rotta, Nelcir Ferro, Leopoldo Furlan e Emerson Veronese. 

VISITA AO SESC EM CASCAVEL

COMITIVA EM VISITA À UNIDADE DO SENAC EM CASCAVEL

CONTINUAÇÃO DA AGENDA Outros compromissos também fizeram parte da programação em Cascavel, como o jantar oferecido pelo presidente do Secovi PR, Luiz Antonio Langer, com a participação do prefeito de Cascavel, Leonardo Paranhos da Silva, e representantes do poder público. A equipe também visitou as unidades do Sesc e Senac de Cascavel e pôde conferir de perto as atividades realizadas. Durante a visita, os diretores regionais do Sesc

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PR, Emerson Sextos, e do Senac PR, Vitor Monastier, apresentaram números de atendimento e o funcionamento das casas. O presidente Darci Piana aproveitou a ocasião para debater com os presidentes de sindicato presentes a importância da defesa do Sistema S e da manutenção da estrutura para a continuidade em todos os serviços sociais prestados aos trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo. Logo após as visitas no Sesc e Senac eles seguiram para o Hospital de Câncer Uopeccan, entidade

filantrópica que realiza atendimento aos pacientes que lutam contra o câncer, onde foram recepcionados pelo presidente da Uopeccan, Leopoldo Furlan; pelo vice-diretor, Ciro Antônio Kreuz, e pelo gerente de Assuntos Institucionais, Kelyn Aires. A Uopeccan possui uma unidade em Cascavel e outra em Umuarama, nas quais são atendidos cerca de mil pacientes diariamente. Os hospitais contam com infraestrutura capaz de realizar exames, tratamentos e cirurgias de transplantes, além de acolhimento às famílias dos pacientes.

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SINDICATO

SINCOVAL SINDICATO BUSCA NOVAS FERRAMENTAS PARA MELHORAR DESEMPENHO NOS NEGÓCIOS DE SEUS ASSOCIADOS EM LONDRINA E REGIÃO TE XTO : CÁSS IA FERREIR A | FOTO: WILSON R AYMUN DO JUN IOR

C

om quase 50 anos de história, o Sindicato do Comércio Varejista de Londrina (Sincoval) carrega uma ampla bagagem no âmbito de representação do comércio em 44 cidades ao redor de Londrina, segunda maior cidade do Paraná, quarta maior do Sul do Brasil e importante polo de desenvolvimento regional. Para se ter ideia, o município é responsável pela movimentação de mais de 10% das receitas do setor de comércio e serviços do estado. Na base territorial do Sincoval há mais de 12 mil empresas varejistas, cerca de 15% delas são associadas e contam com diversos serviços de apoio aos empresários, como assessoria jurídica, atendimento médico e odontológico, espaço para eventos e alguns convênios com empresas de aperfeiçoamento profissional, educação, saúde e lazer. O sindicato participa ativamente nas discussões sobre os desenvolvimentos das cidades da base territorial, atuando em comissões públicas e privadas e promovendo convenções coletivas de trabalho. Além do “envolvimento direto com parlamentares em busca de recursos e projetos para o desenvolvimento local e regional”, conforme afirma o presidente da entidade, Ovhanes Gava. Desde que assumiu a presidência em 2018, Gava iniciou um trabalho de integração junto a 14 sindicatos JAN | FEV 2019

patronais de Londrina e Região, visando ao fomento do associativismo e ao desenvolvimento econômico das cidades. “O complexo sindical dentro da estrutura física do Sincoval, ligando todos os setores da economia, fortalece as entidades representativas nas buscas de parcerias para o crescimento associativo”, destacou. Segundo o presidente, uma das maiores realizações da entidade é consolidada na sua estrutura física. O prédio sede do sindicato também abriga auditório e clínica odontológica. Um dos pavimentos é dedicado à Casa da Indústria, projeto da Fiep PR, que concentra sete sindicatos da indústria da região. Há ainda espaços vagos destinados à locação comercial. O sindicato possui outros 11 imóveis para fins de aluguel, os quais Gava concerne como parte da estratégia para gerar novas receitas, frente aos desafios da gestão atual. “Com a extinção da contribuição sindical, as entidades estão buscando novas estratégias para sobreviverem. Dentre elas a criação de um mix de produtos que possa atender ao empresário e ampliar suas vendas”, apontou o presidente.

OVHANES GAVA, PRESIDENTE DO SINCOVAL

em parceria com outras entidades públicas e privadas, deram mais fôlego ao comércio londrinense. Ele diz que “com essas medidas, tanto de estrutura como de eventos, aumentamos o fluxo de pessoas para o comércio de rua”. Para o ano que se inicia, o presidente almeja alcançar novos associados e fomentar outras parcerias com viés de consultoria empresarial. “Nosso empenho neste momento é focar no portfolio de novos serviços e parcerias que serão oferecidos aos empresários, trazendo qualidade, eficiência, profissionalismo e excelentes produtos para melhorar o seu negócio”, salientou Gava.  SERVIÇO: Sindicato do Comércio

Exemplo de engajamento coletivo que está gerando resultados, Gava ressalta que a Rua Sergipe e o Sesc Cadeião Cultural, revitalizados pelo Sistema Fecomércio Sesc Senac PR

Varejista de Londrina (Sincoval) Rua Gov. Parigot de Souza, 220 - Jd. Caiçaras - 86015-670 Londrina- PR | (43) 3342-3132 sincoval@sincoval.com.br

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ECONOMIA

RETOMADA DO CRESCIMENTO VAREJO PARANAENSE TEM PRIMEIRO AUMENTO EFETIVO NAS VENDAS EM QUATRO ANOS. EMPRESÁRIOS ESTÃO CONFIANTES TE XTO : KA R LA SA N TIN

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varejo paranaense retomou o ritmo de crescimento e acumulou alta de 6,12% nas vendas em 2018. É o primeiro crescimento efetivo desde o início da crise econômica, em 2014. Em 2017 o comércio do estado teve um tímido crescimento de 0,54% e nos anos de 2016 e 2015 o varejo amargou perdas de 3,08% e 8,79%, respectivamente. Os dados são da Pesquisa Conjuntural da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR). Os setores que mais se destacaram foram as concessionárias de veículos, com aumento de 28,47% nas vendas. As lojas de material de construção registram crescimento de 12,46%. Também tiveram elevação o ramo de óticas, cine-foto-som (9,26%) e as lojas de departamentos (9,07%). De acordo com a coordenadora de Pesquisas da Fecomércio PR, Priscila de Andrade, a redução das taxas de juros e a facilitação do crédito

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ao consumidor colaboraram para o crescimento de setores que comercializam bens de maior valor agregado, como o comércio de veículos e de material de construção. “A baixa dos juros reduziu os custos do crédito ao consumidor e incentivou o consumo. Além disso, as promoções feitas pelas concessionárias alavancaram as vendas de automóveis, uma demanda bastante reprimida em 2017”, explica. OTIMISMO EM ALTA

Com o crescimento de vários setores do varejo, os empresários iniciaram 2019 mais confiantes. A Pesquisa de Opinião do Em-

presário do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, realizada semestralmente pela Fecomércio PR, mostra que 73,2% dos empresários do estado esperam ter aumento nas vendas neste primeiro semestre de 2019. É o maior índice de otimismo em nove anos. O indicador não alcançava a este patamar desde o 1º semestre de 2011, quando as expectativas favoráveis chegaram a 80%. A mudança tão radical na opinião do empresariado paranaense é reflexo da esperança de melhora da economia em função dos novos governos federal e estadual. JAN | FEV 2019


COMÉRCIO X SERVIÇOS X TURISMO

Dentre os três setores representados pela Fecomércio PR, o comércio varejista possui o maior nível de confiança, com 76,4%. Na edição anterior da pesquisa, os varejistas com expectativas favoráveis correspondiam a 50,7%. O setor de turismo concentra 74,1% de empresários otimistas, que apesar da oscilação cambial, mostraram maior ânimo do que na sondagem anterior (53,3%). O setor de serviços possui 67,1% de empresários confiantes, ante 48,8% no segundo semestre de 2018. DIFICULDADES PREVISTAS

fiante investe muito mais, tem intenção de contratar mais, o que impulsiona a economia”, avalia Priscila de Andrade. Atualmente, o empresariado se mostra mais preocupado com a carga tributária elevada (62%). NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS

A coordenadora de pesquisas da Fecomércio PR destaca que as preocupações dos empresários também tiveram mudança. “A instabilidade econômica era a principal dificuldade apontada pelos empresários, com 79,8%, e hoje foi para segundo lugar, sendo mencionada por 60% dos entrevistados. Isso demonstra que o empresário está mais seguro, fato importante porque estando conJAN | FEV 2019

Os empresários também pretendem contratar mais em 2019. A parcela de empresas que planeja aumentar o número de colaboradores passou de 12,6% no segundo semestre de 2018 para 26,6% neste semestre. Já 63,1% intencionam manter o quadro funcional e apenas 5,9% deverá reduzir sua força de trabalho. No segundo semestre do ano passado, a parcela

de empresas que pretendiam fazer demissões era de 16,5%. NOVOS INVESTIMENTOS

Os investimentos também devem ser ampliados. Conforme o estudo, 39,5% das empresas pretendem investir em seus negócios neste semestre, contra 26,9% na edição anterior. As principais áreas beneficiadas devem ser reforma e modernização das instalações (22,8%), capacitação da equipe (16,6%) e publicidade (15,8%). Aperfeiçoar a área de informática (11,3%), investir em nova linha de produtos (10,2%), e novos pontos de venda (9,8%) também devem ser alvo de investimentos.  FECOMÉRCIO PR

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PERFIL

DANILO MIRANDA, UM ÍCONE DA CULTURA DIRETOR REGIONAL DO SESC SÃO PAULO DESDE 1984 É REFERÊNCIA NACIONAL PELA AMPLIAÇÃO DE AÇÕES CULTURAIS

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ascido em Campos dos Goytacazes, no interior do Rio de Janeiro, Danilo Miranda levou consigo sua vocação para a área de Cultura. Diretor regional do Sesc São Paulo desde 1984, ele esteve à frente de projetos que mobilizaram o cenário cultural da grande capital paulista e do estado, que passaram a ser referências nacional aos demais regionais do Sesc, a outras instituições do setor, e a uma multidão de clientes. Neto de empresário do ramo farmacêutico, sua mãe trabalhava como auxiliar na farmácia do avô, enquanto o pai acumulava a profissão de jornalista e dentista. Aos 11 anos, Miranda foi com a família para Nova Friburgo, onde foi matriculado na Escola Apostólica dos Jesuítas, decorrente da forte ligação da família materna aos movimentos religiosos. Foi lá que iniciou seu vínculo com os conhecimentos humanistas e aprofundou-se nas áreas de música e poesia, arriscando-se em diversas modalidades esportivas.

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ADAUTO PERIN

TEXTO : KA R EN B ORTOLIN I

agência de empregos o contratou para o cargo de entrevistador, o qual conciliava com a atividade de professor. Depois de ver um anúncio de jornal em 1968, inscreveu-se em processo seletivo do Sesc São Paulo, onde foi admitido como orientador social e, em seguida, ocupou diversas funções de coordenação e chefia. Em 1984, assumiu como diretor regional do Sesc São Paulo.

DANILO MIRANDA, DIRETOR REGIONAL DO SESC SÃO PAULO DESDE 1984

Mudou-se para o interior de São Paulo, em Indaituba, no ano de 1963, com intenção de integrar à Ordem dos Jesuítas, baseada no Mosteiro de Itaici, naquele município. Ao desligar-se das atividades seminaristas, quase quatro anos depois, foi para a capital paulista em busca de trabalho, onde a própria

Sua trajetória acadêmica somou-se ao pensamento voltado à cultura. Formado em Filosofia e Ciências Sociais, é especialista em Ação Cultural pela Pontifícia Universidade Católica, Fundação Getúlio Vargas de São Paulo e Management Development Institute, de Lausanne, Suíça. Para Miranda, educação e cultura são o cerne do desenvolvimento humano, entendendo que cultura é educação permanente. Por isso defende que os componentes dessas áreas sejam postos ao centro, ante aos econômicos, políticos e sociais. JAN | FEV 2019


Ele leva essa reflexão a eventos nacionais e internacionais, sendo homenageado pelo empenho na área cultural. Foi reconhecido com o título de Comendador da Ordem Nacional do Mérito do Governo Francês, a Grande Cruz do Governo Alemão e a Ordem Nacional de Mérito da Coroa Belga. Entre os cargos acumulados ressaltam-se o de presidente do Comitê Diretor do Fórum Cultural Mundial em 2004, e presidente do Comissariado Brasileiro do Ano da França no Brasil, em 2009. É também conselheiro de entidades como a Fundação Itaú Cultural, Museu de Arte Moderna de São Paulo e Movimento Nossa São Paulo. É membro da Art for the World, com sede na Suíça, da International Society for Performing Arts (EUA). Ocupou a vice-presidência do Conselho Internacional de Bem-Estar Social de 2008 a 2010. Troféu HQ Mix, na categoria Homenagem Especial (2003), o Prêmio Bravo! Prime de Cultura, na categoria Personalidade Cultural (2009); e o Jürgen Palm Award, da Tafisa (The Association For International Sport for All).

O SESC AVENIDA PAULISTA FEZ PARTE DA AMPLIAÇÃO DA REDE SESC SÃO PAULO. INAUGURADO EM 29 DE ABRIL DE 2018, É CONSIDERADO UM CENTRO

AMPLIAÇÃO DA CULTURA

Por acreditar que a promoção do bem-estar dos indivíduos está ligada à valorização da diversidade cultural como condição para a cidadania, Miranda dá grande atenção aos projetos de democratização das artes para o acesso do público. As atividades do Sesc São Paulo, portanto, refletem seu pensamento de proteger manifestações artístico-culturais ligadas à história e à identidade dos povos e ao fortalecimento de intercâmbios. Em reconhecimento ao trabalho como organização nacional de difusão cultural e de democratização da cultura, o Sesc obteve, JAN | FEV 2019

DE CULTURA E LAZER

em 2001, o Prêmio Unesco de Cultura. Os números comprovam este ideal. Somente no ano passado foram registradas 4.689 atividades relacionadas à música e 4.405 às artes cênicas daquele regional. É óbvio que se somadas todas as áreas e projetos estes números se multiplicam. Foram sete milhões de pessoas atendidas gratuitamente em 2018, naquele estado. “Conceitos como os de responsabilidade social e de solidariedade são pilares do contínuo desenvolvimento dessa

instituição que, por meio de uma perspectiva ampliada da ação cultural, consolidou uma rede de proteção e concretização de direitos humanos no Brasil, sendo paradigma de promoção de bem-estar social internacionalmente conhecido”, ponderou o diretor. Danilo Miranda é uma referência de executivo cultural do Brasil e no exterior. Os números conquistados em seus 35 anos como diretor regional do Sesc São Paulo comprovam a excelência em sua atuação.  FECOMÉRCIO PR

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CAPA

PROGRAMA DE APRENDIZAGEM PROFISSIONAL COMERCIAL

OPORTUNIDADE, SOLIDARIEDADE E TRANSFORMAÇÃO SESC E SENAC LEVAM OPORTUNIDADES ONDE, MUITAS VEZES, OS PROGRAMAS DO GOVERNO NÃO CHEGAM T E X TO : C ÁSS IA FERREIRA E FE RNANDA Z IEGMA N N | FOTOS: B R UN O TA DASHI E IVO LIMA

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ilhares de pessoas anualmente são atendidas em programas de educação, cultura, saúde e lazer, e milhares de vidas são transformadas pelos programas das casas encabeçadas pela Fecomércio PR. O Sesc e o Senac no Paraná levam oportunidades onde, muitas vezes, os programas do governo não chegam, como no caso das unidades móveis de atendimento odontológico, saúde da mulher, biblioteca itinerante e cursos de aperfeiçoamento. Ou

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como as campanhas solidárias, do agasalho e do brinquedo, que resgatam os valores de empatia e respeito ao próximo. E todos os demais cursos e oficinas gratuitas ou com valores abaixo do mercado que consolidam a preparação para o mercado de trabalho e aperfeiçoamento profissional. UMA REDE DE SOLIDARIEDADE

O Sesc é referência nacional na defesa da dignidade humana e contribui para a construção de

uma sociedade mais justa e solidária, auxiliando na redução da pobreza, da marginalização e a desigualdade social, além de promover o bem-estar a todos. As ações e projetos presentes em todo o estado fazem do Sesc a maior rede de solidariedade do Paraná. “O Sesc PR leva cidadania com o Programa Justiça no Bairro Sesc Cidadão; leva agasalhos e brinquedos à população vulnerável; leva solidariedade com o trabalho de grupos; leva cultura e acesso à JAN | FEV 2019


MESA BRASIL, MAIOR

MESA BRASIL

saúde, com suas unidades móveis, leva alimentos com o programa Mesa Brasil; leva acesso à educação formadora e transformadora e leva turismo e lazer que ampliam a leitura de mundo e a cultura das pessoas”, destaca do diretor regional do Sesc PR, Emerson Sextos. São diversas histórias que ganharam novos rumos a partir das oportunidades geradas pela rede, que abrange não só as unidades de atendimento como também os diversos parceiros mobilizados nas causas solidárias. O Mesa Brasil, maior programa privado de segurança alimentar e combate a fome do país, é um exemplo de engajamento coletivo e responsabilidade social que tem se tornado fundamental na vida de muitas pessoas. No Paraná, em 15 anos de projeto, já foram recuperadas e distribuídas mais de 12 mil toneladas de alimentos. Cerca de 110 mil pessoas em situação de vulnerabilidade social são beneficiadas mensalmente. “As crianças dependem dele, nós JAN | FEV 2019

temos refeições duas vezes por dia, e muitas vezes, é só esse alimento que eles têm no dia. É muito importante ter alguém que se preocupa com isso. O Sesc é o maior apoiador do nosso projeto”, conta Ketlin Cristina Ribeiro, representante da ONG Organização de Desenvolvimento do Potencial Humano (ODPH), uma das instituições beneficiadas e dependentes do programa. A instituição atende a crianças de 5 a 12 anos em atividades no contraturno escolar na Vila Torres, em Curitiba. Essa não é uma realidade isolada. No Brasil, cerca de 5,2 milhões de pessoas passam fome. Na contramão deste patamar, cerca de 30% dos alimentos produzidos no mundo são descartados por perda ou desperdício. Apenas um terço disso seria o suficiente para acabar com a fome no mundo, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Por isso o Mesa Brasil tem se tornado crucial para muitas vidas. “Nós somos uma ponte entre quem tem sobra para levar para quem precisa”, ressalta a

PROGRAMA PRIVADO DE SEGURANÇA ALIMENTAR E COMBATE A FOME DO PAÍS, É UM EXEMPLO DE ENGAJAMENTO COLETIVO E RESPONSABILIDADE SOCIAL QUE TEM SE TORNADO FUNDAMENTAL NA VIDA DE MUITAS PESSOAS.

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CAPA

nutricionista e coordenadora do Mesa Brasil Núcleo Parolin, Fernanda Hardt Kehl. As parcerias construídas no decorrer dos 70 anos de atuação do Sesc mobilizam centenas de pessoas em prol da promoção da dignidade humana. O Programa Justiça no Bairro Sesc Cidadão, realizado em conjunto com o Poder Judiciário, tem a Justiça Social como norteador de suas ações, carregando um legado de articulações e transformações sociais por meio do atendimento jurídico e acesso gratuito a direitos essenciais para a população vulnerável. “Pela parceria nós conseguimos fazer um diagnóstico de cada região e descobrir quais são as necessidades da população daquele local e fazer com que a cidadania seja repleta e que o alcance seja pleno”, ressalta a desembargadora do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) e coordenadora do programa, Joeci Machado Camargo. O acesso à saúde, educação, lazer e cultura, apesar de ser um direito constituído, não é igual a todos. Nesses casos, o Sesc tenta minimizar os efeitos do déficit de atendimento público por meio das unidades móveis. O OdontoSesc, por exemplo, trabalha com atendimento odontológico nas cidades carentes do serviço de saúde. Rubens dos Santos Andrade foi um dos pacientes atendidos pelas unidades móveis do OdontoSesc na cidade de Jundiaí do Sul e conseguiu realizar um tratamento completo. Grato, 22        FECOMÉRCIO PR

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UNIDADE MÓVEL ODONTOSESC

ele se refere a dentista que o atendeu como um “anjo que caiu do céu”. “Foi feito um tratamento que eu achava que tinha que ter cirurgia, mas foi um espetáculo sem dor. Eles tratam com amor, me sinto satisfeito e agradecido por Deus ter posto esses anjos no caminho da gente”, conta ele. São histórias de gratidão que se repetem dia a dia e dão sentido ao trabalho realizado com responsabilidade social e altruísmo, tanto pela instituição quanto por colaboradores que literalmente vestem a camisa do Sesc e contribuem para construir essas histórias. EDUCAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO EM TODAS AS FASES DA VIDA

Outro projeto do Sesc que carrega um legado de conquistas é o complexo educacional da Escola Sesc de Ensino Médio (Esem), em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Em meados de 2007, jovens de Norte a Sul do país acreditaram na proposta inovadora de ingressarem no Ensino Médio em uma escola-residência, com um projeto pedagógico que buscava a exce-

lência educacional, por meio da diversidade e do domínio da língua inglesa, aliados à qualificação profissional. Tudo isso de forma gratuita, incluindo hospedagem, alimentação, uniforme, material didático, plano de saúde e uma oportunidade única para boa parte desses jovens cheios de sonhos, mas com realidades tão distintas. O privilégio de estar entre os 161 alunos que ingressaram na primeira turma da Escola Sesc de Ensino Médio é o orgulho de Felippe Matheus Borgmann Uhlein, de 25 anos, que em 2008 deixou a cidade de Marechal Cândido Rondon no Oeste paranaenses para estudar na primeira escola-residência do Sesc, no Rio de Janeiro. “A experiência de estar na Esem foi muito legal. Não dava para sentir falta de casa, porque sempre tinha algo para fazer. Além das aulas, tinham projetos voluntários, aulas de esporte, aula de línguas... aos sábados, tínhamos cursos profissionalizantes ofertados pelo Senac, enfim, eram muitas atividades”, comenta. Durante os três anos em que viJAN | FEV 2019


“ALÉM DAS AULAS, FELIPPE MATHEUS BORGMANN UHLEIN, EX-ALUNO DO ESEM

veu na escola-residência do Sesc e conviveu com alunos de todas as regiões do país, Felippe destaca os avanços que teve na língua inglesa, devido ao ensino bilíngue, a autonomia adquirida e a amizade que mantém até hoje com colegas de turma. Ao se formar na ESEM, foi aprovado em Estatística pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e mudou-se para Curitiba. Em 2011, Felippe passou a estagiar na Administração Regional do Sesc PR e, no fim do mesmo ano, foi aprovado no processo seletivo para o cargo de assistente técnico administrativo, apto a trabalhar na Assessoria da Planejamento da entidade. “Eu digo que vale muito a pena a experiência que a Escola Sesc propicia. Não tem como se arrepender de ter participado”, conclui. Os programas de Ensino Médio do Sesc também têm se destacado no Paraná. Por aqui, o Colégio Sesc São José tem sido responsável por educar milhares de jovens desde 2009, consolidando a preparação para o vestibular e prepaJAN | FEV 2019

ração com o mercado de trabalho. As vagas são gratuitas e os alunos recebem, além do material didático, uniforme escolar e um curso técnico ministrado pelo Senac. Em 2019, o projeto avançou para o interior do estado sob o nome de Colégio Sesc Paraná, e ganhou outras três unidades, em Jacarezinho, Ivaiporã e Londrina Norte, com base na proposta pedagógica do pioneiro Colégio Sesc São José. A transformação pela educação no Sesc alcança públicos diversos. De crianças a idosos os diversos programas de aprendizagem e trabalhos com grupos oferecem oportunidade de acesso a novas janelas para o mundo. Como o exemplo de Antônio Tunouti, que aos 81 anos vislumbrou novos rumos ao fazer um curso de idiomas no Sesc Londrina. Cursando inglês desde 2017 para “ativar o cérebro e evitar Alzheimer”. Ele conta com entusiasmo que o curso o ajudou a quase gabaritar a prova de idiomas no vestibular para Letras da Universidade Estadual de Londrina (UEL) em 2019. Ele agora é o aluno mais velho da UEL.

TINHAM PROJETOS VOLUNTÁRIOS, AULAS DE ESPORTE, E DE LÍNGUAS... AOS SÁBADOS, TÍNHAMOS CURSOS PROFISSIONALIZANTES OFERTADOS PELO SENAC, ENFIM, ERAM MUITAS ATIVIDADES”. FELIPPE MATHEUS B. UHLEIN,

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MARATONA INTERNACIONAL DE FOZ DO IGUAÇU SESC PR

ANTÔNIO TUNOUTI, EX ALUNO DO SESC PR

A palavra aposentaria parece ignorada por Antônio Tunouti. Formado em Farmácia, em 1959, e em Direito, em 1979. Décadas depois, além de cursar mais uma formação acadêmica, Tunouti ainda traça novos desafios. Ele quer escrever um livro contando histórias que ele viveu no Norte do Paraná. “Quero escrever um livro cheio emoções que eu presenciei e senti. Vai ter página que faz chorar e outras de fazer rir”. Depois, o objetivo será traduzir o livro para o japonês, para honrar suas origens e “levar as minhas histórias e emoções para o Japão”, conta animado. CULTURA ALÉM DO TRIVIAL

Os projetos culturais do Sesc buscam a valorização das pessoas promovendo o contato com expressões e modos de pensar, agir e sentir. As ações culturais são fundamentais para a efetiva formação do indivíduo e do cidadão. O Sesc mantém inclusive espaços próprios para esse desenvolvimento cidadão e a democratização do acesso às artes. Como o Paço da Liberdade, um centro de referência cultural gerenciado pelo Sesc desde 2009. E outros projetos que circulam por todo Paraná promovendo espetáculos, desenvolvimento artístico e difusão do patrimônio imaterial da humanidade.

PAÇO DA LIBERDADE

PALCO GIRATÓRIO

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QUALIDADE DE VIDA A PARTIR DE SAÚDE E BEM-ESTAR SOCIAL

Mais uma missão do Sesc em busca da qualidade de vida é refletida no acesso ao esporte e no incentivo à prática regular de atividades físicas. São diversos projetos de iniciação e vivência esportiva que ressaltam a importância da valorização do esporte, tanto da esfera de desempenho, quanto na promoção de hábitos saudáveis. Os Jogos Comerciários do Paraná (Jocom), por exemplo, são uma “competição ao alcance dos trabalhadores”, como destaca Vandir Dal Pozzo, esportista que joga Vôlei de Praia acompanhado do filho. “Os jogos comerciários são sensacionais para quem faz atividade física. A gente joga nos fins de semana e tem essa oportunidade de participar de uma competição que está ao nosso alcance”, diz. Paranaenses em geral também são prestigiados por outras competições promovidas pelo Sesc, como a Maratona Internacional de Foz de Iguaçu Sesc PR, o Sesc Triathlon de Caiobá e o Circuito Sesc Caminhada e Corrida de Rua. Com tantas ações em prol ao desenvolvimento humano é inegável que o Sesc ajuda a transformar vidas, e assim, consequentemente, ampara uma transformação social e econômica nas regiões onde atua. JAN | FEV 2019


PROGRAMA DE APRENDIZAGEM PROFISSIONAL COMERCIAL

SENAC: DA APRENDIZAGEM À FACULDADE

O Senac foi criado com o objetivo de organizar e administrar escolas de aprendizagem comercial. Esse propósito vem sendo cumprido durante os 70 anos da instituição, que também oferta formação profissional em cursos livres, qualificação, técnicos e agora de ensino superior. São contempladas as mais diversas áreas de conhecimento do comércio, serviços e turismo. “Nós do Senac acreditamos que não há desenvolvimento econômico e social sustentável sem educação profissional. Por isso, entendemos que a oferta de cursos de qualidade é o que dá a oportunidade de inclusão produtiva da população de baixa renda, além de estimular o empreendedorismo”, afirma o diretor regional do Senac PR, Vitor Monastier. O Programa de Aprendizagem Profissional Comercial do Senac possui um forte viés social. Em geral, os aprendizes são de famílias de baixo poder aquisitivo e encontram no programa a oportunidade de ingressar no mercado de trabalho para contribuir com a renda familiar e ainda auxilia as empresas a cumprirem com a cota de JAN | FEV 2019

aprendizes estabelecida em lei. É uma ação em que todos ganham. O Programa de Aprendizagem do Senac PR forma cerca de nove mil alunos por ano. Tira os jovens das ruas e dá a eles uma profissão, uma oportunidade de vida melhor, um futuro. CURSO DE TÉCNICO EM ÓPTICA

Sabrina Gracie Melo é ex-aluna do curso de Aprendizagem Comercial em Serviços Administrativos, na modalidade EAD. Moradora de Iguatu, com apenas 16 anos concluiu o curso. “O Senac alavancou o início da minha carreira profissional. O curso superou todas as expectativas. Por se tratar de ensino a distância, não imaginava qual seria a qualidade. Quando iniciei, me deparei com professores muito bem preparados e um ensino espetacular, onde estimulavam a nossa evolução em cada matéria apresentada. Além do curso, o Senac proporcionou o meu primeiro emprego, onde aplicava na prática o que havia aprendido. Quando chegou a hora de escolher o curso superior, já sabia qual área seguir. O curso de Aprendizagem em Serviços Administrativos me inspirou a seguir carreira nesse setor. Com as experiências que obtive, várias portas se abriram. Hoje sou bancária e sinto-me preparada por ter tido uma base sólida de ensino”.

CURSO DE TÉCNICO EM ENFERMAGEM

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EDMILSON FERNANDES, EX ALUNO DO SENAC PR

VIDAS TRANSFORMADAS

O Senac PR se orgulha em manter programas que edificam vidas. Em todos os cursos, prepara pessoas para o mercado de trabalho. É o alicerce de milhares de famílias. É a realização pessoal para tantos profissionais. Está presente em cada aluno que aprende uma profissão. Em cada pessoa com deficiência que é iniciada numa profissão e se integra no mundo social e profissional. Em cada cidadão que procura o Senac para encontrar alguma forma de aumentar a renda familiar e educar seus filhos. Ao longo dos 70 anos da instituição, milhares de vidas foram transformadas. Algumas histórias ficam marcadas e jamais serão esquecidas. Edmilson Fernandes, ex-morador de rua e Mens Petit, um haitiano refugiado, encontraram no Senac a ajuda que precisavam e mudaram o rumo de suas vidas, graças aos cursos gratuitos ofertados na instituição. Esta história começa no fim de 2014. Edmilson Fernandes, ex-aluno do curso de Cozinheiro, lem26        FECOMÉRCIO PR

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bra-se de ter passado em frente ao Senac e visto uma placa que dizia “Senac: você faz e sua vida muda”. “Eu pensei, vai mudar a minha também”, conta Edmilson. Sem condições de pagar pelo curso de Cozinheiro, entrou no prédio determinado a conseguir uma bolsa. Foi aprovado no Programa Senac de Gratuidade e iniciou a mudança de sua jornada. Com o tempo, conciliar o emprego com o curso passou a ser tarefa difícil. Quando precisou escolher entre o sonho de se tornar cozinheiro e o trabalho que fazia com fibra de vidro em carros de corrida, não hesitou. “Fico com o curso”, ele lembra.

“QUERO CONTAR MINHA HISTÓRIA PARA TODO MUNDO, PARA ELA SERVIR DE INSPIRAÇÃO E MOSTRAR QUE NADA É IMPOSSÍVEL”. EDMILSON FERNANDES

O dinheiro guardado logo acabou e a rua passou a ser sua morada. Mesmo com tantos desafios, Edmilson se formou em 19 de outubro de 2015. Conseguiu emprego na área, alugou uma casa e depois emendou o curso de garçom. Em 2018 fez o curso de Confeiteiro. Hoje, Edmilson trabalhar na área e se prepara para lançar um livro contando sua história de superação. JAN | FEV 2019


MENS PETIT, EX ALUNO DO SENAC PR

Também em 2014, Mens Petit, um haitiano recém-chegado ao Brasil, encontrou no Senac PR a ajuda que procurava. “O governo brasileiro me ajudou na hora de conseguir o visto, mas parou por aí. Quem me ajudou de fato foi o Senac, me dando a possibilidade de estudar para conseguir um trabalho e uma remuneração melhor”, lembra Petit. Ao todo Mens realizou quatro cursos no Senac: Barista, Garçom, Boas Práticas na Manipulação de Alimentos e Atendimento para garçom (corporativo). O imigrante que vinha para o Brasil em busca de oportunidades fez sua primeira parada em Salto (SP) mas por lá ficou apenas um mês. “Não via grandes possibilidades lá, pois a cidade era muito pequena. Eu queria estudar, me qualificar e crescer profissionalmente”, explica Petit, que logo escolheu Curitiba como seu ponto de partida. Ao desembarcar na capital paranaense, hospedou-se em uma pousada e lá ficou sabendo que o Café do Museu Oscar Niemayer estava contratando atendentes que falassem mais de um idioma. “Quando cheguei ao Brasil não falava português, mas dominava o francês, espanhol e um pouco de inglês. Como estavam contratando para a Copa do Mundo acabei ficando JAN | FEV 2019

com a vaga. Me encantei pela área da gastronomia e resolvi ir atrás disso. Um amigo acabou me falando do Senac e fui fazer o curso de Barista. Os professores do Senac são excelentes, eles têm paciência na hora de ensinar. A história de cada um deles serve como incentivo”, contou Petit. Na época o sonho de Mens era fazer faculdade de Gastronomia e trabalhar em um navio. A vida tomou outro rumo, e hoje o ex-aluno do Senac aplica todos os conhecimentos adquiridos na sala de aula em outro país. Atualmente mora em Nova Iorque e trabalha como bartender. O Senac PR tem cumprido sua missão de educar para o trabalho, principalmente por meio dos cursos técnicos da instituição. Paul Alan Novo, aluno do curso Técnico em Enfermagem, antes mesmo de receber o certificado foi aprovado em dois concursos: no município de Cascavel e no SAMU 2018, no qual garantiu a primeira colocação. “Viajo 50 quilômetros diariamente para realizar o meu sonho. Todo esforço para me profissionalizar e trabalhar na área de saúde valeu a pena. Tive a melhor formação profissional teórica e prática, o que me deu segurança para as provas e para o trabalho que vou desempenhar futuramente”, comemora Paul Alan. 

O LEGADO AMEAÇADO ESSAS SÃO APENAS ALGUMAS histórias de vida que o Sesc e o Senac ajudaram a transformar ao longo dos anos. Outras milhares de pessoas passaram por alguma unidade em busca de formação e atendimentos em saúde, esporte, educação ou lazer, o que só é possível graças ao comprometimento das duas instituições com a população e o desenvolvimento do estado. Cabe ressaltar que os princípios do Sistema Fecomércio Sesc Senac Paraná preveem a mobilização da classe empresarial em prol da geração de desenvolvimento humano e social para o país. Eventuais cortes em suas receitas, em qualquer proporção, irão afetar programas considerados cruciais para a qualificação profissional e para a qualidade de vida da população em situação de vulnerabilidade social. Ninguém pode ser prejudicado em seus direitos – e todos têm o direito de almejar uma vida melhor.

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HISTÓRIAS PARANAENSES

RIO IGUAÇU, UMA INDÚSTRIA DE ENERGIA COM MAIS DE 1.320 KM DE EXTENSÃO, O PRINCIPAL RIO DO PARANÁ ABRIGA SEIS IMPORTANTES USINAS HIDRELÉTRICAS E É A FORÇA MOTRIZ ENERGÉTICA DO ESTADO TE XTO : S ILVI A B OCCHESE DE LIMA

G

desde então, vem em uma crescente com o incremento da indústria brasileira no pós-guerra.

e outros tantos aparelhos e utensílios domésticos. Foi a partir da década de 1920 que uma infinidade de eletrodomésticos invadiu e revolucionou os lares brasileiros. A curva de consumo de energia, BANCO DE IMAGENS

eladeira, ferro elétrico, lâmpadas, máquinas de lavar e de passar, ar-condicionado, televisor, micro-ondas, computador, cafeteira, liquidificador, chuveiro

A variedade e a quantidade de equipamentos ligados continuamente ou de maneira esporádica em uma residência geram – segundo o levantamento da Companhia Paranaense de Energia (Copel), realizado no último dezembro – um consumo médio mensal de 165 kWh no Paraná. Este número chega a triplicar com as severidades climáticas no inverno e no verão. Embora algumas cidades paranaenses tenham mais de 300 anos, a história do desmembramento de São Paulo e a emancipação política do Paraná são bem mais recentes, datadas de 1853. A exploração do território além da capital e região litorânea ocorreu, principalmente, no fim do século XIX e início do século XX. O ritmo de desenvolvimento das cidades e o acesso às inovações tecnológicas eram distintos e, até mesmo, restritos.

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Alguns municípios, por conta própria ou com o auxílio do governo estadual, eram responsáveis por gerar a energia consumida localmente, por meio de pequenas usinas particulares, motores a diesel, a vapor, ou mesmo rodas d’água. Há pouco mais de 55 anos, a condição energética paranaense apresentava um cenário, na opinião do engenheiro e doutor em Hidráulica, Nelson Luiz de Souza Pinto, classificado como caótico. “A situação do Paraná, na década de 1960 era crítica. Os índices de consumo de energia eram na casa de 240 kWh por habitante ao ano, não atingindo 80% da média nacional de 310 kWh. O estado paranaense estava em uma posição lamentável quando comparado a índices internacionais”, relembra. PARA TIRAR O PARANÁ DO ESCURO

to de Águas e Energia Elétrica do Estado do Paraná –, prevendo o aproveitamento dos recursos hídricos do estado. Foi este plano que desencadeou intensas transformações, tanto sociais quanto ambientais, nas regiões que margeiam os grandes saltos, principalmente do Rio Iguaçu, o maior rio paranaense. ESTATIZAÇÕES

Até a década de 1950, as principais cidades brasileiras, como Curitiba, São Paulo e Porto Alegre, tinham o fornecimento de energia realizado por companhias estrangeiras, como por exemplo, a Companhia Força e Luz do Paraná, do Grupo Bond and Share.

Em paralelo ao estudo federal, o governo paranaense apresentou, em 1949, o Plano Hidroelétrico Paranaense Moysés Lupion, assinado pelo engenheiro Luis Orlando – na época diretor do DepartamenIVO LIMA

Jornal que circulou em Curitiba nos anos de 1940, O Dia trouxe

em uma de suas matérias o estudo que o governo federal fez para suprir a carência de eletricidade e o quanto a situação impactaria o estado. “O Paraná conta com um apreciável montante de quedas d’água aproveitáveis industrialmente (...). Os antiplanos paranaenses oferecem inúmeras vantagens para uma racional e barata aplicação de capitais no desenvolvimento da indústria da força elétrica”. O periódico apresentou ainda a avaliação de que “na era da eletricidade, quando o índice de adiantamento de um povo é medido pelo respectivo consumo de força elétrica, a nossa posição é de verdadeira indigência. (...) É do incremento da produção de energia elétrica que se oferece um futuro realmente promissor”.

NELSON LUIZ DE SOUZA PINTO, ENGENHEIRO E DOUTOR EM HIDRÁULICA

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Como não havia controle do Estado sobre as empresas estrangeiras no fornecimento de energia, os lucros eram gigantescos e, com a liberdade tarifária, o custo da energia era muito elevado. Nelson Pinto lembra que o governo brasileiro passou a entender que o setor energético era estratégico para o país e não deveria estar sob o controle de empresas estrangeiras. Internamente, havia pressão para que o Estado passasse a controlar o setor. Foi somente após a promulgação, por Getúlio Vargas, do Código de Águas, em 1934, que o Estado passou a regulamentar o uso e a propriedade das águas no Brasil com profundas modificações no setor elétrico. “A lei brasileira criou um sistema de cálculo de tarifa que não reconhecia a inflação. Com base no valor final da construção de uma usina e a porcentagem de lucro que a empresa poderia ter, era calculado o valor da tarifa. Como a inflação no Brasil era FECOMÉRCIO PR

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HISTÓRIAS PARANAENSES

galopante, o preço da energia começou a ficar muito baixo para as empresas mais antigas”, ressalta o engenheiro.

ciais, ambientais e industriais. Este trabalho exigiu qualificação, treinamento e capacitação. Em suas construções, a Copel inovou, seja em questões arquitetônicas, de engenharia, ambientais e de responsabilidade social.

Com a tomada do poder pelos militares em 1964, o governo brasileiro precisava de apoio internacional e, uma das condições para que isso ocorresse, seria a estatização das usinas hidrelétricas estrangeiras em território nacional. Foi o que ocorreu. No mesmo ano, a Companhia Paulista de Força e Luz passou pertencer à Eletrobras.

Pinto lembra que ao fim da década de 1960 foi instalado em Curitiba o Comitê Sul, sob amparo da Copel, com a tarefa de inventariar o potencial hidrelétrico da Região Sul. “Nessa análise, efetuada por uma equipe altamente qualificada, distinguiu-se a riqueza energética do Rio Iguaçu e se estabeleceram as prioridades de investimento nas obras de Salto Osório, Salto Santiago, Foz do Areia e Segredo, que caracterizaram as décadas de 1970 e 1980”, diz.

COPEL

Foi com os estudos do Comitê Sul que o Paraná não apenas percebeu as suas potencialidades hídricas e riquezas hidrelétricas como também definiu um cronograma e lista de prioridades para as próximas usinas.

É na divisa de Curitiba com Pinhais e São José dos Pinhais e do encontro dos rios Iraí e Atuba que se forma o Rio Iguaçu, o maior do Paraná, ligando o estado de leste a oeste, passando pelos três planaltos paranaenses e desembocando em Foz do Iguaçu. Com 1.320km de extensão e inúmeras sinuosidades, o Rio Iguaçu apresenta trechos de navegação, mas são suas quedas d’água a principal força motriz do Paraná e uma das principais produções hidrelétricas do Brasil. O Plano Hidroelétrico desenvolvido no governo Lupion inseriu na agenda política estadual a questão energética e destacava na década de 1940 que a Bacia do Rio Iguaçu contava com 31 saltos com capacidade de 1.568.787HP, algo em torno de 1.169MW. Em 1990, a Copel divulgou um novo estudo atualizando o potencial de geração da bacia do Rio Iguaçu para 11.300MW.

BANCO DE IMAGENS

Criada em 1954, no período final do governo Bento Munhoz da Rocha, a Companhia Paranaense de Energia (Copel) iniciou suas atividades em meados de 1955. Nos anos seguintes, coube à companhia absorver os serviços de luz e de força da maioria das cidades, até então servidas pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE). “A atuação governamental, por meio do DAEE, era modesta. Com a criação da Copel, foram tomadas medidas que asseguraram o crescimento sustentado de alto padrão. Destaque que a companhia alcançou no cenário energético nacional e na sua contribuição para a modernização do Paraná. As grandes modificações na estrutura da Copel tiveram início em 1961, no primeiro governo de Ney Braga. Ele convocou o engenheiro Pedro Viriato Parigot de Souza e deu-lhe carta branca para resolver de forma definitiva a questão da energia elétrica no Paraná”, acredita.

O RIO IGUAÇU q

A empresa foi responsável por levar às cidades do interior e ao campo o acesso à energia, provocando mudanças sociais, culturais, comer30        FECOMÉRCIO PR

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Os primeiros estudos teóricos em torno da geração e do comércio de energia elétrica no Rio Iguaçu tiveram início em 1904 e o principal foco do atendimento eram os consumidores da capital paranaense e cidades circunvizinhas. O Paraná engatinhou lentamente na construção de usinas hidrelétricas. A primeira, a Usina do Caiacanga

foi pensada em 1907 e apenas colocada em prática em 1955, em Porto Amazonas e, em poucos anos de produção, já estava defasada. No ano de 1963, o governador Ney Braga sancionou a lei de doação da Usina do Caiacanga ao município de Porto Amazonas. De acordo com os Relatórios de Governo de 1947-1950, a usina tinha potência de 3.000HP (2,23MW)

e custou aos cofres públicos Cr$ 1.492.847,50. “A hidrelétrica do Caiacanga representa um marco histórico na construção de barragens e hidrelétricas no Rio Iguaçu (...). É possível afirmar que desde então o Rio Iguaçu entrou definitivamente nos planos hidroenergéticos tanto estadual quanto nacional a partir da década de 1950”, analisa, em artigo científico, o doutor em História, Cezar Karpinski.

ARQUIVO PÚBLICO DO PARANÁ

USINA DO CAIACANGA

USINA PILOTO DE SALTO GRANDE DO IGUAÇU u

Com funcionamento de 1967 a 1980, a Usina Piloto de Salto Grande do Iguaçu, localizada a mais de 200km de Curitiba, tinha potência de 15,2 MW. Esta construção seria temporária para dar lugar à Usina de Salto Grande do Iguaçu, que jamais saiu do papel. Com a construção da Usina de Foz do Areia (hoje Governador Bento Munhoz da Rocha Neto), os equipamentos e maquinários foram vendidos e a usina, submersa.

USINA DE SALTO OSÓRIO

A primeira usina construída pela Copel foi a de Chopim I, no Rio Chopim, na região Sudoeste do Paraná, entre os anos da década de 1960. Após terem sido estudadas as prioridades de construção das usinas do Rio Iguaçu, a Copel queria que a primeira usina a ser construída fosse a de Salto Osório. “Salto Osório ficava próximo ao canteiro de obras da Chopim I e certamente a Copel teria a concessão da nova usina. Em termos JAN | FEV 2019

hidráulicos, não era um bom local para se começar as construções pois não havia reservatórios e estava limitada apenas à vazão do rio”, conta o engenheiro . O então governador Parigot de Souza defendeu que logo seriam construídas as próximas usinas e, por força política, obteve êxito em seu pedido. Entretanto, o Ministro de Minas e Energia, Antonio Dias Leite Junior, defendia o princípio de que grandes obras em rios principais deveriam pertencer ao governo

federal e as concessões não poderiam ser dadas aos estados. Caberiam às unidades federativas obras de médio e de pequeno porte. Leite Junior entregou a concessão de Salto Osório à recém-criada Eletrosul. A construção ficou a cargo da Copel, que foi ressarcida. O Ministro garantiu que a usina de Salto Santiago seria de concessão da Copel. Com 1.078MW de capacidade instalada, a Usina de Salto Osório pertence hoje à Engie Brasil. FECOMÉRCIO PR

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HISTÓRIAS PARANAENSES

USINA DE SALTO SANTIAGO

Com 1.420MW de potência instalada, a usina fica localizada no município de Saudade do Iguaçu e também pertence à Engie Brasil.

estudos aos técnicos da Kaiser-Serete sobre as obras de Foz do Areia. “Verificou-se que se houvesse um aumento de 50 metros na altura da barragem, haveria a necessidade de inundar a área da Usina Piloto de Salto Grande do Iguaçu, mas haveria a criação de um grande reservatório”, lembra Pinto.

a 5,5 milhões de consumidores, está localizada entre os municípios de Pinhão e Bituruna.

COPEL

Acometido por uma grave doença, o governador Parigot de Souza precisou se afastar do governo e,

nesse período, o ministro Leite Junior passou a concessão da prometida Usina de Salto Santiago à Eletrosul, que comandou as obras e as entregou finalizadas em 1980.

USINA DE FOZ DO AREIA p

A primeira grande usina do Rio Iguaçu de concessão da Copel seria Foz do Areia, hoje chamada de Governador Bento Munhoz da Rocha Neto. Os estudos do Comitê Sul previam que a usina teria uma barragem 50 metros abaixo dos atuais 160 metros. Com isso, a potência inicial seria de 500MW, uma obra de médio porte segundo os padrões do governo federal. A concessão foi dada à Copel. Sob o comando do presidente Arturo Andreolli, a Copel solicitou 32        FECOMÉRCIO PR

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Como a potência vem do produto da vazão multiplicada pela queda, o projeto da Usina de Foz do Areia foi transformado na maior obra do Rio Iguaçu. Com potência instalada de 1.676MW, capaz de atender

Nos arredores da usina, é possível visitar o Jardim Botânico de Faxinal do Céu, uma área de 152 hectares de mata preservada que abriga espécies da flora dos cinco continentes. Na Vila dos Trabalhadores é possível realizar turismo ecológico e de educação ambiental. A Vila de Faxinal do Céu é aberta ao público, com serviço de hospedagem para até 1.200 pessoas. Recebe ao ano mais de 20 mil visitantes. JAN | FEV 2019


SILVIA BOCCHESE DE LIMA

USINA DE SALTO SEGREDO u

SILVIA BOCCHESE DE LIMA

O governo federal havia concedido à Copel a Usina de Salto Segredo, e no segundo mandato do governador Ney Braga, foi dado início às obras. Em homenagem ao governador, a usina hoje leva o seu nome e tem capacidade instalada de 1.260MW para atendimento de 2,7 milhões de consumidores. Inaugurada em 1992, a usina foi a responsável por produzir o primeiro Relatório de Impacto Ambiental elaborado no Brasil para uma hidrelétrica.

COPEL

Como compromisso assumido, em 2000, foi inaugurado o Museu Regional do Iguaçu. Nele é possível ter acesso ao acervo que foi coletado durante as obras das usinas hidrelétricas construídas pela companhia no Rio Iguaçu. O trabalho desenvolvido pelo museu é focado na educação ambiental, está aberto à visitação e, em seu entorno, encontra-se um horto florestal e uma estação de ictiologia.

USINA DE SALTO CAXIAS p

Em 1995, a Copel iniciou a quinta obra de aproveitamento do Rio Iguaçu, a Usina de Salto Caxias, hoje denominada Governador José Richa. Com potência instalada de 1.240MW, a usina foi inaugurada em 1999 e está localizada a mais de 600km da capital JAN | FEV 2019

paranaense, em Capitão Leônidas Marques. Assim como em Salto Segredo, a Copel desenvolveu o Estudo de Impacto Ambiental para a implantação da Usina de Salto Caxias que realizou 26 programas ambientais, entre eles, o de salvamento do patrimônio

arqueológico, reassentamento, reorganização das áreas remanescentes, apoio à área rural dos municípios atingidos, recomposição da infraestrutura econômica e social. Para agendar visitas às usinas operadas pela Copel, é necessário agendamento prévio. FECOMÉRCIO PR

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USINA DO BAIXO IGUAÇU u

O sexto e último aproveitamento do Rio Iguaçu está em fase final de testes. Trata-se da Usina do Baixo Iguaçu, localizada na região Sudoeste do Paraná, de concessão do Consórcio Empreendedor Baixo Iguaçu, formado pelo Grupo Neoenergia e pela Copel. A usina terá capacidade instalada de 350,2MW, energia suficiente para atender a um milhão de habitantes. A inauguração do lago da usina foi realizada nos últimos dias de dezembro passado. Em 16 de janeiro deste ano, a Agência Nacional de Energia Elétrica divulgou no Diário Oficial da União, a autorização para que a Geração Céu Azul, associa-

NEOENERGIA/COPEL

HISTÓRIAS PARANAENSES

ção entre a Neoenergia e a Copel, inicie a fase de testes da primeira turbina. Com a sua entrada em operação,

USINAS DO RIO IGUAÇU u

o potencial energético do Rio Iguaçu está praticamente esgotado. Pequenas Centrais Hidrelétricas ainda podem ser construídas em seus afluentes. 

POTÊNCIA INSTALADA

USINA DO CAIACANGA (DESATIVADA):

2,23MW

USINA PILOTO DE SALTO GRANDE DO IGUAÇU (SUBMERSA):

15,2 MW

USINA DE SALTO OSÓRIO:

1.078MW

USINA DE SALTO SANTIAGO:

1.420MW

USINA DE FOZ DO AREIA:

1.676MW

USINA DE SALTO SEGREDO:

1.260MW

USINA DE SALTO CAXIAS:

1.240MW

USINA DO BAIXO IGUAÇU:

350,2MW

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REPRESENTATIVIDADE

COMÉRCIO, INDÚSTRIA E QUALIFICAÇÃO EM PAUTA VICE-PRESIDENTE DA FECOMÉRCIO PR ASSUME SECRETARIA EM PONTA GROSSA TE XTO : S ILVIA BO CCHESE DE LIMA | FOTO: IVO LIMA

O

Produto Interno Bruto é de R$11,5 bilhões. A cidade ocupa a 75ª posição no ranking nacional e conta com 348 mil habitantes. Mais de 8.600 empresas compõem o quadro dos estabelecimentos de diferentes atividades econômicas e geram 85.603 empregos, segundo o último levantamento do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). Somente o comércio e a prestação de serviços absorvem juntos mais de 72% da mão de obra local.

PREFEITO DE PONTA GROSSA, MARCELO RANGEL; JOSÉ LOUREIRO NETO E O PRESIDENTE DO SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR E VICE-GOVERNADOR, DARCI PIANA

São estes números, registrados no município de Ponta Grossa, que o recém-empossado secretário municipal de Indústria, Comércio e Qualificação Profissional, José Loureiro Neto, tem pela frente. No dia 15 de fevereiro, ele tomou posse da pasta anteriormente ocupada de maneira interina pelo prefeito de Ponta Grossa, Marcelo Rangel. Esta é a primeira experiência de Loureiro na gestão pública, mas leva à secretaria o conhecimento adquirido na gestão comercial, associativista e sindical, como vice-presidente da Fecomércio PR e como presidente do Sindilojas Ponta Grossa. “Loureiro é um proJAN | FEV 2019

fissional competente. Estou certo de que ele fará um importante trabalho nesta cidade e agregará à gestão todo o conhecimento e experiência que ele traz consigo. Ponta Grossa é um importante município do nosso estado e no que se refere à qualificação, o Sesc e o Senac têm muito a acrescentar”, destacou o vice-governador do Paraná e presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR, Darci Piana. Para o prefeito Rangel, o empresário e novo secretário é um importante articulador junto ao governo do estado. “Nos últimos anos,

Ponta Grossa teve um crescimento acima da média brasileira, atraindo indústrias e gerando empregos. Cabe ao nosso novo secretário fomentar o setor do comércio e serviços e ele tem experiência e uma lista de serviços já prestados a nossa cidade”, destaca. Loureiro acredita que terá pela frente o desafio de oferecer à cidade cada vez mais possibilidades de negócios, atrair investidores, qualificar e capacitar profissionais e que o trabalho a ser realizado precisa estar alinhado com as entidades ligadas ao setor, como Fecomércio, Fiep e Sebrae/PR.  FECOMÉRCIO PR

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QUALIFICAÇÃO

VAREJO MAIS 2019 FECOMÉRCIO PR E SEBRAE PR RENOVAM ASSINATURA DE PROJETO QUE JÁ DURA MAIS DE 10 ANOS TE XTO : CARO LINA GOMES | FOTO: B R UN O TA DASHI

N

o dia 22 de fevereiro, durante a primeira reunião de diretoria da Fecomércio PR do ano, o presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR e vice-governador do Paraná, Darci Piana, e o superintendente do Sebrae/ PR, Vitor Tioqueta, assinaram a renovação do Programa Varejo Mais. Parceria entre Fecomércio e Sebrae, o Varejo Mais é um programa aplicado há 10 anos, voltado para micros e pequenas empresas, com o objetivo de torná-las mais rentáveis e competitivas. Em 2019, o programa aumentará em 42% os atendimentos, prevendo ações que cheguem a 2.772 empresas em todo o Paraná. “O Varejo Mais é feito a partir da colaboração de todos os envolvidos na cadeia do comércio e serviços, que nos apontam as necessidades das empresas para que possamos criar programas voltados para o desenvolvimento do setor. Para nós é uma satisfação dar seguimento a esse programa”, destacou o presidente Piana. Para o superintendente do Sebrae, a renovação dessa parceria é de suma importância. “Para 2019

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PARTICIPARAM DA ASSINATURA DE RENOVAÇÃO DO VAREJO MAIS, O ASSESSOR DA PRESIDÊNCIA DA FECOMÉRCIO PR, PAIKAN SALOMON DE MELLO; O GERENTE REGIONAL LESTE DO SEBRAE/PR, JOAILSON ANTONIO AGOSTINHO; O SUPERINTENDENTE DO SEBRAE PR, VITOR TIOQUETA; O PRESIDENTE DO SISTEMA FECOMÉRCIO E VICE-GOVERNADOR DO PARANÁ, DARCI PIANA, E O COORDENADOR ESTADUAL DE COMÉRCIO E FRANQUIAS LOTADO NA REGIONAL LESTE, LUIZ ANTÔNIO ROLIM MOURA

otimizamos o programa, reduzindo os custos e aumentando os atendimentos. Essa parceria com a Fecomércio é muito importante para todo o estado”, afirmou Tioqueta. ETAPAS

A primeira etapa do Programa, prevista para o mês de junho, consiste em diagnósticos da empresa participante por meio de

aplicação do “cliente oculto”, de capacitações, consultorias e coaching. Em seguida, os empresários têm acesso a cursos como de gestão visual de loja, planejamento estratégico para o varejo, gestão financeira, gestão de pessoas, venda com foco no cliente, oficina de marketing e gestão por indicadores. Após as capacitações, são feitas as consultorias de acompanhamento nas empresas.  JAN | FEV 2019


ARQUIVO PÚBLICO DO PARANÁ

CAFÉ

O CAFÉ DA TERRA ROXA

CICLO ECONÔMICO DO CAFÉ FOI O RESPONSÁVEL PELA EXPLORAÇÃO DA REGIÃO NORTE DO PARANÁ, CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE ALGUMAS DAS PRINCIPAIS CIDADES DO ESTADO TE XTO : S ILVIA B OCCHESE DE LIMA

E

nquanto a erva-mate e a madeira foram os ciclos econômicos que levaram as regiões Centro-Sul e Sudoeste do Paraná a serem colonizadas e exploradas, a pecuária foi responsável pela passagem e fixação dos tropeiros nos Campos Gerais e o ouro no litoral e capital do estado, o café levou a expansão da monocultura paulista ao Norte do Paraná, o desenvolvimento e a criação de algumas das mais importantes cidades paranaenses, tornando vazios populacionais em regiões prósperas e urbanizadas. Exemplo disso é Jacarezinho, Londrina, Apucarana, Maringá, Paranavaí, Arapongas, entre outras tantas.

REGISTRO FOTOGRÁFICO ENCAMINHADO AO ENTÃO GOVERNADOR MOYSES LUPION DE UMA PLANTAÇÃO DE CAFÉ, COM ÁRVORES DE TRÊS ANOS. A FOTO FOI CAPTURADA NA BACIA DO TABAÇABA, EM 1956

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A cultura cafeeira no Paraná foi a continuação das plantações que vinham desde Minas Gerais – quando do esgotamento da exploração aurífera –, passando pelo Rio de Janeiro, São Paulo, até chegar às terras do Norte paranaense. Porém aqui, um detalhe fez toda a diferença: o solo. Resultado de derrames basálticos, o solo do terceiro planalto paranaense tem um aspecto avermelhado, repleto de minerais e extremamente fértil. Foi da palavra vermelha, em italiano, rossa, que a terra ganhou o apelido de roxa.

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BANCO DE IMAGENS

CAFÉ

RIQUEZA ESTADUAL

A agricultura paranaense transformou-se com a produção cafeeira. Esta cultura tornou-se a riqueza do estado e trouxe o desenvolvimento e o crescimento da economia. O café era a produção mais valorizada, e foi, sem dúvida, a responsável por grandes desmatamentos, devastação de florestas e pelo recebimento de um grande número de imigrantes. O historiador Wachowicz pontua que, em 1924, o Paraná possuía 17 milhões de cafeeiros plantados, enquanto em São Paulo, o maior produtor, este número chegava perto de 800 milhões. Mas foi a crise de 1929, a Grande Depressão, que afetou a economia mundial e desestimulou a produção cafeeira. Alguns estados tomaram medidas como a incineração de grãos, proibição de novos plantios e taxação das exportações. Entretanto, o Paraná não agiu da mesma forma e a crise atingiu fortemente a cafeicultura paranaense. Passada a crise mundial, a cultura voltou a ser rentável e prioritária. Como a maior parte das exportações paranaenses eram feitas pelo Porto de Santos, e a cada saca de café exportado por lá o Paraná perdia algo em torno de 8$000rs. Diante deste cenário, o governo paranaense passou a forçar a exploração pelo Porto de Paranaguá. Em 1935, enquanto a economia da erva-mate entrava em decadência, o café estava prestes a se tornar o principal produto da economia paranaense. A década de 1940 é marcada pelo deslocamento do eixo produtor 38        FECOMÉRCIO PR

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do café do Norte Pioneiro para a região de Londrina, conhecida como Norte Novo. AUGE E DECLÍNIO

O Paraná viveu no século XX o auge e o declínio da produção cafeeira. De acordo com Irineu Pozzobon, em A epopéia do café no Paraná, o ciclo da cafeicultura no estado pode ser dividido em três distintas fases. A primeira, de 1900 a 1945, é marcada pelo desbravamento e implantação da cultura; a segunda, de 1946 a 1974, é de expansão e racionalização e, a terceira, de 1975 a 2000, de retração e adequação tecnológica. Enquanto em 1902 o estado de São Paulo proibiu a plantação de novos pés de café pelos cinco anos seguintes, o governo paranaense incentivou novas plantações, reduziu as taxas de exportação e procurou atrair novos fazendeiros. Na década de 1920, somente no Paraná era contabilizadas 1.215 propriedades cafeeiras e o estado era o sétimo maior cultivador de café no Brasil.

Segundo Wachowicz, em História do Paraná, foi nos últimos anos do século XIX que a região de Jacarezinho começou a produzir café em quantidade suficiente para exportação. Já no início do século XX, a produção era em torno de 1% da produção nacional. “Até o final dos anos 1930, praticamente todo o café produzido no Paraná era da região do Norte Pioneiro. Até 1945, término da Segunda Guerra Mundial, a produção cafeeira do estado oscilou entre 2 e 3% do total nacional”, destaca Wachowicz. Para Nadir Cancin, em Cafeicultura paranaense, a expansão do café no estado foi resultado de uma série de fatores, como a política econômica governamental, a facilidade na aquisição de terras, clima propício e escoamento da produção via ferrovias, ligando o Paraná ao Porto de Santos. A decadência da cafeicultura paranaense ocorre principalmente pelas fortes geadas de 1963, 1964 e 1966; pela devastadora Geada Negra de 1975; pelo medo generalizado de nova geada ocorresse e pelo desenvolvimento da soja como um produto agrícola de grande aceitação, além do trigo e da pecuária. As décadas seguintes viram o lento renascer da cafeicultura no Paraná, trazendo consigo também o conceito de cafés especiais. Em 2017, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento, o Paraná ocupou o sexto lugar em produção cafeeira entre os estados brasileiros, algo em torno de 1,21 milhões de sacas, representando, 2,7% do total. 

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BANCO DE IMAGENS

TENDÊNCIA

A TRANSFORMAÇÃO NA XÍCARA CONSUMIDORES DE CURITIBA ESTÃO APRENDENDO UMA NOVA FORMA DE TOMAR CAFÉ TEXTO : CARO LINA GOMES | FOTOS: B R UN O TA DASHI

C

errado, Sul de Minas, Espírito Santo, Mogiana.... Seja espresso ou filtrado, a verdade é que o café é uma das bebidas mais consumidas do mundo e os curitibanos estão mudando seu perfil de consumo. Com o passar dos anos, os moradores de Curitiba estão aprendendo a apreciar a bebida feita de forma correta, com grãos especiais e preparados por profissionais qualificados. Para quem se pergunta: o que tem de tão especial em um cafezinho? Podemos dizer que colheita, proJAN | FEV 2019

cessamento, torra e a forma de preparo podem fazer com que determinado café tenha o seu potencial explorado. E os profissionais estão cada vez mais empenhados em executar todas essas etapas com perfeição. Os baristas do Paraná são destaque no cenário mundial de cafés. A pioneira dos cafés especiais na cidade é Geórgia Franco. Graças ao seu treinamento e trabalho à frente do Lucca Cafés Especiais, esse movimento começou em Curitiba há 18 anos. Em sua empresa familiar, ela preza

pela qualidade do que é servido aos clientes e pela formação de novos consumidores. “A educação é o diferencial para a mudança desse perfil de consumo. Aqui na cafeteria temos até um blend especial para esse público que está começando a mudar o gosto por cafés especiais. Estamos sempre dispostos a dar todas as informações possíveis”, afirmou Geórgia. A evolução na oferta e no consumo do café especial por aqui tem FECOMÉRCIO PR

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TENDÊNCIA

sido notada com facilidade. Os curitibanos encontram diversas cafeterias e casas especializadas que oferecem grãos rastreados, com informações de origem, método de beneficiamento, quem torrou, o aroma e até atributos como doçura e acidez. Mas é no quesito talento humano que a capital paranaense se destaca de verdade.

Café-escola do Senac no Paço da Liberdade. Além de numerosas, as cafeterias contam com baristas premiados, o que significa profissionais de alta qualidade.

GEÓRGIA FRANCO

O mestre de torra e campeão de Barismo, Daniel Munari, é um profissional de destaque no cenário de Curitiba. Formado pelo Senac, ele fez diversas especializações e morou na Itália, país de destaque no cenário mundial do café. Hoje está à frente da torra do Supernova Café, torrefadora e cafeteria responsável pelo abastecimento de algumas lojas de Curitiba e São Paulo e pela formação do paladar de alguns grupos de consumidores. “Na Itália vemos o vinho como um produto conhecido entre os moradores, porque se trata de um produto nativo do país. O Brasil é o maior produtor de café do mundo, temos um ramo de café no brasão da república. No entanto, o brasileiro não entende de café, muitos nem conhecem o fruto. Precisamos mudar essa cultura por meio do conhecimento”, destacou Munari.

Para Ana, sua maior contribuição ao longo desses anos foi com a formação dos formadores de opinião. “Temos que educar a comunidade e elevar o conhecimento em relação ao café especial”. Ela acredita que, com grandes marcas entrando nesse mercado, ele tende a expandir e ganhar mais adeptos. NÚMEROS

DANIEL MUNARI

CAFETERIAS

“Curitiba possui proporcionalmente um número maior de cafeterias do que São Paulo”, afirma Munari. Andando pelo centro de Curitiba, em um roteiro de aproximadamente duas horas, podemos passar por mais de dez casas especializadas em café, incluindo o 40        FECOMÉRCIO PR

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A consultora especialista em Cafés, Ana Argenta, proprietária da Argenta Cafés, está há 12 anos no mercado e testemunhou a mudança da oferta e da demanda. “O empreendedor está buscando conhecer primeiro o setor, adquirindo conhecimento e se capacitando muito antes de negócio”.

ANA ARGENTA

A produção de cafés especiais evoluiu, em média anual, 15% nos últimos anos, saltando de 5,2 milhões de sacas, em 2015, para mais de 9 milhões de sacas em 2018. Esse salto passou a ser dado ao longo dos últimos 15 anos, através da atuação e dos trabalhos de conscientização feitos pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) nas duas pontas: consumidor e produtor. Porém, boa parte do que é produzido ainda vai para o consumidor externo. No que se refere às exportações, a BSCA estima que foram embarcadas aproximadamente 8,5 milhões de sacas de cafés especiais, superando as 7,7 milhões de sacas de 2017. Os principais destinos foram Estados Unidos, Europa e Japão. JAN | FEV 2019


ONDAS Tudo evolui e com o café não poderia ser diferente. Para entender um pou-

partes do mundo, levavam uma nova experiência ao consumidor, que co-

co das transformações no consumo ao longo da história, é preciso conhecer as “ondas do café”.

meçava a perceber como os cafés poderiam se diferenciar entre si. A profissão de barista também surge nessa época, já que se viu a necessidade de profissionais capacitados para a área.

A “Primeira onda do café” é marcada pelo considerável aumento do consumo em todo o mundo ao fim do século XIX e início do século XX. Nessa época, o grão já era o principal produto de exportação do Brasil. O consumidor não se preocupava com a origem e qualidade do grão, mas com seus efeitos sobre o corpo: concentração, energia, estímulo. O café era apenas o coadjuvante que acompanhava as refeições, poderia ser qualquer um. Com a “Segunda onda” surgiram novas maneiras de tomar café apresentadas pela recém-surgida Starbucks. Grãos recém-torrados, de diferentes

A “Terceira onda do café” pode ser considerada a atual. Cafés exclusivos provenientes de microlotes, perfis de torra únicos, alta qualidade dos grãos, profissionais superespecializados e um consumidor cada vez mais informado e exigente que questiona origem, variedade, proporção utilizada (água x café) e técnicas. Para atender a essa demanda e se sobressair com relação a concorrência, as cafeterias entenderam que também é necessário dar valor à experiência que o cliente tem no local.

SENAC PR – FORMANDO OS MELHORES O Senac PR tem sua responsabilidade sobre a “Terceira onda do café” no Paraná. A instituição

pelo curso é crescente a cada ano e que mais da metade dos alunos já saem empregados.

forma em média 100 baristas por ano, somente na unidade de Curitiba. Em um curso completo, com 40% de teoria e 60% de prática, o aluno aprende sobre o histórico do café, plantio, colheita, métodos de preparo e ainda passa por experiência no Café-escola do Paço da Liberdade.

O ex-aluno Daniel Munari elogia a aprendizagem que recebeu no Senac PR. “O curso de Barista do Senac é muito bom. O aluno sai de lá pronto para o mercado. É claro que nunca queremos parar de aprender. Mas a base que o Senac dá é fundamental”.

“Profissionais mais qualificados conseguem transformar o padrão de consumo”, ressaltou o instrutor do curso de Barista José Luiz Dominico. Ele destaca ainda que a procura

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O mesmo destaca Ana Argenta. “Como presto consultoria para diversas cafeterias, precisamos de profissionais com certa frequência. Se o barista apresenta um currículo com formação pelo Senac PR, com certeza será um diferencial”. 

JOSÉ LUIZ DOMINICO

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TRABALHO ACADÊMICO

PESQUISA A SERVIÇO DO COMÉRCIO INSTRUTORAS DO SENAC UMUARAMA IDENTIFICAM GRAU DE SATISFAÇÃO DOS CONSUMIDORES NO COMÉRCIO LOCAL TEXTO : LILIANE J O C H E LAVICIUS | FOTO: A R QUIVO PESSOA L

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pesquisa científica é parte importante do desenvolvimento de todas as áreas do conhecimento. Embora associada à vida acadêmica, ela tem relevância também para as atividades práticas, uma vez que permite conhecer melhor o meio em que se atua e descobrir formas mais eficientes para realizar as atividades. Com essa percepção, as instrutoras do Senac Umuarama Patrícia Aguiar de Oliveira dos Santos e Ana Paula Becker Alvarenga levaram questões do comércio local para a pesquisa realizada como parte da conclusão do MBA – Executivo em Gestão, na Universidade Paranaense. O trabalho intitulado “Avaliação sobre o atendimento no comércio de Umuarama – Paraná 2018”. Recebeu nota 9 e contou com a orientação da professora mestre em Administração Ana Paula de Lima da Silva. Com foco no atendimento às necessidades do mercado, a pesquisa investigou a satisfação dos clientes em relação ao atendimento no comércio de Umuarama, e como ele pode impactar na decisão de compra do cliente. Para isso, Ana Paula e Patrícia contaram com o apoio dos alunos do Programa 44        FECOMÉRCIO PR

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Jovem Aprendiz na aplicação do questionário com consumidores da cidade. Ao longo de três meses, os alunos do Senac aplicaram a enquete em 2.860 pessoas em supermercados, lojas e vias públicas. Ao auxiliar na aplicação do trabalho, os estudantes tiveram a oportunidade de ouvir a opinião dos consumidores que um dia irão atender. Esse tipo de contato proporciona um aprendizado além da teoria, durante o qual eles podem ouvir diretamente dos clientes o que pensam sobre o atendimento no comércio, principais falhas e pontos positivos. Além de promover a ampliação do conhecimento dos jovens aprendizes, a pesquisa é um importante instrumento de identificação das falhas e qualidades do comércio local, para atender um público cada vez mais exigente, diante das possibilidades de compra apresentadas. Com a grande variedade de produtos, estabelecimentos e o comércio eletrônico, os vendedores precisam estar cada vez mais preparados para conquistar o consumidor, uma vez que é a ligação entre os dois polos do consumo e, portanto, essencial para o sucesso dos empreendimentos comerciais.

INSTRUTORAS DO SENAC UMUARAMA PATRÍCIA A. DE OLIVEIRA DOS SANTOS E ANA PAULA BECKER ALVARENGA

A pesquisa demonstra ainda a busca das profissionais por maior conhecimento, o que contribui com a formação dos alunos da instituição. Ana Paula e Patrícia ressaltam como a relação de consumo é dinâmica diante das variações das necessidades dos clientes ao longo do tempo e entre os diferentes perfis. Dos entrevistados na pesquisa, 62,66% dizem estar satisfeitos. O curso foi concluído, mas a pesquisa das instrutoras do Senac é um ponto de partida para a melhoria no atendimento aos consumidores na cidade e evolução do comércio local.  JAN | FEV 2019


SINDICATO

SIVAMAR AÇÕES DO SINDICATO ESTÃO EM CONSONÂNCIA COM AS DEMANDAS DOS LOJISTAS DE MARINGÁ E REGIÃO TEXTO : LILIANE J O C H E LAVICIUS | FOTO: WILSON R AYMUN DO JUN IOR

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tender às demandas dos lojistas de Maringá e região, na busca do desenvolvimento do comércio e por um melhor atendimento aos clientes, é a vocação do Sindicato dos Lojistas do Comércio e do Comércio Varejista e Atacadista de Maringá e Região (Sivamar). Não é à toa, foi a primeira entidade sindical patronal do Comércio no país a receber a certificação ISO 9001. O sindicato começou como Associação em 1974 e recebeu a carta sindical dois anos depois, no dia 25 de junho. No ano passado, Ali Saadeddine Wardani assumiu novamente a presidência do Sivamar. Ele já havia sido presidente entre os anos de 1999 e 2001. Entre as ações do Sivamar estão a flexibilização do horário de funcionamento do comércio a partir de acordos com os sindicatos de trabalhadores; luta pela criação da Lei nº 3041/1991, que liberou o horário dos estabelecimentos comerciais; transferência do feriado de aniversário de cidades da base para coincidir com o final de semana; criação da Câmara de Conciliação Trabalhista; e fundação do Sicoob Metropolitano em parceria com a Associação Comercial e Empresarial de Maringá (Acim). JAN | FEV 2019

Agilizar os processos e garantir segurança ao empresário são fatores importantes para o desenvolvimento da empresa. Pensando nisso foi estabelecida a parceria com a Associação Comercial do Paraná para consultas de crédito; Marketing Services; carta aviso Seproc/ SCPC; gerenciamento de carteira; nota fiscal eletrônica Myrp e certificado de origem. O Sivamar também tem representação em órgãos municipais, são eles: Procon, Conselho de Turismo, Conselho de Trabalho e Codem, além de entidades como Fecomércio PR, Senac, Conseg, MCVB, Acim e Instituto Cultural Ingá.

resta, Itambé, Ivatuba, Iguaraçu, Lobato, Mandaguaçu, Marialva, Ourizona, Paiçandu, Sarandi e São Jorge do Ivaí. 

FILIAÇÃO

Os filiados ao Sivamar contam com orientação jurídica, convenções coletivas, auxílio na Certificação Digital, possibilidade de participar de palestras e cursos, convênios médicos, exames ocupacionais, convênio com escritórios de advocacia, disponibilidade de sala de treinamento, salão de eventos e participação em campanhas e eventos como Maringá Liquida, Feira Ponta de Estoque e Empresário do Ano.

PRESIDENTE DO SIVAMAR, ALI SAADEDDINE WARDANI

SERVIÇO: Sindicato dos Lojistas do Comércio e do Comércio Varejista de Maringá e Região (SIVAMAR) Presidente: Ali Saadeddine Wardani Rua Neo Alves Martins, 2789,

Fazem parte da base sindical do Sivamar as cidades de Ângulo, Presidente Castelo Branco, Doutor Camargo, Floraí, Flórida, Flo-

Maringá/PR CEP: 87013914 Telefone: (44) 3026-4444 E-mail: sivamar@sivamar.com.br

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EDUCAÇÃO

CURSOS TÉCNICOS FORMAÇÃO TÉCNICA OFERECE DIFERENCIAL PARA INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO TE XTO : CA R OLIN A GOMES

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scolher uma profissão nem sempre é uma tarefa fácil. Seja na primeira formação ou em uma atualização, os Cursos Técnicos oferecem diferenciais para a formação profissional de quem está em busca de inserção no mercado de trabalho. O Senac PR, referência na oferta de cursos técnicos de qualidade, possui mais de 30 opções de títulos, em diferentes áreas, para auxiliar quem está nessa busca. Ter formação técnica é sem dúvida um diferencial para o currículo. Pesquisa da consultoria ManpowerGroup apontou que 41% das empresas brasileiras têm dificuldades de preencher cargos que exigem habilidades técnicas, o que significa que estão faltando profissionais com essas competências no mercado. De acordo com dados do IBGE de 2016, 2,1 milhões pessoas fizeram o ensino técnico. Esse número representa aproximadamente 2% da população economicamente ativa brasileira. Somente no Paraná, de acordo com dados da Catho, em fevereiro deste ano existiam mais de 1.200 vagas de trabalho disponíveis para formação de nível técnico. CASOS DE SUCESSO

A formação técnica do Senac PR tem feito a diferença na vida de muitos alunos. Em Medianeira, o curso técnico de Enfermagem mudou a vida da então diarista Silmara de Lara, de 32 anos. “Trabalhei como diarista durante quatro anos. Foi quando o Senac Medianeira abriu o curso Técnico em Enfermagem e vi uma oportunidade de mudar de vida”. Antes mesmo da conclusão do curso, ela participou de um processo seletivo e já faz parte da equipe de enfermagem do Hospital e Maternidade Nossa Senhora da Luz. “Hoje, só tenho que agradecer ao Senac pela oportunidade do curso e por 46        FECOMÉRCIO PR

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ter me proporcionado mudanças e realizado meus sonhos; vejo que fiz a escolha certa, pois estou próxima da minha formatura do técnico e com planos de continuar me aperfeiçoando”, declarou Silmara. Os planos da artesã Maira Pires Lopes também mudaram depois do curso de Design de Interiores na unidade de Curitiba Centro. Aos 42 anos, ela está transformando sua atuação no mercado,

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agregando valor aos serviços oferecidos. “Fiz a inscriçao no curso para ter uma noção de ambientes e de como poderia trabalhar melhor a restauração de móveis que já fazia. O curso me mostrou tanta coisa, que hoje posso oferecer um serviço completo para o cliente, entregando um móvel restaurado e um cômodo todo repaginado”. Em Londrina, o curso técnico em Óptica fez dos irmãos João Lucas e José Guilherme Dias da

Mota donos do próprio negócio. Ambos trabalhavam há anos na área e após o curso se tornaram empreendedores. Atualmente eles possuem duas lojas das Óticas Bandeirantes, um negócio de família que surgiu a partir da capacitação profissional do Senac PR. “O curso agregou muito conhecimento e valores. Pudemos ter uma visão mais ampla, conhecer bastante gente e escutar muitas histórias”, ressaltou João Lucas. 

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APERFEIÇOAMENTO

NEUROCIÊNCIA E A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL SENAC REALIZA 11ª SEMANA DE APERFEIÇOAMENTO PARA INSTRUTORES TE XTO : FE RNANDA ZIE GMA N N | FOTOS: B R UN O TA DASHI

ABERTURA DA 11ª SEMANA DE APERFEIÇOAMENTO PARA INSTRUTORES, NO AUDITÓRIO DA AR, EM CURITIBA

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neurociência é o estudo do sistema nervoso. Ela é dividida em cinco campos que analisam as funções do cérebro: neurofisiolo48        FECOMÉRCIO PR

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gia, neuroanatomia, neuropsicologia, neurociência comportamental e neurociência cognitiva. Mas onde está a relação com a educação profissional? A neurociência

tem sido aplicada cada vez mais quando o assunto é a melhora do processo de aprendizagem, pois ela mostra como o cérebro reage a novas informações. JAN | FEV 2019


MESA-REDONDA NA 11ª SEMANA DE APERFEIÇOAMENTO PARA INSTRUTORES, NO AUDITÓRIO DA AR, EM CURITIBA

A neurociência da aprendizagem, como é chamada, é extremamente útil para que os professores definam as melhores estratégias de ensino em sala de aula. Em outras palavras, a neurociência da aprendizagem é o estudo de como o cérebro aprende. “Um diálogo entre a neurociência e a educação profissional”, foi exatamente o assunto escolhido para a 11ª Semana de Aperfeiçoamento de Instrutores do Senac PR, realizada nos dias 29, 30 e 31 de janeiro. O professor da PUC PR Egídio José Romanelli, doutor em psicofisiologia, ministrou a palestra de abertura com o mesmo tema da Semana. Um dos tópicos abordados foi como demonstrar o papel do instrutor e de seu aluno para a apropriação da aprendizagem. “O centro da sala de aula é o aluno e não o professor, como era antigamente”, explicou o palestrante.

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MESA-REDONDA

Para o encerramento das atividades o Senac preparou uma mesa-redonda com a participação da mestre e doutora em Ciências da Literatura Anna Beatriz Paula e do psicólogo e professor de matemática Marcos Meier. O tema da mesa-redonda foi o “Perfil docente na construção de uma escola criativa”. Os convidados realizaram uma palestra, seguida de bate-papo, em que estimularam, através de estudos e relatos, o uso da criatividade em sala de aula. “Precisamos ser criativos na hora de ensinar”, disse Anna Beatriz Paula. Marcos Meier citou a teoria da mediação, em que se deve tirar o aluno da posição de consumidor. “O papel do professor atual é fazer com que o aluno se torne criativo, é preciso desenvolver a autonomia deles em sala de aula. Uma escola só será criativa se os alunos forem”.

O objetivo da Semana de Aperfeiçoamento foi promover a formação continuada dos instrutores por meio de discussões e troca de experiência. “Acompanhei todas as semanas de aperfeiçoamento dos nossos instrutores, sei da importância da atualização didático-pedagógica que esse evento promove. Os nossos instrutores são os maiores representantes do Senac perante nossos alunos, nossos clientes. Dispomos de excelentes ambientes de aprendizagem e ainda levamos o peso da nossa marca”, ressaltou o diretor regional do Senac PR, Vitor Monastier. A abertura e encerramento do evento ocorreram no auditório da administração regional, em Curitiba, com transmissão ao vivo para todas as unidades do Senac PR. Participaram dos eventos a diretora de Educação e Tecnologia do Senac PR, Liza Patricia de Souza, e a diretora de RH do Senac PR, Daniela Rosa de Lelis Oliveira. 

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TECNOLOGIA

COZINHA EM EVOLUÇÃO NOVOS EQUIPAMENTOS E SOLUÇÕES AJUDAM NO DIA A DIA DAS COZINHAS DOS RESTAURANTES E NA SUSTENTABILIDADE DAS EMPRESAS DO RAMO DE ALIMENTAÇÃO TE XTO : FE RNANDA ZIE GMA N N | FOTOS: B R UN O TA DASHI

U

ma cozinha profissional não se faz somente de panelas, frigideiras e mexedores. Basta um pequeno passeio por um restau-

rante para perceber quanta tecnologia está disponível no dia a dia dos chefs e cozinheiros, até para aguçar a criatividade na criação dos pratos.

Em meio a bols, espátulas e grelhas encontram-se termocirculadores, fornos combinados, ultracongeladores e uma infinidade de novidades, hoje tão necessárias quanto

RAFAEL MULLER, CHEF DO RESTAURANTE-ESCOLA DO SENAC CURITIBA CENTRO

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as panelas. Equipamentos para cozinha industrial são componentes indispensáveis, pois além de garantirem qualidade, são ótimos aliados para a otimização do tempo e a sustentabilidade da empresa. “A tecnologia veio para facilitar nossa vida na cozinha; graças aos novos equipamentos deixei de pagar R$20 mil em água, luz e gás para pagar R$6 mil. Pagava três horas extras por dia só para fazer a limpeza, hoje gastamos 10 minutos; além da economia gerada no restaurante, tem a qualidade de vida do funcionário, que melhora muito com isso. A tecnologia ajudou principalmente na sustentabilidade do meu restaurante”, contou Alberto Landgraf, chef do Restaurante Oteque (RJ), durante palestra no Fórum Tutano de Gastronomia, realizado em setembro de 2018. SENAC

Nas cozinhas do Senac, essa realidade não é diferente. Não tem como passar despercebido o faz tudo dos restaurantes, ou seja, o forno combinado. “Ele assa, grelha, frita, gratina, aquece sem ressecar, cozinha em banho maria e a vapor, é um grande aliado do dia a dia, um facilitador”, explica o chef do Restaurante-escola do Senac Curitiba Centro, Rafael Muller. Os fornos combinados funcionam combinando ar quente seco com vapor, garantindo crostas crocantes e assados no ponto certo. “Consigo trabalhar nesse forno com temperaturas desde 40°C, para confitar um tomate, até 390°C, para fazer um ovo frito. Dentro de um mesmo preparo você consegue fazer diversas programações, consegue trabalhar de uma forma muito especifica. Nos mais modernos é possível pegar JAN | FEV 2019

uma peça de pernil suíno congelado e o forno vai descongelar, começar a assar, identificar o momento que precisa dar mais pressão de calor e quando precisa injetar mais umidade, mantendo o sabor e a suculência da peça”, ressalta o chef. Enquanto o forno combinado pode chegar a 390ºC, o ultracongelador, outro equipamento eficiente nas cozinhas, chega a -25ºC, congelando os alimentos em apenas uma hora. Com isso ele inibe o crescimento bacteriano e preserva as características nutricionais do alimento, além de otimizar o tempo. “O jeito certo de resfriar não é deixar em cima da bancada e esperar, o que causa a proliferação de bactérias. O ultracongelador chega na temperatura ideal para envase com muita rapidez. Se o preparo resfria rapidamente, não há tempo hábil para as bactérias se proliferarem”, afirma Muller.

FORNO COMBINADO

SOUS VIDE

A técnica do sous vide tem conquistado os chefs e está cada vez mais presente nas cozinhas profissionais. A técnica francesa, de cozimento a vácuo, traz alguns benefícios, como a preservação dos nutrientes e da matéria prima, sabor e aparência diferenciada e um cozimento uniforme. ULTRACONGELADOR

O sous vide está cada vez mais popular graças ao termocirculador, equipamento básico para a técnica. Ele basicamente mantém o banho-maria em uma determinada temperatura de forma constante e homogênea. “O primeiro passo é embalar o alimento a vácuo, depois vai para a etapa do cozimento. Essa técnica permite manter todas as propriedades, ressaltando

TERMOCIRCULADOR

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TECNOLOGIA

JACKSON PAST U R C Z A K , CHEF DO RESTAURANTE-ESCOLA DO SENAC CURITIBA CENTRO

ainda mais o sabor dos ingredientes. Mas é preciso tomar cuidado na hora de temperar antes de embalar, pois o sous vide concentra o sabor, seja doce ou salgado”, explica o chef do Senac. O sous vide também é um facilitador na rotina dos restaurantes, pois é possível preparar pratos mais complicados e manter refrigerado ou congelado, antes de servir, sem perder o sabor e a qualidade. “No cardápio do Restaurante-escola do Senac Curitiba, tem o pato confitado e o copa lombo suíno. Nós já deixamos pré-prontos, quando sai um pedido nós só finalizamos na frigideira, no forno ou na chapa. Todos os restaurantes trabalham dessa maneira, pois são pratos muito 52        FECOMÉRCIO PR

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demorados e nenhum cliente vai ficar três horas esperando”, conta Muller. Outro equipamento tecnológico que está nas bancadas das cozinhas industriais é o Termomix. Pouco maior que um liquidificador convencional, o Termomix é capaz de misturar, moer, amassar, cortar, pesar, agitar, vaporizar, emulsificar e chicotear. Em sua tela sensível ao toque, é possível selecionar receitas e realizar simultaneamente essas ações para preparar uma refeição completa em um só aparelho. “O Termomix funciona como um superprocessador. A potência de processamento dele é muito mais alta, é o único equipamento capaz

de fazer um sorbet (fruta congelada batida com leite condensado); um processador comum ou um liquidificador não daria conta. Mas esse é só um exemplo: utilizamos muito para molhos que precisam ser feitos em banho-maria, que demandam muito tempo. Com o Termomix, basta colocar os ingredientes e programar”, exemplificou o chef do Restaurante-escola do Senac Curitiba Centro, Jackson Pasturczak. Esses são apenas alguns exemplos de equipamentos altamente tecnológicos que auxiliam no dia a dia dos restaurantes. A evolução é constante e surgem novidades a todo momento, tornando as cozinhas cada vez mais modernas e criativas.  JAN | FEV 2019


XADREZ

TORNEIO

DUELO DE RACIOCÍNIO FESTIVAL PARANAENSE DE XADREZ RÁPIDO E RELÂMPAGO REÚNE GRANDES NOMES DO ESPORTE NO SESC DA ESQUINA TE XTO : LARISSA GR IZOLI | FOTOS: IVO LIMA

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ue o xadrez exige concentração, estratégia e capacidade de improviso não é novidade. O que muita gente não sabe é que o esporte pode demandar também agilidade. Foi assim durante o Festival Paranaense de Xadrez Rápido e Relâmpago, realizado nos dias 19 e 20 de janeiro, no Sesc da Esquina. O evento foi organizado pela Federação de Xadrez do Paraná (FEXPAR), teve apoio do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR e contou com o patrocínio da Copel Telecom. Participaram da competição quase 170 enxadristas de diversas localidades do Brasil e da América do Sul, dentre eles os Grandes Mestres brasileiros Jaime Sunye Neto, Everaldo Matsuura, Alexandr Fier e Krikor Mekhitarian; os uruguaios Alejandro Hoffman e Andrés Rodriguez; e os paraguaios Jose Fernando Cubas e Neuris Delgado Ramirez, além de Mestres Internacionais e Mestres Federação Internacional de Xadrez (FIDE). “Não conheço outro estado no Brasil que realize tantos eventos JAN | FEV 2019

GRANDE MESTRE BRASILEIRO JAIME SUNYE NETO COMPETINDO NA MODALIDADE RÁPIDO

dessa grandiosidade, tanto no número de jogadores quanto em qualidade técnica. Parabéns à Copel Telecom e ao Sistema Fecomércio, que permitem viabilizar esse evento com uma interação social gigantesca e diversos benefícios para a vida dos praticantes”, afirmou o presidente da FEXPAR, Paulo Virgílio Rodriguez. O torneio foi aberto ao público e

os principais jogos tiveram transmissão ao vivo para todo o mundo pela internet. As partidas da modalidade relâmpago duraram no máximo dez minutos e da rápida, quarenta. A velocidade foi um desafio até mesmo para os jogadores mais experientes, como conta o único enxadrista brasileiro a conquistar um ouro olímpico, Jaime Sunye. FECOMÉRCIO PR

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TORNEIO

nato relâmpago na categoria absoluto. No xadrez rápido, o primeiro lugar geral ficou com o Mestre Internacional brasileiro Diego Rafael Di Berardino. O festival reconheceu também os campeões das categorias sub

08, 10, 12, 14, 16, 18 e 20, sênior (maior de 55 anos), veterano (maior de 65 anos) e feminino. Ao todo, foram R$ 15 mil em prêmios. Os mais bem colocados foram classificados para os campeonatos brasileiros de xadrez rápido e relâmpago. 

GRANDE MESTRE BRASILEIRO ALEXANDR FIER, CAMPEÃO DA MODALIDADE RELÂMPAGO

“Eu sofro um pouco em função da própria idade, já não sou mais um garoto. Mas é muito bom participar, compartilhar”, afirma o curitibano, que três dias mais tarde conquistou o terceiro lugar no Floripa Open Super Blitz, realizado em Florianópolis com mais de 200 jogadores.

DA ESQUERDA PARA A DIREITA, PAULO VIRGÍLIO RODRIGUEZ, PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO DE XADREZ DO PARANÁ (FEXPAR); JAIME SUNYE NETO, GRANDE MESTRE BRASILEIRO; JONEL IURK, EX-PRESIDENTE DA COPEL TELECOM; ERNANI BUCHMANN, COORDENADOR DE JORNALISMO DO NÚCLEO DE COMUNICAÇÃO E

Para Sunye, essas modalidades estão de acordo com a modernidade. “Por serem mais rápidas, você pode jogar várias rodadas no mesmo dia. Óbvio que a gente perde um pouco da qualidade, da precisão e do cálculo, mas ganha muito com a dinâmica de jogar, de resolver mais rapidamente”, opinou. Quem também gostou do dinamismo das partidas foi o enxadrista Alexandr Fier. “Até para quem está assistindo é mais interessante ver as peças se movimentando, mais imprevisível. Eu acho divertido”, contou o jovem, que veio da Geórgia, na Europa, para participar do torneio. A longa viagem de quase 24 horas não atrapalhou o rendimento do brasileiro, que venceu o campeo-

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MARKETING DO SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR; E LEANDRO RODRIGUES, GERENTE EXECUTIVO DO SESC DA ESQUINA

Incentivo ao esporte

Durante o torneio, o ex-presidente da Copel Telecom e também enxadrista Jonel Iurk foi homenageado pelo incentivo ao desenvolvimento do xadrez no estado. “Eu fiquei muito feliz com a homenagem, mas quem tem que ser homenageado é a Copel e o Sesc. Parabéns por apoiarem esse esporte que precisa de patrocínios e por proporcionarem esse resultado espetacular, somando experiências importantes e cumprindo plenamente a questão da cidadania empresarial”, disse. No início deste ano, o governo federal anunciou que vai aumentar o investimento no xadrez. O Sesc PR apoia a modalidade já há muitos anos, com diversos torneios integrando o que há de melhor no calendário enxadrístico brasileiro. “É muito importante estar ao lado do xadrez porque ele é absolutamente sustentável, engloba a juventude e não tem nenhum tipo de discriminação. Você pode jogar o mesmo torneio com pessoas de cinco e 80 anos, de qualquer gênero”, disse o coordenador de jornalismo do Núcleo de Comunicação e Marketing do Sistema Fecomércio, Ernani Buchmann.

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XADREZ

COMPETITIVIDADE NO SANGUE COMO TRÊS ENXADRISTAS PARANAENSES ESTÃO FORMANDO DENTRO DA PRÓPRIA FAMÍLIA UMA NOVA GERAÇÃO DE CAMPEÕES. EM UM ÚNICO TORNEIO, CINCO SUBIRAM AO PÓDIO. CONHEÇA A HISTÓRIA DOS RAMAZZOTTE TE XTO: LA R ISSA GR IZOLI

ACERVO PESSOAL

E

ra 1988, mas Alexandre lembra como se fosse hoje. Fazia oito anos que ele, os pais e os dois irmãos tinham se mudado de Arapongas, no Paraná, para Rondônia, em busca de uma vida melhor. Entre a rotina de estudos e a prática de xadrez, aprendida com um primo, surgiu a oportunidade de representar o município onde morava, Cacoal, em uma competição estadual de xadrez por equipes. Sob o comando do técnico Carlos de Jesus Filho, os irmãos Alexandre, Adriano e Ana Carmen Ramazzotte partiram para Porto Velho, capital do estado, participar do Campeonato Rondoniense Escolar de Xadrez. Após o sorteio, descobriram que os adversários eram páreo duro: a equipe vencedora do torneio do ano anterior. Logo na primeira rodada, a caçula Ana Carmen, de 11 anos, enfrentou o enxadrista mais forte e experiente da outra equipe. Muito inteligente, a menina que jogava xadrez há apenas dois meses colocou em prática todas as instruções do treinador e conseguiu segurar um empate. JAN | FEV 2019

OS IRMÃOS ALEXANDRE, ANA CARMEN E ADRIANO RAMAZZOTTE VESTINDO A CAMISETA VERMELHA DOS JOGOS ESCOLARES DE XADREZ DE 1988

O resultado foi bastante comemorado pelos irmãos, que tinham ido de camiseta vermelha para simbolizar a luta que seria o primeiro dia de torneio. Nos dias seguintes, as cores do uniforme também deram o tom do sentimento da equipe. “No segundo dia fomos de verde, pois tínhamos esperança de vencer; no terceiro fomos de azul, para dar tranquilidade; e no quarto dia

fomos de amarelo, simbolizando o ouro a ser conquistado”, relembra Alexandre. A tática deu certo. Com apenas um empate, os irmãos venceram a competição invictos. Cada um levou para casa um troféu e também uma bela lembrança da infância, que viraria combustível para uma longa e prazerosa relação com o xadrez. FECOMÉRCIO PR

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PREFEITURA DE ARAPONGAS

XADREZ

IRMÃOS RAMAZZOTTE ACOMPANHADOS DOS FILHOS, DO GRANDE MESTRE HENRIQUE MECKING E DA JOVEM TAUANE,

ACERVO PESSOAL

DURANTE 5º MEMORIAL HERCÍLIO ERMEL

SAMUEL RAMAZZOTTE MONTEIRO E ESTHER ZILLI RAMAZZOTTE NO FESTI-

SUCESSÃO

O tempo foi passando e a dedicação a outras atividades fez com que os irmãos Ramazzotte deixassem de competir. Todos voltaram para o Paraná, continuaram os estudos e seguiram suas carreiras. Com sorte no jogo e também no amor, Alexandre casou-se com Vládia e teve um filho, Daniel. Adriano e a esposa, Jaqueline, tiveram Esther e Maicon. E Ana Carmen e o marido, Amadeu, tiveram Samuel e Helen. Conforme as crianças foram crescendo e com o apoio de toda a família, o que tinha ficado adormecido durante um período voltou a ser prioridade. “Começamos a treinar xadrez com os filhos e sobrinhos e eles começaram a ter bons resultados, ganhar campeonatos”, conta Alexandre.

VAL PAN-AMERICANO DA JUVENTUDE

ACERVO PESSOAL

DO CHILE

HELEN RAMAZZOTTE MONTEIRO, 13 ANOS, EXIBINDO O TROFÉU DE CAM-

No 5º Memorial Hercílio Ermel de Xadrez Rápido, realizado em dezembro de 2018, em Londrina, cinco integrantes da nova geração dos Ramazzotte subiram ao pódio: Helen e Daniel foram campeões no sub 14, Maicon venceu no sub 12, e Esther e Samuel ganharam no sub 08. As duas meninas levaram também, respectivamente, o primeiro e o segundo lugar no feminino adulto.

PEÃ NA CATEGORIA SUB 14 DO CIRCUI-

ACERVO PESSOAL

TO PÉ VERMELHO DE XADREZ

ESTHER ZILLI RAMAZZOTTE, 8 ANOS, COMPETINDO

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“Foi um campeonato muito bom porque proporcionou uma experiência com gente muito forte”, conta Helen, que adora conhecer o estilo de jogo de outros enxadristas. No mesmo torneio, Esther, de 8 anos, teve a oportunidade de enfrentar o Grande Mestre Henrique Mecking, de 67. O brasileiro conhecido como Mequinho chegou a ser o terceiro melhor do

mundo pelo ranking da Federação Internacional de Xadrez (FIDE), em 1978. “As crianças veem os Grandes Mestres e se inspiram. Foi muito legal ver os dois jogando. O xadrez é um esporte muito democrático”, afirma Alexandre, que também participou da competição. Ele e o irmão, Adriano, não venceram em suas categorias – adulto. ESTILO, CONQUISTAS E LEGADO

Na família Ramazzotte, capacidade de concentração e velocidade de raciocínio se misturam. Uns preferem o xadrez pensado, modalidade em que o jogo pode durar horas; outros gostam mais do rápido, cujas partidas demoram até 40 minutos; e tem ainda os que preferem o blitz, que dura no máximo 10 minutos. Independentemente da modalidade, todos os jogadores da nova geração acumulam diversas conquistas. Os campeões brasileiros Esther e Samuel, por exemplo, representaram o Brasil no Mundial para Cadetes em Poços de Caldas, em 2017, e no Festival Pan-Americano da Juventude no Chile, em 2018. A menina ficou em oitavo lugar nas Américas, melhor posição alcançada pelo Brasil até hoje. Maicon e Daniel, por sua vez, destacam-se no cenário paranaense. Ambos estão entre os cinco melhores enxadristas do estado em suas categorias. Por fim, Helen é campeã Sul-Brasileira Escolar de Xadrez de 2018. Apesar da pouca idade, 13 anos, a jovem já começa a deixar seu legado: o ensino do xadrez para crianças com necessidades especiais. JAN | FEV 2019


As aulas acontecem na Biblioteca Municipal de Arapongas e exigem adaptações. “Eu aproveito o chão quadriculado para ensinar: se eu sou uma dama, como andaria nesse tabuleiro? A gente se movimenta igual à peça, eu conto a história da dama na antiguidade”, ilustra a menina, que desenvolveu seu próprio método de ensino para facilitar o aprendizado das crianças. CLUBE DE XADREZ SOBERANO REI

Desde 2016, os treinos dos Ramazzotte estão concentrados no Clube de Xadrez Soberano Rei, do qual fazem parte outros quatro enxadristas paranaenses. Alexandre e Adriano são os responsáveis pela parte técnica, e Ana Carmen cuida da parte administrativa, além do emocional e psicológico dos atletas. “Nossa intenção é formar jogadores cada vez mais fortes. Já ganhamos um Campeonato Brasileiro e queremos prosseguir, ganhar um Pan-Americano, fazer com que cada enxadrista seja mais forte no seu jogo”, conta Alexandre. Para alcançar esse objetivo, os enxadristas treinam diariamente com partidas online, exercícios de tática e estudo com livros. Os desafios do Clube e da família, no entanto, vão além da questão técnica. Sem patrocínio fixo, a nova geração dos Ramazzotte deixa de participar de campeonatos importantes por falta de dinheiro para custear deslocamento, alimentação e hospedagem. “Em 2018, embora Esther e Samuel fossem os atletas oficiais do Brasil, não pudemos levá-los para o Mundial de Cadetes na Espanha”, relembra Ana Carmen. JAN | FEV 2019

EQUIPE DE XADREZ DO CLUBE SOBERANO REI

Em torneios mais próximos de Arapongas, a Prefeitura costuma ajudar os atletas com o transporte. O apoio é bem-vindo, mas ainda insuficiente para que a equipe alce voos mais altos. “Nos países da Europa, na Rússia

e Estados Unidos, o estado patrocina os atletas. Aqui no Brasil, infelizmente, isso não acontece. O xadrez ainda não é valorizado, mesmo sendo uma ferramenta poderosa para livrar jovens das drogas, ajudar na concentração e nos estudos”, afirma Alexandre.  FECOMÉRCIO PR

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SINDICATO BEM-ESTAR XADREZ

SINCAMED PREÇOS JUSTOS E DISTRIBUIÇÃO ADEQUADA DOS MEDICAMENTOS SÃO ALGUNS DOS DESAFIOS DO SINDICATO TE XTO : LILIANE J O C HELAVICIUS | FOTO: IVO LIMA

N

o início de 2018, depois de reivindicações por lideranças empresariais, foi assinado pelo governo estadual o decreto que altera a definição da base de cálculo para cobrança do ICMS no regime de substituição tributária de medicamentos comercializados por fabricantes, distribuidores e varejistas. A legislação previa como referência de preços de medicamentos a tabela divulgada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O Sindicato do Comércio Atacadista de Drogas e Medicamentos no Estado do Paraná (Sincamed) teve papel importante nessa reivindicação, em esforço conjunto com a Fecomércio PR, o Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado do Paraná (Sindifarma) e o Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Oeste do Paraná (Sinfarma Oeste do PR). O argumento apresentado foi de que o varejo pratica valores diferentes, publicados mensalmente em revistas especializadas. “Em média, a diferença entre os preços divulgados pela Anvisa e os publicados em revistas é de 12,9%”, explicou o presidente do Sincamed, Antonio Barea.

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PREÇO JUSTO

Diante dessa luta pela cobrança de preços justos pelos medicamentos, Barea destaca a importância de o Sindicato se “manter sempre atualizado em relação às questões tributárias, para que não haja alterações que prejudiquem o empresariado”. O Sincamed atende as necessidades dos empresários do ramo em todo o Paraná há mais de 57 anos. Uma das lutas do sindicato é pela manutenção dos preços de medicamentos. A estabilidade dos preços de medicamentos é outro benefício para a comunidade, porque assim é garantida a qualidade do atendimento sem custos excessivos. Além da questão tributária, outro desafio enfrentado pelos empresários do setor é a distribuição de medicamentos. Ela garante a qualidade do produto que chega ao consumidor final. Medicamentos precisam do cuidado com as datas de validade e forma de armazenamento e distribuição. “Nesse sentido é importante contar com uma entidade que esteja atenta às normas e legislações vigentes, lutando pelas necessidades apresentadas pelo empresariado no campo jurídico”, conclui Barea,

PRESIDENTE DO SINCAMED, ANTONIO BAREA.

SERVIÇO: Sindicato do Comércio Atacadista de Drogas e Medicamentos no Estado do Paraná (SINCAMED PARANÁ) Presidente: ANTONIO BAREA Alameda Prudente de Moraes, 291 Curitiba PR – CEP: 80430220 Telefone: (41) 30728014 E-mail: diretoria@anbfarma.com.br

destacando o papel do Sincamed para o ramo de farmácias.  JAN | FEV 2019


ESPORTE

PAIXÃO EM QUADRA 28ª EDIÇÃO DO TORNEIO DE BASQUETEBOL MASTER REÚNE AMANTES DO ESPORTE EM MOMENTOS DE SUPERAÇÃO E DESCONTRAÇÃO, DENTRO E FORA DA QUADRA TEXTO : LARISSA GR IZOLI | FOTOS: IVO LIMA

A

agilidade não é mais a mesma. Já a vibração a cada arremesso certeiro e a reclamação com a arbitragem por uma suposta falta não marcada demonstram que a paixão pelo esporte resistiu ao

tempo e às dificuldades para os jogadores com mais de 70 anos que participaram do 28ª Torneio de Basquetebol Master, no Sesc Caiobá. “O sentimento é de superação, de

saúde. Em novembro eu não estava nem andando e hoje consegui ser campeão”, contou o jogador Cambará, recém-recuperado de uma cirurgia no joelho e emocionado com a conquista do primeiro lugar na categoria 70 mais.

CAMBARÁ, AO CENTRO, COM O TROFÉU DE CAMPEÃO DA CATEGORIA 70 MAIS, AO LADO DOS COLEGAS DE TIME

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ESPORTE

Durante o campeonato, a família do atleta fez questão de apoiá-lo bem de perto, prestigiando todas as partidas. “Vê-lo competindo é uma satisfação imensa. Chegar aos 70 anos com essa disposição, essa alegria, deixa a gente muito feliz”, contou a filha de Cambará, Maria Regina, que se hospedou no Hotel Sesc Caiobá durante o torneio.

DA ESQUERDA PARA A DIREITA, O GERENTE DO SESC CAIOBÁ, ADALBERTO CARNEIRO; DIRETOR DA DIVISÃO DE ESPORTE, LAZER E SAÚDE DO SESC PR, MARCUS

“A estrutura do hotel é fantástica, o pessoal atencioso, a comida muito boa. As crianças amaram a recreação, não queriam nem ir à praia. Ficamos muito impressionados”, contou Maria Regina. Dentro da quadra, quem também aproveitou a competição para descontrair foi o jogador Milton Setrini Junior, o Carioquinha, que defendeu a Seleção Brasileira entre 1970 e 1984. “Quando você participa desse torneio, você revê os amigos da equipe e também os adversários. É na verdade um encontro de veteranos, em que a gente joga e toma uma cervejinha, porque aqui é liberado”, confessa o atleta, com disposição de sobra para competir por mais algumas décadas. “A idade é para aqueles que sentem. Eu não sinto, estou bem. Quando chegar a hora de parar, com 98, 99 anos, eu paro”, comenta o jogador. O TORNEIO

A 28ª edição do Torneio de Basquetebol Master foi realizada de 28 de janeiro a 2 de fevereiro e reuniu mais de 300 atletas de 31 times. A competição foi organizada pela Associação Paranaense de Basquetebol Master (APBM) e contou com o apoio do Sesc PR. 60        FECOMÉRCIO PR

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VINÍCIUS DE MELLO; DIRETOR REGIONAL DO SESC PR, EMERSON SEXTOS; PRESIDENTE DO SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR E VICE-GOVERNADOR DO PARANÁ, DARCI PIANA E O COORDENADOR DO TORNEIO, DANIEL LAZIER

“A importância da realização desse torneio é imensurável. Nós só temos a agradecer ao Sesc, que se desdobra de toda maneira para que o evento seja sensacional. Toda a equipe está de parabéns”, afirmou o presidente da APBM, Josemar Ribas. A competição reuniu grandes nomes do esporte e foi dividida nas categorias feminino e masculino. Entre os homens, as equipes disputaram o troféu de acordo com a idade: 25, 40, 50, 60 e 70 anos. “É um evento tradicional em Caiobá, que traz muitos jogadores de fora do estado e fomenta o comércio do nosso litoral. Este ano a gente procurou dar uma estrutura ainda melhor para os atletas. O ginásio foi todo reformado, o piso foi trocado, e com isso abrilhantamos ainda mais o espetáculo”, afirmou o diretor regional do Sesc PR, Emerson Sextos. A reforma do ginásio de esportes foi uma promessa do presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR, Darci Piana, que neste ano foi eleito jogador honorá-

rio do Clube Atlético Duque de Caxias e homenageado pela Associação Paranaense de Basquetebol Master, pelo apoio à modalidade no Paraná. Em seu discurso, Piana convidou a APBM a ampliar o torneio. “Vamos transformar esse que é o melhor encontro de basquete master do país em um torneio internacional. Já tivemos aqui o Paraguai, mas eu estou fazendo um desafio: convidar também argentinos, uruguaios e chilenos. Eu me encarrego de conversar com o prefeito de Matinhos para realizarmos a competição em dois ginásios, para que a gente possa ampliar e fazer com que nossos irmãos, principalmente do Cone Sul, venham conhecer”, disse Piana, que vê na iniciativa uma maneira de incentivar o turismo no estado. Também foram homenageados o diretor regional do Sesc PR, Emerson Sextos; o diretor da Divisão de Esporte, Lazer e Saúde do Sesc PR, Marcus Vinícius de Mello; o gerente do Sesc Caiobá, Adalberto Carneiro; e o coordenador do torneio, Daniel Lazier.  JAN | FEV 2019


CASE DE SUCESSO

NOVAS CARREIRAS UNIDADES MÓVEIS LEVAM FORMAÇÃO DE QUALIDADE A TODO O PARANÁ TEXTO : LILIA N E JOCHELAVICIUS

O Senac supre essa necessidade levando qualificação profissional por meio de suas quatro unidades móveis: Pães e Confeitos, Turismo e Gastronomia, Moda e Beleza e Informática e Gestão. Equipadas com tudo o que há em uma sala de aula ou laboratório, as unidades percorrem o Paraná durante o ano todo, proporcionando às comunidades do interior acesso ao ensino profissionalizante gratuito e de qualidade. Desde 2007, o Senac oferece esse serviço aos municípios que não possuem uma unidade fixa. Por meio de parcerias com prefeituras, a instituição já capacitou gratuitamente 11 mil alunos, em 130 municípios paranaenses. Somente em 2018, 19 cidades foram contempladas; nelas 1699 alunos foram atendidos, entre eles, Robinson Aparecido do Nascimento e Ana Paula Redon da Cunha, que encontraram um novo destino profissional depois de passar pelas salas de aulas itinerantes do Senac. JAN | FEV 2019

Já Ana Paula Redon da Cunha, que mora em Campo do Tenente, onde trabalhava com venda de calçados, fez o curso de Auxiliar de Cozinha em Quitandinha, na Unidade Móvel de Turismo e Gastronomia. “Cozinhar era um hobby para mim, mas acabou se tornando uma nova possibilidade profissional. Fazer o curso do Senac mudou minha vida”, conta Ana.

ARQUIVO PESSOAL

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studar pode ser um desafio diante da rotina agitada. Quando o aprendizado inclui uma grande distância a ser percorrida entre casa e entidade de ensino, pode representar dificuldade ainda maior, ou até uma impossibilidade na busca por novos conhecimentos.

ANA PAULA REDON DA CUNHA

Robinson aproveitou a passagem da unidade móvel de Moda e Beleza por sua cidade, Godoy Moreira, para realizar o curso de Assistente de Cabeleireiro. “Eu já mexia no cabelo da minha irmã, mas fazer o curso representou a possibilidade de transformar isso em profissão”. Com os conhecimentos adquiridos no curso do Senac, Robinson deixou o trabalho como porteiro para abrir um salão. A unidade da instituição mais próxima de Godoy Moreira fica em Ivaiporã. Se precisasse ir até lá para realizar o curso, provavelmente Robinson não teria participado da formação, devido a distância. “O curso do Senac foi essencial para mudar de carreira”, considera o cabeleireiro.

Ela destaca a importância do instrutor para o desenvolvimento dos alunos. “Ele é prestativo e está sempre atento a execução das atividades, para que os trabalhos sejam realizados da melhor forma”, relembra a ex-aluna, assim é garantida a qualidade da formação. A estrutura do curso também tem destaque, a divisão entre parte teórica e prática foi bem feita. Primeiro aprendemos tudo na teoria para depois aprender na prática, por isso o tempo ficou bem equilibrado”, conclui Ana Paula. A previsão para 2019 é de que as Unidades Móveis percorram 18 municípios do estado e atendam 1.446 alunos, levando formação de qualidade a todas as regiões do estado, o que proporciona novas possibilidades profissionais para quem faz o curso, e a entrega de serviços de melhor qualidade para quem é atendido pelos egressos da instituição.  FECOMÉRCIO PR

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SOLIDARIEDADE

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BRASIL SEM FRESTAS TRABALHO VOLUNTÁRIO LEVA CONFORTO TÉRMICO ÀS FAMÍLIAS DE COMUNIDADES PRECÁRIAS EM CURITIBA E REGIÃO METROPOLITANA TEXTO : FER N A N DA Z IEGMA N N | FOTOS: IVO LIMA E B R UN O TA DASHI

S

egundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 15 milhões de brasileiros vivem em situação de extrema pobreza no país. Do total da população, 7,4% estão abaixo dessa linha e vivem com menos de R$140 por mês, tornando inviável o acesso ao básico, como moradia. Essa realidade faz com que aumente o número de moradores em morros, favelas e áreas de invasão. As casas são construídas sem condições mínimas de sobrevivência, sem qualquer vedação contra o vento, frio e chuva. Em 2016, essa parte da população de Curitiba e Região Metropolitana recebeu um novo olhar. Através do Projeto Brasil Sem Frestas, a dona de casa Tânia Ribas passou a dedicar seus dias para levar conforto térmico a essas famílias, revestindo as casas com embalagens cartonadas para bebidas, como as caixas de leite. A ideia não partiu de Tânia, nasceu em 2009, em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, com a química Maria Luisa Camozzato. Pre-

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ocupada com a população mais pobre da cidade, ela encontrou nas caixas de leite o material ideal para vedar as casas de madeira. Ao conhecer o projeto, por intermédio de Lisandra Falcão, Tânia se apaixonou e transformou a garagem da sua casa na sede do Brasil Sem Frestas Curitiba PR. “Temos um grupo de caminhada, contei da ideia e todas resolveram entrar no projeto. Desde então, só aumenta o número de voluntários e doações”, conta a coordenadora do Brasil Sem Frestas Curitiba, Tânia Ribas. Segundo a Tetra Pak, criadora desse tipo de embalagem, as caixas de leite possuem seis camadas. De fora para dentro, há uma camada de plástico, uma de papelão, outra camada de plástico, uma de alumínio e, por fim, mais duas folhas de plástico. Essas características tornam as caixinhas impermeáveis e fazem delas um ótimo isolante térmico. “As lâminas cobrem as paredes das casas, protegendo do frio e da umidade no inverno, e do calor no verão. Elas conservam a temperatura em oito graus para menos ou mais”, explica Tânia. FECOMÉRCIO PR

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SOLIDARIEDADE

Hoje são 150 voluntários que dedicam um ou mais dias da semana para separar, cortar, costurar e instalar as placas feitas com as caixas recebidas de doação. Em apenas dois anos, o Brasil Sem Frestas já levou o conforto térmico para mais de 100 casas em condições precárias, construídas nas comunidades de Curitiba e da Região Metropolitana. ROTINA

Chegando à casa de Tânia, é possível ver a proporção que o projeto tomou. São toneladas de caixas de leite que chegam toda semana e ocupam a entrada da garagem. Toda segunda-feira, as voluntárias se encontram no local para fazer a separação do material recebido. “Chegamos a receber doações de caixas de leite até pelo Correio. Elas vêm de Brasília, do Rio de Janeiro, de São Paulo. Se não fosse essa boa vontade das pessoas, o Projeto não teriam chegado até aqui”, explica Tânia. É uma verdadeira linha de produção da solidariedade. A organização no processo e a alegria estampada no rosto de quem está trabalhando fazem com que o dia seja produtivo. Depois de separar as caixas que estão devidamente limpas, elas seguem para a guilhotina, depois para o corte, montagem dos fardos e depois a costura. Depois da placa pronta, outra etapa se inicia. É hora de instalar as placas de revestimento nas casas. Para essa etapa, elas utilizam grampeadores de pressão. “Alguns projetos que funcionam nessas comunidades carentes identificam as casas com maior necessidade; infelizmente, não conseguimos fazer muitas. Cada casa leva de 64        FECOMÉRCIO PR

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FERNANDA ZIEGMANN

quatro a cinco horas de trabalho e precisamos de pelo menos oito voluntários por casa”, destaca a coordenadora. Esse trabalho é feito sempre às quintas-feiras e em um sábado por mês. Tânia comenta que, durante a semana, o número de voluntários é menor, cerca de 12 pessoas, mas aos sábados, o número chega a 40. “A casa ficou ótima. Entrava muito mosquito, frio e chuva. Agora posso oferecer um pouco mais de conforto e segurança para o meu filho. Encontrei várias cobras no quintal, tinha medo de que entrassem em casa. Sem contar que ficou mais bonita, fácil de limpar e muito mais clara”, comemorou Cássia Ferreira da Rocha, que recebeu as placas na casa de pouco mais de 9 m², onde vive com o filho de um ano.

NÚMEROS DE DOIS ANOS • 150 VOLUNTÁRIOS • 100 CASAS • 800 m2 • 40.000 PLACAS • 200.000 CAIXAS DE LEITE

PROGRAMA ECOS DO SENAC ENTREGA CAIXAS DE LEITE PARA A COORDENADORA DO BRASIL SEM FRESTAS CURITIBA, TÂNIA RIBAS (BLUSA LARANJA)

ECOS O trabalho do Brasil Sem Frestas chegou ao Sistema Fecomércio Sesc Senac PR através do Programa ECOS de Sustentabilidade, que está sendo implantado nas unidades do Senac Curitiba Centro, Portão e São José dos Pinhais, e também na Federação do Comércio. Três pilares norteiam a implantação do Programa: mitigar os impactos socioambientais, otimizar o uso dos recursos das instituições e conscientizar os funcionários. Foi justamente com o intuito de conscientizar os colaboradores que o ECOS apresentou o Projeto e começou a receber as embalagens. Em apenas dois meses foram arrecadadas quase mil caixas de leite. “Além das caixas doadas ajudarem quem precisa se proteger do frio e do calor, estamos tirando toneladas de lixo da natureza; cada caixa tetra pack leva 200 anos para se decompor”, comemora Tânia.

e trabalhos voluntários, toda ajuda é bem-vinda. “Nós queremos levar conforto térmico para essas comunidades que não contam com nenhuma ajuda; se nos tornássemos uma ONG, teríamos ajuda financeira, mas infelizmente não conseguiríamos ajudar quem vive nessas áreas de invasão”, finaliza Tânia. A sede fica na Rua Hermínio Cardoso, nº 70, no Bairro Tingui, em Curitiba, e está aberta para visitas, sugestões e dúvidas.  “TRABALHAR COM DETERMINAÇÃO PARA LEVAR CONFORTO TÉRMICO ÀS FAMÍLIAS DE COMUNIDADES PRECÁRIAS” (MISSÃO DO BRASIL SEM FRESTAS)

COMO AJUDAR

Como o Brasil Sem Frestas é um Projeto Social que vive de doações JAN | FEV 2019

Saiba como preparar as caixas para doação.

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LÍNGUA PORTUGUESA

10 ANOS DO ACORDO ORTOGRÁFICO POR TRÁS DA MODIFICAÇÃO DE MENOS DE 1% DAS PALAVRAS EM USO NO BRASIL ESTÁ UMA TENTATIVA ANTIGA DE PADRONIZAR A ESCRITA DA LÍNGUA PORTUGUESA

Dos oito signatários do tratado, assinado em 1990, o Brasil foi o primeiro a começar a implantar as regras, em 2009. A obrigatoriedade de adotar exclusivamente a nova ortografia, no entanto, só passou a valer no país em 2016, quando em Portugal e Cabo Verde as mudanças já eram oficiais. Em Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste, a adesão ao termo ainda não saiu do papel. Alguns dos motivos para a demora, segundo o pós-doutor em Linguística pela Universidade da Califórnia e professor da UFPR, Carlos Alberto Faraco, é “a necessidade de formar professores, fazer a divulgação do acordo na íntegra e lidar com a relação do português com outros idiomas nacionais”. 66        FECOMÉRCIO PR

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BRUNO TADASHI

O

primeiro dia de 2019 marcou não só o início de um novo ano e de novos mandatos políticos no país, mas também uma década da vigência do mais recente acordo ortográfico da Língua Portuguesa.

LEANDRO SANTANA/UFPR

TE XTO : LA R ISSA GR IZOLI

CARLOS ALBERTO FARACO, PROFES-

ALBINO DE BRITO FREIRE, GRADUADO

SOR DE LINGUÍSTICA DA UNIVERSIDA-

EM DIREITO E LETRAS NEOLATINAS

DE FEDERAL DO PARANÁ (UFPR)

PELA UFPR E INTEGRANTE DA ACADEMIA PARANAENSE DE LETRAS

De acordo com o Ministério da Educação, o acordo ortográfico modificou 0,8% dos vocábulos em uso no Brasil e 1,3% em Portugal. Entre as mudanças estão diferentes regras de acentuação e utilização do hífen, fim do trema e incorporação de K, Y, W ao alfabeto do nosso idioma – que passou a ter 26 letras. Na prática, voo perdeu o acento, micro-ondas ganhou hífen e os países de Língua Portuguesa ficaram mais

próximos da tão sonhada e difícil unificação da escrita. “É um processo extremamente complexo. Veja, a propósito, quantos anos, em marchas e contramarchas, esse acordo multilateral custou a ser implantado – se é que já o foi cabalmente”, afirma o ocupante da cadeira 21 da Academia Paranaense de Letras, Albino de Brito Freire. JAN | FEV 2019


BANCO DE IMAGENS

Os benefícios de padronizar a ortografia da Língua Portuguesa são facilitar o intercâmbio cultural e científico entre os países e ampliar a divulgação do idioma e da literatura. REFORMA TARDIA E POLÊMICAS

Esta foi a terceira vez que o Brasil passou por mudanças em prol da fixação de uma ortografia única. A primeira foi em 1943 e a segunda em 1971. As tentativas da unificação, no entanto, começaram em Portugal, em 1911. “A padronização do português começou muito tarde. As outras línguas europeias padronizaram a ortografia bem antes: o italiano já no século XVI, o francês no XVII e o espanhol no XVIII”, afirma Faraco. No Brasil, a alteração da escrita sempre dividiu opiniões, tanto que as regras vigentes há uma década sofrem críticas até hoje. “Os próprios estudiosos da matéria não se entendem quanto ao acordo que, segundo alguns deles, deveria ter passado por um processo preliminar de simplificação”, conta Freire. Nesse processo, o X seria eliminado de palavras como exceto e excepcional e o H inicial seria abolido, modificando a grafia dos termos hora e herói, por exemplo. O português é falado por mais de 260 milhões de pessoas e é a língua oficial de dez países – os oito signatários do acordo, Guiné Equatorial e Macau, Região Administrativa da China.  JAN | FEV 2019

CONFIRA AS PRINCIPAIS MUDANÇAS TRAZIDAS PELO ACORDO ORTOGRÁFICO

O PELO DO CACHORRO ESTÁ BRILHANTE | ANTES ERA PÊLO

O substantivo pelo, relativo à pelagem, e a preposição pelo (como em passeio pelo bairro) passaram a ser diferenciados pelo contexto da frase, e não mais pelo acento.

QUAIS SERÃO AS CONSEQUÊNCIAS? | ANTES ERA CONSEQÜÊNCIAS O trema deixou de ser utilizado, mas a pronúncia permanece a mesma. Em palavras estrangeiras, como no sobrenome Müller, o sinal permanece.

OS JOVENS LEEM CADA VEZ MENOS | ANTES ERA LÊEM O acordo aboliu o acento nos hiatos terminados em EE e OO, como em perdoo e enjoo.

A AUTOESCOLA FECHOU SEMANA PASSADA | ANTES ERA AUTO-ESCOLA O hífen deixou de ser utilizado quando o prefixo termina com vogal e o segundo elemento começa com uma vogal diferente. ESTREIA HOJE O DOCUMENTÁRIO SOBRE A UNIÃO EUROPEIA |

ANTES ERA ESTRÉIA E EUROPÉIA Nas palavras paroxítonas, em que a sílaba mais forte é a penúltima, não é mais preciso utilizar o acento agudo nos ditongos abertos OI e EI.

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TURISMO

HISTORIADORES CONTESTAM A EXISTÊNCIA DO ÍNDIO TINDIQUEIRA, CACIQUE DA TRIBO DO ÍNDIOS TINGUIS, QUE HABITAVAM A CAPITAL PARANAENSE ANTES DA COLONIZAÇÃO

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AS MULTIFACES DE CURITIBA MONUMENTOS E LOGRADOUROS DE CURITIBA HOMENAGEIAM IMIGRANTES QUE CONTRIBUÍRAM PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL, ECONÔMICO E CULTURAL DA CIDADE TE XTO : CASS IA FER R EIR A | FOTOS: IVO LIMA

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om 325 anos de história, Curitiba acolhe diversas etnias. Assim como na maior parte do território nacional, a região antes habitada por índios foi ocupada inicialmente por portugueses, espanhóis, mamelucos e negros escravos. A partir do século XIX e, principalmente, devido à emancipação política do Paraná (1853), com incentivo à colonização europeia, milhares de imigrantes rumaram às terras paranaenses e formaram núcleos coloniais nas cidades onde se instalaram. Ainda hoje, alguns bairros carregam marcas dos países de origem dos primeiros imigrantes. As influências culturais se apresentam na arquitetura, na gastronomia, nos sotaques, nos hábitos e costumes, na ocupação do comércio, nas tecnologias da indústria e na miscigenação da vida socioeconômica e cultural da população curitibana. A diversidade de etnias também é representada pela construção de símbolos no complexo urbano. Entre os 1.106 logradouros de lazer da capital (bosques, parques, praças, largos, jardinetes e unidaJAN | FEV 2019

des de conservação), dezenas carregam nomes ou traços étnicos. Há, inclusive, oito Memoriais de Imigração espalhados em parques e praças. De acordo com Carlos Hauer, coordenador de Etnias da Fundação Cultural de Curitiba, os monumentos “são uma forma de honrar a cultura desses povos que vieram de outro local e criaram aqui um novo lar”. O ar cosmopolita da cidade é um prato cheio para turistas e moradores, que podem conhecer e vivenciar diversas culturas estrangeiras e regionais em um único lugar. “Os espaços étnicos somam-se a tantos outros atrativos naturais e culturais que fazem de Curitiba um destino interessante para ver e viver grandes experiências, ampliando o tempo de permanência do turista em nossa cidade”, afirma Rodrigo Rosalem, Diretor de Planejamento e Gestão da Fecomércio PR. Rosalem alerta ainda sobre a importância de preservar a identidade multiétnica. “Várias iniciativas que pretendem preservar essa história trazem benefícios econômicos e sociais para a cidade, que vão desde os empregos e renda ge-

rados direta e indiretamente por um atrativo turístico até a educação de jovens que integram um grupo folclórico”, ressalta. OS NATIVOS E OS COLONOS

Os índios Tinguis, habitantes nativos até os altos do século XVI, apesar de pioneiros na ocupação do espaço territorial, hoje guardam pouco das suas raízes. Divididos em aldeias urbanas na Região Metropolitana, têm sua cultura preservada em casas da memória e museus. Também são lembrados na figura das estátuas do lendário índio Tindiquera que posa na Praça Tiradentes – marco zero da cidade – e no Parque Tingui, construído em 1993 para fins de preservação ambiental e nomeado em homenagem à tribo. Diz a lenda que o índio Tindiquera – cacique da tribo – teria indicado aos colonizadores o local para instalação da Vila Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, nome original de Curitiba. Historiadores contestam a versão legendária pacífica e questionam a existência do personagem. A partir da colonização, o desenvolvimento do espaço urbano foi fruto das relações que se estabeleFECOMÉRCIO PR

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TURISMO

ceram no processo de ocupação da cidade. Os alemães chegaram primeiro (1833), seguidos por poloneses (1871), italianos (1872) e ucranianos (1895). Já os orientais e sírio-libaneses se estabeleceram entre o final do século XIX e o começo do século seguinte. MEMÓRIA E REPRESENTATIVIDADE

e a Casa de Chá. Curitiba possui a segunda maior comunidade japonesa do Brasil, atrás somente de São Paulo. Em 2012, outro monumento ganhou forma com o Parque Centenário na Imigração Japonesa, instalado na divisa de Curitiba com São José dos Pinhais. O BOSQUE EM HOMENAGEM AO PONTÍFICE JOÃO PAULO II É UM DOS LOGRADOUROS MAIS VISITADOS DE CURITIBA

meiro pontífice a visitar o Brasil. Em 1991, foi inaugurado o Portal Polonês na Rua Mateus Leme, um marco dos 120 anos da chegada dos primeiros poloneses ao Paraná. Aliás, a maior colônia polonesa do Brasil está concentrada em Curitiba e Região Metropolitana. AS CORES DA BANDEIRA ESPANHOLA SÃO RESSALTADAS NO FAROL DO SABER, QUE ABRIGA A CASA DA LEITURA MIGUEL DE CERVANTES

Muitos dos monumentos históricos erguidos em homenagem aos imigrantes estão localizados onde antes se instalaram antigos núcleos coloniais.

Na década de 1990, outros povos foram representados. Os prefeitos do início da década, Jaime e Lerner e Rafael Greca, são lembrados pela inauguração de diversos parques com caráter étnico. O ACERVO DO MEMORIAL UCRANIANO É COMPOSTO POR DOAÇÕES DE DEZENAS DE IMIGRANTES E DESCENTES UCRANIANOS

A Praça da Espanha, fundada em 1955, foi uma das primeiras menções aos imigrantes. O local recebe a tradicional feira de antiguidades aos sábados e é palco de diversas atrações culturais da cidade, abrigando um centro cultural onde está o busto do maior dramaturgo espanhol, Miguel de Cervantes, que também dá nome ao local. Já os poloneses foram representados a partir de 1980. Os símbolos do país estão presentes no Bosque do Papa, o Memorial da Imigração Polonesa. Considerado um museu ao ar livre, composto por sete casas típicas, inaugurado após a visita do Papa João Paulo II à capital, o pri70        FECOMÉRCIO PR

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A ESTÁTUA DE BUDA NO CENTRO DE UM DOS LAGOS, TEM COMO SIMBOLOGIA A IRMANDADE ENTRE CURITIBA E HIMEJI, DA PROVÍNCIA DE HYOGO NO JAPÃO

Em 1993, foi inaugurado o Memorial da Imigração Japonesa, na Praça do Japão, instalada em 1962. Trinta cerejeiras foram enviadas do Japão pelo Império Nipônico para ornamentar o ambiente junto aos lagos artificiais, o Portal Japonês, a Casa da Cultura

Em 1994, ano em que se comemorou o centenário da chegada dos imigrantes ucranianos à capital, foi inaugurado o Memorial Ucraniano – estabelecido no Parque Tingui, composto por uma réplica da igreja de São Miguel Arcanjo, uma casa típica, palco ao ar livre e um portal. Mas, antes mesmo da criação do memorial, os ucranianos marcaram presença na Praça da Ucrânia, construída em 1967, acomodando a estátua do poeta ucraniano Tarás Shevchenko. Toda sexta-feira à noite, a praça recebe uma Feira Gastronômica com comidas típicas de várias culturas. JAN | FEV 2019


Já em 1995, os colonizadores pioneiros receberam uma homenagem na forma do Bosque Portugal, comportando também o Memorial da Língua Portuguesa. O logradouro possui 20 totens com azulejos estampados com versos de ilustres poetas da língua portuguesa, além de memorar grandes navegantes lusitanos e suas descobertas. No ano seguinte, em 1996, foi a vez dos alemães, árabes e italianos ganharem novos símbolos na cidade.

COM 38.000 M2, O BOSQUE DO ALEMÃO CONTEMPLA DIVERSAS ATRAÇÕES E AMPLA VISTA DA CIDADE

A antiga chácara da família Schäffer deu origem ao Bosque Alemão. Com grande parte de mata nativa e nascente de água doce, o local é rico em atrações, como o Oratório Bach – uma réplica da igreja presbiteriana com uma sala para concertos musicais em homenagem ao músico alemão Johann Sebastian Bach –; a Torre dos Filósofos, com um mirante; a trilha João e Maria, em referência aos escritores irmãos Grimm; a Casa Encantada, com uma biblioteca infantil, e a Praça da Cultura Germânica. No Centro Cívico, a Praça Gibran Kalil Gibran – filósofo, escritor e poeta libanês – reconhece a cultura dos povos do Oriente Médio com o Memorial Árabe, construído em JAN | FEV 2019

PORTAL DO BAIRRO SANTA FELICIDADE

forma de cubo, com arcos, colunas, vitrais e abóbada sobre um espelho d’água. O local contém uma biblioteca, pinacoteca e café. Das influências que se perpetuam, o Bairro de Santa Felicidade é um exemplo. A antiga Colônia Italiana ainda preserva a tradição gastronômica com dezenas de restaurantes tradicionais, formando o maior polo gastronômico da cidade. O bairro também acolhe o Bosque São Cristóvão com o Memorial Italiano, local onde são realizadas a Festa da Uva e a Festa da Polenta, Frango e Vinho, celebrando as tradições da comunidade uma vez por ano.

CADA UM DOS 54 TOTENS REPRESENTA UM PAÍS DO CONTINENTE AFRICANO

Em 2010, ano da Copa do Mundo na África do Sul, a homenagem aos

afrodescendentes foi esboçada na Praça Zumbi dos Palmares, no Pinheirinho. A praça foi revitalizada e recebeu o Memorial Africano, um portal com 54 totens representando todos os países da África. Diversas outras etnias são lembradas nomeando praças, ruas e jardinetes em Curitiba. Apesar de não conterem memoriais de imigração, os logradouros também são uma forma de preservar e honrar a memória dos povos estrangeiros, dos quais descendem os habitantes da capital. Como a Fonte de Jerusalém no Batel, o Jardinete do Uruguai no Parque Barigui, a Praça da França no Seminário, a Praça da Suíça no Cabral, o Largo da China no Centro Cívico, entre outras. As tradições dos colonos também têm vívida memória no Memorial de Curitiba, no Largo da Ordem. Gerido pela Fundação Cultural, o local abriga o Pavilhão Étnico, “uma central de buscas e pesquisas compartilhadas com os grupos étnicos da cidade”, conforme destaca o coordenador, Carlos Hauer. O espaço reúne objetos históricos, promove festejos e apresentações culturais de grupos que preservam as tradições em forma de dança, culinária e vestimentas.  FECOMÉRCIO PR

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FUTEBOL

O INÉDITO EXEMPLO DOS IRMÃOS FERREIRA NÃO FORAM DOIS NEM TRÊS IRMÃOS A SE DESTACAREM NO FUTEBOL: OS IRMÃOS FERREIRA ERAM QUATRO E JOGARAM NO MESMO CLUBE TEXTO : ERNANI BU CHMA N N | FOTOS: A R QUIVO

O

fato de irmãos escolherem a mesma atividade esportiva é comum. São inúmeros os exemplos que comprovam a tese, entre os quais pode ser citado o curioso caso dos irmãos Boateng, nascidos na Alemanha, mas que optaram por defender países diferentes – o meia-atacante Kevin-Prince, atualmente no Barcelona, preferiu defender a seleção de Gana, país de seu pai. Jérôme Boateng, zagueiro, hoje no Bayern de Munique, atuou na seleção alemã, pela qual foi campeão do mundo em 2014. No Brasil, os irmãos mais famosos são os da família Vieira de Oliveira – Sócrates, já falecido, e Raí jogaram na seleção brasileira. O primeiro, nas Copas de 1982 e 1986, enquanto Raí foi campeão do mundo em 1994. Também há o caso de três irmãos jogarem futebol, como os Bittencourt, do Rio Grande do Sul, conhecidos como Biteco. Mateus jogava na Chapecoense e faleceu no acidente aéreo que vitimou o time

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TRÊS DOS QUATRO IRMÃOS FERREIRA

na Colômbia; Guilherme jogou na Europa e, entre 2017 e 2018, no Paraná Clube. O mais jovem, Gabriel, disputa a categoria Sub 20 pelo Grêmio de Porto Alegre. O que continua sendo inédito, mesmo 70 anos depois, é quatro irmãos jogarem futebol, na mesma época e

no mesmo clube. Entre os anos 30 e 40 do século passado, a partir de Curitiba, os irmãos Ferreira fizeram história no futebol brasileiro. Os mais velhos, Janguinho (João) e José Ferreira dos Santos foram campeões paulistas pelo Santos. Janguinho foi também o terceiro negro a ser contratado pelo Coritiba, seguido JAN | FEV 2019


C.A. FERROVIÁRIO – 1937, EM PÉ: ZECA, BAIANO, BELTRÃO, ALFEU, JANGUINHO E FERREIRA, AGACHADOS: BANANEIRO, ARI CARNEIRO, GABARDO, PIVO E RUBENS

pelo irmão Bananeiro (Haroldo, no registro civil), o mais moço dos Ferreira. Oswaldo, mais estudioso, conhecido no futebol como Baiano (ou Baianinho), formou-se em Medicina pela Faculdade de Medicina do Paraná, hoje parte da UFPR, a mais antiga universidade do Brasil. Os quatro jogaram juntos apenas no Clube Atlético Ferroviário, bicampeão paranaense de 1937/38 – que tinha também entre seus titulares os irmãos Kupzik, Waldomiro e Pivo. Ferreira atuou também no Palestra Itália (atual Palmeiras, de São Paulo), Caxias de Joinville, Atlético de Florianópolis, Guarani de Bagé e Internacional de Campo Largo. Depois foi treinador e árbitro de futebol. JAN | FEV 2019

CARTEIRA DE ESTUDANTE DE OSWALDOS SANTOS

Ele e Janguinho foram os mais assíduos no Ferroviário, jogando na Vila Capanema quase toda a década de 1940. A carreira médica do Dr. Oswaldo foi objeto de reportagem na Gazeta do Povo, em janeiro deste ano.

Sob o título “De craque a doutor: a história do jogador que se tornou uma dos primeiros médicos negros do Paraná”, o texto da jornalista Angieli Maros destaca a trajetória do médico pediatra, que rodou o Paraná praticando a profissão e, depois, radicou-se em São Paulo, onde morreu em 1990, aos 73 anos. A matéria pode ser acessada pelo endereço eletrônico do jornal, www.gazetadopovo. com.br. José Ferreira dos Santos era pai do Cônsul Honorário do Senegal para o Paraná e Santa Catarina, Ozeil Moura dos Santos, guardião dos documentos que contam a elogiável história da sua família.  FECOMÉRCIO PR

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MÚSICA

UM REVIVAL EM 33 ROTAÇÕES NA CONTRAMÃO DO STREAMING, O MERCADO DE VINIL É REVISITADO POR APRECIADORES DA BOA MÚSICA T E XTO : ISABE LA M ATTIO LLI | FOTOS: IVO LIMA E B R UN O TA DASHI

O VINIL, ASSIM COMO OUTRAS MÍDIAS ANALÓGICAS, VOLTOU COMO UM MERCADO DE NICHO CAINDO CADA VEZ MAIS DO GOSTO DAS PESSOAS QUE BUSCAM UMA QUALIDADE SONORA E O RITUAL DE OUVIR AS OBRAS EM SUA TOTALIDADE E SEM PRESSA

A

o pisar na loja localizada no número 336 da Rua Saldanha Marinho, no Centro de Curitiba, o convite é logo feito: entre, escute, relaxe. A trilha sonora agrada de imediato e facilita esse processo: Neil Young – Goin´Back (1978) tocada em alto e bom som em uma vitrola de décadas passadas. Logo aparece Virgílio Savarin para a entrevista no dia do seu aniversário de 60 anos – 47 deles dedicados 74        FECOMÉRCIO PR

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ao mercado do vinil. “Estamos aqui, resistindo”, anuncia. A Savarin Music é a paixão da família e a mais antiga loja especializada em vinil da cidade. “Comecei em 1973, aos 13 anos, passei pela Wings e pela Brunetti Discos antes de abrir a minha própria loja, dez anos depois. Quando eu comecei no mercado, não tinha outra mídia à venda. Aí veio o boom do CD e nós fomos acompanhando esse

movimento. Tivemos uma loja bem maior, com 400 m² e quase 30 funcionários. O pessoal trazia maços e maços de vinil para trocar por CD. Com a ascensão da internet e a extensão das músicas em outros formatos, os CDs rapidamente saíram de cena. De repente, a procura pelo vinil começou a crescer novamente e, hoje, no mundo inteiro, se consome mais discos do que o CD”, compara.

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Questionado sobre o álbum que ainda falta em sua coleção, Marcelo Bittencourt, é categórico: You Are What You Is (1981), do Frank Zappa. Está faltando, mas já está encomendado”, aguarda. FEIRA DE VINIL

O advogado e economista Marcelo Bittencourt tem 54 anos – 40 deles dedicados ao consumo do vinil. Ele foi o primeiro cliente da Savarin Music, quando a loja abriu suas portas na Rua Ébano Pereira. “Naquele dia eu comprei um disco do The Rolling Stones”, recorda.

Há três anos, o aniversário de Londrina e do Sesc Cadeião Cultural, celebrados em 10 de dezembro, são comemorados com vasta programação cultural. Uma das ações é a feira de vinil realizada em parceria com o coletivo Vinil Clube de Londrina, que reúne quatro expositores da cidade especializados na mídia analógica. “O público é variado, mas notamos um interesse de pessoas de 30 a 60 anos, amantes do rock, principalmente o alternativo, que possuem um repertório similar ao que o Sesc busca trazer na programação”, observa o técnico de atividades do Sesc Londrina Cadeião, Rodrigo Rafaeli Figueiredo.

Hoje sua coleção passa dos mil títulos – boa parte deles da época de ouro do rock. O acervo é mantido em um dos cômodos do apartamento que divide com a família. “O vinil me proporcionou muitas amizades. Na loja do Savarin, costumávamos nos reunir como uma espécie de confraria para discutir, conversar sobre música. Agora, em casa, continuamos isso aos sábados à tarde. Sempre estamos descobrindo alguma coisa nova, o aprofundamento é cada vez maior”, diz.

Um dos idealizadores do Vinil Clube de Londrina, Lucas Ricardo Silva conta que o coletivo existe desde 2016 e a feira auxilia na divulgação. “O Sesc é um espaço democrático, com uma programação atrativa. Na feira aparecem os pais que querem mostrar os discos, e os filhos, que nunca viram esse tipo de mídia. Os colecionadores, que buscam títulos icônicos, ou aqueles que gostam dos lançamentos, de pegar o vinil, tirar o lacre, ouvir pela primeira vez”, pondera.

DA ESQ. P/ A DIR.: VIRGÍLIO E OS FILHOS DIOGO, ADRIANO E THIAGO, COM DISCOS CLÁSSICOS DISPONÍVEIS PARA VENDA NA SAVARIN MUSIC

A Savarin Discos conta com 10 mil títulos à venda, com obras de R$5 a R$1.600 – todos eles em bom estado, segundo o proprietário. “Os valores variam conforme o disco, a procura e a originalidade. A primeira edição é um preço, se teve reedição é outro”, diferencia. Virgílio e os filhos Adriano, Thiago e Diogo também comercializam pela internet, além de prestarem assessoria na compra de equipamentos e manutenção de vitrolas, amplificadores, caixas de som, etc.. “Na verdade o vinil traz a música para a pessoa ouvir com mais sofisticação e qualidade. A magia talvez esteja até no próprio ritual. Enquanto ele está ouvindo o disco, está limpando os outros, olhando a capa, o encarte. A pessoa não vai ficar mudando faixa, a obra é ouvida na sua totalidade”, comenta.

A FEIRA DE VINIL DO SESC CADEIÃO CULTURAL É UMA DAS ATRAÇÕES DA PROGRAMAÇÃO COMEMORATIVA DO ANIVERSÁRIO DE LONDRINA E DA UNIDADE DO SESC

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MÚSICA

VENDA ITINERANTE

Em 2012 a antiga Kombi dos Correios foi repaginada pelos amigos Hamilton Cesar de Almeida e Jahir Eleutério que a transformaram no sebo móvel On the road, rodando pelo Paraná e por estados vizinhos le- HAMILTON CESAR DE ALMEIDA E JAHIR ELEUTÉRIO vando livros, CDs, DVDs e vinis. “Fizemos o caminho inverso de acervo pessoal e um enorme e fomos até os clientes”, dispara conhecimento sobre música. Em Almeida. 2015 juntamos nossos discos para começarmos a participar das feiEle afirma que o veículo foi compraras de vinil em Maringá, dando o do com o intuito de buscar o manome de Jazz & Companhia Disterial vendido, mas que a ideia de cos, já que grande parte do acervo não ter uma loja física foi ganhane do nosso interesse musical era o do corpo e o sebo móvel nasceu jazz. A partir daí, amizade e parconquistando não apenas compraceria se fortaleceram, e continuadores, mas curiosos por onde pasmos até hoje”, conta. sava. “Naquela época não tinham DISCOS DEVIDAMENTE EMBALADOS tantos estabelecimentos em kom- PELA JAZZ & COMPANHIA DISCOS. Segundo ele, a venda de mídias bis como se tem hoje. As pessoas DE MARINGÁ PARA O MUNDO analógicas – em especial o vinil vinham, queria tirar foto, postavam –, precisa de um grande cuidado na internet. Isso viralizou e fomos O ANALÓGICO NA INTERNET tanto na descrição, já que são proselecionados até para participar do dutos usados e geralmente com vídeo de despedida da Kombi, em A primeira lembrança do marin- décadas de existência, quanto 2014”, relembra Jahir. gaense Renan Sanches relaciona- no transporte, pois é um objeto da ao vinil vem da infância, dos frágil e que às vezes acaba sendo O sebo móvel está presente em discos de piada que ouvia na casa transportado para longas distândiversos eventos realizados no Pa- da avó, mas foi comprando um cias. Para auxiliar nesta aproximaraná, entre eles o Antonina Blues lote de álbuns usados de um vizi- ção, o Jazz & Companhia Discos Festival e o Nhundiaquara Jazz nho que começaram suas primei- envia quinzenalmente uma lista Festival, em Morretes. “Fazíamos ras vendas pela internet. “Como atualizada com os títulos dispomuitos bazares no começo e a de- veio muitas coisas que eu não níveis, por e-mail e também pelo manda para disco sempre foi bem gostava preferi começar a trocar WhatsApp. maior do que para livros. Por isso nos sebos por outros discos, mas começamos a participar de feiras como pagavam muito pouco, re- “O público masculino representa de vinil e a eventos de música em solvi vendê-los nos grupos locais 78,6% e o feminino 21,4%, sendo Curitiba, Região Metropolitana, do Facebook, o que deu certo”, que 60% dos usuários têm entre nas cidades históricas, no litoral lembra. 25 e 44 anos. O perfil do parae no interior do estado”, fala Hanaense acompanha o tamanho milton Almeida. De acordo com O e-commerce veio logo depois das cidades. Em primeiro lugar os sócios do negócio, o mercado quando começou a amizade com vem Curitiba, depois Londrina do vinil em Curitiba é bem servi- Paulo Petrini, que à época era di- e também atendemos bastante do, mas as outras regiões acabam retor da rádio da Universidade o público local, em Maringá”, carecendo desse tipo de material, Estadual de Maringá e tinha um compartilha Sanches com resultasanado justamente por esses even- programa chamado Jazz & Compa- dos obtidos por meio do Google tos e pelas vendas pela internet. nhia. “O Paulo já possuía um gran- Analytics. 76        FECOMÉRCIO PR

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MERCADO DE NICHO

Marcos Ramos Duarte, da Joaquim Livros e Discos, aprendeu rápido como funciona o mercado do vinil. A loja de Curitiba existe há 11 anos. Acostumado com a venda de livros, o empresário viu o consumo dos LPs e compactos crescendo a passos largos. “O nosso acervo de discos hoje conta com quatro mil títulos. Basicamente o faturamento da loja é metade disco, metade livros. Como quase todas as lojas da capital, temos um acervo legal de rock, porém MARCOS RAMOS DUARTE, DA JOAQUIM LIVROS E DISCOS, APRENDEU RÁPIDO SOcada vez mais tenho buscado BRE O UNIVERSO DO VINIL, O QUAL CONSIDERA SER UM MERCADO DE NICHO trabalhar com discos de música brasileira, pois muitos turistas Prova disso é a volta da Polysom de outros países quando vêm para ao mercado nacional, a criação da cá, querem comprar”, revela. Vinil Brasil em São Paulo, a partir de maquinários de prensar vinil Segundo ele, a graça do vinil é o provenientes de antigas fábricas ritual proposto ao ouvinte. “Hoje do ramo, a reedição de álbuns a maioria das pessoas vai direto clássicos e o lançamento de álno MP3, que é um som comprimi- buns também neste formato. “Os do e de má qualidade. Treinando últimos dois discos da Elza Soares, muito o ouvido, consegue-se en- lançados recentemente, têm aquetender as variações, o tipo de pro- la concepção antiga de álbum, COMPACTO LANÇADO PELO SELO fundidade, o que é estéreo o que é com coerência, uma temática co- INDEPENDENTE ZOOM DISCOS mono, coisas que a tecnologia foi mum e construída. Mesmo sendo suprimindo muito. Por uma ne- um mercado de nicho”, compara. álbuns são feitas em serigrafia, e cessidade ou por uma forma difeas cópias são numeradas. Só a parrente de interagir com a música”, SELO INDEPENDENTE te da prensa que é feita ou com reflete. a Polysom ou com a Vinil Brasil”, A Zoom Discos começou suas elenca. Duarte refuta a ideia de a tecno- operações em 2014 de forma inlogia digital acabar com o ana- dependente, com o intuito de Para Cavalli existe um gargalo no lógico. “No livro A vingança dos lançar o disco da banda de seus mercado: o alto custo da produanalógicos: por que objetos de verdade idealizadores. De acordo com um ção e o número de pessoas que ainda são importantes, o jornalista deles, Leonardo Lima Cavalli, de possuem aparelhos para ouvi-lo. canadense David Sax faz uma ana- lá para cá, oito compactos de sete “Nós observamos que o disquilogia bastante interessante sobre polegadas em vinil foram lança- nho não é a única forma que a a volta do vinil, das câmaras Po- dos – sendo sete de bandas curi- pessoa vai escutar a música, por laroids, de máquinas de escrever, tibanas. “Fazemos parte da cena isso também disponibilizamos toetc., pois eles remetem as pessoas underground de Curitiba e somos das elas via streaming. O compaca um mundo que já foi legal, mais adeptos da ideologia do ´faça você to é bacana para quem quer ter a palpável, menos acelerado”, apre- mesmo´, então os discos são gra- mídia física, colecionar, ouvir com senta. vados em home studio, as capas dos calma”, considera.  JAN | FEV 2019

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SINDICATOS EMPRESARIAIS FILIADOS Atualizado em junho/2018 APUCARANA

SIVANA APUCARANA – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE APUCARANA.

CAMPO LARGO

SINDIVAREJISTA DE CAMPO LARGO E BALSA NOVA – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE CAMPO LARGO E BALSA NOVA.

CAMPO MOURÃO

SINDICAM CAMPO MOURÃO E REGIÃO – SINDICATO EMPRESARIAL DO COMÉRCIO DE CAMPO MOURÃO E REGIÃO.

CASCAVEL

SINCOPEÇAS CASCAVEL – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE VEÍCULOS, PEÇAS E ACESSÓRIOS PARA VEÍCULOS DE CASCAVEL. SINDILOJAS CASCAVEL E REGIÃO – SINDICATO DOS LOJISTAS E DO COMÉRCIO VAREJISTA DE CASCAVEL E REGIÃO. SINFARMA OESTE DO PARANÁ – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS DO OESTE DO PARANÁ.

SINCOPEÇAS PARANÁ – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE VEÍCULOS, PEÇAS E ACESSÓRIOS PARA VEÍCULOS NO ESTADO DO PARANÁ.

SINDIPLAN CURITIBA E REGIÃO METROPOLITANA – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE FLORES E PLANTAS DE CURITIBA E REGIÃO METROPOLITANA.

SINDACA PR – SINDICATO DOS AVIÁRIOS E DAS CASAS AGROPECUÁRIAS.

SINDITIBA CURITIBA – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE MAQUINISMOS, FERRAGENS, TINTAS E DE MATERIAL ELÉTRICO DE CURITIBA.

SINDARUC PARANÁ – SINDICATO DOS PERMISSIONÁRIOS EM CENTRAIS DE ABASTECIMENTO DE ALIMENTOS DO ESTADO DO PARANÁ. SINDCCAL CURITIBA E REGIÃO METROPOLITANA – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE CALÇADOS DE CURITIBA E REGIÃO METROPOLITANA. SINDELB PARANÁ – SINDICATO DAS EMPRESAS LOCADORAS DE BILHAR NO ESTADO DO PARANÁ. SINDEPAR – SINDICATO DOS DESPACHANTES DO ESTADO DO PARANÁ.

CASTRO

SINDEPARK PARANÁ – SINDICATO DAS EMPRESAS DE GARAGENS, ESTACIONAMENTOS E DE LIMPEZA E CONSERVAÇÃO DE VEÍCULOS DO ESTADO DO PARANÁ.

CORNÉLIO PROCÓPIO

SINDETUR PARANÁ – SINDICATO DAS EMPRESAS DE TURISMO NO ESTADO DO PARANÁ.

CURITIBA

SINDIARMAZÉNS PARANÁ – SINDICATO DOS ARMAZÉNS GERAIS NO ESTADO DO PARANÁ.

SINDICASTRO CASTRO – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE CASTRO. SICOV – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE CORNÉLIO PROCÓPIO. SECOVI PARANÁ – SINDICATO DAS EMPRESAS DE COMPRA, VENDA, LOCAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO, INCORPORAÇÃO E LOTEAMENTOS DE IMÓVEIS E DOS EDIFÍCIOS EM CONDOMÍNIOS RESIDENCIAIS E COMERCIAIS DO PARANÁ. SEPROPAR PARANÁ – SINDICATO DAS EMPRESAS DE PROCESSAMENTO DE DADOS E SERVIÇOS TÉCNICOS EM INFORMÁTICA DO ESTADO DO PARANÁ.

SINDICFC PR – SINDICATO DOS PROPRIETÁRIOS DE CENTROS DE FORMAÇÃO DE CONDUTORES DO ESTADO DO PARANÁ. SINDICEREAL PR – SINDICATO DAS EMPRESAS CEREALISTAS DO ESTADO DO PARANÁ. SINDIFARMA PARANÁ – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS DO ESTADO DO PARANÁ.

SINDJOR CURITIBA E REGIÃO METROPOLITANA – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE ADORNOS E ACESSÓRIOS, DE OBJETOS DE ARTE, DE LOUÇAS FINAS E DE MATERIAL ÓTICO, FOTOGRÁFICO E CINEMATOGRÁFICO DE CURITIBA E REGIÃO METROPOLITANA. SIRECOM PARANÁ – SINDICATO DOS REPRESENTANTES COMERCIAIS AUTÔNOMOS E EMPRESAS DE REPRESENTAÇÃO COMERCIAL DO ESTADO DO PARANÁ.

FOZ DO IGUAÇU

SINDILOJAS FOZ DO IGUAÇU E REGIÃO – SINDICATO PATRONAL DO COMÉRCIO VAREJISTA DE FOZ DO IGUAÇU E REGIÃO.

FRANCISCO BELTRÃO

SINDICOM FRANCISCO BELTRÃO – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE FRANCISCO BELTRÃO.

GUARAPUAVA

SICOMÉRCIO GUARAPUAVA – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE GUARAPUAVA.

IRATI

SINDIRATI IRATI – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE IRATI.

IVAIPORÃ

SINCOMÉRCIO IVAIPORÃ – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE IVAIPORÃ.

JACAREZINHO

MARINGÁ

SIMATEC – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE FERRAGENS, TINTAS, MADEIRAS, MATERIAIS ELÉTRICOS, HIDRÁULICOS E MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO DE MARINGÁ E REGIÃO. SINCOFARMA – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS DE MARINGÁ. SIVAMAR – SINDICATO DOS LOJISTAS DO COMÉRCIO E DO COMÉRCIO VAREJISTA DE MARINGÁ E REGIÃO.

MEDIANEIRA

SINCOMED – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE MEDIANEIRA E REGIÃO.

PARANAGUÁ

SINDILOJAS PARANAGUÁ – SINDICATO DOS LOJISTAS DO COMÉRCIO E DO COMÉRCIO VAREJISTA DE GÊNEROS ALIMENTÍCIOS DE PARANAGUÁ.

PARANAVAÍ

SIVAPAR – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE PARANAVAÍ.

PATO BRANCO

SINDICOMÉRCIO PATO BRANCO – SINDICATO PATRONAL DO COMÉRCIO VAREJISTA DE PATO BRANCO.

PONTA GROSSA

SINDILOJAS PONTA GROSSA – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE PONTA GROSSA. SINDIMERCADOS PONTA GROSSA – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE GÊNEROS ALIMENTÍCIOS EM MERCADOS, MINIMERCADOS, SUPERMERCADOS E HIPERMERCADOS DE PONTA GROSSA E DA REGIÃO DOS CAMPOS GERAIS DO PARANÁ.

SINDILOJAS JACAREZINHO – SINDICATO DOS LOJISTAS DO COMÉRCIO E DO COMÉRCIO VAREJISTA DE GÊNEROS ALIMENTÍCIOS, MAQUINISMOS, FERRAGENS, TINTAS E DE MATERIAL ELÉTRICO E APARELHOS ELETRODOMÉSTICOS DE JACAREZINHO.

PRUDENTÓPOLIS

SINDILOJAS SANTO ANTÔNIO DA PLATINA – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE SANTO ANTÔNIO DA PLATINA.

SINDICOMÉRCIO PRUDENTÓPOLIS – SINDICATO DOS LOJISTAS DO COMÉRCIO E DO COMÉRCIO VAREJISTA DE GÊNEROS ALIMENTÍCIOS DE PRUDENTÓPOLIS.

SESFEPAR PARANÁ – SINDICATO DOS ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS FUNERÁRIOS DO ESTADO DO PARANÁ.

SINDILEILÕES – SINDICATO DOS LEILOEIROS PÚBLICOS E OFICIAIS DOS ESTADOS DO PARANÁ E SANTA CATARINA.

SIMACO PARANÁ – SINDICATO INTERMUNICIPAL DO COMÉRCIO VAREJISTA DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO NO ESTADO DO PARANÁ.

SINDILOJAS CURITIBA E REGIÃO METROPOLITANA – SINDICATO DOS LOJISTAS DO COMÉRCIO E DO COMÉRCIO VAREJISTA DE MAQUINISMOS, FERRAGENS, TINTAS, MATERIAL ELÉTRICO E APARELHOS ELETRODOMÉSTICOS DE CURITIBA E REGIÃO METROPOLITANA.

LONDRINA

SINCAP – SINDICATO DOS SALÕES DE CABELEIREIROS, INSTITUTOS DE BELEZA E SIMILARES DO ESTADO DO PARANÁ.

TOLEDO

SINDIMERCADOS CURITIBA, REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA E LITORAL DO PARANÁ – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE GÊNEROS ALIMENTÍCIOS, MERCADOS, MINIMERCADOS, SUPERMERCADOS E HIPERMERCADOS DE CURITIBA, REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA E LITORAL DO PARANÁ.

SINCOVAL LONDRINA E REGIÃO – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE LONDRINA.

UMUARAMA

SINCA PARANÁ – SINDICATO DO COMÉRCIO ATACADISTA E DISTRIBUIDORES DO ESTADO DO PARANÁ. SINCACES – SINDICATO DOS INSTITUTOS DE BELEZA E SALÕES DE CABELEIREIROS, CENTROS DE ESTÉTICA E SIMILARES DE CURITIBA E REGIÃO. SINCAM PARANÁ – SINDICATO DO COMÉRCIO ATACADISTA DE MADEIRAS DO PARANÁ. SINCAMED PARANÁ – SINDICATO DO COMÉRCIO ATACADISTA DE DROGAS E MEDICAMENTOS NO ESTADO DO PARANÁ. SINCARNES – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE CARNES FRESCAS NO ESTADO DO PARANÁ.

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SINDIMERCADOS PARANÁ – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE GÊNEROS ALIMENTÍCIOS, MERCADOS, MINIMERCADOS, SUPERMERCADOS E HIPERMERCADOS DO ESTADO DO PARANÁ.

SINCAFÉ – SINDICATO DOS CORRETORES DE CAFÉ NO ESTADO DO PARANÁ.

SINDIÓPTICA PARANÁ – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE MATERIAL ÓPTICO, FOTOGRÁFICO E CINEMATOGRÁFICO NO ESTADO DO PARANÁ. SINFARLON – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS DE LONDRINA.

MARECHAL CÂNDIDO RONDON

SINDICOMAR MARECHAL CÂNDIDO RONDON E MICRO REGIÃO – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON E MICRO REGIÃO.

SANTO ANTÔNIO DA PLATINA

SINVAR TOLEDO – SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE TOLEDO. SINDLOJISTAS UMUARAMA – SINDICATO DOS LOJISTAS DO COMÉRCIO VAREJISTA DE GÊNEROS ALIMENTÍCIOS, DE MAQUINISMO, FERRAGENS E TINTAS E DE MATERIAL ELÉTRICO E APARELHOS ELETRODOMÉSTICOS DE UMUARAMA.

UNIÃO DA VITÓRIA

SINDILOJAS UNIÃO DA VITÓRIA – SINDICATO DOS LOJISTAS DO COMÉRCIO E DO COMÉRCIO VAREJISTA DE GÊNEROS ALIMENTÍCIOS DE UNIÃO DA VITÓRIA.

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SETEMBRO 2019

4 mil atletas em uma das 7 maravilhas da natureza. • Maratona individual (42 km) • Maratona de revezamento (em duplas) • Corrida dos 11,5 km

Inscrições a partir de 17 de março www.sescpr.com.br/maratona Realização

80        FECOMÉRCIO PR

Nº 128

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JAN | FEV 2019


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