Jornal Espírita ÓRGÃO DA FEDERAÇÃO ESPÍRITA DO ESTADO DE SÃO PAULO
FUNDADA EM 12 DE JULHO DE 1936
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Junho de 2015 - Nº 448 - Ano XL - DISTRIBUIÇÃO NACIONAL
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Antônio de Pádua
O grande orador que falava ao Espírito Antônio de Pádua Pág. 2
Previsões de Chico Xavier Pág. 10
Homenagem à Edgard Armond Pág. 22
79 anos da FEESP com José Carlos De Lucca - 11/07/2015 Pág. 30
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Editorial
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Antônio de Pádua O grande orador que falava ao Espírito
Visió de San Antonio de Padua - Fadion
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s Edições FEESP homenageiam este mês o extraordinário médium que produzia fenômenos inexplicáveis à sua época, que veio como missionário, secundando os prodigiosos efeitos físicos de Jesus. Muitas festas são realizadas no dia 13 de Junho, data em que desencarnou. No Brasil é comemorado como Festa Junina, onde a cultura do interior dos estados deixaram gravadas tradições como: paus de sebo, fogos de artifícios, jogos, brincadeiras, uma dança típica, como a quadrilha onde todos podem participar, comidas típicas e simples, mas feitas com esmero. Venerado pela Igreja Católica, é o santo mais eclético no sentido dos “milagres” realizados. Para os espíritas, um grande missionário, exemplo de vida e foco de muitos estudos sobre mediunidade e evolução do espírito nas reencarnações. Seu nome era Fernando de Bulhões,
nascido em Lisboa. Em Portugal cresceu, estudou e depois transferiu-se para o retiro de Coimbra em 1212 onde estudou filosofia e teologia no Mosteiro de Santa Cruz, quando a única religião dominante era católica romana. Fernando tornou-se Franciscano pelo fato de não concordar com as práticas Silvia Cristina Puglia distanciadas dos ensinos de Diretora da Área de Divulgação Jesus que à época causavam muitos transtornos e escândalos. As cruzadas levaram consi- estes tratados no Espiritismo como go rastros de sangue em nome da naturais para o Espírito evoluído como o de Antônio de Pádua. paz e do Cristo. Foi médium vidente, de materiaNinguém protestava, pois o medo dominava. Ficavam como lização, desdobramentos, efeitos que amordaçados pelo terror das físicos, curador e inspiração em suas oratórias. fogueiras e excomunhões. Muitos são os casos de curas Francisco de Assis exercia grande influência na alma das de doentes do corpo e do espírito, pessoas verdadeiramente cristãs mas através dos seus sermões foi e Fernando encheu-se de entu- que sua faculdade mediúnica de siasmo e ordenou-se com o nome inspiração mais surtiu os efeitos necessários à transmissão de seu de Antônio. Foi para a África ávido pelo grandioso conhecimento e amor ao trabalho caridoso e evangelizador próximo. Da mesma forma que com pacom os necessitados, onde adoeceu gravemente precisando voltar. lavras suaves falava de pássaros No seu regresso, a nau desviou-se e flores, proferindo verdades dipara Messina na Itália onde conva- vinas, também era austero com os lesceu e onde sua tarefa o estaria erros; suas palavras calavam fundo aos que o ouviam. esperando. Os templos ficavam pequenos Transformou-se de modesto trabalhador que lavava magnifi- ao grandioso, embora franzino, camente as panelas, à eminente orador. Precisava pregar ao ar livre para pregador que produzia fenômenos mediúnicos incríveis que foram que coubessem todos que procurachamados “milagres”, fenômenos vam pela beleza da retórica ou pela
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ajuda que precisavam. Adquiriu ótima reputação entre o povo e como era politicamente correto, foi ao Papa Gragório IX denunciar em nome de seus pares da França e Itália, os abusos contra o evangelho dentro da Ordem Franciscana, após a morte de Francisco de Assis. Obteve êxito, pois frei Elias responsável pelos desatinos não foi eleito como sucessor. Desdobrava-se em Espírito com facilidade, sempre em nome da fraternidade. Era visto materializa-
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Conselho Editorial Silvia Cristina Stars de Carvalho Puglia Antônio Bartolomeu Cruzera Fátima Luisa Giro Paulo Sergio de Oliveira Editor: Altamirando Dantas de Assis Carneiro (MTb 13.704) e-mail: redacao@feesp.org.br As opiniões manifestadas em artigos assinados, bem como nos livros anunciados são de responsabilidade de seus autores, não refletindo, obrigatoriamente, o pensamento do Jornal Espírita, de seu Conselho Editorial ou da FEESP. Redação O Jornal Espírita é uma publicação bimestral sobre o movimento Espírita. Rua Maria Paula, 140, 3º Andar, Bela Vista, São Paulo – SP, CEP 01319-000 – Tel.: (11) 3115-5544 ramal 224
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do em países diferentes. Tornou-se famoso pelo fato de desligar-se do corpo em Pádua quando pregava e aparecer em Lisboa defendendo seu pai de um assassinato através das palavras do próprio morto materializado, que narrou a verdade sobre o crime. Muita ajuda era atribuída à sua bondade: problemas familiares, de viciações, obsessões, intrigas e tantos outros que são alvo de pesquisas por parte de estudiosos do Espiritismo.
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Desencarnou aos 36 anos de idade, aparecendo imediatamente à um amigo abade, o qual achou que Antônio viera despedir-se para retornar ao país de origem, pois materializado dissera: - “Senhor Abade, acabo de deixar meu corpo em Pádua e retorno para a Pátria.”. Incontáveis curas se operaram após seu desencarne. Antônio de Pádua é citado por Kardec na Codificação e também na psicografia de Chico Xavier, no livro “Voltei”, onde Irmão Ja-
Jornal Espírita Diretor Geral de redação: Antônio Bartolomeu Cruzera Fundado em 1º de Julho de 1975 pelo Núcleo Espírita Caminheiro do Bem, registro nº 2.413, livro 33 de Matrículas de Oficinas Impressoras, Jornais, Revistas e outros periódicos, do 1º Cartório de Títulos e Documentos de São Paulo, conforme despacho do Juiz de Direito da 2ª Vara de Registro. Transferido para a Federação Espírita do Estado de São Paulo em 16 de maio de 1990. Certificado de Registro na marca na classe 11.10 processo nº 815.511.973 publicada na “Revista da Propriedade Industrial” nº 1103, de 21/1/92, página 16. Distribuição para assinantes e Centros Espíritas: Livrarias e Editora Espírita Humberto de Campos da FEESP. Diagramação: TUTTO Impressão: TAIGA - 2468-3384
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cob relata que foi ajudado após o desencarne, por Dr. Bezerra de Menezes e Antônio de Pádua. É um Espírito muito querido pelos brasileiros, que à ele recorrem para efetiva ajuda em suas mazelas físicas e espirituais. Que seu grande exemplo de vida possa nos ajudar no trabalho fraternal com a disposição das pessoas destemidas, porque dotadas de muita fé. Silvia Cristina Puglia Diretora da Área de Divulgação
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FEDERAÇÃO ESPÍRITA DO ESTADO DE SÃO PAULO CNPJ 61.669.966/0014-25 Rua Maria Paula, 140, Bela Vista, CEP 01319-000, São Paulo - SP Tel.: (11) 3106-1619, 3106-5964, 3106-1200, 3106-5579, 31075279, 3107-1276, 3105-5879, 3115-5544 – Fax.: (11) 3107-5544 Portal: www.feesp.org.br - Email: feesp@feesp.org.br Diretoria Executiva: Presidente: Julieta Ignez Pacheco de Souza Vice-Presidente: Maria Elizabete Baptista Diretor da Área de Assistência e Serviço Social: Eli de Andrade Diretora da Área de Ensino: Zulmira Hassesian Diretora da Área de Assistência Espiritual: Maria de Cássia Anselmo Diretora da Área de Divulgação: Silvia Cristina Stars de Carvalho Puglia Diretora da Área de Infância, Ju-
ventude e Mocidade: Vera Lúcia Leite Diretora da Área Financeira: Guiomar Cisotto Bonfanti Diretora da Área Federativa: Nancy César Campos Raymundo Presidente do Conselho Deliberativo: Afonso Moreira Junior Assistência Social da FEESP Casa Transitória Fabiano de Cristo CNPJ: 61.669.966/0002-91 Av. Condessa Elizabeth de Robiano, 454, Belenzinho, São Paulo – SP, Tel.: (11) 2697-2520 Sede Santo Amaro: Rua Santo Amaro, 370, Bela Vista, São Paulo – SP, Tel.: (11) 3107-2023 Casa do Caminho, Av. Moisés Maimonides, 40, Vila Progresso, Itaquera, São Paulo – SP, Tel.: (11) 2052-5711 Centro de Convívio Infanto-Juvenil D. Maria Francisca Marcondes Guimarães – Rua Franca, 145, B. Bosque dos Eucaliptos, São José dos Campos – SP
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Palestras
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Palestras Públicas na FEESP
Diariamente, a Federação Espírita do Estado de São Paulo abre suas portas a toda população de São Paulo, acolhendo aqueles que precisam de sentido ou consolo para suas vidas, bem como os que buscam conhecer o Espiritismo, através dos seus diversos cursos. Aos domingos, sempre às 10:00, é aberto um espaço especialmente destinado à realização de palestras sobre temas atuais, à luz do Espiritismo, que são muito esclarecedoras no sentido de entendermos melhor a problemática social em que vivemos. São abordados temas atuais, de forma a fornecer ferramentas de amor e fé, para enfrentar os desafios cotidianos. Para ajudar-nos
a refletir sobre esses diversos temas, contamos com oradores e palestrantes de alto gabarito, e conhecedores da doutrina espírita, que compartilham sua visão e experiência com o público presente. Nesses encontros alegres, contamos também com musicistas que se revezam, a cada semana, no palco do auditório Bezerra de Menezes, em apresentações que elevam e harmonizam a todos e o ambiente. Participe e divulgue. É sempre um prazer receber a todos! Confira, a seguir, as sinopses das palestras realizadas aqui na Federação Espírita do Estado de São Paulo.
Tormentos voluntários
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a busca pela felicidade, nos deparamos com tormentos que nós mesmos ocasionamos, realidade esta, muitas vezes não aceita por nós, afinal, a nossa visão estreita da realidade nos leva a imputar aos outros as causas pela nossa infelicidade, por aquilo que nos atormenta. Nossas conquistas no campo material, falam alto nas nossas mentes e nos conduz às conquistas que, acreditamos serem os recursos que nos trarão a felicidade e é igualmente este, o caminho dos nossos tormentos mentais. “Penso, logo existo”, conforme nos deixou escrito o Filósofo francês Renê Descartes. A questão é entendermos, que se pensamos e logo existimos, colocamos para funcionar nossas mentes, nossa inteligência e discernimento, a favor da nossa existência, visto que se trata de um raciocínio lógico. Acreditamos muitas vezes que ao determos determinado objeto do nosso desejo, isso nos preencherá e tudo ficará melhor nas nossas vidas, porque afinal, é aquilo
Miriam Ofir Barbosa que queremos e que envidamos esforços para conseguir, porém, quando alcançamos o nosso “objeto da posse”, parece que novo vazio se faz presente e vamos assim buscar um novo objeto que preencha esse vazio, nova busca, nova conquista e, obtemos o que queremos, e assim seguimos. Até onde vamos com essa vontade, esse desejo de querer mais e mais? Até certo ponto essa é uma reação natural do ser humano. Pedimos a oportunidade de nascer neste planeta Terra, sabendo ser este um planeta em constante evolução como tudo o que existe no universo e, graças à Deus, nos é permitida essa nova experiência, ou, em raras vezes, imposta esta oportunidade. Partamos do princípio, excluindo a exceção, de que todos pedimos e aceitamos a nova proposta
reencarnatória, nosso Espírito, ainda na erraticidade, sabe que a oportunidade que virá lhe valerá para todo e sempre, visto que somos Espíritos imortais e que, precisaremos exercer um esforço constante, elaborando assim, uma nova consciência que nos levará a alcançarmos a meta proposta. Ilógico imaginar, que viríamos para esse verdadeiro “Planeta Escola”, para adquirirmos coisas, valores materiais e que assim a vida se extinguiria e nossos tesouros terrenos estariam garantidos. Des-
de a civilização mais remota, até os tempos atuais, nenhum historiador, nenhum geólogo, nunca, ninguém conseguiu ou disse que, alguém conseguiu levar daqui algo de material. No Egito, vemos ainda, resquícios de uma civilização que enterrava seus mortos, junto com seus pertences materiais e tudo o que lhe seria necessário, acreditando que eles, os mortos, se utilizariam daquele material. Abrimos essas tumbas e lá estão todos aqueles pertences, já bastante deteriorados pelo tempo, demonstrando a sua inutilidade. Ao mesmo tempo que evoluímos em conhecimento, também nos desgastamos, nos atormentamos por essas questões materiais. Vemos que elas, quando mal empregadas, causam o excesso, nos transformam em tiranos; quando as transformamos em símbolo para os nossos desejos, nos conduzem às viciações, porém, vejamos que é natural a busca, o que não é natural é o abuso, o excesso, são essas
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ral é o abuso, o excesso, são essas formas de conquistas e buscas que nos levam a caminhos tortuosos. Avaliando sob essa ótica, percebemos que não são os objetos dos nossos desejos que nos levam a caminhos tortuosos, mas sim nós mesmos, que não aprendemos ainda a controlarmos nossos impulsos e a darmos o devido valor a tudo isso que queremos possuir. É no Evangelho Segundo o Espiritismo, em seu Capítulo V, ítem 23, que vamos nos inspirar, para verificarmos o que os Espíritos nos instruem a respeito do tema apontado, é Fénelon, que em Lyon, no ano de 1860, nos deixou essa mensagem, codificada por Allan Kardec, nesta obra. A felicidade, na Terra, é possível de ser alcançada, porém, ela está para nós, na medida da condição do Planeta que habitamos, ou seja, aqui poderemos alcançar a felicidade relativa. Por que relativa, se queremos mesmo é a felicidade plena? Fica simples agora a compreensão, como podemos nós, querermos a felicidade plena, se acreditamos que ela pode ser encontrada nas coisas materiais. ...“Haverá maiores tormentos para a humanidade, do que os causados pela inveja e pelo ciúme?...” (E.S.E., Cap. V, 23) Podemos olhar uns para os outros e dizer, mas eu não tenho isso, eu não sou invejoso, não tenho ciúmes. Dizer-se não ter, não ser, faz parte da visão que temos de nós mesmos. Perguntemos ao nosso próximo, se vêm em nós algum resquício de inveja ou de ciúmes, a resposta virá: SIM! Todos nós, ainda possuímos ao menos em resquício esse tipo de sentimentos, basta vermos alguns exemplos: Existem pessoas que tem um excesso de preocupação, com a perda
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de pequenos objetos, uma caneta “de estimação”, uma roupa preferida, uma joia, um livro, uma moeda rara; esse mesmo excesso de preocupação com a perda, nos conduz a tê-la na mesma proporção, com grandes objetos; outros carregam esse fardo da preocupação para a possibilidade da perda de um ente querido ou até para o que já se foi, o medo de ficar só; a necessidade de ida ao médico e receber a indicação de uma doença que necessita de medicação ou cirurgia para ser extirpada. Neste caso das doenças, havia um senhor cujo organismo desenvolveu próximo da nuca, uma protuberância, a esposa, sempre muito cuidadosa, pedia a ele que fosse ao médico para ver o que era aquilo. Ele dizia que assim o faria, mas, passou o primeiro ano e nada, passou o segundo ano e nada, ele continuava acenando que iria ao médico, mas não o fazia. Aquela que a princípio era apenas uma pequena protuberância, a cada ano foi crescendo, no início o cabelo encobria, porém, ele foi se avolumando, todos podiam ver aquela região avolumada em sua nuca, perguntavam o que era, porque não procurava o médico e ele dizia, sim dia desses irei ver o que é. Encontrou um dia esse senhor, com um amigo, que há anos não via, na realidade, já há dez anos. Ao vê-lo com aquele enorme caroço que já lhe tomava a nuca, ficou pasmo, - meu amigo, disse ele, você ainda criando esse caroço, ainda não foi verificar o que é ou, já sabe o que é isso? – agora aquilo já tinha a feição de uma “coisa” que ele carregava na nuca, tamanha a dimensão que tomou. Ele finalmente desabafou, sabe, na realidade tenho medo de ir ao médico e ele me dizer que tenho algo de ruim ai. O amigo lhe disse, mas se fosse algo de tão ruim,
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maior deveria ser a sua preocupação em procurar ajuda médica. Indico a você um médico conhecido meu, que trata da minha mãe é excelente cirurgião e clínico geral, sei que conseguirá te aliviar desse problema. O amigo não esperou a resposta desta vez e, antes que ele viesse com a resposta conhecida: sim vou procurar um médico, ele se antecipou e disse, amanhã mesmo marcarei uma consulta para você. Assim o fez, no dia e hora marcados, foi buscar o amigo e o levou ao consultório médico, sabia que se deixasse por conta dele, mais dez anos se passariam. Bem recebido pelo médico, em apenas cinco minutos veio a indicação: este é um cisto cebácio e pode ser retirado com um procedimento aqui mesmo no meu consultório. Até o experiente médico, ficou surpreso pelos anos que esse senhor deixou passar, para buscar a solução. Mais uma hora e tudo estava resolvido. Aquele senhor nos confidenciou, que muitas noites de sono havia perdido, pensando que aquilo que carregava era algo maligno, se manteve com medo, ampliando a condição de propagação daquilo que acreditava ser um grande mal para ele. Podemos imaginar quão atormentada esteve essa mente durante esses dez anos. Assim está para nós a inveja e o ciúme. Não está no campo físico, material, cresce e se desenvolve no nosso campo mental, esse mesmo campo mental que impulsionado por nossos sentimentos geram energias, nesses casos, energias que fazem mal para nós e atingem direta ou indiretamente aqueles que nos cercam e que se preocupam conosco, ampliando o seu raio de ação, atingindo muitas vezes a muitos. O invejoso não consegue ser
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feliz, sua mente atormentada, não alcança paz, o sono que deveria ser revigorante, é interrompido ou desgastante, pois, seu pensamento está ligado ao objeto de sua inveja, seja ele material ou não. O invejoso quer ter para si o que não lhe pertence, ou o que ainda não conseguiu adquirir, olha para o que o vizinho tem e pensa: - Como pode aquele vizinho ter comprado esse carro e eu nem carro tenho; parece que aquele vizinho tem muita sorte, olha só as roupas que ele veste, a esposa então, que linda, ele vive feliz e eu não tenho nada disso; qualquer detalhe para ele, lhe causa inveja. O ciumento, por sua vez, é aquele apegado, igualmente não tem paz, excede nos cuidados com aquilo que acredita ser seu. É o caso da caneta, do livro, mas temos um ainda pior, aquele que “tem ciúmes até da própria sombra”, como dizemos popularmente. Vemos isso, entre casais, entre amigos, entre pais e filhos, entre pessoas para com seus animais de estimação. Quantos tormentos voluntários presentes na vida de nós seres humanos. Chegamos ao cúmulo de, na atual fase de globalização e a facilidade da internet, vermos grandes catástrofes ocorrerem pelo ciúme das imagens que ali circulam. Tempos atrás, a mulher ou o homem, ciumentos, cheiravam as roupas do parceiro ou da parceira, viam a gola da camisa se estava com marca de batom, olhando isso parece até uma coisa doentia. E hoje? Precisamos até de leis que regulamente esse abuso à privacidade, e isso se falando de casais, formadores de uma família, quanto ciúme, quanto tormento voluntário. Tentam muitos, mesmo em razão da profissão que exercem, a todo custo fazer cumprir o seu desejo de dominar, aquilo que acredita ser seu, não
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aceitando jamais um “não”, como resposta, ou seja, o término de um relacionamento. Quantas mentes doentias, perturbadas por sua própria intemperança, falta de confiança e de discernimento, ainda não reconhecendo seus verdadeiros tesouros, que não se encontram nas coisas da Terra, mas sim no céu. O céu que muitas vezes olhamos para cima a fim de encontra-lo e que bastaria apenas olharmos para dentro de nós mesmos para fazer do nosso ser aquele que consegue experimentar a paz que tanto buscamos, a certeza do dever cumprido, dever esse moral. É, em razão dessas imperfeições humanas, que precisam ser extirpadas, através do aprendizado constante e entendimento, que Jesus nos disse que todas as leis que regem o homem na Terra, devem assim imperar, nos indica e exemplifica a maior delas, a Lei de amor: “Amar a Deus sobre todas as coisas, de todo o coração, de todo o entendimento, de toda a sua alma e ao próximo como a si mesmo.” Que amor é esse que pode sublimar o ser à felicidade, mesmo que relativa, vejamos que se trata do amor a si mesmo. É Jesus deixando para nós um roteiro seguro, quando exorta o amor a Deus acima de todas as coisas, pois quem não ama a si mesmo, não pode amar a Deus, muito menos ao próximo. Precisamos aprender a valorizar o que somos e a deixarmos para segundo plano o amor ao que temos, pois o amor verdadeiro não se apega às coisas, mas sim aos sentimentos, afinal, como vimos, nós levaremos daqui aquilo que conseguirmos desenvolver em nós, esperamos que levemos os bons sentimentos e o conhecimento, através da instrução, sendo que esses ninguém nos tira, não se de-
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terioram e tão pouco podem ser de mos. No esforço constante, have- o quanto são importantes para remos que agarrar esse desafio e nós, mostrar, através das nossas nós roubados. Se ainda nos sentimentos ator- ultrapassar esse momento, esse atitudes essa importância, para mentados, vamos repensar em é o caminho para nos desenvol- que não sejam apenas palavras como fazer para nos libertar des- vermos em conhecimento e sen- ditas da boca para fora e sim que conduzam em si o nosso sentises tormentos. Valorizemos a vida, timentos. Esses pensamentos, quando mento, carregado de energias, que vamos despertar para um novo dia compreendendo a oportunida- constantes, nos levam a verdadei- nos aproximam dos nossos semede que Deus nos dá a cada manhã ros tormentos, acabam por desa- lhantes, nos auxiliando a construir de novo aprendizado, não importa guar no corpo físico. Todo mal é o verdadeiro amor, o amor desina constituição física que temos, de ordem espiritual, seu reflexo se teressado, que valoriza e que traz pois, acreditemos, é a ideal para a dará no corpo perispiritual e ma- vida, que vivifica a nossa alma. Jesus conhece cada alma desse nossa proposta evolutiva. A famí- terial, atingindo, a cada mazela, lia que compomos, o local em que um determinado órgão, verdadei- solo terrestre, nos entende e nos vivemos, tudo compõe o universo ro eixo energético, que podem nos deixa um roteiro seguro para seDivino, que está cheio de oportu- propiciar tanto as doenças, quanto guirmos, lições estas contidas no a cura. Evangelho e que foram exemplifinidades para o aprendizado. A insatisfação que temos com cadas por Ele. Cabe a nós, porém, Joanna de Ângelis, nos esclarece a respeito desse tema, no li- relação a nós mesmos e que não acreditarmos e agirmos em prol de vro: Triunfo Pessoal, psicografado conseguimos solucionar, nos con- um amanhã melhor. “O hábito saudável da pelo Médium Divaldo boa leitura, da oração, em Franco: “...Poderoso, convivência e sintonia pelas suas resistências com o Psiquismo Divino, para vencer dificuldados atos de beneficência des e alterar os panoe de amor, do relacioramas por onde tem namento fraternal e da transitado, o ser é, ao conversação edificante mesmo tempo, na sua constitui psicoterapia proconstituição física, filática que deverá fazer frágil, porque pode ter parte da agenda diária de interrompida a existêntodas as pessoas.” (Triuncia orgânica por uma fo Pessoal, Joanna De picada de inseto conÂngelis, Divaldo Franco taminado por vírus de- Ítem 6, Transtornos provastador ou um choque Coral e Orquestra Carlos Gomes da FEESP fundos – Depressão) emocional poderá venLembremos que escê-lo, prostrando-o, em largo estado de paralisia e coma, duz à depressão, mal do nosso sé- tamos adstritos à Leis Naturais e que lhe anula a lucidez e lhe im- culo. O primeiro caminho é este, imutáveis, dentre elas a lei de atrapede prosseguir nos compromissos depois virão as síndromes, dentre ção e a lei de ação e reação. É o que permeia nossas mentes que direque lhe diz respeito atender.” (Ítem elas a do pânico e outras. Quando buscamos desvendar cionará o nosso porvir, uma mente 3, Tormentos Psicologicos – Inseos escaninhos da nossa mente, atormentada, provocará um verdagurança pessoal). Entendemos que, diversos fa- verificamos que necessitamos deiro caos, na existência presente. tores externos, corroboram para desenvolver sentimentos que nos Emmanuel, em obra psicografada com o nosso desequilíbrio inter- levem à proximidade daqueles por Francisco Cândido Xavier no, psíquico, nos conduzindo as- que fazem parte da nossa família, – “Chico Xavier pede licença”, sim à grandes aflições, inseguran- independente de termos ou não no Capítulo das desencarnações ça, ansiedade, medo, o que pode laços consanguíneos, precisamos coletivas, quando perguntado ao nos afastar, mesmo que tempora- nos aproximar das pessoas, ter a benfeitor: Por que Deus permite riamente, do meio em que vive- oportunidade de dizer aos outros a morte aflitiva de tantas pessoas
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enclausuradas e indefesas, como nos casos de incêndios e, pedimos licença para acrescentar, mais recentemente, a queda de um avião? Ele responde: “criamos a culpa e nós mesmos engenhamos os processos destinados a extinguir-lhe as consequências. E a sabedoria Divina se vale dos nossos esforços e tarefas de resgate e reajuste a fim de induzir-nos a estudos e progressos sempre mais amplos no que diga respeito à nossa própria segurança. É por este motivo que, de todas as calamidades terrestres, o homem se retira com mais experiência e mais luz na mente e no coração, para defender-se e valorizar a vida”.
Somos seres espirituais em uma jornada humana, quando bem aproveitamos as experiências presentes, para crescermos espiritualmente, nos tornamos os aflitos e assim Bem-aventurados. Nos preparamos para sentir a felicidade relativa que o nosso Planeta Terra, nos permite sentir. Temos a oportunidade de sentir nossa mente calma, nossos corações em compasso de serenidade, e essa calma já é a expressão da felicidade. Detentores da livre vontade de escolha, precisamos extirpar as culpas, o remorso, pois a resposta será sempre a punição. A escolha pela felicidade é algo que cada um de nós pode fazer, tudo deve ser
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considerado como útil na vida, porém, o passado nos deixa apenas suas lições, não podemos voltar e fazer um novo fim. Vale para nós o presente, o respeito que temos para com o nosso próprio ser, nos libertando das mazelas da mente, buscando ajuda, se necessário, nos conhecendo, nos valorizando, como criaturas de Deus. Devemos procurar a paz íntima, que mora dentro dos nossos corações. Onde o amor impera não haverá sofrimento. Olhemos para a vida futura, tudo o que podemos construir de bom no hoje, para termos um amanhã cada vez melhor. Muita Paz a todos!
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Ao mesmo tempo em que evoluímos em conhecimento, também nos desgastamos, nos atormentamos por essas questões materiais
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Agora, o Jornal Espírita está mais informativo; você saberá tudo sobre as palestras doutrinárias ministradas aos domingos na FEESP. São 8 palestras, com seus resumos, recheadas de comentários. A Revista O Semeador é elaborada com artigos de renomados articulistas espíritas, que muito contribuem para o entendimento da Doutrina Espírita.Seja um assinante! Informações:
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maginemos a seguinte cena: uma pessoa chega perto do nosso ouvido e passa uma mensagem. Nós, que a recebemos, passamos a informação para outra pessoa e esta por sua vez a outra, de maneira que isto se repita com a participação de umas poucas dezenas de pessoas. Está aí configurada a brincadeira do telefone sem fio, que muitos de nós talvez tenhamos experimentado nos tempos de infância ou então em alguma dinâmica de grupo, com a intenção de análise psicológica. O resultado, todos conhecem: a informação passada pela primeira pessoa chega irreconhecível à última. A primeira pessoa contou que: “O cachorro era preto, peludo e, a pedido do pastor, subiu velozmente a encosta da montanha atrás da ovelha desgarrada” e a última pessoa do grupo recebeu a informação de que “uma cabra peluda encostou-se no padre, acertando sua unha encravada”. Esta brincadeira nos impele ao riso, uma vez que a diferença entre as informações é surpreendente, uma desconexão impensada em torno de ideias simples que desarma o nosso cérebro, provocando este humor espontâneo. E ela mostra como nós, seres humanos percebemos o mundo ao nosso redor: somos seletivos em relação ao que ouvimos e falamos. Tudo passa por um “filtro” de emoções e ideias pré-concebidas que alocam as informações de uma maneira toda especial e seletiva. Duas pessoas que ouvem a mesma informação a classificam de maneira distinta e, se instadas a comentar sobre a informação recebida, discorrem de maneira diferente e, claro, talvez cheguem à mesma conclusão, porém seguindo caminhos quase sempre distintos. Com relação ao que enxergamos
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Victor Roberto Reiss do mundo, a coisa é ainda mais complexa. Os ilusionistas somente existem devido à nossa incapacidade de percepção total do que nos cerca. Vários efeitos de ilusão de óptica são conhecidos devido a uma característica muito marcante do nosso sistema óptico: só enxergamos uma parcela diminuta do que está ao nosso redor. O nosso foco de atenção é surpreendentemente pequeno, face à imensidade de informações que nos chegam aos olhos. Façamos um teste para ilustrar este fato: estiquemos o nosso braço e coloquemos o nosso polegar na posição vertical para cima, fazendo o gesto de “aprovação”. Olhemos para a ponta do polegar e percebamos que, tudo ao redor fica fora de foco, passa despercebido. Ora, sabemos que existe um mundo ao nosso redor e já que nós não o vemos, o nosso cérebro passa a inventá-lo! Sim, o nosso cérebro o preenche com ideias, informações, coisas, uma vez que o campo visual não consegue nos suprir delas. E dado que cada um de nós tem dentro de si toda uma sensibilização e um histórico particular, este preenchimento da realidade se dá de uma maneira especial e individualizada. E o que o respeito pela vida tem a ver com tudo isso? Bom, para respeitarmos, é necessário, de certa forma, nos responsabilizarmos. Daí, segundo a Wikipédia, “responsabilidade é o dever de arcar com as consequências do próprio comportamento ou do comportamento de outrem. Não é somente obrigação, mas também a qualidade de responder por seus atos indi-
vidual e socialmente”. Entendendo a responsabilidade pela vida como o dever amplo de arcar com o nosso comportamento tanto em relação à nossa vida material quanto à espiritual, como poderemos fazê-lo, de maneira coerente, se não conseguimos apreender as nossas realidades física e emocional integralmente? De maneira alegórica, poderíamos dizer que, “enquanto olhamos para o nosso dedo, acabamos por machucar nosso braço...”. E isto acontece porque não conseguimos tomar consciência deste braço focando o dedo. Em nossa existência, praticamos e muito esta visão estreita e limitada da vida: quando olhamos para alguém ou mesmo para dentro de nós e percebemos um defeito, partimos logo para a crítica desmedida. Deixamos de ampliar a nossa visão através da compreensão deste fato. Agimos e sentimos tão e somente só a partir de uma pequena informação e em nada contribuímos para tentar simplesmente enxergar
o acontecido de outro ângulo. Ser responsável pela nossa vida mental, pelos nossos sentimentos é incompatível com o desconhecimento deles. Se tivermos uma visão estreita do que somos, pensamos e sentimos, teremos como consequência a responsabilidade e o comando de uma parcela muito pequena de nossas vidas, uma vez que o rumo da nossa existência estará nas mãos da nossa subconsciente impulsividade. Esta, por sua vez, aparentemente apresentada como ato racional. Ter respeito / ser responsável pela vida é apresentar-se diante desta com o firme propósito de compreender a si mesmo e a todos, de esgotar as possibilidades do nosso intelecto na busca da compreensão dos sentimentos e atos humanos. É adotar uma postura de pensar que nos leva a uma visão muito mais ampla. Voltemos a uma imagem: Estamos atravessando a nossa estrada, “rumo a Jericó” e, da mesma forma que nos textos evangélicos, também encontramos “um homem caído no chão”, desfalecido. Podemos imaginar que ele está bêbado ou ainda drogado, que não quis trabalhar e que, portanto, está nas ruas devido à falta de vontade, de preguiça. Geramos muitas desculpas internas para tentar esquecer que há um ser humano à nossa frente, precisando de ajuda e que, se fosse ele para nós um ente querido, o socorreríamos sem cogitar nada. Se ele fez ou não fez algo de errado, isto está dissociado do fato de poder ajudar. A nossa visão estreita dos fatos supõe entender o que levou aquele ser humano àquela condição, culpa-o de antemão e dá a sentença do sofrimento sem direito a recorrências.
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Ora, mas se Deus, na sua infinita Bondade não criou o sofrimento, por que nós seremos então os artífices deste sofrimento aqui na Terra? Jesus veio ao planeta e falou da caridade. Nós, que acreditamos que ele esteja perto de Deus e que é seu intermediário, por que ainda agimos dentro da estreiteza da vingança, gerando sofrimento? Por que não aprender pelo amor? Por que a dor tem que ser nossa mestra e dos que nos circundam? Uma vez que nós somos detentores desta informação, poderemos nos perguntar: Como ser responsável, uma vez que somos detentores de uma parcela tão diminuta de conhecimento sobre o que nos cerca? Será que é possível responsabilizarmo-nos por algo que não conseguimos apreender? Como questionar alguém ou ainda discutir pontos de vista, se os mesmos parecem ser tão individualizados e desta forma, não são perenes ao olhar do outro e ao nosso olhar? Como adquirir então a capacidade de enxergar o outro estando tão distante e cultivar a capacidade de empatia com alguém que nos é externo e por vezes oposto ao oposto do que esperávamos? É preciso que nós nos responsabilizemos pela vida! Só assim conseguiremos respeitá-la. E para tanto, é imperioso que nos proponhamos a alargar a nossa visão. Uma das melhores formas de fazê-la é através das lições de Jesus. Se tivermos o Evangelho dentro de nossos corações, ao observar os acontecimentos ao nosso redor ainda continuaremos a entender uma pequena parte daquilo que nos circunda e estaremos sujeitos a não enxergar a realidade como ela é. Porém, o Evangelho bem trabalhado vai criando dentro de nós uma nova realidade, que não necessita do olhar externo e do nosso sentir para poder agir. A realidade que o Mestre nos coloca é a do viver segundo os ditames da caridade e, isto entronizado, faz com que nós não precisemos
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Arão Diniz, Thiago Sivila, Marco Antonio e Normah observar que informação o mundo nos dá ou que mensagem as pessoas nos enviam, mas simplesmente agir segundo este código de conduta, fazendo dele um princípio norteador. Vamos olhar para “o homem caído na estrada” sem julgar, mas com a enorme vontade de ajudar, e isto nos fará raciocinar em torno do como fazer o melhor para o próximo. Ora, centrar o nosso pensamento em atos construtivos faz com que nós progridamos e, claro, com isso a sociedade também cresce, uma vez que pautamos o nosso aprendizado no exemplo um do outro. Devemos sistematizar a reforma íntima! Não há como querer a responsabilidade pela vida sem que a mudança interior seja praticada e esta, exige a escolha do alvo a ser alcançado, ser tratada como um projeto, inclusive com uma data para alcançá-lo. As últimas pesquisas dentro da psicologia podem nos ajudar muito neste quesito. Voltadas para assuntos bem práticos, como por exemplo a nossa saúde e condição física, apresenta algumas conclusões interessantes e que podem ser extrapolados para o nosso desenvolvimento espiritual. Atentemos para o seguinte exemplo: foram analisadas objetivamente a condição física de indivíduos através da medida da circunferência das suas cinturas comparada à circunferência dos seus quadris.
Uma proporção maior entre cintura e quadril indica estar em pior forma do que uma proporção menor entre cintura e quadril. Feito isso, foi solicitado aos participantes do estudo que percorressem – correndo - certa distância até uma linha de chegada, carregando peso extra. Antes, porém, foi solicitada a estimativa da distância entre a partida e a linha de chegada. O que foi encontrado? Que a proporção entre cintura e quadril modifica as percepções de distância por parte dos indivíduos. Pessoas fora de forma perceberam a distância até a linha de chegada como significativamente maior do que quem estava em melhor forma, ou seja, o estado do corpo de cada pessoa mudou a maneira como ela percebeu o ambiente. E o importante é ter consciência de que a nossa mente também pode fazer isso. De fato, os nossos corpos e mentes trabalham em cooperação para mudar a forma como vemos o mundo ao nosso redor. E a partir deste resultado, é possível cogitar o seguinte: será que pessoas com fortes motivações e fortes objetivos para o exercício poderiam “ver” a linha de chegada mais próxima do que as pessoas com motivações mais fracas? Os experimentos mostraram que sim, pessoas altamente motivadas, mesmo sem estarem em forma, achavam a distância a cumprir mais fácil e mais curta que as demais.
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Bom, dadas estas averiguações, a pergunta passa a ser a seguinte: existe uma maneira de mudar as nossas percepções de distância, e com isso, tornar ou fazer o exercício parecer mais fácil? Sim, a psicóloga social americana Emily Balcetis, após algumas pesquisas a respeito da forma como enxergamos chegou a uma técnica que poderíamos traduzir como “mantenha os olhos no prêmio.” Algumas pessoas foram treinadas com a estratégia de focarem sua atenção na linha de chegada, evitando observar o ambiente à sua volta, imaginando-o, por sua vez, embaçado e difícil de ver. O que o grupo de psicólogos percebeu foi uma mudança de perspectiva em relação à estimativa da distância. As pessoas que “mantiveram os olhos no prêmio” viram a linha de chegada como 30% mais perto do que as pessoas que olharam em volta de maneira natural. O movimento seguinte foi expor os participantes à experiência real de caminhar até o final da trajetória e incluídas aí algumas dificuldades para se locomover, como por exemplo, peso nos calcanhares e levantamento dos joelhos enquanto caminhavam. O resultado foi muito animador: “manter os olhos no prêmio” requereu, em média, 17% menos esforço para exercício e a movimentação destes participantes foi 23% mais rápida se comparado com os que olharam em volta naturalmente. Imagine aumentar a sua capacidade de reforma íntima em 23%. É algo para se pensar… O exercício de reforma íntima que podemos realizar é imaginarmo-nos já na condição de detentores das virtudes por nós perseguidas, visualizarmo-nos atuando com propriedade dentro do perdão, do amor, da caridade. Esta visualização não atuará como elemento mágico de mudança, mas adequará a nossa alma a não visualizar as pedras e os tropeços, mas sim o “alvo” tão comentado por Paulo de Tarso.
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Previsões de Chico Xavier
Ser humano de uma maneira geral sempre se interessou em saber sobre seu passado e seu futuro. Kardec pergunta aos Espíritos, na questão 393 de O Livro dos Espíritos, se é possível conhecermos nosso passado e estes dizem que sim, e que para tanto basta observarmos nossas tendências. A troca de nossa vestimenta carnal não muda nosso caráter. Pouco importa saber se fomos reis, rainhas ou escravos, o mais útil é identificar nossas tendências, hábitos e comportamentos negativos, que precisam ser modificados, tais como o egoísmo, por exemplo, e a partir desta constatação devemos seguir para nossa transformação moral, combatendo em nosso íntimo, sentimentos inferiores que nos infelicitam. Em relação ao futuro, André Luiz, pela psicografia de Waldo Vieira, nos ensina que: “Somos hoje o reflexo de ontem, seremos amanhã o reflexo de hoje”. Isto se aplica há um dia, a uma reencarnação ou muitas delas. Em nossa palestra, apresentamos informações trazidas por Chico Xavier, atreladas às descobertas ou pesquisas científicas ainda em andamento. Não devemos imaginar que ele tenha visto o futuro e feito previsões se utilizando de uma bola de cristal ou algo do gênero, isto não retrata a verdade de seu trabalho, sempre pautado na seriedade e no extremo cuidado em passar informações que viessem nos auxiliar e esclarecer, nunca com o propósito de benefício próprio, como fazem muitas pessoas ainda imaturas espiritualmente. Sabemos que as questões de datas são muito delicadas, pois sempre
Umberto Fabbri causaram certo alvoroço. Em 999 esperava-se que o mundo acabasse no ano 1.000, o que não ocorreu trazendo enorme decepção. No ano 2000 com o “Bug” do milênio, previu-se que muitos desastres ocorreriam, e mais uma vez o tão falado final do mundo, acrescido agora da notícia da passagem de um planeta intitulado como “Chupão” e que arrastaria consigo todas as pessoas que ainda não fossem boas, previsão esta, atribuída a um “livro espírita”, o que não é possível e nem verdadeiro, ainda não aconteceu. Disseram depois que o mundo não havia acabado no ano 2.000, pois havia um erro de quatro anos no calendário gregoriano, o que adiaria o final do mundo para 2004, depois a previsão foi postergada para 2012, o que também não ocorreu. É interessante notar que o imaginário humano, quase sempre anseia descobrir o futuro. Em 1899, algumas pessoas fizeram previsões, retratando com desenhos, o que imaginavam sobre como seria a vida no ano 2.000. Em um destes desenhos encontramos uma moça sendo maquiada por um sistema totalmente robotizado, em outro, que foi acertado, diga-se de passagem, vemos retratada uma videoconferência, apesar de utilizarem os recursos conhecidos na época e não os computadores e celulares que possibilitariam tal atividade 116 anos após sua previsão. Mesmo hoje nos vemos imaginan-
do como seria uma cidade do futuro... Sobre o terceiro milênio, que vai do ano 2.000 ao ano 3.000, Chico sempre foi muito claro e coerente em suas colocações. Em uma conversa de um expositor da FEESP com Chico, quando questionado sobre a violência no mundo, o médium alertou que se o homem quiser - estamos falando sobre o livre arbítrio coletivo - a violência poderia ainda perdurar mais duzentos anos. É evidente que a natureza não dá saltos, mas não devemos esperar até o ano 3.000 para sermos pessoas melhores, aguardando e valorizando mais os avanços tecnológicos do que nosso crescimento íntimo. Sonhamos com um planeta de regeneração, mas devemos lembrar que planeta de regeneração não é ainda mundo superior, e que esta regeneração não será material, mas sim moral. O Livro dos Espíritos nos informa que nos mundos felizes o bem predomina sobre o mal, ou seja, se há predomínio do
bem sobre o mal, significa que o mal, que podemos chamar de ignorância, ainda existe, mesmo que em pequena proporção. É preciso cuidado e estudo para não defendermos ideias inadequadas, equivocadas e novidadeiras. É tempo de despertar e fazer valer as revelações trazidas por vários missionários do bem e do amor. Francisco Candido Xavier, nosso Chico, foi um destes nobres trabalhadores do Cristo, responsável por sedimentar a realidade espiritual, nos mostrando a necessidade do domínio do Espírito sobre a matéria. Quem poderia dizer que uma criança que foi entregue a sua madrinha aos cinco anos de idade, por ocasião da morte de sua mãe, que era espancado regularmente, poderia crescer sem sequelas físicas e emocionais? Isto não ocorreu, pois houve o predomínio do espírito Chico sobre a matéria. Se o Chico não fosse uma criatura extremamente preparada não teria conseguido levar ao término sua missão, que envolvia Emmanuel, André Luiz e tantos outros amigos empenhados em nosso desenvolvimento. Por conta de sua mediunidade quase foi internado por seu pai em um manicômio, e só não o foi por um conselho do padre Scarzelli, seu confessor, pois seria mais uma despesa para a numerosa família de nove filhos. O padre orientou o pai de Chico a arrumar-lhe um emprego. Tempos difíceis amenizados pelo amparo de sua mãe desencarnada, um espírito elevado, que estava sempre ao seu lado dando força e conselhos. Chico que sempre teve poucos
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Chico que sempre teve poucos recursos financeiros ganhou seu primeiro par de sapatos quando completou dezessete anos, mas afortunado em tesouros espirituais, hoje é considerado o maior brasileiro de todos os tempos. Foi perseguido e tido por muitos como embusteiro, aproveitador dos sentimentos alheios, que usava as pessoas como trampolim para a mídia, e que, em certa feita, foi parar na capa da antiga revista O Cruzeiro, vítima da malícia e perversidade humana. Quando se queixou do fato com Emmanuel, seu mentor, este lhe diz: “Você não
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tem do que reclamar, Jesus foi parar na cruz e você só foi parar na capa do Cruzeiro!” Este homem tão agredido acabou se tornando um exemplo, verdadeiro apostolo da caridade, não só para o Brasil, mas para o mundo. Chico possuía, além de várias mediunidades já conhecidas, a da presciência, ou seja, a de adentrar em eventos que nós chamamos de previsões do futuro. Para analisarmos de forma mais clara é preciso nos aprofundar no estudo sistemático da Doutrina, para entendermos este reflexo do hoje no amanhã, utilizando a fé raciocinada ensinada por Kardec. Era também um psicômetra, mediunidade que permite ao médium tocar um objeto e perceber as informações a ele relacionadas, como imagens, vibrações e pessoas. Chico recebia por telepatia e clarividência as informações, algumas encontradas no livro “Cartas de uma Morta”, lançado em 1935. Trazidas por Maria João de Deus, sua mãe desencarnada, apesar de estar, e não ser, uma senhora de poucas letras e lavadeira, foi convidada a visitar um planeta em outra constelação,
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Público presente que orbitava ao redor de três estrelas. Na Folha Espírita Online de 23 de julho de 2005, 70 anos depois, na Constelação Cygnus, 150 anos-luz de distância da Terra, descobriu-se um planeta que orbita ao redor de três estrelas, uma amarela, outra laranja e a terceira vermelha. Poderíamos considerar uma coincidência, embora digam que coincidência é o pseudônimo que Deus utiliza para quando não quer se identificar. Encontraremos outras “coincidências” dentro da Ciência Espírita, trazidas por André Luiz. No Livro “No Mundo Maior”, lançado em 1947. O instrutor Calderaro vai nos falar sobre o cérebro trino, que foi apre-
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sentado anos depois, em 1970, pelo médico e neurocientista americano Dr. Paul MacLean, como cérebros superpostos: o Reptiliano, o Límbico e o Neocórtex. No Livro “Evolução em Dois Mundos”, também de André Luiz, encontramos muitas informações, tais como citações sobre a glândula pineal ou epífise, antecipando descobertas importantes sobre a melatonina, assim como a sua descrição neurobiológica, também informadas nos livros: “Nos Domínios da Mediunidade”, “Mecanismos da Mediunidade” e “Missionários da Luz”, obras estas escritas na década de 1940, do mesmo autor espiritual. Em 1971, pela rede Tupi, no programa Pinga Fogo, Chico Xavier falaria sobre uma série de avanços que ocorreriam. Este programa foi um recorde de audiência, mais de vinte milhões de pessoas acompanharam sua apresentação, programada para uma hora, que acabou se
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estendendo para quase três horas, onde Chico respondia com muito critério as perguntas a ele dirigidas, sempre demonstrando capacidade evolutiva para colocar em ordem as informações recebidas e bom senso para passá-las adiante. Discorreu sobre o útero em laboratório, falou ele sobre como livrar a mulher dos riscos que sabemos ocorrer na gravidez. Amar não está relacionado à apenas gerar corpos, ou consanguinidade, pois sabemos que à medida que evoluímos a noção de família se estende para a sociedade e à Humanidade. Hoje encontramos o Dr. Yoshinori Kuwabara, diretor do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Universidade Juntendo, em Tóquio, realizando experiências onde são geradas, ainda sem sucesso completo, cabras em úteros artificiais. Neste mesmo programa Chico prevê a questão dos órgãos artificiais, hoje já existentes, que promoveriam a possibilidade da continuidade da vida para pessoas com problemas físicos e atendendo
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também a questão da rejeição dos órgãos transplantados. Outra citação diz respeito ao Brasil ser no futuro um celeiro energético para o mundo, o que se confirma quando observamos o pré-sal como promessa de recursos energéticos, e a agricultura brasileira exportada que atende uma grande parcela do mundo, ou ainda, segundo informações governamentais, o Brasil possui na Amazônia, lençóis freáticos com água doce que deverá ser uma grande necessidade futura, e que poderá atender a população mundial atual, de sete bilhões de habitantes, por longo tempo. Em 1971, no mesmo programa Pinga Fogo, vemos um homem, considerado por muitos um matuto, revelar fatos ainda ignorados e que só seriam descobertos muitos anos depois. Disse, na época, que se o homem não promovesse a terceira guerra mundial, nos próximos cinquenta anos - lembremos que a guerra não é uma imposição divina, mas uma opção humana
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Celisa Maria Germano e Miriam Ofir comentam e respondem perguntas após a exibição do filme Nosso Lar - teria a possibilidade de descobrir novas tecnologias adequadas, construir bases na Lua e em Marte, que serviriam de pontos avançados de observação, e um novo reduto para a civilização terrestre, assim como contato com vidas alienígenas. Chico também informou que para tanto poderíamos utilizar recursos da Lua, criando usinas de alumínio, vidro e materiais plásticos. Disse ainda que a água seria extraída do próprio solo lunar, o que se comprovou em 2009 pela NASA, 38 anos depois, anunciando a descoberta de uma grande quantidade de água na Lua durante um experimento com a sonda LCROSS que se chocou com o interior da cratera Cabeus. Há bem pouco tempo a fala de nosso Chico foi endossada, mais uma vez, pela própria NASA, que prevê a possibilidade de contatos com outras civilizações até 2025. Já foram catalogados aproximadamente 17 bilhões de planetas, que segundo a Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço (NASA), e que existem grandes as chances de haver outras formas de vida no Universo. Neste momento em que comemoramos 105 anos de aniversário
do nascimento deste homem que sempre será um grande exemplo de abnegação, inteligência e humildade, nos recordamos que próximo de seu desencarne, ocorrido em 30 de junho de 2002, Chico que nunca havia pedido nada a seu mentor, solicita a Emmanuel que desejaria partir para a pátria espiritual em um dia em que os brasileiros estivessem muito felizes, e que não sentissem tanto sua partida. Somente um homem dotado de tão grande amor poderia se preocupar com a tristeza que poderia causar à nação brasileira, e não consigo mesmo. E assim foi feito, Chico desencarnou no dia em que o Brasil ganhava a copa do mundo de futebol. Muito mais que saudades, nosso Chico nos deixa o exemplo dos grandes homens, que foram fortes o suficiente para defenderem a bandeira da paz e da fraternidade, transformando o mundo com suas mensagens, livros, exemplos e mediunidade. Nosso tributo a essa grande alma, não poderia ser outro a não ser seguir o que ele mais pregava; que nos amássemos como o Cristo nos amou... A você caro Chico todo nosso amor, eterna gratidão e admiração.
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Lei do Trabalho e Evolução
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relação do homem com o trabalho sempre foi conflituosa, pois, revela a necessidade de esforço. O trabalho está para o homem muito anterior a própria civilização. A seu turno, na natureza, tudo se movimenta, e é natural que assim seja. O princípio inteligente nos reinos inferiores da natureza, de certa forma já se movimenta em busca da manutenção e sobrevivência, ainda que o faça de forma instintiva. O homem da pedra ainda não havia aprendido a linguagem falada e tinha de buscar o próprio sustento na caça, na colheita de raízes, no esforço diuturno pela própria sobrevivência. O trabalho – não como conhecemos – mas, como o esforço humano pela manutenção da própria existência, é anterior a própria civilização. Na antiguidade grega o trabalho era considerado verdadeira desonra, reservado as classes inferiores. O Livro do Gênesis, do Velho Testamento, em sua cosmogonia, descreve a Criação, de forma ainda alegórica na medida em que a Ciência demonstrou a evolução do Universo a partir do big bang, vai cuidar da “Perda do Paraíso”. Diz o relato bíblico que Adão e Eva, primeiro homem e primeira mulher, pela desobediência ao comerem do fruto da árvore do conhecimento, foram condenados por Yahweh a abandonar o Jardim do Éden. E a penalidade de Adão é o trabalho descrito como pena, que lança o homem ao sofrimento e ao suor pelo esforço da própria manutenção. Ora, esta versão, sem dúvida, nos apresenta a visão que o homem daquela época tinha do
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Lídia Maria Andrade Conceição gresso decorrente de sua transformação moral.
trabalho, verdadeira pena e fonte de sofrimento. E esta visão permaneceu durante muito tempo. Ao longo da história da humanidade e do Planeta, encontraremos o homem escravizando o homem. E, qual a finalidade? A subjugação do mais fraco a fim de que realize os trabalhos necessários ao sustento dos mais fortes. Mais tarde, encontraremos classes sociais favorecidas pela linhagem de nascimento (realeza) subjugando a plebe ou o poder econômico das classes favorecidas subjugando os trabalhadores em condições sub-humanas. Na antiguidade, observamos que até a educação, tarefa fundamental, durante muito tempo, foi atribuída aos Mestres provenientes de classes inferiores ou escravizados. Felizmente, a evolução do Planeta tem ajudado o homem a renovar o seu modelo de vida e a construir, ou melhor, reconstruir sua relação com o trabalho. Hoje, podemos olhar ao nosso redor e percebemos que o natural é o seu exercício, não
apenas buscando a contraprestação do salário, mas, em nossos lares, no cuidado direto de filhos e dependentes, em nossas atividades como voluntários, inclusive, muitas vezes, conciliarmos inúmeras tarefas de diversas naturezas, fruto do atual estágio evolutivo da humanidade em que buscamos desenvolver nossas potencialidades. E o conceito de trabalho tem evoluído da mesma forma que o nosso Planeta. E, não por acaso. Ora, é do trabalho realizado pela humanidade em todos os tempos, que o Planeta Terra, de forma paulatina, vem agregando os elementos necessários ao seu progresso, consequência da natural evolução decorrente do trabalho desenvolvido pelas sucessivas gerações. Entre tantas conquistas, fruto de árduo trabalho ao longo dos séculos, o homem, a cada dia, atinge novos patamares de desenvolvimento de sua inteligência, e se habilita, a dar novos passos na conquista de si mesmo, evidência do próprio pro-
IX – Elaboração de Conteúdo: Mas, o que é o trabalho? Joanna de Angelis conceitua o trabalho como sendo: “Ocupação em alguma obra ou Ministério; exercício material ou intelectual para fazer ou conseguir alguma coisa”. Este conceito, bastante amplo, nos permite perceber, e, mais importante, entender que o trabalho não se confunde com o resultado planejado da tarefa, mas, é a tarefa que realizamos para alcançar nosso objetivo. Este conceito é muito importante, pois já agrega a chamada Teoria do trabalho-valor, que foi inclusive adotada por Karl Marx em sua obra (O trabalho cria o valor econômico, ao passo que esta teoria de antepõe a teoria marginalista que reconhece no trabalho apenas um dos fatores que atua nos meios de produção). Este conceito é fundamental porque nos permite perceber que o trabalho tem o seu valor independentemente do seu resultado econômico. Assim, o conceito trazido por Joanna de Angelis revela que importante não é a retribuição que obtemos – se é que obtemos – de nosso trabalho material, mas, o que realizamos e como realizamos. É fato que, em um mundo material como o nosso, no Planeta Terra, enquanto Espíritos encarnados, o trabalho é fonte de sobrevivência de todos nós, razão pela qual dentro de nossas necessidades, vamos buscar a atividade/ tarefa que melhor se adapte a nossa forma de ser e as potencialidades que conseguimos desenvolver, neste momento. Assim, indepen-
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dentemente, de qual seja a nossa atividade, é trabalho e, portanto, tem o seu valor pelo que é. O conceito de trabalho nos ajuda a entender agora o conceito de Lei do Trabalho. Lei nós sabemos, porque vivemos em uma sociedade civilizada, é a norma, ou conjunto de normas a qual todos nós estamos submetidos e que tem por objetivo regular a nossa vida, garantindo nossos direitos e estabelecendo nossos deveres, em relação ao resto da sociedade e ao Estado. Entretanto, nem sempre respeitamos as leis humanas, e, consequentemente, nos sujeitamos, em algumas situações, se o bem jurídico protegido por aquela lei for relevante, as suas consequências. É fato que, podemos escapar a aplicação da lei humana, algumas vezes, porque o sistema que regula a sua aplicação não é perfeito, porque humano, usando nossa inteligência, nossa esperteza. Isto não acontece com a Lei Natural ou Lei Divina. Entretanto, o trabalho, ainda que material, nos proporciona muito mais do que apenas o necessário a nossa sobrevivência. O trabalho é instrumento de evolução pelo qual nós desenvolvemos a nossa inteligência. Neste ponto, cabe referir que o princípio inteligente nos reinos inferiores da natureza também trabalha ao realizar esforços que lhe permite garantir o próprio sustento. Por outro lado, o trabalho animal, consistente na realização de serviços repetitivos – hoje, com a tecnologia, o homem depende cada vez menos deste tipo de trabalho, substituindo o animal pela máquina – não lhe permite o desenvolvimento de sua inteligência. Assim, o homem é o ser que tem a possibilidade de, a partir da realização de uma tarefa ou atividade, obter resultados além do simples objetivo da tarefa, pois, do esforço realizado, desenvolve a sua inteligência, e consequentemente, se de-
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senvolve e evolui. Então podemos nos perguntar: Somente o trabalho intelectual nos agrega conhecimentos e valores que permitem o desenvolvimento de inteligência? A resposta é não. Cada uma das atividades que realizamos no mundo, nos traz uma diversidade de novos elementos que alimentam nossos potenciais (do Espírito), viabilizando a nossa transformação. A inteligência não se limita a realização de tarefas predominantemente do intelecto. De fato, em todas as situações, ainda que de natureza braçal, usamos o nosso intelecto, seja para diminuição de nossos esforços, seja para otimização de nosso trabalho. Não foi por acaso, que o homem, no passado, desenvolveu a roda para diminuir o esforço no transporte de objetos pesados. Em quaisquer atividades temos a oportunidade de desenvolvermos novos valores a partir do momento em que pela nossa atitude conseguimos realiza-las com prazer. Podemos realizar tarefas simples em que aprendemos a obedecer ou liderar, cooperar, compartilhar. Ao desenvolvermos nossa capacidade de nos relacionar, em qualquer atividade, passamos a perceber e compreender nossa interdependência, o que nos leva a
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valorizar o próximo, primeiro pela necessidade de cooperação, depois, encontramos o respeito para, finalmente, transformarmos nossos sentimentos em amor ao próximo. O trabalho, enfim, nos coloca em frente ao próximo, para trabalhar para ele, por ele, e com ele, ainda que estejamos sós em nossa sala de trabalho e não conheçamos quem é o destinatário direto das nossas ações. Desta forma, é fácil percebermos que o trabalho, seja ele qual for, representa para nós, Espíritos encarnados, oportunidade única de renovação de valores. E, todas estas observações nos permitem concluir que o trabalho é efetivamente uma Lei Natural, ainda que o homem antigo não a compreendesse, como, aliás, sempre acontece na medida em que a própria ignorância coloca o homem em desajuste com as Leis Divinas. Neste ponto, podemos compreender a resistência do homem ao Trabalho, assim como tantas vezes resistimos e combatemos o progresso com nossas posições pessoais, inflexíveis a aceitação das mudanças. Entretanto, as mudanças fazem parte natural das Leis Divinas, que estabelecem o regramento da vida que pulsa no Universo, e sujeita as criaturas. Não é por outra
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razão, que o movimento é regra no Universo. E, neste passo, o trabalho impulsiona o homem condicionando-o a própria evolução. E, o trabalho é efetivamente uma Lei Natural na medida em que nos submete. E, sendo uma Lei Divina, não conseguimos escapar da sua atuação em nossas vidas. E podemos observar a atuação desta Lei apenas observando a história da civilização, percebendo seu desenvolvimento, sua evolução ao longo dos séculos e milênios. A humanidade vem se desenvolvendo, e o Planeta Terra da mesma forma, pelo influxo do trabalho desenvolvido pelas gerações passadas, ao passo que nós, sob o influxo desta mesma Lei, geramos o desenvolvimento e progresso a fim de que as gerações futuras se beneficiem de nosso trabalho. E, como Espíritos que somos, sabemos que criamos – no passado – o progresso que nos trouxe até aqui e engendraremos o progresso que nos conduzirá ao futuro, a partir do presente. Kardec, na questão 674 do “O Livro dos Espíritos” nos ajudar a entender o trabalho como Lei Natural, ao formular a seguinte questão: “A necessidade do trabalho é uma lei da Natureza?” no que os Espíritos responderam “– O trabalho é uma lei da Natureza e por isso mesmo é uma necessidade. A civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque aumenta as suas necessidades e os seus prazeres.” Ora, os Espíritos foram bastante claros ao afirmar que o trabalho, como Lei Natural, é uma necessidade. Aqui, nos impõe distinguir as necessidades como sendo de dois tipos. As necessidades materiais, e, que, de certa forma são imediatas, que são aquelas que, em decorrência da encarnação, e das necessidades do nosso organismo, visamos imediatamente satisfazer. São as necessidades que visam nossa sobrevivência, ou o nosso
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conforto, conforme nos apresentam os Espíritos e Kardec, em decorrência da própria civilização. As necessidades espirituais são aquelas que trabalhamos durante a nossa existência, e que dizem respeito as nossas imperfeições. Todavia, a nossa realidade não é estanque. Não cuidamos uma hora das necessidades materiais e outra hora das necessidades morais do Espírito. Na prática, alcançamos a nossa transformação moral a partir da forma como vivemos, e no caso, trabalhamos, porque o trabalho, como Lei natural, é o grande instrumento da evolução do Espírito. Assim, enquanto cuidamos de nosso trabalho material, também aproveitamos a oportunidade para desenvolver o nosso Espírito, naquilo que nosso trabalho nos permite realizar, buscando atingir os nossos objetivos, que não se limitam ao atendimento de uma necessidade orgânica e material, e, sim, a transformação gradativa do ser aproximando-o do Criador. Para isto estamos aqui. Este é o objetivo da existência. E, por que trabalhamos tanto? Esta pergunta vem de encontro, muitas vezes, as nossas insatisfações. A questão 674 também nos ajuda com sua resposta: A civilização amplia as nossas necessidades. O desenvolvimento nos traz inúmeras necessidades que eram desconhecidas no passado. E a conquista destas novas necessidades, traduzem uma vida de maior conforto para o homem, gerando novos trabalhos e novos progressos tecnológicos no Planeta. Hoje, nos vemos cercados por serviços públicos e privados inúmeros, que nos trazem uma série de benefícios que nos permitem, e à comunidade, novas noções de saúde e higiene. E, o homem busca, naturalmente, estas conquistas, impulsionando a transformação material do Planeta. Esta é sua missão. E esta missão é in-
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dividual e coletiva, trabalhamos no nosso próprio progresso, enquanto, do nosso progresso, decorre o progresso Planetário. Entretanto, outra pergunta que surge diz respeito as nossas condições, porque ainda vivemos de forma tão diferente, e, nem todos tem acesso a estas conquistas do trabalho humano? Se é fato que o homem enquanto busca o seu próprio conforto e progresso, ainda que material, colabora no desenvolvimento do Planeta, o faz muitas vezes sem a clareza deste objetivo pois, a conquista do intelecto, não necessariamente nos descortina as conquistas morais. Estas para serem alcançadas pelo Homem demandam um esforço além do simples exercício de um trabalho material. O homem para alcançar a conquista moral, deve ultrapassar o simples exercício da inteligência. Impõe o reconhecimento de si, de suas potencialidades divinas, de suas dificuldades e a vontade de modificar-se. Vemos inúmeras notícias de homens bem sucedidos que, após alcançarem grandes conquistas pessoais e sucesso profissional, doam a maior parte de seus recursos à Fundações destinadas ao amparo de criaturas que, neste momento, vivem situa-
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ções de penúria no Planeta. E, por quê? O que será que estes homens alcançaram? Provavelmente o reconhecimento de que as conquistas materiais são incapazes de nos tornar felizes, independentemente, de quanto conforto possam nos oferecer. E, mudar o foco, abandonando o egoísmo de buscarmos sempre atender a nós mesmos, soluciona a equação do bem-viver. Entretanto, alcançarmos estas conclusões nos impõe amadurecimento, autoconhecimento, e, vontade de renovação. Em resumo é necessário trabalho voltado especialmente para nosso progresso de Espíritos importais.. Não o trabalho exterior, mas, o trabalho interior que resultará exteriormente na mudança das condições para si e outras pessoas. Neste sentido, a questão nº 675 do “O Livro dos Espíritos” nos apresenta a resposta a este problema: “Só devemos entender por trabalho as ocupações materiais? – Não; o Espírito também trabalha, como o corpo. Toda ocupação é trabalho útil”. Desta forma, tão importante quanto manter o nosso corpo físico, buscando o necessário para sobreviver, é a transformação de nosso Espírito, que demanda vontade e consciência, para não dizer tam-
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bém a ação decorrente da vontade em agir na superação de nossas dificuldades. E isto significa que o trabalho dignifica o homem, porque é trabalho não importa qual ele seja. Como o realizamos é que nos permite alcançar as nossas necessidades do Espírito, realizando-o com prazer e satisfação, retirando dele a realização do dever cumprido. Assim, ao exercermos qualquer trabalho, atuamos em diversos níveis. Trabalhamos no exercício de uma atividade material objetivando recursos também materiais para atender nossas necessidades, colaborando no desenvolvimento de nosso Planeta materialmente, e da mesma forma, realizamos o trabalho de nossa renovação moral, e participamos da moralização do Planeta. Como pode o trabalho gerar tantas coisas? O trabalho nos permite – ao Espírito – desenvolver sua inteligência, atributo do Espírito. E ao desenvolver sua inteligência o homem alcança novas possibilidades de visão do mundo. Podemos pensar que nem todas as tarefas nos permitem desenvolver a inteligência. Ainda, assim, estaríamos equivocados. No início da civilização, ou antes dela, o trabalho do homem era basicamente de esforço físico pela sobrevivência, e ainda assim, pôde o homem evoluir até o nível de desenvolvimento intelectual dos dias atuais. Toda tarefa nos permite desenvolver alguma coisa, independentemente de sua natureza. A vida nos oferece os recursos necessários para a nossa evolução pelo trabalho. Joanna de Angelis se refere ao trabalho, ao lado da oração como sendo “o mais eficiente antídoto contra o mal, porquanto conquista valores incalculáveis com que o Espírito corrige as imperfeições e disciplina a vontade”. E se não conseguimos trabalhar seja pela nossa incapacidade ou deficiência nesta encarnação, ou
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pela escassez de trabalho? No que se refere a impossibilidade para o trabalho na pergunta 680 do “O Livro dos Espíritos” a indagação de Kardec acerca da inutilidade da vida daqueles que não podem trabalhar os Espíritos respondem que a Justiça Divina só alcança aqueles que voluntariamente se tornam inúteis. Muitas vezes, em nossa existência atual, não temos a possibilidade de exercer aquele trabalho que gostaríamos ou qualquer trabalho remunerado. Entretanto, o trabalho, ainda que não o almejado, é sempre digno. E, na hipótese de não conseguirmos exerce-lo, por limitações físicas, sempre temos a possibilidade, mais importante, de trabalhar-nos, no pensamento, na atitude, e se isto não é possível, certamente o trabalho de renovação do Espírito está sendo realizado, ainda que nós não tenhamos – porque somos limitados – clareza do fato. Como disseram os Espíritos no início da resposta: “Deus é justo”. No que se refere a escassez que muitas vezes atinge a tantos, caracterizada constitui, sem dúvida, uma prova, e não afasta nossa condição de trabalhadores divinos, na busca pela renovação, inclusive na busca da superação de nossos limites, em busca da conquista de nós mesmos, independentemente de estarmos ou não exercendo atividade remunerada. Neste caso, é sempre bom recordar a Parábola dos trabalhadores da vinha, em que, para quem não conhece Jesus narra que em diversas horas do dia, da vida, somos convidados a trabalhar e, ainda aqueles que só encontraram trabalho na última hora do dia, porque se mantiveram ao longo do dia disponíveis e de boa vontade, fizeram jus ao salário integral. O repouso, por outro lado, também é Lei Natural a qual todos nós fazemos jus para restabelecimento de nossas forças, reequilíbrio de
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nosso Espírito. Também o repouso na velhice é justo, segundo os Espíritos, que completam que os mais fortes devem trabalhar pelos mais fracos, seja a família, seja a sociedade, na ausência da família. O importante é percebermos, que a legislação humana, podemos exemplificar com a nossa Constituição Federal, de forma intuitiva imita a Lei Divina – insculpida na consciência humana – estabelecendo direito ao repouso semanal, as férias, e à aposentadoria, evidência, que a evolução do homem e do Planeta não ocorre ao acaso, mas, é fruto da atuação do trabalho, instrumento para nossa evolução, nos permitindo alcançar o progresso em que efetivamente caminhamos em direção a Deus, pela vivência das suas Leis Divinas, algumas, de certa forma, já implementadas pelo homem, como a Lei do Trabalho. Com todas estas informações, nos cabe, amadurecendo nossa visão de mundo, modificar nosso entendimento acerca do trabalho – independentemente de qual ele seja – como sendo penalidade ou situação de sofrimento, mas, sim, oportunidade de exercitarmos a nós mesmos, ultrapassando os nossos próprios limites. Pelas nossas ações, e, especialmente, por nossa atitude mental diante da tarefa, refazemos nossos percursos, nossas tarefas, a fim de não perder o resultado de nossas obras. É necessário que o Homem-Trabalhador que somos todos nós, independentemente de ocuparmos ou não atividades remuneradas, encontrarmos em nós a energia e a boa vontade para a realização das próprias obras. Jesus, o Espírito mais evoluído que caminhou pelo Planeta era marceneiro, e aprendeu o ofício com o seu pai no plano físico, José. Seus seguidores, todos, ti-
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nham ocupações conhecidas. Pedro era pescador e Paulo de Tarso, um dos mais notáveis seguidores de Jesus, pois que, soube se render ao Mestre diante do reconhecimento da sua cegueira espiritual, era Tecelão, atividade que também exerceu após a sua renovação, para manter-se, evidenciando a nobreza do trabalho em qualquer situação.
Boa parte dos ensinamentos trazidos por Jesus fazia referência as atividades profissionais da época. Lembrou o trabalho dos diaristas, ao falar dos Trabalhadores da Vinha, apresentou o mordomo infiel, como exemplo de trabalhador que não dignifica sua ocupação, e assim, se fez entender pelos homens que o ouviam e puderam extrair daí a verdadeira natureza de seus ensinamentos. Assim, o importante não é qual o trabalho que exercemos, mas, como exercemos, isto é com amor. O amor em tudo o que fazemos é que nos permite retirar de tudo a melhor parte, que consiste no aprendizado que ultrapassa a realização da tarefa e, se converte em sabedoria para o Espírito. Assim, podemos compreender melhor as palavras do poeta alemão Rainer
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Maria Rilke: “Se o cotidiano lhe parece pobre não o acuse: acuse-se a si próprio de não ser muito poeta para extrair as suas riquezas.” Não vivemos sós, e a atividade mais solitária, por exemplo, um pesquisador, ou um técnico, que viva em verdadeira reclusão em um laboratório, se destina a ser compartilhada com outras criaturas, seja diretamente, seja pelo benefício que o êxito do trabalho proporcionará as criaturas. Assim, não basta executar a tarefa, mas, fazê-lo com nossa melhor boa vontade, percebendo as possibilidades que ela nos coloca de revermos antigas posturas e antigas posições. E, acima de tudo, o façamos com amor ao trabalho, amor que se reverterá as criaturas. É por isto que algumas vezes nos surpreendemos com a percepção do alcance que algumas pessoas obtém acerca da vida, apenas dedicadas ao trabalho material. Ao exercer sua verdadeira tarefa, de nos apresentar um novo modelo de humanidade, Jesus trabalhou incessantemente, e ao realizar curas em um dia de sábado, dedicado ao repouso pelos Hebreus, foi gravemente criticado, no que respondeu que o Pai ainda trabalha, e ele também trabalha, evidenciando que Deus permanece trabalhando, criando incessantemente, atuando no mundo, pelo movimento de suas Leis Divinas, e que o trabalho que realizamos consiste em natural caminho de iluminação do Espírito, e não temos data e hora, nem dia ou ano para realiza-lo, porque o Espírito trabalha o tempo todo, e ao iluminar-se se agiganta, vivendo de acordo com as Leis Divinas, e portanto, estabelecendo regime de parceria com o Pai, comomo coautor da realização da Vontade Divina. E é do trabalho executado em união com Deus que recebemos o verdadeiro salário da paz e da felicidade.
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Instinto, Inteligência e o Amor
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nstinto [do latim instinctu] Estimulo ou impulso natural, involuntário. Tendência natural, aptidão inata. Inteligência [Latim intellectus], de intelligere = inteligir, entender, compreender. Composto de íntus = dentro e lègere = recolher, escolher, ler (cfr. intendere). A palavra amor (do latim amor) presta-se a múltiplos significados na língua portuguesa. Pode significar afeição, compaixão, misericórdia. O instinto é independente da inteligência? — Precisamente, não, porque é uma espécie de inteligência. O instinto é uma inteligência não racional; é por ele que todos os seres provêm às suas necessidades. (livro dos Espíritos, perg. 73). O instinto é uma espécie de inteligência que guia os seres vivos da criação. Nos atos instintivos não há reflexão. Os animais possuem em seu código genético o instinto como uma espécie de inteligência que os guia. O instinto permite a sobrevivência, defesa e procriação dos seres vivos da criação. A inteligência se revela por atos voluntários, refletidos, premeditados, combinados, de acordo com a oportunidade das circunstâncias. É incontestavelmente um atributo exclusivo da alma. Todo ato maquinal é instintivo; o ato que denota reflexão combinação, deliberação é inte-
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Albertina Veigas ligente. Um é livre, o outro não o é. O instinto é guia seguro, que nunca se engana; a inteligência, pelo simples fato de ser livre, está, por vezes, sujeita a errar. (A Gênese, cap. III, O bem e o mal).” O homem é dotado de instinto e inteligência. O instinto é sempre um guia seguro. Alguns animais apresentam tipos de inteligências, conforme a evolução das espécies, mas não há a inteligência como nos homens. No homem primitivo a inteligência é rudimentar, o que o guia é basicamente o instinto para suprir suas necessidades físicas, a sua inteligência se desenvolve ao longo dos milênios. Ao homem foi conferido o livre arbítrio, diferente dos animais que agem instintivamente. A inteligência é conferida ao ser para que ele possa evoluir moralmente e intelectualmente. As múltiplas inteligências estão condicionadas ao grau de evolução dos homens, conforme o homem evolui, as suas necessidades aumentam. Ele começa desenvolver sua inteligência e buscar o progresso intelectual e moral. Sócrates inaugurou o período antropológico para analisar o comportamento do homem ético, através da sua capacidade racional de escolher o bem, o belo, evitar os vícios. A bela alma era o conceito do homem de bem. Em Platão, em seu livro Fédon
distingue três tipos de almas: Alma Racional: É a alma superior, destina-se ao conhecimento das ideais (mundo espiritual) Localiza-se na cabeça, e tem uma virtude principal, a Sabedoria. Alma Irascível: Esta alma está associada à vontade, dando ao homem o ânimo necessário para enfrentar os problemas e os conflitos. Localiza-se no peito e tem uma virtude, a Força. A alma concupiscente: É a mais baixa de todas. É constituída pelos desejos e necessidades básicas. Está localizada no ventre, e tem como virtude, a Moderação. Para Platão, a justiça consiste no perfeito ordenamento das três almas e suas respectivas virtudes,
todas guiadas pela razão. A felicidade está relacionada com o equilíbrio. Platão e Sócrates foram os precursores da Doutrina Espírita, eles ensinavam a preocupação com a sabedoria, o controle dos instintos e o desenvolvimento da inteligência e da moral, que foram ensinadas no período clássico da filosofia grega. Eles acreditavam que o homem é uma alma encarnada e veio do mundo das ideais (mundo espiritual). Eles conheciam os diferentes tipos de inteligências, ao analisar os homens e suas atitudes. A Doutrina Espírita ensina o mesmo, e que a sabedoria é a síntese da inteligência e da moral. O Espírito atinge a sabedoria quando chega ao ápice da evolução espiritual. Os cientistas, partir do século XIX, começaram as investigações a respeito do cérebro humano. Não podemos descartar a ciência, mas se a ciência não considera o espírito imortal, não conseguirá decifrar os códigos da inteligência. Os valores intelectivos representam a soma de múltiplas reencarnações. O espírito ao reencarnar, modela o seu corpo físico de acordo com suas conquistas adquiridas. O psicólogo Howard Gardner, em seus estudos denominados de inteligências múltiplas, desenvolveu vários conceitos de inteligência; lógico-matemática, linguística, musical, espacial, corporal-cinestésica, intrapessoal, interpessoal, naturalista, existencial. A classificação de vários tipos de inteligências analisadas pelos cientistas, psicólogos, médicos, filósofos são importantes e nos aju-
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cientistas, psicólogos, médicos, filósofos são importantes e nos ajudam a entender o funcionamento da mente. Mas não podemos descartar o processo da evolução do espírito imortal. É através da evolução, que ele adquire as inteligências múltiplas. O instinto é rotineiro, mas a inteligência é atributo do espírito imortal, ela se aperfeiçoa no decurso dos milênios. Através da inteligência o homem pode evitar as paixões instintivas e as quedas e compreende melhor à medida que evolui. Um homem inteligente, quando não desenvolve valores morais, pode se desviar do caminho do bem, pode usar mal a sua inteligência. Assim como, não basta ao homem desenvolver somente a moral. É preciso desenvolver a sua inteligência, ela propicia o progresso em todas as áreas do conhecimento humano. Daniel Goleman, psicólogo e neurocientista, em seu livro “Inteligência Emocional” nos ensina que, nem sempre uma pessoa de QI elevado tem inteligência emocional. Analisando este conceito, o homem inteligente, que não desenvolver a moral, ou que, não souber lidar com as suas emoções, nem sempre terá sucesso em suas atividades na sociedade, no trabalho, nos relacionamentos, etc. A inteligência emocional permite controlar as emoções, gerir conflitos, trabalhar em equipe, etc. O homem só conseguirá adquirir as múltiplas inteligências através da evolução, do estágio de pureza de espírito. Jesus é um exemplo das múltiplas inteligências. O uso da razão possibilita a reflexão para não agir instintivamente, evitar reações que complicam o destino. Pessoas reativas não tem controle sobre suas emoções. O descontrole emocional pode estar relacionado a múltiplos fatores, e não podemos
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descartar a escala evolutiva. Daniel Golemam, em seu livro “Inteligência Emocional” classificou vários tipos de inteligências; inteligência intelectual, emocional, espiritual. A Inteligência emocional é termo utilizado pela Psicologia que descreve a nossa capacidade de reconhecer nossos sentimentos e dos outros e como lidar com eles. A primeira designação de inteligência emocional descrito pela ciência é de Charles Darwin, em seu livro “Origem das espécies” ele se referiu ao termo “A Expressão da Emoção em Homens e Animais”, em que o emocional (inteligência instintiva) contribui para a sobrevivência e adaptação. No livro “Evolução em Dois Mundos’” pelo espírito de André Luiz, psicografado por Francisco Cândido Xavier, nos ensina que, dos organismos monocelulares aos organismos complexos, a inteligência disciplina as células até
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atingir a idade da razão. No homem, a exteriorização mental funciona como molde, dentro das leis de ação e reação. O espírito molda o novo corpo, de acordo com as suas aquisições no processo evolutivo, e também, as suas dificuldades não vencidas. Daniel Goleman definiu inteligência emocional como: “... capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos.” (Goleman, 1998). A inteligência emocional é responsável pelo sucesso ou insucesso dos homens. A Doutrina Espírita nos ensina que, estamos em degraus diferenciados de evolução, conforme a escala espírita, portanto, a capacidade de lidar com as emoções está relacionada com a evolução espiritual.
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A influência material é predominante em espírito endurecido, ao reencarnar ele molda em seu corpo físico, através da sua mente as perturbações mentais, físicas, conforme a sua herança do passado. Um espírito endurecido, ignorante, mediano recebe outras influências exteriores, como a educação deficitária, influência do meio social, da mídia, dos pais, e os conflitos internos arquivados em seu inconsciente profundo; as perturbações espirituais, a culpa, fobia, traumas vivenciados, sentimentos negativos, processos obsessivos, auto-obsessão, os bloqueios e psicológicos, uma educação castradora, ou deficitária, etc. Estes fatos complicam o desenvolvimento da inteligência emocional e as outras inteligências. Em um espírito evoluído, cuja à predominância é espiritual, conforme evolui, menos influencia da matéria sofre, ele consegue lidar melhor com as emoções. Ele já desenvolveu e conquistou a inteligência emocional, espiritual e outras. A sua capacidade de lidar com as emoções é muito maior, mesmo que sofra influências negativas do meio, educação deficitária, mídia, etc. Segundo Daniel Goleman, descreve a inteligência emocional em cinco habilidades: Habilidades intrapessoais 1. Autoconhecimento Emocional - reconhecer as próprias emoções e sentimentos quando ocorrem; 2. Controle Emocional - lidar com os próprios sentimentos, adequando-os a cada situação vivida; 3. Auto-Motivação - dirigir as emoções a serviço de um objetivo ou realização pessoal; Habilidades interpessoais 4. Reconhecimento de emoções em outras pessoas - reconhecer emoções no outro e empatia de
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sentimentos; 5. Habilidade em relacionamentos interpessoais - interação com outros indivíduos utilizando competências sociais. Todas são importantes em sociedade: 1. Organização de Grupos - habilidade essencial da liderança, que envolve iniciativa e coordenação de esforços de um grupo, bem como a habilidade de obter do grupo o reconhecimento da liderança e uma cooperação espontânea. 2. Negociação de Soluções - característica do mediador, prevenindo e resolvendo conflitos. 3. Empatia - é a capacidade de, ao identificar e compreender os desejos e sentimentos dos indivíduos, reagir adequadamente de forma a canalizá-los ao interesse comum. 4. Sensibilidade Social - é a capacidade de detectar e identificar sentimentos e motivos das pessoas. Sequestro Emocional A amígdala e o Neocórtex exercem um papel importante no controle das emoções, segundo Daniel Goleman. A amígdala é uma estrutura que se localiza no interior do cérebro, que comanda os reflexos instintivos nos animais e nos homens. No homem, ela reage instintivamente nas reações como o medo, a raiva, a ira, a ansiedade, e outros sentimentos para preservação das espécies. (amígdala é instintiva e rotineira). Um indivíduo dominado por ela, não domina suas emoções, tem medo de sair da rotina, de experimentar novos desafios, dificuldades para mudar, de reconhecer os erros, porque não faz reflexões, não usa o
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neocórtex, ou seja, não usa a razão e prefere ficar na zona de conforto. No processo da evolução, o homem ao usar a razão, o pensamento para aprender, decidir, planejar, inventar, ousar, etc., ele desenvolveu a parte superior do cérebro, o neocórtex, que é a “voz da razão”, que
permite raciocinar e racionalizar situações, conflitos, medos, fobias, bloqueios psicológicos, etc. Então, o homem é capaz de usar a razão e evitar as emoções, sair da rotina, inovar, criar, ousar, espiritualizar... Conforme o Livro dos Espíritos, Allan Kardec, no título, “Conhecimento de si mesmo”, pergunta a Santo Agostinho, na questão 919: Qual o meio prático mais eficaz para se melhorar nesta vida e resistir aos arrastamentos do mal? – Um sábio da Antiguidade vos disse: “Conhece-te a ti mesmo”. Esta máxima, atribuída ao espartano Quílon (Chilon) um dos setes sábios da Grécia Antiga, que cunhou no templo de Delfos, dedicado a Apolo. Sócrates utilizou a frase, como um trabalho interior de reflexão. A noção principal da ética socrática é a virtude, e somente é alcançada quando o homem reflete sobre si mesmo e suas ações. O conhecimento de si mesmo,
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nos leva a despertar a consciência e desenvolver um trabalho interior a respeito da evolução espiritual, conforme Santo Agostinho. Evitar o mal e fazer o bem. Evitar que as emoções nos dominem e compliquem o nosso destino. O amor é o sentimento por excelência e resume a doutrina do Cristo, conforme o Evangelho. O amor desenvolve as virtudes, através da reflexão sobre si mesmo e do próximo. Deus sempre nos encaminha para o amor. A reencarnação explica os mecanismos da justiça divina, portanto o amor funciona como medida medicamentosa para curar as feridas da alma. Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, este é o maior primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao próximo como a ti mesmo. Estes dois mandamentos contêm toda a lei e os profetas. (Mateus, XXII: 34-40). Somente o amor eleva a alma em sentimentos nobres do bem e desenvolve a inteligência espiritual. A inteligência espiritual é a percepção do amor, a necessidade de vivenciá-lo em pensamento, palavras e atos. A Dra.Danah Zohar, física e filósofa americana e seu marido, o psiquiatra Ian Marshall, no livro “A Inteligência Espiritual”, (QS = do inglês Spiritual Quocient), demonstram o “Ponto de Deus” no cérebro, uma área que seria respon-
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sável pelas experiências espirituais das pessoas. Em suas pesquisas científicas descobriram que o ser humano tem uma área no cérebro, que o direciona a buscar valores nobres conhecidos como o “Ponto de Deus”, situado na região dos lóbulos temporais. Por um processo de escaneamento é possível verificar que essas áreas se iluminam, quando se discutem temas espirituais. (não está ligado a espíritos, mas a valores espirituais, o amor, a prece, o bem, a solidariedade, a fé...). As pessoas solidárias e voltadas ao bem, aos valores éticos apresentam inteligência espiritual, conforme a Dra. Danah Zohar. O amor está diretamente ligado ao desenvolvimento da inteligência espiritual. Analisando pela ótica espírita, o desenvolvimento das inteligências, principalmente a espiritual, verifica-se sua relação com a evolução espiritual, conforme a escala espírita. Jesus, o Mestre por excelência, nos ensinou a necessidade do autoamor e o amor ao próximo. O autoamor é fundamental para valorizar as nossas potencialidades, a nossa essência divina, só conseguiremos amar o próximo, se desenvolvermos o autoamor. O amor ao próximo é a extensão do autoamor. O amor é energia divina que dirige o universo, somente o amor eleva a alma. O Evangelho de Jesus é o roteiro seguro para a nossa renovação interior. O autoconhecimento é importante para desenvolvermos os nossos valores morais, valorizarmos a existência na terra como oportunidade de expandir o amor, e abandonar as paixões instintivas, que impendem a nossa ascensão espiritual. A falta de reflexão sobre o amor e o domínio das paixões instintivas promove as quedas na evolução espiritual, a conscientização do amor, que é a caridade em ação promove o ser e sua ascensão espiritual.
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Maria de Nazaré, a mãe de Jesus
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figura protetora surge através dos séculos, com vários nomes, considerada deusa, como entre os druidas. Provavelmente trabalhou com seu amado filho Jesus desde o início do nosso planeta Terra. Em uma época na qual a mulher não era considerada, Maria aparece como figura forte, atuante, aceitando a Vontade de Deus. Impressionante a força com a qual surge entre os judeus e depois cristãos. Lucas, Marcos, Mateus a descrevem com muito amor. Personalidade magnífica chega até nos iluminando-nos com seu coração maternal, considerando todos os necessitados como filhos seus. Bezerra de Menezes, através da psicografia de Ivone Pereira, narra Maria descendo às regiões de necessidade, dor, para auxiliar seus filhos amados ; considera assim todos os sofredores , melhor dizendo, todos os habitantes em desenvolvimento no nosso planeta. Mas por que um espírito tão iluminado vestiu a veste de carne, diminuiu suas luzes e nasceu na Terra? Nosso planeta apresentava, como ainda apresenta, filhos muito difíceis. Raros indivíduos e civilizações consideravam o doente, os vencidos nas batalhas, os mais frágeis. Nas dimensões dos espíritos perfeitos resolveram que seria necessário ensinar aos alunos do nosso 2 pequeno planeta através de exemplos concretos, considerando a dificuldade de abstração , os habitantes do hospital escola Terra. Bem mais tarde, inclusive nos séculos XX e XXI, os educadores explicariam a necessidade das
Heloísa Pires crianças aprenderem através do concreto até conseguirem desenvolver a capacidade de abstração, como reconheceu Piaget. O grupo de luzes resolveu que seria necessário reencarnarem no planeta vestindo a roupagem de carne para exemplificarem a arte de bem viver. Jesus seria o líder, o Mestre mais velho. Izabel e Zacariaas viriam possibilitar a vinda de João Batista que prepararia a vinda de Jesus. Maria seria a mãe do Mestre de Nazaré, José o pai. Nasceria entre os judeus que na época, graças ao trabalho de Moisés , acreditavam no Deus Único e se preocupavam com a vida espiritual. As profecias judaicas falavam na vinda do Messias que viria para libertar os judeus da dominação dos romanos. Os estudiosos dos astros esperavam o Messias... Tudo estava sendo preparado no mundo espiritual para a vinda do grande espírito que cuidaria da libertação espiritual dos habitantes do nosso planeta. Izabel, filha de sacerdote e casada com o sacerdote Zacarias estava desanimada, os cabelos já brancos e o rosto cheio de rugas...O filho desejado não viera e ela3 pensava que agora estava idosa e ele não poderia vir mais. Foi avisada por um espírito de luz que ele viria . O marido Zacarias não acreditou e
ficou mudo. O bebê veio e seria o grande , o enérgico, o quase inflexível João Batista. Primo de Jesus prepararia a sua tarefa. Izabel, ainda grávida abraçou Maria , a prima que fora visita-la , foi recebida com amor e a compreensão da vinda do Messias. O encontro foi lindo e o bebê de Izabel ficou agitado no seu ventre. Jesus cresceu em força, alegria, liderança entre seus amigos e seus irmãos. Trabalhava como carpinteiro com seu pai José e quando ele desencarnou continuou a trabalhar na carpintaria. Exemplificava amor, retidão moral, amor ao próximo, capacidade de cura. O seu exemplo de Amor a Deus nos acompanha até hoje e continuará a iluminar nossos corações para sempre. Ernesto Renan, o ex padre lembrado por Kardec, fala do amor
de Jesus por sua mãe e Lucas ao entrevista-la sente isso. Quando ele pergunta : “quem é minha mãe e quem são meus irmãos “ desejou convidar-nos ao amor universal; no episódio da sua crucificação é na mãe que pensa pedindo a João que cuidasse dela. Pensa nessa hora de dor profunda por nossa ignorância em nós pedindo ao Pai que nos perdoasse porque não sabíamos o que fazíamos. Sempre amando ao próximo... Maria agia da mesma forma . A dor que sentia vendo o4 filho amado sofrer, não se comparava com o sofrimento que a crueldade dos que prenderam, crucificaram o filho e de todos que não desenvolveram o amor ao próximo, de todos nos que ainda deturparíamos os ensinamentos do Cristo... A dor do filho passaria e ele ressuscitaria em todo o seu poder e glória espiritual. Nós, seus filhos muito pequenos, levaríamos o problema criado por muito tempo. Maria chorou por nos que escolhíamos descaminhos que impediam nossa felicidade. Maria sabia que seu filho estava vivo, que somos imortais... A felicidade que sentiu ao sabê-lo ressuscitado, ou melhor dizendo ao saber que permanecia visível, condensara seu corpo energético e muitos poderiam vê-lo, foi a mesma que sentira com o seu nascimento. Sabia da importância da ressurreição e também , como diria mais tarde Paulo de Tarso:” se Jesus ressuscitou todos nos ressus-
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citamos”; seria a possibilidade de amadurecimento do ser da Terra... se somos imortais convém agirmos com mais responsabilidade. Maria continuou a sua vida aceitando sempre a Vontade de Deus. Não podia morar com os filhos porque eles temiam por suas vidas; haviam fugido como quase todos na hora em que Jesus foi preso. Maria não abandonou o filho como não nos abandona em nossas necessidades. Viuva, amparada por João que a amava e cuidava como5 mãe amada, Maria reiniciou a sua vida exemplificando a alegria de poder exemplificar a gratidão a Deus pela benção da existência. O grande espírito não precisava da encarnação para aprender mas sim para ensinar. O que nos ensinou Maria de Nazaré? Que a mulher tem direitos e deveres com a família e a sociedade. Que somos uma grande família universal e que precisamos dar as mãos para construir o mundo sonhado onde a lei será a meritocracia e a igualdade será fruto da nossa capacidade de amar e servir o próximo. Ensinou a adaptação a condições adversas não entrando em depressões , não nos transformando em peso para aqueles que nos amam. Que a morte de um ser querido não é perda mas ganho porque ele continua ligado a nós pelos laços indestrutíveis do amor A grande professora, o espírito nobre demonstrou que se nos ligarmos às luzes do Universo a nossa força interior aflora e enfrentamos problemas difíceis resolvendo-os com dignidade. A dignidade de Maria em todas as horas da sua vida convida-nos a caminharmos com coragem e fé em Deus e em nos mesmos. Compreendemos também que o Pai é o Existente imanente, como
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diz Herculano Pires, em tudo o que criou. Vela por nos , como explica “A Gênese no capítulo “ A previdência Divina” pois não é um ser humano mas6 “inteligência Suprema, Causa primária de tudo o que existe”, como explicou a equipe do Espírito da Verdade a Kardec . Refletindo sobre Maria de Nazaré, amada em outras expressões religiosas com vários nomes, sentimos a força de Deus e compreendemos a importância dos ensinamentos de Jesus e a necessidade de segui-los se quisermos ser felizes. Ainda, através da força espiritu-
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al de Maria, compreendemos que estamos, como ainda explica “A Gênese”, mergulhados na energia universal, que o querido Andre Luiz nos apresenta como o pensamento de Deus. Jesus precisava de uma “cúpula” protetora na Terra pois o planeta , ou melhor, seus habitantes pensavam e agiam contrariando em geral a Lei do Amor que rege todo o Universo. A importância da família, que deve se estender à família universal, aparece também nessa experiência da encarnação em nome do amor e da renuncia de Jesus, Maria
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e José. A compreensão da possibilidade de comunicação entre encarnados e desencarnados surge no aparecimento de espíritos de Luz considerados anjos que aparecem para Maria, Zacarias, Izabel, José... Quando criamos a teoria7 absurda de que haveria um abismo entre o mundo físico e o espiritual se no tempo e no espaço aparecem entrelaçados e comunicando através de seus membros? Maria, como Jesus, acendeu a luz da verdade libertadora que pode nos indicar o caminho estreito mas iluminado que nos conduz ao desenvolvimento pleno. O Consolador Prometido por Jesus aparece em todo o seu esplendor através do trabalho de Kardec, que veio em cumprimento a uma promessa de Jesus. O que seria de nos sem o auxílio desses espíritos maravilhosos? Estariamos nas trevas da nossa ignorância aumentada por nosso orgulho e egoísmo, mergulhados na barbárie... Maria demonstrou, através da sua coragem, que quando permitimos, fazemos a nossa parte, o plano espiritual nos auxilia e fortifica. E também que desafios podem e devem ser enfrentados com fé e certeza de vitória, porque todos somos preparados para alcança-la... Como disse o poeta e Maria demonstrou: “ A vida é luta renhida que aos fracos abate e aos bravos e aos fortes só pode exaltar...” Só podemos agradecer ao amor e trabalho desses irmãos queridos aprendendo a “amar o próximo como a nos mesmos...” Felizmente contamos com o auxílio de Jesus, Maria, José e um exercito de Luz que trabalha por8 todos os seres do Universo... Nunca estamos sós, filhos da Luz nosso destino é a Luz...
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Palestra
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Espiritualidade e Alteridade 14 de Junho de 2015 - 121 anos do nascimento de Edgard Armond
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isivelmente entendemos que o ser humano constitui boa parte do mundo que habitamos, ou seja, a maioria dos habitantes do planeta Terra é constituída de gente como nós, com necessidades semelhantes. Quando vemos o discurso de muitas pessoas em relação ao sentimento de piedade, de caridade em relação ao seu próximo, nos deparamos com o conceito de alteridade sendo propagada de forma textual, porém, a alteridade no discurso é fácil de compreender, mas difícil de aplicar. Alteridade é a capacidade de se colocar no lugar do outro, de penetrar no mundo do outro e conseguir vê-lo tal como ele é e não como desejaríamos que fosse. Na era moderna (1600 d. C.) já se percebe uma preocupação sobre o tema, pois em pleno renascimento cultural na Europa, vemos a busca da racionalidade do homem, e da mudança da importância da religião para a figura humana da sociedade, o homem com suas necessidades mais urgentes e não mais a figura da religião como fator principal da sociedade. O homem renascentista acreditava que a religião vigente na Europa havia corrompido a forma de pensar o mundo, o homem e sua relação com a divindade. É fácil de entender isso, pois a visão cristã
Edelso da Silva Junior do período medieval, por exemplo, era a centralização em Deus (dentro de uma visão antropomórfica) e não no homem. O homem era problema de Deus. Ele que deveria conceder ou não as benesses aos seus filhos. Com o pensamento espírita sendo propagado em pleno século XIX, em um país onde o racionalismo fora propagado de forma contundente e o sentimento religioso descartado como manifestação de uma postura retrógrada e nociva ao desenvolvimento do homem, como ser humano livre de amarras intelectuais. A proposta de Allan Kardec, que tivera educação positivista, dentro do perfil racionalista, científico, herdado do renascimento cultural, rompeu com isso e resgata através de sua postura em publicar “O Evangelho segundo o Espiritismo”, um cristianismo dentro de seus conceitos filosóficos e religiosos aos moldes do que foi proposto pelo Cristo na Palestina. Para os Espíritos que sustentaram toda a obra Kardequiana a relação entre o ser humano deveria estar dentro do conceito da alteridade. A visão do ser humano e
suas necessidades mais importantes, para ter importância no quadro de valores de uma sociedade justa, deveriam estar baseadas no conceito de alteridade. Embora essa questão seja uma marca indelével na codificação Kardequiana, esse princípio de se colocar no lugar do outro, de compreender o mundo dos outros, tal como ele é e não como pensamos ou desejamos que seja, ficou em plano secundário, pois era um sentimento mais desperto em espíritos mais maduros, mais sensíveis à dor alheia. Tínhamos um espiritismo para intelectuais, mais ao gosto do positivismo francês que permeou a formação intelectual em nossa pátria no período da república. O período que antecede a déca-
da de 1940, podemos ver um Espiritismo estagnado, disperso, de interesse em questões fenomenológicas como as materializações ou mesmo o auxílio social. Com a reestruturação da Federação Espírita do Estado de São Paulo (FEESP) através das várias ações de Edgard Armond, seu administrador, o Espiritismo começa assumir uma forma mais ampla. Toda a trajetória da FEESP a partir de 1940 deve ser relembrada como um divisor de águas dentro do Movimento Espírita Nacional, pois antes mesmo do período de implantação dos programas elaborados por Edgard Armond, nota-se que antecedendo à década de 1940 a Doutrina Espírita não tinha nenhum tipo de reconhecimento social e as instituições existentes, não eram unidas; não possuíam orientação para que dinamizassem suas atividades, contando assim, com a boa vontade de quem as comandava. Porém, a criação da Escola de Aprendizes do Evangelho em 6 de maio de 1950, representa o marco inicial de uma profunda transformação na maneira de se vivenciar o Espiritismo no Brasil. Com este projeto de iniciação em massa, Armond populariza um sistema de espiritualização em que o homem desenvolve, através de programas de trabalho, seu poten-
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Atendimento diário na FEESP sede Maria Paula Comandante Edgard Armond cial humano de se importar consigo mesmo, sua evolução espiritual e isso leva a uma atitude de alteridade, pois no processo de evolução espiritual, no autodescobrimento, o homem começa a se ver no outro, se identificar com o outro através das diversas experiências. A dor é uma dessas experiências. Embora ela seja uma experiência individual, privada, pois o outro não tem acesso à ela, mas através de sua própria experiência e dos conhecimentos que adquire, ele sabe o quanto é difícil vivê-la. A proposta da Escola de Aprendizes do Evangelho ensina ao aluno que o fato de falar da sua dor diante da dor alheia, não é o suficiente para compreendê-la no outro, pois muitas vezes isso se torna uma postura egoísta. A questão é de identificação da dor entendendo que embora humanos, temos reações diferentes diante dos desafios da vida. E é nesta diferença que aprendemos a sermos solidários uns com os outros. Somo iguais na essência, mas com experiências e maturidade diferentes, o que não nos torna maior nem menor, porém diferentes no processo de evolução e a nossa utilidade para o próximo
está justamente não naquilo que temos em comum, mas sim, no que nos diferencia, pois o que nos diferencia nos completa. Este conceito está diluído na obra Kardequiana, porém, mais especificamente em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, mas depende muito mais de uma atitude de espíritos mais maduros para o processo de compreensão, embora a questão 919 de “O Livro dos Espíritos” seja objetiva, não competia a Kardec lançar métodos que facilitasse colocar em prática as diversas possibilidades de transformações do ser humano. Portanto é com Edgard Armond que o Espiritismo sai de seu aspecto positivista, somente científico e filosófico, muitas vezes friamente propagado, para adentrar num aspecto mais pragmático, mais objetivo no sentido de oferecer ao ser humano uma escola de reforma íntima, com metodologia própria, levando o ser humano às portas, não somente de uma iniciação científica e filosófica, mas impreterivelmente a uma iniciação espiritual onde a alteridade é um dos seus componentes fundamentais.
A FEESP está aberta de 2ª a sábado, das 8h às 21h30. Procure o DEPOE (Departamento de Orientação Espiritual) e você será atendido gratuitamente. Aos domingos a FEESP está aberta das 8h às 17h, com palestras públicas ou eventos e assistência espiritual
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07/06 TEMA: CASAMENTO E DIVÓRCIO Carlos Cesar dos Anjos 10h PALESTRANTE: ATRAÇÃO MUSICAL: Marco Antonio e Thiago Sivila domingo
14/06 TEMA: O BATISMO E A DOUTRINA ESPÍRITA Zulmira da Conceição Chaves Hansessian 10h PALESTRANTE: ATRAÇÃO MUSICAL: Orquestra e Coral Carlos Gomes domingo
21/06 TRANSTORNOS EMOCIONAIS E OBSESSÃO Joanna Bennati 10h PALESTRANTE: ATRAÇÃO MUSICAL: Andrea Bien TEMA:
domingo
27/06 CINEMA NA FEESP 18h AMOR ALÉM DA VIDA domingo COMENTÁRIOS APÓS O FILME: Celisa Maria Germano
28/06 SONAMBULISMO E MEDIUNIDADE Irene Barbara Chaves 10h PALESTRANTE: ATRAÇÃO MUSICAL: Sylvio Tancredi (piano) - Marlene de Araujo (piano) TEMA:
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Artigo Junho de 2015
Curiosidades do mês de Junho Alceu Nunes
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mês de Junho apresenta alguns acontecimentos interessantes e outros bem alegres e animados, entre eles os acontecimentos seguintes: 1830 – Nascimento de Machado de Assis, dia 18; 1867 – Nascimento do escritor italiano Luigi Pirandello, dia 29; 1874 – Inauguração do telégrafo submarino ligando o Rio de Janeiro à Europa; 1894 – Nascimento do eminente espírita Edgard Armond, dia 14; 1908 – Nascimento do escritor João Guimarães Rosa, dia 27; E o dia 29 de junho, que também é considerado o Dia do Pescador. Mas três Santos católicos merecem o destaque segundo o Espiritismo, pois seus “patronos” são comemorados todos os anos em dias fixos, por inúmeras famílias de quase todas as religiões, com muita diversão, músicas, fogueiras, balões e fogos de artifícios. São eles Santo Antônio, São João e São Pedro.
Santo Antônio
boa, era condenado à morte sob a acusação de homicídio. Nesse momento, Santo Antônio aparece no tribunal, demonstra a inocência de seu pai e revela o verdadeiro criminoso, que foi punido mais tarde. Comprovou-se que nesse momento Santo Antônio não havia deixado Pádua”. Foi um caso evidente de bi locação, que é ai capacidade do
ser humano, que possui um corpo etéreo, poder, em certas circunstâncias, afastar-se do corpo físico e retornar após realizar alguma tarefa. O fenômeno de bi locação é um dos que mais provam a independência da alma em relação ao corpo físico. Sabemos que o Espírito não está definitivamente preso ao organismo, e que também pode, no final da vida, ao “morrer”, desligar-se para sempre da sua matéria, continuando a viver, pois, como o Espiritismo explica a morte não existe e o Espírito continua sua vida e sua evolução. Nós encontramos fatos como esse na Revista Espírita, em outros títulos referentes à bi locação: A alma errante; O Espírito de um lado e o corpo do outro; Estudos sobre o Espírito de pessoas vivas: Uma aparição providencial, etc. Quanto às curas que ele realizou, a explicação está no “Livro
Começamos por Santo Antônio, festejado no dia 13 de junho: Foi canonizado, pelo papa Gregório IX, apenas 11 meses depois de morrer. No caso de Santo Antônio de Pádua aconteceu o seguinte, conforme narrado por Kardec “Santo Antônio de Pádua achava-se em Pádua e, no instante em que predicava, seu pai, que estava em Lis-
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São João Batista
dos Médiuns”, de Allan Kardec: Pergunta 5 – Algumas pessoas têm realmente o dom de curar por um simples toque, sem o emprego de algum passe magnético? Resposta dos Espíritos – Seguramente. Você não tem visto tantos exemplos? Pergunta 6 – Nesses casos, trata-se de ação magnética ou somente de influência dos Espíritos? Resposta – Ambas as coisas. Vale lembrar – o que vem citado várias vezes na Bíblia, após alguma cura de Jesus, que ele dizia; “Tua fé te curou”, indicando que a ação foi executada por ele, mas sustentada pela fé do enfermo, isto é, com a utilização do fluido universal. Apenas como curiosidade, conhecemos também, pertencente ao nosso folclore, outro Santo Antônio, Santo Antônio preto, personagem venerado pelos escravos brasileiros, conhecido como Santo Antônio de Categeró, uma versão brasileira de Santo Antônio de Pádua. Nas imagens, seu rosto era pintado de preto. Nossa festa junina prossegue com o dia 24 de junho dia de São João. O Dia de São João é uma festa que celebra nascimento de João Batista, um profeta que previu o advento do Messias (Jesus) e o batizou no rio Jordão em um lugar chamado: Qasr al-Yahud (Castelo dos Judeus). Um dos cinco atos mais importantes da vida do Cristo segundo as narrativas bíblicas. Esta festa é amplamente co-
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memorada no mundo cristão no dia 24 de junho e é uma das festas juninas mais antigas do cristianismo, já aparecendo no concílio de Agde, em 506 d.C., como um dos principais festivais da época e assim como o Natal, era celebrado com três missas: uma pela manhã, uma ao meio-dia e outra no pôr-do-sol. Seu nascimento, relatado no Novo Testamento, tem uma passagem curiosa e é o único relato bíblico sobre o nascimento do profeta que está no Evangelho de Lucas (Cap. 1) Os pais de João, Zacarias - um sacerdote judeu que
so no Altar. O Arcanjo Gabriel apareceu para ele e anunciou que a esposa de Zacarias iria dar à luz uma criança e que ele deveria chamá-lo de João (Significa: “Deus é propício”). Porém, por não ter acreditado na mensagem de Gabriel, Zacarias perdeu a voz. Com o nascimento de seu filho, seus parentes quiseram então dar-lhe o nome do pai e Zacarias, sem poder falar, escreveu: “Seu nome é João”, tendo sua voz devolvida. Depois de ter obedecido ao comando de Deus, ele recebeu o dom da profecia e previu o fu-
São Pedro pertencia ao grupo sacerdotal de Abias - e Isabel não tinham filhos e já haviam passado da idade de tê-los. Durante uma jornada de trabalho servindo no Templo, ele foi escolhido para oferecer incen-
turo de João. Na Anunciação, quando o Arcanjo Gabriel apareceu para a Virgem Maria para informá-la que ela iria conceber seu filho Jesus, ele também a informou de que Isabel,
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sua prima, já estava grávida de seis meses. Maria então viajou para visitar Isabel. O Evangelho de Lucas relata que o bebê “chutou” no ventre de Isabel quando ela cumprimentou Maria. Quanto a São Pedro, protetor dos pescadores, nas comemorações de sua festa, no dia 29 de junho, também se encontram os componentes dos festejos juninos e, ainda, são realizadas procissões marítimas nos litorais e fluviais do rio São Francisco. Segundo a Bíblia, São Pedro, comemorado no dia 29 de Junho, foi um dos divulgadores da Doutrina cristã, e – de acordo com Paulo – é o principal discípulo de Jesus Cristo, apóstolo e missionário da primitiva Igreja, viajando e espalhando as orientações deixadas por Jesus. Seu nome verdadeiro era Simão e morreu martirizado, tendo pedido para ser crucificado de cabeça para baixo, para não se igualar a Jesus Cristo. Várias crenças sobre São Pedro encontram-se na Bíblia, entre elas que foi porta-voz dos 12 apóstolos, negou ser discípulo do Mestre quando prenderam Jesus, e recebeu o encargo de pregar o Evangelho entre os compatriotas judeus. Lembramos também que, desde o século XI, quando a Igreja oriental negou que o papa tivesse algu-
Alceu Nunes - Escritor espírita ma autoridade, a teoria que o apóstolo Pedro seria o primeiro papa e que tivesse seguidores passou a ser contestada, e foi uma das principais causas da Reforma protestante do século XVI. Como todos os apóstolos de Cristo, também sobre São Pedro contam-se muitos milagres, afirmando que “doentes eram trazidos para as ruas em seus leitos, afim de que quando Pedro passasse a sua sombra cobrisse alguns deles para curá-los”. Também das cidades vizinhas de Jerusalém afluía muita gente, trazendo os enfermos e os atormentados por espíritos imundos, e todos eles eram curados. Jesus, que jamais disse uma mentira, após curar alguém sempre afirmava: “A tua fé te curou”...
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ALLAN KARD EC OBRAS DO AU TOR PARA ES TUDOS FILOS CIENTÍFICOS ÓFICOS, E RELIGIOSO DA DO UTRINA ESPÍR I - O LIVRO DOS ITA ESPÍRIT
OS ........................ II - REVISTA ESP ................................ ÍRITA ................ ................................ ................................ III - REVISTA 1857 ESPÍRITA ........ ................................ ................................ IV - REVISTA .................. 1858 ................................ ESPÍRITA ........ ................................ ......................... V - O LIVRO DOS 1859 ................................ MÉDIUNS ........ ......................... VI - REVISTA ................................ 1860 ESPÍRITA ........ ................................ ................................ VII - REVISTA ................. 1861 ................................ ESPÍRITA........ ................................ ......................... VIII - REVISTA 1861 ................................ ESPÍRITA ........ ................................ ........................ 1862 IX - O EVANGE ................................ LHO SEGUND O O ESPIRITISM ...................... 1863 X - REVISTA ESP O........................ ÍRITA................ ............................ ................................ XI - O CÉU E O 1864 INFERNO ........ ................................ ................................ XII - REVISTA ................... 1864 ................................ ESPÍRITA........ ................................ ...................... 1865 XIII - REVISTA ................................ ESPÍRITA ........ ................................ ........................ 1865 XIV - REVISTA ................................ ESPÍRITA ........ ................................ ...................... 1866 XV - REVISTA ................................ ESPÍRITA........ ................................ ...................... 1867 XVI - A GÊNESE ................................ ................................ ........................ 1868 XVII - REVISTA ................................ ESPÍRITA........ ................................ ................................ XVIII - INICIAÇ ............... 1868 ................................ ÃO ..................... 1869 XIX - OBRAS PÓS ESPÍRITA ................................ ................................ TUMAS ................ ...................... 1869 ................................ ................................ .............. 1890
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“A prestar quase 9 milhões de atendimentos anuais”
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Livros Edições FEESP
150 anos de Espiritismo Alceu Nunes Alçando um vôo maior Martha Gallego Thomaz Alvinha Silvia Hiss André Luiz em reflexão Luiz Rodrigues da Cruz Aos pais e educadores de crianças Silvia Cristina Stars de Carvalho Puglia Apocalipse (O) José de Souza e Almeida Aprendendo com as epístolas Luiz Rodrigues da Cruz Bezerra de Menezes Canudo de Abreu Brincando e aprendendo o espiritismo – I Coord. Geral Silvia Cristina Stars de Carvalho Puglia Brincando e aprendendo o espiritismo – II Coord. Geral Silvia Cristina Stars de Carvalho Puglia Brincando e aprendendo o espiritismo – III Coord. Geral Silvia Cristina Stars de Carvalho Puglia Brincando e aprendendo o espiritismo – lV Coord. Geral Silvia Cristina Stars de Carvalho Puglia Burrinho inteligente (O) Genésio Loureiro Rocha Calendário espírita Francisco Candido Xavier - Espíritos diversos Carlos Imbassahy – o homem e a obra Nazareno Tourinho Carneiros de Panúrgio (Os) Adolfo Bezerra de Menezes Casarão do General Cid Camargo Casa Assombrada (A) Bezerra de Menezes Casos controvertidos do evangelho Paulo Alves Godoy Castália Wilson Ferreira de Melo Catecismo espírita Léon Denis CÉU E O INFERNO (O) Allan Kardec CÉU E O INFERNO (O) Especial Allan Kardec Cisco Cândido Xavier Umberto Fabbri Coletânea do além Francisco Candido Xavier Congresso Espirita FEESP 2011 Coord. Geral Silvia Cristina Stars de Carvalho Puglia Congresso Espirita FEESP 2011 - Especial Coord. Geral Silvia Cristina Stars de Carvalho Puglia Congresso espirita FEESP 2014 Autores diversos Coruja do bosque (A) Roberto Alves Toledo Cristão moderno (O) Gerson Luiz Tavares Cristíadas Edison Cavalheiro Ramos Crônicas evangélicas Paulo Alves Godoy Curso Aprendizes do Evangelho – I Cood. Zulmira da Conceição Chaves Hassesian Curso Aprendizes do Evangelho – II Cood. Zulmira da Conceição Chaves Hassesian Curso Básico Espiritismo - I Cood. Zulmira da Conceição Chaves Hassesian Curso Básico Espiritismo – II Cood. Zulmira da Conceição Chaves Hassesian Curso Educação Mediúnica - I Cood.Zulmira da Conceição Chaves Hassesian Curso Educação Mediúnica – II Cood.Zulmira da Conceição Chaves Hassesian Curso Espírita de Prep. De Educadores - CEPE Cood.Maria Elizabeth Pittucci Batista
Curso O Que e o Espíritismo Cood. Zulmira da Conceição Chaves Hassesian Curso p/ dirigentes e monitores (CDM) Silvia Cristina Stars de Carvalho Puglia Da Genese ao Apocalipse Natalino D’Olivo Deus por testemunha Maria Ap.Caetano Salles Deus, espírito e matéria Manuel de Oliveira Portásio Doação de Órgãos e transplantes Vlademir Lisso É tempo de ser feliz Marina Mallet Em busca do mestre Pedro de Camargo (Vinicius) Escravo dos escravos (O) Rosa Freua de Carvalho Espiritismo em sua expressão mais simples Allan Kardec Estudo e prática de assistência espiritual Maria de Cassia Anselmo Evangelho de redenção Paulo Alves Godoy Evangelho misericordioso Paulo Alves Godoy Evangelho no lar a luz do espiriritsmo Maria Tonietti Compri Evangelho no lar nosso encotro com paz Vera Cristina Marques de Oliveira Millano Evangelho pede licença Paulo Alves Godoy Evangelho por dentro (O) Paulo Alves Godoy Evangelho seg. espiritismo para infância Maria Helena Fernandes Leite Evangelho Seg. o Esp. bolso - Especial Allan Kardec Evangelho Segundo o Espiritismo – bolso Allan Kardec Evangelho Segundo o Espiritismo – normal Allan Kardec Experiências a luz do Evangelho no lar Maria Tonietti Compri Fenômenos de transporte Enesto Bozzano Filosofia espírita – tomo II Manoel Pelicas São Marcos Filosofia espírita e seus temas Manoel Pelicas São Marcos Formiguinha Favo de Mel Maria Helena Fernandes Leite Gênese - Epecial Allan Kardec Gênese - normal Allan Kardec Gotas de energia Genésia Loreiro Rocha Grandes vultos do espiritismo Paulo Alves Godoy Histórias sobre reencarnação Silvia Cristina Stars de Carvalho Puglia Instituto de confraternização universal Martha Gallego Thomaz Introdução à filosofia espírita Herculano Pires Jesus Cristo a luz do mundo Paulo Alves Godoy Jesus já falava no espiritismo - I Área de Infância Juventude Jesus já falava no espiritismo - II Área de Infância Juventude Jesus já falava no espiritismo - III Área de Infância Juventude Jesus já falava no espiritismo – IV Área de Infância Juventude Jubileu de ouro – Coral Carlos Gomes Coral Carlos Gomes
Juntos no infinito Álvoro Basile Portughesi Leis de amor Francisco Candido Xavier Livro dos Espíritos - normal Allan Kardec Livro dos Médiuns - Especial Allan Kardec Livro dos Médiuns – normal Allan Kardec Loucura sob novo prisma,(A) Adolfo Bezerra de Menezes Maravilhosas parábolas de Jesus (AS) Paulo Alves Godoy Mediunidadena Bíblia (A) Henrique Neyde Gimênez Mediunidade Ferramenta Divina Umberto Fabbri Mestre Louis Pasteur Neyde Prado Zuhlke Nascer de Novo Umberto Fabbri Na escola do Mestre Pedro de Camargo Na estrada com Jesus Roberto Vilmar Quaresma Noções de história da filosofia Manuel Pelicas São Marcos No Invisível Léon denis Nos Tempos de Jesus Umberto Fabbri Novos rumos a medicina – I Inácio Ferreira Obras postumas Allan Kardec Obras postumas Especial Allan Kardec Padrões evangélicos (OS) Paulo Alves Godoy Parábolas (As) José de Sousa e Almeida Pedrinho Rosa Freua de Carvalho Pérolas no coração Maria Aparecida Caetano Sales Porque creio na imortalidade da alma Oliver Lodge Psiquiatria em face da reencarnação Inácio Ferreira Pureza doutrinária Ary Lex Quando Jesus teria sido maior Paulo Alves Godoy Quando o Amor fala mais alto Amílcar Del Chiaro Filho Quatro sermões de Jesus Paulo Alves Godoy Reforma intima orientações Ed. Espírita Zulmira da Conceição Chaves Hasessian Revelações da Revista Espírita Alceu Nunes Síntese de o Livro dos Espíritos Benedito Godoy Paiva Temas atuais na visão espírita Wlademir Lisso Tempo de despertar Richard Simonetti TEMPO TERRA (O) Roberto Vilmar Quaresma Tesouros da Revista Espírita Alceu Nunes Um sentido para sua vida Marina Mallet Uma família imperial Rosa Freua de Carvalho Uma luz até a eternidade Maria Caetano Sales Viagem de uma Gotinha de orvalho Maria Helena Fernandes Leite
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