Revista - O Semeador Internacional - Ed. Janeiro

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FUNDADA EM 12 DE JULHO DE 1936

JANEIRO DE 2016 Nº 913

O SEMEADOR Internacional ÓRGÃO DA FEDERAÇÃO ESPÍRITA DO ESTADO DE SÃO PAULO FUNDADO EM 1º DE MARÇO DE 1944

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R$ 6,50


Sumário

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Editorial

Feliz 2016! Feliz gestão à nova diretoria! Programação de Palestras Públicas

Palestras públicas na FEESP Fábio Mazetti

Pensamento, transformação pessoal João Demétrio Loricchio

Lei de Ação e Reação e Lei de Causa e Efeito: Situações de fatalismo e determinismo Paulo Oliveira

Sinais dos tempos... Renato Costa

Uma existência para descanso Roberto Watanabe

Parábola dos Trabalhadores da Última Hora

20 O Dízimo e a Casa Espírita 22 Mediunidade e Educação 24 Educação Castradora ou Repressora Leda Maria Flaborea

Maria Margarida Moreira Albertina Veigas

EXPEDIENTE Revista bimestral Assinatura anual: R$ 36,00 Fundado em 1º de março de 1944, por Marta Cajado de Oliveira (Diretora Responsável 1896/1989); Pedro Camargo “Vinícius” (Diretor Gerente - 1878/1966) e Cmte. Edgard Armond (Diretor Secretário - 1894/1982). Conselho Editorial Silvia Cristina Stars de Carvalho Puglia, Fátima Luisa Giro, Paulo Sergio de Oliveira. Editor: Altamirando Dantas de Assis Carneiro (MTb 13.704) As opiniões manifestadas em artigos assinados, bem como nos livros anunciados são de responsabilidade de seus autores, não refletindo, obrigatoriamente, o pensamento da Revista O Semeador Internacional, de seu Conselho Editorial ou da FEESP. FEDERAÇÃO ESPÍRITA DO ESTADO DE SÃO PAULO CNPJ 61.669.966/0014-25 Rua Maria Paula, 140, Bela Vista, CEP 01319000, São Paulo - SP Tel.: (11) 3106-1619, 3106-5964, 3106-1200, 3106-5579, 3107-5279, 3107-1276, 31055879, 3115-5544 Fax.: (11) 3107-5544 Portal: www.feesp.org.br Email: feesp@feesp.org.br Diretoria Executiva: Presidente Zulmira da Conceição Chaves Hassesian presidente@feesp.org.br Vice-Presidente João Baptista do Valle vicepresidente@feesp.org.br Diretora da Área de Assistência Social Nancy Cesar Campos Raymundo social@feesp.org.br Diretora Área de Ensino Fátima Luisa Giro ensino@feesp.org.br Diretora Área Espiritual Vera Cristina Marques de Oliveira Millano espiritual@feesp.org.br Diretora Área de Divulgação Silvia Cristina Stars de Carvalho Puglia divulgacao@feesp.org.br Diretora Área Infância, Juventude e Mocidade Vera Lúcia Leite infanciamocidade@feesp.org.br Diretora Área Financeira Guiomar Cisotto Bonfanti financeiro@feesp.org.br Diretora Área Federativa Regina Helena Tuma Carlim federativa@feesp.org.br Assistência Social da FEESP Casa Transitória Fabiano de Cristo CNPJ: 61.669.966/0002-91 Av. Condessa Elizabeth de Robiano, 454, Belenzinho, São Paulo – SP, Tel.: (11) 2797-2999 Sede Santo Amaro: Rua Santo Amaro, 370, Bela Vista, São Paulo – SP, Tel.: (11) 3107-2023 Casa do Caminho, Av. Moisés Maimonides, 40, Vila Progresso, Itaquera, São Paulo – SP, Tel.: (11) 2052-5711 Centro de Convívio Infanto-Juvenil D. Maria Francisca Marcondes Guimarães – Rua Franca, 145, B. Bosque dos Eucaliptos, São José dos Campos – SP (12) 3916-3981 Editoração: TUTTO (11) 2468-3384 Impressão: Gráfica Brasil (11) 3266-4554


Editorial

Feliz 2016! Feliz gestão à nova diretoria!

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omecemos 2016 tomando as rédeas de nossas construções para um mundo melhor, tanto nos círculos familiares, de amigos, de trabalho ou de voluntariado. Somos imortais e com o aprendizado constante a que somos submetidos pela Misericórdia Divina, busquemos as melhores soluções para a superação dos Silvia Cristina Puglia Diretora da Área de Divulgação obstáculos que nos impulsionam a crescer em experiência, sem medo de nos comprometermos diante das dificuldades. A esperança é a certeza de que Deus nunca desampa- fidelidade aos objetivos traçados por Jesus, para o prora aqueles que, com boas intenções, colaboram para que gresso do Espiritismo. o mundo se transforme. Que o homem entenda que o melhor trabalhador, o mais bem sucedido, é aquele cuja humildade é preponderante em suas atitudes. Os espíritas devem comprometer-se sempre com as causas do bem, utilizando sua fé raciocinada. O uso da razão é imprescindível, principalmente àqueles a quem são confiados os cargos de liderança e administração, porque comprometer-se é atitude de amadurecimento e coragem. A FEESP inicia 2016 com seu Conselho Deliberativo renovado e nova diretoria eleita. Os editores da revista O Semeador Internacional desejam que os conselheiros e os diretores formem uma equipe unida nos objetivos de aprimoramento moral de seus trabalhadores, para que a FEESP possa ajudar, cada vez mais, àqueles que procuram a Instituição como um “porto seguro” para a cura de suas dores físicas e morais. Que suas principais metas estejam de acordo com os divinos objetivos de amor ao próximo, pois o socorro dado pela FEESP transcende as paredes materiais de seus prédios. A Espiritualidade sob o comando de Dr. Bezerra de Menezes espera de seus lideres, um comando maduro, objetivo e cristão, para que cada vez mais haja harmonia entre os abnegados voluntários e os Benfeitores, visando a proporcionar sempre um atendimento de excelência. A equipe da Área de Divulgação cumprimenta os diretores eleitos e lhes deseja paz, serenidade, superação e O SEMEADOR 3 Internacional


Diretoria eleita:

Presidente Zulmira da Conceição Chaves Hassesian

Vice-presidente João Baptista do Valle

Diretora da Área Financeira Guiomar Cisotto Bonfanti

Diretora da Área de Assistência e Serviço Social Nancy Cesar Campos Raymundo

Diretora da Área de Assistência Espiritual Vera Cristina Marques de O. Millano

Diretora da Área de Ensino Fátima Luisa Giro

Diretora da Área Infância, Juventude e Mocidade Vera Lucia Leite

Diretora da Área Federativa Regina Helena Tuma Carlim

Diretora da Área de Divulgação Silvia Cristina Stars de Carvalho Puglia

Que todos os diretores sejam abençoados e que nossa presidente Zulmira Hassesian seja protegida e amparada por Jesus e seus prepostos.

Renovemos nossas esperanças em 2016. Abraços Silvia Cristina Puglia


PALESTRAS PÚBLICAS E EVENTOS FEDERAÇÃO ESPÍRITA DO ESTADO DE SÃO PAULO

ENTIDADE FEDERATIVA E ORIENTADORA DO ESPIRITISMO ESTADUAL

JANEIRO / 2016 03/01 10h

TEMA: A MENSAGEM DOS TRÊS REIS MAGOS PALESTRANTE: Adriana Pulcina Miranda ATRAÇÃO MUSICAL: Marco Antonio - barítono e Giovani Felizale - violão

10/01 10h

TEMA: A FELICIDADE NÃO É DESTE MUNDO PALESTRANTE: Mário Sérgio Vellei ATRAÇÃO MUSICAL: Trio Thiago Sivila - piano, Arão Diniz Pontes - violino e Luis Bernardo Trindade - voz

17/01 10h

TEMA: ONDE ESTÁ JESUS AGORA? PALESTRANTE: Paula Zamp ATRAÇÃO MUSICAL: Paula Zamp e Gabriel Rocha

24/01 10h

TEMA: A BÊNÇÃO DA ADOÇÃO PALESTRANTE: Elaine Vellei ATRAÇÃO MUSICAL: Denise Perez Manzo e Isis Biazioli

31/01 10h

TEMA: JESUS RESSUCITOU LÁZARO NO MESMO CORPO? PALESTRANTE: Albertina Ap. Veigas Corceiro ATRAÇÃO MUSICAL: Denise Perez Manzo - piano e Leandro Gomes - violino

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PENSAMENTO, TRANSFORMAÇÃO PESSOAL

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ensar permite aos seres modelarem o mundo, tudo que existe começou no pensamento de alguém. O pensamento tem o poder de materializar ideias. O pensamento serve ainda para proteger as emoções, trabalhar outras funções da inteligência que irão contribuir para uma mente livre e emoções saudáveis. “A essência do homem é pensar”. (Por isso dizia): “Sou uma coisa que pensa, isto é, que duvida, que afirma, que ignora muitas, que ama, que odeia, que quer e não quer, que também imagina e que sente”. (Logo quem pensa é consciente de sua existência) “penso, logo existo”. René Descartes

Por mais que queiramos é impossível viver sem pensar, nem por um segundo apenas. Segundo pesquisas, os neurocientistas descobriram que pensamos cerca de 60.000 vezes por dia. Já imaginou? 60 mil pensamentos por dia. E, alguns estudiosos apontam que: • Cerca de 95% desses pensamentos são os mesmos de ontem e anteontem; • E que cerca de 80% deles são negativos. Para falar a verdade, não sei se estes números estão certos, também não sei como eles fizeram estas contas. De todo modo, não precisamos da neurociência para saber que pensamos demais o tempo todo! Você ainda tem dúvidas sobre a influência do pensamento em nossas vidas? Em uma plateia, quando realizamos uma dinâmica para que visualizem um limão e

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sintam seu cheiro e sabor característicos, a maioria sente a boca salivar e tem um arrepio gerado pelo sabor azedo do limão. Mas, não tem limão algum, não é verdade? Essa experiência, demonstra, de uma forma simples, o poder de criação dos nossos pensamentos. Nós construímos os pensamentos a partir do corpo de informações arquivado em nossa memória. Se na plateia houvesse alguém que nunca tivesse tido contato com o limão, essa pessoa não teria condições de realizar essa experiência, porque lhe faltaria informações necessárias para construir esse quadro mental. Desta forma, podemos dizer que a memória é um produto de nossa carga genética, do útero materno, do ambiente social, do meio educacional e das relações do nosso EU com a própria mente. E, nosso arquivo de memória é ampliado a cada experiência reencarnatória que vivenciamos. Em geral, os nossos pensamentos estão associados ao desejo de realizar as nossas obrigações diárias. Aquelas que tratam da parte material de nossa existência na Terra, tais como: - pensamento de trabalho, de conforto, de progresso material e de todos os outros pensamentos relacionados à parte material de nossa vida, que se intercalam com pensamentos inferiores oriundos das paixões e vícios que alimentamos, como: pensamentos de ódio, inveja, ironia, raiva, ira, escárnio, ambição, cobiça, intolerância e principalmente o orgulho, o que só demonstra a inferioridade de nossos sentimentos. Entretanto, há também os pensamentos elevados que geram ações nobres que irão beneficiar todos os nossos campos de ação, família, trabalho, sociedade, enfim a


humanidade toda, e eles constituem uma fortaleza moral. Será que o que nos recomendou Jesus tem algum fundamento? Vejamos, a ciência vem demonstrando que pensamentos interferem na nossa saúde mais do que imaginamos. Por exemplo, pensamentos inferiores foram relacionados a doenças cardíacas. Uma alta dose de stress ou ansiedade, por exemplo, pode fazer o coração bater mais rapidamente e aumentar a pressão arterial, acelerando, assim, a possibilidade de um infarto. Em contrapartida, pessoas otimistas, enxergam melhor. Pesquisas apontam que quem tem bom humor consegue visualizar melhor os detalhes de uma determinada paisagem ou situação. A neurociência nos indica que a gratidão auxilia em diversos setores de nossas vidas, como o campo de relacionamento, capacidade de superar frustações e lidar com adversidades, influencia em nosso bem-estar e produtividade.

Além disso, a ciência aponta o sono como vital para uma vida saudável, assim como para uma mente equilibrada e produtiva. Apesar de saber de tudo isso, porque continuamos a nos enganar com nossos pensamentos? Por vezes, somos conduzidos por crenças limitantes, que bloqueiam nossas ações. Quantas vezes ouvimos que não nascemos para tal coisa, que não sabemos fazer.... E, assumimos essa percepção como sendo verdadeira e desistimos sem nem tentar ou nos esforçarmos. Como lidamos com nossas falhas? É fato que iremos falhar em alguma coisa, faz parte do processo de aprendizagem. Por isso, ser feliz não significa ser perfeito, não falhar, não chorar e não ter momentos de fragilidade. Ser feliz é aprender a usar cada dor como uma oportunidade de aprendizado, cada erro como uma ocasião para corrigir caminhos, cada fracasso como uma chance de recomeçar. Nas vitórias, ser amante da alegria;

nas derrotas, devemos saber interiorizar a experiência. “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses” Sócrates Sócrates entendeu que era necessário conhecer-nos a nós mesmos para compreendermos as demais coisas. Desde a Grécia antiga “mente sã em corpo são” – para nos conhecer precisamos cuidar dos nossos pensamentos. Emmanuel, no capítulo 1 do livro Pensamento e Vida, define a mente como o espelho da vida, sendo o coração a face e o cérebro o centro de suas ondulações, gerando o pensamento que tudo move, criando e transformando, destruindo e refazendo para acrisolar e sublimar. Assim, a emotividade plasma a ideia, e essa por sua vez, “determina a atitude e as palavras que irão comandar nossas ações.” Sendo a emoção o primeiro reflexo que antecede o pensamento, nossas palavras e pensamenO SEMEADOR 7 Internacional


tos estão carregados de emoções, muitas vezes, inconfessáveis. Faz-se necessário conhecermo-nos intimamente, entender nossas emoções frente ao que se apresenta em nossas vidas, pois, entrar em contato com nossa natureza interior auxilia no processo de transformação das nossas crenças e concepções de forma a revolucionar nossa consciência. Não há processo educativo com Cristo sem a ampliação da nossa consciência e da percepção. Muitas vezes o processo de transformação, muito conhecido como reforma íntima ou transformação pessoal, é mal compreendido ou executado, pois partimos dos efeitos e não das causas. Auscultar os sentimentos e os pensamentos são fundamentais, mas se não tivermos amor, corremos o risco de sermos carrascos de nossa vida e entrar, com diz Joanna de Ângelis, no processo terrível da culpa. Quando experimentamos no coração o Deus amoroso de Jesus, nos libertamos. O amor é a ação constante que começa em nós e se expande “Amai a teu próximo com a ti mesmo” Mateus 22:39. 8

Os ensinamentos de Jesus são válidos para nossa atualidade e se aplicam em nossas vidas. Conhecer o reino de Deus significa conhecerse intimamente, auscultar os desejos de nossos corações e conhecer a Sua justiça é entender que nenhuma folha cai de uma árvore sem o conhecimento do Pai e saber que podemos confiar no seu auxílio. É ter fé! Amar-se faz parte do processo de transformação ele dará condições de aceitarmos as emoções como elas são, isso quer dizer, ter coragem de assumir que temos inveja, ciúmes, que estamos tristes ou com raiva... além de percebemos em que momento esses sentimentos são disparados auxiliando na ação corretiva. Entretanto, neste processo de reeducação mental, destacamos a necessidade do Cristo no coração e na consciência. Sem noção da responsabilidade, sem devoção à prática do bem, sem amor e sem esforço perseverante em nosso próprio burilamento moral, é impraticável a peregrinação libertadora aos Cimos da vida. Por isso, a cada um segundo a sua obra, ou melhor, a cada um segundo o seu pensamento!

Fábio Mazetti Expositor e palestrante da FEESP



LEI DE AÇÃO E REAÇÃO E LEI DE CAUSA E EFEITO:

Situações de fatalismo e determinismo

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Espírito, que é a parte essencial do ser humano, foi criado por Deus na simplicidade e na ignorância em tudo, e para sua evolução deu-lhe como campo de labor os mundos materiais que, de reencarnação em reencarnação, atingirá um dia, a sapiência e luz. Em suas caminhadas evolutivas e reparadoras, entre vivências na espiritualidade e na crosta terrestre, obteve acertos e erros, dos quais ganhou energias positivas ou negativas, ou seja, adquiriu evolução ou dívida. Com referência à dívida contraída com seu próximo, ou com a própria Natureza, para dar continuidade a sua evolução espiritual, precisará quitar tal dívida, para tanto ocorrerá em si uma reação idêntica em futuro próximo. No campo material, esse princípio foi revelado pelo mecânico e físico, Isaac Newton, que ficou denominado por “3ª Lei do Movimento” ou “3ª Lei de Newton”, conhecida por princípio de Ação e Reação, entendendo-se: “sempre que um corpo exerce uma força sobre outro corpo, este reage com uma força da mesma intensidade, em sentido contrário”. Em outras palavras, “toda ação corresponde uma reação igual e em sentido contrário”.

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Com conhecimento dessa lei, abriram-se novos rumos ao aprendizado do Homem, descortinando-lhe que certas ocorrências na existência presente, na realidade, são efeitos de ações praticadas no pretérito, geradoras de aflições e dores. Assim, pode-se dizer que ao se pensar ou agir, liberta-se forças energéticas, as quais ficarão sujeitas ao retorno das mesmas quando, então, provará o fel ou o mel que fez o seu próximo beber. Portanto, toda reação que ocorrer em nossa vida como, por exemplo: doenças, traumas, sofrimentos, perdas, é um efeito de uma ação maléfica anterior, que vai funcionar como agente equilibrador da ação passada. A Doutrina Espírita, entre os seus princípios básicos, possui a comunicação com o mundo espiritual, a reencarnação, a pluralidade dos mundos, o perispírito, o livre-arbítrio, bem como, também, a “Lei de Causa e Efeito”, semelhante à “Lei de Ação e Reação”, que é o princípio das Leis Imutáveis de Deus que rege todos os elementos componentes do Universo. A “Lei de Causa e Efeito” está na máxima: “não há efeito sem causa”. Ao efetuar uma ação, o Homem pode provocar um encadeamento de causas e efeitos que o auxiliam a crescer ou colocam-no em débito perante as Leis


Divinas por várias reencarnações. A esse encadeamento os hindus denominam de “Karma”. Segundo João Evangelista, Deus é Amor, e o bem é a essência do Criador e o mal essência da criatura, assim, sempre que a causa é fundamentada no bem, o efeito é bom; no entanto, se fundamentada no mal, o efeito é maléfico. O encadeamento da Ação e Reação está justamente no Livre-arbítrio que o Homem possui de seus atos, pois que tem a liberdade de pensar, tem igualmente a de agir. Sem o Livre -Arbítrio, o Homem seria máquina. Nessa caminhada evolutiva o ser humano faz uso desse Livre-arbítrio, quando encarnado, na faculdade de ceder ou de resistir as atitudes ilícitas e, no estado de Espírito, ao fazer a escolha de suas provas e expiações. Ele se desenvolve à medida que o Espírito adquire a consciência de si mesmo. Pois, já não haveria liberdade, se a escolha fosse determinada por uma causa independente da vontade do Espírito. A causa não está nele, está fora dele, nas influências a que cede em virtude da sua livre vontade. Entretanto, há ainda certas barreiras em nosso mundo para a liberdade total de ação, podendo haver bloqueios físicos ou psicológicos, em razão do nosso estágio evolutivo, dentro de um mundo de “provas e expiações”. A liberdade de escolha existe sempre na fase inicial dos nossos atos, isto é, na fase de causa; feita a escolha e posta em ação entram no domínio dos efeitos e, aí, vigorará o Determinismo. Compara-se ao prisioneiro que pode se movimentar à sua vontade dentro da prisão, mas está limitado às quatro paredes da cela. O Determinismo, na área da Ciência, é o princípio geral que constitui uma das bases de todo conhecimento científico. É a existência de relação constante e necessária entre certos

atos, em razão da cadeia de uma relação causal, ou seja, relação entre o antecedente e o consequente. Para a Doutrina Espírita, consiste na efetivação de certos fatos, de certos acontecimentos, na vida do ser humano e que independem de sua vontade. Por isso mesmo, tangidos pela livre-escolha, nada mais justo que aqueles que fizeram opção pelo mal possam arcar com as consequências de seus atos, tendo de resgatar, por si próprio, os débitos adquiridos. Nada mais justo, também, que voltem em novas encarnações para libertarem-se das mazelas edificadas com as próprias mãos. Na realidade, esse Determinismo somente acontece por intercessão da Espiritualidade Maior, no sentido de propiciar a realização daquilo que tenha sido combinado na espiritualidade, antes da reencarnação, onde os mentores colaboram na melhor escolha de provas e reparos, mas nós mesmos planejamos nosso destino não havendo nada de Fatalidade. Na concepção da palavra, Fatali-

dade, entende-se como um destino inevitável que não podemos fugir, o que é inadmissível pela Doutrina Espírita, por se opor à liberdade de agir do Homem. Contudo, devido ao nosso estágio evolutivo, que exige a necessidade do encarne e desencarne do Espírito, sucessivamente, para galgar degraus progressivos, podemos localizar a Fatalidade em dois momentos temporários de nossa vida: no nascimento para o Espírito desencarnado que retorna ao plano terrestre e, na morte, para o Espírito encarnado que retorna a espiritualidade. Esses são em nosso mundo, ainda, sujeito a essas leis progressivas, fatos que podemos considerar como fatais. Agora, outros acontecimentos vem a calhar na caminhada da vida física, denominados por Fatalidade, ocorrem unicamente pela escolha que o Espírito fez, antes de reencarnar, com o fim de passar por prova ou reajuste de um fato pendente de reparo, que seria uma espécie de destino, provocado pelo próprio Espírito. 11 O SEMEADOR Internacional


Em resumo, todos os acontecimentos do ser humano são previamente estudados, organizados e executados pela Espiritualidade Maior, sempre no propósito de sua evolução, não existindo nada que acontece ao acaso ou nada acontece porque “está escrito”, como se diz popularmente, pois, sempre há condições de se alterar fatos que deveriam ocorrer, de conformidade com condutas e pensamentos direcionados no bem e no perdão, para com o próximo. Assim, se alguém praticou algum mal a outrem, significa que acabou por registrar o mal em si mesmo. Esse vínculo somente será desatado por duas opções: com a expiação do mal praticado, ou seja, a vítima de hoje é o agressor de ontem, ou, o mas difícil de ser praticado, o perdão da ofensa recebida. Além desse planejamento, para nova vida, traz-se tendências cármicas que poderão ser a cada minuto, alterados pelo nosso Livre-arbítrio. Os pensamentos, sentimentos e condutas são fatores energéticos que modificam constantemente nosso destino planejado. Por isso, não há arrastamento irresistível para certos acontecimentos. Há sim, tendências que são evidentemente do Espírito e, através de sua própria vontade, acaba cruzando e entrelaçando com certas pessoas para o devido reajuste. Assim, esse Determinismo não é absoluto, pois, o Homem seria sempre um predestinado, o que não se admite pela Misericórdia de Deus, que sempre fornece recursos para alívio de suas dívidas. Portanto, o Determinismo é relativo, como o Livre-arbítrio também o é. 12

O Apóstolo Paulo, já entendia certas situações desses princípios, razão que o levou assim se pronunciar em uma de suas Epístolas: “Não faço o bem que queria, mas o mal que não quero. Ora, se faço o que não quero, já não sou eu que faço”. (Paulo aos Romanos 07:19) Em contra partida, se a vítima perdoou a agressão sofrida, não criou os vínculos vingativos, libertando-se do seu agressor e, este, por sua vez, pela Lei da Ação e Reação, sofrerá as consequências de sua agressividade, através de um outro agente (outro agressor), que se equipara com suas frequências inferiores, assim passando pelas mesmas dores que causou à sua vítima. Tanto o Livre-arbítrio, quanto o Determinismo, leva-nos ao discernimento entre o bem e o mal e ao crescimento espiritual. Bem afirmou o apóstolo Paulo: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm” (Paulo I Coríntos. 06:12). No Evangelho de Jesus há várias referências às leis de Ação e Reação ou de Causa e Efeito, nas seguintes passagens: Não julgueis para não serdes julgados (Mt. 07:01); Com a medida com que medirdes sereis medidos (Mt. 07:02); Todos os que tomarem espada, morrerão à espada (Mt. 26:52); Todo o que comete pecado é escravo do pecado (Jo. 08:34); Para finalizar, o Espírito de Joanna de Ângelis, nos assevera: “Hoje, é continuação de ontem e, amanhã, será de hoje”, e acrescentamos: com a Ação e Reação de nossas condutas.

João Demétrio Loricchio foi conferencista do Congresso Espírita da FEESP de 2008, 2011 e 2014. É expositor, palestrante, escritor e articulista espírita de revista e jornais.


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SINAIS DOS TEMPOS... “Os tempos determinados por Deus chegaram - dizem-nos de todas as partes - em que grandes acontecimentos vão se realizar para a regeneração da Humanidade.” 1

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sentimento de que algo vai acontecer com este mundo em que habitamos é tão explícito, que podemos observar nos meios de comunicação, notadamente no cinema, onde há uma frequência alarmante, de filmes que exploram as tensões naturais de cataclismos causadores da destruição de toda a vida em nosso planeta. Surgem, principalmente, em função de informações produzidas por teóricos, místicos, visionários e, até mesmo, exploradores da fé humana, que acabam levando centenas de pessoas à descrença ou, em alguns casos, a consequências mais sérias, colocando em risco a vida daqueles que se deixam envolver. Vimos isso acontecer recentemente, no ano de 2012, quando houve a divulgação de informações obtidas de pesquisadores e estudiosos da cultura Maia, cujas conclusões foram comercialmente exploradas, levando muitos a crerem que ocorreria, nesse ano, cataclismos diversos que provocariam a destruição do planeta, com o consequente extermínio da raça humana. O ser humano é naturalmente curioso e faminto por coisas fantasiosas. Crédulo, muitas das vezes, acaba aceitando muitas dessas teorias catastróficas, consumindo livros, filmes etc., cujos objetivos atendem, fundamentalmente, a interesses puramente comerciais. O pensamento de que haverá um “fim do mundo” ronda, frequentemente, o nosso imaginário, principalmente quando nos pomos a refletir sobre o futuro da raça humana: - Será que a Terra terá um fim? Quando isso vai acontecer? E a vida, será extinta? Tais dúvidas não podem existir para o espírita bem esclarecido, pois dispõe de informações consistentes nas obras da codificação kardequiana, especialmente em A Gênese, livro publicado em 1868. Com base nas reflexões apresentadas nesse livro, podemos concluir que essa destruição em massa não ocorrerá, não pelo menos enquanto a Terra não cumprir sua missão que é a de espiritualizar os seres a ela vinculados, tanto encarnados como desencarnados. Assim, devemos convir que, diante da condição moral dos habitantes deste planeta, ainda haverá a necessidade de muitos séculos para que esse processo seja concluído. Portanto, essa questão não deve se constituir uma preocupação central, e com a qual devamos gastar nosso tempo. Além disso, as 14

descobertas científicas indicam que essa destruição não ocorrerá senão daqui a milhões de anos. Embora possamos encontrar referências a esse tema em toda a codificação kardequiana, é no livro A Gênese em seu capítulo XVIII, que podemos verificar os detalhes sobre o momento de transição, pelo qual passamos. Nesse capítulo, Kardec afirma que a Terra, como tudo no Universo, está submetida à Lei do Progresso, donde se depreende, portanto, que ela um dia terá um fim. Todos nós sabemos que eterno somente Deus o é, e que estamos submetidos à Sua vontade, bem como à Sua presciência. Como Deus é perfeito, Suas Leis também o são. Acreditar em improvisos ou caprichos da Natureza seria o mesmo que admitir que Deus, estando alheio ao Universo, permitisse, a qualquer momento, uma ação inconsequente resultante do movimento dos elementos que compõem a Terra, expulsando-nos do nosso planeta, de forma abrupta e inesperada. Kardec diz-nos que essa ideia é inconciliável com a Sabedoria Divina, e que não tem qualquer fundamento. Assim, não há o que temer em relação à extinção do nosso planeta. Ela não vai acontecer amanhã, no mês que vem, nem no século próximo. Lógico, que conti-

nuaremos observando fenômenos físicos como terremotos, tsunamis, erupções vulcânicas etc., pois estes correspondem a movimentos geológicos que sempre existiram, e que continuarão existindo, pois é da natureza da Terra ter essas ocorrências, porém sua abrangência será sempre localizada e não universal. Bem, já que esclarecemos a questão referente à destruição do nosso planeta, conforme a ótica espírita, outro ângulo de análise surge em consequência: Se vamos ter tanto tempo pela frente, qual a nossa destinação? Para onde caminhamos? Com que objetivo? A resposta para essas questões encontra-se no conhecimento do tema da progressão e pluralidade dos mundos habitados, um dos fundamentos da doutrina espírita, que nos explica que os planetas, tanto quanto os Espíritos, passam pelo crescimento, transformando-se em busca da perfeição. Caminhamos para uma nova fase planetária

na qual a Humanidade terá o bem como meta principal, sendo mais purificada e animada por ideias e sentimentos completamente diferentes daqueles hoje observados, nesta presente geração “que se retira a passos de gigante”. Allan Kardec esclarece-nos que: “O nosso globo progride fisicamente pela transformação dos elementos que o compõem, e moralmente pela purificação dos Espíritos encarnados e desencarnados que o povoam.”1 E acrescenta, “(...) esse duplo progresso se realiza de duas maneiras: uma lenta, gradual e insensível; outra por mudanças mais bruscas, a cada uma destas se opera um movimento ascensional mais rápido que indica, mediante caracteres nítidos, os períodos progressivos da Humanidade.”1 Assim, o que podemos depreender da análise de Kardec é que estamos sempre em movimento de ascensão, embora não o percebamos, por se tratar de um processo muito lento, conforme os nossos padrões terráqueos, demandando o benefício dos milênios.

Quadro 1 - Kepler-22b descoberto em 2011.

1 - KARDEC, Allan. A Gênese. FEESP, 1ª. ed., 2008. Cap. XVIII – item 1 – Sinais dos Tempos.

Paulo Oliveira Articulista de jornais e revistas espíritas e trabalhador da FEESP

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UMA EXISTÊNCIA PARA DESCANSO

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az algum tempo, em uma das regressões de memória que tive, lembrei de uma existência tranquila e sem contratempos vivida no século XIX na Irlanda. Aquela existência, comparada com outras que me lembrei de ter tido antes e depois, pareceu-me ser uma existência de descanso, para recuperar as forças antes de continuar a luta de novas provações e resgates de dívidas contraídas em existências anteriores. Seria isso mesmo? Apesar de ter estranhado o fato, acabei esquecendo de investigar mais a fundo tal possibilidade. Como que para me lembrar desse acontecimento, recebi há alguns dias uma consulta de um irmão espírita sobre o mesmo assunto: “É possível que um Espírito seja enviado para uma existência com o objetivo de repousar após grandes lutas em encarnações anteriores e antes das próximas?” Essa consulta fez voltar minha atenção novamente para o intrigante tema. Tendo procurado uma resposta na Codificação e nas obras consideradas subsidiárias, não o encontrei abordado.1 No entanto, talvez inspirado por algum amigo do mundo espiritual, conclui que encontrar uma explicação precisa em uma dessas respeitáveis obras não seria imprescindível. Afinal, a humanidade segue em frente e é inevitável que ocorram situações que não existiam antes e que, por esse motivo, não tenham sido ainda comentadas. Ocorreu-me, então, que um dos ensinamentos mais importantes que o insigne, sábio e livre pensador Allan Kardec nos legou foi que submetêssemos tudo o que lêssemos ou ouvíssemos ao crivo da razão e do bom senso. Desse modo, não estamos perdidos nem desamparados 16

para meditar sobre qualquer questão. Refletindo, portanto, sobre a questão que me preocupava (“É possível termos uma existência de descanso?”) cheguei a uma conclusão que ora apresento ao amigo leitor. As leis humanas preveem um ou dois dias de folga para cada cinco ou seis dias trabalhados, um mês de férias para cada onze e concedem aposentadoria quando o

trabalhador tiver determinada idade e tempo de trabalho. Sabemos que as Leis de Deus são infinitamente mais justas, amorosas e compreensivas que as humanas. Por que, então, seria vedado ao Espírito ter uma existência de descanso após ele ter vivido diversas outras, cheias de provas e expiações? Certamente não. Faz todo sentido que as Leis de Deus nos concedam uma ou mais existências para repouso, pelo menos enquanto ainda somos crianças espirituais fazendo muitas escolhas erradas, acumulando, assim, dor e sofrimento em nossa caminhada.


Quando falamos “uma existência de repouso” não estamos, de modo algum, supondo que será uma existência em que o Espírito poderá ficar “de papo para o ar”, sem fazer nada. Não é isso, certamente. O aposentado que fica inerte adoece mais cedo e passa um final de vida infeliz. Uma existência de repouso só pode ser uma existência sem expiações e com provas limitadas às que o próprio Espírito se impuser ao utilizar melhor ou pior o seu livre-arbítrio. Aquela existência que mencionei mais acima foi assim. Trabalhei, constituí família, tive uma vida sem sobressaltos, o que me possibilitou fazer escolhas razoáveis, não aumentando meu comprometimento com a Lei de Deus. No entanto, refletindo agora, vejo que poderia tê-la aproveitado muito mais. Se nos for dada a benção de termos uma existência de repouso, é essencial que saibamos aproveitá-la ao máximo, o que, lamentavelmente, não fiz daquela vez. Para isso, façamos brotar já, na atual existência, a dádiva da caridade, essa semente implantada em nosso ser espiritual há muitos séculos e até hoje quase inerte e adormecida. E, para não nos deixar desequilibrados, com a asa da moralidade muito maior que

a do saber, estudemos com afinco todas as áreas de conhecimento que pudermos. Sempre adiante, olhando para trás apenas para aprender com nossos erros e nossos acertos passados, visando não repetir os primeiros e aplicar repetidamente o que nos ensinaram os segundos, cada vez com mais perfeição. Finalmente, sejamos eternamente gratos a Allan Kardec pela dedicação e o trabalho que teve para Codificar a Doutrina Espírita, esse manual de vida sem igual que os nobres Espíritos da falange de Jesus, em sua imensa bondade, queriam nos legar. E saibamos, sem sombra de dúvida, que qualquer facilidade que as leis humanas possam nos oferecer, jamais será senão uma pálida imagem daquelas que as Leis de Deus estão sempre a nos ofertar.

1 - No Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo III, item 3, lê-se que os Espíritos teriam dito que os Mundos de Regeneração “são mundos onde as almas que ainda têm o que expiar haurem novas forças, repousando das fadigas da luta”. No entanto, a questão que nos ocupava era outra, uma existência de descanso nesta mesma Terra, que ainda é um mundo de provas e expiações.

Renato Costa foi conferencista do Congresso Espírita da FEESP 2011 e 2014. É articulista, escritor e palestrante espírita. Contato: rsncosta@terra.com.br

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PARÁBOLA DOS TRABALHADORES DA ÚLTIMA HORA

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entre as parábolas de Jesus, há aquelas que, pela sua clareza e simplicidade, são de fácil entendimento, enquanto outras há que apresentam dificuldades à nossa compreensão, na medida em que, de certa forma, parecem contradizer o senso comum. Dessas últimas, trataremos especificamente, neste artigo, daquela denominada Parábola dos Trabalhadores da Última Hora (Mt, 20:1-16). Mas vejamos antes um breve relato da mesma. Jesus nos afirma que o reino dos Céus é semelhante a um pai de família que sai de manhã bem cedo para admitir trabalhadores para sua vinha e que, chegando à praça, contrata aqueles que lá se encontram, pelo salário de um denário por dia. E ele faz o mesmo à terceira, sexta e nona hora do dia. Por fim, na undécima hora ele ainda encontra alguns trabalhadores na praça e, informado de que ninguém os havia contratado, ele os chama para sua vinha. Ao final do dia, o proprietário realiza o devido pagamento, iniciando pelos últimos e pagando um denário a cada um. E assim prossegue com os demais, até chegar aos primeiros trabalhadores, a quem também paga um denário. Estes então se revoltam com a atitude do proprietário, pois, como recebiam o mesmo se haviam trabalhado mais? Este, então, lhes recorda que o combinado com eles era um denário e que, se decidira pagar o mesmo aos demais, isso não lhes dizia respeito. A princípio, essa narrativa nos causa uma certa perplexidade, pois também a nós não parece justo que pessoas de igual qualificação e que trabalhem uma quantidade distinta de horas, recebam ao final o mesmo salário. A parábola exige, portanto, um exame mais detido, a fim de que possamos desvendar a mensagem que o Mestre intenta nos transmitir. Nesse sentido, discorreremos em seguida acerca de algumas interpretações dadas à parábola. Cabe observar, inicialmente, que o pai de família é a representação de Deus, a vinha é a imagem do mundo, e os trabalhadores representam a Humanidade, ou seja, a nós mesmos. Em O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. XX, Allan Kardec nos transmite o entendimento de um nobre Espírito. Segundo este, os trabalhadores da primeira hora são os profetas, Moisés e o próprio Mestre, aos quais se seguem os Apóstolos, Mártires e demais vultos do Cristianismo, até chegar aos trabalhadores da última hora, que são os Espíritas. Estes recebem o mesmo salário, na medida em que se beneficiam do trabalho intelectual realizado pelos seus antecessores. Isso quer dizer que, embora acrescentem apenas algumas pedras ao edifício levantado por seus predecessores, eles desfrutam, contudo, de toda a 18

construção intelectual, que recebem por herança cultural. O autor espírita Paulo Alves Godoy, apresenta um enfoque distinto, pois enquanto o entendimento anterior concede uma nota positiva aos antecessores, aqui ocorre o contrário. Assim, os trabalhadores da primeira hora seriam os fariseus, aferrados ao personalismo e a princípios arcaicos e petrificados; a eles se seguem os cristãos da Idade Média, presas inertes da fé cega, e os filósofos da Idade Moderna, impotentes diante do materialismo avassalador. Por outro lado, os trabalhadores da última hora são os cristãos-novos, que lutam contra o obscurantismo e buscam a verdade como paradigma. Estes são aqueles que atendem a voz do pastor, no sentido de restabelecer na Terra as primícias do Vero Cristianismo (As maravilhosas parábolas de Jesus, pág. 65). Para Cairbar Schutel, outro eminente escritor, os trabalhadores da primeira hora são aqueles que desperdiçam o seu tempo aplicando mal os seus dons e habilidades: são os mercenários, escravos do dinheiro, do materialismo e da ganância, que buscam satisfazer tão somente os seus interesses egoístas. A eles se contrapõe o trabalhador da última hora, isto é, o verdadeiro operário, aquele que aproveita bem o seu tempo, empenhando todo esforço e dedicação no cumprimento das obrigações, visando o seu próprio progresso. Ao constatar que estes se contam em número reduzido, Cairbar retoma aquela frase já dita pelo Mestre: grande é a seara e poucos são os trabalhadores! (Parábolas e ensinos de Jesus, pág. 25). Finalmente, olhando sob a ótica da reencarnação, o autor espírita José de Sousa e Almeida, enfatiza que não é a quantidade de trabalho que importa e sim a qualidade. Assim, para ele, os trabalhadores da primeira hora são os Espíritos com maior número de reencarnações que, todavia, não apresentam o adiantamento espiritual que deveriam ter, apesar das maiores oportunidades de experiência e progresso. Já os trabalhadores da última hora são os Espíritos mais novos que, contudo, fazem melhor uso do livre arbítrio e da inteligência e, por isso, avançam mais depressa. É nesse sentido que o autor resgata aquela frase do Mestre, quando diz que os primeiros serão os últimos e os últimos os primeiros a ganhar o Reino do Céu (As Parábolas, Cap. X). Neste ponto do artigo, gostaríamos de apresentar nossa modesta contribuição ao entendimento da parábola narrada por Jesus, escusando-nos, de antemão, por tal pretensão, diante do que já nos foi trazido por autores consagrados da lide espírita. De um ponto de vista estático, isto é, observando o mundo num dado instante do tempo, constatamos que este é composto de indivíduos bons e imperfeitos, e isso


reflete a própria condição evolutiva de cada Espírito atuante em nosso orbe. Por outro lado, de um ponto de vista dinâmico, ou seja, considerando esse mesmo mundo se deslocando numa linha infinita do tempo, verificamos que todos os Espíritos, independentemente de seu grau evolutivo, alcançarão a mesma meta, como atesta o próprio Kardec: todos se tornarão perfeitos (O Livro dos Espíritos, q. 116). Em outras palavras, todos receberão o mesmo salário, tanto os trabalhadores da primeira como os da última hora. E aqui compreenderemos, afinal, que, em essência, somos todos iguais perante Deus, cujo infinito Amor se estende a todos, sem privilégios de qualquer espécie, pois, conforme assevera Kardec: todos são iguais diante dEle (O Livro dos Espíritos, q. 803). Isto não quer dizer que Deus aprove todos os nossos atos e por isso, para efeitos práticos, conviria que também nós tivéssemos sempre em mente a distinção entre ato e pessoa. Assim, podemos aprovar ou desaprovar os atos de alguém, oriundos de sua sabedoria ou ignorância, mas, por outro lado, devemos sempre manter o respeito fundamental pela pessoa, cientes de que, em essência, estamos diante de um igual. Vejamos um exemplo dessa atitude: na Índia, quando uma pessoa encontra outra, coloca as mãos postas diante de si, como que em atitude de prece, e diz: namastê! Esta palavra significa: o deus que habita no meu coração saúda o deus que habita no seu coração. E a questão é: a quem a pessoa diz isto? Será somente a seus familiares, amigos e conhecidos? De forma alguma, pois isso deve se estender a todo e qualquer indivíduo. Do nosso ponto de vista, poderíamos dizer que o Deus que nos habita não é mais do que a lei de Deus escrita em nossa consciência (O Livro dos Espíritos, q. 621). E o Amor infinito de Deus por todos os seres se manifesta através da Providência Divina, que faz nascer o sol

tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos (Mt, 5:45). É em decorrência disso que a sua Divina Misericórdia nos oferece a benção da reencarnação. E assim, nós os trabalhadores da última hora, que já fomos anteriormente os da primeira hora, deixemos de lado o hábito da comparação, cientes de que, em todas as circunstâncias, o que importa é o nosso dever e não o do próximo. E se ainda perambulamos como andarilhos desnorteados pelos caminhos da vida, realizemos a correção de rumos, buscando o devido esclarecimento à luz da Doutrina Espírita. Por outro lado, se já somos trabalhadores conscienciosos, saibamos que aquele que está à frente deve auxiliar o que vem na retaguarda; este, por sua vez, ajuda ao que lhe vem logo atrás, e assim por diante, de maneira a formarmos uma longa corrente fraterna. Saibamos, enfim, que o cristão sincero deve pregar mais pelo exemplo que pela palavra. Realizar tudo isso não é tarefa fácil, pois demanda um tremendo esforço associado a uma tenaz persistência; daí que, ao constatar isso, já reconhecia o Mestre, ao final da parábola, que muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos (Mt,20:16). Esforcemonos, portanto, para valorizar nossa atual encarnação, colocando-nos entre os escolhidos para trabalhar na seara de Jesus, nesses tempos cruciais que constituem a última hora de um orbe de provas e expiações, mas que já anunciam os alvores de uma nova era de regeneração.

Rembrandt - Parábola dos Trabalhadores na Vinha, Museu Hermitage

Roberto Watanabe é expositor da Área de Ensino da Federação Espírita do Estado de São Paulo.

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O DÍZIMO E A CASA ESPÍRITA

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dízimo já era praticado antes da vinda de Jesus. Encontra-se muito claro no Antigo Testamento e significava a décima parte consagrada a Deus. A Lei requeria que a décima parte do grão, do vinho, do azeite produzido a cada ano, assim como os primogênitos dos rebanhos e das manadas, e de tudo mais que se produzisse, fosse entregue aos levitas e sacerdotes, com o objetivo de manterem os templos em funcionamento. Podemos constatar essa prática no Pentateuco: terceiro livro (Levítico, 27:30-32.), no quinto livro (Deuteronômio, 14:22.), e ainda em Neemias, 10:32., nos livros históricos. O interessante, ao abordarmos essa questão, é percebermos que Jesus não o condenou, mas foi além ao dizer: “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Pois que pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e

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desprezais o mais importante da lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas sem omitir aquelas.” (Mateus, 23:23.) O que podemos aferir dessa advertência de Jesus é que Ele, em momento algum, criticou ou proibiu a ajuda monetária à manutenção dos templos, mas, cobrava, sim, o cumprimento da Lei de Amor, convidando todos ao exercício da beneficência, da indulgência e do perdão. Vivendo em um mundo material, não ignorava as necessidades básicas para a sobrevivência do que quer que fosse material – templo ou corpo físico. E se isso era verdadeiro na época de Jesus, muito mais o é hoje. Assim, se transportarmos tudo isso para a Casa Espírita, independentemente de sua dimensão ou complexidade de funcionamento, perceberemos, sem qualquer sombra de dúvida, que os recursos financeiros são fundamentais para que ele se mantenha de portas abertas. Cada Casa Espírita possui uma dinâmica de trabalho e sabe do que necessita para atender às suas necessidades. Por essa razão, cabe a cada um de nós que frequentamos o grupo, contribuir espontaneamente, no limite de nossas posses (financeiramente ou tempo disponível) – o óbolo da viúva é o mais claro exemplo -, para a manutenção desses pronto-socorros em funcionamento, voltados para o atendimento aos necessitados do corpo e da alma, como já estivemos um dia. Todavia, é de suma importância não confundirmos atividades destinadas à manutenção física da instituição com a cobrança pela assistência espiritual, envolvendo o passe magnético, as reuniões mediúnicas de desobsessão ou a venda de água magnetizada, por exemplo. Qualquer atividade de assistência espiritual que envolva o concurso dos Espíritos deve ser totalmente gratuita, lembrando a assertiva de Jesus aos discípulos: “Curai os enfermos, expeli os demônios; dai de graça o que de graça recebeste.”


Mas, também, é que a venda de quadros, elaborados nas reuniões de pintura mediúnica e a de livros psicografados são sempre revertidas – independentemente dos custos materiais que eles envolvem para suas elaborações – para as obras de assistência social que a instituição desenvolve. É difícil imaginar uma casa espírita sem seu braço social, porque contraria um dos pilares da Doutrina Espírita: Fora da caridade não há salvação. Ambas as formas de assistência devem seguir paralelas em atendimento à saúde integral do homem: pão para o corpo, pão para o Espírito. Com afirmação que faz e o preceito que estabelece, o Mestre determina que não se deve cobrar por aquilo por que nada se pagou. O dom de curar, de afastar os Espíritos não evangelizados, de levar

alívio aos que sofrem, tudo isso foi dado de graça por Deus. Como colocar preço no sorriso que recebe o assistido na casa de Jesus? A entrevista que orienta e alivia, a palestra que consola, esclarece e reconforta, o passe que acalma, minimiza e cura a dor, como cobrar por isso? Não se pode, porque não se pode colocar preço no que emana do coração. Mas, diferentemente do dízimo obrigatório, o espírita não deveria se furtar a colaborar materialmente com a Casa que o acolhe e lhe proporciona as oportunidades de trabalho para sua elevação espiritual, doando um pouco do muito que recebe todos os dias – em atendimento ao convite de Jesus – e ajudar, pois toda colaboração é muito bem vinda se vier em nome do Mestre de todos nós.

Leda Maria Flaborea é Pedagoga, expositora da Área de Assistência Espiritual da Feesp. Articulista de vários periódicos espiritas impressos e virtuais.

SÁBADOS, ÀS 16 H. RÁDIO BOA NOVA 1450 AM COM ALEXANDRA STRAMA 21 O SEMEADOR Internacional


MEDIUNIDADE E EDUCAÇÃO

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“Espíritas: amai-vos; este o primeiro ensinamento; instruí-vos; este o segundo.”*

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odas as chagas morais da sociedade são provenientes da má educação, da falta de instrução e de estudo. É pela educação que as gerações se transformam, se aperfeiçoam, aprendem a governar-se, conduzir-se como seres conscientes e racionais. Todos temos necessidade de instrução, tanto intelectual quanto espiritual e também de amor. Através do amor valorizamos a vida e pela sabedoria somos pela vida valorizados. Portanto, amor e sabedoria devem caminhar sempre juntos. Estudar e servir são rotas inevitáveis na obra de elevação, em qualquer plano de vida. O conhecimento dá início à nossa libertação, colocando-nos a caminho de novos horizontes, com boas oportunidades de fazer as melhores escolhas, para que as nossas ideias e exemplos reflitam os ensinamentos que Jesus nos deixou, através do seu Evangelho. Quando se lançavam na França, os fundamentos do Espiritismo, iluminadas entidades que organizavam a Codificação, utilizandose da personalidade missionária de Allan Kardec, já despertavam os obreiros para a necessidade da instrução, com a comunicação do Espírito de Verdade exortando incisivo: “Espíritas: amai-vos; este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo”. Então, há muito que a Espiritualidade Superior vem conclamando, insistindo, através de sucessivas mensagens, pela necessidade do estudo e do trabalho nas fileiras renovadoras do Espi22

ritismo. Dessa forma, amor e instrução têm sido a palavra de ordem dos mensageiros de Cristo. E os obreiros da vez somos nós, na condição de medianeiros, de receptores da Espiritualidade, temos o dever de nos colocar em condições de mais amplo discernimento em relação à vida dos homens e do Espírito, nos afinizando com os princípios elevados, através do estudo e da fixação dos ensinos espíritas. A maioria dos homens habituou-se a crer que médium só é aquele que, em trabalhos mediúnicos, psicografa, fala, ouve ou vê os Espíritos, alivia ou cura os enfermos. Esse é o pensamento errôneo, geralmente, difundido além das fronteiras do Espiritismo, pois ao discutirmos tema elevado, em qualquer lugar e hora, somos, muitas vezes, intérpretes de Espíritos sérios, que de nós se aproximam, atraídos pela seriedade da conversação. Ao contrário, em momento de invigilância vocabular, no trato com problemas humanos, atraímos Espíritos desajustados, que sintonizados conosco, nos fazem porta-vozes de suas induções. Com as luzes da Doutrina Espírita o médium educar-se-á para vigiar as próprias comunicações e aplicar sua faculdade para o bem de todos. O Espiritismo oferece regras normativas para o bom exercício da mediunidade, tornando-a fonte de luz e esclarecimento, para que o medianeiro não caminhe às cegas, sem rumo. O médium que se dedica ao aprendizado possibilita a sua própria defesa resguardando-se dos processos obsessivos, vigia a própria vida, disciplina


as emoções, cultiva as virtudes cristãs e oferece ao Senhor, multiplicados os talentos que, por empréstimo, lhe foram confiados e estará no silêncio de suas dores, preparando o seu caminho de elevação para o Alto, exercendo sua mediunidade com Jesus. Conforme advertência de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo XVI, item 6: “O médium que não se instrui, é operário negligente, cuja ferramenta será destruída pelas traças ou roubada pelos ladrões”. A Doutrina Espírita é portadora de importantes informações que oferecem ao médium segurança e harmonia íntima, porém requer demorado e frequente estudo, e bem estruturada reflexão para que me-

lhor assimilada, seja mais facilmente vivida. Os Benfeitores Espirituais estudam sempre para se tornarem mais úteis no esclarecimento e no consolo. Se nós médiuns esperamos auxílio de nossos protetores amigos, é lícito que os mentores espirituais, também, esperem o nosso esforço para o bom desempenho das tarefas que nos foram confiadas. Aprofundemos, por nossa vez, o pensamento no estudo da revelação kardequiana, reservando algum tempo do dia, da semana, ao estudo frequente, a fim de nos impregnar da convicção e da renovação indispensáveis à preservação do patrimônio espiritual com o qual despertaremos além da vida orgânica.

Maria Margarida Moreira Expositora e articulista de jornais e revistas espíritas

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Matrículas Abertas CURSO O QUE É O ESPIRITISMO

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EDUCAÇÃO CASTRADORA OU REPRESSORA

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“O homem nasce bom e a sociedade o corrompe“ Jean Jacques Rousseau

criança se desenvolve através dos cuidados dos pais, se não houver uma atenção especial, ela terá dificuldades no seu desenvolvimento moral, cognitivo e psicológico. Conforme a Doutrina Espírita, a reencarnação se completa aos sete anos de idade. Desta forma, quando falamos com a criança, nós estamos falando com o espírito, pois ele não está totalmente reencarnado, ele capta toda rejeição e maus tratos. Educação castradora é repressora, ou seja, igual a agressão moral e física. A agressão moral acontece por meio de palavras que humilham, ameaçam e atemorizam. Ocorre também quando fazemos comparações com outras crianças (irmãos), desprestigiando suas habilidades. Também quando se chama a atenção da criança na frente de outras pessoas, usar palavras de baixo calão, não escutar suas queixas etc. Já a agressão física é quando a criança recebe maus-tratos físicos como surras, agressões e mesmo abuso sexual. Ambas causam traumas psicológicos, baixa autoestima, pelo fato da criança não se sentir amada, e se o espírito já trás um histórico de rejeição, depressão, pânico, ou suicídio, o quadro se agrava muito. A rejeição pode ocorrer ainda quando a criança está no ventre materno, numa gravidez indesejada, por exemplo, cuja mãe ou outros envolvidos dirigem palavras de desdém ou de não aceitação ao bebê. As consequências de uma educação repressora podem ser variadas como a depressão, transtorno de pânico, transtorno de humor, ansiedade, agressividade, suicídio, dependência de drogas, jogos etc. Em uma investigação de análise, o psicopedagogo investiga as dificuldades de aprendizagem da criança, do adolescente, do adulto, desde o período da gestação, até o momento da dificuldade apresentada pelo aluno. Uma educação repressora ou castradora inibe a criatividade, causa traumas psicológicos, inibe a aprendizagem, podendo, essas dificuldades, se estenderem por toda a vida, caso não seja diagnosticada por um profissional. Uma educação repressora também pode

desenvolver conflitos nos relacionamentos sociais, no trabalho, na união conjugal. Os pais, ao se divorciarem, devem evitar brigas na frente das crianças, não falar mal do outro para criança, entendendo que os filhos serão sempre filhos. A reencarnação explica os mecanismos da justiça divina, portanto, a importância de uma boa educação é tarefa dos pais, pois o lar é um reencontro de almas, de afetos e desafetos do passado, para buscarmos o caminho do amor e do perdão, da reconciliação. “Os laços de sangue não criam forçosamente os liames entre os Espíritos. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porquanto o Espírito já existia antes da formação do corpo. Não é o pai quem cria o Espírito de seu filho; ele mais não faz do que lhe fornecer o invólucro corpóreo, cumprindo-lhe, no entanto, auxiliar o desenvolvimento intelectual e moral do filho, para fazê-lo progredir.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIV, item 8) Esclarecendo essas informações vamos ver o que a Dra. Anete Guimarães “De 0 a 6 meses de vida, o Espírito fundamenta o seu “Eu” e forma a base da sua personalidade. Entre 6 meses e 4 anos de vida já começa a ter a consciência de sua nova vida atual, e dos 4 aos 7 anos de idade, começam a estabelecer as hierarquias, o julgamento de valores. Aos 7 anos o sistema orgânico (corpo) já está totalmente ligado ao espírito.” (Dra. Anete Guimarães – psicóloga e oradora espírita.)

Albertina Veigas Expositora e palestrante da FEESP

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A Indulgência com os nossos irmãos

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ueridos irmãos em Cristo Jesus, Paz e Luz nos corações de todos, hoje e sempre! O Mestre amado em todas as suas exemplificações, quando encarnado entre nós, procurou o caminho da tolerância para que pudéssemos resolver os grandes problemas existenciais que nos acometiam. Legou-nos desde a sua infância, nos propósitos de executar a Sua Missão Divina, a busca da ação do amor nas relações com seus companheiros e familiares de jornada. A Educação do Mestre amoroso a expressão de um Pai de Misericórdia se fazia presente, mirando na renovação dos corações e no esclarecimento das mentes. Embora pelos relatos do Novo Testamento, a indulgência do Mestre de paz seja mais presente em duas passagens significativas, o da “Mulher Adúltera” e dos seus “últimos momentos de sacrifício da cruz”, a bondade e o perdão de Jesus, contudo, sempre esteve nos seus mínimos atos. Compreendia o Messias Redentor as necessidades dos Espíritos, que se achegavam a Ele, de conhecerem a valor do perdão, numa sociedade enraizada no preconceito, na cultura do orgulho, no separatismo de classes e etnias, no cultivo do escravismo. A Sua Missão foi a de trazer a estrada da Indulgência, banhada no Amor e na Igual-

dade dos homens, a demonstrar um Pai Amoroso, que trata todos os filhos da mesma forma, ofertando o sol, a chuva; o dia e a noite; o tempo e o corpo físico, para a expressão de Sua Vontade Divina, através do livre- arbítrio. Conhecedor das Instituições humanas, o próprio Mestre exercitou na vivência a lição da Indulgência; favorecendo, em todos os estágios de sua atuação no mundo, a renovação de uma concepção de família humana, legando os tesouros do perdão, da solidariedade e da fraternidade dos Espíritos do Bem, que vigoram em todos os recantos da Sociedade Universal em que o amor predomina. Paz e Luz! Espírito: Augusto Militão Pacheco Psicografia: Rosalino Pansica Médium do grupo de Psicografia Literária da FEESP 2015

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