FUNDADA EM 12 DE JULHO DE 1936
NOVEMBRO DE 2015 Nº 912
O SEMEADOR Internacional ÓRGÃO DA FEDERAÇÃO ESPÍRITA DO ESTADO DE SÃO PAULO FUNDADO EM 1º DE MARÇO DE 1944
www.feesp.org.br
| e-mail: redacao@feesp.org.br
71
Público de várias cidades prestigia a 11ª Festa Kardec que cresce a cada ano
R$ 6,50
Sumário
3 5 6 8
10 13
Editorial
O desencarne é o fim? Programação de Palestras Públicas
EXPEDIENTE Revista bimestral Assinatura anual: R$ 36,00 Fundado em 1º de março de 1944, por Marta Cajado de Oliveira (Diretora Responsável 1896/1989); Pedro Camargo “Vinícius” (Diretor Gerente - 1878/1966) e Cmte. Edgard Armond (Diretor Secretário - 1894/1982).
Palestras públicas na FEESP
Conselho Editorial Silvia Cristina Stars de Carvalho Puglia, Fátima Luisa Giro, Paulo Sergio de Oliveira.
Albertina Veiga
Editor: Altamirando Dantas de Assis Carneiro (MTb 13.704) As opiniões manifestadas em artigos assinados, bem como nos livros anunciados são de responsabilidade de seus autores, não refletindo, obrigatoriamente, o pensamento da Revista O Semeador Internacional, de seu Conselho Editorial ou da FEESP. Redação: Rua Maria Paula, 140, 3º Andar, Bela Vista, São Paulo – SP, CEP 01319-000 – Tel.: (11) 3115-5544 - Ramal 224 Administração: Rua Maria Paula, 140 – Edifício Allan Kardec, 8º Andar, Bela Vista, São Paulo – SP, CEP 01319-000 – Tel.: (11) 3115-5544 – Fax.: (11) 31042344.
Akrasia - fraqueza da vontade Roberto Watanabe
Parabola do administrador infiel João Demétrio Loricchio
A Lei da Igualdade e seus oito princípios Umberto Fabbri
A educação é o melhor presente para nossos filhos
14 Obediência e resignação 16 Sentimentos e doação 17 Auto evangelização e empatia 18 Principais datas de novembro 20 11ª Festa Kardec Paulo Oliveira
Roberto Vilmar Quaresma Leda Maria Flaborea Alceu Nunes Especial
Portal: www.feesp.org.br E-mail: redacao@feesp.org.br Registrado de acordo com os artigos 136-131 do Decreto Federal 4.853 de 1939. CNPJ 61.669.966/0014-25 – Inscrição Estadual: 114.816.133.117 Assistência Social da FEESP: Casa Transitória Fabiano de Cristo, Av. Condessa Elizabeth de Robiano, 454, Belenzinho, São Paulo – SP, Tel.: (11) 2797-2990 Casa do Caminho, Av. Moisés Maimonides, 40, Vila Progresso, Itaquera, São Paulo – SP, Tel.: (11) 2052-5711 Sede Santo Amaro: Rua Santo Amaro, 370, Bela Vista, São Paulo – SP, Tel.: 3107-2023 Centro de Convívio Infanto-Juvenil D. Maria Francisca Marcondes Guimarães – Rua França, 145, B. Bosque dos Eucaliptos, São José dos Campos – SP Diretoria Executiva: Presidente: Zulmira Hassesian Vice Presidente: João Baptista do Valle Diretor da Área de Assistência e Serviço Social: Eli de Andrade Diretora da Área de Ensino: Irene Barbara Chaves Diretora da Área de Assistência Espiritual: Alice Lopes de Paula Diretora da Área de Divulgação: Silvia Cristina Stars de Carvalho Puglia Diretora da Área de Infância, Juventude e Mocidade: Vera Lúcia Leite Diretora da Área Financeira: Guiomar Cisotto Bonfanti Diretora da Área Federativa: Nancy César Campos Raymundo Presidente do Conselho Deliberativo: Célia Veloso Silveira Cunha Editoração: TUTTO (11) 2468-3384 Impressão: Gráfica Brasil (11) 3266-4554
Editorial
Para esclarecimentos sobre o Dia de Finados, colocamos nesse editorial, a psicografia recebida pelo médium Rosalino Pansica, ditada pelo Espírito Herculano Pires.
O desencarne é o fim?
P P
ercorridos séculos de atividades do Espírito no orbe terrestre, a história da humanidade é descrita como a ciência empírica da pesquisa minuciosa, com a finalidade de colher respostas do passado e apresentar soluções para o futuro. As civilizações produziram as páginas da estrutura do nosso planeta atual. Nelas a mescla coletiva das experiências dos Espíritos, no processo do reencarne, edificaram as instituições. Dentro dos enigmas vividos por milênios, no bojo das perquirições dos povos e de suas lutas na conquista do autoconhecimento, a morte teve e tem, ainda, a sua influência nos destinos de cada andarilho na estrada da evolução. Nascer e morrer tornaram-se temas imensamente abordados pela filosofia existencial. A ciência, incumbida da preservação dos interesses da vida, computou nas suas árcades a tarefa de desvendar a evolução antropológica do corpo físico: do reencarne até o apagar das luzes no esgotamento da vitalidade. Mas a questão da morte, do desencarne, só veio iluminar mentes e consolar os corações quando o Consolador Prometido, pelo Divino Rabi da Galileia com as fontes de conhecimentos informatizados pelos Espíritos, foi codificado pelo mestre Lionês Allan Kardec. A morte deixa de ser questão enigmática na filosofia das civilizações, deixa de ser fim nos recônditos das instituições que educam e que legislam, que historiografam a existência, para revolucionar o conceito do “fim da vida”, reintroduzindo o conceito de um Deus Justo, Criador Incessante dos Espíritos, das moradas universais, onde o amor é fonte para a trajetória além-túmulo, imortalizando a existência de cada ser vivo. Por esses motivos a história da humanidade, a partir do advento do Espiritismo-Cristão, pelas falanges de abnegados missionários e junto à presença do Espírito de Verdade recebe nova interpretação. Forçosamente as cátedras do obscurantismo terão que rever conceitos. As ciências desvendarão os equí-
Silvia Cristina Puglia Diretora da Área de Divulgação vocos da filosofia da morte com “um fim”, a ajustar as civilizações futuras à interpretação dos valores sublimes da vida; trazendo novos rumos à pesquisa do Espírito imortal, que se torna secular em existências terrenas, mas milenar nas moradas universais. Paz esteja com todos! Herculano Pires (Do grupo de psicografia literária da FEESP) Silvia Cristina Puglia
O SEMEADOR Internacional
3
PALESTRAS PÚBLICAS E EVENTOS FEDERAÇÃO ESPÍRITA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ENTIDADE FEDERATIVA E ORIENTADORA DO ESPIRITISMO ESTADUAL
NOVEMBRO / 2015 01/11 10h domingo
TEMA: PRESENÇA DA MORTE PALESTRANTE: Manoel Vieira ATRAÇÃO MUSICAL: Marco Antonio/Barítono e Thiago Sivila/Piano
14/11 TEMA: FELIZ 18h30 PALESTRANTE: José Carlos De Lucca - Lançamento do sábado Livro “Feliz” 14h30 Sessão de autógrafos - 18h30 Palestra 15/11 10h
TEMA: A SAÚDE E A NOVA ERA PALESTRANTE: Américo Marques Canhoto ATRAÇÃO MUSICAL: Leandro Gomes/Violino e Sandra Carvalhaes/Piano
22/11 10h
TEMA: MISSÃO DO HOMEM INTELIGENTE NA TERRA PALESTRANTE: Ângela Pacheco ATRAÇÃO MUSICAL: Marco Antonio Silva/Barítono e Silvia Regina Orfão/Piano
28/11 18h
FILME: SEMPRE AO SEU LADO
29/11 10h
TEMA: CONFLITOS EXISTENCIAIS PALESTRANTE: Bernardeth de Brito da Silva ATRAÇÃO MUSICAL: Andrea Bien
domingo
domingo
sábado
domingo
ENTRADA GRATUITA Comentários e debates após o filme: Celisa Maria Germano
5
AKRASIA FRAQUEZA DA VONTADE
A A
fragilidade da alma consiste na entrega das paixões degradantes. As paixões degradantes é o entorpecimento do juízo, tal como o filho pródigo da parábola de Jesus. O filho pródigo retorna ao pai depois de experimentar às rudes lições dos excessos a que se entregou. O Pai está sempre de braços abertos para acolher os filhos transviados do caminho do bem, os que se entregaram as paixões que denigre a alma. A boa paixão conduz ao bem e a busca pela perfeição. Um bom professor tem paixão em ensinar, um bom médico em curar seus pacientes, o artista pela sua arte... A boa paixão proporciona leveza ao ser, o convida para uma vida bela. A arte de viver bem é buscar o equilíbrio e evitar a akrasia, que é a fraqueza da vontade, conforme Platão. Para Sócrates, os atos são sempre pensados racionalmente, portanto, o que há é mudança de comportamento pela ação da vontade. O ser pode conhecer, mas a fraqueza da vontade não permite a ação moral, então, ele cede às paixões. O ser, que cede à fraqueza da vontade perde o domínio sobre si mesmo, e o caminho do retorno à luz pode custar séculos para as devidas reparações. Perder o domínio sobre si mesmo é navegar nas águas turvas da existência, por caminhos sombrios, o cuidar de porcos, no sentido figurativo da parábola do Filho Pródigo. O ser, que controla a vontade, exerce juízo em suas escolhas e evita as más paixões. A sua reflexão sobre o bem e o mal está relacionado à sua moral e sua força de buscar a luz. A reflexão em escolher o que é bom, para evitar as consequências dolorosas para o futuro, é o melhor caminho. A existência na Terra é transitória e não ceder às ilusões, em favor da paz interior e para obter um futuro melhor, denota amadurecimento espiritual. O ser é dotado de todas as virtudes, que estão em potência, ao ser criado por Deus, à medida que evolui, através das reencarnações, elas se atualizam em um constante devir. 6
Conforme Santo Agostinho: “Todas as paixões têm seu princípio num sentimento ou necessidade natural. O princípio das paixões não é, portanto, um mal, uma vez que repousa sobre uma das condições providenciais de nossa existência. A paixão, propriamente dita, conforme habitualmente se entende, é o exagero de uma necessidade ou de um sentimento. Está no excesso e não na causa; e esse excesso torna-se mau quando tem por consequência um mal qualquer. Toda paixão que aproxima a pessoa da natureza primitiva a afasta de sua natureza espiritual. Todo sentimento que eleva a pessoa acima da natureza primitiva revela a predominância do Espírito sobre a matéria e a aproxima da perfeição.” (O Livro dos Espíritos, questão 908). Segundo Santo Agostinho, em seu Livro Confissões, somente Deus é permanente, imutável e incorruptível, por ser Ele a verdade. Mas, para ter esta certeza fundamentou-se na filosofia grega que afirma que é através da inteligência que o homem alcança a verdade, mas, inclui a necessidade de ações volitivas, passionais, virtudes práticas e, sobretudo, da graça de Deus, e o homem não pode tocar na verdade se não tiver a graça divina. Conforme Sócrates e Platão, os vícios eram grandes empecilhos para se encontrar com a verdade, sendo necessária uma vida de austeridade, equilibrar os desejos e o domínio sobre si mesmo e a ascese. A prática da virtude que o homem conseguiria alcançar o bem maior, o absoluto a felicidade. Segundo Sócrates, a virtude poderia ser comparada a ciência, pois poderia ser ensinada e praticada, através da razão, da vontade e da determinação moral, pois à medida que o homem aprende os valores morais aplica-os em um sentido universal. Em se conhecendo e aplicando, torna-se virtuoso. Platão submete à razão a busca da virtude e condena o hedonismo, pois a virtude encontra-se no meio. O ser que consegue o poder sobre si mesmo consegue constituir dentro de si mesmo a ordem, a harmonia, sendo a virtude a saúde da alma. Ambos acreditam que para se trilhar este caminho virtuoso faz-se necessário a pu-
Socrates tears Alcibiades from the embrace of sensual pleasure (1791), de Jean-Baptiste Regnault @ Louvre, Paris. rificação, ou seja, a função catártica. Portanto, é preciso fazer mortificação dos desejos da carne evitando uma vida hedonista, bem como, tudo aquilo que é inútil para o homem, aprisionando-o. Santo Agostinho relata o seu esforço para vencer os vícios, e também, percebeu que eles eram empecilhos para se chegar à verdade e a felicidade. Somente através da purificação de si mesmo é que permitiremos a libertação dos atos imorais que estão associados às paixões Para Spinoza (filósofo séc. XVII), a virtude é a causa principal de nossos pensamentos, sentimentos e ações. O vício, por sua vez, é submissão às paixões. O vício é deixar-se governar pelas causas externas, ou
seja, pelo encontro de corpos, que é a causa das paixões. Os homens, no encontro de corpos, estão submetidos às paixões humanas, (ódio, raiva, ciúme, inveja, preconceito, fanatismo, superstição, etc.) A virtude é tornar-se senhor das paixões, ou seja, ser produtor das próprias ações. O vício não é um mal, mas fraqueza da vontade. Nesse sentido, o ser virtuoso pode transformar as suas tristezas em alegrias, os seus fracassos em êxitos, a raiva em amor. Para Spinoza, somente Deus é livre, porque não é constrangido por nada. A reencarnação é um caminho ascendente que permite ao ser vencer os vícios e conquistar virtudes até chegar ao ápice da evolução, o estagio de Espírito bem aventurado.
Albertina Veigas Expositora e palestrante da FEESP
O SEMEADOR Internacional
7
PARÁBOLA DO
C C
Administrador Infiel
omo todos sabemos, Jesus nos trouxe boa parte de seus ensinamentos sob a forma de parábolas e alegorias, todas baseadas em fatos e situações da vida cotidiana. Essas narrativas primam pela sua beleza e simplicidade, carregando em seu âmago uma série de preceitos morais da mais alta importância a todo aquele que queira erigir o Reino de Deus em seu coração. É natural que apreciemos mais esta ou aquela parábola, seja pela estória em si, seja por calar mais fundo em nosso íntimo. Quanto a nós, havemos de reconhecer que nos toca mais de perto a Parábola do Administrador Infiel (Lc 16:1-16), na medida em que nos identificamos com a personagem criada pelo Mestre. Dito isso, passemos a um breve relato da parábola. Um homem rico convoca o seu administrador para que lhe preste contas antes de ser demitido, pois recebera a denúncia de que este dissipara os bens que lhe fora confiado. Face a uma situação futura de penúria, pois não conhecia outro ofício, o administrador traça um plano para que houvesse quem o recebesse em sua casa, após a iminente demissão. Chama então os devedores de seu patrão, um por um, e lhes reduz as dívidas substancialmente. E o homem rico então se admira da astúcia do administrador. Ao que Jesus conclui, com a seguinte recomendação: “Eu vos digo: fazei-vos amigos com as riquezas injustas, para que, no dia em que ela vos faltar, eles vos recebam nos tabernáculos eternos” (Lucas, 16:9). À primeira vista, esta narrativa nos causa uma certa estranheza, pois nos parece que Jesus tece um elogio a alguém que fora infiel na administração dos bens de seu senhor. Estaria o Mestre, por acaso, exaltando a desonestidade? É evidente que não, pois o que Ele faz é simplesmente expor uma situação que é, talvez, a da maioria de nós, Espíritos que ainda avançam vacilantes na sua senda evolutiva. Vejamos porque este é o caso. Sabemos que, nos ensinamenThe Adoration of the Kings, 1540, Jacopo Bassano (called Jacopo da Ponte, Italian High Renaissance Painter, ca. 1510-1592), 8
tos de Jesus, a figura do senhor ou do patrão é sempre uma representação de Deus. E quanto ao administrador infiel e aos bens que este dissipara? A princípio, o administrador infiel é todo aquele que administra mal os bens materiais de que dispõe e que não lhe pertencem de fato, pois, conforme nos lembra Fénelon, “o homem, sendo o administrador dos bens que Deus lhe depositou nas mãos, severas contas lhe serão pedidas do emprego que lhes dará, em virtude do seu livre arbítrio” (O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. XVI, 13). E administrar mal, neste caso, é dissipar os bens em atos pródigos que visam apenas à satisfação pessoal, ou então reter os bens numa atitude de avareza indiferente às necessidades do próximo ou da coletividade. Mas os bens que Deus nos deposita nas mãos, e que malversamos, não se restringem àqueles de natureza material, pois incluem também as posições de poder e de prestígio que utilizamos na exploração ou na humilhação do próximo, os dons da inteligência que aplicamos exclusivamente no interesse próprio ou para desviar mentes e corações do caminho correto, a saúde que dissipamos nos prazeres ou na ociosidade, enfim, a própria vida que não sabemos valorizar adequadamente. E se porventura não agimos dessa forma na atual existência, é muito provável que o tenhamos feito em existências anteriores, pois, senão, como explicar o fato de ainda estarmos a labutar
neste mundo de expiação e provas? As consequências da malversação dos bens que a Divina Providência nos confia são os diversos padecimentos que nos assolam, sejam a angústia e a melancolia, as neuroses e psicoses, as enfermidades de longo curso, os fracassos nos empreendimentos e as situações de penúria, etc. Como nos lembra Allan Kardec, “o homem sofre sempre a consequência das suas faltas; não há uma única infração à lei de Deus, que não tenha a sua punição” (O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. XXVII, 21). Todavia, não é somente pela dor que podemos resgatar as nossas faltas, e é isso exatamente que a parábola quer nos mostrar. Notem que, diante da demissão iminente, o administrador procurar angariar o favor dos devedores de seu patrão, para que estes o ajudassem nos momentos de necessidade. Da mesma forma, aqueles de nós que tenham malversado os bens do Pai da Vida, seja nesta ou em existências anteriores, podemos aplicar da melhor forma possível os recursos de que ora dispomos, buscando angariar amigos que intercedam por nós junto aos tabernáculos eternos. Assim, os que detenham vultosos recursos materiais, podem propiciar o trabalho que dignifica; os que ostentam saúde vigorosa, podem se dedicar ao labor honesto e edificante; os que desfrutam da luz da inteligên-
cia, podem difundir conhecimentos e valores de forma saudável, os que dispõem de poder e prestígio, podem agir tendo em vista sempre o bem da coletividade; os ofensores de ontem, podem, pela paciência e humildade, fazer dos antigos desafetos os amigos de hoje, e assim por diante. Por aí podemos notar a oportunidade ímpar que a Misericórdia Divina sempre nos oferece, para que possamos desfazer as nuvens sombrias que obscurecem nossas existências, conduzindo-nos, ao mesmo tempo, à luz do amor e da compreensão. É necessário, no entanto, termos plena consciência de nossa real condição, pois conforme nos lembra André Luiz: “O pretérito fala em nós com gritos de credor exigente, amontoando sobre as nossas cabeças os frutos amargos das plantações que fizemos...” (Ação e Reação, Cap.2). É preciso, também, que nos vigiemos constantemente face a possíveis recaídas, e que busquemos na prece a força e a paciência para podermos perseverar nos propósitos retificadores. É necessário, enfim, que não nos imobilizemos na apatia ou no sentimento de culpa e que, ao contrário, sigamos adiante, amparados nos preceitos do Divino Pastor consubstanciados nas claridades da Doutrina Espírita, cientes de que: “a quem muito foi dado, muito será pedido, e ao que muito confiaram, mais contas lhe tomarão”. (Lucas, 12:48).
Roberto Watanabe é expositor da Área de Ensino da Federação Espírita do Estado de São Paulo.
O SEMEADOR Internacional
9
A LEI DA IGUALDADE
P P
RIMEIRO PRINCÍPIO PRINCÍPIO DA IGUALDADE NA CRIAÇÃO
Segundo a razão e o bom senso, bem como a questão 803 do O Livro dos Espíritos, todos os Homens são iguais perante ao Criador e inclinam-se para o mesmo objetivo que é a busca da perfeição possível dentro da evolução de nosso planeta Terra. Dessa afirmativa deduz-se que todos os espíritos tiveram a mesma gênese e submetidos às mesmas Leis Naturais, sem privilégio para ninguém, pois Ele, o Criador, não seria infinitamente justo. Assim, o Espírito de Verdade, na resposta da questão 121, afirma que Deus criou o espírito simples e ignorante. Aqui ele diz “espírito” e não “homem”, entendendo-se como “simples” o princípio energético (princípio espiritual ou princípio inteligente) e não o significado de simplicidade, humildade e ignorância referindo-se, neste caso, ao ser humano. O Espírito de Verdade acrescenta na resposta da questão 540, dessa mesma obra, que “Na Natureza tudo se encadeia, desde o átomo primitivo até o arcanjo, pois ele mesmo começou pelo átomo”, demonstrando que todos os seres vivos tiveram o início no “princípio espiritual, ou princípio inteligente”, que é parte de Deus em nós, dando-nos a potencialidade de um co-criador, como bem afirmou o salmista no capítulo 82, versículo 06, Vós sois deuses, ensino reafirmado por Jesus, em João 10, versículo 34. O Mestre Nazareno determinou aos seus seguidores à máxima: Brilhe vossa luz, referindo-se a essa luz que já carregamos em nosso íntimo, a qual veio do Criador, só que ela se encontra opaca devido aos nossos deslizes e quedas no uso de nosso Livre Arbítrio, que tivemos na caminhada milenar para sair da ignorância e da simplicidade. SEGUNDO PRINCÍPIO PRINCÍPIO DA IGUALDADE PERANTE O TÚMULO Dentro da evolução que o espírito estagia em nosso orbe, ele ainda está sujeito a fazer uso de um corpo físico denso, da própria Natureza da Terra, que o recebe ao nascer (encarna) através da gestação da mãe e, após o cumprimento do seu ciclo e a perda da vitalidade or10
e seus oito princípios gânica, perde esse corpo denso pela chamada “morte orgânica” (desencarna). Assim, todos os Homens nesta caminhada evolutiva e reequilibradora estão submetidos às mesmas leis físicas e químicas, regentes atualmente no planeta, dessa forma, todos nascem e morrem biologicamente, sem exceção, pois o alegado que o profeta Elias e o próprio Jesus teriam subido aos céus com seus corpos materiais foram, na realidade, com o corpo espiritual visível, mantendo-se a igualdade perante o túmulo. TERCEIRO PRINCÍPIO PRINCÍPIO DA IGUALDADE PELA REENCARNAÇÃO Segundo a passagem evangélica registrada em Mateus (18:14) Não é vontade do Pai, que está nos céus, que um destes pequeninos se perca, pois, entende Ele, que durante as experiências adquiridas nas múltiplas reencarnações, entre acertos e erros, muitos sucumbiram por se deixarem se apegar, desequilibradamente, aos bens materiais. Do exposto vem á tona o questionamento de Jesus: Atire a primeira pedra quem nunca pecou? Deus pela sua infinita misericórdia nunca poderia condenar eternamente um seu filho por um erro advindo de sua inferioridade e ignorância de Suas Leis, tanto é verdade, que aplica a Lei da Natureza de nosso planeta Terra: a Lei da Reencarnação. Assim, dando nova oportunidade ao espírito que errou e caiu, a levantar-se e progredir a caminho de Deus. Não se perderá uma só ovelha. QUARTO PRINCÍPIO PRINCÍPIO DA IGUALDADE EM FACE A DOR Portanto, nessa jornada evolutiva do espírito e progressiva da matéria, uns podem aperfeiçoar-se mais rapidamente, por seus esforços e dedicações, alcançando o desprendimento da matéria e aproximação dos planos espirituais mais altos; enquanto, outros, desprezando os ensinos morais do cristianismo e apegando-se às armadilhas dos bens materiais, prende-se rigorosamente às energias densas da crosta terrestre, dificultando ao extremo a sua ascensão aos planos mais altos. Entretanto, aqueles que erram contra seu próximo ou contra a Natureza, ficam em débito por desequilibrar a harmonia das Leis Universais, tornando-se um desequilibrado ao seu meio
ambiente moral e social. Ora, quando se pratica um mal para seu próximo, leva-se angústia, medo, sofrimento e dor, e para haver um reequilíbrio dessas suas condutas entra em ação a Lei de Ação e Reação, o que levará em sua expiação, também, o sofrimento e a dor, a não ser que, arrependido de seu ato, regenera-se e segue o caminho do bem, aí, entrando a misericórdia de Deus. QUINTO PRINCÍPIO PRINCÍPIO DA IGUALDADE EVOLUTIVA A Humanidade precisa entender que a Terra já foi nossa casa planetária, é atualmente, e será ainda no futuro, até atingir-se o Mundo de Regeneração, que se avizinha, onde se regenera e se ganha equilíbrio, posteriormente, passando ao Mundo Feliz, com predominância do bem sobre o mal e, por fim, se alcançará o Mundo Ditoso, onde o espírito já completamente desprendido de toda matéria, perderá todo tipo de corpo físico e conquistará a pura luz, ou pura energia. A própria reencarnação tem por finalidade levar aos Homens a procura da igualdade evolutiva em ganhos morais e intelectuais, os quais só podem ser conquistados aqui, na crosta terrestre, por se encontrarem reencarnados espíritos de graus evolutivos de todos os tipos. SEXTO PRINCÍPIO PRINCÍPIO DA IGUALDADE PELO REEQUILÍBRIO Aqui em nosso orbe reencarnam todos os espíritos a ele vinculados, uns como missionários, outros com
oportunidade de se recompor de suas condutas desequilibradas do pretérito, assim, havendo uma diversidade evolutiva, para os mais adiantados ajudarem os ainda atrasados nessa caminhada. Razão da existência de duas sociedades para esse fim: Sociedade Material e Sociedade Espiritual; a primeira abriga espíritos de todos os tipos de evolução para conquista de graus mais altos; a segunda recepciona espíritos de mesmo grau de afinidade energética, mas também para ganhar planos ainda mais elevados, precisam retornar à crosta terrestre e progredirem. Errou-se muito no passado com conceitos e condutas advindos de crendices, tradições e superstições, desequilibrando e atrasando a evolução; hoje, retorna-se para o devido ajuste entre credores e devedores. Nessas sociedades, para a conquista e experiência do espírito imortal, este fará uso tanto de sexo masculino ou feminino, de renascer em uma nação, em uma raça, em uma crença ou outra, para seu aperfeiçoamento até atingir a luz. SÉTIMO PRINCÍPIO PRINCÍPIO DA IGUALDADE TOTAL
A codificação da Doutrina Espírita nos traz a inexistência de locais determinados nos planos espirituais como, o céu, o inferno e o purgatório, mas ensina que essas situações estão ligadas diretamente ao espírito, em sua aura, assim carregando em si o que conquistou pelas suas ações por pensamento, por palavra ou conduta. Portanto, não existem desigualdades eternas, mas relativas e provisórias, podendo dissipar essas trevas energéticas através das reencarnações e da boa vontade. Com esses conhecimentos de liberdade e igualdade que a Doutrina Espírita revelou para a Humanidade as próprias leis jurídicas estão se aprimorando e se aproximando às Leis Imutáveis de Deus, como exemplo, em nossa Constituição Federal, em seu artigo 5º, reza o seguinte: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza... Além de Jesus e Allan Kardec, tivemos grandes nomes que trabalharam para prosperar a igualdade entre os seres humanos, como Voltaire, Montesquieu, Rousseau, D’Alembert, Diderot e Quesnay. A Ciência, também, vem colaborar com a igualdade dos homens e demonstrar o engano dos preconceituosos, asseverando que no Brasil 11 O SEMEADOR Internacional
dos mais de 200 milhões de habitantes, mais de 60% dos que se julgam “brancos” têm sangue índio ou negro e, há brancos que são geneticamente negros e viceversa. Para a Ciência os genes do branco, negro, amarelo e vermelho têm princípios idênticos e diferenciamos dos ratos somente 10% de genes. Somos o país da miscigenação, somos um país de portas abertas para o mundo, onde se aconchega raças e religiões diversas, razão que Humberto de Campos titulou sua insigne obra como Brasil Coração do Mundo, Pátria do Evangelho. OITAVO PRINCÍPIO PRINCÍPIO DA IGUALDADE DIVINA Finalizando esse esboço sobre a Lei de Igualdade em nossa Humanidade, minutamos alguns registros bíblicos que indicam que essa igualdade é nascente dos planos superiores, aguardando a adequação pelos seres humanos para seguir a caminhada da perfeição possível aqui na Terra. Inicialmente, perguntamos: Qual o verdadeiro princípio da igualdade? Pelo que evidencia os ensinos cristãos o verdadeiro princípio da igualdade é o Amor, aquele que o ser humano procura a partir do “amor atrativo”, pelo sexo oposto; com o passar do tempo, entre ambos, desenvolve-se para o “amor irmandade” e, por fim, alcançar-se o “amor supremo”, onde não se distingue sexo, crença, raça e religião. Em poucas palavras Jesus resume: Amar O Próximo Como A Si Mesmo, ou seja, o amor recíproco entre todos e, quando não se é correspondido nesse amor, procurar entender através da empatia, as suas 12
imperfeições, suas dificuldades e seus desequilíbrios. Allan Kardec amplia essa atitude imprescindível para o após desencarne e para conquista de planos superiores: “Fora da Caridade Não Há Salvação”. Quando o codificador do Espiritismo pergunta ao Espírito de Verdade (L.E. questão 562ª): - Qual a natureza de suas ocupações? Tem como resposta: “Receber diretamente as ordens de Deus, transmiti-las por todo o Universo e velar por sua execução”, revelando a igualdade de conhecimentos para o único destino de todos: a perfeição. O Divino Mestre, ainda afirma: Basta ao discípulo ser como seu mestre, e ao servo como seu senhor (Mateus 10:25); Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai... (João 10:15); e haverá um rebanho e um Pastor; Eu e o Pai somos um. (João 10:34); o Pai está em mim e eu nele (João 10:38); por fim: Sois deuses. (Salmo 82:06) e (João 10:34) Esses ensinos, por interpretações errôneas, foram responsáveis pela criação de dogmas pela Igreja, que agora não vem ao caso, mas, na realidade, demonstram terem alcançados os mesmos conhecimentos e entendimentos, por terem afinidades energéticas para tanto, e não serem idênticos ou até o mesmo.
João Demétrio Loricchio foi conferencista do Congresso Espírita da FEESP de 2008, 2011 e 2014. É expositor, palestrante e articulista espírita de revista e jornais.
EDUCAÇÃO, O MELHOR
N
presente para nossos filhos
N
o cenário moderno podemos observar a grande luta da maioria das famílias para oferecer aos filhos uma boa educação. É natural supor que em um mundo extremamente competitivo, somente os melhores obterão o triunfo. Diversas aulas compõem a agenda lotada de muitas crianças e jovens; informática, línguas, atividades físicas, entre outras, tentam formar os futuros homens e mulheres vitoriosos. Todavia, nós, pais, precisamos refletir sobre algumas questões importantes e pontuar adequadamente o que seja o “vencer” – o bem almejado – e, a educação – a ferramenta para atingi-lo. Primeiramente falemos sobre o sucesso. A sociedade dita e estimula um perfil de êxito vazio e materialista. As posses, o dinheiro, o poder, e a influência são tidos como fatores que definem as pessoas bem-sucedidas. É evidente que não iremos desmerecer as conquistas materiais, que nos trazem conforto e progresso, entretanto, o que representa verdadeiramente o sucesso é “que somos” e não, “o que temos”. Theodore Roosevelt, presidente dos Estados Unidos, (1958-1919), disse uma frase importante sobre o sucesso: “O ingrediente mais importante na fórmula do sucesso é saber como se relacionar bem com as pessoas”, o que se encaixa perfeitamente com os ensinamentos doutrinários. Estamos encarnados, objetivando nosso crescimento moral, e, para tanto, necessitamos construir o equilíbrio no relacionamento com Deus e com nosso próximo. Os laços de amizade e bem-querer que edificamos hoje serão nossos tesouros do amanhã. Pedro Camargo, grande educador e divulgador da Doutrina Espírita, mais conhecido como Vinícius, em seu livro “O Mestre na Educação” faz importante diferenciação entre instrução e educação. Segundo ele, a educação está relacionada com o caráter, e a instrução com o intelecto. O saber é realmente importante, mas a consolidação do caráter, da moral, é fundamental. E este é o grande erro que a maioria de nós, pais comete; acreditar que educamos quando ofertamos aos nossos filhos o conhecimento. Devemos, além da instrução, despertar e aprimorar as potencialidades dos seres que estão sob nossa responsabilidade, com exemplos de conduta pautada em valores sólidos e verdadeiros. Educar para o amor não é tarefa fácil. Exige dos res-
ponsáveis, atitudes adequadas, que venham a motivar um comportamento sadio e correto, que reflita as Leis Divinas. O educador valoroso é aquele que desperta no educando a vontade de assimilar o aprendizado, a incorporar em sua vida as lições aprendidas. Dosar o amor e a disciplina é um fator importantíssimo dentro do processo educativo. Amar é educar nossos filhos para o mundo, para a vida. Há algum tempo um psicólogo americano escreveu que os pais deveriam preparar os filhos para a estrada da vida e não a estrada da vida para os filhos. Arcar com as responsabilidades de nossas escolhas é método pedagógico divino, no qual aprendemos que receberemos da vida o que doarmos a ela, e que o mais inteligente e lógico é doar o nosso melhor ás pessoas, à natureza e a Deus. Eduquemos nos educando e conseguiremos assim transformar o mundo a nossa volta, melhorando-o e humanizando-o.
Umberto Fabbri foi conferencista dos Congressos Espíritas 2008, 2011 e 2014. É escritor, expositor, palestrante e articulista espírita de revistas e jornais.
13 O SEMEADOR Internacional
OBEDIÊNCIA E RESIGNAÇÃO
N N
uma manhã de sábado de dezembro, num telhado próximo, havia dois pombos que estavam pousados, quietamente, recebendo toda aquela chuva que caía torrencialmente. Levantavam levemente as asas, fato que logo concluí como sendo um movimento de proteção contra o aguaceiro. Porém, percebi que estavam, em verdade, aproveitando a chuva e se refrescando, pois era o primeiro dia de verão e a manhã já ia particularmente quente. A velha condição automatizada de tudo julgar, fez-me, num primeiro impulso, na busca de um significado para aquela atitude, atribuir àquela cena, o que eu certamente faria, e que de fato não era justo e nem verdadeiro para a realidade daquelas simples aves. Imediatamente recordei-me do “Não julgueis”, ensinamento sublime dado por Jesus, para que sejamos mais comedidos em nossas ideias e comentários sobre quaisquer situações com as quais nos defrontemos em nossas vidas, diariamente, das mais complexas às mais simples. Ao acompanhar a cena, via-se a atuação de um tipo de inteligência instintiva, ainda rudimentar quando comparada com a inteligência humana, “cujo exercício é mais exclusivamente concentrado sobre os meios de satisfazerem suas necessidades físicas e promoverem à sua conservação.”. Mesmo diante dessa constatação, a cena descrita sugeria a reflexão sobre como encarar essa atitude natural dos pombos, utilizando-a como elemento de análise comparativa quanto à compreensão humana sobre a Bondade Divina. Aceitar a chuva e aquietar-se diante daquilo sobre o qual nada podiam fazer aqueles pombos, despertou a ideia de que estavam dando o seu exemplo de aceitação e resignação à Vontade Divina. Jesus, que sempre buscou ensinar de forma simples, com base nas coisas da vida comum, utilizou-se da atitude das aves para enfatizar a necessidade de se ter fé e confiança na Justiça Divina: “Olhai as aves do céu: Não semeiam nem ceifam, nem recolhem nos celeiros e vosso Pai celeste as alimenta. Não valeis muito mais do que elas?” (Mateus, 6:26). Com esse ensinamento, quis o Mestre salientar a necessidade de desenvolvermos a certeza de que Deus está no comando de tudo e, através de Suas leis naturais, promove o desenvolvimento e o equilíbrio do Universo. Nada escapa à Sua ciência e vontade: “até os cabelos de vossa cabeça estão todos contados.” (Mateus, 10:30). Mas, voltando ao simbolismo utilizado por Jesus, representou Ele na atitude das aves do céu a meta que o ser inteligente deve ter para alcançar a sublimação de si mesmo. A atitude confiante e resignada é um sinal de cres14
cimento espiritual, que transparece no comportamento. Muita gente, ao ler as palavras do Evangelho, pressupõe humilhação e menosprezo pela condição humana, nas quais, em verdade, existe o estímulo à superação e ao crescimento. Acredita-se submissão e obediência à Vontade Divina tratar-se de um ato de covardia e acomodação. O Espírito Lázaro, afirma que a obediência e a resignação são “duas virtudes companheiras da doçura muito ativas, se bem que os homens erradamente as confundam com a negação do sentimento e da vontade. A obediência é o consentimento da razão; a resignação é o consentimento do coração, forças ativas ambas, porquanto carregam o fardo das provações que a revolta insensata deixa cair.” Ficamos aqui imaginando o que diríamos dos nossos amiguinhos pombos, se, ao contrário do observado, estivessem no telhado molhados pela chuva, reclamando, revoltando-se e acusando Deus por tê-los esquecido e abandonado. Não pareceria estranho? Será que poderíamos conceber essa atitude partindo de criaturas doces e singelas da natureza? Parece-nos que a resposta seja óbvia: a maioria de nós estaria atônita ao presenciar tal fato. E quanto aos seres humanos, a quem Jesus comparou de forma superlativa em relação à vida animal, será aceitável que tenham atitudes de revolta e desespero diante das “chuvas” que invariavelmente cobrem seus corações? Será que temos direitos especiais por sermos filhos de Deus, devendo, portanto, ser todas as nossas vontades e desejos totalmente atendidos? O que acontece a uma criança que é sempre atendida em seus reclamos e exigências? Torna-se totalmente egoísta, em nada cedendo por imaginar-se no centro das atenções. Deus quer nosso bem e nos dá a oportunidade de crescermos com equilíbrio. Por essa razão, não nos dá tudo o que queremos e, sim, aquilo que precisamos; assim como dá, também, a todos os seres da criação. Trata-nos com justiça inquestionável, e mesmo diante de situações em que nos falte o sentido para entender o porquê do mal que nos surge à frente, a confiança nessa Bondade e Justiça Divinas deve senhorear nossos passos e reações, para que não venhamos a perder a oportunidade da exemplificação e da reparação devida, pela rebeldia expressa através de lamentações ou injúrias. A Doutrina dos Espíritos mostra-nos que as nossas aflições têm causas anteriores, de vidas passadas ou desta vida atual, criadas por nossa incúria e irresponsabilidade em relação às leis divinas, gerando nossos débi-
Giuseppe Bezzuoli - Elijah awaits for the death with resignation from 1810 until 1855 tos que necessitam ser reajustados, através da reencarnação. Dá-nos o Pai Criador a oportunidade de recomeçar a experiência em novo corpo, o que nos permite rever caminhos, aprender e crescer para Ele, que nos espera de braços abertos. Jesus, o exemplo maior de resignação e submissão à vontade de Deus, está nos amparando com Suas palavras vivas, que pulsam energia nova para nossos Espíritos, e que farão de nós seres mais fortalecidos e confiantes, abrindo-nos o caminho para a redenção. O Seu exemplo ensina-nos que a submissão à vontade do Pai é, no fundo, uma forma de libertação das tendências inferiores que caracterizam o espírito humano. Orgulho, vaidade, egoísmo e tantos
outros, somente desaparecerão se o indivíduo começar em si a reforma para o bem, na busca da verdade, mas não aquela verdade sectária e formalista, mas sim, a verdade que liberta: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João, 8:32). Emmanuel, estimado benfeitor espiritual, de forma clara e precisa, fornece os comentários que nos orientam para essa verdade que liberta. Diz ele: “Só existe verdadeira liberdade na submissão ao dever fielmente cumprido”. Mais à frente complementa: “E perceber o sentido da vida é crescer em serviço e burilamento constantes.” Que Jesus abençoe e fortaleça nossa disposição para o entendimento e a resignação daquilo que não podemos modificar ainda.
Paulo Oliveira Articulista de jornais e revistas espíritas e trabalhador da FEESP
15 O SEMEADOR Internacional
SENTIMENTOS E DOAÇÃO
N N
as lutas travadas sobre o solo terrestre, os Espíritos, os hospedados em corpos físicos, se esquecem do afeto; ferem e procuram colocar o outro debaixo dos seus domínios, para demonstrar um poder que não lhes cabe; e mais, não o têm. Vivem, esses Espíritos, esperançosos pelos dias nos quais terão um comando pleno das atividades que realizam. Entretanto, embora muitos conheçam o processo reencarnatório, se deixaram conduzir por ilusões que só se enquadram nas fantasias que planejaram; mas, jamais se instalarão. Verdadeiras utopias. Os mandos e desmandos implantados por seus desejos, em prol da desvalorização das tarefas alheias, irão trazer-lhes frutos amargos quando perceberem que seus domínios fertilizaram seus caminhos com cargas deletérias, que agora terão a obrigação de removê-las com muito trabalho e sacrifício. E mais, também terão o compromisso imediato de conquistar a humildade que lhes faltou quando impediram fluxos de progresso, impondo suas condições vaidosas e orgulhosas, sustentadas por tramites materiais apoiados em regras bloqueadoras das atividades espirituais caminhantes no bem; isto, para minimizar, o quanto antes, os efeitos das pedras atiradas. Nenhum Espírito reencarna para manter-se dirigente de ilusões ou de causas puramente personalistas. Todos que vêm a assumir posto de liderança, em qualquer trabalho, se comprometeram em desenvolvê-lo com critérios espirituais, principalmente os espíritas, e em especial os que se assumem capacitados; até mesmo por saberem que as atividades como encarnado se destinam a promover o Espírito; corpo físico é ferramenta para execução dessas atividades. Todavia, não são poucos aqueles que se robustecem pelas artimanhas do mundo físico, e se arrolam em seus desmandos, prorrogando o prazo para as conquistas programadas e construindo dificuldades maiores para os momentos vindouros. As Leis do Pai, imutáveis que são, não reservam para nenhum filho privilégios; todos merecem atenção e carinho; os que extrapolam e olham os seus irmãos com olhos voltados para pretensa supremacia, é óbvio e evidente que organizaram para o amanhã obstáculos a serem resolvidos à modo de despertarem para as verdadeiras regras da vida, ou seja, as vias promovedoras do respeito, da disciplina e da gratidão os aguardam nas trilhas construídas e a cumprir. Quando se desmerece as atividades alheias em conformidade com as Leis Universais, fere-se os direitos 16
do outro e acumula-se débitos graves; comportamento contrário a este faz parte do dever de cada indivíduo na vida de relação. Eis porque está vivamente latejante na memória de todos os Espíritos o seguinte alerta: “Faça ao próximo àquilo que gostarias que a ti fizessem”. Essa colocação é mais do que verdadeira, pois, intimamente, ninguém deseja ou quer receber agressões ou comportamentos que venham a ferir, ou impedir, suas atividades, principalmente àquelas que cuidam da promoção espiritual. Todos os motivos até aqui explicitados dizem respeito ao trato afetivo necessário a ser exercitado não só com o outro, mas, em primeira instância, consigo próprio. Fato essencialmente importantíssimo, já que somente é possível doarmos, espiritual ou materialmente, o que tivermos em estoque. Tal, simplesmente se constata quando lidamos com um pedinte; se nos pede uma moeda e a temos será possível doá-la, caso contrário, o ato será impraticável. A mesma situação se passa com os sentimentos; se não me cuido tendo por mim o afeto devido, jamais poderei dispensá-lo a outrem; isto porque, esta virtude não faz parte dos meus sentimentos. Todos conhecemos aquele que mais se ama: Jesus; e, por isso mesmo, nos deixou a mensagem: “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis.” (João 13:34)
Roberto Vilmar Quaresma foi conferencista do Congresso Espírita da FEESP de 2008, 2011 e 2014. É expositor, palestrante e articulista espírita de revista e jornais
AUTO EVANGELIZAÇÃO
e empatia
N N
“Antes sede uns para com os outros benignos.” Paulo
o dia-a-dia, somos impelidos a diferentes ações para avançarmos no caminho: sentimos, estudamos, ensinamos, trabalhamos, falamos, conhecemos etc. Todavia, é importante que cada uma dessas ações seja realizada com clareza a fim de ser aproveitada ao máximo, para que não se perca a oportunidade. Emmanuel lembra, por exemplo, “que é preciso estudar com clareza para aprender com entendimento”; “conhecer discernindo para ensinar com bondade.” Não é difícil entender essas colocações porque, diariamente, todos nós somos constrangidos à ação, e é pelo que fazemos que cada um de nós estará decidindo sobre seu destino. Ascender à luz ou descer à treva é escolha individual e intransferível. A vida é constituída de pontos de vista, sabemos nós, como também não ignoramos que ponto de vista não representa a verdade total, real. Por isso mesmo, ela, a vida, constitui-se em uma trincheira de lutas, uma vez que muitos buscam defendê-lo de forma desesperadora. Os convites de Jesus tornam-se, assim, um mergulho real dentro de nós para mostrarmos, a nós mesmos, a nossa posição diante da luz, diante da verdade – ponto de vista ou realidade total? - e esse mergulho só terá sentido se pretendermos, efetivamente, entender o porquê da vida, com o objetivo claro de crescer em serviço e burilamento constantes. O direito inalienável de escolhermos o bem e o mal, o certo e o errado, a luz e a treva nos é dado por misericórdia divina e, também, com ele nos é concedida a oportunidade de conhecer a solidariedade, a fraternidade e a harmonia. Nossa busca nesse terreno de batalhas, de posse desses recursos, é o conhecimento dessa verdade total, real, com a harmonia e com as esferas superiores. No dia em que conquistarmos isso, teremos aprendido a executar, com fidelidade, o pensamento de Jesus. Estaremos integrados, através do coração e da razão, aos preceitos morais do Evangelho. Penetrar nessa verdade é compreender as obrigações que nos competem, renovando o próprio entendimento, transformando esse campo de batalha, em que mergulhamos para defender pontos de vista individuais
ou grupais, em campo de responsabilidade com a melhor ação, pequena ou grande, do copo de água pura ao silêncio contra o mal, do favor gratuito de algumas moedas ao livro nobre dado com amor. Tudo é trabalho. Tudo é ação no bem. 4 Hoje, vivendo cada um no seu campo de lutas acerbas, mostra que o Evangelho está deturpado em nossas mentes: forte é quem esmaga o fraco; humilde é quem se deixa humilhar; inteligente é quem age com esperteza e enganação; o não matarás está longe do entendimento verdadeiro, porque permanecemos matando sonhos, esperanças, os bens da Natureza... Todavia, ele é claro e seguro em suas afirmações. É o código de conduta, por excelência, que nos garante um caminhar sem tropeços. Judiciosamente, o apóstolo Paulo, nos deixa a lição: “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é em vão.” (I Coríntios, 15:58.)
Leda Maria Flaborea é Pedagoga, expositora da Área de Assistência Espiritual da Feesp. Articulista de vários periódicos espiritas impressos e virtuais.
17 O SEMEADOR Internacional
PRINCIPAIS DATAS DE NOVEMBRO
D D
ia 2 de Novembro – Dia de finados Dia 15 de Novembro – Dia da Proclamação da República Dia 19 de Novembro – Dia da Bandeira 20 de Novembro - Dia Nacional da Consciência Negra O dia dos mortos é considerado pela Igreja Católica um dia de respeito, para que as famílias celebrem seus entes falecidos, tendo esperança de que tenham sido recebidos no Céu. Para o Espiritismo, não há Céu nem Inferno, graças a Deus! E também não existe a morte, que nos assombrava desde crianças. Para os espíritas, o ato de visitar um túmulo é exteriorizar a lembrança que se tem do espírito querido, de modo reverente e carinhoso. Entretanto, comparandose aos demais dias, nada existe de solene. O espírito, ou alma, agora desencarnada, não se encontra no cemitério, e pode ser lembrada e homenageada através da prece em qualquer lugar, pois quando a prece vem do coração é sempre recebida com prazer e alegria pelo espírito desencarnado. A resposta que os Espíritos deram à questão 329 do Livro dos Espíritos, nos esclarece ainda mais: “O instintivo respeito que, em todos os tempos e entre todos os povos, o homem consagrou e consagra aos mortos vem da intuição que tem da vida futura. É a consequência natural dessa intuição. E, para confirmar essa maneira de encarar a morte e enfrentá-la com serenidade, separamos aqui uma prece que teria sido escrita por Santo Agostinho, que viveu conosco durante os anos de 354 a 430. Ele dizia: ”A morte não é nada. Eu somente passei para o outro lado do Caminho. Eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês, eu continuarei sendo. Me dêem o nome que vocês sempre me deram, falem comigo como vocês sempre fizeram. Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas, eu estou vivendo no mundo do Criador. 18
Não utilizem um tom solene ou triste, continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos. Orem, sorriam, pensem em mim, orem por mim. Que meu nome seja pronunciado como sempre foi, sem ênfase de nenhum tipo. Sem nenhum traço de sombra ou tristeza. A vida significa tudo o que ela sempre significou, o fio não foi cortado. Porque eu estaria fora de seus pensamentos, agora que estou apenas fora de suas vistas? Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do Caminho... Você que aí ficou, siga em frente, a vida continua, linda e bela como sempre foi.” Desde o século II, alguns cristãos rezavam pelos falecidos, visitando os túmulos dos mártires para rezar pelos que morreram. No século V, a Igreja dedicava um dia do ano para rezar por todos os mortos, pelos quais ninguém rezava e dos quais ninguém lembrava. Também o abade de Cluny, em 998 pedia aos monges que orassem pelos mortos. Desde o século XI os Papas já obrigavam
a comunidade a dedicar um dia aos mortos. No século XIII esse dia anual passou a ser comemorado em 2 de novembro, porque 1 de novembro é a Festa de Todos os Santos, uma prática de quase dois mil anos. Segundo Léon Denis(*), “o estabelecimento de uma data específica para a comemoração dos mortos é uma iniciativa dos druidas, pelas pessoas encarregadas das tarefas de aconselhamento, ensino, jurídicas e filosóficas dentro da sociedade celta, que acreditava na continuação da existência depois da morte. Reuniam-se nos lares, e não nos cemitérios, no primeiro dia de novembro, para homenagear e evocar os mortos. E, a respeito do medo da morte, ele também nos explica: “Não há motivo para se ter medo da morte; mas isso é também consequência do temor do inferno que foi provocado em todos desde a infância. Essas pessoas, quando chegam à adolescência, não conseguem aceitar a existência desse inferno, tornando-se então ateus ou materialistas e acabam achando que, fora desta vida, não existe nada. Para aquele que foi bom, a morte não inspira
o menor medo, pois a fé lhe traz a certeza do futuro e a caridade que tenha praticado lhe dá certeza para onde vai ao morrer, garantindo que ao morrer, não vai encontrar ninguém cuja presença deve lhe causar algum receio. O homem materialista, o que é mais apegado à vida corporal que à vida espiritual, só pode encontrar na Terra os prazeres materiais; a ambição que sente é a satisfação passageira de todos os desejos. Sua alma, constantemente preocupada e afetada pelos sofrimentos naturais da vida, está em ansiedade constante e num perpétuo tormento. A morte o deixa aterrorizado, porque duvida do futuro, mas sabe que vai deixar na Terra os prazeres e as esperanças.” Lembramos que no México é comemorada a festa do dia dos mortos, uma festa bem característica da cultura mexicana e que atrai muitos turistas de todo mundo. Nesse dia, os mexicanos expressam sua saudade em clima de festa. Máscaras de caveiras e fantasias disfarçam a tristeza e lembram aos vivos o destino de cada um. Flores, velas e altares homenageiam aqueles que nunca serão esquecidos.
Alceu Nunes foi conferencista do Congresso Espírita da FEESP 2011. É expositor, escritor, palestrante e articulista espírita de revista e jornais.
19 O SEMEADOR Internacional
PÚBLICO DE VÁRIAS CIDADES PRESTIGIA A 11ª FESTA KARDEC QUE CRESCE A CADA ANO Roberto Vilmar Quaresma lança o livro Almas Gêmeas na Festa Kardec
Pintura Mediúnica da FEESP Autografos no lançamento do livro Almas Gêmeas
20
Petit Gateau
Macarrão Parisiense
Barracas!!! Equipe das baguetes, petit gateau e quiche Lorraine da Área de Ensino Equipe do bolos e tortas da Área Federativa
Equipe do Macarrão Parisiense e à Moda de Lyon da Área de Divulgação
Equipe do Cassoulet e Ratatouille da Área de Assistência Espiritual
Equipe dos refrigerantes da Área de Infância e Juventude
Equipe do Pão Francês com linguiça do Conselho Deliberativo
Público lotou toda a rua 21 O SEMEADOR Internacional
MĂşsica!!!
O pĂşblico se animou com os shows
Os Realistas Os cantores Yuri Jaruskevicius, Silviane Bellato e o pianista Marco Bernardo
Trio Paulistano 22
Fernando Gabriel
Diversão!!!
Toninho Barros
Graça Cunha
Helvis com a equipe de divulgação
A banda Nego Sá e Perifa Blues
Thobias da Vai-vai, Elizeth Rosa e Helvis by Helder 23 O SEMEADOR Internacional
Colaboradores!!!
Equipe de apresentadores dos shows
Equipe de apoio
Os mĂŠdiuns pintam os livros adquiridos na livraria
Equipe da RĂĄdio Boa nova 24
Equipe da Livraria
Animação!!!
Espaço da Criançada
Bazar da FEESP
25 O SEMEADOR Internacional
A diretoria da FEESP agradece a colaboração de todos os voluntários e empresas abaixo relacionadas na Festa Kardec, que contribuíram para o grande sucesso alcançado.
ERIMAR ESTACIONAMENTO BALEIA AZUL Rua Maria Paula, 140 Tel.: (11) 3101-4471
CARNES
Sucesso!!!
Thobias da Vai Vai
Bolo Kardec
Bandeira decorativa
Pinturas mediúnicas Equipe de Divulgação
No site WWW.tvaberta.TV.br ao vivo às 12h!
Os programas já apresentados encontram-se no Portal da FEESP. www.feesp.org.br