Revista Strombolli #3

Page 1

Out/Nov/Dez 2010 Edição #03

Ilustração . Literatura . Moda . Música . Grafite . Fotografia . Cinema

Entrevista

Com o grafiteiro João Lelo

Quitanda

Papelaria Tête-à-tête, Blue Tree Tees e Lili Sanches


Expediente Coordenação Geral Sthefany Frassi | Féffi

Participação Jasmin Druffner | Jazz

Projeto Gráfico e Diagramação OUT/NOV/DEZ de 2010 • edição #03

Sthefany Frassi | Féffi

Revisão de Textos Rita Diascanio | Contatus Comunicação

Colaboradores

Os poemas nas páginas azuis foram escritos por Laiz Fidalgo e Lúcio Manga.

Alex Senna, Brunella Simões, Heitor Riguette Machado, Horse Guards, João Lelo, João Vitor Soneghet, Blue Tree, Kain Nuvem, Karla Lopez, Kauê Scarim, Kyle Pellet, Laís Dantas, Laiz Fidalgo, Liliana Sanches, Lívia Corbellari, Lobo Gordo, Los Muertos Viventes, Lucio Manga, Mariana Belém, Platypus Project, Renato Ren, Simon Tomlinson, Siegfried Holzbauer, Thai Ângelo, Uberkraft, Yuri Aires e Yuri Martins

Agradecimentos Agradecemos a todos aqueles que de alguma forma participaram desta publicação, direta ou indiretamente, colaborando para a possível realização. Todos os materiais publicados são de responsabilidade dos autores e não refletem a opinião da revista. é proibida a reprodução total, parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem prévia autorização dos artistas ou do editor da revista.

arte da capa por ALEX SENNA www.flickr.com/alexsenna


PORTFÓLIO Mariana Belém www.marianabelem.carbonmade.com

4

Yuri Martins

12

Atpalicis www.flickr.com/atpalicis

14

Uberkraft www.flickr.com/uberkraaft

16

Platypus Project www.cafofodosornitorrincos. blogspot.com

30

Lobo Gordo www.flickr.com/louisvoyage

34

Piktorama www.piktorama.com

39

ALEX SENNA www.flickr.com/alexsenna

42

KILE PELLET

48

INTERAÇÃO 64

QUITANDA 70

Papelaria tête-à-tête www.papelariateteatete.wordpress.com

74

Blue Tree tees www.facebook.com/bluetreetees

78

Liliana sanches www.flickr.com/bolsasdalili

música 84

los muertos viventes www.myspace.com/losmuertosvivientes

90

TOP TEN

www.openyoureyesproject.com

STREET.ART KAIN NUVEM RENATO REN www.flickr.com/renatoren

54

110

LOMOGRAFIA

uma pequena introdução à lomografia

56 116

Entrevista

JOÃO LELO www.leloart.com

Thai Angelo www.thai-angelo.blogspot.com

cinema

O lado escuro da lua

58

Por lívia colbellari

120

literatura Despedida

Por kauê scarim


artes pl谩sticas

portf贸lio

4


Mariana BelĂŠm Brasil

5


Mariana Belém Brasil

Ilustrações > Mariana Belém www.marianabelem.carbonmade.com

6

o


Mariana BelĂŠm Brasil

7


Mariana BelĂŠm Brasil

8


Mariana BelĂŠm Brasil

9


Mariana BelĂŠm Brasil

10


Amor no mercado Andei procurando Queria levar atacado SaĂ­ de mĂŁos abanando Por Laiz Fidalgo 11


Yuri Martins Brasil

12


Ilustraçþes > Yuri Martins

o

13


Atpalicis


Ilustrações > Atpalicis www.flickr.com/atpalicis

o 15


Atpalicis

Ilustrações > Atpalicis www.flickr.com/atpalicis

16

o


Atpalicis

17


Atpalicis

Ilustrações > Atpalicis www.flickr.com/atpalicis

18

o


19


Uberkraft Reino Unido

20


Ilustrações > Uberkraft www.flickr.com/uberkraaft

o

21


Uberkraft Reino Unido


Uberkraft Reino Unido

Ilustrações > Uberkraft www.flickr.com/uberkraaft

o

23


Uberkraft Reino Unido

24


25


Uberkraft Reino Unido

26


27


Uberkraft Reino Unido

28


Logo ali na esquina Disse um sรกbio Que a vida ensina Por Laiz Fidalgo 29


Platypus Project Brasil

Platypus Project O Platypus Project nasceu em 19 de agosto de 2009 e tinha como ideia básica que cada um dos dois participantes (Antonio e Débora) desenhasse um ornitorrinco por dia, até chegar ao desenho número 100, o que aconteceu logo, em 25/10/2009. O projeto foi impulsionado pelo nosso apreço por estes maravilhosos mamíferos-anfíbios-répteis-ou-seilá e, principalmente, pelas colaborações supimpas que recebemos ao longo do projeto (agradecemos a todos!). No total, foram 100 ornitorrincos nossos e 48 doações de pessoas diferentes – algumas que nem conhecíamos. Foi um projeto divertido e queremos realizar outros, mas com desenhos bem acabados e sem a correria e a obrigação de postar um por dia. o

Desenhos > Platypus Project www.cafofodosornitorrincos.blogspot.com

30

o


Platypus Project Brasil

31


Platypus Project Brasil

32


Platypus Project Brasil

33


Lobo Gordo Argentina

34


Lobo Gordo Argentina

o

Ilustrações > Lobo Gordo www.flickr.com/louisvoyage

35


Lobo Gordo Argentina

36


Lobo Gordo Argentina

o

Ilustrações > Lobo Gordo www.flickr.com/louisvoyage

37


Do outro lado da rua O amor passa E eu atraverso Por Laiz Fidalgo 38


Piktorama Venezuela

La Guaka Pins La Guaka is a project that was created to support educational programs for under privilege kids. This is a collaboration for the Museum of Modern Art Medellín, Colombia. Ilustrações > Piktorama www.piktorama.com

o

39


Olga Hand painted skateboard for group show in Buenos Aires. Painted with black and white enamel and thin brushes. Featured in Share Some Candy

o

40

Ilustraçþes > Piktorama www.piktorama.com


41


Alex Senna Brasil

42


Alex Senna Brasil

43


Alex Senna Brasil

44


Ilustrações > Alex Senna www.flickr.com/alexsenna

o

45


Alex Senna Brasil

46


Ilustrações > Alex Senna www.flickr.com/alexsenna

o

47


Kyle Pellet Calif贸rnia

Arte > Kyle Pellet www.pelletfactory.com

48

o


Kyle Pellet Calif贸rnia

49


Kyle Pellet Calif贸rnia

50


Kyle Pellet Calif贸rnia

Arte > Kyle Pellet www.pelletfactory.com

o

51


Kyle Pellet Calif贸rnia

Arte > Kyle Pellet www.pelletfactory.com

52

o


Kyle Pellet Calif贸rnia

53


Grafite

Street•art

o

54


Grafite > Kain Nuvem

55


o 56

Grafite > Renato Ren www.flickr.com/renatoren


57


ENTREVISTA

JOÃO LELO Nome artístico: João Lelo Idade: 30 anos Nasceu: Rio de Janeiro Mora: Rio de Janeiro Um sonho de infância é brincar com os dinossauros Strombolli • Quem é João Lelo? Conte-nos um pouco sobre você e a sua trajetória. Acho muito difícil falar de mim mesmo, mas vamos tentar. Sou um artista autodidata, tenho formação em design gráfico, trabalhei por muito tempo com videografismo, formei um estúdio chamado Bloco junto com minha irmã, a designer Mate Lelo e o produtor Rodrigo Lariú. Acho que sou mais conhecido pelo meu trabalho de arte urbana, que já realizo faz um bom tempo, e já há alguns anos tenho me dedicado mais a meus trabalhos autorais. Strombolli • Quais técnicas e materiais você mais utiliza e por quais etapas você passa até a finalização da sua arte? Eu uso todo o tipo de materiais que consigo. Tento não limitar minha criação a técnicas, e estou sempre em busca de novos materiais. Como sou autodidata, principalmente na parte técnica, meu processo é meio que na “tentativa e erro”. 58

Normalmente quando crio, penso primeiro no que quero fazer e depois em como fazer. Isso que acaba definindo a mídia e os materiais que vou usar. Tenho meu caderno de rascunho onde estou sempre experimentando ideias, muitas que provavelmente nunca vão ver a luz do dia, mas no meu caderno rabisco sem preocupações com o resultado e acho que é daí que saem minhas ideias. Strombolli • Como foi o processo de evolução para o seu estilo atual? Ele ainda está em evolução? Eu era uma criança muito ligada em desenhos animados e videogames (na verdade ainda sou... hehe). E isso sempre foi a grande influência do meu trabalho. Ultimamente, tenho pesquisado muito sobre pintores modernistas, em especial os dos movimentos cubista e art nouveau, e isso tem amadurecido muito o meu traço. Mas acho que nunca vou perder essas influencias da minha infância. Meu estilo está em constante evolução. Acho que o artista tem que estar sempre a procura de novas referências e apresentar novas ideias. A hora que o trabalho para de evoluir é a hora que o artista tem que se aposentar.


Strombolli • Esta pergunta é uma das que mais preocupam os novos artistas: você consegue viver apenas da sua arte? Se com “viver de arte” você quer dizer pagar minhas contas, sim. Muita gente tem uma concepção de que o artista tem que viver só de vender trabalho em exposição. E na verdade, existe uma gama infinita de situações onde a arte pode ser aplicada comercialmente e gerar retorno monetário para o artista. Eu vendo trabalhos em exposições. Mas também faço inúmeros outros tipos de trabalhos para clientes, como murais encomendados, cenografia de eventos e séries assinadas de produtos. Cheguei em um ponto que as pessoas me procuram

por meu estilo, porque querem algo com minha cara, e acho que isso é viver de arte. Strombolli • Sua Irmã, Mate Lelo, também é artista. O que levou ambos a escolherem a arte e, mais especificamente, o que te fez buscar o graffiti? Nossos pais tinham uma ligação muito grande com arte. Ambos arquitetos, meu pai é um excelente ilustrador, faz uns desenhos em nanquim que sempre me inspiraram muito, minha mãe pintava muito em tecido. Desde sempre eles nos deixavam usar os materiais deles. Apesar de ser autodidata, tive uma educação artística familiar desde que nasci. Acho que foi um processo natural o interesse de minha irmã e eu por arte. 59


Meu interesse no graffiti veio do fato de poder usar o meio urbano como parte do trabalho. Gosto que o lugar onde realizo minhas pinturas faça parte do resultado final. Por isso escolho lugares onde a arquitetura seja interessante, e opto quase sempre por não usar fundo, deixo que o ambiente seja o fundo do trabalho.

lugares. Como que é esse processo de expor em galerias? É através de editais ou eles reconhecem o seu trabalho e fazem uma proposta a você? Os contatos vem de várias formas. Ou eu já conhecia as pessoas das galerias, ou alguém me apresentava pra eles, ou eles conheciam meu trabalho pela internet.

Strombolli • De onde vem sua inspiração? Quais são os outros artistas que inspiram e influenciam o seu trabalho? Minha inspiração vem de inúmeros lugares, das pessoas com quem convivo, coisas que vejo quando estou andando na minha bicicleta, músicas que escuto e por aí vai. Pessoas que me inspiram: Futura 2000, Gustav Klimt, Bruce Lee, Egon Schiele, Peter Tosh, Pablo Picasso, Onio, J Dilla, Mark Gonzales, Bill Watterson, a lista é infinita.

Até hoje, nunca participei de editais. Mas isso é uma coisa que preciso rever, porque um edital de arte é uma boa oportunidade para um artista desenvolver um trabalho legal.

Strombolli • Qual foi a oportunidade de trabalho que mais trouxe satisfação, na qual viu que seu trabalho estava realmente sendo reconhecido? Acho que mais recentemente foi ser convidado para participar da mostra Transfer, exposição de cultura urbana que aconteceu em São Paulo, pois fui convidado por causa dos trabalhos de instalação que tenho realizado em minhas últimas exposições. Acho que isso é um reconhecimento do trabalho que venho desenvolvendo nos últimos anos. Além de o evento ter me colocado para trabalhar ao lado de grandes artistas nacionais e internacionais. Strombolli • Sabemos que você já expôs vários trabalhos em diversos 60

Strombolli • Percebemos que sua arte é profundamente ligada a pássaros e a outros animais. O que tanto te


atrai no mundo animal? Gosto de usar as figuras dos animais para representar o comportamento humano. Busco uma relação entre o ser humano e o “ser animal”. Por mais racional que o ser humano seja, no fundo ele está sempre subjugado por seus instintos animais. O pássaro eu comecei a desenhar simplesmente porque gostava das formas, achava um animal interessante de desenhar. Depois fui pesquisando as simbologias relacionadas a ele e descobri coisas muito interessantes que me fizeram gostar ainda mais de usar eles em meus trabalhos. Um pássaro pode representar muita coisa.

Strombolli • Uma imagem forte na sua arte é uma fênix de duas cabeças. Sem dúvida, o que te atrai nesse animal mitológico é a sua metáfora de renascimento. Mas você acha que isso é apenas uma virtude da fênix ou o homem também é capaz de renascer das cinzas, transformando-se por completo? Como falei antes, meu trabalho está em constante evolução. Não gosto de fazer a mesma coisa por muito tempo, e por isso estou sempre buscando novas referências. Alguns artistas encontram uma fórmula que agrada as pessoas e ficam presos a ela pelo resto da vida. Acho que quando o trabalho para de evoluir, o artista perde seu propósito. A arte tem que estar sempre se renovando, sempre se transformando. o

61


Jo達o Lelo Brasil

Grafite > Jo達o Lelo www.leloart.com

62

o


63


INTERVENÇÃO

Interação maquiagem O ponto de partida para a realização deste trabalho foi o desejo de me sentir “contaminada” pela plástica das obras de arte selecionadas. Entrar dentro de uma pintura (ou de um mosaico), poder sentir suas propriedades estéticas em minha pele, camuflar-me em seus elementos, experimentá-lo fisicamente em mim.

Créditos

Uniram-se assim duas das minhas grandes paixões: arte e maquiagem.

> Stickers + Mosaico

Cada trabalho possui uma materialidade bastante expressiva, e, inquieta como sou, quis mais que contemplar cada um deles. Apropriei-me, então, da força das cores no trabalho da Renata, das formas seriadas na pintura da Michelly e da reunião de pequenos elementos como no mosaico do professor Jeveaux. Trata-se de uma interação performática, com uma característica marcante da Arte Contemporânea: a co-criação entre artista e espectador. Para isso, contei com a colaboração de artistas e amigos muito queridos: Ludmila Cayres, Thila Paixão, Caio Azoury (Kain Nuvem) e Francisco Neto, entre outros, aos quais agradeço e muito. Acredito sempre no poder dos coletivos.

64

Interação Maquiagem + Arte

Experimentar a "contaminação" pelo trabalho, senti-lo na pele, entrar dentro dele. Mosaico: Paulo César Jeveaux Foto: Ludmila Cayres Produção: Thai Angelo e Thila Paixão

> Post-it Pintura: Michelly Sugui Foto: Ludmila Cayres Produção: Caio Azoury, Thai Angelo e Thila Paixao

> Camuflagem Pintura: Renata Apolinário Makeup: Caio Azoury e Thai Angelo Foto: Daniel Paz Edição: Francisco Neto

Interação Maquiagem + Arte www.flickr.com/thai_angeleaux www.thai-angelo.blogspot.com

o


gem + arte

o


66


67


68


69


quitanda

Papelaria Tête-à-tête A papelaria Tête-a-Tête é literalmente feita a duas mãos. Todos os produtos são 100% handmade, o que faço questão de frisar, porque acho importante que o cliente saiba que aquele produto adquirido foi fabricado com atenção completamente voltada a ele e com muito cuidado e carinho. Além de ser feito à mão, existe uma conversa com o cliente antes do começo da produção, onde pequenos detalhes podem ser combinados para que o caderno se encaixe perfeitamente à necessidade da pessoa. Os cadernos são em sua maioria de capa dura revestida em tecido. O diferencial fica por conta do acabamento e dos tecidos, super selecionados. Grande parte do catálogo é importado, o que torna os cadernos mais únicos. O papel que dá forma ao miolo do caderno também é escolhido a dedo. Um papel mais encorpado, que pode ser usado para desenhar ou escrever. A ideia da papelaria surgiu com a necessidade de criar um caderno de desenho para meu uso próprio. Começou como brincadeira e acabei comprando livros de passo a passo para ajudar na confecção. Daí surgiu a curiosidade de tentar fazer os modelos que os livros ofereciam. Foi assim que percebi que trabalhar com a confecção de cadernos se encaixaria perfeitamente à minha habilidade manual e que, além de um hobby, poderia ser uma fonte de renda. A partir daí produzi os primeiros cadernos para exposição. Criei um blog e as encomendas não pararam mais. A intenção é que o negócio cresça e que novas parcerias surjam, mas tudo sem perder a identidade da marca – cadernos que podem ser customizados pelo cliente. Cadernos > Bru Simões www.papelariateteatete.wordpress.com 70

o


e

Entenda como funciona o processo de produção: Os cadernos passam por várias etapas de produção. O papel é comprado em um formato grande, para que possa ser cortado adequadamente ao tamanho preferido do cliente. As folhas são dobradas e costuradas à mão, formando, assim, o miolo do caderno. A partir do miolo, uma forma de papel rígido é feita e revestida pelo tecido escolhido. Aí vem as etapas de secagem e prensa, para que fique perfeito. O valor de cada caderno depende muito do detalhe que cada um apresenta, ficando na faixa de e

R$20 R$45.


Bru Sim천es Brasil

Cadernos > Bru Sim천es www.papelariateteatete.wordpress.com

Os interessandos podem entrar em contato pelo blog ou pelo e-mail: papelariateteatete@gmail.com

72

o


73


quitanda

Blue Tree Tees A Blue Tree é uma marca streetwear que oferece produtos cujas inspirações estão focadas na música, nos elementos cult, nonsense, na nostalgia e na cultura vanguardista e irreverente. Criada em 2009 pela estilista e musicista Júlia Mello, com a ajuda do publicitário e também músico Gabriel Romanelli, a marca lança coleções geralmente trimestrais que valorizam o trabalho da estamparia atemporal. Todas as peças são estampadas manualmente e os desenhos se tornam exclusivos, já que a cada coleção as telas são limpas para dar lugar a novas criações. Atualmente, os produtos são comercializados no Ateliê Casa Aberta (rua Sete de Setembro, 263, Centro, Vitória-ES), em bazares e via internet (no orkut ‘Blue Tree Design Independente’).

Regata Background

T-shirt Mágico de Oz

Regata Masculina e Feminina (em evasê)

Modelagem Feminina

R$ 35

74

R$ 35


T-shirt Pied-de-coq

T-shirt Piano

Modelagem com Gola em ‘V’ Masculina e Baby Look

Modelagem Masculina e Baby Look

T-shirt Another Wings

T-shirt Mustache

T-shirt Piano

Modelagem Masculina

Modelagem Masculina

Modelagem Masculina e Baby Look

Lenço Background

R$ 15

R$ 35

R$ 35

R$ 35

R$ 35

R$ 35

75


Blue Tree Tees Brasil

T-shirt Yellow Submarine

T-shirt Doll

Modelagem Masculina e Baby Look

Modelagem Baby Look com Lacinho nas Costas

R$ 35

R$ 35

T-shirt Manekineko

T-shirt Fara贸

Modelagem Baby Look

Modelagem Masculina

R$ 35 76

R$ 35

Meia-cal莽a Cat Fio 15

R$ 30


T-shirt Monsters Modelagem Masculina e Baby Look

R$ 35

Blue Tree Tees > JĂşlia Mello e Gabriel Romanelli www.myspace.com/bluetreetees www.facebook.com/bluetreetees

o

77


quitanda

Liliana Sanches O início dessa história remete àquela velha coisa de infância, sempre desenhando com os pais ou fazendo um desfile para a família. Tudo isso permeia meu trabalho. Dos tecidos das bonecas, aprendi a costurar, das serigrafias do meu pai, comecei a ter uma ideia serigráfica e até um circo. O trabalho atual começou com bolsas de tecido que, sozinha, aprendi a fazer numa velha máquina de costura da minha avó. Contudo, sempre senti que faltava algo mais nessas bolsas. E foi a experiência vivida nas aulas de serigrafia da Ufes que me fez ter mais confiança em trabalhar uma técnica que, além de sensibilidade para criar, exige tempo, dedicação e cancha.

Minha rotina de trabalho é dividida entre as aulas na faculdade, minha filha de 3 anos e a criação artística. O trabalho mais difícil, mas ao mesmo tempo o mais prazeroso, é o de criar os desenhos e padronagens para as coleções. Minha inspiração vem do contato com a arte e das histórias de vida, não só as minhas, mas as de amigos e da família. Com os desenhos prontos, passo para o processo de revelação das telas de serigrafia. Depois estampo, costuro cada peça e coloco a etiqueta. Todo esse trabalho figurativo, com pássaros, pessoas, flores, não representa o real, mas sentimentos. É a liberdade de criar objetos do dia a dia com estampas próprias e únicas, para pessoas que buscam algo novo e exclusivo.

Liliana Sanches > Bolsas da Lili www.flickr.com/bolsasdalili

78

o


79


80


81


82


Liliana Sanches > Bolsas da Lili www.flickr.com/bolsasdalili

o 83


música

los muertos viventes Surgida em Vila Velha (ES), a banda faz uma mistura muito criativa do SURF MUSIC, da LUTA LIVRE, do PSYCHOBILLY e dos “B” MOVIES, que são suas principais influências. Tudo mesclado com muita originalidade e energia, shows bastante performáticos, pseudônimos de famosos lutadores lendários mexicanos, músicas empolgantes e um visual bizarro, trazendo “El Dia de Los Muertos” para palco em qualquer show que participe. A banda vem se destacando e acumulando admiradores nos quatro cantos do mundo (visite o myspace e confira o que estou falando), por sua proposta completamente inusitada, misturando lendas e contos da cultura mexicana, letras em espanhol, filmes e literatura de terror, luta livre e o bom e velho surf music californiano. Agora, está divulgando seu primeiro CD, intitulado “Em nombre Del surf y de la lucha del Espírito Santo... Amén!”, disponível para download no link myspace.com/ losmuertosvivientes. A criatividade da banda espalhou-se pelo circuito psycho-surf-a-billy mundial, obtendo uma excelente repercussão que trouxe reconhecimento e diversas oportunidades para participar de coletâneas dentro e fora do País, como SURF KNOTS 84

(México), YELLS FROM THE CRYPT (Texas – EUA) e SURF AS ART (México), MUQUECA MUSICAL (ES), BRASILLIAN SURF (Portugal) e MAREA MYSTÉRIO (México), entre outras. Depois de várias formações a banda hoje é: • Junim “Blue Panther“ (Vocais) • Sandro “Huracán Ramirez“ (Guitarra e Vocal) • Marco “El Santo“ (Bateria) • Moreno “Blue Demon“ (Baixo) • Alexandre “Mil Máscaras“ (Guitarra)


s

85


1

2

CD DE DEMONSTRAÇÃO Primeiro registro musical da banda com 10 faixas.

4

3

YELLS FROM THE CRYPT Coletânea do Texas – EUA, com bandas de vários países e estilos variados com temática ou musicas sobre Terror / Horror.

SURF AS ART Coletânea do México com bandas mexicanas de surf music. Participação com a música “Adelante Muertos”.

Participação com a música “El diablo, el más chingón”.

86

Participação com a música “Adelante Muertos”.

disco

9

BRAZILIAN SURF A GO-GO Coletânea européia com as principais bandas do cenário brasileiro de surf music. Participação com a música “Santo y Blue Demon contra Drácula y el Hombre Lobo”.

SURFIN KNOTS VOL. 1 Coletânea do México com bandas de surf music de vários países.

11

10

PESADELO BRASILEIRO Coletânea nacional com bandas de vários estilos com temática terror / horror. Participação com as músicas “El diablo, el más chingón” e “Dellamorte Dellamore”

CHIVETARAMA Coletânea nacional comemorando o aniversário do blog de mesmo nome do jornalista Tibíu, junto com bandas de destaque na mídia como Cpm22, For Fun, e o rapper Deleve. Participação com a música “Lucha Libre”


6

5

MOQUECA MUSICAL Coletânea capixaba com bandas de vários estilos.

MAREA MISTERIO Coletânea do México com bandas mexicanas de surf music.

Participação com a música “El diablo, el más chingón”.

Participação como única banda convidada de outro País.

ografia

8

7

Participação com a música “El diablo, el más chingón”.

CD PROMO Edição especial BH-RUMBLE Cd feito com exclusividade para o show BH RUMBLE 5 Faixas

Primeiro Vídeoclipe LUCHA LIBRE! www.youtube.com/ watch?v=GBn1U5_ K3IY

!EM NOMBRE DEL SURF y DE LA LUCHA DEL ESPÍRITO SANTO... AMÉN¡ CD oficial com 16 faixas, capa, contra capa, etiqueta e encarte colorido com letras e imagens lançado virtualmente para download grátis.

87


Los Muertos Viventes Brasil

Links Importantes Resenha e CD Oficial para download grátis: http://tinyurl.com/243bya3 Primeiro Vídeoclipe da Banda com a música: LUCHA LIBRE! www.youtube.com/watch?v=GBn1U5_K3IY Atualmente sendo exibido no canal MTV no programa LABbr e durante a programação em horários e dias variados. Myspace: www.myspace.com/losmuertosvivientes Página da banda nesse importante site de relacionamento e música mundial. Fotolog: www.fotolog.com/losmuertos3 Página com atualizações de novidades e fotos quase diariamente. Orkut: www.orkut.com.br/Main#Profile?rl=mp&uid=14159913319146548740 Perfil no site de relacionamentos mais famoso do mundo. Trama Virtual: www.tramavirtual.uol.com.br/artistas/muertosvivientes Perfil com direito a donwload gratuito das músicas Música > Los Muertos Viventes www.myspace.com/losmuertosvivientes 88

o


sua boca beija minha e diz de lĂ­ngua e saliva amor a sua boca esconde o que se espera do beijo ora amor assim tem que ser atemporal o seu olho abre uma porta e engole a chave antes do controle remoto eu andava a pĂŠ para apagar Por LĂşcio Manga


fotografia

top ten

Foto > Horse Guards Parade www.flickr.com/horseguardsparade

90

o



o

92

Foto > Lomocouple • Brasil www.flickr.com/lomocouple



o

Foto > João Victor Sonegth • Brasil www.flickr.com/soneghet




o

Foto > Karla Lopez • Brasil www.flickr.com/vivoandando


o

Foto > Heitor Bonomo • Brasil www.flickr.com/heitorbonomo



o

Foto > Laís Dantas • Brasil www.flickr.com/lais_dantas



o

Foto > Yuri Aires • Brasil www.flickr.com/yurymaori



o

Foto > Ashley โ ข Austrรกlia www.flickr.com/onebluewren



o

Foto > Simon Tomlinson • Brighton, UK www.flickr.com/simontomlinson


107


108


o

Foto > Siegfried Holzbauer • Aústria www.flickr.com/s-holzbauer


fotografia

UMA PEQUENA INTRODUÇÃO À *Por Júlio França

LOmografia

Com sede em Viena, Áustria, a Sociedade Lomográfica Internacional (Lomography Society International, ou LSI) centraliza o grupo de fãs da pequena câmera russa Lomo LC-A. Eles criaram uma comunidade em torno de um site que, além de ser uma loja “oficial”, oferece um meio de armazenamento e compartilhamento de fotografias tiradas com a Lomo LC-A e outras câmeras vendidas na loja online. É a “sede mundial” da lomografia. A Lomografia é quase como um manifesto, quase. Não é um estilo de fotografia, é mais uma rebeldia frente as novas tecnologias. Ela é do contra e é contraditória. É uma pequena confusão que só experimentando pra saber.

Foto > Júlio França www.juliofranca.net 110

o

Quando começou? Criada em 1992, depois da histórica viagem onde dois estudantes de arte de Viena conheceram a Lomo Lc-a no leste europeu, é um misto de site, loja virtual, conceito de marketing e comunidade global. O maior mérito da LSI é ter criado uma comunidade de pessoas em torno de uma idéia de fotografia mais desencanada e com forte apelo na troca de experiência e compartilhamento de imagens e técnicas analógicas de fotografia. Alguns dizem que marketing de comunidade é o seu forte e sua vontade de fazer dinheiro vendendo gadgets ultrapassados por um preço bem atual é o seu maior defeito. Mas mesmo assim temos que reconhecer o valor da LSI, pois se não fossem esses estudantes de viena eu estaria fazendo fotografia bem mais corretinha e chata.


O que faz? Além de vender câmeras e todo o “estilo de vida” analógico, a Sociedade promove eventos, exposições e competições onde os participantes da comunidade interagem, mas sempre em torno do conceito de Lomografia (fotografias feitas com a camera lomo) e seguindo as 10 regras de ouro que vem subverter toda a ordem na fotografia tradicional.

111


Júlio França Brasil

lomografia

regras de ouro São tidas como a base do “conhecimento” lomográfico, um manifesto de um grupo de jovens irrequieto que queriam mudar o mundo, ou um monte de baboseira de uns malucos. O que importa é que é um bom começo para quem está se iniciando no mundo lomográfico, mas não deve ser considerado o fim. Criadas para “explicar” a lomografia para os novos adeptos, as regras servem apenas como ilustração, como define a décima regra:

#1:

Leve a sua Lomo onde você for: Você já teve aquele momento em que pensou “puts, pena que não trouxe minha câmera”, não? Então, por causa do inesperado, da surpresa, sempre esteja com sua câmera (seja lomo ou não) pronta para clicar aquele momento bacana, aqueles em que você sempre pensa que devia estar com uma câmera na mão.

#2: Fotografe durante todo o tempo,

em qualquer hora, seja dia ou noite: Não espere um feriado, uma viagem ou um final de semana especial para clicar. A vida acontece o tempo todo, o cotidiano pode se transformar em algo interessante quando olhado de outro ponto de vista. Observe ao seu redor e descubra um mundo novo que esta diante dos teus olhos, todos os dias. E de noite que a lc-a mostra cores e luzes sensacionais.

#3: A lomografia não interfere na sua

vida, ela é parte dela: Ou melhor, a lomografia seria o relato da sua vida através de imagens. Como dito anteriormente, é uma forma de enxergar beleza no que se vê e vive todo dia. Aproveite a vida, não se preocupe em tecnicalidades na hora de fotografar, vivencie e deixe a câmera no automático.

#4: Aproxime-se o máximo que puder

de seu objeto de desejo lomográfico: Quanto mais perto, melhor. Desde um super retrato ou macrofotografia, chegue mais perto daquilo que lhe interessa. Quanto mais perto das coisas você chegar, mais delas vai conhecer.

#5:

Não pense, faça. Siga seus instintos, confie no que você sente, e mostre isso com fotografias. Quanto mais fizer isso, mais rápido será. E melhor serão os resultados.

#6:

Seja rápido: Não deixe passar as oportunidades de fazer uma imagem bacana. As vezes uma fração de segundo pode alterar por completo o que uma foto pode representar. Esteja sempre pronto. Dedos rápidos, mantenha a câmera sempre preparada, ajuste o foco com antecedência (ou não).

#7:

Você não precisa saber antes o que fotografou…

112


#8:

…nem depois: É a surpresa do inesperado uma das coisas mais legais e que dão friozinho na barriga por fotografar com filme. Experimente deixar o resultado por conta do acaso. Clique sem olhar pra onde está apontando a câmera, sem saber o que estava acontecendo. Por cima da multidão, por baixo de um portão. Seja surpreendido pelo acaso. E se você não conseguir identificar o que saiu na foto, não tem problema também. O que vale é a experimentação. É dela que vem experiência, e fotos memoráveis.

de composição, pois você passa a imaginar o que a câmera vai captar, ver a cena na sua cabeça baseado no que conhece de seu equipamento. Desenvolva-se e tenha mais controle do que você fotografa.

#9:

Seja livre.

Fotografe sem olhar no visor: Liberte-se do enquadramento, do medo do erro de paralaxe ou da precisão das SLR. Fotografar sem olhar no visor é um exercício

#10: Não se preocupe com as regras:

A mais importante de todas as regras, a regra que invalida todas as outras e acho que é a que define toda lomografia: quebre as regras. Aprenda todas as regras e teorias da fotografia e da arte e, depois, desconstrua! o

Foto > Júlio França www.juliofranca.net

o

113


Todas as fotos dessa matéria foram tiradas com o filme Kodak Proimage 100.

o

Lomografia > Júlio França • Brasil www.juliofranca.net


115


CINEMA

O lado escuro da Lua Um orçamento humilde e um roteiro original *Por Lívia Colbellari

A verdade é que não me interesso muito por ficção–científica, mas o filme ‘Moon’ me chamou a atenção, primeiramente, porque é dirigido e escrito por Duncan Jones, filho do alienígena David Bowie. Além disso, ao assisti-lo fiquei em dúvida quanto à classificação, acho que o considero mais um drama. Essa produção de apenas 5 milhões de dólares é protagonizada por Sam Bell (Sam Rockwell) um funcionário de uma empresa chamada Lunar que extrai Hélio-3, um combustível limpo e abundante no solo da Lua. Ele tem um contrato para ficar 3 anos trabalhando e morando na Lua sozinho, apenas na companhia de um computador chamado Gerty. O filme começa quando faltam apenas 2 semanas para Sam retornar a Terra e rever sua família, o que ele tanto anseia. Mas um acidente na superfície lunar o leva a encontrar mais alguém na Lua: ele mesmo. A partir dessa descoberta, o filme vai se desenrolando de uma maneira muito engenhosa, com duas reviravoltas tão inacreditáveis que cada uma seguraria o filme sozinha. 116

O computador que acompanha Sam, Gerty (dublado por Kevin Spacey), ganha grande evidência dentro da trama, devido a sua inteligência e consciência (comparálo ao HAL 9000 de ‘2001 Uma odisséia no espaço’ é inevitável). Gerty - ao contrário de HALL – possui uma humanidade quase utópica e torna-se amigo e confidente de Sam, além de ajudá-lo em todas as suas tarefas, desde cortar o cabelo a extrair o minério da Lua. Esse é apenas o segundo filme de Jones e apesar disso ele já foi considerado como a melhor ficção cientifica de 2009. Com uma narrativa simples e direta, ele consegue lhe manter intrigado até o final da história, pois se vai descobrindo a trama aos poucos, junto com os personagens.


a

A maioria das cenas são filmadas dentro da base lunar, o que é um pouco claustrofóbico, mas nos faz sentir presos como o próprio personagem. Vale a pena destacar também a trilha sonora incrível, que deixa o filme mais envolvente e intensifica o tom de suspense de cada cena. O filme é também um espetáculo de imagens da Lua e nessas partes ficam claras as influências (novamente) de ‘2001 Uma odisséia no espaço’. Apesar disso, o filme se sustenta com o estilo original de Ducan Jones, que em nenhum momento se mostra como um copiador de Kubrick. ‘Moon’ é um filme emocionante e quando você termina de assisti-lo percebe que o fato menos curioso é que o diretor é filho do David Bowie. o

o

Blog > Lívia Colbellari www.liiviacor.blogspot.com 117


118


quem já tirou caqui do pé e não tirou o pé do chão e não sonhou e não refez o coração e não olhou pra trás e não olhou pra frente e não sentiu um gosto de sonho e não refez as desculpas e não aceitou as culpas e não parou de pensar um segundo e não falou merda e não perdeu o pedaço de si e não fugiu e não abriu os olhos para ver o amor passar e não esqueceu e não entendeu direito e não ouviu uma música do outro lado da linha do telefone e não roeu as unhas e não ficou com medo do guarda chegar e não deixou o beijo dar e não furou a greve sentimental e não teve coragem de arcar e não quis se entregar e se entregou até parar e apertou a carne e não sentiu um medo que dá e não adoeceu e não escreveu que droga e não estendeu a mão e não recolheu o sorriso e não fez de tudo e não fez nada e não olhou e não desejou e não chorou, deixou o caqui cair no chão. Por Lúcio Manga 119


CONTO

despedida Capitais *Por Kauê Scarim

Andando devagar, comecei a fazer o caminho de volta. Enquanto caminhava, as imagens de poucos instantes atrás voltavam à minha mente. Os olhos negros, um disparo silencioso e o ruído típico de algo cortando o ar. O tempo parecia passar mais devagar na queda de um corpo. O sangue, ao espirrar para o alto, zombava do mundo e toda a sua ordem. E aquele vermelho. Quando ele surge, todas as outras cores parecem sem graça. Cinzas. Tudo parece se resumir às pequenas gotas e em onde elas vão cair, se no chão ou em meu tênis surrado. O vento frio da noite me fez entrar no primeiro bar que vi à minha frente, com sua porta minúscula e fachada praticamente nula. Ao entrar, tentei absorver toda a cena de dentro do lugar. Era deprimente. Algumas cadeiras e mesas caídas, quebradas; algumas garrafas caídas, rolando no chão; algumas pessoas caídas, não sei se mortas ou apenas bêbadas demais. Aliás, várias delas. Algumas, bem poucas, remexiam-se, ou de dor ou para arrumar uma posição melhor para o sono. Fui até o balcão e me servi de uma dose de uísque, sem gelo. Não que eu fosse ficar ali. Não, não hoje. Virei a dose e o meu corpo para sair. Abri a porta e novamente senti o frio cortante de antes. Andei rápido. Tão rápido que as coisas à minha volta viraram borrões em meio à névoa da madrugada e à fina garoa. Quando vi, de canto de olho, algo que quase passou despercebido. Quando me virei para olhar, agradeci por não ter ignorado aquele vulto de um branco quase fantasmagórico à minha frente. Ela era linda. Estava parada, olhando para mim, num convite silencioso. Cheguei mais perto e toquei seu braço. Estava mais gelado que o vento. Ela se virou, indo para a rua de onde tinha vindo, e eu dei uma última olhada para trás. Hoje seria um daqueles dias que não acabam, eu sabia. 120

o


o

Conto > Kauê Scarim • Brasil www.blogcontado.blogspot.com 121


Ilustração . Literatura . Moda . Música . Grafite . Fotografia . Cinema

www.strombolli .com.br


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.