Bauru, 11 de maio de 2018
3º termo - Jornalismo/FAAC - Unesp
Movimento LGBT celebra nesta quinta o Dia Internacional contra a Homofobia Questões de gênero e orientação sexual ainda sofrem com a intolerância
Por: Anne Hernandes e Rafaela Thimoteo atitudes que as pessoas têm perante os LGBTs é um comportamento aprendido, porque está inserido dentro de um contexto cultural, dos valores, das regras, das crenças daquela sociedade”. Tatiana explica que na década de 70, nos Estados Unidos, houve um aumento de casos de HIV e isso foi bastante associado a comunidade gay. “A AIDS, no começo, foi uma doença que era muito carregada de preconceito”. Isso contribuiu para o comportamento homofóbico e o estigma social em relação a homossexualidade, que chegou a ser considerada uma doença. Ela comenta sobre a relevância de campanhas sobre a diversidade sexual e o diálogo sobre essa questão nas escolas, nas famílias e na mídia. Segundo ela, isso diminuiria o estereótipo que há contra a comunidade LGBT e os comportamentos de violência e de não aceitação, que fazem com que pessoas homossexuais, bissexuais e transsexuais ainda tenham muita dificuldade de assumir sua sexualidade para si mesmos e para a sociedade. Foto: Shutterstock / Reprodução
“A gente tem que aprender a lidar com a diversidade sexual”, diz a psicológa Tatiana Leite
Foto: Edu Cesar / Reprodução
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Dia Internacional Contra a Homofobia, 17 de maio, é um marco para a sociedade, especialmente para a comunidade LGBT. A data foi criada em homenagem ao dia em que a homossexualidade foi retirada da lista de doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1990. Seu objetivo é o de conscientizar as pessoas sobre a importância do combate à homofobia e continuar a luta pelos direitos da comunidade. O comportamento homofóbico é a aversão a homossexuais expressa em forma de repulsa, ódio, violência física, verbal, psicológica, econômica e reprodução de estereótipos preconceituosos. Leonardo Oliveira, um dos organizadores do Prisma, coletivo LGBT da Unesp de Bauru, afirma que “o combate tem que ser diário, mas o bom de se ter um dia específico é que se centraliza algumas questões e ganha-se uma visibilidade maior”. A psicóloga Tatiana Leite acredita que ninguém nasce homofóbico. Para ela, essa conduta é uma construção social: “As
"O pior de tudo é você se auto sabotar e se privar de viver a sua vida plenamente", diz Leonardo Oliveira, organizador do coletivo Prisma
No Brasil, desde 1980, o GGB (Grupo Gay da Bahia) faz o levantamento de dados relacionados a homofobia. O grupo afirma que 2017 foi o ano em que mais LGBTs foram assassinados no país. 445 pessoas foram mortas apenas pela sua orientação sexual, o equivalente a uma vítima a cada 19 horas. Segundo o psicólogo e pesquisador do LASEX (Laboratório de Ensino e Pesquisa em Educação Sexual), Raphael Dos Santos, tais estatísticas são baseadas em relatos da mídia, ou seja, os números reais são ainda maiores, já que nem todos os casos de homofobia são relatados oficialmente ou aparecem na mídia. A constituição brasileira afirma que o país deve garantir a igualdade de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Contudo, diversos aspectos da lei são desrespeitados, fazendo com que haja a necessidade de leis específicas para caracterizar crimes como: femi-
nicídio, racismo, homofobia, etc. No entanto, não há uma lei em território nacional que criminalize especificamente práticas de discriminação por orientação sexual, havendo apenas projetos de leis arquivados e algumas leis regionais. Isso configura-se em algo prejudicial que contribui para a prevalência de práticas homofóbicas, já que segundo Raphael quando não se tem uma lei para caracterizar um crime cria-se uma certa permissividade e falta de consequências para quem o pratica. Além disso, muitas vezes uma denúncia de agressão por homofobia é classificada apenas por “agressão”, tornando invisível todo o aspecto preconceituoso do crime. Outro fator relacionado a isso é que a representação LGBT no Congresso Brasileiro ainda é escassa e isso faz com que muitas leis necessárias para a comunidade sejam barradas, principalmente pela Bancada Evangélica, enquanto outras propostas de leis adquirem caráter discriminatório (tais como a “cura gay”).