Abraรงo de presente
Elio Silva
Cada pai tem a sua maneira de expressar amor. “Abraço de presente” é a história de um pai que faz maluquices para ganhar abraços do seu filho. A sua história também é assim?
Abraç o de p re s e nt e Elio Silva
Projeto “Sonho de Presente” XIII Festival da Criança São Paulo 15 de outubro de 2011
Autor: Elio Silva Contato: formalider@yahoo.com.br Revisão: Gerson da Silva Imagens da capa: Stefano Tognetti / Getty Images (capa) © Lajo_2 | Dreamstime.com
Imagens internas: Stefano Tognetti / Getty Images © Bram Janssens | Dreamstime.com © Dejan Savic | Dreamstime.com © Andrea Riva | Dreamstime.com © Connie Larsen | Dreamstime.com © Silvia Raffaela Formia | Dreamstime.com
© 2008 Elio Souza da Silva ISBN 978-85-902155-4-7
N
asci no meio de uma família muito
especial. Meus pais gostavam muito de me carregar no colo quando eu ainda era pequeno e me seguravam de um jeito que parecia um gostoso abraço. Aprendi a engatinhar e muito cedo já estava tentando me equilibrar sobre as pernas. Meus pais bem que tentaram me segurar mais tempo no colo, mas eu só queria saber de ficar no chão. Comecei a andar e depois só queria saber de correr. O colo foi trocado por abraços, mas para ganharem um abraço, meus pais agora precisavam correr mais do que eu. Quando eu era menor, meu pai vivia correndo atrás de mim tentando me pegar. Eu sempre achei que ele gostava de brincar de pega-pega. Só depois eu descobri que ele não gostava nem um pouco de correr. Ele corria porque adorava me dar abraços. Eu não consigo entender por que ele fica tão feliz quando eu estendo os braços e dou um aperto nele. E nunca se cansa disso.
Toda vez que me traz um presente, meu pai tem a mania de segurá-lo com as duas mãos e escondê-lo nas costas. — Adivinha o que eu trouxe para você? Eu percebi que não é para fazer segredo que ele esconde o embrulho, como todos os outros pais fazem. Ele fica na frente do presente porque deseja ganhar um abraço. Eu finjo que estou pensando o que vou ganhar e ele fica insistindo: — Anda, você sabe o que tenho aqui na minha mão?
Eu corro, dou um abraço bem apertado nele e ouço um coração feliz. Ao conquistar um abraço, meu pai pára de brincar de adivinhação e entrega o presente. — Brigadão, pai! Todo dia o meu pai chega em casa com uma história diferente que eu já sei como vai terminar. Será que ele vai trabalhar ou vai para um lugar secreto e fica inventando mil e uma maneiras de ganhar abraços? Aposto que ele deve ter uma equipe criativa que ganha muito dinheiro só para ficar imaginando e trazendo novas idéias. Será que eles comemoram se abraçando quando encontram uma idéia brilhante?
Lembro-me de uma vez que meu pai inventou uma nova moeda e até a minha mãe gostou do negócio. Eu tinha que pagar tudo o que eles faziam para mim. Em abraços, claro. E eles adoravam a idéia de que eu estava sempre em dívida... Quando eu jogo futebol e consigo fazer gol, gosto muito de correr pelo campo de braços abertos imitando um aviãozinho. Mas também aproveito para fugir de alguém que sempre corre para me abraçar, como acontecia antigamente quando eu corria muito, gritava e não conseguia ir muito longe antes de ser alcançado. Agora, eu até poderia fugir, mas deixo que meu pai me alcance e me aperte.
Eu sei que vocês não vão acreditar, mas foi no campinho que aconteceu uma história maluca que nunca mais vou esquecer. Meu pai começou a me chamar para jogar futebol, queimada e outras competições que só podem ser realizadas em grupo. Nestes jogos ele faz de tudo para estar no mesmo time do seu querido filho e nunca aceita jogar no time adversário. Assim, toda vez que eu faço algum ponto, lá vem o meu pai correndo para comemorar com abraços. Certa vez não teve jeito. Na hora de escalar a equipe, eu fiquei em um time e meu pai ficou no outro. Ele não gostou nem um pouco e fez de tudo para trocar, mas não teve jeito; pai e filho seriam adversários. Meu pai estava tão chateado em perder o campeão aqui que pediu para ser o goleiro. Eu gostei da idéia de ter o meu pai como adversário pela primeira vez e comecei a fazer de tudo para ver o meu pai se esticando e a bola entrando para balançar a rede. Naquele jogo eu fiz uma bela jogada que nunca mais vou esquecer. Consegui driblar vários jogadores e estava indo com tudo em
direção ao gol. Mas alguém colocou o pé na minha frente dentro da área, eu caí e o juiz apitou: "penalidade máxima". É muito fácil fazer gol de pênalti, e eu fui o escolhido para dar o chute da vitória. Fazer um gol no meu próprio pai? Isso seria muito divertido. Coloquei a bola na posição, mirei no canto esquerdo, corri e chutei no canto de cima da trave. Era uma daquelas bolas difíceis de agarrar. Mas aconteceu uma coisa que fez esse chute entrar para a história. Adivinhem o que aconteceu antes da bola entrar? Vou contar e vocês não precisam acreditar. Antes mesmo da bola entrar, meu pai saiu do lugar e veio correndo para me dar um abraço comemorando o gol. Pode uma coisa dessas? Ele nem fez de conta que estava tentando agarrar a bola! Foi a maior confusão que já vi dentro de um campo. — Pai, você está no time adversário, lembra-se?
Eu nunca tinha visto alguém tão feliz por sofrer um gol. Meu pai estava parado embaixo da trave, de braços abertos e com os olhos em minha direção. Eu pensei que ele estava se preparando para agarrar a bola, assim como faz todo goleiro. Que bobo eu, não? Ele estava ali, parado, morrendo de vontade de me dar um abraço, e não conseguiu se segurar... Fomos expulsos. Meu pai tentou se explicar diante do juiz, mas acho que ele piorou ainda mais as coisas. — O senhor tem um filho de quem gosta muito? Seria legal se eu estivesse contando em detalhes para vocês sobre como se faz um gol de classe. Mas vocês viram o que o meu pai fez? Estou aqui falando de abraços. Eu sempre achei que meu pai ficava querendo abraços porque eu era uma criança especial. Mas nesse dia eu entendi que se tem alguém especial nessa história é meu pai. Eu não seria especial sem ele. No dia do meu aniversário, parece que tudo foi combinado. Quase todo mundo
chegou ao mesmo tempo, e logo se formou uma fila de pessoas querendo me dar parabéns e abraços de presente. Meu pai vê a fila e resolve brincar comigo: — Ué, pensei que era só eu... Está todo mundo querendo ganhar abraço seu? Meu pai deu uma volta e entrou no último lugar da fila. Logo depois, não sei direito o que aconteceu. Ele saiu do último lugar e queria cortar a fila de qualquer jeito para ficar na frente de todo mundo. Parece que ele estava brincando, mas aquele não era o momento para brincadeiras. Fui pedir para o meu pai voltar ao final da fila, mas ele insistia em ser o primeiro. — Será que preciso distribuir uma ficha numerada para organizar a fila? — gritei para brincar e dar uma bronca ao mesmo tempo. A confusão só aumentou. Todo mundo queria ser o primeiro e vieram em minha direção. Não consegui correr e eles me pegaram... Tá todo mundo me abraçando...
Ganhei um monte de presente dos meus amigos, mas o presente mais especial de todos, eu recebi dos meus pais: um livro de história e um sonho. O livro que eu ganhei continha a história preferida dos meus pais. Eles me explicaram que estavam me dando de presente as idéias e valores que eles acreditam e defendem. Eu que nem sei ler direito, mas sempre gostei de histórias, fiquei muito curioso em conhecer o que havia de tão importante na cabeça dos meus pais. Ler a história é como ler os pensamentos deles. Bem, o sonho de presente veio dentro de um cartão. Ou melhor, Sonho para o sonho mesmo não veio ainda. A um filho única coisa que eu conseguia ler especial ali era “sonho para um filho especial”. — Eu não acredito que vocês esconderam... Olhei para o meu pai e vi aquele sorriso que ele sempre abre quando esconde um presente nas costas, querendo fazer surpresa. — Adivinha o que sonhamos para você? Além de histórias eu sempre gostei de ouvir as pessoas contando seus sonhos. Mas eu
aprendi que a gente não precisa dormir para sonhar. Quando falamos de alguma coisa que queremos muito, isso também é sonho. Mas, desta vez, meus pais estão falando de um sonho comigo, um sonho de grandes coisas para mim. Não é demais? Mesmo incompleto o cartão foi colocado em um quadro na parede do meu quarto. Alguma acontece mágica acontece toda vez que eu olho para aquele quadro vazio. Eu começo a sonhar o sonho dos meus pais e me vejo no futuro. Os sonhos são deles, mas agora se tornaram meus. Mas tudo acaba quando tento ver o meu rosto e me pego de olhos bem abertos diante de um quadro branco pendurado em uma parede azul.
— E se algum amigo me perguntar o que é este quadro branco na parede? Eu confesso que fico triste. Como meus pais poderiam esconder de mim o que pode ser o maior de todos os presentes que já ganhei? Meus pais gostam de ficar pensando nos momentos felizes que ainda vamos viver juntos. Crescendo com abraços e sonhos aprendi que não preciso ter medo do futuro. E eu sei que um dia eu vou acordar e encontrar escrito os melhores e maiores sonhos que os meus pais já têm para mim. E eu vou agradecer com o abraço mais apertado e demorado que eu poderia dar.
Sonho para um filho especial
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Abraço e sonho. Essa é a combinação simples e necessária à formação de crianças como líderes no futuro. Dar abraços com amor em uma criança é também ensiná-la a se relacionar e a se importar com o outro. Uma criança que aprende a sonhar com o futuro consegue ver sentido para sua vida. Abraço e sonho transformam crianças em pessoas seguras e capazes de influenciar o mundo em que vivem. Leia "Abraço de presente": essa história de sucesso é sua e de seu filho.
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ISBN 978-85-902155-3-0