Ano XII – Nº 44 – Fevereiro / Março / Abril de 2012
A importância dos Projetos de Engenharia para a infraestrutura brasileira Temos demanda profissional para atender o Brasil numa condição de potência emergente? Temos tempo hábil para adequar bons projetos às necessidades urgentes de obras? A falta de investimentos de décadas anteriores compromete as exigências atuais? Precisamos de uma engenharia importada? Como o saneamento se insere no contexto dos setores de infraestrutura?
“O saneamento está na pior condição de nossa infraestrutura”
FENASAN 2012
Em entrevista, Luiz Pladevall ressalta a necessidade de uma política séria para o setor, com metas, definição de recursos e conceitos técnicos de planejamento elaborados por profissionais competentes, além de uma avaliação otimizada da engenharia nacional.
Promovida há 23 anos pela AESabesp, a Fenasan (Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente), programada para 06, 07 e 08 de agosto 2012, ocupará a área total do Pavilhão Branco do Expo-Center Norte, em São Paulo - SP.
Mais Destaques desta edição: Na sessão “Ponto de Vista”, o presidente do CREA SP, Francisco Kurimori (foto), analisa o atual cenário da engenharia nacional. ■■ Na sessão “Visão de Mercado”, o presidente do Sinaenco, João Alberto Viol, aborda a importância do projeto de engenharia. ■■
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revista saneas Revista Saneas: mais que uma Revista, um Projeto Socioambiental. Em 2012, conte com a Saneas. Inclua a revista na sua programação de mídia para 2012. EdIçõEs progrAmAdAs pArA 2012: EdIção N° 45 – mAIo/JUNho/JUlho Tema: Gestão na Hidrometria: Segurança e Confiabilidade Trará uma prévia do que acontecerá na Fenasan 2012 (com distribuição durante a Feira). Fechamento: julho 2012 / circulação: agosto (Fenasan) EdIção N° 46 – Agosto/sEtEmbro/oUtUbro Tema: Cidades Sustentáveis - Soluções para o Futuro Com cobertura do XXIII Encontro Técnico AESabesp e Fenasan 2012. Fechamento: outubro 2012 / circulação: novembro 2012 EdIção N° 47 – NovEmbro/dEzEmbro/JANEIro Tema: Abastecimento da Macrometrópole Fechamento: janeiro 2013 / circulação: fevereiro 2013
A revista Saneas é uma publicação da:
CoNtAto dE pUblICIdAdE:
AESAbESp - pAulo olivEirA TEl: 11 3263 0484 - 11 7515 4627 paulo.oliveira@aesabesp.org.br
Editorial
A engenharia brasileira requer um bom planejamento em todos os níveis Muito se comenta na mídia escrita e falada das obras mau executadas ou que excederam os valores inicialmente previstos em projeto, de forma simplista, realçando a ignorância na matéria. Não é à toa que o grande abismo entre o que é divulgado e o que de fato acontece ou aconteceu é que, simplesmente, é preciso, primeiro provar que o inocente é inocente e não provar que o culpado é culpado. Na cultura do Brasil, particularmente nos ditos governos democráticos, onde a vaidade impera sobre as prioridades sociais, o imediatismo inconsequente sobrepõe ao estudo meticuloso e cuidadoso de todo projeto, articulado e definido por técnicos de reconhecido gabarito que deveriam estar à frente. Estranhamente, o Brasil por querer ser diferente, uma ala pseudo-moderna quer mostrar uma competência virtual que não se concretiza na vida real. Em minha pequena experiência, me utilizo das parábolas populares, para lembrar uma máxima: “ pau que nasce torto não se endireita”. Portanto, temos que começar, sem sermos saudosistas, a ver uma demanda ou necessidade social no seu amplo espectro, ou seja, estudando o passado, avaliando o presente e planejando um futuro, no qual se espera em um cenário de no mínimo 30 anos. Para que isso seja possível, temos que resgatar uma etapa importantíssima no desenvolvimento de qualquer projeto: o Planejamento. O planejamento exige conhecimento e, sobretudo, experiência dos profissionais que estarão participando no desenvolvimento de um processo que encaminhará projetos bem estruturados, garantido a eficiência da finalidade concebida e atendendo a demanda social pretendida. Hoje, diferentemente do que se fala, o que não temos são projetos de qualidade. Convivemos sim com a falta de visão dos nossos governantes por longos trinta anos, que tiveram a falta de visão de estadista, que não acreditaram no crescimento do país e, simplesmente, deixaram de investir no bem mais precioso que um País precisa: a Educação.
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Hiroshi Ietsugu Presidente da AESabesp Proliferam, hoje, muitos cursos de qualidade duvidosa que, com a complacência dos governos, lançam ao mercado milhares de profissionais sem a necessária formação acadêmica que garanta, no mínimo, bom desenvolvimento profissional. Devido à crise na Europa, sem muito alarde, milhares de profissionais de outros países têm aportado no Brasil, sobrepondo-se nas oportunidades de brasileiros, devido à melhor formação dada nas escolas da Europa. Hoje convivemos com a falta de profissionais na área de engenharia, principalmente porque esses novos profissionais foram assimilados pela área econômica e financeira por falta de perspectiva. Como podemos pensar em projetos de qualidade se os profissionais não estão ingressando nas atividades técnicas para serem preparados para o futuro do qual o Brasil precisa? É preciso, sim, retomar pela base! É preciso melhorar as nossas escolas, do básico ao universitário, de maneira que tenhamos, num futuro próximo, profissionais de qualidade para desenvolver, em qualquer área, projetos que garantam um futuro melhor para o Brasil. Qualquer povo que tenha em suas raízes bons fundamentos com relação à educação, respeito e ética se torna forte. E o Brasil tem tudo para ser um País forte! Comecemos pela busca de governantes que sejam estadistas de fato, com visão e responsabilidade do futuro que eles representam. Com certeza, quem enxergar o futuro será bastante criticado em todas as suas iniciativas, mas o tempo se encarregará de dizer quem tinha razão afinal! Bons projetos dependem de bons fundamentos, que por sua vez dependem de bons profissionais que dependem de boas escolas. Vamos resgatar os bons cursos para termos no futuro bons profissionais. Que a boa técnica consiga, rapidamente, não ficar refém da vaidade de políticos ignorantes! Resgatemos, pois, a formação acadêmica de qualidade, para termos esperança de ter um futuro consolidado.
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Índice
Expediente Saneas é uma publicação técnica da Associação dos Engenheiros da Sabesp Diretoria Executiva: Presidente - Hiroshi Ietsugu Vice-presidente - Helieder Rosa Zanelli 1º Diretor Secretário - Nizar Qbar 2º Diretor Secretário - Choji Ohara 1º Diretor Financeiro - Yazid Naked 2º Diretor Financeiro - Nelson Luiz Stabile Diretoria Adjunta: Diretor Cultural - Olavo Alberto Prates Sachs Diretor de Esportes - Evandro Nunes de Oliveira Diretor de Marketing - João Augusto Poeta Diretor de Pólos - Paulo Ivan Morelli Franceschi Diretor de Projetos Socioambientais - Luís Eduardo Pires Regadas Diretor Técnico - Reynaldo Eduardo Young Ribeiro Diretora Social - Viviana Marli Nogueira A. Borges
05 A Importância dos Projetos matéria tema
de Engenharia para a Infraestrutura Brasileira
11 Entrevista “O saneamento está na pior condição da nossa infraestrutura” 17 Ponto de vista A Engenharia e a Infraestrutura 19 Visão de Mercado A importância do projeto de engenharia para empreendimentos públicos e privados 21 Artigo Técnico O senhor Feynman não estava brincando: A educação tecnológica brasileira 28 Acontece no setor 32 Matéria Sabesp A importância da estruturação para enfrentar novos desafios - A Sabesp se prepara para Novos Negócios Fenasan 2012 38 Fenasan terá área ampliada em 2012 40 Ecoeventus AESabesp®: o nosso Projeto Neutralização de Carbono 42 Novos conceitos para a premiação do Troféu AESabesp 44 Projetos Socioambientais Conheça nossa carteira de projetos 46 Sustentabilidade Dia Mundial da Água
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Conselho Deliberativo: Amauri Pollachi, Cid Barbosa Lima Junior, Choji Ohara, Eduardo Natel Patricio, Gert Wolgang Kaminski, Gilberto Alves Martins, Gilberto Margarido Bonifácio, Helieder Rosa Zanelli, Hiroshi Ietsugu, João Augusto Poeta, Marcos Clébio de Paula, Nélson Luiz Stábile, Nizar Qbar, Olavo Alberto Prates Sachs, Paulo Eugênio de Carvalho Corrêa, Pérsio Faulim de Menezes, Reynaldo EduardoYoung Ribeiro, Sonia Maria Nogueira e Silva, Viviana Marli Nogueira A. Borges, Walter Antonio Orsatti, Yazid Naked Relações Institucionais: Coordenador: Luciomar Santos Werneck Conselho Fiscal: Carlos Alberto de Carvalho, José Carlos Vilela e Ovanir Marchenta Filho Conselho Editorial: Luiz Henrique Peres (Coordenador) João Augusto Poeta, Luiz Eduardo P. Regadas e Maria Ap. S. P. Santos Fundo Editorial - revista saneas: Coordenadora: Marcia de Araújo Barbosa Nunes Luis Eduardo Pires Regadas, Celso Roberto Alves da Silva, Paulo Rogério Guilhem, Alex Orellana, José Marcio Carioca Coordenador do Site: Jônatas Isidoro da Silva Pólos AESabesp da Região Metropolitana - RMSP Coordenador dos Pólos da RMSP - Robson Fontes da Costa Pólo AESabesp Costa Carvalho e Centro - Maria Aparecida Silva de Paula Santos Pólo AESabesp Leste - Nélson César Menetti Pólo AESabesp Norte - Rodrigo Pereira de Mendonça Pólo AESabesp Oeste - Francisco Marcelo Menezes Pólo AESabesp Ponte Pequena Pólo AESabesp Sul Pólos AESabesp Regionais Coordenador dos Pólos Regionais - José Galvão de F. R. e Carvalho Pólo AESabesp Baixada Santista - Zenivaldo Ascenção dos Santos Pólo AESabesp Botucatu - Rogélio Costa Chrispim Pólo AESabesp Franca - Antonio Carlos Gianotti Pólo AESabesp Lins - Marco Aurélio Saraiva Chakur Pólo AESabesp Presidente Prudente: Gilmar José Peixoto Pólo AESabesp Vale do Paraíba - Sérgio Domingos Ferreira Coordenação do XXIII Encontro Técnico AESABESP e Fenasan 2012: Presidente da Comissão - Eng Químico Nizar Qbar Diretor do Encontro Técnico AESabesp - Eng Olavo Alberto Prates Sachs Diretor da Fenasan - Reynaldo E. Young Ribeiro Membros da Comissão: Choji Ohara, Gilberto Alves Martins, Hiroshi Ietsugu, João Augusto Poeta, Luis Eduardo Pires Regadas, Maria Aparecida Silva de Paula Santos, Nélson César Menetti, Nizar Qbar, Olavo Alberto Prates Sachs, Osvaldo Ioshio Niida, Regina Mei Silveira Onofre, Reynaldo E. Young Ribeiro, Tarcísio Luis Nagatani, Walter Antonio Orsatti Equipe de apoio: Maria Flávia S. Baroni, Maria Lúcia da Silva Andrade, Monique Funke, Paulo Oliveira, Rodrigo Cordeiro, Vanessa Hasson Órgão Informativo da Associação dos Engenheiros da Sabesp Jornalista Responsável: Maria Lúcia S. Andrade – MTb. 16081 PROJETO VISUAL GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Neopix Design neopix@neopixdesign.com.br www.neopixdesign.com.br Associação dos Engenheiros da Sabesp Rua Treze de Maio, 1642, casa 1 Bela Vista - 01327-002 - São Paulo/SP Fone: (11) 3284 6420 - 3263 0484 Fax: (11) 3141 9041 aesabesp@aesabesp.org.br www.aesabesp.org.br
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A importância dos Projetos de Engenharia para a infraestrutura brasileira
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matéria tema Implementar uma infraestrutura eficiente para o desenvolvimento de um País é a condição essencial ao bem estar de sua população. Entretanto, melhorar a infraestrutura também significa aumentar a produtividade e qualidade de bens e dos serviços da estrutura produtiva, que, por consequência, gera o estímulo ao capital e a geração de emprego e renda. No cenário atual de globalização, o Brasil se destaca como potência emergente e ainda conta com o advento de possuir promissoras reservas naturais em seu território. Mas para que a sua infraestrutura seja moderna e competitiva, são necessários planejamentos direcionados a várias diretrizes governamentais de desenvolvimento, como a educação, a saúde, a economia de base e, principalmente, a engenharia nacional, que
concentra conhecimento e tecnologia para se tornar uma ponte para nos sedimentarmos como uma nação reconhecidamente desenvolvida. Em que pese a falta de investimentos no setor, nos anos 80 e 90, a expertise da engenharia brasileira - principalmente a dos profissionais formados antes e durante esse período - está preparada para alavancar, por meio de desenvolvimento tecnológico, projetos e obras, diversos sistemas fundamentais para o nosso desenvolvimento e cidadania. A seguir, mostramos essas áreas da infraestrutura que tomam forma a partir de estudos e projetos de engenharia, desenvolvidos por profissionais devidamente qualificados, com capacidade técnica.
Gestão de Recursos Hídricos Voltada para que o saneamento básico seja efetivamente estendido a todo cidadão brasileiro, com base no reconhecimento que se trata de um requisito essencial para a qualidade de vida da população e para a redução dos custos dos programas de saúde pública. Nesse contexto, destaca-se o corpo técnico da Sabesp, que está posicionada entre as 5 maiores empresas do setor no ranking mundial, a frente de eficientes concessionárias públicas, como Sanepar, Copasa, entre outras, além de empresas do setor privado.
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Ampliação da ETA Taiaçupeba, na Região Metropolitana de São Paulo A despeito de seu poderio econômico fundamental para que o Brasil seja qualificado de maneira positiva, a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) é uma das áreas mais populosas e com menor disponibilidade hídrica do País, além de padecer de uma invasiva ocupação do solo, crescimento desordenado e até mesmo um ciclo hidrológico imprevisível. Tais complicadores fizeram com que o seu Plano Diretor de Abastecimento de Água buscasse formas de otimizar sua capacidade de produção para atender a demanda, com a ampliação em larga escala do Sistema Produtor Alto Tietê. Dessa forma, a Sabesp e o consórcio formado pelas empresas Companhia Águas do Brasil – CAB Ambiental e Galvão Engenharia S.A. assinaram o contrato
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matéria tema da Parceria Público Privada, considerada a maior e mais importante PPP realizada em todo território nacional, para o setor de saneamento, para o desenvolvimento das obras de ampliação da capacidade da ETA Taiaçupeba, localizada no município de Suzano, prevendo a construção de 17,7 km de adutoras de grande porte e de quatro reservatórios que terão capacidade para armazenar 70 milhões de litros. E ainda estará sob a responsabilidade dessa parceria a prestação dos serviços de manutenção de barragens; inspeção e manutenção de túneis e canais; manutenção civil e eletromecânica em unidades integrantes do Sistema Alto Tietê; o tratamento e disposição final do lodo gerado na produção de água tratada e serviços auxiliares. Este empreendimento viabiliza a ampliação da oferta de água de 10 para 15 mil litros por segundo, assegurando assim a regularidade do abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo.
Gestão de Recursos Hídricos Busca a viabilização da energia elétrica, do petróleo, do gás e de demais recursos energéticos, com qualidade e disponibilidade garantidas, a custos compatíveis com investimentos públicos e atrativos aos investimentos privados em empreendimentos, especialmente no setor industrial.
Brasil a grande potência energética do Século XXI O setor energético, muito provavelmente, é que irá apresentar as grandes soluções para a sustentabilidade do milênio e concentrar as maiores cabeças pensantes do Planeta. O convite, feito por Barack Obama, ao ganhador do Prêmio Nobel de Física em 1997 e pioneiro nas pesquisas de energias renováveis limpas, Steven Chu, para ser Secretário de Energia dos EUA, confirma o peso da preocupação. O potencial energético brasileiro também tem um lugar preponderante no cenário mundial, posto que o Brasil possui a maior reserva hídrica do Planeta e o maior potencial de geração de energia hidrelétrica. Os dados do estudo “Licenciamento Ambiental de Empreendimentos Hidrelétricos no Brasil: Uma Contribuição para o Debate”, divulgado pelo Banco Mundial (Bird), dá uma dimensão da nossa capacidade de crescimento. Ainda, segundo este levantamento, somente 30% do potencial hidrelétrico brasileiro economicamente viável está em operação ou construção. Mas se o País usar, integralmente, a capacidade
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disponível, somada ao etanol e ao biodiesel, em pouco tempo se tornará candidato preferencial ao título de “potência energética do Século XXI”. A Usina Hidrelétrica de Itaipu Binacional é considerada a maior hidrelétrica do mundo em potência instalada. Há informações que será superada, quando entrar em funcionamento a plena capacidade da Hidrelétrica de Três Gargantas, na China. Mas, em capacidade de geração continuará sendo a mais importante, visto que o regime hidrológico do rio Paraná apresenta maior fluxo de água que o Rio Yangtzé, continente asiático). A potência instalada da Usina é de 14.000 MW (megawatts), com 20 unidades geradoras de 700 MW.
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matéria tema Gestão de Mobilidade Com a implantação de uma logística de transportes compatível com as necessidades do país – ferrovias, hidrovias, rodovias, metrovias, portos e aeroportos – que possa proporcionar o deslocamento seguro de pessoas e mercadorias, além do escoamento da produção; com redução de custos no mercado interno e aumento de competitividade dos produtores brasileiros no mercado externo.
Gestão de Telecomunicações Capaz de cobrir todo o território brasileiro, com sistemas eficientes de telefonia, telemática, teleinformação e outros meios de todos os tipos, colaborando,dessa forma, para a integração nacional e para a inserção definitiva do Brasil no exterior, como potência desenvolvida.
A telecomunicação é essencial na regulação dos setores de infraestutura Os setores que ao considerados na composição da infraestrutura requerem um regime de regulação, com funções de fiscalizar, normatizar, ordenar e interagir com os usuários. Nesse sentido, para atender os serviços de saneamento de São Paulo, a Sabesp conta com duas Centrais,
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Lei favorece transporte coletivo Para a entrada em vigor da Lei 12.587/2012, que prevê melhorias na mobilidade urbana no país, foram investidos R$ 32 bilhões no setor , com o objetivo de transformar a vida nos grandes centros urbanos. A nova legislação institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, sancionada em janeiro e que dá prioridade a meios de transporte não motorizados e ao serviço público coletivo, além da integração entre os modos e serviços de transporte urbano. O texto prevê também a adoção de medidas para melhorar a mobilidade urbana nas grandes cidades, como a restrição da circulação em horários predeterminados; permite a cobrança de tarifas para a utilização de infraestrutura urbana, espaços exclusivos para o transporte público coletivo e para meios de transporte não motorizados; e estabelece políticas para estacionamentos públicos e privados.
responsáveis pelo atendimento aos, aproximadamente, 25 milhões de clientes que a empresa possui em todo o Estado, com o propósito de oferecer conforto, rapidez e qualidade certificada. A central que atende 329 municípios do Interior e do Litoral paulistas, abrangendo cerca de seis milhões de habitantes é sediada na cidade de Itapetininga. Inaugurada em dezembro de 2009, dispõe de 100 postos de atendimento funcionando ininterruptamente 24 horas por dia, com capacidade de absorver até 20 mil ligações diárias, quantidade superior à demanda, que é de sete mil ligações diárias. O principal objetivo da nova estrutura, que ocupa uma área de 800m2, é melhorar o serviço para o usuário, que é atendido num prazo de um minuto. Já a Central de Atendimento Telefônico da Sabesp na Região Metropolitana de São Paulo e Bragança Paulista foi modernizada para criar condições de 80% dos atendimentos sejam feitos em até 1 minuto.
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matéria tema As necessidades para se ter um Brasil desenvolvido Apesar de ter sofrido uma desaceleração 2011 e a mesma estar se repetindo em 2012, o crescimento econômico do Brasil foi suficiente para ultrapassar o PIB do Reino Unido e colocar o país no sexto lugar entre as maiores economias do mundo. Contraditoriamente, mesmo com a pífia 84ª posição no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), entre 187 países, com classificação de 0,718 na escala que vai de 0 a 1, em relatório do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), esse status é animador, principalmente se considerarmos a proximidade de dois eventos de projeção mundial: a Copa e as Olimpíadas. O povo brasileiro, de natureza entusiasta, quer sentir orgulho do seu País, ao vê-lo como sede da Copa do Mundo, em 2014 e os Jogos Olímpicos, em 2016. Problemas de enchentes nas metrópoles, após poucas horas de chuva, a quebra constante dos meios de transportes, a ineficiente malha viária e falhas dos sistemas de segurança, fazem surgir uma crise comunitária de credibilidade. E essa condição ainda é consideravelmente abalada por outra crise ética e moral envolvendo conhecidos líderes políticos, em escândalos não raramente ligados a grandes empresas de engenharia.
A escassez de engenheiros atrapalha os projetos de desenvolvimento? Esse cenário de desenvolvimento emergente ainda remete a uma preocupação com a falta de mão de obra do setor, pois muitas entidades alardeiam que o Brasil sofre com a carência de profissionais de engenharia, para corresponder a diversos gargalos, como as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), dos programas habitacionais, da extração de petróleo nas camadas do pré-sal e inclusive em projetos de infraestrutura necessários para a realização da Copa do Mundo e às Olimpíadas. Será que para crescer o Brasil irá precisar de uma engenharia importada de países mais desenvolvidos? Em contraponto a essa preocupação, os números dos CREA’s estaduais registram crescente número de
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engenheiros domiciliados no País. A questão então não seria a falta de profissionais diplomados e sim a migração dos mesmos para outras áreas, como o mercado financeiro ou o setor bancário, motivados pela maior remuneração. Com salários atraentes, é muito mais fácil esses profissionais buscarem colocações fora de sua área de atuação. E com o aumento dos salários, que é tendência geral em todas as profissões, é bem possível que os milhares de engenheiros que deixaram a profissão, pela desvalorização sofrida nas décadas de 80 e 90, voltem a oferecer a sua experiência e força de trabalho para recompor a engenharia nacional. E para os mais de quarenta mil jovens engenheiros que saem anualmente das universidades, é importante destacar que o mercado necessita de profissionais qualificados, realmente preparados para exercer a profissão. Reverter esse quadro e dotar o país de uma engenharia nacional saudável, competitiva e capaz de contribuir para a independência tecnológica da nação, supõe recuperar a capacidade técnica e gerencial das empresas brasileiras. Na conjuntura atual do País, os investimentos na manutenção e expansão da infraestrutura, constituem uma das formas mais eficientes para a geração de empregos em todos os níveis profissionais. E dentro dessa lógica, é legítimo afirmar que somente por meio de projetos desenvolvidos no Brasil, pela engenharia nacional, com especificações, vivências e conhecimentos adquiridos no País, é que se constrói uma infraestrutura moderna, eficiente e personalizada estrategicamente para elevar o Brasil à condição de uma nação de primeira grandeza mundial.
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“Engenheiros sem Fronteiras” atua na infraestrutura de regiões sem recursos A ESF (Engenheiros sem fronteiras) segue a mesma estrutura de outras organizações “sem fronteiras”, pelo mundo, tanto que é também conhecida por EWB (Engineers without borders) ou ISF (Ingénieurs sans frontières), tendo já se estabelecido em mais de 40 países. Frutos de iniciativas isoladas em seus respectivos países, esses grupos estão diretamente envolvidos na elaboração e implantação de projetos de desenvolvimento humano de cunho regional ou internacional. Como grande diferencial, baseiam-se na utilização das ferramentas apresentadas pela engenharia na solução de problemas endêmicos que afetam primordialmente pessoas ou comunidades em situação de miséria. Por se tratarem de grupos fundados independentemente, os “ESFs” não estão formalmente filiados uns com os outros, apresentando, então, relações de colaboração. Portanto, alguns desses grupos uniram-se para criar uma rede internacional, embora informal, denominada Engineers Without Borders International, tendo em vista unir suas ações. Essa descentralização deve-se ao fato de que a maioria dos projetos desenvolvidos pelas associações sob a bandeira do ESF baseiam-se em parcerias de pequena e média escala. Prosseguindo dessa maneira reduz-se custos inerentes a organizações verticalizadas. Por meio de análises, discussões e reflexões de problemas que assolam os setores mais pobres de várias nações, este grupo propõe a realização de projetos empregando conhecimento técnico das áreas de engenharia.
Os “Engenheiros sem Fronteiras” no Brasil A idéia de criar um Núcleo do ESF no Brasil surgiu na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, em 2007, mas foi fundamentada na Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais, em 2008 , onde atualmente funciona a sua sede e organização associativa do terceiro setor, presidida por Artur Mendes. O Engenheiros Sem Fronteiras – Brasil acredita no desenvolvimento social, econômico e sustentável das comunidades nas quais atua e no envolvimento dos engenheiros e estudantes de engenharia como atores a serviço da melhoria da qualidade de vida em comu-
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Na Universidade Federal de Viçosa (UFV) está a sede da ESF no Brasil
nidades desprovidas de recursos. De acordo com os componentes da instituição, através de compromisso social pautado em ações práticas, o objetivo é mudar a concepção geral das pessoas de que o engenheiro é um profissional que usa seu conhecimento apenas em benefício próprio atuando em grandes corporações: “Queremos mostrar que o engenheiro é capaz de promover transformações em busca do desenvolvimento social, econômico e sustentável da nossa sociedade”, afirmam. O ESF-Brasil tem como parceiros a Universidade Federal de Viçosa (UFV), O CENTEV/UFV – Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da UFV, o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais – Crea-MG Júnior e o Sindicato dos Engenheiros de Minas Gerais.” A perspectiva do ESF-Brasil é a difusão de Núcleos locais pelo país, em diversas cidades do território nacional. Para tal, as pessoas interessadas em formar novo Núcleo deverão registrá-lo cumprindo o estatuto do ESF-Brasil e seguindo regimento próprio. Os Núcleos devem ter no mínimo 5 integrantes (estudantes, professores ou profissionais da Engenharia) e dois projetos em atividade condizente com os objetivos da organização. Mais informações podem ser vistas no portal www.esf-brasil.org.br. Fontes: portal da ESF Brasil e wikipédia.
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entrevista
“O saneamento está na pior condição da nossa infraestrutura” Luiz Roberto Gravina Pladevall é graduado em Engenharia Civil pela Fundação Armando Alvares Penteado – FAAP (1985), com MBA em Direção de Empresas de Engenharia em 2003 também na FAAP. Iniciou a carreira em 1982 como estagiário na área de projetos de saneamento básico do Departamento de Saneamento da Sondotécnica S/A, passando a engenheiro a partir de janeiro de 1985. Trabalhou na Sondotécnica até agosto de 1993 onde participou de vários projetos de grande porte como engenheiro e posteriormente como coordenador de contratos. A partir desta data, tornou-se sócio-diretor da CPS Engenharia, empresa especializada em consultoria e projetos de infraestrutura urbana, posição que ocupa até hoje. Atualmente é 2º Tesoureiro da ABES seção São Paulo e Presidente da APECS – Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente.
A Saneas ouviu o presidente da APECS (Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente), Luiz Roberto Gravina Pladevall, que defende a implementação de uma Política Nacional de Saneamento, com fixação de metas e definição de recursos, fontes, regras e mecanismos de operação, voltada a empreendimentos que obedeçam aos conceitos técnicos de planejamento. De acordo com a sua concepção, há como recuperar décadas de falta de investimentos no setor e fazer com que o mesmo corresponda às necessidades futuras de desenvolvimento do País, que atualmente possui recursos disponíveis para isso. Porém, o aporte financeiro sozinho não resolve nenhum problema, se não estiver acompanhado de conhecimento e de uma gestão técnica e administrativa competente. Saneas: Como a APECS avalia a condição do saneamento entre os setores de infraestrutura no Brasil? Pladevall: A condição do Saneamento Básico entre os setores de infraestrutura no Brasil é pior frente aos demais, embora todos estejam em situação aquém do desejável. Dentre os fatores que justificam essa situação podemos destacar o fato dessa infraestrutura ser de responsabilidade do poder municipal. O Brasil tem mais que 5.000 municípios e a grande maioria deles não têm condições técnicas para enfrentar o problema, e por vezes, nem mesmo para entendê-lo. Algumas companhias estaduais minoram esse problema, quando assumem a gestão por concessão dos municípios, pois elas têm uma estrutura técnica e de gestão de melhor qualidade, porém não resolvem totalmente o problema, pois elas também têm suas deficiências e dificuldades para cumprirem as suas missões, e não dispõem atualmente de recursos suficientes para a universalização dos serviços prestados. Além disso, há que se registrar que nem todos os municípios aderem às companhias estaduais e elas, na sua grande maioria, só atuam na prestação dos serviços de água e esgoto sanitário. Com relação às demais vertentes do saneamento – resíduos sólidos e manejo de águas pluviais – a situação é até mais caótica, em função da falta de investimentos e de vontade política para transformar esta realidade.
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Saneas: O Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) estabelece diretrizes para a universalização do setor até 2030. Como estas ações são relativamente novas, a engenharia brasileira está preparada para enfrentar este desafio? Pladevall: O Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) é um instrumento de planejamento que deve ser adequadamente utilizado. A universalização do setor em 2030 só será atingida se todos os caminhos necessários forem trilhados. Uma das primeiras exigências do Plansab é que todos os municípios façam sua lição de casa através da elaboração de um plano de saneamento abrangendo 4 especialidades: abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem pluvial e resíduos sólidos. Este instrumento de planejamento, o plano municipal de saneamento, é ferramenta fundamental para que os gestores municipais definam as próximas ações e viabilizem os recursos necessários para a obtenção da universalização local. A engenharia nacional está preparada para atender a demanda relativa à elaboração dos planos municipais, porém os municípios não estão estruturados para contratar e acompanhar a elaboração de um planejamento de saneamento. A grande dificuldade dos pequenos municípios é definir o termo de referência, o edital do processo licitatório e, posteriormente, julgar e selecionar a proposta mais vantajosa para contratação. A modalidade de licitação do tipo técnica e preço é a forma mais adequada para a contratação de uma empresa de consultoria que possa elaborar
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entrevista necessários, pelas fases de pré-estudos, estudos, projetos, gerenciamento, construção, pré-operação, operação e manutenção. ■■ Na elaboração deste planejamento deverá ser intensamente valorizado, como se faz em todos os países desenvolvidos, o setor da consultoria, responsável pelos segmentos mais nobres e sensíveis de qualquer empreendimento e, consequentemente pela sua eficiência técnico-operacional e econômica. Assim deverão ser disponibilizados prazos mais longos para o aprofundamento dos estudos técnicos de engenharia, economia, meio ambiente e todos os demais aspectos que envolvem e que impactam a implantação do empreendimento. Um Saneas: Há como recuperar décadas de pequenos empreendimento bem planejado e bem projetado investimentos no setor e fazer com que o mesmo reduz significativamente seu prazo de construção, corresponda às necessidades futuras de desenvolcompensando com vantagem o vimento do País? tempo dispendido nas fases anPladevall: Sem dúvida, principalUma das primeiras teriores, além de praticamente mente a partir dos recursos finanexigências do Plansab é eliminar imprevistos de obra, eviceiros hoje disponíveis. Entretanto, que todos os municípios tando-se correções e/ou adaptasomente a disponibilidade desses façam sua lição de casa ções nem sempre desejadas e com recursos não é suficiente para que através da elaboração custos mais elevados. as metas previstas no Plansab de um plano de sejam alcançadas, neutralizando saneamento abrangendo Outra condição para assegurar assim a grande defasagem exis4 especialidades: o bom empreendimento é fugir tente. A condição necessária e abastecimento de água, de prazos políticos, os quais, na indispensável de disponibilidade esgotamento sanitário, maioria das vezes, exigem soluções desses recursos deverá ser acomdrenagem pluvial e urgentes, sem os devidos e indispanhada por diversas ações que pensáveis estudos acurados, conpossam assegurar a correta apliresíduos sólidos. duzindo a empreendimentos muito cação dos mesmos na busca das mais caros e ineficientes, com consequentes prejuízos à metas propostas. Dentre essas ações, podemos destacar administração pública e à sociedade em geral. as seguintes: ■■ Criação e implementação de uma Política Nacional Saneas: O Brasil hoje é qualificado como a 6ª ecode Saneamento, por meio de um arcabouço legal, nomia mundial, com um mercado potencial, mas com fixação de metas, definição de recursos e fonlimitado por um ambiente engessado institucionaltes respectivas, regras e mecanismos de operação mente. Esta conceituação também é válida para o para todos os agentes participantes, públicos ou saneamento? Quais são os gargalos do setor? privados. Pladevall: Os gargalos do setor talvez não estejam ■■ Implantação dos empreendimentos do setor, obetanto no engessamento institucional que existe no país, decendo criteriosamente os conceitos técnicos de mas, preponderantemente, na falta de uma ação conplanejamento, há tempo perdidos neste país. No sistente e eficaz do poder público, responsável principal planejamento deverão ser respeitados todos os pelo equacionamento do problema. segmentos componentes da cadeia de um empreFalta uma estratégia, que a nosso ver, deve ser liendimento, desde a identificação de sua real nederada pelo poder federal, formulada em conjunto cessidade, passando pela estruturação dos recursos um plano municipal de saneamento que se transforme efetivamente em um instrumento de planejamento. O Plansab indica valores estimados para a universalização até 2030, porém somente após a elaboração dos planos municipais de saneamento, na sua totalidade, teremos os valores reais necessários para a universalização. O grande desafio do Governo Federal para o sucesso do Plansab, e do atingimento das metas previstas, é suprir os municípios, que não dispõem dos recursos financeiros e da assessoria técnica necessários para que os mesmos produzam planos de saneamentos de qualidade e eficientes.
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entrevista com os poderes estaduais e municipais, a partir de um diagnóstico da capacidade dos agentes municipais ou estaduais de conceberem, implantarem, operarem e manterem o saneamento básico dos seus municípios, que permita levar a bom termo esse desafio. É muito difícil se obter resultados com algum nível de qualidade quando os responsáveis não têm recursos – material e humano – para conduzir o problema, cuja solução se inicia pela sua correta compreensão. O início da resolução dos problemas passa pela elaboração dos planos de saneamento, que definam os caminhos que deverão ser trilhados para se atingir as metas estabelecidas, e estes planos são de responsabilidade do poder público municipal. Contudo, dois aspectos merecem destaque: ■■ Inicialmente destacamos a incapacidade financeira e tecnológica, da grande maioria dos municípios, para atuar diante do desafio de elaboração de um plano de saneamento e, posteriormente, de seguir as diretrizes nele estabelecidas; ■■ Em segundo lugar, lembramos que a quase totalidade dos problemas, e possíveis soluções, relacio-
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nados às questões do saneamento não estão restritos aos limites da área territorial dos municípios. Na realidade, têm origem e impactam simultaneamente diversos municípios, e, portanto, devem ser tratados de forma conjunta, e não isoladamente. Quando falamos de uma estratégia liderada pelo governo federal para melhorar o desempenho do setor, estávamos nos referindo ao suporte político, técnico, financeiro e administrativo que as esferas federal e/ou estadual poderiam prestar aos municípios, de forma a agrupá-los, quando necessário, e prepará-los, a fim de capacitá-los para gerir o saneamento básico nos seus municípios e na região. Não é tarefa, fácil nem rápida, mas é absolutamente imprescindível que seja feita para se lograr sucesso. E esse sucesso passa pela consciência do poder público da complexidade do problema. A partir daí é possível buscar a solução, que normalmente não é simples, e por isso exige uma engenharia de projeto competente e adequadamente contratada. Como contratar essa engenharia se o poder contratante não está apropriadamente preparado. O resultado disso são investimentos inadequados, quando os há,
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entrevista e de baixíssima eficiência. O recurso financeiro sozinho não resolve nenhum problema, se não estiver acompanhado de conhecimento do que se quer e de uma gestão técnica e administrativa competente. As iniciativas que temos da aplicação de recursos do governo federal ignoram essa situação, o que contribui para que o saneamento básico não caminhe com a velocidade que seria desejável. Nesse sentido, o Estado de São Paulo já tomou a iniciativa de contratar os Planos de Saneamento para todo o Estado, e estão sendo elaborados com a participação direta dos municípios participantes, pois cabe a eles a aprovação final do documento legal que será produzido. A melhor estrutura técnica do Estado permite que se façam contratações melhores, uma gestão técnica e contratual de bom nível, que proporcione o aprimoramento desse importantíssimo instrumento de gestão para os municípios, na medida em que a experiência de desenvolvê-los vai se acumulando. Daí estarmos propugnando um esforço conjunto e sinérgico na busca da melhoria da gestão e da competência técnica, sem o que não há saída para um crescimento rápido, a partir da liderança do governo federal, do alinhamento dos três poderes executivos e da aglutinação das forças produtivas do país, onde nos inserimos como uma força estratégica. Saneas: A APECS defende a necessidade de desenvolvimento tecnológico para aplicação em projetos no setor. Como está sendo esta demanda? Pladevall: Responderemos esta questão sob duas abordagens. A primeira sob a ótica do desenvolvimento tecnológico no saneamento, para a sua aplicação nas soluções de projeto. Nesse caso, entendemos que ele se faz necessário no sentido de obterem-se sempre soluções que atendam, de forma mais eficaz com qualidade e menores custos, os objetivos dos nossos clientes, que são as Companhias de Saneamento. Por outro lado entendemos também que as Companhias de Saneamento, sobretudo as de maior porte, deveriam reservar uma verba específica em seus orçamentos para investir no desenvolvimento tecnológico, podendo contar ainda com a colaboração do nosso setor nesse esforço. E aqui, quando falamos de desenvolvimento tecnológico não é de forma restrita à pesquisa de ponta, mas dentro de uma abordagem mais ampla onde a melhoria e otimização de processos com reflexos nos desempenhos e nos
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custos ocupam lugar de destaque, assim como as soluções inovadoras para problemas específicos. Essa cultura da melhoria contínua precisa permear as Companhias de Saneamento para que elas consigam responder às exigências cada vez maiores da sociedade, refletidas através das ações das agências reguladoras. A outra abordagem refere-se ao desenvolvimento tecnológico na execução de projetos e sua aplicação na área do Saneamento. O desenvolvimento de novos softwares tem impactado os processos de projetar de forma profunda e positiva. A introdução do desenho digital na representação tradicional de plantas e cortes mudou completamente a forma antiga de trabalhar na prancheta e exigiu dos projetistas e desenhistas um esforço grande de adaptação. Nessa forma de representar, os desenhos são linhas e a visão tridimensional do empreendimento é obtida pela maquete eletrônica que veio substituir a maquete física ou o desenho em três dimensões (3D). Esse é o estágio tecnológico atual mais difundido no meio técnico de projeto. Inicia-se agora um novo ciclo com softwares desenvolvidos com a tecnologia de elementos sólidos. Nessa tecnologia as linhas que representam hoje os elementos da construção, passam a ser substituídos por sólidos e a montagem dos empreendimentos é feita através da composição desses sólidos. A partir dessa montagem básica é que se fazem os cortes e as plantas, em processo inverso, portanto, do que é feito hoje. Assim, se ocorrer qualquer modificação, ela é feita no desenho base em três dimensões e basta corrigilo que ao fazer os cortes e plantas esses desenhos já saem corrigidos. Na tecnologia atual se ocorrer alguma alteração no empreendimento, essa alteração deve ser feita em todos os cortes e plantas onde ela apareça e o trabalho de alteração é muito maior, assim como o risco de erros. Outra grande vantagem dessa tecnologia é que esses sólidos são objetos atributáveis. Associados a essa maneira de representar e através de outros softwares, cria-se uma realidade virtual em que é possível simular uma série de verificações no empreendimento virtual com fidelidade praticamente total ao empreendimento futuro real. É possível simular movimentações de pessoas, nível de iluminação, interferências, fases executivas, análise estrutural e
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assim por diante. Essa nova metodologia é denominada Building Information Modeling (BIM). O impacto que ela tem nos empreendimentos é muito grande porque vem preencher uma necessidade de se antecipar problemas nas obras durante a construção e na sua fase de operação e manutenção. É possível simular praticamente tudo na realidade virtual e reduzir a imprevisibilidade ao mínimo, dando confiabilidade na qualidade nos custos e nos prazos. Essa metodologia encontra no setor privado, que busca na inovação a melhoria da competitividade, uma receptividade maior para sua implantação. Infelizmente o setor público se encontra no extremo oposto qual seja licita obras com projetos insuficientes, inicia a construção e vai resolvendo os problemas à medida que vão aparecendo. É a forma mais irracional e cara de se conduzir o processo porque os prazos ficam indefinidos os custos imprevisíveis e por mais que o construtor seja ressarcido há perdas tanto para o construtor como para o empreendedor e, sobretudo para a sociedade. Diante dessas observações é muito importante que se promova um esforço conjunto e a APECS nisso muito pode colaborar para que os governos e as companhias de saneamento busquem inserir e estimular nas suas contratações essa nova tecnologia. Quem sabe consigamos reverter esse quadro atual para o bem de todos. Saneas: Qual é vantagem de se planejar um empreendimento, contemplando todo o seu ciclo de vida: projeto, obra e operação?
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Pladevall: As vantagens são muito grandes e essa é a melhor maneira de se obter o sucesso de um empreendimento. Para se compreender as vantagens que essa forma de planejar e atuar proporciona é importante destacar como os empreendimentos são planejados, construídos, operados e mantidos atualmente. Resumidamente, o ciclo compreende as seguintes fases: estudos de concepção, projeto; construção, fabricação e montagem; operação e manutenção. O projeto, na sua última revisão, alimenta a construção, a fabricação e a montagem, que ao terminarem suas atividades elaboram um documento denominado “Data Book”, onde teoricamente estão inseridas todas as informações da obra na sua versão “como construída”. Esse documento é passado para a operação e para a manutenção, para que essas áreas, de posse dessas informações, possam atuar no empreendimento garantindo o seu desempenho conforme projetado. O sequenciamento das várias fases e suas conexões, conforme acabamos de descrever, parece garantir um fluxo completo de informações, porém não é isso que acontece. Na prática, durante o processo, as informações se perdem, a elaboração do “Data Book” é penosa, acaba sendo deficiente e a acessibilidade às informações é difícil.
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entrevista Uma das causas que contribuem para que isso ocorra é a forma segmentada como cada fase é desenvolvida. O planejamento do empreendimento dentro da metodologia do Ciclo de Vida do Empreendimento muda totalmente a abordagem de como é feito hoje. Essa mudança se inicia pela estruturação de todos os componentes do empreendimento através de uma hierarquização que permita identificá-los perfeitamente, e a partir daí todas as informações que são geradas desde a fase de projeto, construção operação e manutenção são vinculadas aos componentes. Desta forma é possível garantir uma perfeita rastreabilidade e rápida acessibilidade às informações sobre o componente em todas as fases de sua vida. A disponibilidade e a acessibilidade da informação são bens preciosos e imprescindíveis à gestão ao longo de toda a existência do empreendimento, e têm forte impacto no desempenho e na eficiência, como no controle dos serviços e dos custos de operação e manutenção. A percepção desse fato vem impulsionando o desenvolvimento dessa nova tecnologia, vez que os custos de sua implantação são sobejamente cobertos pela economia que ela gera. Para se colocar em prática esse processo é necessário fazê-lo já no início da concepção do empreendimento, há a necessidade de adequações na estrutura contratual dos fornecimentos e, portanto, na maneira de gerenciar o empreendimento. Apesar de ser uma tecnologia de ponta, já existe sistema de gestão desenvolvido para atendê-la. Saneas: Existem muitas obras interrompidas por deficiência de projeto? Qual é o ônus que isto representa? Pladevall: O PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) do Governo Federal é um exemplo claro da importância do projeto de qualidade. Segundo um estudo elaborado pelo Trata Brasil, o PAC finalizou, até dezembro de 2010, apenas 4% das obras iniciadas, há quatro anos, em 101 municípios com população acima de 500 mil habitantes (sendo 24 em São Paulo). Essas intervenções totalizam cerca de R$ 2,8 bilhões de investimentos. Cerca de 60% desses empreendimentos estão paralisados por problemas decorrentes de deficiências dos projetos básicos,
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contestações dos Tribunais de Contas, entre outros motivos. Um projeto inadequado, quando não inviabiliza o empreendimento, pode gerar um produto deficiente, com desempenho aquém do esperado, e com baixa expectativa de durabilidade. Um pré-requisito para o sucesso de um empreendimento é boa contratação do projeto de engenharia. A deficiência na contratação de bons projetos não acontece por incompetência, mas por desconhecimento. Os gestores públicos não estão adequadamente preparados para contratar projetos mais amplos. Um projeto deficiente, pó si só, já é um ônus para a sociedade, que comprou algo que não recebeu, mas pode gerar prejuízos ainda maiores, decorrentes de atrasos na entrega do bem, da baixa qualidade do produto gerado, dos custos adicionais para a viabilização do empreendimento, ou até mesmo da inviabilização de todo o processo de implantação. Saneas: Como a APECS avalia a introdução de novos modelos societários (PPP, SPE entre outros) nos empreendimentos do setor de saneamento. Pladevall: A utilização destes novos modelos são ferramentas importantes, desde que formatados com base em documentos técnicos corretamente elaborados, que possibilitem uma definição do desempenho e da qualidade desejados e a avaliação confiável dos custos previstos e dos resultados esperados, e ainda, sejam adotados em conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade e da probidade administrativa, todos os modelos que viabilizem a implantação da infraestrutura que o país tanto necessita. É inadmissível, para a implantação de infraestrutura, modelos que não sejam embasados em projetos de engenharia completos, elaborados por empresas idôneas, independentes e tecnicamente capacitadas, pois apenas com estes documentos técnicos será possível a definição exata das características do bem a ser produzido, das condições de desempenho desejadas e dos recursos a serem gastos, quer seja para a implantação, manutenção ou operação do produto gerado.
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A Engenharia e a Infraestrutura O Eng.Civil e Adm. de Empresas, Francisco Kurimori, é presidente CREA-SP Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo - Gestão 2012-2014. Na gestão anterior era chefe de gabinete da presidência dessa entidade. Também é secretário da FAEASP - Federação das Associações de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo e conselheiro da Febrae – Federação Brasileira de Associações de Engenheiros. Atuou como engenheiro do IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas, da Light – Serviços de Eletricidades S.A., do DER – Departamento de Estradas de Rodagem, foi diretor do DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica, assessor da presidência da CODASP – Companhia de Desenvolvimento Agrícola de São Paulo e sócioproprietário da Kurimori Engenharia e Construções Ltda. Foi presidente da Associação dos Ex-alunos da Escola de Engenharia de Lins, Presidente da SENAG - Sociedade dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos da Região Administrativa de Lins por dois mandatos de 2001 a 2003 e de 2003 a 2005 e Conselheiro do CREASP de 2001 a 2003 e de 2004 a 2006.
Por Francisco Kurimori A delicada questão da Engenharia e da InPor um longo período, mais de 30 anos, a Enfraestrutura esbarra nas arestas deixadas pelos genharia Brasileira ficou relegada a um plano bancos escolares, no ensino básico e fundasecundário devido à crise econômica. Foi um mental que, em muitos casos, não formam os tempo difícil, em que não só os engenheiros mas alunos adequadamente. os profissionais da área tecnológica terminaram Recentemente, ao participar de uma mesa migrando para outros campos da atividade laboral redonda sobre o Pré-Sal, ouvi de um profissioque remuneravam melhor o trabalho. nal a seguinte colocação: “Eu sou Engenheiro A primeira pergunta que se faz é: esse cenário Naval mas nunca entrei num navio. A Escola se modificou? Os engenheiros, os profissionais em que me formei achava que isso não era da área tecnológica estão sendo remunerados necessário nem importante”. Fiquei pensando adequadamente a ponto de não precisarem mais em quantos profissionais recebem o diploma ficar mudando de área? A resposta a essa quessem ter pisado num canteiro de obras e as contão não é muito fácil porque as informações que sequências dessa formação para a atividade temos mostram um cenário ainda nebuloso, prinprofissional. O que se espera é que os nossos cipalmente para os jovens profissionais. Muitos engenheiros tenham a experiência necessária já iniciam a carreira com bons empregos e bons para tocar as obras e projetos que estão impulsalários, mas a grande maioria recebe o mínimo sionando o nosso país e elevando-o à invejável que a legislação garante. Oras, se remuneramos posição de 5ª Economia Mundial. mal o engenheiro, o profissional da área tecnológica, não podemos esperar que ele se mantenha fiel a sua profissão. Permanecerá engenheiro até Valorização Profissional encontrar algo que o remunere melhor. Na Presidência do CREA-SP estou implantanAssim, não basta dizer que formamos mais 30 do uma política de austeridade para resgatar o mil profissionais por ano, número inferior ao da reconhecimento do Conselho e valorizar o proChina e Índia, nem que seremos sede da Copa do fissional, cumprindo o meu Plano de Governo Mundo e dos Jogos Olímpicos e aprovado nas últimas eleições. Em que os dois eventos garantirão fevereiro, formalizei uma parceria “Os engenheiros abertura de vagas no mercado com a Secretaria Estadual de Deestão sendo de trabalho. Há um problema senvolvimento Econômico, Ciência remunerados muito sério que desvia o foco e Tecnologia visando abrir caminho adequadamente? das atenções para a formação para o profissional afastado, que A resposta a essa desses profissionais. Os educadeseje regressar ao mercado de traquestão não é dores, responsáveis pelas unibalho. O Secretário Estadual Paulo fácil porque as versidades, com quem tenho Alexandre Barbosa comprometeuinformações que conversado, se mostram prese a nos auxiliar nesse projeto temos mostram ocupados com a qualidade da disponibilizando cursos de aperum cenário formação do profissional, pois feiçoamento para os profissionais ainda nebuloso, essa qualidade irá influenciar diregistrados no Conselho que, em principalmente retamente no seu desempenho decorrência de uma série de fatores, para os jovens profissional, na sua atuação no afastaram-se do mercado e hoje mercado de trabalho. manifestam a intenção de retornar. profissionais.”
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ponto de vista
Formalização de parceria com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia
A linha de ação que tenho adotado frente ao CREA-SP é a de não lamentar o tempo perdido, que passou, e sim termos uma atitude corajosa, enfrentando os desafios e contribuindo efetivamente para que os profissionais, não só os engenheiros, mas todos aqueles que integram a área tecnológica, sintam orgulho da profissão que abraçaram e do Conselho que os representa. A política de austeridade que está em curso no CREA-SP já está apresentando resultados positivos. Nos primeiros quatro meses de gestão, o Conselho economizou mais de 20 milhões de reais. E estamos fazendo mais do que já foi feito em qualquer outro período porque estamos planejando todas as nossas ações e cumprindo o nosso planejamento. Valorização do profissional e do funcionário que trabalha conosco. Convidamos o Sindicato que representa a categoria e a Associação Paulista dos Creanos para que viessem ao Conselho e apresentassem a sua pauta de reivindicações. Eles foram surpreendidos num primeiro momento porque estavam todos alijados, afastados das decisões. Já alinhamos isso e terminamos de celebrar o Primeiro Acordo Coletivo com mais de 50 itens. O Sistema de Informatização utilizado pelo Conselho há mais de 20 anos e que está reconhecidamente obsoleto será subs-
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tituído pelo CREA NET, trazendo acima de tudo vantagens e facilidades para o profissional que poderá acessar os serviços oferecidos pelo CREA-SP de qualquer lugar, bastando para isso estar conectado à Internet. Não é minha intenção fazer aqui uma prestação de contas. Mas apenas exemplificar que, se agirmos com seriedade e profissionalismo, vamos levar adiante os nossos projetos, sejam eles de vida, de trabalho, da Copa ou das Olimpíadas. Não basta identificar o erro, apontar a falha. Tem que ter uma atitude positiva, buscando o caminho para solucionar as questões, deixando de lado o personalismo para privilegiar a equipe, o contexto, o conjunto. Se todos fizermos isso, num curto espaço de tempo, vamos passar de uma comunidade cognitiva e insegura para uma sociedade dinâmica, que sabe o que quer e o que faz, com os pés fincados no presente e os olhos no futuro. Para os engenheiros brasileiros e paulistas não falta capacidade e disposição até para um programa de reengenharia, de reciclagem se for o caso, tendo como ponto focal o futuro da nossa nação. Tenho certeza que todas as dúvidas hoje existentes, relacionadas com a questão da infraestrutura e da engenharia, irão se transformar em afirmações e conquistas.
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visão de mercado
João Alberto Viol é Engenheiro Civil pela Escola de Engenharia de São Carlos - USP(1975). Foi Diretor Técnico da Companhia de Construções Escolares do Estado de São Paulo S/A (1983), Diretor Técnico da Superintendência de Desenvolvimento do Litoral Paulista (1983/1987), Diretor de Obras e Executivo da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (1987/1991), Diretor de Engenharia da SABESP (1991/1995), Presidente Nacional da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental - ABES (1992/1994) e Presidente da Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente – APECS (2005/2009). Atualmente é diretor da JHE Consultores Associados, membro permanente do Conselho Diretor da ABES e Presidente Nacional do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva – SINAENCO.
A importância do projeto de engenharia para empreendimentos públicos e privados Por João Alberto Viol Um país sem projeto é uma nação sem rumo, ou melhor, país rico é país com planejamento e projeto. Essa paráfrase do slogan do governo federal (“País rico é país sem pobreza”) traduz com exatidão a importância do planejamento e do projeto para o desenvolvimento sustentável do Brasil, em todas as acepções da palavra. Temos grande experiência prática dos problemas advindos da falta de planejamento e de bons projetos, especialmente no desenvolvimento da nossa defasada infraestrutura. Essa experiência negativa traduz-se em aeroportos sobrecarregados, ferrovias em quantidade insuficiente, parque energético deficitário e com riscos de apagões, mobilidade urbana problemática, falta de coleta e tratamento de esgoto em níveis adequados, entre diversos outros exemplos. O planejamento realizado com a necessária antecedência e rigor técnico permite, em primeiro lugar, prever os recursos orçamentários para o empreendimento, evitando a, infelizmente, comum prática de paralisar obras, muitas vezes por anos, com custos elevadíssimos para a sociedade. O planejamento
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consistente possibilita também a contratação de projetos executivos de acordo com a melhor proposta técnico-econômica. Porém, o planejamento e a contratação de projetos pela melhor solução técnico-econômica infelizmente ainda não são prática correntes no Brasil. Mas eles são essenciais para o desenvolvimento sustentável da infraestrutura do país. Isto porque, em primeiro lugar, se não há planejamento, há forte risco de não serem seguidos os procedimentos recomendados pelos melhores organismos internacionais de análise, financiamento e fomento de obras de infraestrutura: planejamento prévio e rigoroso do ponto de vista técnico-econômico, contratação de estudos prévios e projetos com a devida antecedência, desenvolvimento do projeto executivo (completo) para embasar a licitação/concorrência, definindo todos os detalhes técnicos do empreendimento, cronograma e orçamento. Esses procedimentos, quando seguidos à risca, permitem aos contratantes, públicos e privados, ter o controle total da execução da obra, evitando surpresas e sobrepreços.
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visão de mercado O investimento em infraestrutura se dá pela aplicação de recursos públicos nas obras, incluídos aí todo sistema de saneamento – água, esgoto, drenagem de águas pluviais e coleta, afastamento e tratamento de resíduos sólidos, lixo – energia, em todas suas modalidades, transportes, em todas suas modalidades – terrestre, rodoviário, ferroviário, hidrovias, navegação de cabotagem e portos, a interface de portos marítimos e fluviais. Antes de se fazer algo, caminhar em qualquer direção, de maneira atabalhoada, perder recursos, eficiência e eficácia, não se atingindo resultados, demandando muito mais tempo e gastando-se muito mais dinheiro do que o necessário, o planejamento permite entender melhor o problema e buscar a melhor solução para o caso. Planejar é exatamente isso, “pensar antes”. O planejamento gera planos, programas e projetos, dentre eles, os projetos específicos de engenharia e arquitetura, instrumentos para materializar as obras públicas. Essas atividades desenham o futuro, são de longo alcance, e por sua natureza intelectual, de visualizar o futuro antecipando pensamentos, levando sonhos à prática, são próprias do Estado; constituem uma planificação para que sucessivos governos persigam objetivos pré-estabelecidos. Evidentemente, como o mundo é dinâmico, esse planejamento deverá ser adequado em função da mudança das circunstâncias, mas existe uma linha geral, que é a perseguição dos objetivos maiores de uma Nação, portanto, atividade própria de Estado. Os projetos de arquitetura e engenharia têm essa característica. Já a realização das obras, a materialização daqueles sonhos, acontece passo a passo, pela construção física dos projetos. É, portanto, atividade típica de governos, que se sucedem, cuja continuidade de esforços vai construindo o futuro pensado lá atrás. É imprescindível ao administrador que pensa construir algo a contratação dos projetos de arquitetura e de engenharia com a antecipação necessária, para que, ao decidir realizar a obra, tenha o projeto executivo desses equipamentos, informação básica e fundamental. O projeto executivo de engenharia e de arquitetura traz em si, como seus elementos finais, além dos desenhos, das “plantas”, que permitem que seja materializada a obra, toda a orientação e os elementos da construção, desde as fundações, até os equipamentos mais sofisticados. O projeto traz a qualificação de materiais e serviços, suas especificações técnicas, e as quanti-
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ficações, as quantidades necessárias. Aplicando-se os preços unitários a essas quantidades, tem-se como resultado o orçamento da obra. Além disso, o projeto permite, com seus desenhos e processos construtivos definidos, a elaboração do cronograma de obra, o prazo necessário para que aquela obra seja realizada. De posse desse conjunto de elementos, os administradores públicos e privados podem realizar, sem riscos, a licitação/concorrência da construção. Tendo em mãos o projeto, com o orçamento e o cronograma, saberão o que está contratando, quanto tempo vai demorar sua construção e a natureza da obra. Contratante e contratado poderão avaliar com clareza a melhor proposta para fazer aquele trabalho. O gestor público ou o investidor privado poderão estabelecer os cronogramas físico-financeiros, o avanço de obra e de desembolso, de forma a permitir que a obra saia no tempo certo e com a qualidade adequada, entregando a melhor obra para sociedade. O bom projeto, contratado com a antecedência necessária para que o processo criativo, de natureza intelectual, apoiado pela boa técnica, portanto, dá as informações básicas para que a eficiência na gestão dos recursos públicos seja maior, estabelece o compromisso entre a segurança que aquele equipamento deverá oferecer e a economicidade na aplicação dos recursos públicos ou privados. Além disso, no projeto pode-se evitar a agressão ao meio ambiente, com o estudo e simulação de alternativas que preservem espécies animais e vegetais, além de comunidades indígenas ou quilombolas. Caso algum impacto ambiental seja inevitável, é na fase de projeto que se pode quantificar e procurar soluções para mitigá-los, reduzi-los ou, ainda, de alguma forma, compensá-los. O projeto executivo de engenharia e arquitetura é o melhor instrumento, o mais eficaz, para melhorar a gestão da aplicação dos recursos públicos e privados nas obras. É importante lembrar que o projeto custa, em média, cerca de 5% do montante global da obra. Porém, por sua importância, pode representar economias que ultrapassam mais de 50% do total a ser investido num empreendimento público ou privado. Nossos administradores precisam ter esses números em mente na hora de contratar projetos de engenharia. O bom projeto é a garantia essencial para obter uma obra de qualidade, no cronograma definido e ao custo orçado.
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artigo técnico
WALTER ANTONIO BAZZO Engenheiro Mecânico, Doutor em educação, Pesquisador e Professor do Departamento de Engenharia Mecânica da UFSC. Um dos fundadores e atual coordenador do NEPET.
GIULIA BARETTA - Graduanda de Engenharia Mecânica, na Univ Fed Santa Catarina (2011).
LUIZ TEIXEIRA DO VALE PEREIRA - Mestre em Projeto Mecânico e engenheiro de segurança do trabalho, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da UFSC. Publicou diversos artigos e cinco livros na área de ensino de engenharia.
O SENHOR FEYNMAN NÃO ESTAVA BRINCANDO: A EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA BRASILEIRA Por Walter Antonio Bazzo, Giulia Baretta e Luiz Teixeira do Vale Pereira “O principal propósito da minha apresentação é provar aos senhores que não se está ensinando ciência alguma no Brasil!” Eu os vejo se agitar, pensando: “O quê? Nenhuma ciência? Isso é loucura! Nós temos todas essas aulas”. Este é o trecho de um depoimento do físico Richard Feynman quanto às suas impressões sobre o sistema educacional brasileiro, depois de ter lecionado por dez meses para estudantes de Física e Engenharia no Rio de Janeiro, entre 1951 e 1952. Tristemente, depois de sessenta anos seu depoimento continua retratando com bastante precisão o cenário da educação no Brasil – primordialmente a tecnológica – onde os alunos decoram conceitos sem compreender o que eles representam, pouco exercem seu poder reflexivo e acabam sendo levados a um caminho de aprendizado apático. Este artigo busca detalhar esse viés da educação brasileira, através da experiência dos autores na qualidade de professores e de estudantes de engenharia.
1- A EDUCAÇÃO ATRAVÉS DA CURIOSIDADE A curiosidade levou os primeiros hominídeos a transformarem rochas em ferramentas, levou ao aprendizado de como obter o fogo e também levou o homem à exploração de todas as regiões do Planeta Terra. Ela deu à luz o entendimento do mecanismo de movimentação dos corpos celestes, do que é a chuva, de como funcionam os organismos vivos e de fenômenos sociais. Como disse Carl Sagan, “Nós somos um meio de o universo conhecer a si mesmo” (SAGAN, 2005), e nós nos conhecemos porque temos ânsia por saber. Afora a parcela da necessidade, que motiva o aprendizado em situações emergenciais, a curiosidade traz inquietude à mente mesmo quando se está em total segurança e conforto. Ela é, ainda, um mecanismo catalisador do aprendizado. Quando há o interesse por descobrir a resposta para um mistério, todos os sentidos são aguçados para que se encurte o caminho da descoberta. Mais do que isso, quando há uma pergunta para ser respondida e quando se faz algum esforço para tal, cada detalhe do processo de investigação, de raciocínio e do conteúdo da resposta é memorizado.
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Desde o surgimento de pequenos grupos de hominídeos, observa-se que o conhecimento adquirido é transmitido para as gerações subsequentes, mesmo que das formas mais rudimentares. A espécie de hominídeo que suplantou a sobrevivência dos demais Homo, a Homo Sapiens, deve a sua supremacia, em grande parte, à habilidade de ensinar e aprender. Afinal, o conhecimento, quando acumulado ao longo de gerações, se multiplica e permite que se criem cada vez mais novas idéias e soluções, aumentando o ferramental tecnológico e filosófico de um grupo, de modo que a sua dominância em um espaço seja garantida. Assim, é fundamental, para a continuidade de uma civilização já desenvolvida, que o conhecimento seja preservado, transmitido e desenvolvido através do tempo. Em uma civilização em estágio avançado, como se presume ser a nossa, na qual o número de pessoas segue crescendo em grandes proporções, o conhecimento acumulado é complexo e vasto. E quando o tempo que se leva para que as ciências se renovem fica cada vez menor, o processo de educação das gerações torna-se algo a ser planejado com muito cuidado para que
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de fato elas sejam estimuladas da melhor maneira possível. Não é mais necessário que a construção do conhecimento seja feita a qualquer custo, como nos primórdios da civilização humana, e sim que seja feita de maneira a visar à formação de cidadãos criativos, reflexivos, que se perguntem sobre como utilizar o conhecimento de que dispõem, que questionem métodos e teorias já estabelecidos. Em um período em que o saber educar é uma ciência complexa e ainda mal explorada em muitos países e instituições, mesmo sendo a base da manutenção da nossa existência, nos perguntamos qual é a força motriz do aprendizado, como fazê-lo de maneira rápida e eficaz nas escolas e universidades. A resposta é ampla e requer muita reflexão, mas o princípio é simples: a curiosidade é algo inerente à espécie humana e é potencialmente forte para que desperte o nosso interesse pelas coisas e, por consequência, pelo aprendizado do mundo em que vivemos. Hoje, em muitas instituições educacionais e grupos culturais, de alguma maneira, essa característica tão importante da nossa espécie é suprimida em algum lugar entre a infância e a juventude. Ao não aproveitarmos esse atributo valioso, desperdiçamos a chance de construir um sistema educacional eficiente e ainda acabamos muitas vezes por reprimir o espírito curioso que todo ser humano dispõe.
2- O SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO Em 1950, Richard Feynman lecionou no Brasil durante dez meses, para alunos de Física e Engenharia no Rio de Janeiro. Após a conclusão do ano letivo, ele deu uma palestra para estudantes, professores e oficiais do governo sobre as suas impressões e opiniões referentes ao ensino brasileiro. Essa palestra e as suas experiências como professor no Brasil estão relatadas no livro (O senhor está brincando, Sr. Feynman!) escrito pelo próprio físico. A descrição feita por Feynman é preciosa, esclarecedora e, infelizmente, ainda retrata em parte a situação da educação no país. As deficiências apontadas por ele transpõem as fronteiras entre escola e universidade, valendo como base para uma reflexão referente a ambas as instituições. Ainda, o texto chama a atenção de qualquer estudante brasileiro – mas por certo
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estendido a qualquer região do mundo – que o leia, já que o aluno pode identificar inúmeras semelhanças entre as situações pelas quais passou na sua vida escolar e aquelas descritas por Feynman. Desde o ano 1952, em que Feynman esteve no Brasil, o sistema educacional brasileiro passou por importantes melhoramentos: os índices estatísticos mostram que a proporção de crianças matriculadas nas escolas cresce a cada ano e que o analfabetismo vem sendo reduzido. Ainda, a produção científica no país evoluiu, bem como a produção artística e literária. O número de profissionais que se destacam internacionalmente em suas áreas também sofreu grande aumento. No entanto, o fato de já poder se formar aqui profissionais bastante capazes não garante que o aproveitamento do nosso processo educativo seja ideal. Encontra-se muito aquém disso, na realidade. Ainda a grande maioria dos jovens que concluem o ensino superior apresenta conhecimentos superficiais, pouca criatividade, pouca habilidade reflexiva. Assim, em termos qualitativos as mudanças foram tímidas, o que é corroborado pelo fato de, mesmo passado tanto tempo, podermos nos identificar na análise de Feynman. Os problemas na qualidade de nosso ensino se devem especialmente a uma tradição de recompensa pela memorização. Pelo que se coloca em prática nas instituições brasileiras, educar está intimamente relacionado a decorar conceitos. Essa confusão de valores traz atrasos enormes ao processo educacional e o dificulta sobremaneira. Aqui, o caminho escolhido para educar é o mais tortuoso e é o que oferece mais chances de fracasso, considerando que o objetivo final deve ser a formação de gerações criativas, capazes de identificar problemas, gerar soluções, modificar a sociedade pela reflexão e pelo reconhecimento da sua posição como ser humano e cidadão. Feynman atenta, nos seus textos, especialmente para as deficiências na produção científica que são geradas pela tradição cultural do nosso ensino. No entanto, suas observações servem para que se perceba que o efeito é muito maior, refletindo-se em todos os segmentos da sociedade. A seguir, através da análise da palestra de Richard Feynman, buscamos mostrar quais deficiências percebemos no sistema adotado para a educação dos jovens no Brasil, ao longo dos ensinos básico e superior, e as
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suas consequências. Tais percepções vêm embasadas sobremaneira em nossas experiências como estudantes e professores.
3- APRENDIZADO PASSIVO, CONHECIMENTO EFÊMERO O sistema educacional brasileiro é construído sobre algumas bases pouco sólidas e de valores questionáveis. Os métodos de ensino e de avaliação estimulam os alunos – como alertamos anteriormente – a construir conhecimentos superficiais sem questioná-los. Com isso, eles passam a trabalhar conceitos necessários apenas de maneira temporária e fracionada, o que leva a um verdadeiro acúmulo de desconhecimento ao longo dos anos de estudo. 3.1- Decorar, decorar “Depois de muita investigação, finalmente descobri que os estudantes tinham decorado tudo, mas não sabiam o que queria dizer. Quando eles ouviram ‘luz que é refletida de um meio com um índice’, eles não sabiam que isso significava um material como a água. Eles não sabiam que a ‘direção da luz’ é a direção na qual você vê alguma coisa quando está olhando, e assim por diante.” (FEYNMAN, 2006) Feynman, durante suas aulas, observou que os alunos mostravam grande agilidade e precisão ao definir os conceitos e os fenômenos das teorias que eram ensinadas em sala. No entanto, não sabiam como reagir se a pergunta sobre o mesmo assunto, aparentemente dominado, fosse levemente modificada. Esse é o reflexo exato de um sistema baseado na memorização, como o que é corrente no Brasil – nosso mote de análise. Os alunos são doutrinados, desde os primeiros anos em que frequentam a escola, a visualizar o processo de aprendizado como a aquisição de um banco de dados. As aulas são destinadas a fornecer os conceitos prontos, previamente formulados em um livro didático de base. Os professores proferem as palavras, os alunos absorvem as palavras. Pouco ou nenhum entendimento é requerido nesse processo. Muitas vezes, especialmente no ensino fundamental e médio, nem os próprios professores compreendem muito bem o que essas palavras representam.
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Quando, desde a infância, somos estimulados a decorar ensinamentos, sem refletir sobre eles e pouco tendo que compreender para prosseguir com sucesso dentro da instituição de ensino, entendemos que esta é a maneira mais fácil de encarar o processo educativo, já que é bastante confortável guardar algumas frases e fórmulas prontas por mera repetição. Levamos esse vício da escola para a universidade e desperdiçamos anos absorvendo conhecimentos temporariamente – e não construindo representações duradouras da realidade. Ao fim, pouco de útil a aprendizagem nos traz. Ainda, ao decorar um conceito, sem questioná-lo, deixa-se não só de compreender fenômenos, como também de exercitar o raciocínio, a criatividade e perde-se a oportunidade de ampliar as nossas visões do mundo. É como seguir por um caminho através de uma bela paisagem e só olhar para o chão, deixando de perceber a riqueza do entorno. Ao final de em média vinte anos de estudo, percebe-se que todos gastaram esforços, alunos e professores, para a retenção de um conhecimento frágil. O mesmo esforço poderia ser destinado a um aprendizado efetivo com poucas mudanças no direcionamento das aulas e avaliações, as quais serão discutidas adiante. 3.2- Avaliando a capacidade de memorização “Depois da palestra, falei com um estudante: vocês fizeram uma porção de anotações, o que vão fazer com elas? – ‘ah, nós as estudamos’, ele diz. ‘nós teremos uma prova’. – e como vai ser a prova? – ‘muito fácil. Eu posso dizer agora uma das questões.’ Ele olha em seu caderno e diz: – ‘quando dois corpos são equivalentes?’ E a resposta é: ‘dois corpos são considerados equivalentes se torques iguais produzirem aceleração igual’.” (FEYNMAN, 2006) É fundamental, em qualquer instituição de ensino, que haja uma avaliação periódica para que se verifique a evolução dos estudantes, como sua capacidade de raciocínio e sua criatividade foram estimuladas, quais os conhecimentos adquiridos e compreendidos. Ela serve para orientar alunos e professores, para que eles possam adaptar o pro-
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artigo técnico cesso de aprendizado de acordo com a necessidade corrente e compensar seus erros. Assim, a avaliação deve ser uma ferramenta do processo e não um obstáculo ou o objetivo maior do mesmo. Nas nossas escolas, vemos que a prática de avaliação tem sua função um tanto quanto desfigurada, passando de acessório auxiliar para ferramenta conclusiva. Os alunos aprendem prioritariamente a “passar” nas provas. Cria-se um subsistema de aprendizado: os estudantes criam seu próprio banco de provas, traçam o perfil da avaliação de cada professor e as repassam às gerações seguintes; graduam-se extremamente experientes em atingir boas notas nas provas de maneira fácil e rápida. Esse esquema de aprender a fazer prova é facilitado pelo estilo das avaliações aplicadas na quase totalidade de instituições de ensino. Elas são suscetíveis às palavras, aos conceitos dos livros didáticos, são repetitivas ao longo dos anos, não requerem que o aluno desenvolva um raciocínio consistente, que improvise uma solução, semelhante ao que foi descrito pelo aluno de Feynman. As avaliações tradicionais, pelas quais passamos tantas vezes, visam tomar nota. Elas cumprem da maneira mais óbvia possível a burocracia que exige que o professor e o aluno mostrem de forma documentada a aprovação ou não do aluno. Infelizmente, este sistema avaliativo é coerente com o método de ensino, e os dois fortalecem a existência um do outro. Enquanto a avaliação verifica a capacidade de repetição dos alunos, constituindo o sistema de recompensa por memorização, o método serve para levar os alunos até a prova, fornecendo conceitos diretos, frases prontas. A medida mais correta a ser tomada – nos parece – seria uma mudança no processo de avaliação, que deve ser feito ao longo das aulas, sem que necessariamente seja aplicada uma prova física formal. Esse tipo de mudança está atrelado a análises mais consistentes das diretrizes e fundamentos do sistema educacional, o que ocorre em longo prazo. Em curto prazo, pode-se melhorar o conteúdo das avaliações, que deve priorizar a capacidade de raciocinar, de criar. À medida que o aluno sente-se avaliado por estas características, ele passa a ver o conhecimento técnico dos conceitos
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como ferramentas auxiliares, mudando a sua postura sobre o que é aprender. 3.3- A falta de exemplos reais “Mas, se em vez disso, estivesse escrito: ‘Quando você pega um torrão de açúcar e o fricciona com um par de alicates no escuro, pode-se ver um clarão azulado. Alguns outros cristais também fazem isso. Ninguém sabe o motivo. O fenômeno é chamado triboluminescência’. Aí alguém vai para casa e tenta. Nesse caso, há uma experiência da natureza.” (FEYNMAN, 2006) Exemplos práticos são um bom artifício para atrair a atenção das pessoas para qualquer tipo de argumentação. Quando identificamos uma situação comum sobre a qual não sabemos nada e recebemos então alguma informação, essa informação é memorizada na hora. Mais do que isso, começamos a refletir, atentar aos detalhes, visualizar onde mais se verifica aquilo. Feynman descreve isso com um exemplo interessante. Por que decorar algumas palavras para descrever a triboluminescência quando se pode compreendê-la e visualizá-la em sua própria casa? A utilização de exemplos no ensino escolar e universitário é algo muito simples para qualquer professor capacitado, especialmente porque as teorias que estudamos em sala explicam coisas simples do dia a dia. Infelizmente essa prática não é comum. Vivenciamos experiências desconcertantes na escola, por vezes ouvimos falar sobre alguma coisa por três, quatro, mais vezes durante o curso e acabamos nos dando conta depois da n-ésima vez de que não sabemos o que é aquilo, para que serve, como se parece. Por outro lado, quando nos é chamada a atenção para a correspondência entre teoria e prática, tendemos a ficar impressionados e elaboramos aquele conhecimento de maneira fácil e prazerosa. A exemplificação de qualquer conhecimento é fundamental para a compreensão da sua relação com o mundo em que vivemos e a falta dela fortalece a memorização de definições em detrimento da reflexão, já que a visualização dos fenômenos pode tornar-se algo distante dos alunos, fazendo parecer difícil entender a sua descrição teórica. 3.4- Por que perguntar? “Uma outra coisa que nunca consegui que eles fizessem
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artigo técnico foi perguntas. Por fim, um estudante explicou-me: se eu fizer uma pergunta para o senhor durante a palestra, depois todo mundo vai ficar me dizendo ‘por que você está fazendo a gente perder tempo na aula? Nós estamos tentando aprender alguma coisa, e você o está interrompendo, fazendo perguntas’.” (FEYNMAN, 2006) Quando os alunos não fazem perguntas em aula pode-se inferir que estão intimidados, que não entendem o suficiente do assunto para que tenha surgido alguma dúvida ou que não têm o interesse necessário para que reflitam e questionem. Também há de se observar que uma postura inquisitiva, questionadora, está intrinsecamente ligada à formação das pessoas. Se há liberdade e estímulo para que se pergunte, se você cresce em um meio onde todos são acostumados a questionar, você desenvolve o hábito dessa prática. Feynman observou que os seus alunos não demonstravam apreço por perguntas, porque o grupo as considerava desnecessárias e inoportunas. Essa inibição por parte de colegas ainda pode ser vista nos dias de hoje, mas seu efeito é reduzido. Os alunos deixam de perguntar mais por falta de interesse e atenção nas aulas do que por pressão do grupo. No entanto, essas duas situações que levam à passividade dos alunos, desinteresse pelo assunto de aula e o desgosto por perguntar são frutos da mesma deficiência de base do nosso sistema educacional. É indiscutível a importância do perguntar em qualquer processo de aprendizado. Por definição, você busca uma resposta, uma explicação, somente depois de ter formulado uma pergunta. É impressionante a constatação de que nas escolas os professores, em sua grande maioria, entrem nas salas de aula e simplesmente despejem os conceitos sobre os alunos, sem antes despertar a sua curiosidade para o assunto, sem mostrar o porquê de alguém ter estudado aquilo num primeiro momento e sem apontar para tudo que há por ser descoberto através de estudos do assunto. Dessa maneira, o interesse dos alunos pelas respostas vai cessando de existir ao longo dos anos, pois elas não são tratadas como respostas, são conhecimentos atropelados que gravamos temporariamente para que passemos pelas provas. É lamentável que os alunos perguntem tão pouco, mas, antes disso, é mais preocupante que eles não sejam ensinados e estimulados a perguntar. Assim,
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o hábito de questionar acaba sendo mitigado pelo próprio método de ensino, o que leva a um vício de apatia cultural: sem questionamento não há reflexão, sem reflexão não há aprendizado e, por conseguinte, formam-se cidadãos cada vez mais passivos. 3.5- O que é levado para a universidade Nos ensinos fundamental e médio cria-se uma base que define como os alunos gerenciam o seu processo de aprendizado. O processo educacional no Brasil, fortemente enraizado em métodos muitas vezes ultrapassados, onde os alunos são doutrinados paulatinamente a aceitar o conhecimento de forma passiva, não consegue manter vivos o senso curioso das crianças e jovens e a sua ânsia por aprender, que vão sendo reprimidos ao longo dos anos. No entanto, quando o aluno está prestes a entrar na universidade se observa que há uma renovação da motivação e curiosidade que foram quase mitigadas anteriormente. A iminência de encontrar um novo mundo e de adentrar nos conhecimentos de uma área escolhida por cada um, de acordo com seu interesse e suas aptidões, faz com que os alunos despertem uma avidez por saber que já havia sido esquecida. O que ocorre, então, é que novamente toma-se a grande maioria dos alunos e insere-se no mesmo círculo vicioso – decorar conceito, decorar exercícios batidos, avaliar a capacidade de memorização. Isso os leva mais uma vez ao caminho de aprendizado passivo e efêmero. Vê-se uma instituição bem estruturada, com bons profissionais, cheia de alunos que entram curiosos mas que logo têm como objetivo principal sair dela, quando na verdade ela é o lugar para querer estar, aproveitar, conhecer, pensar. Há aqui também uma confusão de valores e métodos que deturpa o funcionamento dessa entidade educacional. Uma aula tradicional no curso de Engenharia Mecânica da UFSC, das matérias do ciclo básico, por exemplo, consiste na transcrição de um livro base. Vê-se um livro tradicional referente àquela disciplina ser reproduzido no quadro e, então, ser copiado pelos alunos. Além de repassar a teoria contida no livro, os professores costumam resolver em sala alguns exercícios nele contidos, sendo que, na maioria das vezes, a resolução destes exercícios já está disponível na in-
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artigo técnico ternet. Vale ressaltar que a carga horária de todas as matérias vem sendo reduzida paulatinamente, como uma tentativa de diminuir o tempo de graduação, o que torna o tempo em sala cada vez mais precioso. Assim, utilizar esse tempo mínimo e a disponibilidade de professores muito capacitados e experientes para “transmissão de informações” que já estão documentadas e disponíveis para todos é, no mínimo, um mau aproveitamento de recursos. A prova de que esse método de ensino pode ser falho é visível para qualquer pessoa que esteja dentro da universidade: é muito comum ver alunos que vão às aulas para cumprir presença, passando o tempo da aula fazendo outras coisas, antes das provas leem nos livros-base as mesmas questões abordadas em sala e concluem as avaliações com sucesso. Neste cenário o aluno pode ser tido como um vilão e, de fato, ele poderia estar acompanhando o raciocínio do professor e aprendendo em sala, aproveitando para criar e tirar dúvidas. No entanto, o fato de ele não precisar daquele momento para aprender a teoria contida no livro mostra que se está gastando o tempo de um professor experiente para um trabalho que pode ser feito valorizando o autodidatismo dos alunos e as informações largamente disponíveis e acessíveis em livros e na internet, enquanto o encontro em sala pode ser destinado à discussão entre professores e alunos. Assim como no ensino básico, no ensino universitário os métodos de ensino e avaliação abrem espaço à aprovação por pura memorização de conceitos e exercícios. E novamente os problemas do sistema de educação básica se repetem: muitos alunos não entendem a contextualização de certas teorias aprendidas e não sabem como ela é utilizada na prática. Consequentemente não desenvolvem um interesse ideal pelo estudo, de modo que nunca aprenderão nada suficientemente para desenvolver e aprimorar os conhecimentos; só se aprende até a profundidade necessária para ganhar o salvo conduto da universidade. Através de relatos de alunos de engenharia da UFSC, que fizeram uma parte da graduação em universidades estrangeiras, observou-se que em muitas dessas universidades as aulas de graduação e pós-graduação da engenharia são utilizadas primeiramente para a explanação de conceitos fundamentais e então são propostos projetos aos alunos, problemas de engenharia, sendo que as demais aulas ao longo
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do curso são dedicadas à discussão entre professor e aluno, tirando dúvidas resultantes do desenvolvimento e estudo dos projetos. A necessidade de se buscar pelo conteúdo teórico por conta própria gera um interesse que é fundamental para o aprendizado. O fato de o aluno precisar obter uma informação e compreendê-la por conta própria leva-o a um nível de reflexão muito maior do que aquele destinado a ler o caderno com anotações no dia da prova. Além da autonomia no estudo da teoria, a necessidade de solucionar um problema de projeto conduz à busca de diversas ferramentas e possibilidades de solução, de modo que um banco de dados técnicos acaba sendo desenvolvido e absorvido rapidamente pelo aluno. Possibilita também a uma compreensão global dos fenômenos envolvidos e das ferramentas disponíveis, de modo que o aluno exercita uma visualização ampla de problemas de projeto. Ainda, leva ao exercício do raciocínio lógico e da criatividade na construção de soluções, prática fundamental para qualquer engenheiro. De fato, segundo os alunos intercambistas, observa-se que estudantes dessas universidades não têm um conhecimento técnico tão acurado, mas apresentam grande criatividade no desenvolvimento de soluções. E em um mundo onde a informação técnica está disponível em todos os lugares e pode ser acessada a qualquer momento, a reflexão e a criatividade apresentam uma importância muito superior a qualquer memorização de dados e equações tabeladas. Algumas matérias do currículo de Engenharia Mecânica da UFSC apresentam este perfil diferenciado, em que se estimula o autodidatismo e o desenvolvimento autônomo de uma solução para um problema do interesse. Elas apresentam resultados extremamente positivos em relação ao envolvimento e à evolução dos alunos. No entanto, estas matérias são introduzidas no curso com o intuito de serem as matérias práticas. Acreditamos que, pela comparação entre o aproveitamento obtido em matérias de formato tradicional – teoria, exercícios resolvidos, prova – e o aproveitamento de matérias que têm por finalidade aplicar conhecimento, não deveria haver essa divisão de maneira que haja no currículo uma cota para matérias de aplicação. Os dois conceitos de aulas devem ser utilizados juntos, de modo a otimizar o processo educativo e trazer os alunos ao desafio, à reflexão e ao aprendizado autônomo.
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artigo técnico 4- FÁBRICA DE DESCONHECIMENTO – A BRECHA DO SISTEMA “Por fim, eu disse que não conseguia entender como alguém podia ser educado neste sistema de autopropagação, no qual as pessoas passam nas provas e ensinam os outros a passar nas provas, mas ninguém sabe nada.” (FEYNMAN, 2006) As facetas do sistema educacional brasileiro apontadas ao longo deste artigo contribuem para a construção de um processo educativo frágil. Feynman observou já nos anos 1950 que os métodos de ensino e de avaliação levavam a um submundo em que os alunos deixam de ter apreço pela reflexão sobre os estudos e passam a estabelecer um esquema que permita que passem pelos exames avaliativos facilmente. Hoje o sistema continua acobertando a possibilidade de aprovação dos alunos por meio de memorização de conhecimentos frágeis e que são esquecidos assim que se passa pela avaliação. Não bastando a formação de jovens pouco questionadores e reflexivos, o sistema nem consegue garantir que o conhecimento técnico tenha sido construído de maneira qualitativa, já que se aprova pela demonstração de conhecimentos que podem ser efêmeros. Afora os problemas de falta de estímulos criativos e reflexivos, há uma brecha, portanto, no sistema, pela qual os estudantes podem passar todos os seus anos de estudo sem ao final ter construído qualquer conhecimento sólido que ele saiba aplicar em problemas reais. Em suma, a situação para muitos alunos brasileiros é a de passar muitos anos na escola e na universidade, obter aprovações com sucesso e boas notas e concluir esse período sem ter construído uma base adequada de conhecimento e entendimento.
5- CONCLUSÃO “Bem, depois de eu dar minha palestra, o chefe do departamento de educação em ciências levantou e disse: ‘O Sr. Feynman nos falou algumas coisas que são difíceis de ouvir, mas parece que ele realmente ama a ciência e foi sincero em suas críticas. Assim sendo, acho que devemos prestar atenção a ele. Eu vim aqui sabendo que temos algumas fraquezas em nosso sistema de educação; o que aprendi é que temos um câncer!’ – e sentou-se.” (FEYNMAN, 2006) O físico Richard Feynman reconheceu em pouco tempo e descreveu com maestria os maiores problemas
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da educação no Brasil. Infelizmente, mesmo estando disponível um depoimento tão sincero e chocante, pouco se fez nos últimos sessenta anos em termos de reformular as bases do sistema educacional de modo a aumentar a qualidade do ensino. O que se perde pela desvalorização da fascinante capacidade humana de reflexão, que se vê no Brasil, é incalculável. É incalculável em termos de formação pessoal de cada jovem, mas é incalculável também em termos financeiros, de modo que mesmo aqueles que se importam unicamente com o desenvolvimento econômico do país devem preocupar-se com essa prática de inibir habilidades reflexivas em detrimento de uma habilidade que mesmo criaturas simples como os papagaios apresentam, a de decorar palavras. As deficiências que essa tradição cultural de ensino traz ao desenvolvimento social e tecnológico do país são imensas, já que a formação de jovens pouco capazes tecnicamente e deficientes em estímulos criativos e reflexivos leva ao atraso do desenvolvimento e criação de novas soluções para os problemas tecnológicos, políticos e sociais de qualquer grupo. É fundamental, portanto, que se ensine às crianças e jovens brasileiros a perguntar, que se instigue a curiosidade, abrindo um espaço em sua mente para que o conhecimento seja construído de maneira prazerosa, fácil, rápida e por meio de um processo de raciocínio e reflexão, muito mais do que pela memorização pura. Há que se lembrar que, para o homem, descobrir coisas novas é prazeroso. Parece que já temos a motivação primordial para o aprendizado inserida em nosso código genético, mas ainda nos falta a prática do estímulo da nossa tão preciosa curiosidade ao longo dos anos de educação escolar. Assim, a escola brasileira – ousamos dizer que também a maioria das escolas do mundo – deve ser pensada para que seja o local em que se mantenha viva a ânsia por saber, o apreço pelas ciências, a reflexão sobre todo e qualquer conhecimento, e nunca um local em que se cumpre um dever de provar que é capaz de memorizar dados.
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Acontece no setor Sistema de secagem de lodo de ETE com aproveitamento de biogás A empresa Albrecht instalou na cidade de Montes Claros/ MG o primeiro sistema de secagem de lodos de ETE com aproveitamento de biogás como fonte de energia térmica. Segundo a empresa, este projeto é referência por ser a primeira planta de tratamento de esgoto que irá utilizar o próprio biogás gerado na estação como combustível para fazer a secagem e higienização do lodo. No Brasil, embora haja grande quantidade de sistemas anaeróbios que produzem o biogás, o aproveitamento deste raramente é adotado. Além de incentivar a racionalização do uso dos recursos naturais, minimizando o consumo de matéria-prima e desenvolvendo mecanismos de redução da geração de resíduos, o aproveitamento do biogás visa otimizar a matriz energética, utilizando um combustível renovável e abundante, além de evitar a emissão destes gases para a atmosfera, contribuindo desta forma com o efeito es-
Sopradores que aliaM economia e eficiência energética A Atlas Copco, expositora da fenasan 2012, lançou no final de 2011, a linha de sopradores ZS, que, segundo a empresa, chegou ao mercado trazendo mais do que tecnologia de ponta aos seus clientes: “essa nova linha consegue aliar alto desempenho com uma grande eficiência energética, gerando uma economia maior em relação aos modelos anteriores”.
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tufa, possibilitando, inclusive, a obtenção de créditos de carbono por meio deste projeto. De acordo com a Albrecht, que é expositora da Fenasan 2012, com a secagem térmica garante-se a redução do peso e do volume do lodo, facilitando o manuseio, o transporte e a disposição, bem como a higienização do lodo (eliminação dos patógenos).
De acordo com o parecer dos seus técnicos, a economia é obtida através do reaproveitamento da energia potencial existentes nos gases. Isso é possível por que os novos sopradores permitem fazer o correto balanceamento das unidades de vazão, desligando e religandoo quando necessário, o que não ocorria anteriormente. O uso de mancais de atrito é o que permite o processo, sendo acionados de acordo com um controle central microprocessado. Os novos sopradores com tecnologia de parafuso, substituindo os antigos com tecnologia de lóbulo, apresentam um ganho em eficiência energética, gerando economia de até 30% em relação aos modelos antigos. E também ocupam menos espaço. Diferentes indústrias e aplicações, tais como tratamento de águas residuais, transporte pneumático, produção de energia, produtos alimentares e bebidas, farmacêuticos, químicos, papel e pasta de papel, têxteis, cimento e indústria em geral, poderão se beneficiar em grande escala das economias de energia através da substituição da tecnologia convencional de lóbulo pela inovadora tecnologia de parafuso, recomenda a empresa.
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Produtos de integração para sistemas de tratamento A GEA Sistemas de Resfriamento - GEA Group apresentará, na Fenasan 2012, sua linha de materiais plásticos para integração em sistemas de tratamento de água e de efluentes, entre eles módulos para decantação, enchimentos para tratamento biológico, e mídia randômica para processos de MBBR e FBBR, em distintos materiais de acordo com as especificações do projeto ou com o tipo de aplicação, sempre em conformidade com normas técnicas. O produto TUBEdek é fornecido em módulos prontos para instalar em peças soltas para montagem em obra; por meio do deslizamento dos perfis (através de linhas longitudinais) e aplicação de pontos de solda para fixar as peças. Possuem um ângulo interno que promove o escoamento dos sólidos e a compressão do módulo, facilitando assim a instalação. Os perfis são produzidos com o comprimento e a ângulo requeridos para cada projeto. O enchimento estruturado BIOdek é composto por chapas de PP ou PVC com ondulações corrugadas, um índice de vazios de 97% e baixo peso específico. De acordo com a empresa, “os blocos são fabricados com diversas áreas específicas, e devido ao desenho e geometria próprios, não colmatam nem permitem a formação de canais preferenciais. É um produto de excelente relação custo/eficiência, obtida nas aplicações em que é instalado (filtros biológicos percoladores, reatores biológicos submersos, aerados, etc.)”. A GEA SR disponibiliza produtos cujas características, desenho e manufatura são provas da constante preocupação em melhores resultados, sempre visando à facilidade de operação e baixos custos de instalação e manutenção. Tem vindo a contribuir em projetos nacionais e internacionais, atendendo totalmente às expetativas de seus clientes. Atualmente a empresa esta em fase de implantação da ISO 9001:2008.
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Jardins Filtrantes como agente despoluidor A Phytorestore Brasil é uma empresa brasileira com uma matriz francesa, especializada no tratamento de ar, água e solo com as plantas como principal agente despoluidor. Para isso, esta expositora da Fenasan 2012 utiliza uma tecnologia patenteada denominada Jardins Filtrantes®, para despoluição sustentável do meio ambiente, agregando paisagismo às suas soluções, com o objetivo de restauração ecológica sempre se apoiando na biodiversidade local. De acordo com Arnaud Fraissignes, gerente geral da empresa, os Jardins Filtrantes® podem ser usados em efluentes industriais agroalimentares, químicos, de cosméticos, siderúrgicos, etc; em lodo proveniente de estações de tratamento de efluentes, de tratamento d’agua, bem como em esgoto bruto de municípios, bairros e pequenas comunidades (hotéis, resorts, condomínios e similares).
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ACONTECE NO SETOR Estações Compactas em plástico reforçado A empresa Hemfibra, expositora da Fenasan 2012, é pioneira no país na produção de Estações Compactas em plástico reforçado com fibra de vidro (PRFV). De acordo com os seus dirigentes, são oferecidas soluções personalizadas e economicamente vantajosas, para qualquer tipo de água e de efluentes líquidos domésticos e de uma ampla gama de esgotos industriais; com diagnóstico e desenvolvimento de projetos, implantação de atualização, adequação tecnológica e ampliação de ETAs e ETEs. Entre a sua linha de produtos, o destaque são o Ecofiber e Ecofiber Master, “direcionados ao tratamento de efluentes domésticos em empreendimentos de maior porte ou em residências individuais, propiciando uma economia de água em até 30%.”, afirma o coordenador de vendas da empresa, Marcel Diniz, que
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ainda acrescenta: “o Ecofiber Master, por apresentar um tratamento anaeróbio e aeróbio, além de câmara anóxica, é capaz de remover nitratos, possibilitando a utilização do efluente em sistemas de reúso e uma considerável economia de energia”.
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ACONTECE NO SETOR
Válvulas de Controle C-Valves De acordo com a empresa Invel, expositora da Fenasan 2012 e distribuidora das válvulas de controle para água da empresa israelense C-Valves, “o produto incorpora alta tecnologia, tem reconhecimento internacional e é utilizado em várias aplicações no controle de pressão e de vazão, assegurando proteção muito superior para as redes de distribuição de água e para instalações, comparativamente com tradicionais válvulas de controle”. A concepção geométrica “Linear Flow Control” assegura “excelente desempenho e vantagens operacionais como: maior capacidade de vazão;maior durabilidade da rede de água, das instalações e de equipamentos;redução de danos e ocorrência de vaza-
Vogelsang Na Fenasan 2012 a Vogelsang apresentará a sua linha de bombas de lóbulos HiFlo® para lodos e permeados de MBR além dos maceradores RotaCut® para resolver problemas com fibras e cabelos em ETE’s. De acordo com a empresa, “suas bombas podem operar em vazio, não “queimam” as partes de borracha por te-
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mentos, propiciando redução de perdas, e manutenção simples e rápida, menos freqüente e de baixo custo”. A Invel informa ainda que “as válvulas podem operar comandadas por piloto de 3 vias, com variadas aplicações: redução de pressão, regulagem de vazão, controle de altitude/nível, sustentação de pressão, alívio e várias combinações de controle em uma única válvula. As aplicações para grandes diâmetros têm concepção modular, de válvulas em paralelo, chamada Multivalve, que dispensa as habituais construção de by-pass para manutenção e ajustes; permite continuidade de operação em caso de eventual interrupção de uma das válvulas e reduz o inventário, pela padronização dos módulos”.
rem operado em vazio. Mesmo com desgaste não param de bombear, facilitando a programação das manutenções preventivas. Ocupam metade do espaço comparado com uma bomba de fuso.Não requerem desmontagem da tubulação para manutenção e não precisa que a bomba seja retirada do local e enviada para a oficina. Podem operar nos dois sentidos (Ideal para sistemas com MBR, pois trabalham succionando e depois lavando as membranas).Podem operar submersas, dentro de uma lagoa, succionando o lodo.Têm grande capacidade de sucção, pode gerar um vácuo de 9 mca. E são autoescorvantes”. Já as atribuições aos seus maceradores são redução do tamanho de fibras, cabelos e materiais grosseiros, protegendo os equipamentos a jusante; permissão de manutenção na linha sem desmontagem da tubulação e retenção dos materiais mais pesados que não podem ser triturados (materiais metálicos como parafusos, por exemplo).
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Sérgio Luiz Gonçalves Pereira é mestre em Engenharia Industrial, Professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV. Desde abril de 2011 é o Superintendente de Novos Negócios da SABESP. Foi Diretor Administrativo e Financeiro da CPTM - jan 07 a jan 11; Diretor Presidente da DERSA - jul 98 a abr 03; Diretor Financeiro e de Relações com o Mercado da Telebrás - fev 95 a jan 98; Diretor Financeiro do Pão de Açúcar de set 80 a jan 95. Foto: Gabriel Bonamichi Goes
A importância da estruturação para enfrentar novos desafios - A Sabesp se prepara para Novos Negócios por SÉRGIO LUIZ GONÇALVES PEREIRA INTRODUÇÃO Dos 645 municípios do Estado de São Paulo, 365 são operados pela Sabesp. Os serviços de saneamento nos demais 280 municípios são em grande maioria operados por serviços autônomos municipais. Muitos desses serviços têm baixa capacidade de gestão e de realização de investimentos. Além disso, há grandes dificuldades de elaborar projetos e obter financiamentos. Apesar disso, determinados municípios optam por não transferir os serviços de saneamento à Sabesp. O foco principal da área de novos negócios é, portanto, o desenvolvimento de negócios estruturados em modelos que permitam a participação do Estado de São Paulo na melhoria do saneamento ambiental, respeitando, porém, as características e a cultura de cada um dos Municípios. Do ponto de vista empresarial pretende: i. (gerar novas receitas para auxiliar no esforço de universalização dos serviços de saneamento no Estado de São Paulo; ii. ampliar a base operada da Sabesp no Estado de São Paulo, atuando em parceria com o setor privado em municípios que não desejam conceder os serviços à Sabesp; iii. atrair capital e tecnologia privados para viabilizar investimentos de interesse público (em especial para indústria e comércio), sem onerar demasiadamente o orçamento da Sabesp.
O AMBIENTE A evolução do mercado de saneamento já é expressiva e para os próximos anos deverá ser absolutamente notável. Em 2010 venceu o prazo para que os municípios adaptassem seus contratos firmados sob a égide do PLANASA (Plano Nacional de Saneamento) ao novo marco
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regulatório (Lei 11.445/07). Essa obrigação está multiplicando oportunidades para operação em municípios dentro e fora do Estado de São Paulo, tendo em vista que muitas Prefeituras podem optar por privatizar os serviços públicos de água e esgoto. A multiplicação de oportunidades em saneamento e as possibilidades de parcerias com empresas privadas nacionais e estrangeiras têm gerado uma oferta bastante grande de bons projetos para a Sabesp Os negócios que se abrem atualmente para o “core business” da Sabesp, qual seja água e esgoto (A & E), são basicamente provenientes das Prefeituras que tem a concessão e enxergam, em geral, os serviços que vêm prestando como: d. Fonte de prejuízo e. Fonte de atrito com os munícipes, órgãos de controle ambiental, tribunal de contas do Estado, Ministério Público. f. Impedimento ao desenvolvimento de turismo g. Gastos exagerados com saúde Como motivos para que o serviço seja deficitário pode-se citar a escala, a não especialização, a intermitência dos investimentos, a má gestão por falta de atualização, etc. Outro fator considerável é a inadimplência consentida ou forçada pela população que não entende que, se não pagar prejudicará a prestação do serviço e a si próprio. Por outro lado surge a possibilidade de privatizar esse ativo através da concessão. Com isso a prefeitura pode obter recursos provenientes da Outorga, transferir a responsabilidade da prestação dos serviços, melhorá-los exigindo investimentos regulares, ter uma operação mais competente. Essa decisão, no entanto, não é tão simples
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MATÉRIA SABESP e clara. A privatização ainda não é bem vista pela população, há o receio que com o contrato a ser firmado. O controle do prestador de serviços pode não ser fácil e conduzir a dificuldades com a população. Em geral, o privado está ligado a grandes empreiteiras que, notadamente, tem apoio em diversos setores da sociedade, inclusive no parlamentar municipal, estadual e federal, que, em alguns casos, não tem compromisso com o bem estar público. Para o privado a operação do sistema não encontra todos, ou pelo menos a maioria dos entraves que empresas públicas enfrentam. A Sabesp tem enormes dificuldades burocráticas pautadas na legislação e no atendimento aos diversos órgãos de controle, mas tem também inúmeras vantagens que lhe dão condições de competir. É falso dizer que a Sabesp tem tarifas fora de competição. A Sabesp deve comparar suas tarifas com as praticadas/pleiteadas pela iniciativa privada, não com as dos órgãos municipais que são deficitários porque subsidiam as tarifas, especialmente para o pessoal de mais baixa renda. Os editais de concessão de serviços de saneamento municipais, que exigem desconto sobre a tarifa vigente, investimentos, pagamento de outorga, metas de melhoria nos serviços, sendo a tarifa significativamente mais baixa que as da SABESP estão sujeitos a gerarem uma situação de “vazio“ na licitação ou uma solicitação, muito em breve, de reequilíbrio econômico financeiro do contrato que, se não aceito, como seria a boa pratica, poderá levar a sérios transtornos e até a interrupção do contrato pelo não cumprimento das metas de saneamento. A iniciativa privada lançou-se com grande força no mercado de saneamento porque pode escolher onde operar e há uma enorme diferença de rentabilidade entre cidades, regiões, áreas, dependendo de inúmeros fatores como disponibilidade hídrica, concentração populacional, conscientização dos habitantes, nível de educação, forças políticas locais, interesses políticos. É preciso lembrar que se a taxa mínima de retorno aceitável pela Sabesp está em torno de 8% aa, para a iniciativa privada está em 20%. Ela tem muito mais flexibilidade para estruturar a prestação de serviço para obter esse retorno desejado. Em 2007, o Governo do Estado de São Paulo am-
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pliou o campo de atuação da Sabesp, conferindo-lhe maior flexibilidade através da Lei Complementar Estadual nº 1025/07. O art. 63 desta Lei autoriza a Sabesp a: ■■ prestar serviços de drenagem e manejo de águas pluviais urbanas, bem como serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos; ■■ planejar, operar e manter sistemas de produção, armazenamento, conservação e comercialização de energia, para si ou para terceiros; ■■ exercer as atividades integrantes do seu objeto social diretamente, por intermédio de subsidiárias e/ ou associada a terceiros no Brasil e no exterior; ■■ participar do bloco de controle ou do capital de outras empresas, bem como constituir subsidiárias, as quais poderão associar-se, majoritária ou minoritariamente, a outras empresas; ■■ formar consórcios com empresas nacionais ou estrangeiras, inclusive com outras companhias estaduais. De uma forma mais específica propõe-se que os novos negócios atendam preferencialmente à maioria dos seguintes critérios de seleção para delimitar sua atuação no amplo espectro de oportunidades atualmente em crescimento: i. manutenção e expansão dos mercados, visando à universalização de serviços de saneamento básico em linha com o planejamento estratégico da Companhia; ii. rentabilização dos ativos da Companhia e valorização da marca; iii. aproveitamento de sinergias operacionais e de ganhos de escala e escopo com estruturas existentes; iv. realização de investimentos com baixo risco e que gerem externalidades sociais positivas, sem prejuízo da sustentabilidade financeira da Companhia no longo prazo, tomando em conta o custo médio ponderado de capital da Companhia (weighted average cost of capital); v. equacionamento de dívidas por meio de associações e parcerias, com foco nos municípios permissionários; vi. sustentabilidade ambiental; vii. busca de autossuficiência energética. Na Região Metropolitana de São Paulo, a Área de Novos Negócios apoia as Unidades de Negócio na busca de soluções que permitam equacionar os cré-
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matéria sabesp promover a venda de serviços e produtos, por exemplo, a Sabesp fechou contrato específico de venda do Aqualog para a CESAN de Vitoria (ES), a prestação de serviços de redução de perdas e o planejamento do sistema de água para a CASAL, em Maceió (AL) no âmbito de um convênio mais amplo de cooperação. Em outros países, a Sabesp atua através da Superintendência de Novos Negócios no Panamá e Honduras, prestando consultoria em contrato financiado pelo BID. Destaquem-se três aspectos importantes acerca da internacionalização da Sabesp: 1) é razoável supor que o crescimento de qualquer empresa do porte da Sabesp exija algum grau de internacionalização. Quando se considera a experiência das grandes empresas de saneamento em outros países, observa-se o grande percentual da receita proveniente de atuação fora de seus países de origem; 2) Embora haja atualmente uma considerável pressão para que a Sabesp participe de empreendimentos no exterior, entende-se que o desenvolvimento externo deve ser realizado no longo prazo; 3) Considerando-se que boa parte dos seus financiamentos tem origem no exterior, é conveniente ter-se também receitas no exterior, como “hedge”. Atualmente, a Sabesp administra os contratos de Novos Negócios, informados no quadro I, além de um grande número de negócios em perspectiva.
ditos da Sabesp com os municípios permissionários e, sempre que possível, retomar parcial ou integralmente a operação dos serviços de água e esgoto, mediante diferentes modelos societários e financeiros, sobretudo em áreas rentáveis e ambientalmente críticas. Além disso, deverá propor uma estratégia para comercialização de produtos e serviços. Em todos os municípios operados pela Sabesp, a Área de Novos Negócios deverá apoiar as Diretorias operacionais e suas Unidades de Negócio no desenvolvimento de ações ligadas às novas atividades previstas pelo Artigo 63 da Lei da ARSESP. Nos municípios não operados pela Sabesp localizados no Estado de São Paulo, além da tentativa de viabilizar o fornecimento de produtos e prestação de serviços, a Área de Novos Negócios apoia as Diretorias operacionais e suas Unidades de Negócio na participação de licitações que viabilizem: i. a assunção da operação dos serviços de água e esgoto direta ou indiretamente pela Companhia; ii. o desenvolvimento das novas atividades previstas no artigo 63 da Lei da ARSESP. Nos demais estados do país, nesse primeiro momento, a Área de Novos Negócios além dos acordos de cooperação técnica e celebrados, sempre que possível,
Quadro I - Atividades da TN em 2011: Administração de Contratos nome
objeto
modalidade
estado
Valow do Contrato R$*1000
Parte da Sabesp R$*1000
Concessões em operações Mogi Mirim
Esgoto
SPE
SP
285.300
102.708
Mairinque
Água e esgoro
SPE
SP
382.400
114.720
Castilho
Água e esgoro
SPE
SP
109.700
32.910
Andradina
Água e esgoro
SPE
SP
313.800
94.140
Assessorias Cuidad de Panamá (Panamá)
Planejamento e perdas
Contratação direta
EXT
16.784
5.035
Honduras (C. Rica)
Planejamento e perdas
Contratação direta
EXT
4.395
1.318
Casal I
Planejamento e perdas
Contratação direta
AL
25.008
25.008
Barro Alto
Plano de Saneamento
Contratação direta
GO
500
500
Automatização
Contratação direta
ES
1.266
1.266
SP
21.202
21.202
1.091.700
273.631
Cesan (Aqualog)
Aproveitamento energético PCH (Guarau e Cascata)
Energia Elétrica
Contratação direta
Total
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MATÉRIA SABESP A EQUAÇÃO FINANCEIRA A necessidade de atender adequadamente às expectativas dos usuários e da entidade reguladora externa, aliada à crescente capacidade de pressão por parte de ONGs e do Ministério Público, implica a realização de investimentos vultosos para universalização do acesso aos serviços de saneamento básico, bem como para a preservação e utilização eficiente de recursos hídricos. Há que se observar que, associado a essa demanda, a Sabesp enfrenta um cenário caracterizado por: ■■ atuação em ambiente competitivo; ■■ maior poder de barganha dos Poderes Concedentes; ■■ exigência de taxa de retorno para o capital investido superior aos retornos médios obtidos em investimentos tradicionais (água e esgoto) realizados pela Companhia no Estado de São Paulo; ■■ não onerar o fluxo de caixa da Companhia, alocando para esses novos negócios parcela relevante dos recursos financeiros atualmente gerados pelas atividades operacionais da Companhia; ■■ não afetar de forma relevante a capacidade de endividamento da Companhia, seja por meio de obtenção direta de financiamento em nome da Companhia ou através da prestação de garantias em obrigações de terceiros, a fim de viabilizar esses novos negócios; ■■ não comprometer recursos humanos e técnicos em patamar que prejudique o ritmo de universalização dos serviços de saneamento básico no Estado de São Paulo, em linha com o planejamento estratégico da Companhia. ■■ O que conduz à necessidade de : ■■ obtenção de novas fontes de receitas e redução de custos; ■■ criação de soluções ambientais de forma a responder a um mercado crescentemente sensível a questões de sustentabilidade; ■■ aquisição de know-how e tecnologia para atuação em áreas estratégicas (p.e., disposição do lodo de ETEs); ■■ preservação de recursos hídricos. Novos Negócios é a porta para tais requisitos, na medida em que abre contatos, acolhe novas ideias e tecnologias com potencial ganhos no curto e médio prazos, associa-se a empresas inovadoras e com ativos de interesse para o atual sistema de agua e esgoto.
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Hoje a Sabesp associa-se a 5 prefeituras do Alto Tiete para o tratamento de resíduo sólidos e vai buscar tecnologia na Ásia e Europa em projeto pioneiro. A Sabesp vem sendo altamente demandada para auxiliar as prefeituras com esse tipo de problema que tornou-se critico, inclusive pelas restrições a aterros. A Sabesp praticamente duplicou o seu patamar de investimentos no triênio 2007-2009, se comparado ao triênio anterior, e manterá esse ritmo até 2018 quando pretende ter universalizado os serviços de água e esgoto em sua base operada no Estado de São Paulo, conforme estabelecido no planejamento estratégico aprovado pelo Conselho de Administração: “ser reconhecida como Empresa que universalizou os serviços de saneamento em sua área de atuação com foco no cliente, de forma sustentável e competitiva, com excelência em soluções ambientais.” Como consequência, os recursos da Companhia estão sendo prioritariamente destinados para cumprir o plano de investimentos e novos negócios deverão também contribuir para a meta de universalização. Para isso, os novos negócios necessitam representar uma fonte adicional de receita e consumir o mínimo de recursos da Sabesp. Esse foi o sentido da decisão do Conselho de Administração da Sabesp que, ao aprovar o orientador de novos negócios, recomendou que não fossem comprometidos recursos substanciais em projetos fora do Estado de São Paulo. Portanto, é fundamental que a área de Novos Negócios tenha condições de desenvolver novas fontes de financiamento para suas atividades. Atualmente o mercado é doador e as instituições de fomento permitem alavancagens excepcionais a taxas de juros convidativas Um bom projeto com dinheiro de terceiros a baixo custo configura-se como uma oportunidade inescapável Há que se observar diferenças entre o perfil dos projetos desenvolvidos pela Sabesp e aqueles de Novos Negócios, e a consequente necessidade de criar um canal distinto de captação de recursos alinhado com o perfil dos investidores potencialmente interessados em novos negócios. Como empresa pública e concessionária de serviços públicos, os investimentos da Sabesp têm como característica o longo prazo de maturação e, por vezes, uma taxa de retorno menor, em especial no que diz respeito aos investimentos em coleta e tratamento de esgoto. Por outro lado, esses investimentos apresentam baixo
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matéria sabesp risco, pois são garantidos pelos recebíveis de contas de água e esgoto cobradas dos usuários. Os projetos de Novos Negócios, por sua vez, devem assegurar retorno superior ao custo médio ponderado de capital da Companhia. Além disso, é comum que tenham um prazo de payback mais curto. Por outro lado, envolvem estruturas com maior risco, como contratos de performance ou que imponham exigências técnicas mais elevadas, em especial se os serviços forem prestados a grandes clientes privados. Além disso, investimentos em setores como resíduos sólidos, drenagem ou energia têm uma estrutura de riscos e retorno distinta daqueles em água e esgoto. Há, portanto, uma distinção entre os perfis de projetos relacionados à atividade principal da Sabesp, i.e. operação de sistemas de água e esgoto em Municípios onde a Companhia opera como delegatária do Estado de São Paulo e os perfis de projetos de Novos Negócios. Como consequência, investidores que desejem investir em negócios com um maior risco e maior retorno ou em setores como resíduos sólidos, drenagem e energia, mas não se interessarem por negócios de água e esgoto poderão optar por investir em projetos de Novos Negócios, investindo diretamente na SPE detentora do Novo Negocio. Novos Negócios diversificará as fontes de financiamento. A Sabesp, historicamente, vem captando recursos de determinados órgãos nacionais e internacionais de financiamento para custear seu plano de investimentos, dentre os quais se destacam o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento, a Caixa Econômica Federal, o BNDES e a Japan International Cooperation Agency. Porém, os recursos dessas fontes são canalizados prioritariamente para os projetos relacionados à meta de universalização dos serviços de água e esgoto. Além disso, por vezes, o prazo para obtenção desses financiamentos é relativamente longo. Nesse sentido, a Sabesp vem fomentando parcerias público-privadas e locações de ativo, atraindo, assim, capital privado para seus projetos e permitindo aos parceiros acessar recursos disponíveis apenas ao setor privado. Novos Negócios oferecerá uma nova alternativa de captação de recursos para a Sabesp, pois permitirá acessar fontes de recursos que não podem ser acessadas atualmente, em especial as estruturas de financiamento mediante venda de participação societária.
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Como exemplo, vale citar os recursos do FI-FGTS (acima mencionado), destinados à capitalização (equity) de empresas de saneamento, porem a SPE pode. As estruturas de captação de recursos de projetos de novos negócios muitas vezes diferem das estruturas de financiamento utilizadas pela Sabesp. Ao atuar em projetos tradicionalmente desenvolvidos pelo setor privado, a Sabesp tem grande dificuldade em se adequar a exigências e modelos de financiamento que não seguem o rito tradicional que a Companhia está acostumada a seguir e comuns na iniciativa privada.
A INSERÇÃO DE NOVOS NEGÓCIOS NA SABESP A criação da Área de Novos Negócios constitui providência necessária para adaptar a Sabesp aos novos desafios do setor de saneamento. Juntamente com as áreas de Assuntos Regulatórios e de Meio Ambiente, já criadas, e com a estratégia em curso de fortalecimento da pesquisa e desenvolvimento, a Área de Novos Negócios da Sabesp compõe um conjunto de mudanças organizacionais visando adaptar a Empresa ao novo marco regulatório. O Plano Estratégico da Sabesp situa NN em seu mais alto nível concorrendo diretamente para seu objetivo central: “Em 2018, ser reconhecida como empresa que universalizou os serviços de saneamento em sua área de atuação, com foco no cliente, de forma sustentável e competitiva, com excelência em soluções ambientais”.
O PONTO DE VISTA COMERCIAL Os modelos institucionais de novos negócios também diferem de forma substancial da maneira tradicional de atuação da Sabesp. Em função disso, algumas dificuldades são enfrentadas. Do ponto de vista comercial, ao realizar licitações para compra de produtos e serviços, a Sabesp impõe aos seus fornecedores os termos e condições contratuais, bem como limites de preços a serem praticados. Não existe uma tradição de negociação dos termos comerciais. Além disso, ainda que haja grandes clientes atendidos pela Sabesp, por terem sido os serviços de água e esgoto historicamente tratados como um monopólio natural, não há uma cultura disseminada de atendimento a grandes empresas e clientes. O foco principal são consumidores individuais da companhia. Esse cenário vem se alterando somente recentemente com a autorização para que a Sa-
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MATÉRIA SABESP besp pratique uma política mais agressiva de preços para clientes que consumam acima de 500m3 por mês. Juridicamente, os modelos de constituição de sociedades de propósito específico e a assinatura de contratos de performance ou que exijam da Sabesp o atendimento de elevadas exigências são pouco comuns na Companhia. Tradicionalmente, a Sabesp figura em contratos como cliente e não como fornecedora. A mudança dessa perspectiva exige uma adaptação por parte da empresa como um todo. Longas negociações e produção de grande volume de contratos e documentos, normalmente, são utilizados nos projetos de novos negócios, tentando ordenar um relacionamento futuro de 30 anos com Prefeituras e Sócios e de pelo menos 20 anos com Bancos e ainda de 5 anos com construtores/montadores. A seleção de parceiros é, também, um movimento novo para a Sabesp e de alta importância, envolvendo estratégias de equilíbrio de poder em regiões, complementações financeiras, técnicas, e politicas. É absolutamente necessário ter-se claro o valor implícito de um parceiro e é preciso considerar ainda o quanto estamos transferindo de valor implícito para ele.
CONCLUSÃO O novo marco regulatório apresenta desafios, mas abre oportunidades para novas áreas e formas de atuação da Companhia. A área de Novos Negócios constitui importante instrumento para enfrentar tais desafios e aproveitar essas oportunidades de forma eficiente e com sucesso. O aproveitamento dessas oportunidades se dá por meio da atuação nas áreas de água e esgoto, bem como nos novos setores que a Sabesp está autorizada a atuar, nos termos do artigo 63 da Lei da ARSESP. A área de Novos Negócios permitiria assim: (i) a manutenção e expansão dos mercados, visando à universalização de serviços de saneamento básico em sua área de atuação; (ii) a rentabilização dos ativos da Companhia e valorização da marca; (iii) a geração de caixa e redução de custos para a Companhia; (iv) o aproveitamento de ganhos de escala e escopo com estruturas existentes; (v) o equacionamento de dívidas por meio de associações e parcerias, com foco nos municípios permissionários; e a (vi) formação de alianças estratégicas para a preservação de recursos hídricos e obtenção de tecnologia em soluções ambientais.
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Os projetos envolvendo maiores investimentos por parte da Sabesp serão desenvolvidos, prioritariamente, no Estado de São Paulo. A venda de produtos e serviços teria uma atuação mais abrangente, podendo ocorrer em outros estados brasileiros e eventualmente no exterior. A internacionalização da companhia será uma estratégia gradual e de longo prazo. No atual estágio, a Companhia está dando os primeiros passos neste sentido para o que a assinatura de termos de cooperação técnica pode ser funcional. A Área de novos negócios tem como importante característica a operacionalização da atuação da Sabesp em parceria com empresas privadas. Nesse sentido, o processo de seleção de parceiros e oportunidades por parte da Companhia estará sempre pautado em critérios técnicos objetivos. A Área de novos negócios permitirá a diversificação das fontes de receita da Companhia e contribuirá para o cumprimento da visão de futuro da Sabesp de “em 2018, ser reconhecida como empresa que universalizou os serviços de saneamento em sua área de atuação, com foco no cliente, de forma sustentável e competitiva, com excelência em soluções ambientais.” A Sabesp é a quarta empresa do mundo em saneamento. Ë difícil verificar que uma grande corporação não tenha uma área ou uma empresa ou mesmo diversas empresas classificadas como Novos Negócios. As ideias de “core business”, foco no negocio e objetivo inflexível, ao se ter presente o mercado global, a velocidade dos negócios e o avanço vertiginoso da ciência e tecnologia começam a tomar novo significado, perdendo parte de seu valor, que até bem pouco tempo atrás, era altíssimo na condução de uma grande empresa. As oportunidades não podem ser perdidas. Administradores e empresas como um todo devem estar constantemente atentos para oportunidade. Isto é uma verdade antiga. Reconhecida de longa data e por isso verdade. Mas as oportunidades são fugidias e não estão disponíveis em geral com exclusividade para a empresa. Há que se ter primeiro faro para prospectar a oportunidade, em seguida visão para conformá-la, coragem e capacidade para desenvolvê-la, agilidade para remover obstáculos e sorte para atrair o sucesso. Parecem ingredientes demais para o sucesso, mas a pratica tem demonstrado que há sinergia entre eles e que o processo de aproveitamento de oportunidades torna-se uma prática fascinante.
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Fenasan 2012 - feira nacional dE saneamento e meio ambiente xxiii encontro técnico aesabesp - congresso nacional de saneamento e meio ambiente
Fenasan terá área ampliada em 2012 Promovida há 23 anos pela AESabesp (Associação dos Engenheiros da Sabesp), a Fenasan (Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente) está consolidada como um dos maiores eventos mercadológicos do País e da América Latina, no setor de saneamento ambiental. Em sua edição de 2012, programada para os dias 06, 07 e 08 de agosto, a Feira terá sua área ampliada e ocupará a extensão total do Pavilhão Branco do Expo Center Norte, em São Paulo – SP. Devido ao seu crescimento, em dois anos, sua área dobrou de tamanho (8.828 m², em 2010; 13.272 m² , em 2011 e 17.042 m², em 2012), para atender a demanda de público e de expositores.
De acordo com o presidente da AESabesp, Hiroshi Ietsugu, essa expectativa favorável é baseada em dados bem concretos, pois atualmente a Feira já conta praticamente com a totalidade de sua área de exposição ocupada. A motivação desta receptividade tem base no crescimento do setor e no grande aporte de investimentos em obras de distribuição de água, esgotamento sanitário e manejo de resíduos, tanto por parte da esfera federal quanto por investimentos de grupos estrangeiros. Já o diretor técnico da entidade, Reynaldo Young, observa que embora o Brasil esteja em condição de potência emergente e receba grandes incentivos para incrementos no setor, a falta de saneamento básico ainda se constitui como um dos maiores problemas do País. Em sua avaliação “ainda é preciso muito investimento em tecnologia para a aplicação do seu alto potencial na sua real necessidade. E na Fenasan, essas tecnologias são efetivamente mostradas pelas empresas fabricantes de equipamentos, gestoras de sistemas e prestadoras de serviços”.
Presidente da AESabesp, Hiroshi Ietsugu, e o diretor técnico da AESabesp, Reynaldo Young cumprimentam expositores na Fenasan 2011
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6 a 8 de agosto de 2012 pavilhão branco do expo center norte - são Paulo - SP
Congresso Nacional de Saneamento e Meio Ambiente Nos mesmos dias da Fenasan, será realizado o Congresso Nacional de Saneamento e Meio Ambiente, nos auditórios do próprio Pavilhão, , também denominado “XXIII Encontro Técnico da AESabesp”,
Fenasan - Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente Horário: 13h às 20h (visitação gratuita para maiores de 16 anos) Congresso Técnico AESabesp Horário: 9h às 18h (participação mediante inscrições) Promotora: Associação dos Engenheiros da Sabesp Data: 06 a 08 de agosto de 2012 Local: Pavilhão Branco do Expo Center Norte Endereço: Rua José Bernardo Pinto, 333 São Paulo - SP Mais informações: www.fenasan.com.br www.aesabesp.org.br
que é uma referência nacional em apresentação de trabalhos técnicos e debates sobre as políticas do setor, sob a coordenação do diretor cultural da entidade, Olavo Sachs. Em 2012, o tema central é “Como prover o saneamento para todos”, que abrangerá palestras voltadas para inovações tecnológicas, eficiência energética; gestão empresarial e empreendimentos no setor; legislação e regulação; manutenção eletromecânica ; sustentabilidade, acesso a políticas públicas e preservação do meio ambiente; entre outros. A AESabesp ainda faz um convite especial aos seus associados e parceiros, que sejam professores em escolas técnicas e de nível superior, para trazerem seus alunos para esse evento. Para os futuros profis-
sionais do setor técnico, estar nesse XXIII– Congresso Nacional de Saneamento e Meio Ambiente é a oportunidade ideal para que o grande público conheça suas idéias e, por consequência, para a sua projeção profissional, pois as palestras são prestigiadas por formadores de opinião e por expoentes técnicos extremamente qualificados dentro do setor de saneamento ambiental. Durante os três dias de Encontro Técnico, será possível estabelecer uma “net work”, com a grande oportunidade de trocar conhecimentos com colegas de diversas empresas e órgãos de saneamento de todo Brasil e também do exterior, além de conhecer novos produtos e equipamentos para tratamento e abastecimento de água e esgotamento sanitário.
Apoio institucional
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA E AMBIENTAL
Logo
ANA COOPERATIVA DE CRÉDITO
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS
BEJE C= 11 M= 16 Y= 18 K= 32
Apoio institucional Fenasan
Pantone 368 C
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Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo
CINZA K = 90%
Pantone 541 C
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Fenasan 2012 - feira nacional dE saneamento e meio ambiente xxiii encontro técnico aesabesp - congresso nacional de saneamento e meio ambiente
Ecoeventus AESabesp®: o nosso Projeto Neutralização de Carbono A AESabesp, desde 2008, vem adotando medidas para alinhar a Fenasan cada vez mais às políticas públicas de sustentabilidade, incluindo o plantio de árvores para mitigação dos gases do efeito estufa, emitidos em decorrência da realização do evento. Em 2010, a AESabesp, através da Diretoria de Projetos Socioambientais, ampliou suas ações para além do plantio de árvores, promovendo diversas atividades, que visam antes a redução da emissão, com o desenvolvimento do projeto Neutralização de Carbono, que a partir de agosto de 2011 teve sua marca concebida e registrada como ecoeventus AESabesp®, integrando a carteira de projetos socioambientais da Associação. Para tanto, o projeto ecoeventus AESabesp® prioriza ações voltadas à sensibilização e conscientização, visando contribuir para a percepção, compreensão e participação efetiva na melhoria da qualidade de vida local em sintonia com as urgências globais. O Projeto ecoeventus AESabesp®, coordenado pela química Maria Aparecida Silva de Paula e pela advogada ambientalista Vanessa Hasson, é o alicerce de um programa de educação ambiental formal, adotado com intuito de mobilizar os participantes da Fenasan, maior
evento da América Latina no setor, que movimenta anualmente cerca de 12.000 pessoas. As ações propostas no escopo do ecoeventus AESabesp® são mais de conscientização do que de quantificação do consumo de carbono. Por meio de uma linha pedagógica é demonstrado, a todos – expositores, fornecedores e visitantes – os benefícios alcançados pelas práticas de utilizar materiais sustentáveis nas montagens de estandes, diminuir a distribuição de impressos, reduzir o uso de energia, consumir água com racionalidade, reciclar resíduos - com base no Programa 3Rs - Reduzir, Reutilizar e Reciclar, além de estimular o não fornecimento de materiais descartáveis, como copos, talheres, pratos e demais recipientes, sempre que possível. Os expositores aderentes à causa, têm a oportunidade de concorrer ao Prêmio AESabesp. Os quesitos relativos à redução do uso de energia e con-
o projeto Ecoeventus AESabesp prioriza ações voltadas à sensibilização e conscientização, visando contribuir para a percepção, compreensão e participação efetiva na melhoria da qualidade de vida local em sintonia com as urgências globais.
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6 a 8 de agosto de 2012 pavilhão branco do expo center norte - são Paulo - SP
sumo de água de maneira racional, também são acompanhados pela AESabesp no sentido de medir a eficácia das ações promovidas durante o evento. No decorrer dos três dias da Fenasan, essas práticas são continuamente estimuladas e, ao seu término, contabilizada a emissão de carbono com base na produção de resíduos, consumo de energia e meios de transporte utilizados pelos participantes. Considerando que o transporte veicular é o responsável pela produção na cidade de São Paulo, por 78% da emissão dos GEE – Gases do Efeito Estufa, um dos grandes destaques dentro das ações transversais deste projeto é o incentivo ao uso de transportes alternativos e coletivos, tais como a carona solidária e o metrô. Assim, como cortesia da AESabesp, em favor da minimização da emissão de carbono, são oferecidas vans, sistema ida e volta, com saída da Estação Tietê do Metrô ao pavilhão do evento. O projeto se encerra com o plantio das árvores necessárias para mitigação da emissão dos gases de efeito estufa, originada durante as três fases do evento – montagem, realização e desmontagem – acrescentando-se um percentual destinado a promover a recuperação ambiental de área desflorestada. O ecoeventus AESabesp® pode e deve ser replicado em qualquer tipo de evento, podendo ser chamado também de ecoeventus®. Conta com a consultoria de pessoal altamente capacitado, para juntos promovermos cada vez mais ações destinadas à mitigação e adaptação às alterações climáticas, somando-se àquelas que vêm sendo praticadas por todo o mundo.
Plantio pós Fenasan 2011, coordenado pela equipe da Diretoria de Projetos Socioambientais da AESabesp.
Para maiores informações entre em contato através do e-mail projetossocioambientais@aesabesp.org.br
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Fenasan 2012 - feira nacional dE saneamento e meio ambiente xxiii encontro técnico aesabesp - congresso nacional de saneamento e meio ambiente
NOVOS CONCEITOS PARA A PREMIAÇÃO DO TROFÉU AESABESP NA FENASAN 2012 O Encontro Técnico da AESabesp, juntamente com a Fenasan (Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente), realizará a entrega do TROFÉU AESabesp aos expositores que alcançarem grandes destaques nos três dias do evento. Há 23 anos os prêmios são entregues em diversas categorias: Melhor Estande, Inovação Tecnológica, Atendimento ao Cliente, Destaque AESabesp - Fenasan e Destaque AESabesp - Encontro Técnico, constituindo-se num dos momentos mais esperados. Contudo, a Associação dos Engenheiros da Sabesp AESabesp desde 2008 vem se qualificando com questões vinculadas à OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, desenvolvendo suas atividades para atendimento a Lei 9790/99. E para atender a esta condição, os quesitos Melhor Estande e Destaque Fenasan foram integradas no Prêmio Ações do Projeto Ecoeventus AESabesp® . Dessa forma, na edição da Fenasan 2012, a Comissão de Avaliação do Prêmio utilizará critérios voltados às práticas de Sustentabilidade para premiação das empresas expositoras no critério Melhor Estande. O tema do XXIII Encontro Técnico e Fenasan 2012, intitulado “Como prover o saneamento para todos?”, implica diretamente na “Minimização dos Resíduos” produzidos durante a sua realização, principalmente por fomentar a discussão e desafios de implementação da Lei de Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS, onde foram estabelecidos, princípios, objetivos e instrumentos para aplicação da mesma. Além disso, os expositores/investidores terão a oportunidade de apresentar suas práticas desenvolvidas em suas empresas, que evidenciem as mudanças de comportamento no mundo corporativo. Sendo assim, foi definido para o Prêmio AESabesp 2012 justamente o tema “Minimização de Resíduos”, pelo qual a Associação terá a oportunidade de mostrar ao público as melhores práticas que retratam a questão de sustentabilidade por meio de seus expositores/investidores.
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E dentro desse contexto, a AESabesp exercerá o seu papel no que tange a responsabilidade compartilhada na questão de sustentabilidade em um dos maiores evento da América Latina.
Novidades do XXIII Encontro Técnico e FENASAN em 2012 ■■ As empresas serão analisadas sem a consideração de seu porte econômico, possibilitando que todas as organizações participem do Prêmio AESabesp 2012. ■■ Será dado apoio na orientação técnica, durante toda a fase de elaboração do formulário, a partir da inscrição até a data final de entrega do Formulário preenchido. A equipe de apoio é formada por profissionais com experiência de sucesso em implantação de Normas e Premiações. ■■ Premiação das empresas finalistas para a categoria: Destaque AESabesp – FENASAN, acrescentando pontuação para empresa que apresentar ações sustentáveis no período de agosto/11 a julho/12. ■■ Substituição do nome do critério Atendimento Técnico para Atendimento ao Cliente. ■■ Conceituação dos critérios de Inovação Tecnológica.
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6 a 8 de agosto de 2012 pavilhão branco do expo center norte - são Paulo - SP
Empresas Premiadas nas três últimas edições Edição 2011
A empresa Higra Industrial foi a detentora do Prêmio “Destaque Sustentabilidade”, em 2011, categoria que não será mais específica, porque o conceito sustentável irá prevalecer também nas outras categorias de premiação.
A AESabesp convida todos os expositores a enfrentar mais um desafio e, consequentemente, promover mais um salto no saneamento. A contrapartida a ser alcançada, sem dúvida nenhuma, será a possibilidade de apresentar as melhores práticas para atendimento a cada requisito do prêmio e corroborar para o avanço e disseminação de todos os participantes do evento. Surpreender tem sido a palavra chave a cada ano com a adesão dos expositores/investidores. Portanto, para a edição 2012 do Prêmio AESabesp teremos: ■■ Melhor Estande 3 empresas que adotarem o maior número de ações sustentáveis durante a realização da FENASAN, associado à avaliação que permita evidenciar até que ponto as partes interessadas (sociedade, organizações ambientais, funcionários, organismos governamentais, acionistas e consumidores) estão tendo seus interesses incorporados ao negócio da empresa. ■■ Inovação Tecnológica 3 empresas que apresentarem novas tecnologias. ■■ Atendimento ao Cliente 3 empresas que melhor atenderem os visitantes da feira. ■■ Destaque AESabesp - Fenasan 1 empresa que apresentar os melhores resultados de ações sustentáveis no período de agosto/11 a julho/12. ■■ Destaque AESabesp - Encontro Técnico a Unidade de Negócios da Sabesp que apresentar o maior número de trabalhos técnicos. O sucesso da próxima edição dependerá do grau de criatividade e desafio que cada empresa puder apresentar e com o apoio de todos para fazer a diferença no saneamento.
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■■ Melhor estande: Amanco Brasil, Glass Bombas e Válvulas e Hidrosul Máquinas Hidráulicas. ■■ Inovação tecnológica: Degrèmont Tratamento de Águas, Kanaflex Indústria de Plásticos e Wastec Brasil. ■■ Melhor atendimento técnico: Enops Engenharia, Novus Produtos Eletrônicos e Semco Equipamentos Industriais ■■ Destaque AESabesp Fenasan 2011: B. & F. Dias Indústria e Comércio. ■■ Destaque sustentabilidade: Higra Industrial. ■■ Destaque AESabesp Encontro Técnico: Unidade de Negócio da Regional Metropolitana Leste, da Sabesp
Edição 2010 ■■ Melhor estande: Amanco Brasil, Amitech Brasil, ITT Water ■■ Inovação Tecnológica: Higra Industrial, SaintGobain Canalização, Valloy Válvulas e Acessórios ■■ Atendimento Técnico: Guarujá Equipamentos para Saneamento, Grundfos do Brasil, Tree-Bio Soluções ■■ Destaque AESabesp Fenasan: Ilha Sindesan ■■ Destaque AESabesp Sustentabilidade: B&F Dias Indústria e Comércio ■■ Destaque AESabesp Encontro Técnico: Unidade de Negócio da Regional Metropolitana Norte, da Sabesp
Edição 2009 ■■ Melhor Estande: Bugatti Brasil Válvulas, Glass Ind. Com. Bombas Centrífugas e Equipamentos e Valloy Indústria e Comércio de Válvulas e Assessórios. ■■ Inovação Tecnológica: Amanco Brasil, Centroprojekt do Brasil e Digimed. ■■ Atendimento Técnico: Edra Saneamento Básico Ind. e Com., Emec Brasil Sist. Tratamento de Água e Hidrosul - Máquinas Hidráulicas Hidrosul. ■■ Destaques AESabesp: Higra Industrial, ITT Brasil e Saint-Gobain Canalização. ■■ Destaque voltado ao tema “Sustentabilidade”: Imperveg Poliuretano Vegetal. ■■ Unidade de Negócio Sabesp: Unidade de Negócio de Produção de Água Metropolitana – MA.
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Projetos Socioambientais
CONHEÇA NOSSA CARTEIRA DE PROJETOS Apresentamos o projeto “Sonho de Presente” de autoria do nosso associado Elio Souza da Silva, que visa instruir pais sobre como transformar seus sonhos em expressão de amor, em orientação para valores e em visão de futuro e grandeza para os seus filhos, visando gerar um impacto positivo na formação da personalidade da criança. Mais detalhes sobre o projeto poderão ser obtidos pelo e-mail projetossocioambientais@aesabesp.org.br.
PROJETO “SONHO DE PRESENTE” Com uma linha educacional diferenciada no âmbito da agregação familiar, seu objetivo é preparar os pais, para passar valores construtivos aos seus filhos preparandoos para um futuro de boas e grandes realizações. Desenvolvido por meio de uma oficina, o projeto busca estimular os pais a definir o que eles sonham que os filhos alcancem no futuro por meio da orientação para escreverem estes sonhos. O projeto começou a tomar forma em 2008, quando o gestor do projeto e educador em valores e liderança, Elio Silva, construiu uma espécie de jogo de labirinto em uma instituição de ensino religioso, com o propósito de ensinar crianças a fazer “escolhas inteligentes”. A obediência ou não aos pais era uma das perguntas, cujas respostas indicavam os caminhos a seguirem. Constatou-se, então, que os filhos interessados em conhecer os grandes sonhos que os pais tinham para eles. E esta foi uma das razões apontadas para “a valorização da obediência, quando estruturada com bons propósitos definidos”. Assim, a estratégia prática utilizada visa: ■■ Levar os filhos a conhecer o que os pais sonham para eles; ■■ Orientar pais a registrar os sonhos que podem se tornar uma diretriz para a vida da criança; ■■ Ensinar as crianças a sonhar e fazer projeções para o futuro; ■■ Motivar pais e construir uma nova perspectiva sobre a tarefa de educar filhos; ■■ Melhorar o relacionamento entre pais e filhos; ■■ Transmitir mensagem aos filhos, mesmo que os pais estejam ausentes; ■■ Conscientizar pais sobre a importância de sonhar para inspirar os filhos; ■■ Estimular e ajudar pais a expressar amor e benção aos filhos;
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■■ Motivar pais a investir na educação dos filhos. Além desta metodologia reflexiva e orientação sobre como escrever o “Sonho de presente”, a metodologia do projeto ressalta a importância da entrega e exposição visível do texto, já que estimula os pais a criar os filhos com visão de futuro, além de ser um fator de motivação para a árdua tarefa de educar filhos.
EQUIPE TÉCNICA: Execução: Elio Souza da Silva (responsável e coordenador do projeto) Parceria: AESabesp
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As diretorias de Projetos Socioambientais e Cultural promoverão cursos na Fenasan 2012 Promovido pela Diretoria Cultural da AESabesp, o curso de “Diagnóstico de Perdas de Sistemas de Abastecimento de Água” será ministrado pelo Eng. Mário Augusto Baggio da empresa Hoperações - Consultoria em Gerenciamento Ltda, ocorrerá no dia 06 de agosto no XXIII Encontro Técnico – Fenasan 2012 - Pavilhão Branco do Expocenter Norte. Seu conteúdo é direcionado aos dirigentes, gerentes/ gestores e supervisores de empresas de saneamento e de seus prestadores de serviços e fornecedores. Ao final do curso os participantes serão capazes de diferenciar o método de controle de perdas (doutrina americana) do método de controle das causas das perdas (doutrina japonesa); aprenderão que, enquanto o Controle de Perdas foca o efeito, o Método de Controle das Causas das Perdas, consubstanciado no MASPP I – MÉTODO DE ANÁLISE E SOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE PERDAS D’ ÁGUA I, foca as causas. Aprenderão também a identificar as causas fundamentais que provocam o efeito perdas d’água e elaborar planos de ação com vistas a trazê-las a níveis economicamente viáveis. O valor da inscrição será para Associados - R$ 500,00 e não Associados – R$ 800,00. A mesma poderá ser feita através do e-mail: diretoriacultural@aesabesp.org.br. O curso atualmente, conta com o apoio institucional da ASSEMAE – Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento e da Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de Sapo Paulo.
Promovido pela Diretoria de Projetos Socioambientais, o curso intitulado “Estratégias para o Enfrentamento das Mudanças Climáticas na Gestão dos Recursos Hídricos” ocorrerá nos dias 07 e 08 de agosto no XXIII Encontro Técnico – Fenasan 2012 - Pavilhão Branco do Expocenter Norte. O evento conta com a parceria do CCIAM – Climate Change Impacts Adaptation and Mitigation, Centro de Investigação da Universidade de Lisboa. A realização das aulas contará com a presença de instrutores estrangeiros atuantes junto ao IPCC e de especialistas do IAG/USP. Direcionado aos profissionais Técnicos, Consultores e Gestores da área de saneamento e recursos hídricos, o programa contendo 16 horas abrange conceitos básicos relacionados às alterações climáticas; visa demonstrar as metodologias, casos de estudo e projetos internacionais diversos relacionados com adaptação às alterações climáticas, gestão de recursos hídricos e cheias; como também capacitar o profissional para a participação/ envolvimento com comissões e equipes de trabalho em projetos relacionados com adaptação às alterações climáticas. Confira o programa e inscreva-se. I – Introdução às Alterações Climáticas; II – Cenários Climáticos e Modelação Hidrológica; III – Impactos e Vulnerabilidades; IV – Adaptação. O valor da inscrição será de R$ 995,00, poderá ser feita através do e-mail: projetossocioambientais@aesabesp. org.br. O curso atualmente, conta com o apoio institucional da AESBE – Associação das Empresas de Saneamento Básico Estaduais, ASSEMAE – Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento, PUC- SP - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e a Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo. . Os cursos não tem fins lucrativos e, portanto, seus valores são bastante diferenciados do mercado e o investimento feito para ambos poderão ser pagos em até 2 (duas) parcelas, devendo ser quitadas até julho/2012. Em suas realizações estão incluídos os fornecimentos de material didático, “coffee break” e bolsa personalizada do evento. Para maiores informações acesse o site www.aesabesp.org.br ou ligue para 11-3262-0484 com Alessandra.
Ecoeventus no VIII Torneio Interpolos 2012 A diretoria de Projetos Socioambientais participará do VIII Torneio Interpolos 2012 com a implantação do projeto ecoeventus® por meio da gestora Maria Aparecida Silva de Paula Santos, coordenadora do Polo Costa Carvalho e Centro, e Alessandra Buke (AESabesp), a implantação do projeto visa compensar o impacto causado pela realização do evento para a redução das fevereiro / março / abril | 2012
emissões de Gases de Efeito Estufa – GEEs, com o apoio da Diretoria de Polos e a Diretoria de Esportes, para a sua realização. Baseado em um programa de educação ambiental, o projeto busca a sensibilização e conscientização para a prática de ações sustentáveis na diminuição do consumo de energia e reciclagem de material. Saneas
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SUSTENTABILIDADE
Vania Lúcia Rodrigues é engenheira civil, doutora em Engenharia e atua do Departamento de Gestão de Recursos Hídricos da Sabesp
Dia Mundial da Água Em 22 de março, o “Dia Mundial da Água” completou 20 anos. A data foi escolhida pela ONU (Organização das Nações Unidas) durante a conferência Eco-92, no Rio de Janeiro, para alertar para a escassez de água potável. Muitas ações foram oferecidas ao público pela Sabesp, como a exposição de um “Diamante de Gelo” no Metrô, visitas em suas unidades e diversas palestras, dentre as quais destacamos a da Eng. Vânia Lúcia Rodrigues, sobre “Água e Segurança Alimentar”, tema internacionalmente escolhido para reflexão em 2012
ÁGUA E SEGURANÇA ALIMENTAR Por Vania Lucia Rodrigues
INTRODUÇÃO O Dia Mundial da Água é celebrado anualmente em 22 de Março, como forma de focalizar a atenção sobre a importância da água doce e defender a gestão sustentável dos recursos hídricos do Planeta. Foi recomendado em 1992 na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (RIO-92), e já no ano seguinte, a Assembleia Geral da ONU designou 22 de março de 1993 como o primeiro Dia Mundial da Água. A cada ano, o Dia Mundial da Água destaca um aspecto específico da água doce. Em 2011, o objetivo foi para chamar a atenção internacional para os sistemas urbanos de água, principalmente o impacto da industrialização e o crescimento da população urbana, as incertezas provocadas pelas mudanças climáticas e os conflitos e as catástrofes naturais. Em 2010, a campanha foi dedicada ao tema qualidade da água, focando aumentar a conscientização sobre a manutenção de ecossistemas saudáveis e bem-estar humano e enfrentar os desafios da gestão da qualidade da água. Veja os temas no quadro ao lado. O tema escolhido para 2012 foi ÁGUA E SEGURANÇA ALIMENTAR. Considerando que há 7 bilhões
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ANO
TEMA
2011
Água para cidades
2010
Qualidade da água
2009
Águas compartilhadas (transfronteiriças)
2008
Água e saneamento
2007
Escassez de água
2006
Água e cultura
2005
Água para a vida 2005-2015
2004
Água e desastres
2003
Água para o futuro
2002
Água e desenvolvimento
2001
Água para a saúde
2000
Água para o século XXI
1999
Todos vivem a jusante (sobre inundações)
1998
Água subterrânea – um recurso invisível
1997
O Planeta Água – temos o suficiente?
1996
Água para cidades sedentas
1995
Mulheres e água
1994
Cuidar de nossos recursos hídricos é negócio para todos
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SUSTENTABILIDADE de pessoas no planeta para serem alimentadas e outros 2 bilhões são esperados até 2050, que a agricultura é, sem dúvida, a maior usuária de água potável, e que o Brasil tem uma das maiores disponibilidades hídricas do planeta, tem-se a importância desta discussão nos dias de hoje. Segurança Alimentar consiste nos seguintes aspectos: garantir o acesso continuado para todas as pessoas a quantidades suficientes de alimentos seguros que lhes assegurem uma dieta adequada; atingir e manter o bem-estar de saúde e nutricional de todas as pessoas; promover um processo de desenvolvimento socialmente e ambientalmente sustentável, que contribua para uma melhoria na nutrição e na saúde, eliminando as epidemias e as mortes pela fome. Esse conceito foi elaborado pela Cúpula Mundial de Alimentação, promovida pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) e pela Organização Mundial da Saúde (WHO) e realizada em Roma/Itália, em 1996. Em que pesem as discussões sobre a quantidade de água que consumimos para viver, a pressão da produção de alimentos sobre os recursos hídricos é imensa. Estatísticas dizem que cada um de nós bebe de 2 a 4 litros de água todos os dias, porém a maioria da água que “consumimos” está embutida nos alimentos que comemos e produtos que usamos. Produzir 1 quilo de carne bovina, por exemplo, consome mais de 15.000 litros de água. Os bens industriais utilizados pelo homem resultam de produtos de diferentes naturezas, que, se reduzidos à quantidade de água utilizada na produção, resulta num consumo individual de 430 litros por dia. Compatibilizar a garantia de acesso a alimentos e a pressão sobre os recursos hídricos exigirá esforços em todas as etapas da cadeia de abastecimento, desde os produtores até o pós-consumo, no sentido de gerar ações que resultem em economia de água e assegure comida para todos. Exigirá também esforços no gerenciamento dos recursos hídricos, aí envolvidos os comitês de bacias hidrográficas, os órgãos governamentais e os próprios usuários. O setor de agricultura é o mais diretamente envolvido nesse debate, mas o problema vai bem além dele.
DADOS MUNDIAIS SOBRE A FOME Em 2011, a FAO publicou seu último relatório sobre a fome, revelando que mais de um terço da mortalida-
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de infantil no mundo relaciona-se à nutrição inadequada e que 925 milhões de pessoas são subnutridas - quase um bilhão de pessoas que vivem em estado de fome crônica.
Fonte: Relatório O Estado do Mundo, 2011, Instituto Akatu.
AGROPECUÁRIA NO BRASIL Em termos mundiais, a área alocada à produção agrícola é cerca de 1,532 bilhão de hectares, dos quais 18% (278 milhões de hectares) estão sob cultivo irrigado e respondem por 44% de toda a produção agrícola, enquanto que a agricultura de sequeiro responde pelo restante (Christifidis). No Brasil, a base da produção agropecuária se desenvolve em 220 milhões de hectares de pastagens e 62 milhões de hectares para as principais lavouras cultivadas, segundo dados da Secretaria de Agricultura de Minas Gerais (ver quadro abaixo). A grande maioria das culturas se desenvolve de forma tradicional, isto é, de sequeiro. Atualmente, são utilizados 4,5 milhões de hectares com agricultura irrigada (ANA), representando menos de 10% da área plantada do país. ÁREA
Distribuição
%
(milhões ha)
Floresta Amazônica
350
41,1
Pastagens
220
25,9
Áreas protegidas
55
6,5
Culturas anuais
47
5,5
Culturas permanentes
15
1,8
Cidades, rios, lagos, estradas, etc
20
2,4
6
0,7
Subtotal
Florestas plantadas
713
83,8
Outros usos
37
4,3
Áreas não exploradas (disponível para a agricultura)
101
11,9
Total
851
100,0
Fonte: Minas Gerais, SMA, 2011
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SUSTENTABILIDADE A relação entre área plantada e produção agrícola é um indicador da eficiência do processo produtivo. Observando dados brasileiros, tanto do setor de produção de grãos quanto da pecuária, depreende-se que a produtividade agrícola das últimas décadas é crescente, mas que o motivo principal desse crescimento não é a expansão da área cultivada, significando, portanto, melhoria de outros fatores intervenientes no processo, irrigação entre eles. Em se tratando de cultivo de grãos, a área plantada é da ordem de 50 milhões de hectares e essa área não cresceu significativamente nos últimos anos. Em 1990, o Brasil produziu 57,8 milhões de toneladas de grãos numa área cultivada de 37,9 milhões de hectares. Em 2010, a produção foi de 162,9 milhões de toneladas de grãos numa área de 49,9 milhões de hectares, ou seja, a produtividade por hectare mais que dobrou em 10 anos como pode ser visto na tabela abaixo, resultante de dados da Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB. área x 1000ha
Produção x 1000 ton
1976/77
37.318,9
46.943,1
1.258
1980/81
40.384,0
52.212,2
1,293
Safra
Produtividade kg/ha
1990/91
37.893,7
57.899,6
1,528
2000/01
37.847,3
100.266,9
2,649
2010/11
49.919,0
162.957,9
3,264
Fonte: http://www.conab.gov.br. Acesso em 27/01/12.
Segundo o Coordenador-geral de Planejamento Estratégico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, José Garcia Gasques, o aumento da produtividade é gerado principalmente pela adoção de tecnologias, pelo melhoramento do processo de gestão e pela qualificação do agricultor (Agência Brasil). A pecuária brasileira também exibe ganhos de produtividade no mesmo período. Em 1970, a produção brasileira de carne bovina era de 20 quilos por hectare ao ano e a boiada ficava no pasto até seis anos para atingir o peso de abate; em 2000, a produtividade subiu para 34 quilos por hectare e o tempo no pasto passou para 24 meses ou menos. Alguns dados da produção pecuária do país podem ser vistos na tabela abaixo, gerada com dados do IBGE relativos ao Censo Demográfico de 2009. A cada ano, a participação brasileira no comércio internacional cresce significativamente em relação à média mundial, com destaque para a produção de carne bovina, suína e de frango. Segundo o Ministério da Agricultura, até 2020, a expectativa é que a produção nacional de
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Produção pecuária – Brasil 2009 Leite
29,1 bilhões de litros de leite
Produção de carne bovina
6,6 milhões de toneladas
Produção de carne suína
3,2 milhões de toneladas
Produção de ovos
2,4 bilhões de dúzias
Produção de frangos
4,8 bilhões de unidades
Rebanho bovino
205,3 milhões de cabeças
Rebanho bovino para abate Rebanho suíno
28,1 milhões 38 milhões de cabeças
Rebanho suíno para abate
30,9 milhões de cabeças
Fonte: IBGE, censo 2009, citado por Minas Gerais.
carne bovina suprirá 44,5% do mercado mundial, a carne de frango terá 48,1% das exportações mundiais e a participação da carne suína será de 14,2% (http://www. agricultura.gov.br/animal/exportacao). Para os próximos 40 anos, as projeções indicam que o Brasil deve aumentar sua produção atual de grãos em 88% e a de carnes em 98%. A colheita de grãos, estimada em 159 milhões de toneladas para a safra 2011/2012, deve chegar a 299,5 milhões de toneladas em 2050. A produção de carnes, que em 2011 totalizou 26,5 milhões de toneladas, será de 52,6 milhões de toneladas, de acordo com a previsão (Agência Brasil). Em se tratando dos resultados da balança comercial, os números são muito positivos e dignos de louvor. Entretanto, não se pode esquecer a água virtual que esta embutida em cada quilo de produto exportado. A soja e os cereais lideram a exportação de água virtual, mas a carne e o café também contribuem de forma significativa (rodrigues, 2005)
Figura elaborada a partir de informações de “The green, blue and grey water footprint of crops and derived crop products”
ÁGUA E AGRICULTURA Estudos da Agência Nacional de Águas – ANA, em 2011, sobre a situação dos recursos hídricos do país mostram que a irrigação é responsável por 47% da retirada total de água dos corpos hídricos do país,
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SUSTENTABILIDADE caracterizando o uso mais consuntivo, seguida pelo abastecimento urbano de água, que faz 26% da retirada total. A área irrigada atual, por região hidrográfica, está apresentada na figura abaixo. Ao todo, somam 4,5 milhões de hectares de terras irrigadas, com potencial para expansão, mas o país tem possibilidades de expandir essa área em até seis vezes.
tendendo ao consumo de alimentos mais complexos e industrializados, como ilustrado na figura abaixo. Quanto mais a dieta se distanciar dos produtos de base, mais água será necessária para a sua produção.
Fonte: Rabobank, 2005, citado por Roppa Fonte: Conjuntura dos recursos hídricos - ANA
Buscando identificar o potencial de agricultura irrigável do Brasil, a ANA realizou estudo considerando as exigências legislação ambiental e do código florestal. Segundo este estudo existe cerca de 110 milhões de hectares de solos aptos para a expansão agrícola, sendo 29,6 milhões de hectares aptos para agricultura irrigada, dos quais 2/3 concentram-se nas regiões norte e centro oeste (Cristofidis). Os dados anteriores mostram que o Brasil pode expandir sua fronteira agrícola e tornar-se o “celeiro do mundo”. O país tem ainda 80 milhões de hectares para expansão da agricultura de sequeiro e 30 milhões de hectares para expansão da agricultura irrigada. Para manter sua posição de grande fornecedor de grãos e carnes para o planeta, não pode prescindir de água e solo em quantidade e qualidade adequadas. Portanto, a preservação e o bom manejo dos recursos naturais é tarefa primordial para a segurança alimentar da população.
ÁGUA E SEGURANÇA ALIMENTAR A discussão das políticas públicas de segurança alimentar e de recursos hídricos compreende alguns pontos que extrapolam as relações diretas entre produção de alimentos e consumo de água. Um fator considerável para a segurança alimentar diz respeito ao efeito do poder aquisitivo sobre os hábitos alimentares da população humana. É sabido que, com o aumento da renda, a composição da dieta varia,
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Hoje, um terço dos solos agrícolas são usados na produção de alimentos consumidos diretamente pelos homens e dois terços são usados na produção de ração animal, que posteriormente constituirão a dieta humana. Num cenário de expansão da pecuária decorrente de aumento de renda e de crescimento da população, é de se esperar que a relação entre consumo de água para alimentação, por habitante, seja alterada em maior proporção. Olivier De Schutter, Relator Especial das Nações Unidas para o Direito à Alimentação, afirmou que acabar com a fome não depende exclusivamente da capacidade mundial de produzir comida suficiente. Para muitas comunidades, as soluções se encontram em fazer melhor uso da comida produzida. Estudos sugerem que a melhor forma de assegurar que todos tenham comida suficiente é mudar o tipo de comida produzida e melhorar sua distribuição: menor produção de carne, uso de métodos agrícolas mais sustentáveis e maior produção de alimentos locais e regionais. Deve ser lembrado ainda o desperdício na cadeia produtiva dos alimentos, pois junto com eles, a água usada para produzí-los fica perdida. Finalmente, cabe ressaltar o que diz respeito ao gerenciamento da água. Conforme preconizado na Política Nacional de Recursos Hídricos, o planejamento e a gestão por bacias hidrográficas são considerados como boas práticas no mundo inteiro, pois nelas o sistema socioeconômico se integra ao sistema natural. Desenvolvimento urbano e rural, ocupação do solo, energia, agricultura, piscicultura, represas, etc, são temas que
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SUSTENTABILIDADE tem de ser discutidos no recorte territorial da bacia hidrográfica, permitindo a hierarquização de prioridades, com avaliação da relação entre disponibilidade e demanda regionais para uso da água. Uma vez que a irrigação é o uso mais expressivo em termos de retirada de água da bacia, a alocação da água para a produção agrícola tem que ser discutida por todos os usuários envolvidos na mesma bacia, cabendo ao comitê da bacia hidrográfica identificar os usos preponderantes e definir aqueles considerados insignificantes em termos de retirada de água. O planejamento em nível de microbacias é mais apropriado para avaliação e controle das interferências das atividades agropecuárias no meio ambiente, sendo o primeiro passo para projetos de conservação do solo e da água. Segundo Robert Watson, diretor da Avaliação Internacional do Conhecimento, Ciência e Tecnologia Agrícolas para o Desenvolvimento, a agricultura “pode fazer mais do que apenas focar na produção. Pode ajudar a fornecer água limpa e a proteger a biodiversidade, e deve ser administrada de forma a manejar nosso solo de maneira sustentável” (Instituto Akatu). Tamanha importância já está retratada nos programas de pagamento por serviços ambientais. Estes consistem, em linhas gerais, na retribuição, em dinheiro, pela conservação de matas ciliares nas propriedades rurais. É preciso amadurecer e expandir esses programas, garantindo a sua sustentabilidade financeira por longo prazo. Nesse ponto torna-se relevante a instituição de câmaras técnicas rurais nos comitês de bacias hidrográficas, para que essas questões possam ser abordadas com maior ênfase, discutidas e ponderadas por representantes dos diversos setores produtivos relacionados ao uso da água, em ambiente de gerenciamento de recursos hídricos. Lidar com o crescimento da população, garantir o acesso a alimentos para todos e acabar com essa vergonhosa estatística de um bilhão de pessoas passando fome, requer mais que a gestão da alocação dos fluxos e da qualidade dos recursos hídricos. Preservação e restauração de bacias hidrográficas, conservação da biodiversidade e desenvolvimento do mercado agrícola sustentável são fundamentais para a construção de politicas públicas de segurança alimentar e de recursos hídricos complementares e tolerantes.
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fevereiro / março / abril | 2012
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06 a 08 de agosto de 2012 pavilhão Branco do expo center norte . são paulo . sp
tema central:
como prover o saneamento para todos?
s e t n e l e Exc
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deres presas lí iços m e 0 9 1 v e , mais d tos e ser Em 2011 puseram produ ex do setor 80% da onta com alização c já 2 re 201 Fenasan da a 5 meses da a p u c para pa área o pada u c rticipa o a e r da á r da fe e 250% d o ã ç a nasan ições Ampli d e s a 2012! últim , is a n io nas três s profis il m 5 1 mais de sença de é de 18.000 e r p , 1 1 Em 20 ra 2012 ento, ativa pa e saneam d s ia h a expect n a 00 comp adas tes de 2 n rias priv a á t n n e io s s s e r e c p e n r o de ec Presença tais, municipais a ócios, t s e e agroneg dentr l, ia r t s u d o setor in s tantes d o n d e li s ealizada ó e s r s p re íduo empre r s s e , r e t e n E ainda, ia ie eio amb de energ sp geração ento e m heiros da Sabe m a e n a s n e e g d n r E o t s , al do se iação do udantes tradicion nos pela Assoc is a m rios, est a á a s e 3 r Feir 2 p á m e Paulo, h écnicos, em São ionais, t ados do setor s is f o r p amarca, or riv rmado p os públicos e p hina, Din o C f , , e o il d h a C ã qualific entina, s de órg Público nha, Arg tre outros uisadore a q m s e le p A e : n e rtugal e cando-s gestores Itália, Po te, desta n l, a e t a s r n Is o , da do, al c e equipa ernacion Finlândia, Holan t t n in e o lm ã ç a t Participa stados Unidos, rno e to E es mode , õ enter a iç c h s n g o a p in p x Es de e hopp s o r e t o n e iv c t , u er Norte com hotel exec a Feira: r po Cent a x a it E d is o in v n a a a a t ar Realizad que con ratuito p g mplexo o o c t n m u e em ciam
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