Portfólio redação

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Felipe Campos Portf贸lio



“Uma boa imagem pode ser excitante, mas nem sempre é auto-explicável” João Anzanello Carrascoza



Sumário

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Resenhas

Grance and Frankie A máquina: o amor é o combustível


Grance and Frankie O Netflix está se consolidando não somente como mais um serviço de streaming de vídeos na internet, mas também como uma nova maneira de consumir entretenimento pela web. Além do seu catálogo que se renova constantemente com entrada e saída de títulos dos mais variados gêneros, é indiscutível a qualidade das produções exclusivas do serviço. Orange is the new black, House of cards, Arrested development, From dusk till dawn – The series, Marco Polo, Bojack Horseman, Demolidor são algumas das produções originais do Netflix que já acumulam prêmios e são aclamados pela crítica como Orange is the New Black e House of Cards, vencedores de prêmios Emmy e séries, que juntas acumulam esse ano (2015) mais de 30 indicações ao prêmio. Esses dados só corroboram para comprovar a qualidade das produ-

ções do serviço. Esse ano outra produção original entrou no catálogo: Grace and Frankie. Interpretados por Jane Fonda e Lily Tomlin a série mistura drama e comédia. Não arranca risos, mas prende por uma história divertida e protagonistas incomuns em um mercado cinematográfico repleto de corpos e rostos “perfeitos”. Grace e Frankie se odeiam e só se aturam pois seus maridos, Robert e Sol respectivamente, são parceiros em uma empresa de advocacia a mais de 40 anos. A série começa em um restaurante de luxo onde. durante um jantar, Robert e Sol revelam as suas esposas que vão deixá-las e que ambos se amam e mantém um caso a mais de 20 anos. Assim, começa a história dessas duas senhoras com personalidades que não poderiam ser mais diferentes. Grace com sua elegância, maquiagem e sapatos Prada e Frankie com seus colares de


bambu, vestidos longos e coloridos. A história vai mostrar em seus 12 episódios como essa notícia afeta amigos, filhos e principalmente Grace e Frankie, que se veem perdidas e de coração partido (cada uma lidando a sua maneira) e com novas e assustadoras possibilidades a serem descobertas na terceira idade. A interação entre as personagens é, sem dúvida, as cenas que mais rendem risos. Uma batalha hilariante de personalidades. Dramas paralelos acabam enriquecendo ainda mais a história. Apesar de serem abandonadas por seus maridos e traídas, Robert e Sol vão enfrentar o mundo de quem “sai do armário” aos 70 anos e encara novos olhares e atitudes. Os filhos acabam entrando na bagunça e sendo arrastados por situações constrangedoras e engraçadas

enquanto tentam enfrentar seus próprios problemas. A série é cômica na medida certa e não cria estereótipos, algo comum em séries de comédia, o que acaba dando mais veracidade à estória e a criação de empatia por seus personagens. Grace and Frankie mostra que bons atores e um bom roteiro são o bastante pra uma série ir bem. Nada de corpos malhados ou sexualidade gratuita. Nada de efeitos especiais. Nada além do que se pode ver em notícias do cotidiano. O Netflix já confirmou mais uma temporada pra contar um pouco mais da história dessas senhoras que mostram que a vida pode recomeçar de qualquer ponto, mesmo que esse ponto seja quase o final.


A máquina: o amor é o combustível Árido, seco e banhado por uma constante luminosidade alaranjada, vibrante, típica do nordeste brasileiro, onde o calor, muitas vezes escaldante, é característica principal do clima e é assim que nos é apresentado o filme e o lugar que é palco da trama principal. Praticamente não chove, e quando isso acontece, é dito milagre, coisa inédita, divina, de tão rara que acontece, de tão rara de ser presenciada, de ser vivida. É tudo muito caricato, e essa intenção é nítida, criar uma hipérbole de acontecimentos, imagens e emoções. O nome já diz por si só o que a cidade representa. Nordestina, cidade pequena em que todo mundo se conhece, onde se pode passear de leste a oeste em poucos minutos. Lugar que, de tão pequeno, nem no mapa está, com poucas coisas para fazer e pouco pelo que ficar. Nordestina, pode ser qualquer

cidade de interior. Pobre, simples, e recheada de pessoas tão simples quanto suas ruas de piçarra. Pode ser a cidade em que seus avós cresceram, onde seus pais moraram e se conheceram. É qualquer cidade do nordeste, católica, com famílias formadas por muitos filhos e poucos recursos financeiros. Um lugar onde imagens santas se espalham em todas as casas e que as festividades, religiosas ou não, são grandes acontecimentos que mobilizam todos os habitantes. Sempre um lugar de fé, cheio de contra tempos e impossibilidades. Rico, não de dinheiro, mas de gente, de sonhos e anseios. Qualquer pessoa em situação crítica, seja no que diz respeito a infraestrutura, economia, saúde e tantas outras mazelas existentes, sonha com um futuro melhor, tem esperança, fé. Esses anseios foram e são vividos por inúmeras pessoas


em diversas cidades. Não cansamos de ler que durante a história do Brasil houve momentos de grandes êxodos rurais, que acabaram por saturar as grandes capitais de desempregados, favelas e moradores de rua. O filme retrata esse sonho dentro da personagem vivida por Mariana Ximenes (Karina), que sonha com um mundo fora daquela cidadezinha e com todas as possibilidades que ele tem a oferecer. Mundo esse trazido a ela principalmente pela televisão. Novelas e filmes retratando cidades modernas com pessoas sempre bem apessoadas e empregos importantes. Um lugar com oportunidades que, na cabeça de Karina, não podem acontecer em uma cidade que nem no mapa aparece. Em contraponto as ideias revolucionárias de Karina, temos o protagonista Antônio, intrinsecamente ligado à cidadezinha que Karina

tanto despreza. Sem grandes ambições, vendo todos os irmãos partirem, e ele, sem intenção alguma de deixar sua terra. São evidentes os devaneios de um mundo quase mágico que a Tv leva, até hoje, aos telespectadores. Maquia, cria estereótipos que “precisam” ser alcançados por todos, padrões ditos como corretos e sinônimos de felicidade. Karina é o exemplo clássico desse povo que se deslumbra com as oportunidades das grandes cidades. Isso não ter haver com falta de inteligência, mas com diversos fatores que contribuem para esse sentimento de que “falta algo” e que só a cidade grande pode prover. Na cidade não existe pobreza, nem pessoas desinteressantes, tudo é cheio de cor e é bonito, existem shoppings e coisas que só se compram na cidade. Esse país das maravilhas cria várias “Alices” que vão em busca

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desse mundo que não existe. O mundo real, que a Tv não mostra, não interessa, não vende nada, nem produto, nem ideia. Planta sementes que não geram frutos.



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