Bíblia de série - ENTROPIA

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Cleiton_ Especificações Físicas: Altura: 1m73 Porte Físico: Endomorfo (Médio) Idade: 23 anos Cabelo: Lisos, Castanho (Claros), bagunçados Olhos: Pretos Pele: Morena / Oliva Personalidade: Cleiton é uma pessoa tranquila e calma, geralmente silencioso, se perde facilmente em pensamentos quando não está engajado com alguma atividade que envolva algum fator externo. Leal e tolerante, costuma se apegar demais às pessoas e coisas ao seu redor. Neste sentido, é normal se sentir traído de alguma forma, mas tem o talento de ser um ótimo mentiroso, esconde habilmente tudo o que sente, até que todas as suas frustrações sejam dissolvidas pelo tempo. Não lida bem com mudanças. Criou um agarramento à vida que se propiciou de que, quando criança, trocava de estilo de vida e escola e deixava amigos constantemente para trás por que seus pais estavam constantemente de mudança por serem arqueólogos e terem que viajar o mundo com seu único filho, e seus dois cachorros. Quando seus pais finalmente se acertaram em Tornados, quando tinha 19 anos, criou um sentimento de necessidade de ”fincar-se à uma base sólida”. Cleiton tem a qualidade de mudar completamente de personalidade quando está de mau humor. Quando explode, explode agressivamente e geralmente cospe toda a raiva em alguma pessoa. Quando está nervoso, age impulsivamente e toda a sua sensibilidade se transforma em uma necessidade impulsiva de afetar negativamente alguma coisa. Isso e a indecisão crônica da qual sofre todos os dias em qualquer momento são os seus piores defeitos. Cleiton tenta esconder, mas não sabe o que fazer do futuro. Tende a se cobrar demasiadamente por cometer qualquer erro, tanto que quase sempre isso vira um fardo que o esmaga, e consequentemente, o inutiliza. Cleiton tem problemas de ansiedade, controlada por meio de remédios que usa desde seus tempos da escola. Mas, a não ser sob algum tipo imenso de estresse tem bastante crises emocionais.



Louise_ Especificações Físicas: Altura: 1m60 Porte Físico: Endomorfo (Médio) Idade: 19 anos Cabelo: Lisos, borgonha Olhos: Azul Claro Pele : Parda Personalidade: Louise é a mais nova do grupo. Meia irmã de Jorge por parte de pai, ela, ao contrário dos outros meninos, nasceu e cresceu em Tornados, sua família anterior sendo completamente nativos das terras. Agora que mora na mesma casa que Jorge, considera-se a líder e guia do trio, apesar de seu irmão insistir que o grupo é liderado por todos, talvez essa fome de liderança venha da época do ensino médio em que foi eleita pelos três anos consecutivos a representante oficial de turma. Sim, ela é tão carismática quanto popular. Mas não é isso que a torna uma figura tão resoluta. Ela tem a boa vontade de olhar para os outros, uma necessidade que desde cedo, desde a época de quando seu pai de estar ali para as outras pessoas, ela faz o possível para cuidar do próximo, e às vezes ela só pensa que sabe o que é melhor para o outro. Só pensa, e conclui sem levar em consideração que ela pode ser a cabeça mais dura em um raio de quilômetros em qualquer lugar em que pisar. Ela responde intensamente aos estímulos externos e internos pois é autêntica, e não consegue ficar calada ou parada em situação nenhuma. Apenas precisa de uma faísca para virar uma chama. E se vira uma chama, torna-se em pouco tempo um incêndio florestal. E se essas labaredas se apagarem, aí você está com problemas. O silêncio é pior. O silêncio não é o silêncio do remanso ou da reflexão, é o silêncio da censura, o silêncio de todos, o imperdoável.



Jorge_ Especificações Físicas: Altura: 1m85 Porte Físico: Ectomorfo (Magro) Idade: 22 anos Cabelo: Ondulado, Azul Claro Olhos: Verde escuro Pele : Branca Personalidade Jorge tem aquela energia elétrica que muitas crianças aparentam ter mas desaparece depois de alguma certa idade passando pelo corpo. Ele é inquieto, energético, seus braços estão sempre em posições excêntricas e suas mãos estão viradas para lados incomuns. Não que isso chame atenção. Mas se você andar com ele por algum tempo vai perceber que todo o seu corpo não pára quieto por um minuto, a não ser sua contemplação do mundo exterior . Seus olhos são sempre tão abertos e focados que parece que ele simplesmente está ou não está prestando atenção em qualquer coisa, nunca no meio termo, dando a impressão que ele vai captar a mensagem exposta corretamente na íntegra e profundamente ou não vai captar nada. Além disso, é espirituoso e simpático, apresenta estar sempre de bom humor e chega a ser um pouco extravagante, e se apega facilmente as pessoas, é positivo até chegar a um ponto em que essa positividade cruza a linha tênue da ingenuidade. Todos esses traços de sua personalidade são marcados por uma empolgação explícita, um teor de despreocupação e uma dose de desapego.



Karina_ Especificações Físicas: Altura: 1m76 Porte Físico: Ectomorfo (Magro) Idade: 25 anos Cabelo: Liso, Louro Claro Olhos: Azuis Pele : Branca Personalidade Karina, assim como Cleiton, é uma pessoa calma e tranquila, mas ao contrário dele, podemos dizer que a sua tranquilidade vem de uma concentração silenciosa, fria e ávida por detalhes dos seus arredores, não por ser uma pessoa que julgue as coisas pela aparência, mas para manter um mapa mental de informações que precise caso seja necessário por exemplos em subornos e chantagens. Seu caminhar reflete um senso artificial de superioridade, com o queixo empinado e joelhos muito elevados, mas ela usa esse artifício só para mascarar que sente uma certa falta de importância. Sua voz, um tom baixo e grave, emite um pequeno ar de desdém, mas ela geralmente desafina quando alguma coisa a surpreende, emitindo um grunhido agudo e parcialmente cômico. Apesar de tudo isso, não demonstra seu lado intelectual, sabe um pouco de cada área de estudo que existe, mas prefere esconder. Acredita que quanto menos expor de si mesma melhor, por isso tem poucos amigos. Karina foi criada por pais separados, até os dezesseis anos por sua mãe, portadora de Transtorno de Personalidade Narcisista, até que, cansada da negligência e inferioridade com que sua era tratada, foi morar com seu pai, que morreu quando ela tinha 21. Karina é uma pessoa sensível, facilmente irritável, tem pavio curto, mas quando chega

a se enraivecer de verdade tende a sentir um nó terrível na garganta e começa a chorar. Karina também deposita toda sua importância em aspectos externos, seja na área que esteja estudando, seja nas pessoas que vê como importante para ela, tudo o que sente sobre si mesma é, para ela, o reflexo de como ela sente que está sendo útil para quem importa. Ela fica obcecada em ser a melhor em tudo. Em todos os cursos e na escola, fazia sacrifícios enormes como se desprivar do sono e de comida e passar horas a fio estudando para ser sempre a melhor da classe, sua relação mais conturbada com alguém, até agora, é com seu namorado, que conheceu um ano após

















INT. SALA - CASA DE CLEITON - NOITE

A cena troca mais uma vez. É o eclipse.

[U+FFFD]ma hora avançada da noite. O ambiente está escuro, tudo está pela falta de luz. A única fonte de iluminação vem de uma tela acesa, uma TELEVISÃO. Em uma sala.

Ele ainda se move.

Na tela, um APRESENTADOR fala sobre o eclipse que virá à acontecer na tarde deste dia. APRESENTADOR (...)O último eclipse solar total sobre o continente neste século. A lua está se movendo entre o sol e a Terra em uma curta linha da América do Norte. Há uma cor alaranjada no horizonte(...) CLEITON, sentado no SOFÁ, tem o olhar fixo, mas este ultrapassa tudo o que ele vê ali, ele está vagando em pensamentos turbulentos, seus olhos, arregalados, quase não piscam. Suas pernas estão recolhidas junto ao seu corpo. Não é só uma inquietação que ele sente, é medo. A televisão pára. Tudo fica escuro. A imagem fantasmagórica de um ECLIPSE alaranjado esmaece aos poucos. O sol e a lua, representados pelas formas e pela luz, se movem ligeiramente. A imagem corta, Cleiton ainda está em cena, a televisão ainda produz som. Uma FREQUÊNCIA DE SOM BRANCO E PURO está soando de algum lugar da casa. Cleiton ainda está encolhido, sem mover um músculo. A frequência se eleva um pouco. Agora com algumas diferenciações em sua composição, parece uma música étérea e sombria.

Lentamente. A cena desaparece, mas dessa vez, a sala dá lugar à escuridão, e apenas Cleiton é visível. A sala esmaece de volta ao normal. Na televisão, uma cena do eclipse exatamente igual aos das visões de Cleiton aparece na tela. Cleiton pisca.

APRESENTADOR (...)e que a sombra da lua caia sobre um mundo em paz.

Cleiton vira a cabeça, alarmado. No corredor, uma ofuscante luz laranja é projetada de uma forma que sua fonte fica fora do alcance da visão da perspectiva em que ele está. Ele começa a se mover lentamente. Escuridão. assim?

JORGE Como

CLEITON Eu não sei te explicar. LIMBO Cleiton aparece de pé na mesma escuridão em que só ele é visível de uma das cenas anteriores. Ele caminha com um celular na mão. Ele não o usa, apenas o segura com a mão direita. Sua tela está ligada, mas Cleiton não dá atenção, ele caminha, e pelo que parece, em câmera lenta.


A tela do celular desliga. Ele anda. A música fantasmagórica agora é o único som presente. A tela do celular acende, também em câmera lenta. Cleiton não dá atenção. CLEITON É como um barulho muito alto que não tem som. A tela do celular desliga outra vez. Barulho de ondas quebrando. CLEITON (cont’d) É isso. INT. COZINHA - CASA DE JORGE E LOUISE - NOITE JORGE está sentado em um BANCO em frente à MESA DA COZINHA de sua casa. À sua frente, uma XÍCARA pela metade esfria, há também LIVROS, um LAPTOP fechado, CADERNOS e MATERIAL DE ESCRITA. Jorge está com um CELULAR em mãos, respondendo mensagens. Sua expressão é neutra. Ele tecla algumas palavras no celular. JORGE Você sente alguma coisa? (Só para deixar claro, nesta produção, as mensagens de texto são representadas por vozes.) A mensagem de volta é quase que imediata. CLEITON Uma coisa muito muito forte.

Percy olha para o celular, preocupado. Ele escreve. JORGE Como assim muito forte? É algo físico? Um mal estar? Você realmente está bem? CLEITON Eu escuto o mar, as ondas escuras batendo, simplesmente existindo. Eu escuto um silêncio audível. JORGE Um silêncio audível?? Não há resposta de volta. Jorge coloca o celular na mesa e toma o conteúdo de sua xícara silenciosamente. Ele checa o celular outra vez, impaciente, preocupado. Ele levanta da mesa, joga o resto do líquido na pia, coloca o celular no bolso e sai da cozinha. INT.SALA - CASA DE JORGE E LOUISE. NOITE Jorge entra na sala. Ele olha pela JANELA,os prédios. Ele olha especificamente para um exatamente à frente da sua linha de visão. É o apartamente de Cleiton, ele vê pela janela do mesmo que há uma luz fraca, que provavelmente vem da televisão da sala. Mas não há sinal de onde Cleiton esteja. Ele pega seu CELULAR do bolso. Não há mensagens novas. Ele escreve uma. JORGE Responde. A “luz” do apartamento continua acesa. Mas Jorge pisca, incrédulo algumas vezes, ele acaba perceben-


do que não é somente a janela do apartamento de Cleiton que está acesa, mas, assim como elá é uma das mais fracas comparada com a de todos as outras janelas, que também estão acesas, apesar da hora. É como se todas as outras pessoas também se encontram despertas. Jorge olha ao redor, somente algumas luzes estão apagadas, mas há pelo menos uma luz em uma janela de todos os apartamentos, seja essa luz algo fraco, como se a fonte seja de algum aparelho ligado, ou uma luz normal. Jorge fecha as cortinas. INT. CORREDOR - NOITE JORGE anda pelo corredor. Ele segura o celular com sua mão direita. Ele pára em frente à uma das portas, e a abre um pouco, lentamente. JORGE Louise? O quarto está escuro, não há sinal de movimentação. Jorge abre totalmente a porta agora, com cautela. INT. QUARTO DE LOUISE - NOITE O quarto está escuro, apenas uma JANELA aberta é visível. A janela mostra a LUA, os PRÉDIOS E AS LUZES acesas. JORGE pesquisa visualmente o quarto pelo portal, sem realmente entrar, quando de repente, uma RESPIRAÇÃO ALTA E OFEGANTE quebra o silêncio. Jorge se espanta, agarra com mais força ainda seu celular, com a mão e o corpo congelado no mesmo lugar por um instante,

mas se recompõe e adentra rapidamente o local. Ele tateia o escuro, procurando a fonte da respiração sufocada. JORGE Louise!!! Ele arranca os cobertores da cama, ainda na escuridão, e agarra os ombros de LOUISE, que ainda está se afogando. Ele tenta acordá-la, a balançando pra frente e pra trás, chamando seu nome no processo. Louise!!!

JORGE (cont’d) Louise!!!

Mas ela não acorda. Enquanto ele a sacode, a tela do celular em uma de suas mãos acende. É uma mensagem, mas a luz que sai do dispositivo revela que Louise está com os olhos completamente abertos, arregalados até. Jorge vê a cena e leva um susto pior ainda. Ele se joga involuntariamente para trás e acaba tropeçando nas próprias pernas, caindo de costas no chão. Ele se contorce de dor, sem conseguir respirar. Louise continua deitada e ofegante. A cena prolonga-se por alguns segundos, até Louise inspirar violentamente e se sentar na cama, ainda ofegante. Jorge continua no chão. Os dois respiram audivelmente. LOUISE Jorge? JORGE Louise? LOUISE Você


tá bem?

JORGE Eu que te pergunto. INT.SALA - CASA DE JORGE E LOUISE. NOITE JORGE e LOUISE estão encostados na janela da sala, olhando literalmente as luzes da cidade. Nenhum dos dois está trocando contato visual. Cada um deles estão perdidos nos próprios pensamentos, marcas da respiração dos dois aparecem no vidro. LOUISE Eu não sei, eu nunca senti nada assim. Foi terrível, igual estar morta e não conseguir se mexer. Consegue imaginar isso? Com um peso descomunal no peito ainda. Sufocando. Morrendo lentamente. E eu via tudo ao meu redor. JORGE Isso se chama paralisia do sono. Eu tinha isso direto naquelas épocas lá atrás quando a gente ainda estudava na mesma escola. LOUISE Sim, eu sei como isso se chama, mas foi muito diferente. JORGE Como foi diferente se você se sentiu paralisada... LOUISE Não é que não tenha sido exatamente uma paralisia do sono. Mas teve um fator a mais.

Jorge fita Louise em silêncio agora enquanto ela fala. LOUISE (cont’d) Eu sendo sufocada, não só por umestava peso no meuabsurdamente peito, mas também tinha uma coisa (MORE) LOUISE (cont’d) pesada também... Era um barulho... Parecia um agouro. JORGE Um barulho? Um barulho como? LOUISE Eu não tenho como descrever, na verdade. Louise olha de volta para Jorge. LOUISE Imagina um barulho que é produzido pelo nada, um som que é completamente anormal e inexplicável para ouvidos humanos, uma coisa bem Lovecraftiana. Ela estala os dedos e aponta para Jorge. LOUISE O rugido de um dos “grandes antigos”. Ela articula os ombros e levanta as mãos, sorrindo. Jorge sorri e vira a cabeça, lentamente, para o vidro, rompendo contato visual. Louise faz o mesmo. Seu sorriso congela por um momento. JORGE Um silêncio audível? Louise sorri, surpresa. LOUISE


Exatamente! Jorge continua sério. Louise, sem entender, ergue as sobrancelhas. INT. GARAGEM - NOITE LOUISE anda apressada até o CARRO, um fiat 147 amarelo, desgastado com o tempo e com alguns arranhões na lateral. JORGE a segue, logo atrás. Ela se posiciona ao lado da porta do carona, Jorge destranca o carro com a chave na porta do motorista. Os dois entram. LOUISE (V.O) Como você deixa o seu melhor amigo ficar em casa sozinho, sofrendo, tendo alucinações, enquanto você fica acordado tomando litros e mais litros de chá preto sem nenhuma preocupação? JORGE (V.O) Louise eu estava falando com ele até você ter o seu ataque!!! LOUISE (V.O) Isso não ajuda a situação em nada!!! JORGE (V.O) Ele avisou que estava tudo bem!!! INT. CARRO - NOITE JORGE e LOUISE se deslocam de carro, em silêncio, pela noite. Louise está claramente irritada. Jorge aparenta estar neutro. JORGE Vem cá, você não acha estranho você e o Cleiton terem sentido exatamente a mesma coisa praticamente ao mesmo

tempo? Silêncio. JORGE (cont’d) Ou que aparentemente, apesar do horário, praticamente todas as luzes da cidade estão acesas? LOUISE O que eu realmente acho estranho é que a gente tenha saído da mesma mãe. Os dois ficam em silêncio por um momento. Mas Jorge acaba soltando uma risada, ele tenta esconder outra vez, mas aparentemente falhando ele continua a rir, Louise também não consegue se levar à sério e expõe um sorriso, que acaba se transformando em uma risada. Logo, os dois estão rindo juntos, dentro do carro. A tensão entre os dois se extingue exponencialmente. JORGE Oquê??? não sei.

LOUISE Eu

Ambos continuam a rir até a graça gradualmente desapareçer. Louise olha para a janela, árvores passam lá fora na neblina. EXT. RUA - NOITE LOUISE e JORGE estacionam o CARRO logo em frente à portaria do prédio de Cleiton. JORGE Manda uma mensagem pra ele. Jorge passa seu celular para Louise enquanto abre a porta. Ele sai do carro. LOUISE


E você vai aonde?

bem?

Jorge coloca cruza os braços e se dobra sobre si, um vento forte o despenteia enquanto ele anda até o interfone nas grades escuras de ferro.

JORGE Ele disse que está tendo alucinações ou coisa do tipo...

Ele aponta para o interfone. Louise acena com a cabeça e se vira para a tela do celular.

SEU JOÃO Ai que horror! Que horror! JORGE

Jorge tecla os números 5-0-1 do discador, o interfone dá linha.

Mas ele disse que já está bem!

Com um estalo, os portões são destrancados, Jorge olha para dentro da portaria.

O interfone pára de tocar.

Um pouco mais longe, depois da entrada do prédio, e através das portas escuras de vidro, ele vê uma sombra se mexendo, esta, caminha em ligeiro passos na sua direção, quando chega a abrir as portas o suficiente para ser visto, é um senhor de meia idade, agasalhado da cabeça aos pés, com uma barba branca a ser feita logo abaixo do sorriso. Ele acena energicamente para Jorge, que retribui com a mesma cordialidade, quase juvenil. Conhecido como SEU JOÃO, ele é o porteiro do apartamento onde mora Cleiton.

A voz eletrônica de Cleiton responde.

SEU JOÃO Boa Noite, Jorge! JORGE Boa noite seu João! SEU JOÃO Boa noite Louise! Do carro, com o celular abaixado, Louise acena de volta. JORGE Hoje eu não vou entrar não, seu João, só vim buscar! SEU JOÃO Aconteceu alguma coisa com ele? Ele está

JORGE (cont’d) Cleiton? CLEITON (O.S) Já estou descendo. Seu João, que estava tenso, solta o ar e balança a cabeça, aliviado. JORGE Ok! CLEITON Ok! Cleiton desliga o interfone do outro lado da linha. SEU JOÃO Olha só, eu sempre falo pra ele que se ele precisar de ajuda ele pode ligar aqui pra baixo. Sempre falo... INT. PORTARIA - NOITE

CORTA PARA

ALGUNS MINUTOS MAIS TARDE

o ELEVADOR abre. CLEITON sai. Agasalhado e com a cara enfiada em um cachecol, olhando para Jorge. Ele arrasta os pés pela portaria.


INT. CARRO - NOITE

LOUISE

LOUISE já no carro, vê os dois garotos entrarem, Jorge, no banco do motorista, Cleiton no banco de trás. Louise vira para trás e acena com os dedos.

E você sentiu muito medo? Cleiton olha para ela com a boca entreaberta por um momento. CLEITON N-não foi tanto medo assim... JORGE

LOUISE Oi! CLEITON Oie

Ela leu todas as suas mensagens.

LOUISE

CLEITON Quê...

A gente veio buscar você! CLEITON

Louise está virada para o banco de trás agora, olhando para Cleiton, atenta e curiosa. LOUISE

Eu acho que captei isso também . JORGE

Só até a parte que você disse que tava sonhando com um eclipse. E que toda vez que você fechava os olhos era como se você estivesse...

Ficamos preocupadíssimos. Louise olha duvidosa para Jorge. sim.

JORGE Tava

CORTA PARA

CORTA PARA

Cleiton está deitado no banco de trás, olhando para o teto.

VAZIO

Louise vira para trás. LOUISE

CLEITON abre lentamente os olhos.

Mas você tá bem mesmo? Cleiton continua fitando o teto. CLEITON Sim, já disse que sim. LOUISE Mas ter alucinações fortes assim é uma coisa muito preocupante. CLEITON Eu sei. Mas eu não acho que..

CLEITON (NARRAÇÃO) Em algum lugar agora... Diferente. Tudo está parado. Falta alguma coisa... Uma coisa... Falta ordem. Uma coisa que me localize. Esse vazio hirto não é natural, é precário. CLEITON está de pé, no meio da ESCURIDÃO, andando, com o celular na mão. Apenas ele é visível. Nesta cena, ao contrário da aterior que ocorre no mesmo vazio, ele anda em uma velocidade normal.


CLEITON (NARRAÇÃO) Não faz diferença estar ou não de olhos abertos.

Você acha que tem alguma coisa a ver com o eclipse de amanhã? JORGE De hoje. 4 da manha já. CLEITON

Ele ocasionalmente olha para os lados. CLEITON (NARRAÇÃO) (cont’d) E se eu fechar os olhos aqui...

Eu.. não... sei... Acho que não. CORTA PARA

EXT. FLORESTA - NOITE No meio de uma densa floresta, os galhos e as folhas das árvores dançam lentamente com o vento. Um brilho ao longe se movimenta em linha reta, chegando cada vez mais perto. É um brilho amarelado, ofuscante, no meio da noite sem estrelas nem lua, e sua origem não é clara, apenas sua trajetória. A luz corre, chegando cada vez mais e mais perto, rasgando em linha reta a escuridão, até que... CORTA PARA INT. CARRO - NOITE LOUISE continua olhando CLEITON,curiosa. Ele, deitado no banco de trás, pressiona com força as pálpebras. Lentamente abre os olhos, fitando o teto. CLEITON Era bem escuro mesmo, Lu. JORGE, apesar de estar dirigindo, presta atenção na conversa entre os dois. LOUISE

Cleiton de repente fica parado imóvel, suas pálpebras sobem e descem erraticamente algumas vezes, ele passa a mão no cabelo, tirando-o de sua cara. Cleiton pisca, entre um piscar e outro, ele é transportado mais uma vez para a visão do eclipse gigantesco nos céus à sua frente. CLEITON (cont’d) Eu não faço a menor idéia do que está acontecendo. Ele volta para o carro, do seu ponto de vista, Jorge e Louise estão cobertos pela mesma luz laranja emitida pela luz do sol em suas visões, como se o sonho estivesse “sangrando” até a realidade. JORGE Ah, mas você nunca teve esse tipo de coisa não? Você tem histórico de alguma doença na sua família? Ele olha pela janela e há só o vazio, mais uma vez. Seus olhos abrem, ele vê a mesma coisa mas sem a luz laranja. CLEITON Não que eu saiba. Tenho quase certeza que não... Ele pisca, e nos poucos segundos que fica de olhos fechados, vê no horizonte o tal eclipse.


Ele abre os olhos e é a mesma imagem, mas sem o eclipse, ele começa a respirar rápido, mesmo fazendo esforço para disfarçar. Jorge e Louise se olham, preocupados. Louise olha pra trás e vira de volta. Cleiton fecha os olhos. Dessa vez ele não abre. A imagem agora está fora de foco, mas é a mesma coisa com o eclipse. O eclipse chega mais perto, todos estão praticamente engolfados pela luz. Tudo fica fora de foco. Cleiton começa a perder o controle outra vez. Louise vira a cabeça para trás. LOUISE A gente vai ter que te levar pro hospital. Louise vê que ele está de olhos fechados. Um brilho ainda mais ofuscante que o eclipse agora domina a cena. Cleiton responde rápido. S-sim.

CLEITON

Cleiton abre os olhos. Há alguns minutos de silêncio entre eles quando JORGE O que é... aquilo... Ele pára o carro. Jorge, com a boca aberta em espanto está olhando pelo re-

trovisor. No horizonte, uma sombra amorfa se desloca na direção do carro. Ele está longe, a estrada é reta e deserta. Mesmo quando passa pelos postes de luz, sua imagem não é reconhecível por estar tão longe. LOUISE JORGE! Louise de supetão aperta com força o ombro de Jorge, os dois viram e olham por cima de Cleiton pelo pára brisa. Cleiton olha também. Ele fica paralisado de medo. A sombra segue lentamente. CLEITON Por que você parou? Jorge percebe que parou o carro e o acelera. Os faróis piscam. O carro se afasta. Cleiton pisca. Nada agora. Silêncio total.

LOUISE

(Quase sussurrando) Que merda foi aquilo??? Jorge mantém os olhos na estrada. JORGE Já tá machucando, Lu... Louise percebe que ainda segura com muita força o ombro direito de Jorge. LOUISE Desculpa. Ela lentamente o solta. CLEITON


Foi um bicho... só pode ter sido... Um bicho?!

LOUISE JORGE

Não, não foi um bicho. CLEITON Não tem outra explicação... JORGE Cleiton a coisa devia ter uns 3 metros de altura. CLEITON Mas gente... JORGE Parecia um saco de areia muito grande com umas pernas finas e uma cabeça... CLEITON Foi um bicho muito esquisito. JORGE Minha vida, aquilo com certeza não era um bicho. Eu prefiro acreditar que aquilo foi um ET do que um bicho. Mas um ET?

CLEITON

Todos ficam em silêncio dentro do carro. Louise envolve suas pernas em um abraço, escondendo metade de sua face com seu joelho, de olho no retrovisor. Cleiton senta de lado, de forma a ocasionalmente olhar para a estrada pelo vidro de trás.

Jorge dirige com as duas mãos ao volante. De olho fixo na estrada. Os faróis piscam mais uma vez. O carro perde velocidade. Todos ficam assustados e saem de suas posições. CLEITON Jorge... Jorge tenta desesperadamente retomar o controle do carro. JORGE Não faz isso comigo... O carro pára. Os faróis acesos. Todos em silêncio. JORGE (cont’d) O motor... Os três se ficam congelados no lugar, petrificados de medo. Jorge e Cleiton olham. EXT. ESTRADA - NOITE Cleiton sai do carro ao mesmo tempo que Jorge. Jorge vai para a frente do carro abrir o motor, e Cleiton abre o porta malas, pegando as ferramentas e levando-as para Jorge. JORGE Beleza, vai ser rápido, muito rápido. Mais rápido que a vida. Cleiton e Jorge ficam de frente para o carro. CLEITON Você sabe o que foi? JORGE Não faço idéia. É um carro antigo, faz isso às vezes. sei.

CLEITON Sim, eu


Jorge passa a mão no cabelo diversas vezes. JORGE Que hora ótima pra acontecer esse tipo de coisa. Ele começa a olhar pros lados e a ofegar pesadamente. CLEITON Jorge. Calma. Respira!

agora sem ninguém. Só ele empurrando algo invisível. Ele abre os olhos e momentâneamente, cenas desconexas passam diante dos seus olhos em uma velocidade grande o suficiente para quase não serem percebidas. Uma floresta de morangos. Um brilho muito forte. Uma correria. Planetas enormes no horizonte de uma cidade em destroços. Ele correndo por uma floresta. E por fim, o carro com louise no volante e ele e Jorge empurrando. Cleiton perde o equilíbrio e o apoio na traseira do carro e cai no chão. CLEITON (cont’d) DROGA!

Jorge inala profundamente. Ele olha para Cleiton. JORGE A gente não tem idéia nenhuma do que tá fazendo, né? CLEITON Não. Vamos empurrar. Cleiton fecha o capô. Louise passa para o lado do motorista dentro do carro. Ela solta o freio de mão. Vai!

LOUISE

Os dois começam a empurrar o carro, que começa a se mover lentamente, Louise gira a chave na ignição. Os faróis acendem brevemente mas ele não liga. O carro anda lentamente com a força imposta. Cleiton começa a ter as alucinações de novo. CLEITON Droga. Ele fecha os olhos, fazendo o máximo de força para empurrar o carro. O eclipse está mais uma vez no horizonte. Ele está empurrando o nada. Ele está mais uma vez no limbo, mas

JORGE Cleiton! Jorge imediatamente o ajuda a levantar. Cleiton está tremendo. O carro continua andando sozinho e pega na ignição. Louise o acelera algumas vezes, sem sair do lugar, só fazendo o motor rugir. Cleiton agora está sentado no chão, de olhos fechados, com o cotovelo apoiado no joelho e apoiando a cabeça com a mão. Jorge está agachado em sua frente. QUE FOI?

JORGE O

Cleiton segura sua cabeça com ambas as mãos agora. Do ponto de vista de Cleiton, um zumbido. Daqueles que você escuta depois de um barulho muito alto. Louise bate a porta do carro. Ela corre de encontro aos dois, e imediatamente segura Cleiton pelos ombros. ajuda!

LOUISE Me

Jorge segura as pernas de Cleiton. Eles o levantam. Louise, do lado contrário de Jorge, está consternada, ela olha acima do ombro de Jorge, boquiaberta. Jorge percebe isso e vira a cabeça para trás.


É CALEIDOSCÓPIO em seu passo lento. Ele está próximo do trio. Próximo demais. Jorge leva um susto. Ele pula e quase solta Cleiton. Que está de olhos abertos e acordado agora, mas tremendo. CLEITON Gente corre! Cleiton é posto no banco de trás do carro. Louise senta no banco do motorista e Jorge no carona. Louise acelera o carro. Eles partem para a noite afora. JORGE Como?? Como aquilo era um bicho Cleiton??? Cleiton visualiza em 3a pessoa o carro em que eles estão, partindo. A visão se dissolve. Ele está no carro mais uma vez. Louise está ofegante, quase imóvel. CLEITON Era aquilo. Eu fico pior quando aquilo se aproxima. Eu tenho alucinações piores quando aquilo se aproxima. Aquela hora foi quase como se uma bala tivesse atravessado minha cabeça. Eu vi coisas. Ele chegou muito rápido. E muito perto e com certeza está atrás da gente agora. JORGE O que você viu? LOUISE Espera! Então se é a presença daquilo que está te

fazendo ficar dessa forma, então quer dizer que na hora que começou ele estava na sua casa com você e você não sabia? Silêncio.

JORGE Vamos fazer o seguinte. A gente enche o tanque dessa lata e vamos viajando até onde der. Se esse bicho tá seguindo a gente a pé mesmo, ele vai ter uma noite horrível. E a gente vai ter tempo de decidir o que fazer. Ou procurar ajuda.

Silêncio outra vez. topo...

CLEITON Eu

Louise olha para os dois. LOUISE Isso é muito estranho... Muito estranho... Eu não sei nem o que dizer. Mas a gente tem escolha? pouco...

CLEITON Não. JORGE Nem um

EXT. POSTO DE GASOLINA - NOITE CLEITON, JORGE e LOUISE estacionam o carro do lado de uma das BOMBAS DE GASOLINA do POSTO. Um posto simples, com um pequeno 24/7 com as LUZES LIGADAS, iluminando pelas JANELAS DE VIDRO. LOUISE Vamos não demorar, por favor. CLEITON Nem precisa pedir.


Jorge e Cleiton saem do carro, eles trabalham em conjunto, Cleiton destranca a entrada da gasolina e Jorge coloca a BOMBA DE COMBUSTIVEL. Cleiton olha para os lados impaciente, batendo o pé. JORGE É que tanque tá meio vazio... Depois de alguns minutos, o tanque enche por completo. JORGE É isso aí... Ele pega a nota fiscal e corre no posto de conveniência para pagar. INT. LOJA DE CONVENIÊNCIA - NOITE JORGE entra na loja, o SINO preso na lateral de uma das PORTAS DE VIDRO toca informando sua presença. Ele passa correndo pelas PRATELEIRAS, mas pára por um momento, pensa, e pega vários SACOS DE BISCOITOS E SNACKS e volta a correr até o CAIXA. Há um Sua FUNCIONÁRIO. Vemos que ele está mãos. visivelmente com sono. cabeça está apoiada em suas Com o cotovelo no BALCÃO, ele passa preguiçosamente os PRODUTOS pelo LEITOR. EXT. POSTO DE GASOLINA - NOITE CLEITON está com o corpo apoiado no topo da PORTA aberta do CARRO, ele olha ocasionalmente para a ESTRADA. LOUISE está com a cabeça no volante, seu olhar é vago. Cleiton continua a olhar para a estrada. INT. LOJA DE CONVENIÊNCIA - NOITE JORGE ainda está no BALCÃO. Esperando. Ele olha para um mostruário. Há vários ÓCULOS ESPECIAIS PARA VER O ECLIPSE em um deles. JORGE

Caramba... o eclipse... é amanhã né? FUNCIONÁRIO Os óculos estão com desconto especial. JORGE Eu tinha me esquecido completamente disso. Nossa que bizarro! Com tudo o que está acontecendo agora... Jorge continua a fitar os óculos. Você vai levar FUNCIONÁRIO algum? INT. CARRO - NOITE Cleiton agora está no banco do carona, do lado de Louise, que tenta se manter acordada, mas sua cabeça vai para frente e para trás, sonolenta. CLEITON Você acha que aquilo estava comigo o tempo todo no meu apartamento? Louise arqueja, surpresa com a quebra momentânea daquele silêncio. LOUISE Ahn? Ah... Não... Não sei. Espero que não. CLEITON Eu também espero que não... Meu Deus, eu imagino aquela visão aterradora só me assombrando daonde eu não conseguia ver ele... De um quarto, sei lá...Me olhando... Dá até calafrios. Cleiton esfrega os braços. Louise não sabe o que dizer. CLEITON (cont’d) Assim... não faz muito sentido por que se ele esti-


vesse lá não teria motivos pra ele não ter feito nada. LOUISE Mas o quê voce acha que ele quer fazer com você por exemplo? CLEITON Não sei... Arrancar minha pele? Silêncio. CLEITON (cont’d) Arrancar meus braços pra ele usar no lugar dos galhos? Louise e Cleiton sorriem. CLEITON (cont’d) Mas cadê o Jorge... Silêncio. CLEITON (cont’d) Eu vou lá chamar ele. Louise olha preocupada. EXT. POSTO DE GASOLINA - NOITE jorge sai do posto de conveniência com uma sacola na mão, Cleiton o encontra. CLEITON Vamos rápido JORGE Espera! Você precisa ver isso! O quê???

CLEITON

Jorge procura na bolsa.

Ele tira o óculos para eclipses, sorrindo. Cleiton olha para aquilo, consternado. CLEITON (cont’d) O que significa isso?? O sorriso desaparece da cara de Jorge assim que ele ve a reação de Cleiton. JORGE É um óculos para eclipse... eu pensei que na sua situação você... devia... usar... um... suas visões com o eclipse... CLEITON Eu não acredito. Os dois se olham sérios por um momento, até Cleiton começar a rir alto. CLEITON (cont’d) Eu não acredito! Cleiton coloca os óculos. CLEITON (cont’d) Você realmente acho que isso seria útil?? Jorge dá um pequeno sorriso, sem graça. Cleiton continua a rir, ainda com os óculos. logo.

CLEITON (cont’d) Vamos

Ele puxa Jorge. Do carro, Louise levanta para fora da janela. corre!!!!

LOUISE Gente,


Ela está apontando para a estrada, Caleidoscópio começou a surgir outra vez. As visões de Cleiton voltam. Agora é Jorge quem o puxa para o carro. Dessa vez as visões de Cleiton não estão tão nítidas e ele consegue ver também o mundo ao redor direito. Ele tira os óculos e tem uma surpresa. Ele pára. ge!!! Oi?

CLEITON JorJORGE

CLEITON Você é genial!!! Jorge sorri de orelha a orelha. Oi?!?!?

JORGE

Cleiton sorri também. Eles correm e entram no carro. Louise olha para os óculos. LOUISE Mas o quê é isso?!?! CLEITON Louise seu irmão é um gênio! LOUISE Não entendi nada! JORGE Só acelera mana! CLEITON Não! Espe-

ra! Eu quero ver uma coisa! Louise e Jorge olham descrentes para Cleiton. CLEITON Eu quero ver o que esse bicho quer com a gente. Se ele vai fazer alguma coisa. Se ele realmente estava no meu apartamento aquela hora... não!

LOUISE Cleiton

Caleidoscópio se aproxima. Ele está muito perto do carro. CLEITON Ele não vai fazer nada. Nem ele deve saber o que quer. Direito. Louise olha pra Jorge, que também não sabe como lidar com a situação. CLEITON Tudo bem. Está tudo sob controle! De repente da loja de conveniência, o funcionário sai com um machado, correndo e gritando. Ele avança para cima de Caleidoscópio, que o impala com seus galhos antes que ele tenha sequer uma chance de usar o machado. Os três olham a cena estupefatos. CLEITON Ok, Louise acho que podemos ir agora... Louise acelera loucamente o carro e sai em disparada.









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