Jack Kirby

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Jack Kirby - O Rei dos Quadrinhos Um breve histรณrico sobre o maior nome dos quadrinhos e da narrativa visual


Kirby antes de Kirby Jacob Kurtzberg, que anos mais tarde adotaria o nome de Jack Kirby, nasceu em 28 de agosto de 1917, em um bairro pobre e violento da cidade de Nova York, onde desde cedo começou a defender-se dos valentões de seu bairro. Grande amante de cinema desde pequeno, o jovem Jack já gostava de desenhar e buscava por conta própria aprender mais sobre a arte que iria definir sua vida para sempre. Ficou conhecido como “estudante sem professor”, pois aprendia tudo o que podia de pessoas mais versáteis na área de desenho do que ele e tornava suas técnicas algo particularmente seu, desenvolvendo sua própria forma de desenho, sendo muito inspirado pelo traço do Flash Gordon de Alex Raymond. Tentou ingressar em algumas escolas de desenho e arte na época, e conseguiu. Porém, devido às dificuldades financeiras de sua família em mantê-lo num instituto acadêmico, Jack desistiu de seu ensino superior para ajudar sua família, contudo, sem desistir de seu sonho de trabalhar no mundo das histórias em quadrinhos; o que lhe aproximou de outro ramo similar: os desenhos animados.


O início da carreira Kirby começou a trabalhar para o Fleischer Studios em 1935, onde fazia as sequências para o desenho “Popeye”. Juntou-se ao Lincoln Newspaper Syndicate em 1936, empresa em que trabalhou até sua falência em 1938. Kirby conheceu Joe Simon enquanto ele fazia trabalho freelance para diversas editoras. Os dois jovens se uniram e começaram a produzir e vender quadrinhos e ilustrações para revistas pulps de Martin Goodman, fundador da Timely Comics (mais tarde Marvel Comics). A dupla criou o herói patriótico Capitão América para a Timely em 1941. As perspectivas dinâmicas de Kirby, as técnicas cinematográficas, seu uso de quebrar quadros sequenciais e um exagerado senso de ação fez do título um sucesso imediato, reescrevendo as regras das histórias em quadrinhos.


Consolidação O nome Simon & Kirby tornou-se sinônimo de quadrinhos empolgantes de super-heróis. Depois de dez edições de Capitão América, eles mudaram-se para a DC Comics, onde assumiram o personagem Sandman na revista Adventure Comics; a dupla também produziria Boy Commandos, Newsboy Legion e Manhunter. Os quadrinhos de super-heróis decaíram em popularidade depois do fim da Segunda Guerra Mundial e Kirby e seu parceiro passaram a produzir várias histórias em outros gêneros. Eles são creditados pela criação da primeira Romance Comics, Young Romance Comics. Além disso produziriam histórias de crime, horror, humor e faroeste. A parceria Kirby & Simon terminaria em 1954 com a indústria de quadrinhos estagnada por uma auto-imposta censura (Comics Code Authority) e sua subsequente publicidade negativa. Kirby entretanto continuou escrevendo, reinventando o personagem Arqueiro Verde na revista Adventure Comics, além de criar o clássico sobre os aventureiros desafiadores da morte Challengers of the Unknow.


O Retorno do Rei Kirby voltou para a Marvel Comics, desenhando uma série de histórias de terror, monstros e ficção científica. O visual bizarro de suas criaturas alienígenas foi sucesso imediato entre os leitores. A pedido do diretor Martin Goodman e do editor, diretor de arte e escritor Stan Lee, Kirby voltou a trabalhar com quadrinhos de super-heróis em 1961 com a criação do divisor de águas Quarteto Fantástico. Kirby teve participação na criação de praticamente todos os personagens da Marvel nos anos seguintes. Entre eles Thor, Hulk, Homem de Ferro, X-Men, Surfista Prateado, Os Vingadores, Nick Fury, Doutor Destino, Homem-Formiga, Pantera Negra, Inumanos entre muitos, muitos outros.


Kirby era frequentemente co-autor das histórias que desenhava, introduzindo elementos que não eram mencionados nos scripts de Lee; em particular, Kirby é creditado como sendo o criador do Surfista Prateado, que não foi citado no roteiro de Lee da história onde o personagem apareceu pela primeira vez. Famosamente, Stan Lee apenas cuidava dos diálogos das histórias, com Kirby dando a idéia do plot principal e desenhando tudo; depois, os diálogos só se adequavam às imagens. Kirby, mesmo tendo apenas 50% do crédito, era o verdadeiro gênio por trás dos personagens que trabalhava.


Liberdade criativa Depois de uma briga com Lee, Kirby foi para a DC no princípio dos anos 70, produzindo uma série de títulos sob o selo “Jack Kirby’s Fourth World”. Entre eles estavam “The New Gods” , “Mister Miracle” e “Forever People”, juntamente com outros títulos como “OMAC”, “Kamandi”, “The Demon” e uma nova encarnação de “Sandman” (este com seu ex-parceiro Joe Simon pela última vez). Foram anos frutíferos em que Kirby pôde explorar em capacidade máxima suas ideias, fazendo histórias com base em tudo que o influenciou quando criança: Narrativas bíblicas, histórias de guerra - lembrando de sua própria experiência como veterano - ficções científicas e, em seu núcleo, histórias simples, bem ilustradas e com questionamentos morais.


Anteriormente, na Marvel... Mais tarde ele voltou à Marvel, retomando o título Capitão América e escrevendo e desenhando as histórias. Entre suas outras criações para a editora no período estão “The Eternals” e uma quadrinização do filme “2001: Uma Odisséia no Espaço”, onde criou o personagem Homem-Máquina. Em 1978, Jack Kirby deixaria a Marvel e os quadrinhos para trabalhar com cinema e animação, em 1978, fez os storyboards do desenho The New Fantastic Four para a DePatie-Freleng Enterprises, no ano seguinte, ilustrou uma quadrinização em tiras de jornal do filme The Black Hole da Walt Disney Pictures e fez os concepts de um filme baseado no livro Lord of Light de Roger Zelazny. Kirby projetou os designs dos desenhos “Turbo Teen” e “Thundarr the Barbarian”, entre outros.


“Nós queremos ser melhores. Nós podemos ser melhores.” Kirby tinha uma visão muito particular de que sua função era contar boas histórias que nunca tivessem sido contadas antes da forma que ele poderia contar. Explorou ao máximo as capacidades da mídia e, em muitos aspectos, estava a frente de seu tempo. Suas composições e enquadramentos são fonte de inspiração até hoje; sua criatividade para a construção visual e sua capacidade para atrair o olhar do leitor é insuperável. Jack Kirby é um dos poucos artistas dado como unânime em quão bom era no que fazia. Nem todos compreendem, mas a genialidade ainda está ali.


“Eu vivo com muitas dúvidas. E eu acho isso divertido.” Apesar de ser o ídolo de muitos, Kirby nunca se colocou acima de nenhum outro criador, apenas buscou o que lhe era direito. Durante sua carreira foi muito desvalorizado dentro da própria indústria que ele mesmo ajudou a formar. Ao longo de sua carreira, se tornou a definição não só do que é ser um artista seja desenhando, pintando, escrevendo ou contando histórias - mas a definição de trabalho duro a qualquer custo. Kirby é em sua essência o que todo artista, de um modo ou de outro, almeja ser.


Em 6 de fevereiro de 1994, Kirby morreu aos 76 anos de insuficiência cardíaca em sua casa em Thousand Oaks, Califórnia. Kirby é conhecido popularmente entre os criadores e fãs de histórias em quadrinhos como um dos maiores e mais influentes artistas do gênero. Sua produção entrou para a história enquanto estimativas apontam que ele desenhou mais de 25,000 páginas, assim como tiras de jornal e esboços. Ele também pintava, e trabalhou com inúmeras ilustrações para filmes de Hollywood. Seu legado é imensúrável. Sua jordana, inspiradora.


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