ANO III - Edição 2
distribuir para conquistar
gestão pública transformada pela rede
mais repetecos e quadrinhos nerds
política 2.0
grid computing
Somos trezentos!
Pedro Markun, diretor geral do Jornal de Debates
Pedro Markun Diretor Felipe Meyer Editor Felipe Cunha Capa Daniela Silva Felipe Meyer Lúcia Freitas Pedro Markun Claudio Prado Diogo Cortiz Pedro Belasco Rodrigo Savazoni Redação Felipe Meyer Gil Tokio Leandro Robles Omar Viñole Pablo Carranza Will Arte
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Tiragem: 3.000 exemplares Jornal de Debates na Campus Party é um informativo gratuito produzido pela Gasosa Comunicação em parceria com Casa de Cultura Digital e Esfera. Venda expressamente proibida.
Nesse ano, teremos a primeira eleição pós-obama, a primeira eleição legitimamente digital no Brasil. Os candidados já começaram a se mobilizar - reza a lenda que teremos até alguns desfilando pela Campus, se a chuva permitir - contratando empresas e articuladores de rede para melhorar sua presença digital. O cenário ainda não está fechado, mas dá para afirmar com alguma certeza que, disputando o páreo da presidência, teremos Dilma, Serra e Marina. O jogo vai ser bruto. Na eleição passada, a política estava despreparada (e desesperada) para lidar com a Internet. Esse ano, me preocupa um pouco que a Internet e os internautas não estejam preparados para lidar com a política e as eleições. Blogs anônimos, denúncias vazias (ou não), trolls e twitters fakes vão invadir a rede e deixá-la cheia de santinhos digitais espalhados, feito rua no póseleição. Contexto e transparência se fazem fundamentais nessa hora. Só uma comunicação aberta e franca vai nos permitir descobrir (minimamente) de quem desconfiar menos. Já dizia meu muy amigo @luisnassif no Fórum de Mídia Livre que precisamos construir uma rede para desmanchar factóides e fazer a contra-espionagem das informações. Do lado de cá, seja lá onde cá for, já estamos reunindo nosso exército. Saí agora a pouco de um encontro, mar-
cado na área do BarCamp, do coletivo Trezentos. Declinei um chopp porque tinha que terminar esse editorial (sei que isso é pecado, espero que me perdoem). O Trezentos é um blog coletivo composto por jornalistas, desenvolvedores, advogados, físicos, matemáticos, ativistas, artistas, atores e outros tantos que não têm nada em comum, exceto o fato de buscarem na diversidade uma forma de atuar e de se relacionar com a sociedade. Se isso. É uma construção coletiva de dissensos - mais do que de consensos inspirada inteiramente na poesia do modernista Mario de Andrade. Diz ele assim: EU SOU TREZENTOS Eu sou trezentos, sou trezentos-ecincoenta, As sensações renascem de si mesmas sem repouso, Ôh espelhos, ôh Pireneus! Ôh caiçaras! Si um deus morrer, irei no Piauí buscar outro! Abraço no meu leito as milhores palavras, E os suspiros que dou são violinos alheios; Eu piso a terra como quem descobre a furto Nas esquinas, nos táxis, nas camarinhas seus próprios beijos! Eu sou trezentos, sou trezentos-ecincoenta,
Mas um dia afinal eu toparei comigo… Tenhamos paciência, andorinhas curtas, Só o esquecimento é que condensa, E então minha alma servirá de abrigo. Ou melhor, inspirado não só nisso. Apesar de ter gente lá jurando de pé junto que não, não podemos negar que o Trezentos é também nossa armada espartana, aguardando no beco das Termópilas para descer o cacete nos 200 mil persas. Para quem sabe a história, viu o filme ou leu Frank Miller, digo que o final pode ser diferente. Se somos (e ainda nem somos!) trezentos nesse coletivo, já estamos cercados de outros tantos - centenas de milhares - de gregos livres para operar essas mudanças. Esse foi o primeiro encontro presencial de um coletivo que já se articula online faz algum tempo. De tudo que foi dito, ficou a certeza de que precisamos manter vivo o espirito crítico e cuidar sempre para não deixar nossas diferenças políticas-partidárias nos afastarem daqueles ideais que nos unem. Mas no fim, o Trezentos é apenas um coletivo. E quero Trezentos e quero coletivos de coletivos em uma lógica recursiva que no fim abrace toda a rede. E agora, bora pro chopp.
REPETECO THE INTERNET IS FOR PORN por Felipe Meyer
Os sites de streaming de conteúdo adulto só vieram a dar a pá de cal na crise que todos os produtores de pornografia do mundo já vinham sentindo na pele com a popularização da banda larga e com a pirataria industrial. (...) No Brasil, assentou-se a cultura do gratuito. Se está na Internet, é de graça. Zander Catta Preta, Consultor de Conteúdo da área de produtos do portal Ig
Confira as edições Se você passou o tempo todo fugindo da mari moon, aqui anteriores do JD em: vai um resumão do que o JD abordou no ano passado www.jornaldedebates.com.br/campusparty
Quando os compositores norteamericanos Robert Lopez e Jeff Marz criaram o espetáculo musical Avenue Q – uma paródia ao programa infantil Vila Sésamo – não podiam imaginar que uma de suas composições se tornaria um dos mais clássicos bordões da rede mundial. Ainda no primeiro ato os personagens Kate e Trekkie Monster discutem sobre as funções da internet. Kate decide cantar uma música sobre as maravilhas da internet, sendo sempre interrompida pelo vizinho que insiste em dizer que a única utilidade da rede é para buscar e acessar pornografia.
teúdo. Só nos EUA, um novo vídeo pornográfico é criado a cada 39 minutos. Celulares e câmeras digitais de baixo custo permitem que qualquer um grave e disponibilize online o que quiser, fazendo com que indivíduos sem nenhuma experiência se transformem da noite para o dia em verdadeiras celebridades da pornografia na internet. Para contornar o problema muitas empresas de entretenimento adulto trabalham com alternativas experimentais como locação online e downloads pagos.
Trekkie Monster não está muito longe da verdade. Segundo relatório do site estaduniense TopTenReviews (http://moourl.com/pornostats), a cada segundo, no mundo, mais de três mil dólares são gastos em pornografia (U$ 89,90 deles com pornografia na internet), mais de 28 mil internautas estão visualizando conteúdo adulto e 372 estão buscando por esse con-
O fácil acesso e uma maior segmentação mudaram também o público consumidor de pornografia e hoje as mulheres representam 50% das buscas por conteúdos sexuais (embora os homens ainda sejam maioria absoluta na busca por conteúdos explicitamente pornográficos, representando 94%) e 28% das visitas a sites de pornografia. Mesmo assim,
OU?
Lei azeredo: O PERIGO PASS
foi a polêmica o muito discutido nt su as a um 09 20 edo, que buscav Na Campus dor Eduardo Azer s na õe se aç do i ar le rn to de proposta e ameaçava et rn te in da de o us es. A re , regulamentar o a mp3, em crim um r ixa ba o m e não chegou corriqueiras, co o projeto, mas el r rra ba u ui eg ns emos atentos: o mobilizada, co está parado. Fiqu te en lm ua at e a ser votado passou. perigo ainda não
70% delas têm dificuldades em admitir o hábito. A fácil exposição preocupa pais e mães, cujos filhos são expostos pela primeira a material pornográfico por volta dos onze anos. Dos jovens entre 8 e 16 anos, 90% já assistiram a conteúdo pornográfico online, a maioria deles enquanto faziam atividades educacionais. Entre os adultos, 20% acessam esses conteúdos do local de trabalho (entre as mulheres o número é de 13%) e 10% admitem ser viciados em pornografia online (17% entre as mulheres). Essa relação entre a pornografia e a tecnologia está longe de estar bemdefinida. Independentemente dos males que pode causar ou dos quais participa de forma involuntária, a primeira cresce lado a lado com a segunda, aprendendo com ela e ocasionalmente influenciando-a. E, claro, é uma relação que rende muito, mas muito dinheiro mesmo.
O Homem não é capaz de criar nada, apenas transformar o que já existe. Criar é como vomitar. Você se alimenta de um monte de coisas, mistura com várias bebidas, e depois vomita tudo de uma vez. A criação é uma imitação de segunda mão do mundo natural, que por sua vez já é uma imitação do mundo das ideias. Cadu Simões, roteirista
A criatividade (palavra delicada de ser usada) não depende necessariamente do bom humor. Algumas vezes (a maioria delas), a pressão é o que faz saírem as coisas. (...) Não quero ser rotulado como um cara criativo. Gil Tokio, desenhista Arte: Laudo Ferreira Jr. (1), Gil Tokio (2), Felipe Cunha (3) e Leandro Robles (4).
política 2.0 A política é o sistema de relações de poder entre as pessoas, principalmente em momentos que requerem decisões coletivas. Numa democracia, diferente de um regime totalitário, a ideia é que muita gente tenha poder. Mas você já deve ter percebido que, mesmo vivendo numa democracia, você não pode decidir se uma escola vai ser construída ali na esquina ou três quadras abaixo apenas levantando a mão. Isso é porque as democracias contemporâneas não são diretas. As proposições, decisões e ações são terceirizadas pra um grupo de representantes. O problema é que propor, decidir e agir são formas *bem enfáticas* de se exercer o poder. Pensando bem, de fora desses processos, resta realmente pouco a se fazer a não ser algum barulho, esperando que os tais representantes ouçam; ou então torcer para que as soluções que caiam do céu (de preferência, não em forma de chuva, pra São Paulo não alagar de vez). Por que justamente o digital e a rede podem mudar isso? Por que daria pra chamar a política que eles inauguram de 2.0, em oposição a uma outra, diferente, menos relacionada aos dias de hoje? Pra começar, porque a política como conhecemos não foi sempre assim e nem vai ser sempre assim. Ela é fruto de uma construção histórica. Sem nem considerar os interesses em jogo, basta pensar que, no século XIX, de fato, não devia ser muito fácil tomar decisões coletivas diretas. Qualquer forma de comunicação direta e rápida entre múltiplos atores era restrita à possibilidade deles estarem presentes num mesmo espaço físico, tornando necessária a representação. Andando mais um pouco na história, a mídia de massa, como intermediária da conversa, também não ajudou muito –
por Daniela B. Silva configurando-se ela própria como uma das indústrias mais interessadas em concentrar poder. Mas o fato é que hoje, por conta do virtual, existem formas muito mais fáceis de colocar as pessoas num mesmo espaço, e com muito menos intermediação. O contexto mudou. Apesar de muito pouco da inovação promovida pelas telecomunicações, pelo digital e pela rede ter sido incorporado aos processos políticos até agora. Também porque a produção da atividade política é simbólica. Políticos profissionais não levantam paredes com tijolos de verdade. Eles constroem prédios com documentos e assinaturas. E produção simbólica é uma coisa meio "mágica" – pode ser facilmente representada por uma sequência binária, replicada em formato digital, compartilhada por um infinito número de vezes, alterada por um infinito número de pessoas. As profundas transformações que aconteceram nas empresas jornalísticas e nas gravadoras, por exemplo, mostram como isso funciona. O sistema político representativo não é assim tão diferente das indústrias de intermediação, que, por conta dos impactos do digital e da rede, estão fadadas à mudança. Nós podemos, pelo menos conceitualmente, tomar de volta o poder de proposição, de decisão e de ação que terceirizamos pros nossos representantes. É claro que tem bastante coisa no meio do caminho – a questão do acesso (não só às tecnologias, mas às condições básicas para se comunicar por meio delas), uma ferrenha cultura nacional de paternalismo e de inércia, a sensação de impotência, a falta de vontade de se comprometer e de mudar. Até o fato de que esse processo não é, de forma nenhuma, apenas sensacional e divertido.
As democracias modernas, com a representatividade, conquistaram uma coisa muito importante, chamada sufrágio universal. Isso significa que, diferentemente da Grécia (em que a festa era boa, mas os convidados eram poucos), todo mundo (ok, pelo menos a ideia era a de que fosse todo mundo, nem sempre é assim) passou a participar da política, por meio do voto. Infelizmente, as democracias modernas também produziram, com a mesma representatividade, uma série de coisas que fazem a democracia parecer uma festa ruim, pra qual ninguém interessante se importa de ser convidado - estou falando de corrupção, de glamourização, de exploração e de censura de pensamento não-declarada da pior ordem. Como aquela "festa pobre e armada" de que o Cazuza fala na música. O que eu fico pensando é se, nessa nova sociedade que estamos construindo, agora que temos um lugar de encontro mais coletivo e mais plural, não há espaço pra um novo convite, pra uma nova festa. Um convite que parta dos nossos pares. Até hoje, no Brasil, a grande maioria das mais radicais transformações políticas até contaram com a participação popular, mas foram decididas na canetada. Da Independência às Diretas, muita coisa importante contou com a força das ruas, mas foi iniciada e/ou finalizada no gabinete, com uns poucos apertos de mão (e pendendo pra uns poucos interesses). A rede pode ser a oportunidade pra qualquer um convocar qualquer um pra política, sem necessidade de, pra isso, se associar a nenhuma marca ou etiqueta. Um convite que valorize nossos interesses individuais e vocações. Um convite pra uma festa com espaço pra: quem gosta de fotografia (fiscalizando
a situação da cidade usando a arte); de vídeo e de música (fazendo ativismo multimídia da melhor qualidade); de desenvolvimento e de design (criando projetos que nos ajudem a participar da gestão); de robótica (inovando e criando em prol do interesse público), de blog (colocando a boca no trombone, que também é preciso), de software livre (trazendo uma cultura de liberdade pra várias áreas da vida), de modding e de games (resgatando a dimensão estética e lúdica de toda essa piração). Ou seja, uma festa que tem mais a ver com a Campus Party do que com aquela do Cazuza. Falar de política na Campus não é importante só porque essa pauta está na programação do evento. A própria multiplicidade de interesses, de sentidos e de vontades faz desta uma festa altamente política. O fato de que o mais importante da Campus está nas bancadas e não no palco também faz desta uma festa altamente política. E nos coloca no olho do furacão da nova política 2.0, jogando uma carga de poder e de compromisso muito grande nos nossos ombros. Como diz um grande filósofo do nosso tempo, Ben Parker, "grandes poderes trazem grandes responsabilidades". Mas certamente o Tio Ben também diria que, apesar da responsabilidade ser pesada, a possibilidade de ter mais poder para transformar a realidade a nossa volta é o que faz da rede uma coisa revolucionária. O nosso poder e a nossa responsabilidade de mudar são muito mais importantes do que as campanhas eleitorais na rede, do que os governantes no twitter ou do que a possibilidade de votar online. É nesses dois pontos que mora o verdadeiro hack do sistema político como conhecemos.
Distribuir para conquistar
por Pedro Belasco
Duas iniciativas bem sucedidas de participação e colaboração, e uma provocação.
De alguns anos pra cá, os saltos em escala e qualidade da indústria de eletrônicos foi brutal. Componentes cada vez mais capazes e menores, e mais baratos, e uma população que os consome computadores e dispositivos capazes de utilizar-se da Internet e tecnologias de posicionamento, cada vez com mais frequência e naturalidade. Pensando no software, já existem soluções técnicas colaborativas para, virtualmente, todo o tipo de problemas passíveis de solução por meio de computador, desde sistemas de organização e publicação de informações, automação do comércio, até sistemas de cálculos científicos, desenho e ilustração e por aí afora. A democracia direta, utopia ficcional até pouco tempo atrás, é tecnicamente viável, assim como o GPS e a telefonia móvel, coisas impensáveis há 20 anos atrás. Com respeito a processos de parti-
cipação e colaboração recentes, dois fatos recentes parecem dignos de nota: ? No fim de 2009, os commits recebidos pelo repositório do Kernel do Linux, demonstravam que 75% das contribuições partiam de empresas que contribuem com tempo de seus funcionários para isso. ? Apenas uma rodada de um jogo
na TV baseado no confinamento de pessoas em uma casa cercada de câmeras, em 2006 rendeu nada menos do que 23 milhões votos para decidir quem deveria ou não continuar na rinha. Cabe lembrar que o voto implica em pagamento de uma tarifa aos organizadores do jogo. Provavelmente os mecanismos de estímulo à participação dos dois casos relatados seriam resultado da possibilidade de usufruir de uma propriedade coletivamente construída, no
caso das empresas que colaboram com o Kernel do Linux, ou mesmo o simples fato de ter contabilizada sua participação e importância em um processo decisório banal, porém, com um resultado imediato e tangível já que, de fato, algum dos sujeitos será eliminado 'pra valer' da disputa do prêmio em questão. E o nosso processo eleitoral? E nosso processo político? E as questões realmente relevantes, como por exemplo o que é feito dos nossos impostos, ou o que é crime e o que não é, ou qual obra pública é prioridade para determinada região. Não seriam estas questões suficientemente importantes para estimular a participação massiva da sociedade, cada dia mais conectada? É mais do que demonstrado o potencial de mobilização de recursos para solução de problemas, quando o conjunto da sociedade resolve distri-
buir a responsabilidade e propor alternativas de uso e conquista do espaço comum. A questão que se coloca como desafio é a de como o conjunto da sociedade pode utilizar os potenciais das novas tecnologias de comunicação para estimular a participação política, no sentido mais amplo do termo. Sendo por meio de discussão, controle ou planejamento coletivo da coisa pública. Muito provavelmente, estas iniciativas passam por entender e estimular os mecanismos de motivação de indivíduos, empresas e governos pela construção de estruturas de uso comum, e soluções que façam sentido para o conjunto da sociedade se comprometer em compartilhar tempo e recursos. Todos os elementos necessários estão à disposição, basta saber como canalizar a energia participativa para além da banalidade.
Texto e Arte: Pablo Carranza
DEBATE RELÂMPAGO: POLÍTICA 2.0 por Rodrigo Savazoni
Inauguro com este texto um novo formato de debate: o relâmpago. Você pega sua lista de contatos do Gtalk ou de qualquer outro mensageiro instantâneo, seleciona alguns amigos, e envia a eles uma ou duas perguntas, e pede que respondam de bate-pronto. Eles não podem ver as respostas uns dos outros. Não podem saber o que outro disse. Você organiza esse material e publica, em um blog ou neste Jornal de Debates. Feito isso, devolve para os debatedores e vê o que rola. Na real, inventei essa história uma hora atrás porque precisava entregar um texto e não tinha apurado nada, o que reforça a minha convicção de que tudo que é bom nasce da precariedade. Esse formato pode render bons resultados, principalmente quando o assunto proposto é um desses tidos como “polêmicos”. Pensar a política hoje em dia é difícil. Recusa e falta de parâmetros ajudam a interromper o debate. O problema é que se não agimos, tudo fica como está. Posso dizer que tenho bons e inteligentes amigos. Gente na faixa dos 30, como eu, que já acumulou um tanto de percepção sobre a realidade e que ainda tem bastante gás para gastar na construção de um outro mundo possível (opa, ficou meio Fórum Social Mundial, não?). Uma das principais lideranças do Circuito Fora do Eixo (www.fora doeixo.com.br), uma articulação nacional das cenas musicais independentes – na minha opinião o mais interessante movimento político que rola na área cultural no Brasil - Talles Lopes diz: Para que serve um partido político hoje em dia? 18:00 Talles: Infelizmente não andam servindo pra muita coisa que valha a pena se espelhar. Talvez sirvam como referencia de um modelo arcaico de pensar a política, desconectado com tudo que a contemporaneidade trouxe. E como vc definiria esquerda e direita? Faz sentido para você? 18:04 Talles: Como referência de posicionamento pode ainda fazer um sentido, mas com certeza não serve mais pra definir o que é conservador ou progressista. Talvez estes termos modernos sejam um exemplo de que modelos dicotômicos não fazem mais sentido nesta nova ordem do século XXI. É uma referencia analógica para
um mundo digital, e isso acaba gerando distorções políticas também. Talvez seja a hora de pensarmos em novas referencias conceituais pra se pensar a política nos dias de hoje, e sem dúvida esse é um exercício muito instigante. Um dos coordenadores do Coletivo Intervozes (www.intervozes.org.br), que participa do Campus Fórum nesta quinta, João Brant tem opinião diferente: Para que serve um partido político hoje em dia? 17:56 João: para organizar a disputa por espaços de poder Como você demarcaria a esquerda e a direita? 18:00 João: De maneira geral, a esquerda defende a busca da igualdade e a justiça social como princípios organizadores da sociedade. A direita considera que a livre iniciativa econômica deve guiar a organização da sociedade, e que outras iniciativas não devem obstar esse princípio, e que desigualdades que sejam fruto deste quadro são naturais dentro desse sistema. Quando o assunto é o novo mundo que surge com as redes interconectadas, a Wikipedia é um dos exemplos principais. Mandei também, por isso, as perguntas para o Thomas Buckup, que é da Wikimedia. Thomas respondeu diretamente da Campus Party: Para que serve um partido político? 18:26 Thomas: Potencialmente, para organizar um comunidade de pessoas com certa afinidade ideológica que busca promover processos de mudanças institucionais. E direita e esquerda? Faz sentido essa divisão para você? 18:35 Thomas: Não acredito que os processos de mudança ocorrerão a partir de partidos políticos e a divisão entre direita e esquerda faz pouco sentido para mim. As mudanças ocorrerão a partir de coletivos de indivíduos com grande diversidade ideológica e não a partir de comunidades institucionalizadas de esquerda e/ou direita. Lauro Mesquita, jornalista, autor do blog Guaciara (www.guaciara. wordpress.com) é um dos caras com
quem mais aprendo sobre política. Aqui, ele dá sua opinião, mas aconselho que continuem a aprender com ele, com o Tiago e com o Jay Jay no blog que acima citei. Então, para que serve um partido político hoje em dia? 17:59 Lauro: Cara, acho que o partido político ainda é indispensável. Como um espaço para se agrupar pessoas que reúnem ideias em várias frentes mas que no geral dão sentido a uma só ideia de sociedade. É o único espaço em que um monte de políticas públicas pode se tornar realidade. O que falta é que esses partidos se fortaleçam um pouco mais. Sou a favor dos partidos políticos. Acho que precisa desse tipo de mediação entre quem pensa políticas públicas específicas e quem pensa no geral e pra mim só os partidos políticos e seus integrantes podem sintetizar. Acho que é isso. E direita e esquerda, como definir? 18:05 Lauro: Cara, eu ainda fico com a definição do Norberto Bobbio. Quem trabalha primordialmente com o horizonte da redução da desigualdade e com a universalidade de direitos é de esquerda e quem trabalha só em função da eficiência do capitalismo e com a manutenção das coisas como elas são é de direita. Entre isso existem milhares de matizes, mas na caricatura é isso aí. Se tende mais pra um lado é de direita, se tende mais
pro outro é de esquerda. Muitas vezes as coisas se confundem, daí é concordar com uma política ali e outra aqui e boa. Agora, partido de direita e de esquerda, eu acho que depende sempre do referencial. Outro bom amigo com o qual sempre falo sobre política (aliás, meu tema predileto para tratar com os amigos, além de arte e vadiagem) é o Jorge Pereira Filho, ex-editor do jornal Brasil de Fato e atualmente na Boitempo Editorial. Ele manja muito de movimentos sociais e deu sua opinião: Então, para que serve um partido político hoje em dia? 18:05 Jorge: Sei lá, digamos assim, em princípio, é a forma de fazer política em grupo. Na prática, a forma de isolar a política da coletividade... E direita e esquerda? 18:13 Jorge: Direita: a crença na fábula do fim da história e no Deus mercado. 18:14 Esquerda: a crença no Homem e em sua capacidade de se reinventar. E você, o que acha de tudo isso? Esse texto também será publicado no Trezentos (www.trezentos.blog.br).
Como a rede pode transformar a gestão pública e a política Entrevista com Sílvio Meira por Daniela B. Silva
A digitalização dos processos processos políticos é uma realidade inevitável? Por que a realidade é que boa parte da gestão pública ainda é feita em papel, bem longe da rede... Ainda falta um grande passo para que isso aconteça. A construção das infra estruturas de rede de acesso a rede e sustentabilidade dos sites, da garantia de que eles vão estar no ar o tempo todo, passando pelos processos de assinatura eletrônica, de certificados. Ainda é um processo que esta no seu estágio inicial, e não era de se esperar o contrário, pois as tecnologias e os usos destas estão em seus estágios iniciais na maior parte dos lugares. Não acho que isso seja um problema brasileiro, o que eu acho é que a gente não deve ter medo de exercitar o processo de absorção social destas tecnologias, tendo coragem de fazer a execução imperfeita do desconhecido, ou seja, aprender à medida que a gente faz e erra. Simplesmente entrar no digital e na rede, nos casos do governo, significa inovação? Não, não significa. Você pode ver claramente, em muitos casos, as pessoas achando que se promover "online" ou eletronicamente, como se diria no passado e eu acho que não se deveria mais dizer hoje, significa informatizar processos que são arcaicos porque são montados em cima de papeis, carimbos, cartórios, certificados desnecessários. Para ser inovador, eu acho que a gente tem que ir atrás de construção de processos mais eficazes, mais eficientes do ponto de vista do cidadão, e das interações cidadão-negócios-governo. Muito poucas vezes isso é buscado de maneira efetiva. Então nem todo o processo de e-gov é inovador por ser e-gov. Uma parte significativa deles é simplesmente uma informatização do caos. E ainda, em muitos casos, o go-
verno vem com uma burocracia muito pesada, secular, às vezes, fazendo e pedindo coisas desnescessárias pro lado do cidadão. Porque é tão difícil inovar no governo e na política? É difícil inovar porque é difícil inovar e ponto. As novas tecnologias de rede, que estão permitindo essa articulação social, na escala que a gente está vendo em 2010, derivam diretamente de um conjunto de resultados que começou a ser construído na década de 1960. A rede começou a ser montada do ponto de vista tecnológico na década de 1960, se tornou pública e aberta apenas no meio da década de 90. Na prática, a gente só tem 15 anos deste espaço. Do ponto de vista social, 15 é muito pouco tempo. Não dá para exigir que, em 15 anos, sociedades inteiras, processos inteiros mudem da água para o vinho. Não é assim que se faz e não é assim que se fez, nem na melhor iniciativa privada. O processo de comunicação em rede, possibilitando que muitos possam falar sem mediação, já significa uma transformação em relação ao poder político da pessoas? Você acredita que por causa disso as pessoas tenham mais ou menos poder, e que esse poder se configura enquanto poder político, podendo contar nos processos de tomada de decisão? Se a gente dirigisse a pergunta para o Brasil, e a fizesse da seguinte forma: "os novos níveis de articulação - menos mediados - das pessoas, diretamente nas redes, mudaram alguma coisa na política brasileira?", a resposta é um grande e claro não. Não mudou nada nos últimos anos, e os últimos fatos acontecidos em Brasília deixaram isto bem claro - você tem a cidade mais informatizada do Brasil (já faz muito tempo que Brasília tem mais de um celular por habitante, por exemplo, o nível de penetração do celular lá é acima de 100%), com banda larga desde a década de 1990, numa escala muito maior do que nas outras capitais, com uma qualidade de educação média muito alta, e que é o caos que é, e não é o caos que é no nível federal, nós estamos falando no nível local de Brasília, se essa novas articulações em rede mudassem as coisas tão rapidamente quanto a gente gostaria, Brasília não era o que é. Então a minha resposta é não. Isso vai mudar? A resposta é sim. À
medida que a política começar a ser feita partindo dessas pessoas, que se articulam hoje em rede, se elas se mantiverem fieis a seus princípios, o que é uma coisa muito difícil em seres humanos - porque, via de regra, você tende a ser absorvido pelo sistema no qual você se insere, ao invés de contaminá-lo positivamente e tentar destruir as raízes do mal dentro dele -, e se elas agirem na rede em número suficiente. Eu quero crer que a maioria absoluta das pessoas nos países e na humanidade em geral querem um ambiente político mais limpo, mais representativo e mais significativo do que aquele que existe hoje. Porque, definitivamente, não tem lugar para todo mundo roubar. Se a gente tiver alguma coisa mais direta e mais organizada em rede, até pela limitação da quantidade de dinheiro para ser roubado, o sistema tem que melhorar. E o que você acha que as pessoas podem fazer em prol de transformações no governo e na política hoje, se apoiando na rede? Que caminho que elas podem seguir se esse melhor ambiente político diferente é o interesse delas? A rede talvez seja o espaço de mediação dos interesses pessoais, sociais e públicos em que é possível
articular comunidades deslocalizadas e atemporais ao redor de projetos, de propósitos de politicas que a gente quer para a sociedade a longo prazo; e isso é possível de ser feito, mas leva tempo e gasta muito esforço e investimento de muitas pessoas. Se a gente conseguir, consistentemente, criar um processo que articule um grande número de pessoas ao redor de certas proposições de mudança, a gente consegue mudar. Mas como mostra, por exemplo, o governo Obama nos EUA, o processo de mudar é muito difícil. Pouco tempo depois de ter se transformado no governo que gerou a maior quantidade de esperança, pelo menos no ocidente, no último século, a gente vê um governo completamente absorvido pelas forças de sempre. Porque uma vez tendo tido um processo eleitoral totalmente baseado na rede; com processos de coleta de doações baseados na rede; com processos de distribuição e de disseminação de informação, de debate e de propostas na rede, o governo Obama foi absorvido pelos estabilishments americanos, em vez de absorvê-los. O governo Obama é o exemplo de como o sistema engole as novas proposições, e é também um exemplo muito bom de como que é difícil inovar, em qualquer esfera.
Arte: Felipe Meyer
Silvio Meira é professor da UFPE e diretor do C.E.S.A.R (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife), um dos institutos de inovação mais importantes do país, que funciona fora do governo, sem fins lucrativos. Convidado pela Rede CIM (Célula de Inovação dos Municípios), ele esteve na Campus Party na quinta-feira, no espaço do BarCamp, falando sobre como a rede pode modificar a gestão pública. Depois disso, conversou com o Jornal de Debates sobre governo, inovação e transformação política.
Arte: Will
Grid computing:
Uma tecnologia aliada ao poder do cidadão por Diogo Cortiz
Grid Computing é uma tecnologia que surgiu no meio científico, nos anos 90, devido às limitações dos servidores da época. As pesquisas científicas estavam em um estágio avançado, gerando assim uma grande quantidade de dados. Os únicos recursos com capacidade para processá-los eram os supercomputadores dos grandes fabricantes, que custavam uma verdadeira fortuna. A alternativa encontrada pelos pesquisadores foi a criação de uma nova forma de computação baseada em uma arquitetura distribuída, chamada de Grid Computing. Esse termo foi utilizado em analogia à rede de energia elétrica (Power Grid). A idéia é simples: se a energia chega até nossas casas sem que tenhamos que nos preocupar com a sua produção e distribuição, por que não aplicar esse mesmo conceito a computação? Por que não podemos agrupar uma grande quantidade de equipamentos para gerar capacidade de processamento? Mas como funciona Grid Computing? O conceito original de Grid Computing foi concebido com o desejo de integrar recursos computacionais distribuídos geograficamente. Em outras palavras, seria a integração lógica de diversos computadores, formando um ambiente com capacidade de processamento de larga escala. Hoje em dia, utiliza-se em média apenas 30% da capacidade total de processamento dos computadores. Isso significa que enquanto a maioria dos usuários está navegando na Internet, editando um texto, ou até mesmo escutando música, 70% da capacidade dos seus computadores está ociosa, sendo desperdiçada no tempo, enquanto poderia estar sendo utilizada para alguma outra finalidade. Esse cenário fica ainda mais evidente ao analisar os usuários que deixam seus computadores ligados durante a madrugada para fazer download de vídeos, jogos, etc.
Com base nessa situação, e também com o avanço da Internet, foi concebido um novo modelo de computação com o objetivo de aproveitar esses recursos ociosos e desperdiçados, chamado de Computação Voluntária em Grid Computing. Computação Voluntária!? Como assim? Um dos primeiros projetos de Grid Computing que utilizou o modelo de Computação Voluntária, e também o mais famoso, foi o SETI@HOME. Esse projeto tinha como objetivo processar dados captados do espaço por um satélite em busca de vida extraterrestre. Mas a iniciativa do SETI@HOME não tinha os recursos computacionais com a capacidade de processamento suficiente. Eles então desenvolveram uma infraestrutura de Grid Computing orientado ao modelo de computação voluntária. O objetivo era justamente aproveitar a capacidade de processamento de máquinas ociosas conectadas na Internet. Para a realização dessa idéia, eles criaram um aplicativo de proteção de tela, que, uma vez ativado, fazia o download de “problemas” do projeto a serem resolvidos para serem processados na máquina do usuário. Assim, todas as máquinas que tinham esse software instalado, automaticamente já colaboravam com capacidade de processamento para o SETI@HOME. Em 2007, o número de máquinas voluntárias participantes do projeto era em torno de 1,5 milhão, o que levou o SETI@HOME, através da colaboração de usuários da Internet, a constituir uma infraestrutura com capacidade de superar os principais supercomputadores. Outro projeto famoso é o World Community Grid, que funciona de forma similar ao SETI@HOME. O usuário pode fazer o download do aplicativo client, instalar e configurar o quanto de recursos de sua máquina o projeto poderá consumir. O world Community Grid abrange inúmeros projetos de pesquisa científica, como projeto genoma, pesquisa contra AIDS e etc. O ponto positivo do World Community Grid é a liberação de dados estatísticos toda a vez que um projeto é finalizado, o que permite, além de conhecer mais sobre o projeto, entender melhor o quanto a sua participação foi fundamental.
Vale destacar também o projeto WLCG, um exemplo que ilustra a importância de Grid Computing para romper as barreiras causadas pela limitação da capacidade de processamento dos recursos computacionais. O WLCG é o projeto de Grid Computing utilizado pelo superacelerador de partículas (LHC), o qual compreende mais de 140 centros de computação espalhados por 33 países. É interessante citar que o projeto WLCG foi (e continua sendo) a alma para o experimento do superacelerador tornar-se realidade, devido à larga escala de dados gerados (algo em torno de 15 petabytes por ano). O CERN (instituição que lidera o projeto do LHC) afirmou que se não fosse o WLCG, eles não teriam condições de processar todos os dados, devido às limitações tecnológicas dos recursos computacionais existentes e também financeiras do próprio projeto. Com a implantação de Grid Computing, o custo total do projeto, além de ser menor, ele também foi diluído por todos os participantes do projeto. Como dito anteriormente, algo em torno de 140 centros de processamentos. É interessante citar também que o projeto do WLCG ajudou a emergir um novo modelo de colaboração em dois caminhos (termo denominado 2-ways collaboration). Em um primeiro momento, diversas instituições de pesquisas e universidades colaboraram com o WLCG cedendo recursos de seus centros de computação, o que habilitou um segundo caminho para o recebimento dos dados gerados pelo LHC. Quais são as outras vantagens de Grid Computing? Um assunto em destaque no momento é TI Verde. Grid Computing também pode ser considerada uma tecnologia “verde”, pois aproveita a capacidade ociosa de computadores que já estão consumindo energia (lembra-se dos 70% de ociosidade?). Embora alguns defendam que o consumo dessa capacidade desperdiçada aumentaria a utilização de CPU, e consequentemente o consumo de energia elétrica. Há pesquisas que mostram que o aumento do consumo de energia é ínfimo perto da capacidade de processamento obtida. Em outras palavras, Grid Computing per-
mite produzir muito, consumindo só um pouquinho a mais. E o projeto do Grid Público? Posso falar logo de cara que o projeto do Grid Público é uma idéia bastante inovadora. O que o projeto do Grid Público está buscado é a construção de uma infraestrutura informacional realmente publicada, baseada no modelo de Computação Voluntária, para fomentar a idéia de transparência. A transparência pública depende tanto da publicação de dados em formatos abertos por parte dos governos, quanto da apropriação, uso e recombinação dos dados pela sociedade. Para que isso ocorra de maneira eficaz, torna-se necessária a constituição de uma infra-estrutura de Tecnologia da Informação para armazenar os dados e garantir que os mesmos estejam disponíveis e sejam controlados pela sociedade. A tecnologia de Grid Computing torna-se essencial para cumprir esse papel, pois permite a habilitação de uma infraestrutura constituída por recursos computacionais da sociedade. Cada cidadão, com a sua própria máquina, é o responsável por essa infraestrutura. O Grid Público não tem um dono, mas todos os participantes são os seus proprietários. Assim fica claro que qualquer dado governamental que for disponibilizado no ambiente do projeto vai ser realmente um dado público. O Grid Público também traz o modelo inovador de Computação Voluntária Participativa. Voluntária, pois os cidadãos poderão instalar o client em suas máquinas e ceder a capacidade de processamento ociosa de suas máquinas para o Grid. Participativa, pois poderão utilizar esse ambiente (que eles mesmos ajudaram a construir) para desenvolver e executar suas aplicações de transparência pública. O projeto está sendo concebido utilizando uma tecnologia de Grid Computing chamada InteGrade e desenvolvida pelo Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME-USP). O portal de entrada para o Grid Público, onde serão consolidados os dados, aplicações e resultados é o www.gridpublico.org.
agenda Workshop - Técnicas de Video Mapping de 02 a 04 de fevereiro com VJ Spetto e VJ pixel O Video mapping (mapeamento de vídeo) é considerado o futuro da projeção. Tecnica baseada na topografia – as imagens não se limitam mais às duas dimensões de uma tela. O processo se baseia em projetar uma imagem numa superfície e através de um software, processar o mapeamento dos pontos que cobrem alguns de seus detalhes, como arestas, colunas, janelas, portas; qualquer superfície pode ser mapeada. Com isso podem ser projetadas imagens independentes nessas áreas, que quando combinadas criam ilusões que encontram aplicações tão distintas que vão desde o marketing mais explícito de marcas e novos produtos, até festivais de música, pistas de clubs, e videoperformances. No workshop organizado pelos Vjs Spetto e pixel, serão apresentadas técnicas para a produção de Video Mapeamento Arquitetônico e durante o curso os alunos serão convidados a mapearem áreas do prédio da escola de produção Trackers, assim como a de edíficios nos arredores, com a arquitetura única do centro de São Paulo.
A rede vai MetaReciclagem rty Pa C lançar na # ão uma publicaç amada colaborativa ch Entre "Gambiologia". m outros, participa , André Sergio Amadeu Lemos, Fernando so e Henrique Cardo ogia. ol bi am Coletivo G
A TV Cultura está convidando os campuseiros a tuitarem suas visões sobre o futuro da TV. Os melhores 140 caracteres mais criativos levam de lambuja uma vaga no programa de trainees da Fundação Padre Anchieta.
@giltokio #ipad um de natal pro seu pai, pede!
Demorou, mas agora vai. Quem quiser pôr as mãos nos mimeógrafos do JD é só se inscrever na oficina de Produção Independente, com @cadusimoes e @felipemeyer, que acontece hoje a partir das 16hs.
Lembrando: programações Off#CParty são a nossa cara. Serve qualquer coisa, incluindo Aulão de Axé e oficina de fantoche.
Quinta-feira na #Cparty 09:30 Quais são os espaços já conquistados pelas Redes Sociais na Educação formal hoje? Que entraves dificultam a aproximação da escola às redes digitais? Que papel possuem os gestores dos sistemas educacionais na ampliação de um uso inteligente da internet por professores e alunos?
Viu algum tweet que lhe chamou a atenção essa semana? Mande pra gente!
14:00 Conheça o trabalho de Raphael Rissato, que iniciou o projeto de um controlador MIDI que utiliza o reacTIVision para controlar programas de edição de áudio e discotecagem.
20:00 TC, líder tecnológico quilombola, e Anápuáka Muniz Tupinambá Hã-hã-hãe (Etnia Tupinambá), índio-conectado e membro da Web Brasil Indígena, conversam com Marcelo Tas sobre as mudanças que estão acontecendo na Internet nos últimos anos – explosão das redes sociais, presença maior das classes C e D/E, ativistas online das comunidades tradicionais, enfim os novos fenômenos na rede.
@cocagelada http://twitpic.com/zwx37
o futuro do rádio Claudio Prado
No começo do século passado ouvir transmissão de áudio vindo "do ar"era um barato que se transformou no rádio de ondas médias curtas e fm. Este modelo era restrito a um espectro cada vez mais concorrido e poluído, certamente será aos poucos substituído por outro que vai buscar novos meios de difusão e interface via web. Creio que o rádio amador e o amador do rádio hoje podem trabalhar nos dois sentidos: difusão e recepção. O rádio de qualidade dos anos 1950 e 1960 já foi esquecido e substituído pela TV (?) aberta e pelo radio do carro que toca sua playlist e aponta estações sintonizadas quase sempre em noticiário. Ouvir música de qualidade no rádio se perdeu... O radio pode e certamente será continuamente reinventado e trabalhado num processo colaborativo. É um produto que faz parte da nossa
cultura e não será abandonado no seu conceito. Desta forma, o novo radio, por caisa da internet, rompe fronteiras geográficas assim como faz a tela conectada do seu micro. O computador tradicional, netbook e telefones celulares compartilham na web espaço cada vez maior e gratuito para armazenar milhares de arquivos de áudio; músicas, podcast de todos os géneros, e que podem ser carregados na web e resgatados a qualquer momento. Os pequenos receptores players e telefones celulares conectados a um fone de ouvido são produtos portáveis e coloridos que cabem no bolso. O som que flui com qualidade de uma boa caixas acústica aínda não está mais relacionado a web até que venha um modelo para esta possibilidade e qualidade. O avanço da imagem de alta definição reforça de forma equivocada o mundo hoje cada vez mais visual. A qualidade de áudio
se perdeu por um som pequeno e pobre que acompanha as "orelhas" dos televisores de tela plana; modernos para os nossos olhos mas que desprezam a qualidade de som para atender a uma economia porca em detrimento do respeito pelo consumidor e pela musicalidade que acompanha a nossa percepção e nos emociona desde sempre. No mundo todo, poucas e pequenas empresas apostam em reinventar o hardware e requalificar a qualidade sonora. Muitos saudosos pelo som orgânico dos velhos discos de vinil se perguntam o porque desta falta de emoção e vida que trazem os equipamentos modernos digitais que sugerem sem oferecer (exceto raras exceções) a qualidade sonora. Na Europa, na Ásia e nos Estados Unidos surgem as radios de milhares de estações onde são oferecidos com
interfaces de busca de conteúdo inteligentes como o Pandora. A NPR (National Public Radio) em parceria com o fabricante Livio, oferece por USD 199 o seu radio de 800 estações. Outros fabricantes independentes oferecem o hardware do novo radio agregando serviços de compartilhamento via web-site como uploading e recomendações de conteúdo de/ para qualquer aparelho em qualquer lugar. Um LAN e Wifi permite esta troca entre transmissor e receptor de conteúdo. Os tradicionais masters como BBC, RTF e Deutsch Welle compartilham o mesmo mecanismo espaço e direitos que qualquer usuário independente para transmitir e receber conteúdo de áudio numa plataforma competente, livre, democrática, gratuita e colaborativa.