Pedro Markun Diretor Felipe Meyer Daniela Silva Editores Daniela Silva Felipe Meyer Júlia Almeida Alqueres Redação Aristeu Nogueira André Cervinskis Cida Almeida Colaboração Felipe Meyer (diagramação) Novaes (ilustração) Capa Felipe Meyer Diagramação Daniela Silva Revisão Jornal de Debates é um informativo gratuito publicado e distribuído pela Nunklaki Comunicações. Venda expressamente proibida.
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A primeira empreitada do Jornal de Debates na FLIP foi realizada em situações precarias. É certo que nem tudo mudou: naquela época, já vínhamos de São Paulo na mesma Quantum/93 a álcool que nos trouxe a Paraty hoje, e também já usávamos camisetas provocativas – que então ecoavam a máxima de Nelson Rodrigues, em tom inquisitivo: "Toda unanimidade é burra?". A equipe, em 2007, éramos apenas eu e a Bianca Santana. Ficamos hospedados em uma barraca no Quilombo do Campinho, a 20 quilômetros do festival. Ainda assim, a experiência foi suficiente para entendermos que o Jornal de Debates tinha uma missão fundamental na FLIP: promover a discussão e estimular a reflexão critica pelas ruas de Paraty, aproveitando o fervor dos intelectuais e a cumplicidade à meia-luz dos botecos da cidade. A missão gerou quarenta depoimentos, registrados em vídeo e disponibilizados no site www.jornal dedebates.com.br. A resposta dos colaboradores, longe de ser unânime, mostrou a diversidade de pessoas e pensamentos que coexistem dentro dessa mesma festa. No ano passado, 2008, conseguimos mobilizar uma estrutura de trabalho melhor. Apoiados pelo IG e pela Imprensa Oficial, alugamos, durante a FLIP, uma pequena redação, a 2km do centro da cidade, de onde produzimos a primeira versão desse jornal. Na época, ele era uma folha A4 frente e verso, que servia como mecanismo de feedback para o site. Mantivemos o tom provocativo – aliás,
Em 2008, a Festa Literária Internacional de Paraty homenageava o escritor brasileiro Joaquim Maria Machado de Assis, criador dos maiores clássicos da literatura brasileira como Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba. O Jornal de Debates não poderia fazer diferente e decidiu abrir o seu ciclo de discussão na Flip com a questão: ao vencedor, as batatas? A célebre frase sintetiza a teoria do humanitismo, criada por Machado de Assis para o seu personagem-filósofo Quincas Borba, que apresenta o "caráter conservador e benéfico da guerra": o ser humano deseja a vitória sobre o outro mesmo que para isso tenha que prejudicálo. Segundo Borba, a guerra é uma situação inevitável, em que um lado precisa morrer para que o outro sobreviva. É a lei do mais forte. Confira a seguir algumas das respostas dadas por visitantes da FLIP do ano passado, e aproveite para dar sua opinião em www.jornaldedebates.com.br.
fizemos bastante sucesso com a camiseta do Bob Esponja levando a pergunta "Pra que serve um intelectual?" –, mas também propusemos uma linha mais séria de debates, como o da regulamentação da profissão do escritor. Também em 2008, lançamos na FLIP o projeto Livro Livre, com a proposta de retirar a poeira dos livros nas estantes e dar a eles uma nova vida, libertando-os efetivamente. Distribuímos cerca de 400 livros para moradores e visitantes (lembrando que livros livres não são presentes para ficar na estante, e que eles deveriam ser lidos e repassados para outros leitores), gerando curiosidade e interesse por onde passávamos.
distribui-los no sábado, quando levaremos a leitura para além das correntes do centro histórico, libertando conhecimento pela Grande Paraty. Produziremos também um podcast diário na redação do jornal, com transmissão ao vivo pela internet. Quem quiser nos acompanhar mais de perto, pode pedir informações para o pessoal do Jornal de Debates, identificados nas ruas de Paraty por suas memoráveis camisetas. Ou então é só bater lá na cozinha da nossa redação pra tomar um café (por favor, tirem os sapatos!), e aí conversamos melhor. Grato, Pedro Markun
Agora, em 2009, já nos sentimos efetivamente parte da Festa! Com uma redação muito melhor estruturada, localizada no centro histórico, ao lado da livraria Nova Paraty, acreditamos que vamos interagir muito mais com a dinâmica da cidade. O Jornal também cresceu e ganhou 12 páginas, com capa e contra-capas coloridas. Abrimos espaços para colaborações literárias e intervenções artísticas da galera da flipinha, além de microcontos e de uma agenda que queremos construir colaborativamente, recebendo informações pela internet e pelo celular, e republicando tudo de legal que vai acontecer na OFF-OFfOff-off flip! Vamos fazer novamente o mutirão do LivroLivre, e contamos com vocês para nos ajudarem, tanto deixando livros na caixa de coleta que ficará na frente da nossa redação, quanto ajudando a
"Ao vencedor, todas as batatas, porque é justo quem ganhar levar a melhor. Na guerra, vale tudo." Marina, estudante
"Você tem que buscar, como vencedor, as suas batatas, porque se você não for buscálas, ninguém irá por você." Jane Machado, arquiteta
"Você não pode esquecer os ideais em função das batatas." Elizabeth Olinto Costa, professora/tradutora
"Acho que aos vencedores, os chuchus, pois eu não acredito nem em vencedores nem em perdedores." Ryana Gabech, poetisa
"Aos vencedores que, simplesmente, usam de meios ilícitos e que conseguem vencer na vida por meio de algumas situações que não são adequadas, as batatas não são merecidas." Eliana Beltrão, professora
"Na guerra não vale tudo, o ideal é dividir as batatas com os perdedores." Sindy Oliveira, estudante
Dicionário Popular Brasileiro
Texto: Isabel Colucci
Arte: Felipe Cunha
O que vem à sua mente quando você escuta palavras como casa, vida, distância, trabalho, saudade? No quinto país em área e população do mundo, há mais de dez formas de se dizer "pão". Embora não haja consenso sobre a questão, teóricos indicam a existência de 11 dialetos derivados da língua portuguesa no Brasil. Mapear os diferentes sentidos, sotaques e modos de dizer é a proposta do Dicionário Popular Brasileiro, projeto que vai criar um mosaico audiovisual de significados, composto pelas percepções de pessoas das várias regiões, etnias, crenças e classes sociais do país. Enfrentamos a iminência de uma uni-
ficação das diferentes línguas portuguesas sob a égide do novo regime ortográfico. Este é, pois, um momento importante para a criação desse repositório central de significados, que dê conta não só dos registros dos letrados, mas que - através da multimidia e da oralidade - possa acolher o entendimento daqueles que não conseguem ou não querem transpor as barreiras técnicas da escrita. Em teoria de comunicação, chama-se de ruído toda a interferência que dificulte o
entendimento de uma mensagem. Usualmente fala-se do exemplo de Babel, com sua torre e o castigo divino das diferentes línguas, que acabaram por inviabilizar o término de construção. Esquece-se, no entanto, que mesmo que exista um só idioma, as interpretações e significados estão tão atrelados às individualidades e aos valores regionais que acabam por muitas vezes tornando-se também ruído. O Dicionário Popular Brasileiro surge com o intuito de explicitar essa realidade, trazendo à tona os multiplos significados das palavras, que
fogem das margens rígidas do dicionário para virem se ocultar e penetrar o campo da cultura, da oralidade e dos usos populares. Durante a FLIP a equipe do Jornal de Debates vai lançar uma primeira versão do projeto que pretende entender e definir "Dicionário", "Popular" e "Brasileiro". Para participar, basta gravar um vídeodepoimento e enviar através de www.dici onariopopular.com.br ou procurar alguém de nossa equipe.
O Diabolô da Augusta
Crônica
Mariana Ruggieri minutos, percebi que ele não parecia dar conta dos seus arredores, completamente absorto pelo seu brinquedo. Observei-o em silêncio por alguns tragos e então chegou meu amigo, artista irreparável, e tomamos mais algumas doses de uísque. Ocasionalmente esgueirava em sua direção para certificar-me de que ele ainda estava lá, torcendo para que meu olhar fosse interceptado pelo seu. O menino, porém, não fitava nada se não o diabolô. Evidenciei o chinesinho para o meu amigo, que, embora não tão convencido de que não se tratava de um japonesinho, pareceu ficar igualmente fascinado pela figura inusitada. É um dândi moderno, chegou a dizer; comentário ao qual não dei muita bola pelo seu reconhecível exagero. Pedimos a conta, meu amigo e eu, a qual foi paga por ele, já que me devia da quintafeira passada. Ao pisar no calçamento, veio o diabolô rolando como um pião
desajeitado em minha direção. No rosto do menino, detectei um ar de assombro, rebocado por um sorriso insano. Temi pela sua imperturbabilidade. Peguei o objeto e dirigi-me até ele, pronto a devolvê-lo. Tomou-o de volta das minhas mãos em um assalto e subiu peremptório a rua. Segui-o, meu amigo logo atrás sem nada entender. Desceu as escadas da estação Consolação, passou debaixo da catraca e postou-se, recomposto, a esperar os vagões. Acompanhei-o de longe, sem ser visto, ou assim penso. Meu amigo, visivelmente confuso com o meu comportamento, anunciou que ia para casa e me aconselhou a fazer o mesmo. Acometimentos de pânico assim são normais, disse ele, é um mal da modernidade. Vá para casa, leia um livro, distraia-se. Não o obedeci; seu diagnóstico equivocado. Enfiei-me discretamente no mesmo carro que o chinesinho. Baldeamos no Paraíso.
Nunca antes tinha visto alguém tão constante, tão apático com os acontecimentos adjacentes. O olhar sempre boiando, sonâmbulo, como quem se esquece de enxergar. Perdi-o na Sé, esse grande cômpito paulistano, talvez pelo empurra-empurra, talvez pela desconfiança de que o meu chinesinho não passasse de um moinho quixotiano – uma comparação óbvia, porém certeira. Lembrando da gravidade do jogo, percebi que eu nunca conseguiria dar atenção simultaneamente àquela voz terríssona dentro de mim e à sua voz provavelmente límpida, mas eu sentia com todos os fiapos de tentativa latejando dentro de mim que eu poderia, se me esforçasse, escutar a primeira e confiá-la a ele, a ele e a mais ninguém no mundo. Segui, desamparada, meu caminho, sem virar o rosto ou tentar uma segunda busca pelo menino, rumo à estação Consolação.
Arte: Felipe Cunha
Pedi um copo de uísque para aquecer a goela na tarde fria. Os prédios lá fora enquadravam o céu em leituras tenebrosas. Eu tinha um apego bizantino à observação detalhada de todas as coisas que não podia apreender. Tímida, reduziame sempre aos cantos escuros dos estabelecimentos abarrotados da cidade. Espiava por muitas janelas em um voyeurismo inconspícuo pelo qual temia ser descoberta. Abri um livro de poemas do Lee Harwood e debrucei-me sobre as páginas, aproximando o rosto a cada estrofe. No man an island (ha-ha Buddha). Na esquina havia um menino chinês – era só olhar bem os olhos para ver que não era japonês – brincando com um diabolô de madeira. Ao início imaginei que ele pedia dinheiro no farol e tinha encontrado no diabolô uma inovação para concorrer com as milhares de outras crianças malabaristas da cidade. Mas passados alguns
Resposta a Manuel Bandeira Seja um colaborador do
Aristeu Nogueira “Vi ontem um bicho / Na imundície do pátio / Catando comida entre os detritos./ Quando achava alguma coisa, / Engolia com voracidade. / O bicho não era um cão, / Não era um gato, / Não era um rato. / O bicho, Meu Deus, / Era um homem.” – Manuel Bandeira (1886-1968) Após tanto tempo, óh Manuel Da sua indignação Quero que chegue aos Céus A atual situação: Agora somos canibais, Quando milhões vivem ao léu Nutrindo-se das lixeiras de hospitais. No seu tempo uma civilização Surgia em torno de uma igreja. Hoje é em torno do lixão Onde o Governador beija e verseja. Ratos e moscas varejeiras, Cruz sanitária do seu amigo Osvaldo,
Hoje não é mais sujeira. O que diz o último laudo? É o “humanae habitat” ou nicho. Desenvolvemos raças de cães Que nem vivem mais como bichos, Mas para os homens nem pães: Continuam comendo lixo. Não têm nem mais a vaca como mãe E o estoque de restos tá mixo. Inúteis transgênicos e genoma Com lucros enormes e não fixos. Deus cria a vida e o doutor toma Registrando inclusive a patente. Desnutridos e em estado de coma Ironia cada vez mais latente. Cadê o ensinamento de Roma? Qu’eu num traGO MORRA, Dando adeus aonde o diabo SÓ DOMA. Enquanto persisto nesta zorra Carrego uma triste verdade: A que como como um frade.
Durante todos os dias da Flip, o Jornal de Debates publicará colaborações nesse espaço. Se você escreve contos, poemas ou crônicas e quer participar, fale com a redação pelo e-mail contato@jornaldedebates.com.br. Seu texto, assim como tudo o que sai no JD durante a FLIP, será publicado em Creative Commons (veja o que isso significa na página 2).
Basta seguir as instruções abaixo e utilizar o tabuleiro disponível nas páginas 6 e 7. Cada pergunta no tabuleiro está identificada por uma letra, correspondente ao verbete onde se encontra a respectiva resposta, por isso, se você não sabe a resposta, sinta-se à vontade para conferir na matéria Manuel Bandeira For Dummies se você acertou ou errou. Claro que, para manter o bom clima no jogo e não deixar que ninguém lhe acuse de espiar as respostas das outras perguntas, sugerimos que você deixe a cargo de alguém de fora a tarefa de conferi-las.
Texto: Felipe Meyer O Livro Livre é uma iniciativa do Jornal de Debates que visa difundir o hábito da leitura e formar novos leitores. O conceito é livremente inspirado no bookcrossing, prática surgida nos Estados Unidos e que conta hoje com mais de 600 mil participantes em cerca de 130 países. Criado pelo programador Ron Hornbacker em 2001 como forma de rastrear livros pela internet, o bookcrossing virou um fenômeno que ultrapassa barreiras geográficas e até mesmo temporais. A ideia por trás do Livro Livre é a de que os livros não possuem donos e são na verdade um patrimônio cultural da humanidade. Por isso, devem ser continuamente transferidos para as mãos de novos leitores em vez de serem esquecidos em estantes e prateleiras, acumulando poeira e relegados à mera condição de objetos decorativos ou itens de coleção. É como se o mundo todo fosse uma grande biblioteca.
No entanto, diferentemente do bookcrossing - focado na troca individual de títulos entre bibliófilos - o Livro Livre trabalha com a ideia de Blitz Literárias: ações em que um grande volume de livros é libertado em um curto espaço de tempo, permitindo uma maior interação com o público, que absorve melhor a proposta da iniciativa e passa a ter maior interesse em participar do projeto. Os livros participantes dessa ação contínua são identificados por uma etiqueta em seu interior que avisa ao leitor logo na primeira leitura: "Este livro não é um presente". A etiqueta traz ainda um código que, quando digitado no site do projeto, permite que o leitor adicione críticas e comentários ao banco de dados do Livro Livre, além de acompanhar os lugares por onde aquela obra já passou antes de chegar às suas mãos. Ao receber o "nãopresente", o leitor assume o compromisso de passá-lo adiante após a leitura, deixando-o em um local público
Arte: Felipe Cunha
onde possa ser encontrado por um novo leitor. Qualquer pessoa pode cadastrar um livro para ser libertado no site do Livro Livre (www.livrolivre.art.br), tomando o cuidado de imprimir a etiqueta e colá-la na parte interna da obra, com o código informado. Ao colar uma etiqueta no interior de um livro e deixar o mesmo em um bar, café, praça ou outro local público, é quase como se o leitor estivesse presenteando o livro com sua "carta de alforria", dando-lhe liberdade para conquistar e encantar outras mentes. A primeira Bliz do Livro Livre aconteceu durante a sexta edição da FLIP Festa Literária Internacional de Paraty - quando foram distribuídos à população local e turistas cerca de 400 livros. Hoje já são mais de quatro mil obras libertadas, um número ainda muito distante das ambições do projeto.
No sábado, dia 4 de julho, o Livro Livre irá realizar uma nova Blitz Literária em Paraty, saindo da redação do Jornal de Debates (ao lado da Livraria Nova Paraty) e percorrendo todo o centro histórico e parte da cidade. Enquanto esse dia não chega, aproveite para alforriar seus livros esquecidos, deixando-os na caixa de coleta disposta em frente à nossa redação. Livro Livre. O mundo é uma grande biblioteca.
Arte: Gil Tokio
Que grande escritor Bandeira dizia ter encontrado na infância? Acerte e ande dez casas, erre e volte oito
I
F
Ba qu nde ca e re ira d iní sas ligiã ecla cio se o? ra se ace An va s err rta de er ar. r, v dez de Em que cidade olt ea nasceu o poeta? o Ande seis casas se acertar ou volte quatro se errar.
Z
Qual o poeta favorito de Bandeira? Ande 5 casas se acertar. Volte ao início se errar.
Diga o nome de três figuras religiosas presentes na obra de Bandeira. Ande duas casas para cada acerto.
A Q n u ac de em er trê f ta s oi r, ca R ne s os a se nh s s a? u er m e ra a r.
Texto: Felipe Meyer
Quem governou a Pérsia na época áurea de Pasárgada? Acerte e ande quatro casas, erre e volte seis.
P
Pegue o trem e pule vinte casas.
F
E
D
ai op d ão ra? ss dei e i f se n o pr l Ba as s uas a ue cas e d al Qu Man rês volt de de t r ou An erta ac r. E erra
B Que obra de Brecht Bandeira traduziu e em que ano? Ande três casas para cada acerto, volte duas para cada erro.
E jo sco v ga l ca olta do ha sa r r p um s. du ar as a
R
Bem-vindo a Pasárgada! O Rei lhe espera!
Qual a altura do poeta? Acerte e ande cinco casas, erre e volte uma para cada centímetro de diferença.
T
H
De que doença Bandeira adoeceu aos dezoito anos? Acerte e ande duas casas, erre e volte seis.
Diga três frutas das quais não gostava o poeta. Ande ou volte três casas para cada acerto ou erro.
L
Qual foi o primeiro livro inteiramente modernista de Bandeira? Acerte e ande seis casas, erre e volte duas.
A Que profissão Bandeira sonhava em exercer? Acerte e ande uma casa, erre e fique onde está.
Faça a um outro jogador uma pergunta sobre o poeta. Se ele acertar, você anda cinco casas e ele dez. Se errar, ele volta dez e você cinco. Ele não pode se abster. On d e N sco e go "n st n Ba amo der a ava r n an de ada pri de s err de t ira? " de meir e a e e rês Ac vo cas erte lte as e qu , atr o.
A face ignorada de Manuel Bandeira André Cervinskis A vida expressa em verso. Este foi o grande objetivo desse pernambucano ilustre e para o qual dedicou toda sua vida. A poesia poderia ter sido e não foi seu consolo na vida e na doença. Sem dúvida, quem vier a ler Bandeira não sairá com a mesma visão da realidade, pois descobrirá que as palavras traduzem a beleza, a tragédia e o profundo humor que a vida traz dentro de si. Escrevia numa linguagem acessível, agradável, familiar, que, como em sua poesia, antes de assustar, convidava o leitor a adentrar cada vez mais no mundo da crônica. Dentro desse estilo todo próprio foi publicando seus livros: Crônicas da Província do Brasil, editado pela Civilização Brasileira, em 1937; reunindo crônicas escritas para os jornais: A Província, do Recife, então dirigido por Gilberto Freire; O Estado de Minas, de Belo Horizonte; o Diário Nacional, de São Paulo; Flauta de Papel, publicado em 1957 pela Alvorada Edições de Arte, com crônicas em sua maioria oriundas do Jornal do Brasil; e, finalmente, Andorinha, Andorinha, título de um poema seu que Carlos Drummond de
Estátua do poeta às margens do rio Capiberibe
Andrade usou em sua coletânea de crônicas do poeta (ele recebeu essa homenagem já com oitenta anos, em 1965); e Reis vagabundos, Ed. do autor, em 1966. Em todas essas crônicas, Bandeira mostra-se o homem que retira do cotidiano lições de vida. Além disso, merece destaque o coloquial, presente no poeta moderno, entranhando-se também, no cronista, gírias como: "abagunçado", "ficou pra tia", "é de morte" etc., que colocam o leitor dentro de seu tempo, de modo a fazêlo reconhecer o mundo em que vive, na crônica que lê. Constituem verdadeiros instrumentos para o leitor tomar conhecimento de quatro décadas da vida brasileira, precisamente de 1917 (data da primeira crônica) e 1957 (quando a produção bissemanal encontrava-se em seu auge, transformando-se em plena obra de arte). Poucos são os artistas que conseguem conviver tão bem com dois gêneros tão diferentes, da forma maravilhosamente honrosa que Bandeira conseguiu. É mais uma performance do artista completo que
Caricatura de Bandeira pelo pintor Emiliano Di Cavalcanti, que em 1919 ilustrou o livro ‘’Carnaval’’ do poeta.
foi, dominando os gêneros da prosa (crônica) e da poesia, em que foi rei. Foi através do tradicional, nas escolas parnasiana e simbolista, que Bandeira aprendeu a amar as artes; mas se revelou plenamente no revolucionário, no inovador. É por isso que se realizou plenamente no modernismo. Na verdade, com Oswald, que representava o próprio sarcasmo e com Mário, eterno desbravador, Bandeira conseguiu formar a "trinca" modernista que, com seu humor crítico, fecha com bravura. Só ele tratou a palavra com tamanha ludicidade; só ele alcançou tão refinado ritmo; só ele consagrou o humor como traço característico do modernismo; e só ele alcançou a arte suprema do verso livre com uma pontuação ritmada. Só ele destacou o social sem meias-palavras e a política com uma imparcialidade incomum aos artistas em geral. É por isso tudo que Bandeira é um dos maiores poetas da modernidade literária no Brasil. E é por isso que seu nome ainda hoje é exaltado no meio artístico-literário nacional!
André Cervinskis é produtor cultural, estudioso da obra bandeiriana e autor do livro A Identidade do Brasil em Manuel Bandeira. Leia a versão integral desse artigo em www.jornaldedebates.com.br/flip
A prosa da vida inteira de Manuel Bandeira Cida Almeida Ultimamente, o que mais tenho feito na vida é bestar. E com toda a fineza da conjugação e o bom humor do verbo preferido de Manuel Bandeira: bestar. E o melhor de tudo, bestando com a prosa viva e inteligente de Bandeira, o velho bardo que nos legou uma vida inteira de poesia, mas também uma prosa deliciosa de se ouvir, mesmo agora, vinda lá dos confins do século passado. E tenho bestado em todos os sentidos da palavra com Manuel. Assim, fico besta de pura admiração, de ver o quanto a prosa de Manu é instigante, divertida, bem-humorada e instrutiva; e ando bestando de vagabundear mesmo, indo ao léu das coisas, ao sabor do vento, sem compromisso e nem grandes preocupações na minha inquieta navegação pelo mundo da leitura. Digo: é uma das melhores coisas do mundo bestar com Manuel Bandeira. Um livro atrás do outro; vários livros ao mesmo tempo. A prosa de Bandeira é essencial para se compreender melhor o Brasil, os nossos artistas, as obras que compõem o painel profundo de nossa
alma e identidade. E Bandeira, sempre sintonizado com o homem da rua, revela o Brasil para os brasileiros. Esse é um legado da prosa de Bandeira que se incorpora ao nosso patrimônio. E está ao alcance da mão, nos livros. Cada crônica é uma aula de Brasil, porque o circunstancial em Bandeira é valioso. E Bandeira atualiza o Brasil para além do século em que viveu e produziu a sua obra. Arqueólogo da nossa alma mergulhou no fundo do poço dos nossos primórdios para resgatar das sombras das verdes matas a nossa produção artística. Entre uma poesia e outra, os altos e baixos da saúde precária, o ofício de professor, a predileção comovente pelas janelas e pelas ruas, Bandeira estudava. E estudava muito. E estudava com dedicação e esmero metódico de historiador. Lia relatórios, documentos de sacristia, livros e mais livros de historiadores de outros tempos e de além-mar e escrevia cartas para estudiosos e bibliotecas mundo afora. E Bandeira não se contentava apenas com a pesquisa documental e livresca, ele viajava.
Interessava-se por arquitetura, música, balé, pintura, violão, desenho, escultura e conversas do homem da rua. E apesar dos pulmões comprometidos pela tísica (tuberculose), da qual felizmente se curou, o homem tinha fôlego e tenacidade. Nas suas prosaicas escrevinhações Bandeira debruça o olhar sobre a imensa janela do Brasil de seu tempo e de outros tempos e vai lustrando o espelho de nossas artes e artimanhas. Muito bom viajar com Bandeira pelas crônicas da Província do Brasil, ouvir a sua sensível Flauta de Papel perenizada nas páginas dos jornais e segui-lo nos vôos brasileiríssimos de Andorinha, Andorinha (publicação póstuma, organizada por Carlos Drummond de Andrade), com aquela vontade de um de seus versos batendo asas de andorinha no corpo da gente, passar a vida à toa, à toa, bestando, bestando com a riqueza nossa de sua prosa que também dá em poesia. Cida Almeida é jornalista e poetisa. Lançou em 2008 o livro de poesias Flor da Pedra, com apoio da Lei de Incentivo à Cultura da Prefeitura de Goiânia. Leia a versão integral desse artigo em www.jornaldedebates.com.br/flip
#cartas E enquanto anoitece, vou lendo, sossegado e só, as cartas que meu avô escrevia a minha avó.
#sapos vede como primo em comer os hiatos! que arte! e nunca rimo os termos cognatos.
#bodaespiritual E te amo como sem ama um passarinho morto.
#epilogo Eu quis um dia, como Schumann, compor um carnaval todo subjetivo: um carnaval em que só o motivo fosse meu próprio ser interior.
#sorriso Vinha caindo a tarde. Era um poema de agosto. A sombra já encantava as moitas. A umidade aveludava o musgo. E tanta suavidade. Havia, de fazer chorar nesse sol-posto. a #antonionobre Mas tu dormiste em paz como as crianças. Sorriu a Glória às tuas esperanças. E beijoute na boca... O lindo Som! #bacanal quero beber! cantar asneiras. No esto brutal das bebedeiras que tudo emborca, e faz em caco... #evoébaco! #vulgivaga Não posso crer que se conceba do amor senão o gozo físico! O meu amante morreu bêbado. E meu marido morreu tísico.
#filhadorei aquela cor de cabelos que eu vi na filha do rei – mas vi tão subitamente – será a mesma cor da axila, do maravilhoso pente? como agora saberei? #vulgivaga esse era médico. um, poeta. outro, nem sei mais. tive em meu leito enciclopédico todas as artes liberais. #martelo as rodas rangem na curva dos trilhos. Inexoravelmente. #maçã por um lado de vejo como um seio murcho. pelo outro te vejo como um ventre de cujo umbigo pende ainda o cordão placentário.
a primeira vez que eu vi #teresa, achei que ela tinha pernas estúpidas. achei também que a cara parecia uma perna. #mozartnoceu a Virgem beijou-o na testa, e desde então Wolfgang Amadeus Mozart foi o mais moço dos anjos. #voumeemboraprapasargada Lá a existência é uma aventura, de tal modo inconsequente, que Joana, a Louca de Espanha, Rainha e falsa demente, vem a ser contraparente da nora que nunca tive. #poetica não quero mais saber do lirismo que não é libertação. quando vi #teresa de novo, achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo (os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse). Da terceira vez, não vi mais nada. assim eu queria que fosse meu #último poema.
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Participe pelo celular das edições especiais do Jornal de Debates. Envie seus microcontos por sms para 81467930 (não esqueça de se identificar). Amanhã, quintafeira, o tema da edição é Quadrinhos. Você também pode mandar seus microcontos pela internet, usando o site de microblogging Twitter (http://twitter.com). É só escrever a tag #jdflip na mensagem. Ou então mande e-mail para contato@jornaldedebates.com.br.
Procura-se: o melhor ponto de encontro da Flip. Envie suas sugestões de eventos que acontecem em Paraty amanhã, quinta-feira, mas que não fazem parte da programação oficial do Festival, por sms para o número 81467930. Você também pode mandar suas sugestões de Agenda pela internet, usando o Twitter. É só escrever a tag #jdflip na mensagem. Ou então mande email para contato@jornaldedebates.com.br.