Volume 1, edição 1
Por: Bruna Lima, Daniele Ribeiro, Francisco Santos, Leonardo Saraiva e Ramon Teles.
26/01/16
Feminismo e Cibercultura O manifesto ciborgue
NESTA EDIÇÃO: O manifesto ciborgue
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O ciborgue de Haraway
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Os Ciberfeminismo—VNS Matrix
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Os Ciberfeminismo—The Old Boys
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Ciência, tecnologia e feminismosocialista ao final do século XX,de Donna Haraway, propôe um avanço ao ideal feminista baseado na concepção inicial de Ciborgue, que é de um corpo potencializado para além dos limites humanos, através da tecnologia, intrisecamente ligado a cultura ciberpunk. Baseado nos estudos de Donna Haraway, surge o Manifesto Ciberfeminista em 1991, a origem do termo é do grupo VNS Matrix, da cidade de Adelaide, Austrália. Haraway entendia que o feminismo deveria fazer uso dos meios tecnológicos tanto para propagar sua ideologia e assim realizar ativismos organizados em redes, como para dar visibilidade às suas pautas políticas de mobilização social, sendo também um novo patamar do pensamento crítico de Haraway ás vertentes
feministas que negavam a tecnologia em afirmação a naturalidade da mulher. 6 anos depois acontece na Alemanha a primeira internacional ciberfeminista em Kassel, Alemanha, e ficou compreendido que a representação da mulher nos meios tecnológicos necessitava de mudanças. Assim como depois se entendeu que mudanças na própria atuação da ideologia feminista devia ser revista frente, além das novas tecnologias de comunicação e seu acesso em rede, à corrente de estudos do pós-humano. O pós-humano, é o surgimento da ideia da união entre o corpo e a máquina, físico e virtual que permeou a literatura dos anos 80, em especial os subgêneros que surgiram a partir da ficção ciêntifica clássica, ciberpunk, termo surgido do conto
homônimo de Bruce Bethke sobre um grupo de jovens hacker, ganhou verdadeira assimilação cultural com o livro Neuromancer de Willian Gibson, de onde surgiu além da expressão “ciberespaço” uma amplitude do sentido original de ciberpunk, a ciborgficação, simulação digital pela matrix e os maleficios e benefícios da tecnologia cada vez mais convertida no ser humano como libertação ou submissão.
Com a popularização do ciberpunk... conceitos ciêntificos foram sendo desenvolvidos nas áreas da biologia, informática e a cibernética, convergidos uns com os outros, a partir de uma sociedade líquida na qual nada é sólido e fixo assim como afirma Santaella e Bauman, perderam sua naturalidade. Nesse sentido de transgração dos locais oficiais socialmente
criados em colapso, a ideia feminista se empossa desse ideal no sentido do próprio corpo, fortalescendo o ativismo nas redes, na cultura usando de alicerce o ideal ciberpunk de luta contra um sistema opressor monopólio empresarial/ patriarcado nas artes em geral, especialmente mani-
festações artísticas corporáis. Para Haraway existe uma crise no ideal de naturalidade do corpo, o conceito de ciborgue reforçou o discurso feminista para além de sua própria natureza física enquanto sujeito transformador. Nas palavras de Haraway “prefiro ser uma ciborgue a uma deusa”
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“O esforço é por uma nova narrativa, a construção de “novos mitos”, através do estabelecimento de redes de afinidade tendo como suporte para tal o uso de redes tecnológicas.”
FEMINISMO E CIBERCULTURA
O Ciborgue de Haraway Donna Haraway convida os movimentos feministas a repensar suas estratégias políticas para criação de uma nova narrativa do feminino como discurso político e estético, assim modificando o conceito de Ciborgue que, de início, seria um híbrido entre criatura orgânica e máquina, mas que Haraway logo alterou, dizendo que o ideal seria caracterizá-lo como “uma criatura de reali-
dade social e também uma criatura de ficção”. Cyberfeminist Manifest for the 21st century—VNS MATRIX (1991)
O ciborgue é como um“eu-pessoal” mas também coletivo. Esse é
o eu que as feministas devem ao ciborgue. “O
esforço é por uma nova narrativa, a construção de “novos mitos”, através do estabelecimento de redes de afinidade tendo como suporte para tal o uso de redes tecnológicas.” É visto que, no momento em que as novas tecnologias cibernéticas de poder começam a tomar posição e a penetrar nos corpos das pessoas, novos tipos de subjetividades e novos tipos de organismo foram gerados. Em suma, um ciborgue é um organismo cibernético e uma cria-
tura de realidade social, que também é ficção. Os movimentos internacionais das mulheres têm construído aquilo que se pode chamar de “experiência das mulheres”, essa experiência é tanto ficcional quanto política, o que nos leva a crer que o ciborgue trata de ficção e também de experiência vivida.
OS CIBERFEMINISMOS - VNS MATRIX O coletivo VNS Matrix (Venus Matrix), foram as pioneiras do ciberfeminismo, composto por Josephine Starrs, Julianne Pierce, Francesca da Rimini e Virginia Barratt. Na época do surgimento, elas foram responsáveis por uma série de intervenções feministas voltado para as garotas. Como o Cyberfeminist Manifesto for the 21st century (1991), que foi o primeiro manifesto ciberfeminista e pelo Bitch Mutant Manifesto (1996), ambos faziam uma forte apologia a fusão do corpo feminino com as tecnologias. O primeiro declara “o clitóris é uma linha direta para a matriz”, e o segundo afirma “que a identidade explode em múltiplos morfismos e que infiltra pela raiz. Dessa maneira, seguindo a questão do corpo, aparece a questão das identidades. VNS Matrix, usavam estratégias como a ironia e a inversão cultural de estereótipos para levantar algumas das questões sobre mulher e tecnologia. “All New Gen” (1993) era um desses trabalhos e que partia do ponto de desestruturação de ideologias machistas sobre a tecnologia. Esses trabalhos da VNS matrix, são de difícil visualização, existem muitas referencias em artigos pela rede, mas, com o fim do grupo em 1997, esses registros sobre suas ações se concentram mais em artigos acadêmicos. Como por exemplo esses dois trabalhos citados, que já não se encontram mais na internet.
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Em suma, o VNS Matrix aparece como uma primeira vertente, aplicando vários conceitos extraídos do Manifesto Ciborgue de Haraway. A utopia ciberfeminista no trabalho das VNS Matrix é plantada através de um ideário de descorporificação e pelo fim de dualismos. Tudo poderia ser codificado, inclusive os corpos e os sexos.
“ciborgue é a criatura em um mundo de pósgênero”
Os Ciberfeminismoss - The Old Boys Network Em 1997, aconteceu em Kassel, Alemanha, a 1ª Internacional Ciberfeminista. Primeira aliança reconhecida. Neste evento surge a Old Boys Network como uma aliança que une, através da Internet, grupos de ciberativistas, artistas e teóricos, que se definem e atuam como ciberfeministas. A proposta do grupo era de desarticulação e ironia. Os discursos e a forma de apresentação do “coletivo temporário” pregavam a permanência pela indefinição do termo Ciberfeminismo. Mesmo que as participantes chamassem a si mesmas de ciberfeministas, esse posicionamento indicava uma ambivalência profunda na relação das mulheres com a teoria e prática do feminismo, e sua relevância para as condições atuais de imersão das mulheres na tecnologia. O próprio nome do grupo é também um ponto icônico em sua proposta, Old Boys Network, satiriza de maneira irônica as irmandades masculinas, tradicionais em universidades europeias e norte-americanas. A despeito da intenção do grupo de deixar indefinido o termo ciberfeminismo, para assim manter livres as atuações e alinhamentos teóricos do grupo, a Old Boys Network se define como uma coalizão dedicada ao ciberfeminismo. A preocupação da OBN era a de construir espaços nos quais ciberfeministas pudessem pesquisar experimentar, comunicar e agir. Apesar de terem trabalhado sem uma definição para o termo, a OBN escreveu o manifesto 100 Anti-theses (1997), onde o grupo elabora 100 teses definindo o que o ciberfeminismo é pelo que ele não é. Ao negar uma definição, aqui alguns exemplos: O ciberfeminismo não é definição; O ciberfeminismo não é tradição; O ciberfeminismo não é maternalista…