URBANISMO VERTICAL PROJETO DE EDIFICIO DE USO MISTO PARA A CIDADE DE SAO PAULO
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URBANISMO VERTICAL PROJETO DE EDIFICIO DE USO MISTO PARA A CIDADE DE SAO PAULO
FERNANDA INVERNISE DE MORAES ORIENTADORA: JOANA CARLA SOARES GONCALVES
TRABALHO FINAL DE GRADUACAO FAU USP, NOVEMBRO DE 2013
AGRADECIMENTOS Quando se é criança, imagina-se que entrar na faculdade vai demorar uma eternidade para acontecer, quanto mais sair dela. Mas o tempo passa muito mais rápido do que podemos imaginar e quando paro para pensar em tudo o que vivi, mal dá para acreditar que foram seis anos. É engraçado, na verdade, porque tanta coisa aconteceu que parece que não caberia nesses anos, mas, ao mesmo tempo, foi tudo tão rápido que parece ter sido num piscar de olhos. Queria agradecer a todos que participaram desses longos, curtos, rápidos e demorados anos do que dizem ser a melhor época da vida de uma pessoa, assim como todos que contribuíram de alguma maneira para que eu chegasse até aqui. Agradeço por tudo que vivi dentro e fora da faculdade, fazendo trabalhos ou indo para festas e viajando; pelo companheirismo, cumplicidade e suporte durante os últimos anos; e pelo que cada um me ensinou. O meu muito obrigada a Rafaella, Renan, Cesar, Aline, Nuno, Sarah, Bruno e a todos do Farofa; ao Vitor; aos outros amigos da T61 e da FAU, em geral; aos amigos de antes da faculdade; aos amigos de Paris; e, principalmente, a os meus pais Taisa e Sergio, meu irmão Gustavo e a toda minha família, sem a qual eu não estaria nem perto de ser quem eu sou hoje. Obrigada também às minhas orientadoras durante o TFG, Roberta e Joana, por me guiarem durante essa etapa final e saberem me ajudar a conduzir meu trabalho com a liberdade que todos alunos deveriam ter.
Sou muito agradecida por tudo e a todos. Com carinho.
SUMARIO Introdução
7
Surgimento do arranha-céu
11
Mundo urbanizado
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Urbanismo vertical
33
Referências de projeto
45
Escolha do terreno
55
Estudo do terreno
67
Definição do programa
83
Conceituação
89
Estudos volumétricos
93
Projeto final
103
Referências Bibliográficas
149
INTRODUCAO “ The city is first and foremost a meeting place for people” Ken Yeang (2002, 101).
O mundo se urbanizou e hoje a maioria da população mundial vive nas cidades, que continuam atraindo um contingente populacional cada vez maior. Para que as cidades não comecem a expandir desenfreadamente seus limites, mas ainda assim consigam abrigar toda essa demanda, é necessário que elas se desenvolvam dentro de si mesmas, utilizando lotes vazios ou sub-ocupados.
“Tall buildings, if only by being tall, look to stand out in a crowd. In time they may become the crowd, but it is always their intention to speak up, to declare, indeed, even persuade us of their novelty, their sumptuousness, their responsibility to social needs and ideals, their outright beauty, and their abstraction” Guy Nordenson (2003, 11)
Com base no livro Reinventing the Skyscraper, de Ken Yeang, que prevê o edifício alto como extensão da cidade, foi realizado o projeto de um edifício de uso misto para uma região bem servida de transporte público da cidade de São Paulo, com qualidade suficiente para atrair pessoas para o céu e oferecendo a elas a diversidade existente em um centro urbano. O tema foi escolhido quando tive que realizar um seminário para uma matéria da FAU, para o qual tive que ler o referido livro. Durante os momentos de leitura, surgiu uma inquietação: como? A teoria de levar a cidade para dentro do edifício é linda, mas como aplicá-la em uma metrópole como São Paulo de modo que o edifício não vire somente uma sobreposição de andares com 7
dois usos diferentes? Porque o próprio Ken Yeang não conseguiu tirar do papel tudo o que diz? A partir disso, resolvi tentar responder a uma dessas perguntas e descobrir como uma cidade vertical se encaixaria nesse mar de edifícios que é a cidade de São Paulo.
“Another urban feature of the tall building that continue to develop is the ‘city within the city’, first used to describe the heterogeneous program of Rockfeller Center’s cluster of tall buildings in Midtown Manhattan, many contemporary tall buildings are conceived to expand and magnify the public domain, and are thus more permeable and transparent (...) now many recent tall buildings also seek to extend the activities of the street into the structure, not least of all by locating the structures above existing transportation centers and linking the tall building with local and regional transport” Terence Riley (2003, 09)
A intenção principal do trabalho é, portanto, levar a cidade para dentro do edifício, pensando também no seu entorno, como uma maneira de adensamento inteligente e de melhoria da qualidade do território.
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Figura 01 | Apresentação do elevador na Exposição de NY, em 1853. Fonte: Otis
Figuras 02 e 03 | Leiter Building e planta. Fonte: http://en.structurae. de 10
O SURGIMENTO DO ARRANHA-CEU No decorrer da história da arquitetura, até o período da Revolução Industrial, os edifícios de uso cotidiano dificilmente possuíam múltiplos andares, com exceção de torres de templos e monumentos como obeliscos, faróis etc. O maior gabarito a que chegavam era de cinco andares e isso contava basicamente com duas razões de ser: (1) escadas, visto que ninguém se dispunha a subir até andares muito mais altos do que isso, e (2) ausência de sistemas construtivos e tecnológicos adequados1, já que, no caso da alvenaria, as paredes tinham que ser muito grossas para suportar os outros andares e o vento.
1. De acordo com Borges (1999), até o ano de 1750, as habitações contavam com poucos materiais para serem construídas: pedra, madeira e tijolo de barro, basicamente. O ferro foi surgir só nesse ano e o concreto armado, um século depois.
A solução para o primeiro problema veio em 1853, quando Elisha Graves Otis inaugurou a primeira fábrica de elevadores e, no ano seguinte, quando a novidade foi apresentada na Feira Mundial e na Exposição do Palácio de Cristal [Figura 01], ambas em Nova Iorque. Com essa invenção principalmente, e outras como telefone e correio pneumático, tornava-se possível a ocupação do espaço vertical do planeta2. Quanto à segunda questão, ela foi sendo resolvida conforme a tecnologia de materiais e técnicas foi evoluindo e permitindo que cargas menores chegassem até a base dos edifícios.
2. Fonte: Otis
Foi em Chicago, apos o incêndio de 1871, que surgiu o primeiro edifício alto. Com a necessidade de reconstrução de boa parte da cidade, muitas obras foram feitas definindo o que seria a nova Chicago, e, entre elas, surgiu o Leiter Building [Figuras 02 e 03], em 1879, projetado por William Le Baron Jenney. Sua estrutura reticulada de aço com sustentação externa por pilares de alvenaria permitia o aumento da altura do edifício sem sobrecarregar excessivamente os pilares inferiores, além da abertura de amplas janelas para garantir a iluminação natural do pavimento (BORGES, 1999). Ainda no final do século XIX, em Chicago, como forma de afirmar o poder econômico do setor de construção dos Estados Unidos, Louis Sullivan marcou a história dos edifícios altos da cidade moderna quebrando a primeira restrição de altura e projetando edifícios que possuíam 10 andares, baseados nas primeiras idéias do conceito modernista “forma segue a função”, como resposta ao crescimento da cultura de escritórios moderna. No final desse século, os edifícios foram classificados como skyscrapers 11
Figura 04 | Tribune Tower, feito por Howells & Hood Foto: Nicolas Janberg Figura 05 | Chrysler Building, feito por William Van Allen. Foto: David Shankbone Figura 06 | Empire state Building,
feito por William F. Lamb. Foto: Juniortrlima
e Chicago e Nova Iorque iniciaram a corrida pelo arranha-céu mais alto do mundo (GONÇALVES, 2010). Para controlar a expansão de edifícios altos, algumas cidades impuseram, nessa época, limites de altura: “29m em Paris, 63m em Chicago, Nova Iorque sem limite” (BORGES, 1999, 54). Entre os anos de 1920 e 1930, a tipologia do edifício alto já era amplamente difundida em Nova Iorque e Chicago, enquanto que na Europa ela estourou depois da Segunda Guerra Mundial e, na Ásia e no Oriente Médio, nas últimas décadas do século passado.
1925 – Tribune Tower – Chicago – 141m [Figura 04] 1930 – Chrysler Building – New York – 319m [Figura 05] 1932 – Empire State Building – New York – 381m [Figura 06]
Em diversos casos da cidade moderna, o surgimento de edifícios altos está relacionado com mais do que obter mais lucro devido ao alto valor da terra, tem a ver com a imagem inerente à verticalidade. Mas em sua maioria, foi uma resposta e conseqüência das mudanças econômicas e industriais ocorridas. Tanto que vários edifícios utópicos foram projetados por grandes nomes da arquitetura (Le Corbusier, Louis Kan, Frank Lloyd Wright) inspirados pelas evoluções da indústria de sua época.
1923 – Cartesian Skyscraper de Le Corbusier (somente idealizado)
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Figuras 07 a 09 | Seagram Building e outros dois edifícios que seguem o International Style. Estes são de São Paulo e Otawa, mas poderiam estar em qualquer outra parte do mundo.
Vantagens econômicas associadas com métodos rápidos de construção, ao lado de oportunidades tecnológicas e inovações oferecidas pelas estruturas em aço, pelo desenvolvimento de cortinas de vidro (curtain walls) e pelos avanços no campo do condicionamento do ar e sistemas artificiais de iluminação, anunciaram a chegada, em 1925, do chamado International Style (Frampton, 1985 in GONÇALVES, 2010), tendo tido um grande impacto na América do Norte e nos edifícios de escritórios ao redor do mundo nas décadas que se seguiram [Figuras 07 a 09]. Contudo, sua contínua repetição e banalização das características de projeto, o transformou em um modelo de fracas relações contextuais com a cultura, clima e entorno urbanos. Gonçalves (2010) relata que no período do pós-guerra dos Estados Unidos, os estilos art-nouveau e art-déco, muito fortes até então, foram sendo substituídos pelas linhas retas e formas retangulares do modernismo. Mies van de Rohe desenvolveu idéias do que seria o novo arranha-céu, baseado nos conceitos de forma pura, claridade estrutural, transparência e controle total das condições ambientais internas, no qual a caixa retangular seria o resultado da extrusão de um pavimento tipo, como acontece no edifício do Seagram, feito por ele e Philip Johnson, e cujas regras da cultura comercial seguiram dominantes até os dias de hoje. Até então, os edifícios dependiam totalmente das condições externas para a definição do ambiente interno, quanto à iluminação e ventilação, como ocorreu com o Empire State Building e o Chrysler Building, em Nova Iorque; e com o advento do ar-condicionado (principalmente a partir dos anos 50) e iluminação artificial, passou a ser possível prover condições desejáveis de habitabilidade para o meio interno sem necessariamente ter contato com o ambiente externo. Nos anos 70, o modelo europeu voltou-se para a concepção linear do edifício, com salas menores e independentes que contavam com sua própria janela para iluminação e ventilação naturais, além de maior conforto acústico. Enquanto que na América do Norte, os Estados Unidos, prevaleceram os grandes escritórios de planta livre, o qual favorecia a comunicação interna e, teoricamente, a produtividade. Na década de 80, depois da crise energética dos anos anteriores, muito 13
Figura 10 | Docklands (Londres)
Figura 11 | Battery Park City (Nova
Iorque). Foto: Michael Yamashita.
Figura 12 | Vista aérea de São
Paulo mostra espraiamento de arranha-céus pela cidade. 14
Figura 13 | Os edifícios mais altos do mundo, em 2013. Fonte: The Skyscraper Page.
investimento foi feito em transformações urbanas e construção de novos edifícios altos, foi quando surgiram as Docklands [Figura 10], em Londres, e o Battery Park City [Figura 11], em Nova Iorque (GONÇALVES, 2010). Nesse mesmo período, devido a mencionada crise, questões ambientais e aplicadas ao projeto de arquitetura entraram em voga internacionalmente, sobretudo após a publicação do relatório da Comissão Brundtland, Our Common Future, em 1987, e o desenvolvimento da Agenda 21, em 1992. Ambos visavam um futuro mais sustentável. Nos anos 90, os edifícios altos tornaram-se símbolos da maturidade econômica e se espalharam pelos centros financeiros de todos os países em desenvolvimento. Isso provocou a rápida transformação do desenho de algumas cidades, como Singapura, Xangai, Beijing e São Paulo [Figura 12]. Mas foi também nesses anos que começaram a surgir, na Europa, os edifícios com foco na eficiência energética prevista na agenda arquitetônica. Iniciativas européias adicionaram a questão da performance ambiental como ponto chave de discussão para repensar e redefinir a qualidade ambiental de ambientes internos, na micro escala, e o impacto de grandes estruturas na infraestrutura da cidade e no ambiente urbano, na macro escala. É interessante notar que o primeiro edifício alto dessa nova geração foi o Hong Kong and Shanghai Banking Corporation (HSBC), em 1986, em Hong Kong, o qual tinha como objetivo uma boa iluminação natural, a qual moldou seus espaços internos (GONÇALVES, 2010, 11). E a corrida pelo edifício mais alto continua: em Kuala Lumpur ficam prontas, em 1997, as Petronas Towers, com 452m de altura. Em 1998 fica pronto o edifício sede da Commerzbank [Figuras 14 e 15], em Frankfurt, focando em estratégias passivas e soluções técnicas para alcançar a performance ambiental almejada. O prédio é ventilado naturalmente ao longo de toda sua extensão, através do conceito de vilas verticais (vertical villages), que o dividia em 4 prédios de 12 andares cada. Seu átrio é conectado com o exterior através de jardins que permitem a entrada mais profunda de luz natural e criam uma ligação entre o interior e o exterior (GONÇALVES, 15
Figuras 14 e 15 | Planta e croqui
do Commerzbank, em Frankfurt. Fonte: Foster and Partners.
2010). Ainda nos anos 90, Ken Yeang ganha reconhecimento internacional por sua arquitetura ecológica. Nos anos 2000, ele desenvolveu a idéia do edifício como objeto de planejamento urbano, propondo uma integração ainda utópica entre ele e o meio natural. Seu trabalho passou então a ser classificado como urbanismo vertical. Ele foi pioneiro no desenvolvimento de edifícios altos mais responsáveis ambientalmente, desafiando as caixas de vidro espalhadas principalmente por seu continente asiático, contudo poucos de seus projetos foram construídos, ficando somente no campo téorico e deixando dúvida quanto ao desempenho de suas teorias. Como não pode deixar de ser mencionado, o Oriente Médio tem se destacado muito quanto a altura de seus prédios, nas últimas décadas. Contudo eles são fortemente criticados quanto a ausência de relação com seu entorno, não possuindo nenhum senso de urbanidade e sendo considerados pobres em suas condições físicas, sociais e ambientais. Nestes casos, os problemas quanto a esfera pública são os principais relacionados aos novos edifícios altos e entram na lista dos que devem ser resolvidos em busca de uma cidade mais sustentável. Em 2010, o edifício Burj Khalifa, em Dubai, tornou-se o mais alto no mundo, com 828m de altura, segundo o Council on Tall Buildings and Urban Habitat (CTBUH), contudo outros já tentam roubar esse posto.
SÃO PAULO “ao contrário de cidades onde podemos fazer a ‘leitura’ de sua história nos edifícios, o crescimento de São Paulo se deu com o sacrifício de seu passado. Perdulariamente, ao invés de construir ‘ao lado’, construiu-se ‘em cima’” (TOLEDO, 1983, p.174) 16
Figura 16 | Edifício Casa Médici, em 1920.
Para contar um pouco sobre o surgimento e desenvolvimento dos arranhacéus na cidade de São Paulo, utilizarei a divisão do tempo em 7 períodos, feita por Nadia Somekh (2013) a partir das características principais de cada um deles.
1920-1940 | Verticalização européia No início do século XX, a França era exemplo para o Brasil em quase tudo, inclusive no que tangia a remodelagem e reurbanização de cidades. A capital federal da época, o Rio de Janeiro, estava passando por grandes modificações baseadas em Paris, como a abertura de grandes avenidas (boulevards) e praças; com base nisso, São Paulo começou também a se urbanizar. No final do século XIX, mais precisamente em 1892, havia sido inaugurado na cidade o Viaduto do Chá, o qual deu o pontapé inicial para a urbanização. Nessa mesma época, avenidas estavam sendo abertas, como a Higienópolis e a Paulista, as quais criaram novos bairros de elite, principalmente. A primeira das construções elevadas de São Paulo foi o Edifício Casa Médici [Figura 16], em 1912, projetado por Samuel das Neves. Foi construído em um terreno em declive na esquina das ruas Líbero Badaró e a Rua Doutor Falcão Filho. Devido ao desnível, ele possui térreo mais 5 pavimentos na primeira rua e 3 pavimentos mais na outra rua, totalizando 9 andares. A base da economia paulistana muda, nessa época, do café para a indústria, ao mesmo tempo em que a cidade perde seu ar europeu: com a evolução da tecnologia de estruturas e o surgimento do elevador, não há mais necessidade de se ater a um gabarito máximo, visto que a verticalização da cidade aparecia como vantagem econômica. Por ser tão vantajoso, os edifícios possuíam coeficientes de aproveitamento muito altos, por estarem sempre alinhados com as ruas e ocupar o terreno em quase sua totalidade. É nesse contexto que é promulgada, em novembro de 1920, a Lei 2.322, ou o Código de Sabóia, que determina que a altura máxima 17
Figuras 17 e 18 | Postais dos
Edifícios Sampaio Moreira e Martinelli, das décadas de 1920 e 1930, respectivamente.
para edifícios sem recuos não poderia ultrapassar três vezes a largura da rua quando esta fosse maior que 12 metros; duas vezes e meia para ruas entre 9 e 12 metros; e duas vezes para ruas com menos de 9 metros. Induzia-se a uma cidade com quarteirões de volumetria compacta e fachadas contínuas, mais alta que a formação precedente. Rino Levi defendia, já em 1935, uma cidade vertical concentrada, mas de ocupação semi-intensiva, com maior racionalidade no uso da infraestrutura urbana, como estratégia para conter sua expansão desordenada.
1924 – Edifício Sampaio Moreira – 12 andares – 8000m2 – CA=12 1929 – Edifício Martinelli – 25 andares – 45000m2 – CA=22
Durante os anos 30 e 40, foi consolidada a fase rentista na cidade de São Paulo, visto que o fato da grande parte dos edifícios ter sido produzida para aluguel representava uma boa opção de investimento. De acordo com Somekh (2013), em 1939 foram erguidos 813 edifícios, dos quais 70% estavam no centro da cidade, sendo 65% deles para alugar (fossem eles comerciais ou residenciais). Essa situação foi regulamentada em 1942, com a Lei do Inquilinato. Interessante mencionar que os edifícios residenciais não foram bem aceitos desde o princípio. Eram revolucionários ao empilhar habitações e ameaçavam costumes que vinham desde o tempo colonial, segundo Reis Filho (1978) apud Somekh. Contudo, alguns deles, voltados para alta renda, tiveram êxito imediato no bairro de Higienópolis principalmente, mesmo com o preconceito e a critica da imprensa. As normas de etiqueta e sociabilidade pouco haviam mudado nos anos 1930 e os indivíduos eram qualificados pelo que possuíam, o que acontece ainda hoje. Assim, quem morava em um edifício modernista alcançava uma posição de destaque, pois, além dos equipamentos de luxo, o edifício oferecia aos moradores uma condição moderna de viver. 18
Figuras 19 e 20 | Avenida São João (1954) e Avenida Nove de Julho (1947).
1940-1957 | Verticalização americana São Paulo passou a viver, em menor escala, o mesmo fenômeno dos Estados Unidos: a febre dos arranha-céus, a qual pode ser explicada pela valorização dos terrenos e pelo significado do edifício alto em si, ou seja, a idéia de modernidade. O período caracteriza-se, conforme Somekh (2013) pela verticalização predominantemente residencial nos bairros próximos ao Centro. Cresce a ocupação de solo para edifícios e a substituição de sobrados por prédios torna-se cada vez mais freqüente. Nessa época também é implementado o Plano de Avenidas, o qual preparava a cidade para o automóvel em detrimento do transporte coletivo. Este foi ficando de lado quando a Light deixou de ser obrigada a oferecer estes serviços, deixando tudo a cargo da Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC), que começou a funcionar em 1947 e sempre foi ineficiente.
1957-1967 | Verticalização do automóvel Nos anos 50, ocorreu na cidade de São Paulo, um boom imobiliário, durante o qual houve a expansão de áreas periféricas ainda não verticalizadas e o adensamento das áreas próximas ao centro, com destaque para os edifícios altos. Isso se deu em função da legislação vigente, que estabelecia, até 1957, um coeficiente de aproveitamento do solo, que variava de 8 a 10 vezes a área do terreno. A partir de julho de 1957, com a edição da Lei 5.261, tais coeficientes foram restringidos a 6 vezes a área do terreno, no caso de uso comercial, e a 4, para uso residencial; além disso foi fixada a cota mínima de terreno por apartamento como 35m2, o que diminuiria congestionamentos advindos da verticalidade e protegeria as famílias. Esta última medida acabou elitizando os apartamentos, mas, ainda assim, o edifício de apartamentos transformou-se em um dos marcos mais reveladores dos novos modos de vida da sociedade paulistana (MEYER, 1991). 19
Figuras 21 e 22 | Trânsito na Rua
da Consolação (1968) e vista da construção do Elevado Costa e Silva (Minhocão) a partir da Rua Amaral Gurgel (1970), retratando o enfoque dado para o transporte individual.
Apesar de já bem verticalizado, alguns edifícios ainda surgem no Centro nessa época:
1957-64 – Edifício Itália – 46 andares – 151m de altura 1960 – Mirante do Vale – 51 andares – 170m de altura
Em 1966, o coeficiente de aproveitamento foi igualado para ambos os tipos de edificações. Além disso, com o desenvolvimento da indústria automobilística e a verticalização da cidade, grandes investimentos foram feitos na rede viária, com a construção de viadutos, pontilhões, ampliações de ruas e avenidas etc.
1967-1972 | Verticalização do milagre Esse período caracteriza-se pela verticalização residencial homogênea implementada por novos mecanismos governamentais. Surgem também novos bairros verticais: Itaim, Moema, Penha, Vila Madalena, Sumaré e Vila Prudente. O nível de crescimento da verticalização desse período não voltou a se repetir até hoje. “Somava-se aos bons resultados do setor imobiliário dos últimos anos a ameaça da aprovação de uma nova lei que limitaria os coeficientes de aproveitamentos dos lotes urbanos, o que ocasionou mais uma corrida de aprovação semelhante à de 1957, antes da aprovação da Lei no 5.261” (SOMEKH, 2013,114)
Esse período é conhecido como milagre econômico. Há uma maior demanda por bens de consumo duráveis, o que indica maior concentração de renda 20
Figura 23 | Projeto Nova Paulista, entre 1968 e 1974. Fonte: UOL.
por parte da população, mas também o envolvimento da intermediação financeira na compra de bens de consumo, ou seja, expansão do crédito e endividamento das famílias. O governo voltou a investir na construção civil residencial e o Banco Nacional da Habitação (BNH) se fortaleceu. Nos primeiros anos, este era voltado para o mercado popular, porém o fenômeno da inadimplência fez com que, entre 1970 e 1974, passasse a destinar a maior parte das unidades ao mercado da classe média. Os juros cobrados foram diminuindo e o limite do valor do imóvel a ser financiado, aumentando, o que atraiu também usuários de rendas mais altas. Os transportes coletivos continuaram ruins: o bonde foi extinto e o metrô começou a ser construído, só que de modo muito mais dispendioso do que havia sido planejado por Prestes Maia. O foco continuou sendo o automóvel e sua rede viária.
1972-1988 | Verticalização pós-zoneamento Nesse período é desenvolvido o projeto Nova Paulista (surgiu em 1968), do qual resultaram os grandes edifícios que lá existem hoje. “53 proprietários de terrenos da Avenida Paulista doaram à Prefeitura as áreas necessárias para sua implantação e, em troca, poderiam construir edifícios com um coeficiente de aproveitamento aplicado sobre toda a área (área do terreno remanescente da obra mais a área doada” (SOMEKH, 2013,118)
A Lei do Zoneamento, de 1972, estabelece limitações aos coeficientes de aproveitamento dos terrenos urbanos ainda maiores que os de 1957. O crescimento vertical passa a ocupar grandes terrenos vazios em áreas periféricas da cidade e, não mais, reconstruí-la. O Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI) do município visava a disciplina do uso do solo, de forma a evitar as super concentrações que vinham acontecendo 21
em São Paulo. O zoneamento exigia que uma maior quantidade de área livre fosse deixada nos empreendimentos, o que implicava na existência de um maior número de pavimentos; então estes, para continuar a serem atrativos, foram ficando mais complexos. Surgiu a idéia de trazer o lazer para dentro do lote e, assim, os usuários pagariam não só pela área de seus apartamentos, mas também por toda a área livre.
1988-2004 | Verticalização negociada Ocorre o aumento da verticalização no setor sudoeste devido à criação de novas centralidades: “O zoneamento mais permissivo do Centro se deslocou para a Avenida Paulista, e o aumento dos preços fundiários aliado à oferta de terrenos em novas áreas estendeu para localizações mais recentes, como Faria Lima, Berrini e Marginal Pinheiros. Para Villaça (1998), o deslocamento das classes de mais alta renda atrai as atividades centrais, aumentando os preços fundiários e inviabilizando a localização formal dos mais pobres em áreas de oferta de emprego, processo que Gagliotti (2012) denomina ‘a produção do perto e do longe’” (SOMEKH, 2013,123)
A Lei 10.209/86 regulamenta as Operações Urbanas, iniciadas em 1988. Foi a primeira lei municipal a introduzir um mecanismo de retorno, para a municipalidade, da valorização que os imóveis adquirem mediante aumento de seu potencial construtivo (SOMEKH, 2013). O BNH e o Sistema Financeiro da Habitação chegam ao fim e, assim, as incorporadoras e construtoras passam a financiar seus compradores. Nesse período também surgem os consórcios imobiliários, que tinham como ponto forte a possibilidade de utilização do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) para aumentar o capital de compra do imóvel, contudo, se o interessado não fosse contemplado logo no começo, corria o risco de ter que esperar até 12 anos para conseguir sua casa própria.
2004-2011 | Verticalização metropolitana Desde o começo do novo milênio, a Grande São Paulo passou a se verticalizar muito mais rapidamente que a cidade em si. Isso se deu por motivos como baixo estoque de potencial construtivo da cidade e desenvolvimento dos municípios vizinhos, os quais possuíam preços menores e coeficientes de aproveitamento dos terrenos maiores. De acordo com o IBGE (Censo 2000 apud SOMEKH, 2013), havia 45 mil unidades residenciais vazias no Centro da cidade de São Paulo. Ou seja, houve um escape da população para as regiões periféricas da cidade. O Plano Diretor Estratégico, de 2002, gerou planos regionais como base para um novo zoneamento. Foi criado também o mecanismo da outorga 22
Figura 24 | Cidade de São Paulo (2010). Arquivo pessoal.
onerosa, que permite maior construção no lote mediante pagamento que deve ser revertido para a cidade. Ocorre a proliferação dos condomínios fechados murados, que buscam reduzir o numero de viagens numa cidade já congestionada, além de tentarem garantir maior segurança para seus moradores. A arquitetura foi se vendendo para as estratégias de marketing das construtoras e, segundo Somekh, foi perdendo historicamente sua qualidade, reproduzindo uma São Paulo sem a generosidade observada quando um edifício se abre e constrói a própria cidade. A cidade de São Paulo se verticalizou, mas não se tornou compacta, devido à falta de investimentos públicos no transporte coletivo, entre outros fatores.
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MUNDO URBANIZADO Deyan Sudjic3 escreveu, para a Conferência do Urban Age no Brasil, que “São Paulo é a clássica cidade, construída durante uma explosão industrial a partir de quase nada, com essa base industrial sendo o fator que torna a economia brasileira diferente. Ela progrediu muito além dos ciclos de altos e baixos de uma economia baseada em recursos naturais, como ocorre com seus vizinhos. São Paulo poderia ter sido uma Manchester, uma Xangai, ou uma Chicago. Mas, ao passo que o Rio perdeu a vontade de trabalhar apos ter perdido para Brasília sua condição de capital do país, São Paulo é uma segunda cidade que se tornou primeira. Sua infra-estrutura pode estar comprometida. Sua criminalidade é um problema grande. Mas, como Joanesburgo, São Paulo tem vitalidade e energia para se manter em movimento. São Paulo é uma autêntica metrópole, com a diversidade racial que o comprova, com bairros japoneses, árabes, balcânicos e outros” (SUDJIC in URBAN AGE, 2008)
3. Deyan Sudjic é diretor do Museu do Design, em Londres, Inglaterra. Mas também contribuiu para Schoolkids OZ, foi crítico de arquitetura para The Observer, reitor da Faculdade de Arte, Design e Arquitetura da Universidade de Kingston e co-presidente do Conselho Consultivo Urban Age .
E assim como São Paulo, toda cidade contemporânea passa por mudanças, modificações, construções e desconstruções que a tornam o que é hoje. A intenção dessa etapa do trabalho, portanto, é conhecer diversos tipos de urbanidade que se desenvolveram pelo mundo, sem o intuito de chegar a uma determinada conclusão. A maior parte dos dados aqui contidos foram retirados das publicações feitas nessa Conferência do Urban Age, em 2008, na cidade de São Paulo, para discutir, principalmente, o caminho que as cidade da América Latina vinham tomando nos últimos anos.
Desde 2007, mais da metade da população mundial vive em cidades. Na América Latina, 83% das pessoas vivem nas zonas urbanas e as migrações para as cidades estão acontecendo em um ritmo cada vez mais veloz. Nos últimos 50 anos, o número de cidades com mais de um milhão de habitantes 25
01 | Crescimento de populações urbanas em algumas cidades do mundo, por hora e com prjeção até 2015. Fonte: Urban Age. Mapa
Gráfico 01 | Crescimento
da população urbana do planeta por continentes. Fonte: Urban Age. Figura 25 (abaixo) | Cidades e suas
regiões metropolitanas. Cada imagem representa 315x315km2. Fonte: Urban Age.
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cresceu de 39 para 308 na Ásia, África e América Latina, enquanto que na América do Norte e Europa, foi de 37 para apenas 96. O Mapa 01 e o Gráfico 01 ao lado retratam o aumento populacional nas maiores cidades do mundo e por continentes. É evidente o crescimento explosivo dos países emergentes, em comparação à estabilidade dos países desenvolvidos. Isso justifica, de certa forma, todo o desenvolvimento ocorrido nos últimos anos (entre a metade e o final do século XX, principalmente) de forma atribulada nesses países em desenvolvimento, com aumento das densidades das grandes metrópoles, sem necessariamente haver alguma melhora na qualidade de vida. Pelo contrário, a grande atração populacional desses pólos e sua reduzida capacidade de absorção da população imigrante, faz com que cada vez mais gente se encontre em situações informais, com habitações precárias em locais proibidos, ausência de saneamento básico, energia elétrica, e condições básicas de salubridade para sua sobrevivência. A partir de agora serão discutidas 6 cidades, e suas respectivas regiões metropolitanas [Figura 25], de diferentes locais do mundo, as quais apresentam urbanidade distintas: São Paulo, Cidade do México, Nova Iorque, Londres, Mumbai e Xangai. À medida que as cidades crescem, seus limites podem passar a parecer cada vez mais obsoletos e não correspondentes à funcionalidade da cidade. São Paulo, por exemplo, possui pouco mais de 10 milhões de habitantes, enquanto que sua região metropolitana já ultrapassa os 19 milhões, dispersas inclusive por muitos assentamentos de periferia, como áreas industriais descentralizadas e favelas. Xangai, por sua vez, possui muitas terras aráveis dentro de seus 6mil km2, que abrangem também mais de 15 milhões de habitantes. A cidade de Londres aparece bem concentrada dentro de seu cinturão verde, mas apresenta muitas cidades ao seu redor que participam ativamente de sua vida econômica. Nova Iorque se expandiu tanto que sua região metropolitana chega a abranger cidades de outros estados. A Cidade do México, apesar de possuir em sua região metropolitana uma população muito semelhante com a de RMSP (pouco mais de 19 milhões de habitantes), está concentrada em aproximadamente 5000 km2, ou seja, cerca de 3000 km2 a menos que a cidade brasileira. A mesma coisa acontece com Mumbai. Isso pode ser melhor verificado na Figura 26, a qual retrata as áreas construídas das cidades em questão. É interessante notar que a área construída dos municípios não corresponde a de seus limites. São Paulo se expande para fora de seus limites, se estendendo horizontalmente, desenvolvendo sua periferia. Esse mesmo desenvolvimento acontece na Cidade do México e em Nova Iorque. Em Xangai fica evidente o grande número de fazendas e terras aráveis e a concentração da massa urbana construída. As diferenças entre as cidades podem ser percebidas também pela forma como cada uma se apropriou da terra que lhe pertence, se limitando, muitas vezes, por obstáculos naturais, como é o caso de Mumbai entre o Mar da Arábia e a Enseada de Thane, ou da Cidade do México, localizada em um vale e limitada ao norte pela Serra da Guadalupe. 27
28
DENSIDADE São Paulo Cidade do México Nova Iorque Londres Xangai Mumbai
ÁREA CENTRAL REGIÃO CIDADE (10KM DE RAIO DO METROPOLITANA ADMINISTRATIVA PONTO CENTRAL) 2.420 3.796 783 679 2.862 4.090
7.139 5.877 9.551 4.795 2.862 27.348
10.299 12.541 15.361 7.805 24.673 34.269
PICO 29.380 48.300 53.000 17.200 96.200 101.066
A densidade de cada um dos lugares também diz muito sobre a dinâmica da cidade. Ela é determinada por limitações naturais, oferta de transporte público, ou mesmo pelo planejamento urbano. E apesar de lugares muito densos às vezes possuírem uma superpopulação, a alta densidade também pode representar boa qualidade de vida, estimulação ao movimento a pé pela cidade, menores gastos de energia etc. São Paulo e México se apresentam como multicentradas e com densidades próximas. Interessante perceber que apesar disso, suas formas urbanas são muito distintas: enquanto São Paulo é formada por torres, a cidade do México consiste em edifícios mais baixos. Fora isso, há o contraponto entre as densidades altíssimas de Mumbai e Xangai, e as baixas de Londres [Figura 27 e Tabela 01].
Tabela 01 | Densidade populacional das cidades analisadas. Fonte: Urban Age.
Figura 26 (ao lado) | Áreas construídas e limites municipais e metropolitanos. Fonte: Urban Age.
Quanto à forma urbana [Figura 28], foram escolhidos lugares distintos das cidades e, apesar de não serem os mais representativos das mesmas, é interessante ver as possibilidades existentes de agrupamentos urbanos e suas habitabilidades e capacidades de absorver mudanças. No bairro dos Jardins, em São Paulo, a forma urbana é muito irregular, devido a características topográficas e herança cultural portuguesa. Mal se pode diferenciar as ruas dos espaços livres dentro das quadras, onde os lotes são cercados e os edifícios, portanto, ficam separados da grade urbana. Diferente do East Village, em Nova Iorque, e da Delegación Gustavo Madero, na cidade do México, que possuem uma grade densa e contínua de ruas. Em Xangai, os bairros são dispersos e não possuem a continuidade londrina presente em Nothing Hill. Enquanto que Mumbai possui densos quarteirões urbanizados ao longo das vias principais e alamedas laterais. Um último assunto a ser analisado é como se dá a mobilidade dentro de cada um dos centros urbanos [Gráficos 02 a 07]. A infraestrutura de transportes determina muito a forma urbana, assim como os focos econômicos e a concentração da população dentro da cidade. Quando o transporte público não é suficiente, ocorre o aumento descabido das autopistas, e, conseqüentemente, dos automóveis particulares. Além disso, a distribuição
Figura 27 (ao lado) | Densidade populacional por km2. Fonte: Urban Age. 29
30
dos meios de transporte varia de cidade para cidade, dependendo de seu clima, oferta de transporte público, preço das passagens, violência no trânsito, facilidade do uso da bicicleta, distância entre casa e trabalho, etc. “A experiência de uma cidade moderna muda de acordo com o horário do dia e do modo de transporte empregado para se ter acesso à provisões urbanas primárias da cidade – empregos, lojas, lazer, e outros usos sociais e comunitários essenciais. O tempo, em oposição à distância, talvez seja uma variável mais apropriada para se avaliar a funcionalidade urbana” (CASIROLI in URBAN AGE, 2008)
Em São Paulo, a divisão entre os meios de transportes possíveis está balanceada, ou seja, cerca de um terço da população usa o carro para se locomover, outro terço, o transporte público e outro terço vai a pé. Dentro do grupo que usufrui do transporte público, a grande maioria opta pelos ônibus, os quais tem a facilidade dos corredores nas vias principais, evitado uma parte do trânsito. Contudo, esse ainda faz com que grande parte da população perca várias de suas horas diárias se locomovendo de um lugar para o outro. A rede metroviária ainda é pequena e não serve toda a cidade, o que está refletido no pequeno percentual que o utiliza. Os números relacionados ao transporte individual impressionam: 351 em cada 1000 habitantes da cidade possuem um carro e, a cada km2, há 2486 deles (URBAN AGE, 2008). Em Nova Iorque, onde a rede de metrô é vasta e cobre a maior parte da cidade, mais da metade da população o utiliza para seus trajetos diários. Enquanto que em Londres, mesmo com uma rede muito vasta de transporte público, o uso do carro ainda predomina, devido talvez, ao alto preço da passagem (por volta de US$7 por viagem). Mesmo assim, cerca de 90% dos executivos da cidade utilizam esse meio de locomoção.
Figura 28 (ao lado) | Formas urbana existentes nas cidades analisadas. Fonte: Urban Age.
Já Mumbai e Xangai refletem a cultura do país com predomínio da caminhada e da bicicleta para se locomover. O que, por um lado, reflete hábitos saudáveis da população, também pode ser visto como ausência de investimentos no transporte público e falta de opção para a população.
Todos esses tópicos analisados refletem caminhos distintos seguidos pela urbanização em diferentes cantos do mundo e nenhum deles é totalmente negativo ou positivo. Todos tem suas vantagens e desvantagens, as quais devem ser levadas em consideração e ser tomadas como aprendizado para novos tipos de urbanidades que queiram melhorar o que são hoje ou que ainda estejam por vir, sejam elas horizontais ou verticais.
Gráficos 02 a 07 (ao lado)| Formas urbana existentes nas cidades analisadas. Fonte: Urban Age. 31
URBANISMO VERTICAL “A base para a teoria vertical de projeto urbano é a recriação, no céu, das condições ideais de habitabilidade encontradas no nível do chão” Ken Yeang
Neste capítulo pretendo explicar a teoria de adensamento inteligente e urbanismo vertical de Ken Yeang, a qual serviu de base e inspiração para este trabalho. O mundo se urbanizou. De acordo com relatório emitido na Rio+204, mais da metade da população mundial vivia, em 2011, nas cidades e a previsão é de que em 2030, cerca de 60% da população mundial esteja nas áreas urbanas. No Brasil os números são ainda mais expressivos. Segundo o IBGE (Censo 2010), em 2010, 84% dos brasileiros viviam em cidades, contrastando com os 81% do ano 2000.
4. Disponível em: http://www. onu.org.br/rio20/cidades.pdf Acessado em 29/04/2013 às 15:07
Ken Yeang expõe em seu livro duas maneiras de absorver toda essa população que chega diariamente nas cidades de todo o planeta. A primeira seria continuar expandindo os limites das áreas urbanas ou criar novas cidades-satélites para as conurbações já existentes. Essa opção, diminui a quantidade de vegetação, floresta e terras destinadas à agricultura, além de envolver a cara aquisição destas e o aumento do consumo de energia em transportes. A segunda e, mais óbvia, é reter a cidade dentro de seus limites, intensificando o desenvolvimento dentro dela mesma. O uso da terra seria otimizado através da identificação de sobras de espaços, da utilização de brown-fields e outros lotes subdesenvolvidos, e da renovação de subúrbios. Assim, seria possível construir de modo mais eficiente e para cima (YEANG, 2002). A intensificação das cidades como centros urbanos compactos significa um aumento de área construída e de densidade populacional residencial; uma intensificação da economia urbana e de atividades sociais e culturais; e a administração do tamanho, forma e estrutura urbanos e sistemas de assentamento em busca dos benefícios ambientais, sociais e sustentáveis derivados da concentração das funções urbanas. A compactação urbana permite que usos residenciais possam estar nos/perto dos centros, 33
80 000 Houston Phoenix Detroit Denver LA São Francisco Boston Washington Chicago Nova Iorque Brisbane Perth Melbourne Adelaide Sidney Toronto
Uso de gasolina anual per capita
60 000
Gráfico 08 | Uma das principais
justificativas do adensamento é o fato de o consumo energético diminuir conforme a cidade se intensifica. Fonte: Adaptado de NEWMAN e KENWORTHY apud YEANG, 2002.
5. Estima-se que elevadores em arranha-céus sejam 40 vezes mais eficientes energeticamente e 10 vezes mais eficientes materialmente do que um automóvel médio de 1995, além do automóvel consumir terras para construção de estradas, ruas e estacionamentos. (Von Weiszacker et al, 1997, p 94 in YEANG, 2002) Para cada carro que sai para levar o dono ao trabalho, a área necessária para estacionamento é igual à pegada ecológica de uma residência média (YEANG, 2002, 48).
40 000
Zurique Hamburgo Paris Frankfurt Estocolmo Bruxelas Copenhagen Munique Londres Amsterdã Viena Berlim
20 000
Tóquio Singapura Moscou
0 0
25
50
Hong Kong
75 100 125 150 175 200 225 250 densidade urbana (em pessoas/hectare)
275
300
possibilitando assim rápido e fácil acesso a vários serviços urbanos (YEANG, 2002, 48), ou seja, menores são os gastos com energia de transportes, sejam estes horizontais (automóveis) ou verticais (elevadores)5 [Gráfico 08]. Como modo de adensamento, Yeang fala sobre os skyscrapers, que possuem comprovadamente uma pegada ecológica menor do que a de edifícios de menos porte. Sendo assim, seu impacto no meio ambiente é reduzido em relação a uma configuração dispersa do território. Atualmente, os edifícios altos podem ser definidos como o empilhamentos de andares iguais [Figura 29], na sua maioria para uma única função. Isso ocorre visando o lucro, já que repetição é sinônimo de barateamento de custos e de velocidade e, no geral, quanto menos tempo se gasta, mais dinheiro se ganha. Além disso, em muitas das grandes cidades hoje, os edifícios altos existem por razões totalmente comerciais, em decorrência dos altos preços da terra. Para compensar esses custos, tudo o que pode ser construído será construído, criando assim mais espaços para venda ou aluguel. Infelizmente, nos parâmetros em que são desenvolvidos hoje, os edifícios altos nem sempre agradam seus usuários, que chegam a ter aversão a trabalhar e viver em estruturas altas. Mas isso é óbvio se pensarmos que há uma ausência de pensamento no conforto dos usuários durante o processo de projeto desses prédios que não se supre com o mobiliário que é colocado em cada um dos pavimentos posteriormente. “We must now see the skyscraper more organically, as a built form that requires a greater level of spatial articulation and reassembling. It should be designed as an urban design exercise (...) with critical attention paid to all aspects of its urbanity and denseness (...) Simply stated, the basis for the vertical theory of urban design is the recreation, up in the sky, of ideal habitable urban conditions found at ground level” (YEANG, 2002, 28)
Levando o planejamento urbano para dentro do edifício, seria possível torná-lo mais focado na comunidade, criando ambientes mais salubremente aceitáveis e habitáveis para um maior adensamento populacional nas cidades. 34
I1
I H
H1
G
G3
F
D5
I2 H3
H2
E
G2 D4
F3
D3
G1
D2
D
D1
C
C3
B
B2
A
A1
Compartimentação Imediata
F1 C2
B1
F2 C1 B3 A2
Espaços Orgânicos e Ligações
Figura 29 | O que são hoje os edifícios altos e o que poderiam ser. Fonte: Adaptado de Yeang, 2002, 58.
No geral, os objetivos do projeto urbano a serem aplicados ao projeto do edifício de acordo com a visão de Ken Yeang são: t 1SPKFUBS F DSJBS VN FTQBÎP DPN TFV QSØQSJP DBSÈUFS F identidade; t (BSBOUJS B DPOUJOVJEBEF VSCBOB F JORVJMJOPT EF NPEP B fornecer um local onde espaços públicos e privados são claramente diferenciados; t 'PSOFDFS FTQBÎPT QÞCMJDPT EF RVBMJEBEF DPN ÈSFBT BCFSUBT atrativas, bem sucedidas e acessíveis; t 'PSOFDFS GBDJMJEBEF EF NPWJNFOUP DSJBOEP FTQBÎPT GÈDFJT de chegar e por onde seja fácil se locomover; t 1SPKFUBS GPDBOEP OB MFHJCJMJEBEF QBSB RVF PT FTQBÎPT TFKBN fáceis de serem compreendidos; t 1SPKFUBS QFOTBOEP OB BEBQUBCJMJEBEF EF FTQBÎPT RVF TF queira mudar facilmente; t 'PSOFDFS EJWFSTJEBEF DSJBOEP FTQBÎPT DPN WBSJFEBEF F escolhas. Levando a cidade para dentro do edifício passa a haver necessidade desta ser concebida em um contexto tridimensional, já que o planejamento não seria mais somente horizontal, mas de todo o espaço que se estende verticalmente para cima dos terrenos. A partir disso, deveríamos ser capazes de mapear os usos verticais [Figura 30], em termos de uso para escritórios, espaços abertos (terraços, parques), comércio, além de outros aspectos como áreas verdes, infraestruturas e densidade populacional, usando estes aspectos como base para o projeto urbano. Esse mapeamento serve para dois propósitos. Primeiro, fornece um significado graficamente representativo do arranha-céu como um plano urbano, o qual facilitará sua performance e adequação como uma proposta 35
03 02 01 13
03 02 01
Cob.
59 58 57 56 55 54 53 52 51 50 49 48 47 46 45 44 43 42 41
08 09
14 12
13
11
10
Planta Tipo Parcelada ZONAS 01
02
03
04
05
06
07 08
09
10
11
12
13 14
b.
9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 9 8 7 6 5 4 3 2 1
0 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 9
8 7 6 5 4 3 2 1 0 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 9 8 7 6 5 4 3 2 1 1 2 3
05 06 07 08 09
14 12
11
10
Planta Tipo Parcelada ZONAS 01 03 05 ZONAS 07 09 11 13 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14
Cob.
05 06 07
04
04
30 | Exemplo de mapeamento vertical. Fonte: Adaptado de YEANG, 2002, 86. Figura
Figura 31 | Retrato
de uma possível multiplicidade de usos e acessos da cidade a serem recriados em um arranha-céu. Fonte: Adaptado de YEANG, 2002, 141. LEGENDA 1 Múltiplos sistemas de acesso 2 Paisagem vertical e contínua 3 Refúgio / Zona de segurança (estrutura) 4 Pontes ajardinadas(streets-in-thesky) 5 Equipamentos públicos 6 Enfermaria 7 Pubs, cafés e restaurantes
Figura 32 | Exemplo de edifício
conceitual baseado em uma área urbana, com todas suas funções e formas de conexão. Fonte: Adaptado de YEANG, 2002, 77. 36
40 39 38 37 36 35 34 33 32 31 30 29 28 27 26 25 24 23 22 21 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 09 08 07 06 05 04 03 02 01 S1 S2 S3
55 50
5 1
45
40 35
2 3
6
30 25
4
20 15 10 05 T
7
de projeto urbano em comparação com outros edifícios altos. Segundo, facilita a análise do projeto e guia para o descobrimento dos pontos fortes e fracos do trabalho de planejamento urbano (YEANG, 2002, 87). A habitabilidade do ambiente urbano está relacionada com a existência de atividades que correspondam com as necessidades dos usuários, como saúde, emprego, renda, educação, habitação, lazer, acessibilidade, qualidade de projeto e comunidade. Portanto, a diversidade de usos deve estar presente no arranha-céu e distribuída ao longo de todos seus andares, e não concentrada naqueles que estão mais próximos ao solo. A mistura de atividades em um edifício contribuiria para fortalecer a integração social e a vida cívica. Para alcançá-la, é necessário agrupar serviços públicos e comerciais em vizinhanças [Figura 31]; assim como, em um bairro habitável, serviços como mercado, padaria, bares, lavanderia estão próximos a uma distância ‘caminhável’ das habitações, no edifício isso também deve acontecer. Importante citar a questão da mobilidade dentro dos arranha-céus. Yeang defende a multiplicidades de sistemas de circulação, os quais tem que estar muito bem integrados. Chega a sugerir a utilização de mini ônibus elétricos e de um transporte rápido sobre trilhos periférico à forma do edifício. Para ele, ambientes de sucesso são aqueles projetados na escala humana, com as necessidades do pedestre em mente. Dito isso, deve-se evitar o transporte vertical enclausurado, como elevadores fechados e escadas de incêndio como únicos meios, e que hoje são as únicas opções e não oferecem continuidade no movimento. Ao invés disso, deveriam haver mais de um tipo de circulação, sendo privilegiadas passarelas, rampas e escadas abertas, que garantam passeio agradáveis para os usuários, dando-lhes, desde o térreo, mais liberdade para escolher seus caminhos dentro do prédio, da mesma maneira que se faz quando se está caminhando pela cidade6. Segundo ele, as conexões existentes devem ser capazes de unir, e não quebrar ou separar, os espaços e outra maneira de fazer isto seria através da criação de meiospisos e mezaninos, da divisão de pavimentos etc. Em seu trabalho, o arquiteto defende que a cidade é, antes de tudo, um ponto de encontro para as pessoas. Projetar uma cidade envolve a previsão de espaços públicos como praças, bulevares e avenidas que respeitem as diferenças culturais existentes na cidade. E são essas diferenças que conectam a cidade e dão às pessoas a sensação de que elas estão em algum lugar. E o equivalente a isso precisa ser levado para dentro do edifício.
6. “(...) a well-connected layout should have the following characteristics:frequent points of access into and through the precincts; more convenient and direct routes; better opportunities for the provision of communal transport services through the precincts; clear views, easy orientations and way-finding; a form of traffic dispersal within the high-rise built form; flexibility to permit long-term adaptation and change”. (YEANG, 2002, 156)
Isso criaria uma rede do que Yeang chama de lugares-no-céu possivelmente conectáveis (potentially linkable ‘places-in-the-sky’), os quais possuem sua própria complexidade de planejamento e regras de projeto [Figura 32]. Ao projetar esses locais no céu como projetaríamos no solo, a ênfase deve ser dado ao pensamento do conjunto e como cada espaço sucede o outro, ao invés de focar em cada um individualmente. Devem tornar-se “espaços evocativos que nos lembrem de quem somos (nosso senso de identidade), onde estamos (nosso senso de localidade) e quando estamos (nosso senso de realidade). Esses aspectos são ferramentas essenciais para atividades públicas e culturais que torna um local memorável para que os usuários queiram voltar e revisitá-lo”7. No geral, toda nova arquitetura deve criar uma nova forma de vida interna para seus habitantes. Isso é o que o autor chama
7. “They must become evocative places (as against ‘non-places’) that remind us of Who we are (our sens of identity), where we are (our sense of genius loci) and when we are (our sense of reality). These aspects are the essential settings for the public and cultural activities that make a place memorable so that users return to revisit” (YEANG, 2002, 107). 37
Figura 33 | A qualidade desses
espaços em conjunto determina o fato das pessoas irem até eles ou não (BATC Tower, Kuala Lumpur, T. R. Hamza & Yeang, 1997). Fonte: Adaptado de YEANG, 2002, 114. 38
de place-making. Na era da economia digital, onde as pessoas podem cada vez mais viver e trabalhar a partir de onde quiserem, a questão do place-making se torna mais crucial por causa da diferenciação entre localidades e a maneira como elas serão manejadas. A escolha desses locais dependerão cada vez mais da qualidade de vida e do ambiente que este oferece [Figura 30]. No livro de Yeang, Kevin Lynch8 é mencionado como descobridor de cinco fatores que fazem com que as pessoas compreendam um lugar: trajetos (direcionando movimentos), bordas (limitam um mundo), distritos (zonas para cada atividade), nós (pontos de atividade intensa) e marcos (pontos de referência). Trazer esses componentes para dentro de um edifício alto forneceria novos tipos de articulação, humanização e desconstrução da homogeneidade dos espaços, permitindo delinear rotas e caminhos significativos em seu interior.
8. Kevin Lynch foi um urbanista norte-americano.
Os edifícios precisam ser projetados como ecossistemas urbanos miméticos que relacionam seus consumos e seus dejetos e operações dentro do contexto e carregando capacidades de ecossistemas na biosfera (YEANG, 2002, 181); ou seja, precisam também ser sustentáveis dentro de si próprios. Espera-se que os novos edifícios altos baseados no planejamento urbano encorajem mais pessoas a voltar a viver no centro das cidades, criando ambientes com espaços atrativos e uma grande diversidade de usos, provendo vida das ruas, no céu (“street-life-in-the-sky”) e favorecendo aqueles que preferem o anonimato de viver na multidão. Esses lugares no céu se tornarão cada vez mais atrativos, conforme forem se tornando mais seguros com o uso de vigilância eletrônica e o aumento de pessoas circulando por eles a todo momento.
OUTROS DEFENSORES DO ADENSAMENTO DAS CIDADES
O adensamento urbano também é defendido por McPherson e Haddow (2011). Estes afirmam em seu texto Shall We Dense? que o planejamento urbano, para ser sustentável, tem de fornecer instalações e serviços (lojas, centros comunitários, centros de saúde, transportes públicos, escolas etc.) que sejam acessíveis a pé, de bicicleta ou através da utilização do sistema de transporte público. E quando a cidade começa a se expandir, seus subúrbios tendem a ter uma densidade baixa, que não suporta um nível suficiente de serviços localizados e acessíveis, obrigando os moradores a contar com transporte baseado em carro. Richard Rogers, em seu livro Cidades para um pequeno planeta, atenta que o modelo de cidade densa foi muito rejeitado no século XX, devido às condições em que se encontravam as cidades industriais do século anterior. Contudo, alega também que hoje não há mais motivos para vê-las como riscos à saúde, pois “(...) através de um planejamento integrado podem ser pensadas tendo em vista um aumento de sua 39
Figuras 34 e 35 | Plano urbanĂstico
feito por Richard Rogers para Pudong, China. Fonte: ROGERS, 2011, 46 e 47. 40
eficiência energética, menor consumo de recursos, menor nível de poluição e, além disso, evitando sua expansão sobre a área rural. Por estas razões, acredito que devemos insistir na idéia de ‘cidade compacta’ – uma cidade densa e socialmente diversificada onde as atividades econômicas e sociais se sobreponham e onde as comunidades sejam concentradas em torno das unidades de vizinhança” (ROGERS, 2011, 33)
Rogers é responsável por um dos projetos que mais retrata a criação de uma cidade adensada nos últimos tempos: Pudong, na China. Ele descreve o projeto focando na idéia de vizinhanças e criando bairros com 80 mil pessoas cada ao redor dos principais pontos nodais de transporte e conectados à rede principal de espaços públicos. As principais áreas de trabalho (comércio, serviços) e instituições culturais ficam perto das estações de metrô, enquanto que as áreas residenciais ficam próximas a opções de lazer como o parque e o rio. Cada vizinhança tem suas próprias características e fica a um raio de 10 minutos de caminhada destes e das vizinhanças adjacentes. Brian Edwards também é favorável a criação de vizinhanças visando a cidade compacta. Para ele, cada bairro tem que possuir seu próprio equipamento de lazer, como parques e áreas verdes, e estes devem se conectar, funcionando como “elementos de coesão urbana” (EDWARDS, 2008, 218). Além disso, em seu livro O guia básico para a sustentabilidade ele acredita que este é o único modelo urbano sustentável possível, porque possibilita a manutenção das redes de transporte público9 e maior coesão entre os diferentes bairros; melhora o microclima urbano; e aumenta a eficiência energética das edificações, focando muito nesta última questão. Defende a miscigenação de usos, pois esta promove maior segurança para a população e gera uma atmosfera de respeito muito valorizada nos dias de hoje. Mas como tudo que é demais faz mal, ele não deixa de relatar as desvantagens da compactação excessiva e sem planejamento: aumento do consumo de energia ao invés de sua diminuição, como ocorre em conjuntos residenciais; redução do acesso a energias renováveis (solar e eólica) e da incidência de luz natural no interior das edificações; além de maior poluição do ar. Carlos Leite, arquiteto e urbanista formado pela FAUUSP e professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie, publicou no ano passado (2012) seu livro Cidades Sustentáveis, Cidades Inteligentes, no qual ele destaca alguns aspectos necessários à qualidade de vida urbana, como densidade, diversidade, mobilidade e identidade. Ele trabalha principalmente com a questão dos vazios urbanos, wastelands e brownfields, interessando particularmente por projetos de orlas ferroviárias, contudo, o que ele mais defende é o crescimento da cidade para dentro dela mesma, acreditando que as cidades sustentáveis são, necessariamente, compactas e densas, devido à diminuição do gasto energético e a não invasão de reservas ambientais. Além de que, o esvaziamento do centro em concomitância com o espraiamento periférico em áreas de proteção ambiental é, segundo o arquiteto, injusto com as populações que vivem em favelas insalubres e também ambientalmente criminoso para a população geral da cidade.
9. “Em regiões com densidade acima de 160 habitantes por hectare e dois tipos de uso de solo por hectare (habitação e comércio, por exemplo), as linhas de transporte público de ônibus já são viáveis. Acima de 240 habitantes por hectare e três tipos de uso de solo (habitação, comércio e escritórios, por exemplo), com circuitos de transporte distando cerca de dez minutos a pé, é possível de elétricos ou bondes. Com uma densidade de trezentos a quinhentos habitantes por hectare, e mais um tipo de uso de solo (uma universidade, por exemplo), com circuitos de transporte distando de dez a quinze minutos a pé, o transporte público pode ser efetuado por redes de trem” (EDWARDS, 2008, 205)
“(...) reciclar o território é mais inteligente do que 41
substituí-lo. Reestruturá-lo produtivamente é possível e desejável no planejamento estratégico metropolitano” (LEITE, 2012, 13)
Outro fator defendido é que, densificando-se, ocorre também um aumento do desenvolvimento de inovação urbana, segundo ele comprovado por pesquisas, o que gera um debate contra o modelo de cidade-subúrbio (baixa densidade), em defesa das grandes metrópoles com maior densidade. Curioso também mencionar um movimento que vem ocorrendo em diversas cidades norte-americanas, descrito em seu livro, chamado Shrinking Cities Movement. Ele visa planejar o encolhimento das cidades, ou seja, gerar territórios mais compactos e implementar verdes em áreas obsoletas. Contraditoriamente em países desenvolvidos como Alemanha e Japão, o encolhimento das cidades e diminuição da sua população já vem ocorrendo naturalmente há um tempo e a tendência é continuar. Por isso, começou-se a pensar também no smart decline, ou seja, cidades cujo planejamento já conta com seu futuro encolhimento. Edward Glaeser, economista e professor de Harvard, também é favorável aos arranha-céus e ao crescimento vertical das cidades. Para ele, boas cidades não são estáticas e levam o mundo junto com elas; cidades não podem forçar mudanças com a construção de novos edifícios, contudo, se a mudança está acontecendo, o tipo certo de arranha-céu pode colaborar com o processo. As restrições construtivas prendem as cidades a seus passados e limitam suas possibilidades futuras, visto que se uma cidade está congelada, o crescimento que deveria acontecer nela vai acabar acontecendo em outro lugar. Glaeser discute ideias expostas por Jane Jacobs durante sua carreira e, principalmente, em seu livro Morte e Vida das Grandes Cidades, como sua preferência por vizinhanças de edifícios baixos. As justificativas dada pela autora são que nesse tipo de bairros, a interação entre as pessoas e a vida urbana eram muito maiores do que em áreas ocupadas por edifícios altos, e que, ao serem preservados, os prédios mais velhos e baixos manteriam seus preços mais acessíveis com o passar do tempo. Contudo este último pensamento é totalmente contrário ao que realmente acontece, como é o exemplo de Paris. A cidade foi congelada em todo seu centro histórico, o que fez com que essa área passase a ser habitada somente pelas pessoas que tinham dinheiro suficiente para bancar as facilidades que lá são oferecidas. “Sheakespeare’s line ‘What is the city but the people’ is true, but people need buildings. Cities grow by building up, or out, and when a city doesn’t build, people are prevented from experiencing the magic of urban proximity. Preserve a city can, in fact, require destroying a part of it. The modern desire to preserve Haussmann’s Paris has helped turn the affordable Paris of the past into a boutique city that can today be enjoyed only by the wealthy. The history of Paris is replete with great artists who spent their impecunious formative years there, but what poor artists can afford to live in central Paris today? When places overrestrict construction, they risk stagnation and steadily rising prices (GLAESER, 2011, 136). 42
Quanto à primeira justificativa, Glaeser rebate dizendo que vizinhanças altas também podem estar repletas de lojas e restaurantes interesantes, ou seja, o uso misto também pode estar presente, como acontece em Hong Kong, Singapura, Manhattan, cita das pelo autor como bons exemplos de locais onde seu bom funcionamento depende totalmente dos edifícios altos e das pessoas que neles vivem e trabalham. “Canyons of glass and steel and concrete, such as those along New York’s Fifth Avenue, arent’t an urban problem; they are a perfectly reasonable way to fit a large amount of people and commerce o a small amount of land” (GLAESER, 2011, 160)
As altas densidades são defendidas por diversos profissionais e habitantes das grandes cidades atuais e, apesar de não serem para todo mundo, existe uma parte da população que as preferem, por diversos motivos. Seja pela diminuição do tempo gasto em trajeto, diminuição do gasto energético, maior contingente populacional circulando durante as 24h do dia pela região ou apenas pela exuberância dos edifícios altos, contudo, para que funcione, esse adensamento deve ser pensado e feito de modo inteligente, atendendo as necessidades da população que vai utilizar cada uma dessas regiões adensadas.
43
City-like Supertall Skyscraper in Beijing, China - eVolo | Architecture Magazine
09/05/13 14:03
Figuras 36 | Vista do edifício
NODO, em Beijing, imaginando cópias por toda a cidade. Fachadas são dinâmicas devido aos módulos acopláveis. Fonte: Revista eVolo. Figuras 37 | 1 Núcleo estrutural e de apoio. 2 Partes padronizadas e
modificáveis. 3 Circulação vertical (elevador). Fonte: Revista eVolo.
To commemorate the 2013 Skyscraper Competition, eVolo published a collector’s edition of its highly acclaimed book “eVolo Skyscrapers”. The book is a two-volume, http://www.evolo.us/architecture/city-like-supertall-skyscraper-in-beijing-china/
Figura 38 | Esquemas mostrando
a relação do NODO com seu entorno (1) e a sua composição ao longo do tempo (2). Fonte: Revista eVolo. 44
Página 7 de 8
REFERENCIAS DE PROJETO Os edifícios apresentados neste capítulo foram escolhidos principalmente por serem projetos bastante atuais, visto que boa parte deles não foi nem construída ainda (e não se sabe se o será), o que implica terem sido concebidos com a mesma problemática das grandes cidades pelo mundo. Além disso, todos os edifícios apresentados apresentam aspectos importantes para o desenvolvimento do projeto final desse trabalho, tais como: t .VMUJGVODJPOBMJEBEF t .JTUVSB EF FTQBÎPT QÞCMJDPT F QSJWBEPT t 5FSSBÎPT F KBSEJOT EJTUSJCVÓEPT WFSUJDBMNFOUF BP MPOHP EP edifício t #VTDB QPS VNB FåDJÐODJB FOFSHÏUJDB Esses aspectos vem aparecendo cada vez mais em novos projetos pelo mundo e vão de acordo com a teoria desenvolvida por Ken Yeang, como foi exposto no capítulo Urbanismo Vertical.
NODO Escritório: ANDO | Andalucía Office
Local: Beijing, China
Status: Não construído
Ano: 2012
Esse edifício chamou minha atenção por sua mutabilidade, o que o aproxima de uma cidade, em constante modificação. Ele é composto por módulos préfabricados que podem ser acoplados ou retirados conforme a necessidade dos usuários, por meio do seu núcleo estrutural de apoio e de um elevador. Assim, constitui-se de 2 partes: a permanente (núcleo estrutural) e a mutável. Além disso, ao longo de seus 150 andares, ou 550m de altura, desenvolvemse diversos usos, como habitações, escritórios, espaços comerciais, museus 45
Figura 39 | Vista do centro de
pesquisa implantado. Fachadas dinâmicas devido ao elemento de proteção solar. Fonte: Revista eVolo.
40 | Dinamismo das fachadas. Fonte: Revista eVolo. Figura
Figura 41 | Detalhe sobre o
funcionamento da proteção solar, fornecido pelo Yasdani Studio. Fonte: Revista eVolo. 46
Figuras 41 e 42 | Vista do arranhacéu Barrio Capital implantado na Cidade do México, para onde foi projetado, e vista aproximada de um dos parques do edifício e seus contínuo sistema estrutural, o qual tambem funciona como circulação. Fonte: ArchDaily
e espaços públicos (parques), na tentativa de sintetizar a cidade e levá-la para dentro do edifício. Foi o vencedor do 2o lugar na 4a edição do “International Mock Firms Skyscraper Competition”, ganhando o primeiro prêmio na categoria Construção, por ser o primeiro arranha-céu pensado a partir de módulos pré-fabricados.
CJ CHEILJEDANG RESEARCH AND DEVELOPMENT CENTER Escritório: Yasdani Studio
Local: Seul, Coréia do Sul
Status: Não construído
Ano: 2012
Apesar de ser um edifício de função única, ele possui um mecanismo retrátil, baseado em um guarda-chuva, para controle automático da entrada de luz natural e calor. Além dessa função, o mecanismo fornece dinamismo às fachadas do edifício, constituído por estações de trabalho (escritórios e centro de pesquisas) e jardins externos. Segundo a Revista eVolo, as rotas em seu interior são fluidas, as quais permitem trajetos mais agradáveis durante as horas de trabalho.
BARRIO CAPITAL Escritório: Molcajete. Urban Think Tank
Local: Cidade do México
Status: Não construído
Ano: 2011
O edifício foi concebido após análise das deficiências da cidade em relação a quantidade de espaço público por habitante, estacionamentos e interação entre pessoas de diferentes classes sociais. O projeto então cria novas possibilidades para que os habitantes da Cidade do México avistem a cidade de cima. Ao longo de seus 26 andares e seus 330 47
Figura 43 | Vista do edifício
implantado às margens do Rio Sena. Fonte: A/ZC. Figura 44 (abaixo) | Planta e
corte do Evolo Tour, em Paris, mostrando como o edifício faria parte de um passeio turístico pela cidade. Fonte: A/ZC.
48
Figuras 45 a 47 | Edifício Le Cinq implantado, vista de um dos terraços e corte esquemático. Nas três imagens fica evidente a divisão em vizinhanças. Fonte: ArchDaily.
metros de altura se desenvolve um programa diversificado com midiateca, centro esportivo, campo de golf, diversos parques públicos, enfermaria, playground, um auditório para mais de 2500 pessoas e um estacionamento que ocupa os 12 primeiros andares do edifício e é responsável pela obtenção do dinheiro para manutenção das outras funções (abertas a todo o público). Além disso, apresenta circulação contínua ao longo do edifício para pedestres e veículos, o que também funciona como estrutura.
EVOLO TOUR Escritório: A/ZC
Local: Paris, França
Status: Não construído
Ano: 2010
O projeto conquistou menção honrosa em um concurso da Evolo, em 2010, ao propor um arranha-céu no centro de Paris, mesmo com toda resistência da população quanto a realização de um projeto de edifício alto para essa área. Contudo, a cidade está crescendo cerca de 70mil habitações por ano e, esse projeto surge como uma possível solução. Um dos pontos fortes da cidade é a vida pedestre, as promenades, a vida cultural e o projeto propõe que a cidade se prolongue pra dentro do edifício, assim como o passeio dos habitantes e turistas [Figura 44]. O percurso interno foi o principal foco do projeto, assim como a sua multiplicidade de funções (áreas públicas, restaurantes, auditórios, parques e espaços culturais). Apesar de toda sua complexidade interna, externamente o edifício possui uma volumetria simples e de fácil compreensão.
LE CINQ Escritório: Neutelings Riedijk Architects
Local: Paris, França
Status: Não construído
Ano: 2012 49
Figura 48 | Vista do Instituto
Moreira Salles implantado na Av. Paulista. Fonte: Arquitetos Associados.
Figura 49 | Esquema estrutural
do Instituto. Fonte: Arquitetos Associados.
Figura 50 | Um dos terraços do
Commerzbank. Röhle.
Foto:
Gabriele
Figura 51 | Esquema de ventilação
dentro do Commerzbank.
Figura 52 | Commerzbank, em
Frankfurt.
50
O interessante do projeto é sua evidente divisão em vizinhanças, as quais possuem 6 pavimentos cada e são marcadas pela presença de terraços que podem ter os mais diversos usos para atender as necessidades dos usuários. Sua base possui usos diversificados, como comércio, auditórios, restaurantes e um hotel, e a torre é composta por escritórios, contudo não é essa a multiplicidade de usos que se propões no trabalho, e sim uma que se desenvolva ao longo de toda a torre.
INSTITUTO MOREIRA SALLES Escritório: Arquiteos Associados
Local: São Paulo, Brasil
Status: Não construído
Ano: 2011
O projeto, feito para um concurso do Instituo Moreira Salles, ficou entre os cinco finalistas ao propor um edifício com térreo totalmente livre e com diversos usos para o público frequentador da Avenida Paulista. Outro ponto interessante é sua estrutura, na qual o prédio se apóia totalmente nos muros de divisa através de dua grandes vigas, o que faz com que não existam pilares. A fachada é dinâmica com a utilização da cor e a marcação da circulação, a qual também proporciona vistas interessantes da Avenida a partir do edifício durante a movimentação das pessoas; ou seja é um edifício que equilibra sua introspectividade com sua visão urbana.
COMMERZBANK Escritório: Foster and Partners
Local: Frankfurt, Alemanha
Status: Construído
Ano: 1997
O Commerzbank é projeto de referência mundial em relação a desempenho energético e conforto dos usuários. Sua planta triangular [Figura 14] rotacionada permite a criação de terraços de pé-direitos altos, que funcionam em complementaridade com os escritórios no cotidiano dos usuários, assim como também são criadas suas vizinhanças. Seu átrio central ao longo de todo o edifício contribui para a ventilação natural do prédio, assim como aumento da luminosidade que chega até os pavimentos e do campo de visão a partir dos postos de trabalho.
51
ESCOLHA DO TERRENO Como se sabe, a cidade de São Paulo possui uma infinidade de lotes vazios ou subutilizados, principalmente em áreas providas de infraestrutura urbana. Para escolher o terreno a ser utilizado no trabalho, parti do princípio que deveria ser algo não muito distante dos lugares onde costumo freqüentar e deveria estar bem perto de alguma estação do metrô. A razão para o primeiro critério foi que, por serem lugares freqüentados por mim, tenho um certo conhecimento sobre o entorno, gabaritos existentes, quantidade de pessoas nas ruas durante o dia e durante a noite e outras informações que só quem vive nos locais conhece. Já o segundo critério é essencial pensando-se que, ao criar um edifício alto, a quantidade de pessoas que freqüentarão o local aumentará muito e necessitará de um meio de transporte público eficiente para não acarretar maiores problemas no tráfego a cidade. Certo que pode ser argumentado que a rede metroviária metropolitana não atende à toda cidade, não sendo, portanto, muito eficaz. Contudo, o plano de expansão dos metrôs e trens da cidade consideram uma notável melhora na rede, tornando-a muito mais eficaz até 2020 [Figura 53]. A partir desses dois critérios, foram selecionados 13 terrenos pela cidade, distribuídos em 3 subprefeituras: Sé, Pinheiros e Vila Mariana. Dentre eles, somente 5 passaram para a próxima etapa de escolha, tendo os outros sido eliminados por motivos como: t +È UFSFN TJEP BQSPQSJBEPT QPS BMHVNB FEJåDBÎÍP t 1PTTVJS EJGÓDJM BDFTTP QBSB QFEFTUSFT NFTNP FTUBOEP próximo a estações de transporte público); t 1PTTVJS FOUPSOP DPN VN ÞOJDP VTP t &TUBS FN [POBT EF CBJYB EFOTJEBEF EFåOJEBT QFMP zoneamento do plano diretor em vigor na cidade de São Paulo. Os finalistas, se é que assim podemos dizer, estavam todos localizados em 55
Figura 53 | Projeção das linhas do
metrô da cidade de São Paulo a partir de 2020. Fonte: Secretaria dos Transportes Metropolitanos, em Terra.
Habitação Comércio Serviços Uso misto Rua Sumid o
Espaço público
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Vazio intralote Estação de transporte público 0 10 20
40
60
Rua Eugênio de Medeiros
Rua Gilberto Sabino
Subutilizado
Rua Cnso. Pe
reira Pinto
Mapa 02 | Usos de solo do entorno
imediato, com demarcação do terreno estudado Pinheiros A. Escala 1:2000 56
regiões interessantes para o desenvolvimento do trabalho: nos arredores da estação Pinheiros da linha amarela do metrô e no centro da cidade. A primeira tem tido grande crescimento e atraído cada vez mais edifícios altos para seus arredores, por se localizar perto de uma via expressa, a Marginal do Rio Pinheiros, e de outras vias importantes da cidade, como a Av. Faria Lima; e por contar agora com um transporte público mais eficiente (metrô e terminal de ônibus). A segunda é interessante por envolver a idéia de dar nova vida ao centro, a qual está se difundindo pela cidade. Um edifício multiuso lá, aumentaria a quantidade e freqüência de pessoas nas ruas, de dia e de noite, tornando a região mais segura do que é hoje. Para escolher um dentre os cinco restantes, foram feitas visitas de campo a cada um deles, com o intuito de analisar usos e gabaritos existentes no entorno.
METRÔ PINHEIROS A Este terreno é composto pela quadra entre as ruas Sumidouro, Eugênio de Medeiros, Conselheiro Pereira Pinto e Gilberto Sabino. Ele foi escolhido primeiramente, devido à existência de um galpão que ocupa cerca de um quarto da quadra (1580m2, aproximadamente) e é utilizado como estacionamento durante a semana. Isso configura o lote como subocupado. Na visita de campo, pode-se notar que não só esse lote, mas metade da quadra também é subutilizada, possuindo outros estacionamentos e lotes vazios. Os outros 50% são divididos entre residências unifamiliares, comércio de pequeno porte e serviços, com predomínio do primeiro uso. Assim, o projeto passou a contar com outra possibilidade: a de utilizar toda a quadra como terreno, ou seja, ter 7636m2. Seu entorno imediato é composto a oeste pelo edifício de estacionamento da Editora Abril; a norte por serviços públicos – SABESP, Bombeiros e CET; a leste por residências unifamiliares, pequenos serviços e comércio; e a sul, principalmente por uso residencial, sendo um deles um edifício de 4 andares. Mas, excetuando o edifício da Editora Abril, o gabarito ao redor do terreno é baixo, não passando desta altura. Essa região possui equipamentos públicos em seu entorno: Praça Victor Civita, SESC Pinheiros e fácil acesso à ciclovia da Marginal Pinheiros. Ponto positivo para o lazer do bairro. Além disso, possui muitos locais com oferta de trabalho em seus arredores (Editora Abril, SABESP, CET, escritórios diversos, metrô) o que facilitaria a existência de pessoas dispostas a morar na região. Quanto ao zoneamento, o terreno faz parte da Subprefeitura de Pinheiros, e está em uma Zona Mista de Média Densidade (ZM-2), apesar do grande desenvolvimento da região na área da Avenida das Nações Unidas e dos novos atrativos devido ao terminal de transporte público. Trata-se de um terreno muito interessante, pois nele conseguiria trabalhar na escala da quadra, o que faz mais sentido na lógica de adensamento que foi defendida. 57
Habitação Comércio
Rua Cnso. Pe
reira Pinto
Serviços Uso misto Espaço público
Estação de transporte público 40
60
Rua Eugênio de Mede
Rua Gilberto Sabino
Vazio intralote
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Subutilizado
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Mapa 03 | Usos de solo do entorno
imediato, com demarcação do terreno estudado Pinheiros B. Escala 1:2000
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Mapa 04 | Usos de solo do entorno
imediato, com demarcação do terreno estudado Pinheiros A. Escala 1:2000 58
do
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METRÔ PINHEIROS B Este terreno (3136m2) está localizado na rua Gilberto Sabino (quarteirão abaixo da quadra do terreno anterior) e apresenta, portanto, as mesmas vantagens regionais descritas para o terreno Metrô Pinheiros A: equipamentos públicos, oferta de trabalho e existência de transporte público nos arredores, facilitando seu acesso. O gabarito do entorno também não é alto. Difere-se no sentido em que atravessa a quadra, criando uma transposição para um possível fluxo futuro de pedestres entre a estação de metrô Pinheiros e o bairro. A vantagem desse terreno seria trabalhar a relação com o bairro também dentro da própria quadra, já que os imóveis adjacentes permaneceriam. Contudo, apesar de interessante, na visita de campo pôde ser visto que um quarto da quadra (4050m2), inclusive o terreno analisado, já está sendo utilizado para a construção do Prédio Comercial Capri, ocupando metade da face oeste do terreno para a Rua Gilberto Sabino (assinalado no mapa de usos como área comercial). Quanto ao zoneamento, o terreno também faz parte da Subprefeitura de Pinheiros, e está em uma Zona Mista de Média Densidade (ZM-2), sendo parte da Operação Urbana Água Espraiada. Possui, portanto, o mesmo benefício do terreno anterior.
REPÚBLICA O terreno de 3960m2 localiza-se na própria Praça da República, no centro da cidade de São Paulo. Hoje, é constituído por dois estacionamentos, os quais, são vizinhos da estação República, da linha vermelha e amarela do metrô, e juntos, constituem mais da metade da quadra. Em seu entorno há predominância de edifícios de uso misto, com algum tipo de comércio no térreo e escritórios ou moradia nos andares superiores. Apesar dessa situação colaborar com a ocupação da área durante as 24h do dia, ela fica esvaziada fora do horário comercial. A região é bem verticalizada, sendo poucas os lotes com até 3 andares. Além disso conta com a praça, como espaço público de boa qualidade e que possui vida e atividades freqüentes, como feirinhas de finais de semana tanto de arte, como de comidas. Como já foi dito anteriormente, o interesse pelas áreas do centro é de contribuir para seu “repovoamento”. Um edifício de uso realmente misto, como o que será proposto, possibilitará a permanência de pessoas tanto no horário comercial, como durante a noite, e isso tornará a região um pouco mais segura e atrairá cada vez mais gente para morar e trabalhar. Além disso, esse terreno também tem a vantagem de ter fachada para dois lados da quadra – chega até a Rua Aurora –, possibilitando a criação de um passeio e transposição. Quanto ao zoneamento, o terreno faz parte da Subprefeitura da Sé, e está em uma Zona de Centralidade Polar (ZCP-b), dentro de uma Área de Intervenção Urbana (AIU-01 Vila Buarque). 59
Habitação
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Comércio
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Serviços
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Uso misto
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Vazio intralote Estação de transporte público
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Rua A zeved o Ma
Subutilizado
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Espaço público
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Mapa 04 | Usos de solo do entorno
imediato, com demarcação do terreno estudado Marechal Deodoro. Escala 1:2000 Ele vad
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Mapa 05 | Usos de solo do entorno
imediato, com demarcação do terreno estudado Santa Cecília. Escala 1:2000 60
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MARECHAL DEODORO Esse terreno de 4942m2 é hoje um grande estacionamento que funciona principalmente para os usuários da estação Marechal Deodoro, da linha vermelha do metrô. O entorno conta principalmente com uso residencial, de alto gabarito, sendo que vários edifícios são bem recentes (foram construídos há uma média de 3 anos). Ao longo do Elevado Costa e Silva há predomínio do uso misto, com comércio no térreo e habitação nos andares superiores. O terreno possui a possibilidade de transpor a quadra, caso seja utilizado o lote oposto a ele (mais 670m2), além da de agregar a estação do metrô ao projeto. A questão da proximidade em relação ao Minhocão também oferece alguns pontos a serem analisados, como o ruído que chegará até o prédio, por exemplo. A Praça Marechal Deodoro faz as vezes do espaço público existente no entorno, contudo ela não tem sido utilizada em todo seu potencial. Quanto ao zoneamento, o terreno faz parte da Subprefeitura da Sé, e está em uma Zona Mista de Alta Densidade (ZM-3b).
SANTA CECÍLIA O terreno, na borda do Elevado Costa e Silva, também é utilizado, hoje, para estacionamento e possui cerca de 2320m2. Localiza-se na esquina da Rua Helvétia com a Avenida São João e, nessa área em específico, não possuía muito movimento de pessoas durante o dia, somente os carros que passavam pela avenida. O entorno, por sua vez, possui usos variados e a grande maioria dos edifícios é de uso misto, com comércio no térreo e residências ou escritórios nos andares superiores. A região é muito movimentada durante o dia devido a isso. Este terreno está ainda mais próximo do caótico Minhocão do que o anterior, intensificando, assim, questões de conforto para os usuários, como o ruído (já mencionado) e privacidade etc. Contudo, possui as vantagens já discriminadas quanto à contribuição para a região em que se encontra. O espaço público está limitado ao Largo Santa Cecília, uma quadra para o Sul. Apesar de bonita, a região serve de dormitório para muitas pessoas que não possuem domicílio fixo, e acabam deixando de ser convidativa para o lazer. Quanto ao zoneamento, o terreno faz parte da Subprefeitura da Sé, e também está em uma Zona Mista de Alta Densidade (ZM-3b).
Sabe-se que, gratuitamente, pode-se construir somente até o permitido pelo Coeficiente de Aproveitamento Básico. Contudo, através da Outorga Onerosa, pode-se chegar até a área permitida pelo Coeficiente de Aproveitamento Máximo, exposto na Tabela 02. 61
62
Terreno
Marechal Deodoro Santa Cecília
República
Pinheiros B
Sé
Pinheiros
Subprefeitura Lei 13260/ 2001
Zona Mista de Média Densidade (ZM-2)
Lei 13.885/ Zona Mista de Alta 2004 Densidade (ZM-3b)
Zona de Centralidade Polar (ZCP-2)
Lei/Ano
Zoneamento
0,2
0,2
0,2
2,5
4,0
2,0
0,5
0,7
0,7 (a)
0,15 5,0m (b)
5,0m
3,0m (c)
3,0m
3,0m (c)
5,0m
sem limite
(c) Para edificações com mais de 6m de altura, respeitar a seguinte fórmula: R=(H-6):10, sendo R=recuos laterais e de fundo, e H=altura da edificação em metros contados a partir do perfil natural do terreno.
(b) Não existe recuo frontal mínimo se pelo menos 50% do lote estiver ocupado por edificação o alinhamento do logradouro.
(a) 0,5, podendo chegar a 0,7 em caso de edifício residencial com comércio ou serviços no térreo.
2,0
2,0
1,0
Recuos * Taxa de Taxa de Gabarito Ocupação Permeabilidade Mínima Mínimo Básico Máximo Máxima Frente Lateral Fundo
Coeficiente de Aproveitamento
* Os recuos aqui são os relacionados a edificações com mais de 6m de altura.
lotes selecionados.
Pinheiros A
Tabela 02 | Características dos
A partir do cĂĄlculo realizado na Tabela 03, o terreno de Santa CecĂlia foi eliminado pelo fato dos outros permitirem uma maior ĂĄrea a ser construĂda, ou seja, maior liberdade para o projeto. O terreno Pinheiros B nĂŁo entrou para essa tabela, pois jĂĄ havia sido eliminado por nĂŁo se constituir mais de lotes vazios ou subocupados, e sim, de um edifĂcio comercial em construção. A partir da tabela 04, com pontos a favor e contra a implantação do projeto em cada um dos terrenos, algumas consideraçþes devem ser feitas: t 0T USĂ?T UFSSFOPT BQSFTFOUBN B QPTTJCJMJEBEF EF USBOTQPS B quadra. Ao meu ver, a transposição hoje faz mais sentido no terreno RepĂşblica, visto que o contingente populacional no centro da cidade ĂŠ muito grande durante a semana. t "T ĂˆSFBT QBTTĂ“WFJT EF TFSFN DPOTUSVĂ“EBT OĂ?P TĂ?P UĂ?P EJTUJOUBT uma das outras, contudo o terreno RepĂşblica permite uma maior quantidade de metros quadrados. t )JTUPSJDBNFOUF P DFOUSP QPTTVJ NBJPS DPOFYĂ?P DPN PT arranha-cĂŠus e seria interessante voltar aonde tudo começou e ter a oportunidade de desenvolver um projeto nas condiçþes atuais do local. t 0 UFSSFOP 1JOIFJSPT NFTNP MPDBMJ[BOEP TF BP MBEP EF um terminal de Ă´nibus e estação do metrĂ´, talvez incentive a utilização do transporte particular, por se localizar muito prĂłximo de uma via expressa. Caso isso acontecesse, a situação da regiĂŁo seria muito piorada, visto que hoje jĂĄ apresenta alguns engarrafamentos em horĂĄrios de pico. Enquanto que a maioria da população que utiliza o Centro da cidade hoje jĂĄ vai atĂŠ ele atravĂŠs do transporte coletivo. t0 UFSSFOP EB .BSFDIBM %FPEPSP Ă? NVJUP JOUFSFTTBOUF HSBOEF ĂĄrea e possibilidade de integração do projeto com a estação do metrĂ´. Contudo, realizar um projeto prĂłximo ao MinhocĂŁo jĂĄ seria um tfg em si se fosse sĂł para oferecer condiçþes de conforto e privacidade para os usuĂĄrios do edifĂcio. A combinação disso com o extenso programa proposto seria trabalho para mais de um semestre. Sendo assim, optei pelo terreno da RepĂşblica, onde acredito que o trabalho poderĂĄ ser melhor desenvolvido e trarĂĄ mais benefĂcios para a regiĂŁo.
63
Área aproximada (m2) C.A. máx Área a construir (m2)
Tabela 03 | Cálculo das áreas que
podem ser construídas em cada um dos terrenos, de acordo com os coeficientes de aproveitamento máximos, expostos na Tabela 02.
Pinheiros A
7636
2,00
15272
República
3960
4,00
15840
Marechal Deodoro
4942
2,50
12355
Santa Cecília
2320
2,50
5800
Pontos a favor Uso da quadra como um todo Potencial de adensamento e verticalização da área Pinheiros A
Possível interligação com a Praça Victor Civita Nova centralidade
Pontos contra O edifício destoaria um pouco do entorno de hoje, porém há muito potencial de verticalização Por estar perto da Marginal Pinheiros, pode incentivar a utilização do automóvel ao invés do transporte público, o que complicaria muito a circulação na região
Uso da quadra toda dá maior liberdade para o projeto
O uso da quadra por inteiro diminui o relacionamento do projeto com as construções de seu entorno
Grande fluxo de pedestres hoje > Favorece a criação da transposição pelo miolo da quadra
Edificações altas como vizinhas
Possível interligação dos espaços públicos com a Praça da República República
Centro sofreu esvaziamento e necessita de atrativos para que as pessoas voltem a residir lá Gabarito do entorno já é alto
Entorno vem se degradando devido ao esvaziamento populacional
Bairro mais consolidado
Tabela 04 | Comparação entre os
terrenos levando em conta pontos que favoreçam o desenvolvimento do projeto e pontos contrários a ele. 64
Marechal Deodoro
Minhocão complica o projeto, que já Déficit de espaços públicos de qualidade possui programa extenso e difícil de ser resolvido Transposição serviria só para os Possibilidade de interligar o edifício com moradores da rua sem saída atrás do a estação de metrô terreno chegarem até o metrô > Não há um grande fluxo Área tende cada vez mais à Não se constitui em uma centralidade verticalização > novos edifícios atualmente (pode ser criada...) residenciais
Figura 54 | Vista do terreno a partir
da Praça da República. Arquivo pessoal.
Figura 55 | Vista do terreno a partir
da Rua Aurora. Arquivo pessoal.
Figura 56 | Vista da Praça da
República, em um domingo de manhã. Arquivo pessoal. 65
Figura 57 | Cartão postal da Praça
da República, década de 1940. Fonte: Arquivo Público do Estado de São Paulo.
Figura 58 | Vista da Praça da
República hoje, 2013. Arquivo pessoal. 66
ESTUDO DO TERRENO A PRAÇA DA REPÚBLICA Por volta da metade do século XIX, a área era destinada a treinamentos militares e conhecida como Praça da Legião. Ficava nas proximidades da Chácara do Chá, de propriedade do Barão de Itapetininga, e da chácara do general Arouche. Com a implantação de mudanças urbanísticas do engenheiro Daniel Pedro Müller, o qual implantou uma grande área de lazer e recreação pública no local, a praça passou a ser chamada de Largo dos Curros; era lá que eram realizados rodeios e touradas para entreter a população da época (PONCIANO, 2002). Contudo, as touradas caíram de moda e o local passou a servir como espaço para treinamento de cocheiros e cavalos. Com a proclamação da República, em 1889, a praça ganhou seu nome definitivo. Pouco antes disso, em 1894, havia sido erigida a Escola Normal Caetano de Campos e o pavilhão do Jardim de Infância, frequentada somente pelas classes mais abastadas da cidade. Hoje, o pavilhão foi demolido e a escola deu lugar a Secretaria Estadual da Educação. Em 1905, no auge da imigração, a praça foi totalmente reformada a partir do modelo de urbanização européia, passou a ser o elo de conexão entre o centro velho e o centro novo e, com o passar dos anos, foi atraindo a atenção das construtoras e os edifícios foram surgindo ao seu redor, tomando o lugar dos casarões que antes a ocupavam [Figura 57], como foi o caso do Edifício Esther, do Edifício São Tomás, com requintados apartamentos de quatrocentos metros quadrados, do Edifício Eiffel, projetado por Oscar Niemeyer, e do Edifício São Luiz, projetado no estilo neoclássico francês, pelo arquiteto francês Jacques Pilon, em 1944. Nessa praça, nos anos 40 e 50 do século 20, colecionadores se encontravam para trocar mercadorias e novidades. Na década seguinte tornou-se a referencia hippie o Brasil. Ali se encontravam os novos artistas de vanguarda, expondo suas obras e idéias. Com a chegada do metrô, na década de 80, a Praça da República adquiriu um ar mais cosmopolita. 67
Mapa 06 | Planta da Cidade de São
Paulo. 1881.
Mapa 07 | Mappa Topographico do Municipio de São Paulo. Sara Brasil.
1930.
Mapa 08 | Levantamento aerofoto-
gramétrico VASP. 1957.
68
Figura 59 | Vista aérea da Praça da
República.1940.
Figura 60 | Vista aérea da Praça da
República. 2001.
Figura 61 | Vista aérea da Praça da
República. 2013. 69
Figura 62 | Fachada do Cine
República no dia de sua inauguração. Fonte: Estadão, 29 de dezembro de 1921. Figura 63 | Vista aérea da Praça da
República. Década de 70. Fonte: TOLEDO, 1983.
70
Área (km2)
População
Densidade
1996
2000
2010
(hab/km2)
República
2,3
52136
47810
56981
24774
Subprefeitura da Sé
26,2
410752
374680
431106
16454
Tabela 05 | Dados demográficos
do Distrito da República e a média dos distritos que compoem a subprefeitura da Sé: Bela Vista, Bom Retiro, Cambuci, Consolação, Liberdade, República, Santa Cecílica e Sé. Fonte: IBGE.
A praça também já foi palco de manifestações importantes da história nacional, como Revolução Constitucionalista de 1932, durante a qual foram mortos os estudantes Euclides Bueno Miragaia, Mário Martins de Almeida, Dráusio Marcondes de Souza, e Antônio Américo Camargo de Andrade. Ao longo de sua existência, ela também viu o acontecimento de mudanças urbanísiticas na cidade e variações do arruamento ao seu redor, como pode ser visto nos mapas 06 a 08. O terreno escolhido para o projeto era a localização, na década de 1920, do Cine República, inaugurado em 1921 para ser a sala de cinema da aristocracia paulistana; funcionou até 1952, quando foi reformado e reabriu como Cine República. Foi demolido em 1970 para as obras do metrô República e hoje é o estacionamento em questão.
Atualmente, o distrito da República, como dito anteriormente, faz parte da subprefeitura da Sé, na cidade de São Paulo. Ele ocupa uma área equivalente a 2,3km2 e possui uma densidade populacional de 24774 hab/km2 (IBGE, 2013), enquanto que a cidade em si possui uma densidade de 7469 hab/km2. A população na região sofreu uma queda de 1996 para 2000, contudo, de lá pra cá ela vem crescendo. O aumento até o ano de 2010 foi de cerca de 19%, enquanto que na subprefeitura como um todo, esse aumento foi de 15% [Tabela 05]. Isso mostra que, apesar da grande vacância ainda existente, o centro da cidade voltou a atrair moradores, seja pela existência de infraestrutura urbana, equipamentos culturais, facilidades de locomoção, seja pela proximidade com o trabalho. De acordo com a Rais (2005 in EMPLASA), o distrito em questão contava com 120.449 postos de emprego, o que totalizava, na época, 4,51% do total municipal, sendo: 3.349 ou 2,78% na indústria; 100.777 ou 83,67% nos serviços; e 16.323 ou 13,55% no comércio. Como já foi comentado, a região é ocupada predominantemente por edificações de uso misto, compostas por térreo comercial e andares residenciais ou de escritórios. O entorno imediato do terreno possui alguns equipamentos públicos, mas não são muitos comparados com o centro da cidade como um todo. Além disso, a maioria deles fica do outro lado da Praça da República, a sul, enquanto que a parte norte é menos favorecida [Mapa 07]. 71
Palmeiras Barra Funda
Terminal Cachoeirinha Campos Elíseos
Luz Terminal Amaral Gurgel Vila Madalena Pinheiros
REPÚBLICA
Corinthians Itaquera
Butantã 01 | Opções de transporte existentes a partir da Praça da República Esquema
Ponto de ônibus Saída do metrô Pré-escola Equipamento cultural Equipamento esportivo Imóvel tombado Via de ônibus Linha 3 do metrô Linha 4 do metrô 0 10 20
40
60
07 | Equipamentos e infraestrutura ao redor do terreno de estudo. Escala 1:2000 Mapa
72
Cohab II Jd. Sto. André Vila Monumento Terminal Penha Belém Terminal São Mateus Vila Formosa
Terminal A. E. Carvalho Aclimação
Quanto ao transporte, pela estação República do metrô passam duas linhas, a vermelha e a amarela, as quais fazem conexões com a cidade nos sentidos leste-oeste e centro-oeste, respectivamente. A noroeste do terreno passa uma linha da CPTM. Na própria quadra do terreno existem dois pontos de ônibus, os quais possuem cerca de 30 opções de ônibus, que seguem para todas as zonas da cidade [Esquema 01]. A região, portanto, é bem conectada e já possui um certo de numero de equipamentos urbanos. Contudo, para conseguir atrair um contingente populacional ainda maior e que possa ocupar a grande quantidade de imóveis vazios existentes, surge a necessidade da criação de atrativos, a que se propões o projeto.
DIAGNÓSTICO CLIMÁTICO O clima tropical de altitude (Cwa, de acordo com a classificação climática Köppen-Geiger) encontrado na cidade de São Paulo e em outras regiões do país apresenta características térmicas e de precipitação que são impostas, como o próprio nome diz, pela altitude do local. Os invernos são frios e secos ou com poucas chuvas, enquanto que os verões são quentes e úmidos, devido as chuvas de verão. Outra característica do clima dessa cidade é a influência do sol nas temperaturas. Os gráficos 09 a 12, extraídos do material didático da matéria AUT264, da FAU USP, traçam um comparativo entre dias de verão e inverno onde há ou não a presença de radiação solar. Através deles fica evidente o aumento de temperatura nos horários de maior radiação solar. Enquanto que em um dia chuvoso de verão as temperaturas permanecem amenas em torno dos 20oC, em um dia ensolarado elas chegam a ultrapassar os 30oC. A variação também é grande durante o inverno; um dia ensolarado nessa estação chega a ser quase 10oC mais quente que um dia típico do mesmo período. Isso indica que o sol faz diferença na cidade de São Paulo, principalmente em um dia frio. A latitude do local e as estações do ano devem ser consideradas nas estratégias de projeto. Enquanto que em cidades tropicais a sombra é desejável no verão, em lugares de clima temperado a incidência solar pode ser benéfica até mesmo nesta estação. Portanto, de modo a determinar a forma do edifício, deve-se primeiramente determinar o grau desejável de sombreamento de acordo com o diagnóstico climático do local. Assim sendo, da mesma maneira que a cidade alterou o clima natural de seu local de implantação, um edifício alto também influencia e modifica o clima de seu entorno próximo, seja através de sombreamento ou alteração da ventilação. No caso da cidade estudada e, mais especificamente, do terreno utilizado para o projeto, a implantação de uma torre alta não será prejudicial. A sombra que será provocada pelo edifício permanecerá, durante boa parte do dia, sobre a Praça da República, que já é originalmente sombreada. Além disso, os edifícios ao redor já eram sombreados antes da existência da torre por estarem num grande mar de prédios do centro da cidade, como pode ser visto na seção sobre a morfologia do entorno. 73
dia chuvoso de verão 13/jan
[oC] 35 30 25 20 15 10 5 0
1
7
13
19
[horas]
dia ensolarado de verão 18/jan
[oC] 35 30 25 20 15 10 5 0
1
7
13
19
[horas]
dia típico de inverno 17/jul
[oC] 35 30 25 20 15 10 5 0
1
7
13
19
[horas]
dia ensolarado de inverno 18/jul
[oC] 35 30 temperatura umidade radiação solar
25 20
Gráficos 09 a 12 | Análise da
variação da temperatura da cidade de São Paulo com relação à variação da radiação solar incidente. Fonte: AUT264, FAUUSP 74
15 10 5 0
1
7
13
19
[horas]
[%] 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0
[kWh/m2] 1.0
[%] 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0
[kWh/m2] 1.0
[%] 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0
[kWh/m2] 1.0
[%] 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0
[kWh/m2] 1.0
0.75 0.5 0.25 0.0
0.75 0.5 0.25 0.0
0.75 0.5 0.25 0.0
0.75 0.5 0.25 0.0
Figura 64 e 65 | Vista das ruas
perpendiculares a Praça da República e que cerceiam a quadra do terreno do projeto. Arquivo pessoal.
Quanto à ventilação, a implantação de um edifício alto vai alterá-la, visto que passará a existir um obstáculo para a distribuição do vento. A forma e as dimensões do edifício influenciam muito nessa questão: formas triangulares, cilíndricas e curvilíneas reduzem mais as cargas de vento do que edifícios em lâmina. Terraços e aberturas contribuem também para a minimização da pressão do vento, especialmente quando se considera a turbulência de ar que pode ser causada no térreo (GONÇALVES, 2010). Apesar disso, algumas turbulências causadas pelo edifício na ventilação existente podem ser favoráveis ao clima da cidade, mesmo que estas sejam desreguladas. Elas contribuirão para a distribuição da poluição e também pela produção de algumas correntes de vento desejáveis em dias quentes de verão.
MORFOLOGIA URBANA DO ENTORNO A intenção desta parte do trabalho é verificar a influência do entorno nele mesmo, antes da presença do edifício projetado. Como já foi mencionado anteriormente, a Praça da República é permanentemente sombreada devido as copas das árvores que possui, o que significa que a sombra do edifício projetado não será significativa para o entorno do terreno durante todo o período da tarde, pois se dirigirá para sudeste, sobre a praça. Através das figuras 84 e 85 é possível visualizar melhor a situação. A luz solar direta chega somente na margem oeste da praça e, até mesmo a feirinha do final de semana, que ocorre em local aberto, é sombreada pelas árvores. O restante do entorno próximo é constituído, em sua maioria, por edifícios altos antigos, os quais foram construídos em uma época em que não havia uma legislação forte em relação a recuos e taxa de ocupação, o que ocasionou o centro da cidade que temos hoje, com prédios que ocupam quase que 100% da área do terreno. Assim sendo, a proximidade entre eles é muito grande e provoca sombras constantes sobre suas fachadas, o que 75
Mar 09h
Mar 12h
Mar 16h
Jun 09h
Jun 12h
Jun 16h
Dez 09h
Dez 12h
Dez 16h
Figura 66 a 74 | Estudo do sol no
terreno na situação atual, sem o edifício do projeto. Três horários diferentes em três meses com situações mais críticas no ano. 76
Mar 09h
Mar 12h
Mar 16h
Jun 09h
Jun 12h
Jun 16h
Dez 09h
Dez 12h
Dez 16h
Figura 75 a 83 | Estudo do sol no
terreno com o edifício do projeto. Três horários diferentes em três meses com situações mais críticas no ano. 77
Figuras 84 e 85 | Sombreamento
na Praça da República durante uma manhã ensolarada de agosto. Arquivo pessoal.
Figura 86 | Vista, a partir do Edifício
Itália, da Praça da República e do terreno de projeto, assim como seu entorno. É possível visualizar fachadas sombreadas. Foto tirada em uma tarde de agosto. Arquivo pessoal. 78
fica visível com o estudo de iluminação realizado na situação atual. As figuras 64 e 65 também retratam as formas de edificação existentes ao redor do terreno, enquanto que a 86 fornece um panorama geral de sombreamento da região. Do outro lado da praça da República estão presentes edifícios mais altos (Figura 89), entre eles o Circolo Italiano, mais conhecido como Edifício Itália. Construído na década de 60, o prédio consta com 52 mil m2 de área construída, distribuída em seus 46 andares, o que lhe fornece uma altura de 165m e lhe dá a posição de segundo edifício mais alto da cidade de São Paulo e do Brasil. Apesar disso, os edifícios comerciais atuais já estão atingindo quase que o mesmo porte. De acordo com Fujioka (1996), a altura excepcional desse edifício foi permitida pela PMSP devido ao local de sua implantação (ponto focal da cidade na esquina entre as Avenidas Ipiranga e São Luís, com abertua para a Praça da República)e, para isso, o módulo de gabarito considerado foi a diagonal do cruzamento das avenidas em que se situa, e não a largura das vias. O edifício é composto por um embasamento que ocupa toda a área do terreno e a torre, contando também com duas alas laterais de 8 andares cada, as quais chegam a altura dos edifícios vizinhos e fazem com que os pedestres não percebam a alta torre que se eleva. A base funciona como transposição entre as Avenidas São Luis e Ipiranga, sendo totalmente pública, com lojas e acesso ao teatro. Contudo, pelo caráter que possui hoje, ela não é tão convidativa a passagem; só entra lá quem tem algum propósito. Possui um programa de uso misto: conta com restaurante e bar, teatro, galeria, escritórios e até mesmo um antigo clube, que já ocupava o terreno antes da sua construção. O Itália é um edifício emblemático. Sua planta atípica, circular, impõe uma menor barreira para o vento, aproveita melhor o interior para os escritórios e também maximiza a vista para o exterior, o que o tornou um dos principais pontos turísticos da cidade devido ao mirante em sua cobertura. Sua estrutura é simples, conta com pilares e o core dos elevadores como apoios principais; as lajes são nervuradas e os apoios perimetrais estão modulados em pilares esbeltos firmando uma grelha estrutural, um reticulado para os brise-soleil e as janelas. A grelha está amarrada numa estrutura de transição (cinta), que transfere as cargas para as colunas do embasamento. O fechamento do edifício se dá por 4003 caixilhos de madeira, os quais são protegidos pela própria grelha estrutural, mas também por nove brises basculantes de alumínio cada. A solução em recuo do caixilho é vantajosa pois a própria grelha protege a janela das intempéries, por meio dos pilares, que absorvem o vento e a chuva. A laje atua como marquise. Nos edifícios residenciais ao redor da Praça da República, são evidentes as varandas e sua qualidade espacial, chegam a ter 3m de profundidade e criam ambientes adicionais aos apartamentos. Muitos destas características serão reaproveitadas no projeto, visto que o Edifício Itália e outros ao redor são exemplos de bom funcionamento, além de criarem tda uma identidade dessa região da cidade.
79
87 e 88 | Croquis do interior do Edifício Itália. Fonte: FUJIOKA, 1996. Figuras
Figura 89 | Vista, a partir da Praça
da República do edifício São Tomás e do Itália. Fachadas e tratamentos distintos em cada um dos edifícios ao redor da Praça. Arquivo pessoal. 80
Figura 90 a 93 | Plantas chaves
do Edifício Itália. As maiores são do térreo e de um dos andadres do clube, presentes no embasamento; as menores são da torre, sendo um pavimento tipo de escritórios e outro do andar do terraço. Sem escala. Fonte: FUJIOKA, 1996. 81
CONSOLAÇÃO
Esquema 01 | Diversidade de usos
existentes na Avenida Paulista.
Praça do Edifício Residencial Ciclista Colégio São Luis Drogaria Onofre Paróquia São Luis Gonzaga Lojas Kalunga Escritórios Safra Center 3 Escritórios Bob’s + McDonald’s Faculdade Justiça Federal Escritórios MASP Escritórios Alameda Rio Claro (passagem para pedestres) Escritórios Edifício Residencial Colégio objetivo + UNIP Cásper Líbero Rádio + TV Gazeta Reserva Cultural Tribunal de justiça Hotel Edifício Residencial Escritórios Hospital Santa Catarina Edifício Residencial Shopping Paulista Praça Oswaldo Cruz
AVENIDA PAULISTA
Instituto Cervantes Escritórios Banrisul Banco de la Nación Argentina America Itaú Edifício Residencial Comércio no térreo Hotel Conjunto Nacional Escritórios Parque Mário Covas Escritórios Parque Trianon Bares FIESP/CIESP/SESI/SENAI Edifício Residencial Lojas Bares Escritórios FNAC Escritórios Comércio no térreo Banco Itaú Escritórios Comércio no térreo Instituto Pasteur Itaú Cultural Casa das Rosas Edifício Residencial
PARAÍSO 82
DEFINICAO DO PROGRAMA Assim como uma cidade, o programa de um edifício baseado nas teorias de Ken Yeang de Urbanismo Vertical deve ser o mais variado possível, de modo a deixar a disposição dos usuários boa parte do que eles encontrariam andando por um dos bairros de sua cidade. Um dos exercícios realizados por Yeang é a tentativa de rebater verticalmente uma área da cidade vista como diversificada, criando assim um edifício conceitual que abrigaria as funções da mesma, levando para si a forma organizacional da área [Figura 32]. No caso da cidade de São Paulo, uma área que julgo diversificada e viva durante o dia e a noite é a Avenida Paulista. Grande parte de seus edifícios são de uso misto, com comércio no térreo ou nos andares mais baixos e residências ou escritórios nos outros andares. O lazer está também muito presente: o próprio comércio já oferece opções para a população (além de lojas, há muitos bares e cafés), mas também há uma grande concentração de equipamentos culturais e espaços públicos ao longo de seus 2,7km de extensão, como pode ser visto no Esquema 02, o qual retrata resumidamente os espaços existentes ao longo da avenida. Baseado nisso, o programa do edifício será definido a partir dos grupos de atividades necessárias ao habitante de uma grande cidade: habitar, estudar, trabalhar, se divertir e, na sociedade de consumo em que vivemos, comprar. Os cinco grandes grupos citados acima devem estar totalmente conectados, visto que o cotidiano de uma pessoa normal abrange, minimamente, duas dessas funções. Contudo, o que vai garantir que o edifício ganhe usuários que não seus habitantes e trabalhadores, é a parte do entretenimento. É ela que vai proporcionar os melhores momentos e marcar as pessoas suficientemente para que elas queiram voltar e reviver a situação. Edward Glaeser (2011) afirma que, com o passar do tempo, as pessoas começaram a escolher as cidades em que viveriam através da quantidade de entretenimento que encontrariam nela, ou seja, baseando-se no estilo de vida que gostariam de levar. Por isso Londres, São Francisco e Paris são 83
HABITAÇÃO COMPRASHABITAÇÃOTRABALHO COMPRAS DIVERSÃO DIVERSÃO
TRABALHO ESTUDO ESTUDO
HABITAÇÃO
COMPRAS
HABITAÇÃO DIVERSÃO
TRABALHO
Esquemas 03 e 04 | Organização
dos grandes grupos funcionais dentro do edifício e seu relacionamento entre si.
COMPRAS
DIVERSÃO ESTUDO
TRABALHO
cidades tão desejadas: são lugares divertidos para se viver. ESTUDO
HABITAR Na cidade de São Paulo existem diversos tipos de famílias, com diferentes necessidades em suas moradias. Para tentar atender a maior quantidade possível de pessoas, serão desenvolvidas tipologias distintas: lofts, 2 e 3 dormitórios, de 30, 60 e 90m2, respectivamente. Isso permite abranger desde o jovem que chega sozinho na cidade para estudar, até a família consolidada com dois ou três filhos. Pretende-se criar varandas e terraços tanto particulares como coletivos, de modo a estimular a interação entre os moradores e fortalecer a ideia de vizinhanças no céu. A inclusão de uma parte residencial implica também na tentativa de atração de moradores para repovoar o centro da cidade, que passou por um esvaziamento nas últimas décadas e hoje ainda possui uma alta taxa de vacância.
ESTUDAR Toda pessoa com acesso à educação desde a infância passa, em média, 17 anos (nove anos de ensino fundamental, três de ensino médio e cinco na faculdade) de sua vida em uma instituição de ensino. É muito tempo e, por isso, de grande importância. Pretende-se, assim, inserir no edifício um colégio de ensino médio, assim como um biblioteca ampla que sirva tanto para os alunos, como para o público em geral. A escolha dessa faixa etária se deu por causa da possibilidade de utilização da escola tanto durante o dia, quanto durante a noite, o que garante maior 84
circulação de pessoa pelo edifício, mesmo após o horário comercial, colaborando assim para o aumento da sensação de segurança das pessoas ao passearem pela área.
TRABALHAR Serão implantados escritórios de planta livre, para possibilitar a utilização por diversos tipos de profissão: escritórios de arquitetura, advocacia, marketing, engenharia, administração, agencia de turismo etc., assim como a valorização do coworking e compartilhamento dos espaços de trabalho, visando uma maior integração social. Através de uma malha estrutural modular, se torna possível a liberação do espaço útil e sua adaptação de acordo com as necessidades do usuário. Os escritórios se relacionam com os outros edifícios do entorno, visto que boa parte deles possui essa função ao longo da torre e embasamento comercial. Além de que, com a atração populacional para o centro e a era da tecnologia, o modo de trabalho das pessoas vai se modificar cada vez mais, visto que é possível trabalhar a partir de qualquer lugar, rumo ao coworking proposto no projeto.
DIVERTIR-SE O campo do lazer deve ser muito bem explorado, pois, se nele as pessoas se sentirem à vontade, elas usarão mais intensamente. O que cada um prefere fazer durante o ócio é relativo, variando de acordo com a personalidade da pessoa. Para os esportistas, um complexo esportivo com piscina, academia e salas para lutas e danças. Para os mais tranqüilos, uma galeria de arte e áreas de leitura nos terraços. Para quem prefere ficar com os amigos, cafés, restaurantes, bares. Para as crianças, playgrounds. Para os turistas, tudo isso e mais um mirante na cobertura. O centro possui várias atividades culturais e de lazer, contudo, como já foi visto anteriormente, no entorno próximo da Praça da República elas não são muito presentes.
COMPRAR O comércio é um grande atrativo para fazer quem está na rua entrar no edifício. Portanto, um área foi reservada para lojas de utilidades diversas, no estilo das Galerias Lafayette, em Paris, onde as lojas são abertas e permitem a livre circulação de pessoas entre elas. Essa atividade é muito presente em todo o centro da cidade, principalmente no nível do pedestre, e, ao ser incluída no programa desse edifício, estabelece uma conexão com o entorno e também com o projeto de edifícios-galerias bastantes difundidos por São Paulo. 85
central de energia e tratamento de água biblioteca
administração, segurança e manutenção
áreas de leitura
escolas ef + em escritórios
auditório
complexo esportivo
playgrounds lojas vizinhanças residenciais carga e descarga parques e praças
discoteca
cinema
cafés, bares e restaurantes
museu
vizinhança residencial mirante escola em galeria
terraços complexo esportivo escritórios auditório comércio
Esquemas 05 e 06 | Evolução
e simplificação do programa proposto para o edifício. 86
biblioteca
Além do contido nesses grupos, haverá espaços multiusos, como auditório e parques, os quais podem ser utilizados pelo público em geral, e uma área de apoio do edifício, concentrando segurança, manutenção e administração e pensando também na carga e descarga de mercadorias e lixo, e outras áreas técnicas para central de energia, tratamento de água. As circulações tentam ser o mais fluidas possível e permitem que o usuário escolha o trajeto que prefere até seu destino, ou seja, não se limitarão aos elevadores e caixas de escadas de incêndio, mas serão constituídas também por rampas, passarelas e escadas rolantes, de modo a estimular o passeio. Quanto à sustentabilidade, de nada adiantaria todo o discurso feito sobre adensar para reduzir os gastos energéticos se o próprio edifício não o fizesse. Então, pretende-se priorizar a ventilação e a iluminação naturais, assim como o reuso da água, os quais não serão especificados nesse projeto. Ainda nessa questão, a vegetação existente pelo edifício contribui para refrescar os ambientes nos dias mais quentes, diminuindo ainda mais a necessidade de utilização do ar-condicionado.
O projeto também será racionalizado e pré-fabricado, evitando desperdício de materiais durante a construção e primando pela limpeza do canteiro. Serão priorizados materiais nacionais e disponíveis nas proximidades da cidade, diminuindo a pegada ecológica do edifício.
Na tentativa de organizar o que foi exposto até agora e de facilitar o processo projetual, foram estabelecidas as conexões mais prováveis entre os usos descritos [Esquema 06].
87
CONCEITUACAO O que seria de uma cidade sem suas ruas? A partir dessa questão foi estabelecido que a circulação seria o ponto principal do prédio. Ela deveria se dar de forma fluida e permitir que o usuário do edifício chegasse ao seu destino por mais de um caminho. Ou seja, assim como em uma cidade, o visitante, morador ou trabalhador do edifício pode decidir se vai pelo caminho mais óbvio e direto (elevador) ou se vai pelo caminho mais agradável e interessante (passeando pelas rampas e escadas rolantes ao longo do edifício). É uma questão de escolha e necessidade, a qual deve ser deixada nas mãos dos usuários. A circulação principal da base se desenvolve externamente a ela para que as pessoas ainda se sintam na cidade ao estarem circulando de um andar para o outro, o que remete ao conceito da circulação vertical aplicado ao Centre Pompidou, em Paris. Todos que frequentarão a torre também passarão por essa circulação. Ela é uma prolongação vertical da praça que se desenvolve no térreo e vai até a cobertura da base, de onde partem todas as outras circulações para a torre: escadas rolantes, escada normais, elevadores enclausurados e elevadores panorâmicos, mais turísticos, os quais levam diretamente até os últimos andares do edifício (galeria de arte, restaurante e mirante). Outro princípio do trabalho foi a criação de vizinhanças [Esquema 07] e de uma identidade para cada um delas, mas sempre estabelecendo uma conectividade e pontos comuns entre as mesmas. Estão separadas por terraços-rampas, os quais foram concebidos para estabelecerem uma divisão física entre os blocos e, ao mesmo tempo, funcionarem como percurso e estar. Esses terraços-rampa podem ser apropriados pelos usuários de acordo com suas necessidades; por exemplo, o terraço abaixo do bloco residencial possui playgrounds e espaços de estar, enquanto que o que está abaixo da galeria de arte pode ser utilizado por esta já como algum tipo de espaço de exposição, tornando a chegada à galeria também parte dela. O projeto evolui do modo mais urbano possível. O térreo é completamente livre, chegando até ele somente os apoios estruturais e os pontos de circulação vertical. A intenção é que ele seja visto e utilizado como uma 89
Mirante Galeria de Arte Habitações Escritórios Compelxo esportivo Escola Biblioteca Pavimentos técnicos Terraço de transição Centro comercial Bares, cafés e restaurantes Auditório 0 5 10
20
30
Esquema 07 | Distribuição dos
usos ao longo do edifício. Escala 1:1000 90
prolongação da Praça da República; as feiras de arte e comida dos finais de semana podem adentrar o terreno, assim como todo o resto da população. Além disso, serve também como transposição da quadra, interligando a Rua Aurora à praça. Outro ponto em que a urbanidade é destacada é na predominância de usos públicos no edifício (com exceção dos escritórios e residências, todos os são) e na livre circulação por quase todo o projeto. O programa já foi discutido anteriormente, contudo é importante salientar que as funções escolhidas para estarem no projeto estão presentes no entorno, fazendo do edifício uma continuação deste. O projeto, apesar de aumentar a quantidade de pessoas que frequentarão a região da Praça da República, não incentiva em nenhum momento um maior gasto de energia e tempo para isso. Ele foi implantado para que a população chegue até ele através do transporte público presente na cidade, conectando-se mais ainda com esta. A garagem possui o número mínimo de vagas e somente para moradores. Quanto ao desempenho, todo o projeto foi pensado para maximizar a utilização de luz e ventilação naturais. Terraços e varandas protegem os usuários da luz direta, mas a luminosidade adentra por toda a planta. Aberturas se distribuem por todos os locais com concentração de usuários, ficando a ventilação sob seu controle.
Em nenhum momento do processo projetual tentou-se realizar o melhor projeto possível de escola ou o melhor auditório; a intenção do trabalho era mostrar que os espaços de um edifício podem ser adaptados e utilizados para os mais diversos usos conforme a necessidade de um bairro, permitindo que a cidade seja pensada também verticalmente, rumo a um adensamento de qualidade para a cidade de São Paulo. O projeto portanto se resume a um estudo preliminar de aplicação e viabilidade das teorias descritas anteriormente para uma megalópole brasileira.
91
ESTUDOS VOLUMETRICOS O estudo da volumetria do edifício começou com o relacionamento entre taxa de ocupação e altura da torre, de modo a analisar quanto seria possível subir e quanto andares poderiam ser projetados dentro do coefiente de aproveitamento máximo do terreno. Numa segunda etapa, foram adicionados terraços a essas torres e alguns pésdireitos foram aumentados, o que criou uma volumetria mais interessante e aumentou o número de andares do edifício. Posteriormente, foi realizada uma distribuição idealizada das áreas por tipo de uso e estudadas as posições que mais favoreciam a cada um deles. Nessa etapa, a torre criou mais vazios e um desenho mais recortado, tendo sido estudada com pavimentos de 20x20m (400m2) e 30x30m (900m2). Para o posicionamento dos terraços, foram verificados os principais pontos de interesse nos arredores da Praça da República, de modo a proporcionar vistas interessantes aos usuáriios do edifício.
A base passou por um estudo a parte. Sua forma trapezoidal foi umas das premissas de projeto, já que a fachada não paralela aos limites do terreno guia os pedestres até onde se concentra toda a circulação vertical do edifício, assim como representa o fluxo de pessoas que vai para cada um dos lados do terreno.
Diversas opções de distribuição das escadas rolantes e posicionamento dos elevadores da base também foram considerados. Os critérios de estudo foi a facilidade de compreensão do caminho para os usuários e também para os pedestres.
93
Estudos 01 a 04 | Estudos iniciais
relacionando a ocupação do terreno e a variação da altura do edifício, levando em conta o coeficiente de aproveitamento máximo do zoneamento. Sem escala. Vistas a partir da Praça da República. Estudos 06 a 09 | Início da
distribuição de usos ao longo dos pavimentos. Nesses estudos foram usados pavimentos tipo de 900m2 (06 e 07) e 400m2 (08 e 09). Vistas a partir da Praça da República. Comércio Escritórios Habitações Outros usos
Estudo 05 | Inclusão de terraços
ao longo do edifício permitiam o aumento de sua altura. Vista a partir da Praça da República. 94
95
Estação Julio Prestes Luz
Pacaembu
Sé Anhangabaú
Copan
Praça da República
Croqui 01 | Estudo de terraços
ao longo do edifício a partir das possíveis visuais obtidas. O bloco de escritórios está rotacionado nesse croqui como uma tentativa de melhorar a insolação. 96
Jardim da Luz Estação Julio Prestes Estação da Luz
Vale do Anhangabaú Teatro Municipal Edifício Itália Edifício Copan Biblioteca Mário de Andrade
Catedral da Sé
Mapa 08| Pontos de interesse da
cidade para estudo das visuais que podem ser obtidas pelo edifício. Sem escala. 97
Estudos 10 a 16 | Possíveis
volumetrias para a base. Para cada uma delas foi analisada a chegada de sol até a base e sensação do pedestre a apartir do nível da Praça. Vistas a partir da Praça da República. 98
99
Estudo 17 | Possibilidade A de
circulação da base nas fachadas cegas voltadas para o terreno. Escala 1:1000
Estudo 18 | Possibilidade B de
circulação da base nas fachadas cegas voltadas para o terreno. Escala 1:1000
0 5 10
20
30
Estudo 19 | Possibilidade C de
circulação da base nas fachadas cegas voltadas para o terreno. Escala 1:1000
20 | Volumetria da possibilidade A de circulação. Estudo
100
Croquis 02 a 04 | Estudos de
circulação e passarelas conectá-la a base. 101
para
47 +7
+7 48
40
49 +7
0 10 20
60
Planta 01 | Implantação do projeto
na República, em São Paulo, Brasil. Escala 1:2000
102
O PROJETO FINAL O projeto, como já foi mencionado anteriormente, se desenvolve em blocos ou vizinhanças, as quais possuem 7 pavimentos cada. Tanto a base como a torre se conectam de alguma forma com a cidade, seja pela conexão física ou pela complementaridade de usos do entorno. Ao longo de todo o processo, cada uma dessas partes foi completando a outra e fazendo com que o edifício só fizesse sentido com a existência de todas elas. Bastante atenção foi dada a três aspectos principais: circulação, qualidade espacial e desempenho. O primeiro estabelece um percurso contínuo para chegar até o primeiro andar do bloco residencial, ou seja, pode-se chegar até lá sem a necessidade de entrar na caixa isolada que é o elevador. O segundo foi pensado principalmente através das plantas, as quais, mesmo irregulares, conseguiram ser resolvidas para todas as funções propostas. O terceiro focou-se na permissão de luz e ventilação naturais de acordo com a vontade do usuário, que pode controlá-las, assim como na não necessidade de utilização de condicionamento do ar devido à utilização dos chamados chilled ceilings. Em todo o edifício, foram utilizados materiais nacionais e com grande disponibilidade em São Paulo: concreto, madeira e vidro, principalmente.
103
0
5
10
15
Planta 02 | Subsolo. NĂvel -4,0m
(+743m) Escala 1:500
104
Figura 94 | Vista leste da base do
edifício. Modelo eletrônico.
BASE A base do edifício é totalmente elevada do chão, o que permite que o térreo fique completamente livre. Sua circulação se dá externamente, em um bloco encostado na maior fachada cega voltada para o terreno, e através de escadas rolantes e elevadores panorâmicos. Toda essa movimentação fica visível aos olhos de quem está passando pela rua ou mesmo de quem está dentro da base, o que proporciona dinamicidade ao que antes eram somente as costas de um edifício. Ao subir os dois primeiros níveis, temos a entrada principal do auditório, o qual pode funcionar também para apresentações de dança ou teatro e ter seu uso prolongado para o período noturno. Sua forma inclinada permite que sua parte superior seja utilizada como arquibancada e continuação da praça de alimentação criada no pavimento superior, onde se localizam bares e cafés. Constitui-se em um ambiente mais descontraído, com vistas tanto para a praça da República, quanto para Aurora e o próprio térreo do edifício. O próximo andar apresenta uma praça de alimentação mais no estilo existente nas galerias comercias da cidade, no qual restaurantes se voltam para a área de estar. Esse andar se comunica através de uma escada interna com o andar inferior e o superior, onde se encontra o comércio propriamente dito. O sétimo pavimento é na verdade um terraço de transição entre essa base totalmente pública e a torre que se desenvolve acima dela, sendo que todas as pessoas que a frequentarão deverão passar por esse andar. Todos esses andares são sustentados pelo pórtico estrutural, composto por um bloco de concreto e estrutura metálica. Dentro do bloco está toda circulação de serviço da base, com elevadores para carga e descarga e uma escada de emergência. A base possui a altura abaixo de outros edifícios da mesma quadra e contribui para esconder a torre a partir do nível do pedestre, fazendo com este não se sinta reprimido por seu tamanho. 105
0
5
10
15
Planta 03 | Térreo. Nível 0,00m
(+747m). Escala 1:500
106
0
5
10
15
Planta 04 | 1o pavimento. Acesso
secundário ao auditório. Nível +4,00m (+751m). Escala 1:500 107
0
5
10
15
05 | 2o pavimento. Audit贸rio. N铆vel +8,00m (+755m). Escala 1:500 Planta
108
0
5
10
15
Planta 06 | 3o pavimento. Praça
de alimentação (acesso pelo nível seguinte). Nível +12,00m (+759m). Escala 1:500 109
0
5
10
15
Planta 07 | 4o pavimento. Bares
e cafés. Nível +16,00m (+763m). Escala 1:500
110
0
5
10
15
Planta 08 | 5o pavimento. Praça
de alimentação. Nível +20,00m (+767m). Escala 1:500 111
0
5
10
15
Planta 09 | 6o pavimento. Lojas.
NĂvel +24,00m (+771m). Escala 1:500 112
0
5
10
15
Planta 10 | 7o pavimento. Terraço
de transição. Nível +28,00m (+775m). Escala 1:500 113
Croqui 05 | Vista da base do
edifício a partir da Praça da República.
Croqui 06 | Vista da arquibancada
criada sobre o teatro que serve como prolongação da praça de alimentação do pavimento de bares e cafés. 114
Croquis 07 e 08 | Cobertura de
tecido retrátil sobre parte da base e entre vigas de sustentação, para amenizar a incidência solar nos dias mais quentes e fornecer maior proteção contra chuvas. 115
0
5
10
15
Planta 10 | 8o pavimento. Vigas
estruturais, pavimento tĂŠcnico. NĂvel +32,00m (+779m). Escala 1:500 116
Figura 95 | Vista leste do bloco
esportivo-cultural. Permite-se a visualização das vigas estruturais, das rampas de circulação interna da biblioteca e da escola, dos pés-direitos duplos do complexo esportivo e das fachadas que combinam concreto, vidro e madeira. Modelo eletrônico.
VIZINHANÇA #1 - ESPORTIVA CULTURAL O primeiro pavimento da torre é um pavimento técnico estrutural, por onde passam as vigas de 1x6m cada, as quais completam o pórtico e dão a sustentação para a torre que se eleva acima delas. O andar pode funcionar para instalção de equipamentos para tratamento e reuso da água do edifício, por exemplo, diminuindo gastos para todos. Acima desse pavimento se desenvolve a vizinhança em questão, composta por dois pavimentos de biblioteca, dois de escola de ensino médio e três de complexo esportivo. A biblioteca e a escola são acessadas somente pelo primeiro pavimento de cada uma delas, possuindo uma circulação interna por rampas na fachada oposta a das escadas rolantes, enquanto que a circulação do complexo esportivo é a mesma do edifício. A biblioteca é organizada com um andar para a busca de livros e outro para a área de leitura. A escola possui salas de aulas nos dois pavimentos, assim como salas de diretoria, dos professores e uma cantina. Essas salas são centralizadas no pavimento, deixando terraços-corredores ao redor, os quais funcionam como passagem e como espaço de estudo. Esse terraço funciona ainda como proteção solar, impedindo que chegue luz direta às salas de aula e evitando ofuscamentos. O complexo esportivo é composto por um pavimento para esportes em salas, como danças e lutas, cujas salas podem ser moduladas de acordo com as necessidades das aulas através de divisórias recolhíveis. O segundo pavimento concentra todos os vestiários do complexo assim como duas piscinas, uma infantil e outra adulta. O terceiro pavimento é uma academia de ginástica, modalidade cada vez mais difundida pela cidade. Tanto a biblioteca quanto o complexo esportivo são conectados com a escola, mas também abertos para o público em geral. Além disso, o horário de funcionamento dos três podem ser estendidos, possibilitando uso durante as 24h do dia, o que garante uma maior circulação de pessoas pelo edifício. 117
11 | 9o pavimento. Biblioteca. Nível +38,00m (+785m). Escala 1:500 Planta
12 | 10o pavimento. Biblioteca. Nível +41,5m (+788,5m). Escala 1:500 Planta
0
5
10
15
Planta 13 | 11o pavimento. Escola.
Nível +45,00m (+792m). Escala 1:500 118
Planta 14 | 12o pavimento. Escola.
Nível +48,50m (+795,5m). Escala 1:500
15 | 13o pavimento. Complexo Esportivo. Salas de lutas e danças. Nível +52,00m (+799,0m). Escala 1:500 Planta
5
0
10
15
14o pavimento. Complexo Esportivo. Piscina e vestiários. Nível +59,00m (+806,0m). Escala 1:500 Planta
119
16
|
17 | 15o pavimento. Complexo esportivo. Academia. Nível +66,00m (+813m). Escala 1:500 Planta
Planta 18 | 16o pavimento. Terraço
rampa. Nível +73,00m (+820m). Escala 1:500
0
5
10
15
Planta 18 | Planta intermediária.
Continuação do terraço rampa. Escala 1:500
120
Croqui 09 | Vista de um dos
corredores-terraços da escola. É local de passagem, mas também de estar. 10 | Esquema de montagem das divisórias retráteis utilizadas no pavimento das salas de aula para lutas e danças. Croqui
121
19 | 17o pavimento. Escritório. Nível +80,00m (+827m). Escala 1:500 Planta
20 | 18o pavimento. Escritório. Nível +83,50m (+830,5m). Escala 1:500 Planta
0
5
10
15
21 | 19o pavimento. Escritório. Nível +87,00m (+834,0m). Escala 1:500 Planta
122
Figura 95 | Vista sul do bloco
de escritórios. Permite-se a visualização dos terraçosrampas e dos diferentes tipos de fechamentos (os quais serão descritos adiante). Modelo eletrônico.
VIZINHANÇA #2 - ESCRITÓRIOS Os escritórios foram pensados sobretudo para utilização através do coworking, contudo um ou mais pavimentos podem também ser utilizados para uma única companhia. Suas plantas são livres, possuindo espaços de reunião isolados do resto do escritório, mas não fechados, além de todos os andares contarem com terraços que podem ser usados também como espaços de trabalho, assim como no Commerzbank. Quase todos os andares possuem comunicação visual com os demais, além de que alguns deles compartilham também um terraço de pé-direito triplo. A comunicação entre a vizinhança #1 e essa se dá através de um terraço rampa, o qual será utilizado principalmente pelas pessoas que lá trabalham. A circulação se dá por escadas rolantes, visto que, devido ao fato de ser uma vizinhança de seis pavimentos mais o terraço rampa, a utilização do elevador seria muito maior caso fossem escadas normais.
123
22 | 20o pavimento. Escritório. Nível +90,50m (+837,5m). Escala 1:500 Planta
23 | 21o pavimento. Escritório. Nível +94,00m (+841,0m). Escala 1:500 Planta
0
5
10
15
24 | 22o pavimento. Escritório. Nível +97,50m (+844,5m). Escala 1:500 Planta
124
Croqui 11 | Vista do terraço de pé-
direito triplo, dos andares 20 a 22. Local de estar que complementa os ambientes de trabalho. Croqui 12 | Vista do átrio de pé-
direito duplo que conecta o 18o ao 19o pavimento. 125
25 | 23o pavimento. Terraço rampa residencial com playground. Nível +101,00m (+848,0m). Escala 1:500 Planta
Planta 24 | Planta intermediária.
Continuação do terraço rampa. Escala 1:500
0
5
10
15
25 | 24o pavimento. Habitações. Nível +108,00m (+855,0m). Escala 1:500 Planta
126
Figura 96 | Vista sul do bloco
residencial. Permite-se a visualização dos terraços-rampas e das varandas cercadas pelo treliçado de madeira. Modelo eletrônico.
VIZINHANÇA #3 - HABITAÇÕES Essa vizinhança também possui o seu terraço-rampa, o qual possui playground para as crianças e áreas de estar ao longo do percurso. O bloco de habitações é o único em que ocorre a repetição de plantas, sendo somente o primeiro pavimento diferente dos outros por ser a chegada do terraço-rampa, o que determina uma conformação diferente do espaço. Este pavimento conta com cinco unidades, enquanto que os outros possuem seis, o que totaliza 35 unidade habitacionais. Ao todo, foram desenvolvidas nove tipologias diferentes, sendo três delas estúdios de 40 a 50m2, quatro com cerca de 70m2 (dois dormitórios) e duas com 100 e 110m2 (três dormitórios). A grande variedade faz com que os apartamentos sejam voltados a diversos públicos, desde estudantes e executivos que moram sozinhos até famílias com dois ou três filhos. Com exceção dos estúdios, as outras tipologias apresentam varandas, os quais possuem fechamentos em treliças de madeira devido a grande altura e aos ventos, o que faz com que sejam realmente mais um ambiente da casa. Salas e cozinhas são integradas e tenta-se evitar os corredores, o que torna as moradias mais amplas e conectadas. A boa orientação do edifício faz com que todas as fachadas recebem luz solar direta em algum momento do dia, o que é valorizado em unidade habitacionais.
127
Planta 26 | 25o ao 29o pavimentos.
Habitações. Nível +111,50m (+858,5m). Escala 1:500
Planta 27 | 30o pavimento. Terraço
rampa do último bloco. Nível +129,00m (+876,0m). Escala 1:500
0
5
10
15
Planta 28 | Planta intermediária.
Continuação do terraço rampa. Escala 1:500
128
Croqui 13 | Terraรงo rampa da
vizinhanรงa residencial. 129
29 | 31o pavimento. Galeria de arte. Nível +136,00m (+883,0m). Escala 1:500 Planta
32o pavimento. Galeria de arte. Nível +139,50m (+886,5m). Escala 1:500 Planta
0 Planta
30
5
|
10 31
|
15 33o
pavimento.
Restaurante. Nível +143,00m (+890,0m). Escala 1:500 130
Figura 97 | Vista sul do bloco
turístico. Permite-se a visualização do sistema de circulação por rampas externas aos pavimentos e do mirante na cobertura. Modelo eletrônico.
VIZINHANÇA #4 - TURÍSTICA O quarto e último bloco do edifício foi denominado turístico por possuir pontos de interesse que atrairiam pessoas, de São Paulo ou de fora, interessadas em admirar a cidade. O bloco é composto por uma galeria de arte, um restaurante e um mirante na cobertura. Abaixo deste, exite um pavimento técnico onde estão localizadas as caixas d’água para abastecimento do edifício. Assim como as outras, esta vila também apresenta um terraço rampa em sua base. Para acessá-la, dois elevadores panorâmicos sobem desde o 7o pavimento (terraço de transição), até esse terraço rampa ou até o primeiro pavimento dos outros usos. Caso se opte pela descida no terraço, a subida ao longo desta viinhança pode se dar também por rampas que circundam cada um dos andares. Desta forma, a cidade é apreciada durante todo o tempo, desde o chão até o pavimento de destino. A galeria de arte conta com dois pavimentos de planta livre para exposição das obras e realização de eventos, podendo expandir sua área e se apropriar do terraço-rampa também como área expositiva ou performática. Subindo as rampas, chega-se ao restaurante, o qual utiliza o espaço antes ocupado pelo core de elevadores para ter a sua cozinha centralizada. A última rampa dá acesso ao mirante, o qual possui uma área coberta, para os dias mais frios e outra externa para uma melhor visão. O formato foi pensado para minimizar o efeito dos ventos na cobertura, os quais são predominantemente advindos do SE.
131
32 | 34o pavimento. Restaurante. Nível +146,50m (+893,5m). Escala 1:500 Planta
33 | 35o pavimento. Pavimento técnico. Caixas d’água.. Nível +150,00m (+897,0m). Escala 1:500 Planta
0
5
10
15
Planta 33 | 36o pavimento. Mirante.
Nível +153,50m Escala 1:500
(+900,5m). 132
Planta
34
|
37o
pavimento.
Cobertura. Nível +157,00m (+904,0m). Escala 1:500
36 35 34 33 32 31 30 29 28 27 26 25 24 23 22 21 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 térreo subsolo
Elevadores panorâmicos Elevadores da torre Elevadores da base Esquema 08 | Circulação dos elevadores ao longo do projeto. 133
Figura 98 | Vista sul do edif铆cio.
Modelo eletr么nico.
134
Figura 99 | Vista leste do edif铆cio.
Modelo eletr么nico. 135
Ampliação 01 | Caixilho alto da biblioteca para iluminação e ventilação. Escala 1:50
Ampliação 02 | Caixilhos internos da escola para controle da ventilação e ruído a 1,30m do chão. Painéis treliçados de madeira externos para controle da luz e utilização ampla do terraço. Uso do chilled ceiling nas salas de aula. Escala 1:50 0
.5
1
1.5 136
Figura 100 | Trançado de madeira
utilizado em painéis para sombreamento dos ambientes.
FACHADAS Todas as vedações do projeto foram pensadas de forma a garantir que o usuário possa decidir qual a situação que mais lhe agrada em cada momento, através de controles de luminosidade e ventilação. Para a luminosidade, são utilizados painéis trançados de madeira (muxarabis) e venezianas do mesmo material. O primeiro tipo se localiza em todos os tipos de terraço (sob a forma de painéis deslizantes), garantindo que estes tenham uma utilização mais ampla; em áreas onde o sombreamento é necessário mas a ventilação deve ser mantida (painéis fixos), como é o caso do complexo esportivo; e também nas varandas residenciais, as quais são fechadas com esse material devido a altura em que essa vizinhança se localiza, garantindo assim que o vento não seja tão forte dentro das habitações e que os habitantes se sintam mais seguros (painéis fixos). Neste caso, os usos principais se localizam afastados da fachada. O uso das venezianas, por sua vez, se dá quando o pavimento é ocupado por seu uso principal até a fachada do edifício, como é o caso da área de leitura da biblioteca, de algumas partes dos escritórios e das residências. As venezianas fazem parte de um caixilho que conta com uma folha em vidro, que permite a passagem de luz, mas não a do vento, e outra com a veneziana propriamente dita, a qual controla sombreamento e permite ventilação do ambiente. Os caixilhos são utilizados também nas áreas em que o uso é recuado em relação a fachada do edifício, contudo, nesses casos, não há a necessidade da folha de veneziana, visto que o próprio terraço/corredor funciona como um beiral de 3m, impedindo a chegada de luz direta nos ambientes de trabalho. Com a variação dessas tipologias, cada vizinhança acaba ganhando a sua própria identidade visual, sem deixar de fazer parte do conjunto do edifício, devido a utilização sempre dos mesmos materiais: concreto (todas as partes opacas), vidro e madeira. O pavimento residencial, por ser mais recortado do que os dos outros blocos, 137
Ampliação 03 | Caixilho duplo presente nos escritórios, com uma folha de vidro para controle da ventilação e outro de veneziana para controle da iluminação e ventilação. Uso do chilled ceilling. Escala 1:50 Detalhe 01 | Aproximação do caixilho duplo, mostrando o funcionamento das venezianas. Escala 1:10
Ampliação 03 | Caixilhos internos da escola para controle da ventilação e ruído a 1,10m do chão. Painéis treliçados de madeira externos para controle da luz e utilização ampla do terraço. Uso do chilled ceiling nos escritórios. Escala 1:50 0
.5
1
1.5 138
foi utilizado para a realização de cartas solares de todas as suas fachadas, de modo a verificar que, devido a boa orientação do terreno e do edifício, todas as fachadas principais do edifício pegam, no mínimo, 2,5 horas de sol no inverno. Outro estudo de insolação foi realizado, desta vez com o intuito de mostrar o que foi dito anteriormente sobre os terraços que se distribuem ao redor do pavimento, funcionarem como beiral e protegerem os ambientes de trabalho contra ofuscamentos. Assim, na fachada interna desses espaços, não é necessário nenhum outro mecanismo de proteção solar, mas somente o caixilho de vidro para controle da ventilação e ruído.
CHILLED CEILINGS Contribuindo também para o desempenho do edifício, foram utilizados chilled ceilings, ou seja, tetos refrigerados nos ambientes de maior produção de calor durante seu uso. Essa técnica se constitui pela passagem de tubulação com água fria corrente ao longo de toda a laje, o que constribui para o resfriamento do ambiente. Aliado a isso, a laje com essa tubulação é ondulada e possui uma maior área para absorção do calor existente no ambiente. Assim, com o uso dos tetos refrigerados e da ventilação natural existente em todos os pavimentos, não é necessária a utilização do ar-condicionado, o qual tem sido, ao longo dos últimos anos, item essencial em um arranhacéu. E para evitar desperdícios, a água aqui utilizada pode ser a de reuso do próprio edifício.
139
Ampliação 05 | Caixilho duplo presente nas habitações, com uma folha de vidro para controle da ventilação e outro de veneziana para controle da iluminação e ventilação, e uma parte superior para ventilação mais suave. Escala 1:50
Ampliação 06 | Fechamento da varanda em treliçado de madeira e vazio a uma altura de 1,35m, permite que o habitante mantenha a vista, mas com uma ventilação mais controlada e menos vertigem devido a altura. Escala 1:50 Ampliação 07 | Fechamento proposto para o mirante. Tijolos de vidro translúcidos e transparentes se alternam com vazios. Permite a passagem de luz e ventilação.
Escala 1:50
0
Tijolo de vidro translúcido Tijolo de vidro transparente Vazios .5 1 1.5 140
Ampliação 08 | Caixilho presente nas rampas de circulação da última vizinhança. Composto por um caixilho de vidro fixo na parte inferior, outro basculante na parte superior e uma proteção externa de treliçado de madeira para proteção contra o sol. Escala 1:50
0 141
.5
1
1.5
Cartas Solares 01 a 12 | Estudo da insolação em cada uma das fachadas do edifício. Um pavimento residencial foi escolhido para esse estudo por fazer parte do bloco cuja forma é mais recortada, abrangendo as fachadas principais do projeto e outras. Escala 1:500 0
5
10
15 142
Figura 101 | Estudo de insolação.
Fachada NE. Sol às 9h, março. Pavimento de escritórios.
Figura 102 | Estudo de insolação.
Fachada NE. Sol às 9h, junho. Pavimento de escritórios.
Figura 103 | Estudo de insolação.
Fachada NE. Sol às 9h, dezembro. Pavimento de escritórios. 143
Figura 104 | Estudo de insolação.
Fachada SE. Sol às 9h, março. Pavimento de escritórios.
Figura 105 | Estudo de insolação.
Fachada SE. Sol às 9h, junho. Pavimento de escritórios.
Figura 106 | Estudo de insolação.
Fachada SE. Sol às 9h, dezembro. Pavimento de escritórios.
144
Figura 107 | Estudo de insolação.
Fachada SO. Sol às 16h, março. Pavimento de escritórios.
Figura 108 | Estudo de insolação.
Fachada SO. Sol às 16h, junho. Pavimento de escritórios.
Figura 109 | Estudo de insolação.
Fachada So. Sol às 16h, dezembro. Pavimento de escritórios. 145
Figura 110 | Estudo de insolação.
Fachada NO. Sol às 16h, março. Pavimento de escritórios.
Figura 111 | Estudo de insolação.
Fachada NO. Sol às 16h, junho. Pavimento de escritórios.
Figura 112 | Estudo de insolação.
Fachada NO. Sol às 16h, dezembro. Pavimento de escritórios.
146
Figura 113 | Vista da fachada NO
do edifĂcio.
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URBANISMO VERTICAL PROJETO DE EDIFICIO DE USO MISTO PARA A CIDADE DE SAO PAULO Fernanda Invernise de Moraes TFG FAU USP / Novembro 2013 Elevação 01 - Vista a partir da Praça da República Escala 1:500 0
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