TGI II - Espaço Produtivo Periurbano

Page 1



espaço produtivo periurbano experimentação sobre produção agrícola em são paulo

fernanda vitória neves da silva trabalho de graduação integrado II

novembro 2018


AUTORIZO A REPRODUCAO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRONICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE

Neves, Fernanda Espaço produtivo periurbano / Fernanda Neves. -- São Carlos, 2018. NN518e 124 p.

Trabalho de Graduação Integrado (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) -- Institu to de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, 2018.

1. agricultura urbana. 2. reforma agrária. 3. cooperativa rural. 4. comunidade produti- va. 5. planejamento urbano.


espaço produtivo periurbano experimentação sobre produção agrícola em são paulo

comissão de avaliação permanente david moreno sperling joubert josé lancha simone helena t. vizioli luciana bongiovanni m. shenk

coordenador do grupo temático joão marcos de almeida lopes

banca examinadora ____________________________________

_________

david moreno sperling

____________________________________

_________

____________________________________

_________

joão marcos de almeida lopes

convidado(a)



Este trabalho se propõe a refletir sobre as relações e dinâmicas entre os espaços inteseccionais produzidos histórica e dialeticamente pela lógica rural e urbana. Simultâneamente se projeta como investigação de uma produção contemporânea de espaços de resistência em relação às lógicas dominantes tanto no que diz respeito ao rural quanto ao urbano.


Ă­ndice


investigação teórica:conceituação sobre campo e cidade

10

o debate agrário no brasil

16

reforma agrária e ação projetual no campo heterotópico

22

leitura metropolitana

26

leitura da cidade

38

referências projetuais

48

intervenção na escala metropolitana

54

leitura da subprefeitura de perus

58

leituras da área de intervenção

66

programa e espacialização da intervenção

76

implantação

88

pontos organizacionais

90

aproximação projetual 1

92

aproximação projetual 2

104

aproximação projetual 3

110

aproximação projetual 4

116

aproximação projetual 5

118

referências bibliográficas

124


investigação teórica: conceituação sobre campo e cidade

10


Via de regra, ao se tratar das relações rural-urbano e campo-cidade, há uma relação de oposição previamente admitida que se faz presente desde a conceituação do que seria o campo e o que seria a cidade. De modo que, usualmente, a definição do campo vem por oposição ou exclusão do que seria a definição de cidade, assim como para a relação urbano-rural, na qual se pressupõe que o urbano é estritamente o que é próprio da cidade e o rural apenas o que pertence ao espaço do campo, e que a existência de ambos é fundamentalmente contraditória e imiscível. A gênese dessa concepção baseada na oposição entre campo e cidade é dada da conceituação histórica de que a maior e primeira importante divisão do trabalho material e intelectual é a separação da cidade e do campo. Essa divisão no âmbito espacial atribui ao que se conformava como da cidade as atividades políticas, comerciais e posteriormente industriais e o trabalho agrícola e pecuário passou a pertencer ao campo. A divisão estabelece, portanto, uma construção histórica dos conjuntos de relações e atividades que se consolidam como rurais - que normalmente, mas não sempre se materializam sobre o campo - e como urbanas - que costumam se materializar na cidade, sendo a partir dessas conceituações que se marca que essa divisão presume uma relação de oposição e dependência entre esses pares análogos. É importante salientar, que a divisão do trabalho material e intelectual aqui tratada se desenrola em camadas não só espaciais, mas também sociais, de raça e gênero, de forma que essa separação, aliada ao modo de produção capitalista produz a perpétua divisão em que o “prazer e o trabalho, a produção e o consumo caberem a indivíduos diferentes” (ENGELS; MARX, 1984, p. 36) além de pertencerem a espaços diferentes. Desta forma, gradativamente a cidade se conformou como o espaço da modernidade, dos prazeres da farta oferta de serviços, lazer e infraestrutura, dos instrumentos de produção da ausência da natureza e das rápidas transformações sociais e paisagísticas. E dada a premissa da oposição, pertenceria ao campo, tudo que é contrário à cidade e se ausenta tudo o que se faz presente nela. Na contemporaneidade, principalmente quando se propõe a refletir sobre essas relações em 11


via de produzir uma ação prática e teórica sobre o campo e a cidade, é necessário compreender a definição e a conformação desses espaços e seus conjuntos de relações sociais e produtivas de uma maneira menos dicotômica. A caracterização de Sodré; Martins (2016) define primeiramente a cidade e o campo como categorias essencialmente materiais, dotadas de concretude que detém correspondência visual e palpável entre seu conceito e sua assimilação na realidade. Paralelamente a esse conceito, o urbano e o rural são definidos como um conjunto de relações sociais e produtivas construídas que se expandem para a realidade concreta. Deste modo o urbano é projetado sobre a cidade, mas não apenas sobre ela, assim como o rural é projetado sobre o campo, mas não exclusivamente sobre ele, contudo, tanto o rural e o urbano não existem autonomamente recusando uma materialidade, a existência exclusivamente abstrata e conceitual não é suficiente. Essa projeção do rural e do urbano sobre o campo e a cidade ocorreu em diferentes proporções desde que se estabeleceu a essa divisão do trabalho, e suas variações estão vinculadas às mudanças da lógica de produção vigente e de seus métodos organizacionais. A relação entre os pares análogos cidade-urbano e campo-rural, por conseguinte, é estabelecida de forma dialética e não monocausal. É possível traçar uma linha cronológica que fundamenta a leitura das diferentes relações entre o campo e a cidade desde o princípio do que se pode chamar de sociedade urbana. Primeiramente, debruça-se sobre a chamada “cidade política”, cujos correspondentes podem ser encontrador nas cidades greco-romanas, nas quais a cidade concentrava as atividades administrativas, políticas e intelectuais de modo que o espaço produtivo era o campo. Nessa conformação o rural era a lógica organizacional dominante nessa sociedade, de modo que o mesmo extrapolava os limites do campo, imperando perando a lógica urbana também na cidade. Acompanhando o salto histórico de Sodré, Martins (2016), analisa-se a relação produtiva campo e cidade no fim da Idade Média, quando tem-se o aumento do desenvolvimento mercantil e a cidade comercial passa a traçar sinais de um desprendimento com o campo. Con12


tudo ainda é uma cidade submissa à lógica rural, uma vez que a ainda não compreende a produção. É somente com a Revolução Industrial, momento em que a cidade passa a ser o centro produtivo da sociedade (e o capital se estabelece como condição material essencial da subsistência humana), que a lógica de dominância do rural sobre o urbano é paulatinamente invertida e o campo passa a ser subjugado à lógica produtiva urbana e do capital industrial, e posteriormente ao capital financeiro numa dada ordem global. Nesse período de transição e inversão produtiva, é notável a nova relação entre terra e capital: “(...) é entre os séculos XV e XVI que o rural – a terra – passa a sucumbir perante a riqueza móvel – o capital e o dinheiro – como lógica dominante, submetendo-se ao ímpeto urbanizador crescente da sociedade. (...) o dinheiro começa a dar sinais de superação da terra como riqueza, o que se consolidará mais tarde, quando se torna a moeda padrão. A própria terra passa ser valorada por meio do dinheiro, e a cidade se desvencilha do rural, passando a controlá-lo.” (SODRE; MARTINS, 2016, p. 55) Outro viés de análise sobre a questão rural-urbana, é através da tríade espaço absoluto, abstrato e diferencial de Lefebvre, apud. Sodré ; Martins (2016), na medida que colabora para esse entendimento não-antagônico e uma base de análise que apresenta um horizonte de possibilidade de produção do espaço rural na era contemporânea. Para o autor, o espaço absoluto é aquele ligado a uma ordem dominante “primeira”, presente originalmente nas cidade “políticas” da Antiguidade, nas quais, segundo Limonad (2003), a terra dispunha de uma função imprescindível, uma vez que a dinâmica rural era imperativa à dinâmica urbana e a prática de poder estava relacionada diretamente a propriedade e dominação dessa terra, principal meio de produção dessa sociedade. Gradativamente, o capitalismo exigiu diferentes conformações organizacionais, e a partir dessas imposições, novas estruturas sociais, produtivas e espaciais provocaram o que Lefebvre aponta como o espaço abstrato, que, derivado de uma relação de acumulação não substitui 13


totalmente o absoluto , já que também responde à mesma lógica de dominação. De acordo com Sodré;Martins (2016) o espaço contemporâneo, pode ser majoritariamente categorizado nesse espaço abstrato, essencialmente material, que porém é preenchido por abstrações pronunciadas pelo capital e posteriormente projetadas sobre os modos de vida e reproduzida pelos seres sociais habitantes dos espaços tanto da cidade quanto do campo. O movimento homogeneizante da produção dos espaços abstratos, todavia, não é capaz de atingir uma totalidade e são nos seus hiatos onde resistem e se produzem o que Lefebvre define como espaço diferencial, sendo ele a alternativa ao modelo hegemônico expresso no espaço abstrato. Esse espaço existe no espaço do capital sob o viés da resistência, e aqui podem-se inserir alguns pontos de insubordinação do campo em frente à investida da lógica de homogeneização espacial urbana como a permanência de uma sociabilidade camponesa, a agricultura familiar, as ocupações rurais que lutam pelo acesso à terra entre outros.

14

A lógica urbana e os processos de urbanização, regente tanto da cidade como de certa forma do campo, desempenha papel fundamental dentro da manutenção do capitalismo, sendo a mais expressiva dessas ações essenciais para a reprodução do capital a via de mão dupla estabelecida entre a produção capitalista e a urbanização a respeito dos excedentes produtivos. Segundo HARVEY (2014) a urbanização é inegavelmente um fenômeno de classe viabilizado pela gestão e distribuição de um excedente extraído “de algum lugar ou de alguém”, o lugar comum de extração desse excedente - principalmente na era pré-industrial e industrial nos países desenvolvidos e perdurando até recentemente nos países subdesenvolvidos - foi o campo e a atividade agrícola. Assim sendo, fica claro a noção de que a terra hoje habitada é produto do trabalho humano coletivo, em muitos casos, essencialmente o coletivo rural, mas em contrapartida disso, o direito à terra, tanto urbana quanto rural, assim como o direito à cidade e ao campo é negado coletivamente, a concentração desse direito está enraizada socialmente, produtivamente e historicamente e a manutenção dessa concentração, faz parte do processo de contínua apropriação e destruição dos comuns urbanos em função dos interesses privados - e embora não conste na conceituação de HARVEY (2014) a ideia de comuns rurais, é possível constituir um paralelo.


“Se a forma capitalista de urbanização está tão completamente inserida e é fundamental na reprodução do capitalismo, consequentemente as formas alternativas de urbanização, devem necessariamente se tornar centrais em qualquer busca de uma alternativa anticapitalista.” (HARVEY, 2014,p. 132 e 133) A questão da relação campo-cidade, e sua relação antagônica ou não, para Lefebvre, apud. Sodré; Martins (2016), não é mais protagonista do debate central da atualidade, nem deve ser, não por seu desaparecimento, mas porque o embate fundamental da sociedade contemporânea é a ampliação da expressão da histórica luta de classes que manifesta nas novas relações de trabalho, uma vez que a exploração capitalista não se expressa somente na relação do trabalho com a terra, incorporou-se na sociedade contemporânea novas formas de exploração que devem ser igualmente combatidas. É essa lógica da luta de classes que conforma a produção espacial tanto do campo e quanto da cidade, “uma vez que as classes envolvidas atuam como agentes produtores do espaço e sujeitos por ele condicionados.” (SODRÉ; MARTINS, 2016, p.59). Para esses autores, baseados, por sua vez, nos conceitos de Lefebvre, a única razão pela qual o espaço abstrato ainda não teve sua dominação integral tanto no campo quanto na cidade é a luta de classes e sua constante tentativa de produzir espaços diferenciais. A ruralidade, como um conjunto de relações conformado por uma dinâmica própria, interna e imaculada, como já foi explanado, não existe mais - a não ser em alguns casos de persistência num registro residual do espaço absoluto - a tentativa de resgatar essa dinâmica não é viável tampouco profícua para um panorama de progresso efetivo das relações socioprodutivas. A atenção é voltada, em coro à Sodré, Martins (2018), não para proposição da ruralização da sociedade em oposição à ideia de urbanização - proposição habitual em algumas utopias urbanas que buscam uma reconciliação com o campo numa perspectiva idealizada - mas sim, para constatar valor nos exemplos de resistência produtiva, social e espacial nesse elo campo-cidade que produzem um espaço resiliente dentro da supremacia urbana-capitalista, demonstrando alternativas espaciais e produtivas ao modelo hegemônico. 15


o debate agrรกrio no brasil

16


Há uma essência latifundiária que permanece no agronegócio brasileiro, que exige ser entendida pelo olhar histórico sobre a formação do nosso território, uma vez que nele a terra sempre foi concentrada desde a organização das capitanias hereditárias e sesmarias. Ainda que esses instrumentos tenham se modificado muito nos séculos XVIII e XIX, o latifúndio como conjunto de relações de poder já estava enraizado no país e se concretiza ainda com mais solidez com a Lei n. 601, conhecida como Lei de Terras, associada a posterior abolição da escravidão e ao incentivo da imigração de estrangeiros ao Brasil. A Lei de Terras, promulgada em 1850, legitimava que a única forma de aquisição da terra seria através da sua compra, ou através da posse já existente, cuja única comprovação possível, de acordo com Suzuki (2012) era segundo os registros paroquiais. Desta forma, se consolida a propriedade privada mercantilizada e a privação do acesso à terra à grande maioria da população que nela trabalhava, fortalecendo portanto a estrutura latifundiária brasileira. “A Lei de Terras de 1850 e a legislação subseqüente codificaram os interesses combinados de fazendeiros e comerciantes, instituindo as garantias legais e judiciais de continuidade da exploração da força de trabalho, mesmo que o cativeiro entrasse em colapso.(...) Importava menos a garantia de um monopólio de classe sobre a terra, do que a garantia de uma oferta compulsória de força de trabalho à grande lavoura. De fato, porém, independentemente das intenções envolvidas, a criação de um instrumento legal e jurídico para efetivar esse monopólio, pondo o peso do Estado do lado do grande fazendeiro, dificultava o acesso à terra aos trabalhadores sem recurso. (MARTINS, 1990:59).” (p. 137) Em relação ao trabalho na terra, tem-se que com a abolição da escravidão, os ex-escravos, sem possibilidade de acesso à terra, tinham na cidade suas poucas oportunidade de trabalho, ainda que as poucas cidades brasileiras não tivessem um perfil industrial consolidado, tampouco uma grande rede de serviços que pudesse incorporar essa população. Grande parte do trabalho no campo, com as medidas de incentivo à imigração para o Brasil (sobretudo de europeus e japoneses), foi destinado a essa massa trabalhadora, que embora assalariada, 17


também estava sujeita à intensa exploração no trabalho rural. Pontua-se ainda que a terra uma vez privada e mercantilizada se relaciona com a transição do trabalho escravo para o não-escravo, uma vez que as progressivas medidas de abolição requiseram “a montagem do cativeiro da terra, ou seja, a terra deixava de ser livre para ser aprisionada como mercadoria pelo capital a transição da renda capitalizada escravista à renda capitalizada em imóveis.” (SUZUKI, 2012, p. 137) Segundo Carvalho (2007), o Brasil tinha nessa conjuntura, o movimento de seu primeiro êxodo rural ainda muito anteriormente à um desenvolvimento e consolidação de atividades produtivas urbanas, enquanto as atividades agrícolas se expandiam com um primeiro impulso modernizante de sua produção. “Em linhas gerais, muito antes da expansão das atividades econômicas urbanas o Brasil iria conhecer seu primeiro êxodo rural, fenômeno esse não isolado uma vez que a expansão das atividades agrícolas se dá concomitante com a maior tecnificação das atividades agropecuárias e por conseqüência com a menor incorporação de mão-de-obra ao passo que o excedente era paulatinamente atraído pelas oportunidades urbanas ainda em tímido crescimento, ou seja, o Brasil, antes da consolidação das atividades industriais já tinha conhecido um êxodo rural significativo e precoce por natureza.” (CARVALHO, 2007, p. 11) Como observado por Carvalho (2007), no Brasil, é essencialmente nesse momento em que o excedente da produção rural passa, aos poucos a ser atraído e incorporado pelo processo de urbanização. Esboçando a relação, de um campo que pouco a pouco se submete à lógica produtiva urbana. É na decada de 1960, segundo Medeiros (1993), que o debate agrário ganha força. Sobretudo pelos movimentos organizados anti-capitalistas do século XIX que pontuavam o rompimento do antagonismo entre cidade e campo a partir da suas relações de exploração e propriedade privada, consistindo em uma das primeiras condições da estruturação de uma sociedade so18


cialista no Brasil, por exemplo. Pairava a noção de que no campo brasileiro do meio do século XIX ainda perseveravam traços de “restos feudais (formas de dominação pessoal, exigência de que os trabalhadores pagassem renda pelo uso da terra, etc), que entravavam o livre desenvolvimento das forças produtivas” (MEDEIROS, 1993, p.5). A reforma agrária, para a maioria dos movimentos sociais organizados, pretendia uma eliminação do latifúndio, a reorganização distributiva da terra produtiva e a modernização das relações de produção do campo, sendo assim, um dos pontos iniciais estruturantes de um panorama de desenvolvimento que promoveria a obtenção das premissas materiais e produtivas necessárias para a revolução socialista no Brasil. Destaca-se nesse período o combate ao latifúndio como um termo guarda-chuva que não envolve apenas a ideia de uma grande propriedade, monocultora atrasada tecnologicamente. O latifúndio passa a ser também um sinônimo da exploração no campo, traduz-se como um “conjunto de normas, atitudes e comportamentos atualizados pelo conjunto dos proprietários rurais, respaldados nas instâncias do poder local” (Novaes, 1987:98)4.” (MEDEIROS, 1993, p.7) Entretanto, a não concretização desse projeto, fundamenta-se principalmente na conjuntura pós Segunda Guerra Mundial e as políticas de investimento financeiro e ideológico estrangeiro na América Latina, impulsionando principalmente a industrialização. Para tanto, a agricultura, em especial, aquela baseada na monocultura, na grande propriedade voltada para exportação, produzia sob um baixo nível tecnológico e científico, era um atravancamento diante da tentativa de modernização. Tem-se como resultado uma modernização do campo segundo a pressão de um desenvolvimentismo industriais com apoio da burguesia industrial nacional, cujo foco foi a inserção de tecnologia, insumos químicos, mecanização do campo, expansão da fronteira agrícola, redução significativa da população rural e aumento da produtividade e rentabilidade das atividades rurais, sem em nenhum momento pressupor uma redistribuição fundiária, tampouco uma revisão das condições de trabalho no campo. 19


20


21


reforma agrária e a ação projetual no campo heterotópico

22


Dada essa conjuntura conflituosa, é necessário pautar a defesa da manutenção da luta pela reforma agrária como demanda atual da sociedade contemporânea inserida na demanda da luta de classes, inclusive dentro do campo disciplinar e de atuação da arquitetura e do urbanismo, que eventual e acertadamente se posiciona na luta pela reforma urbana e todavia se mantém distanciado da luta do campo. É possível mirar um horizonte em que a luta campesina e a reforma agrária na amplitude de seus pontos e possíveis desfechos colaboraria, por exemplo, na geração de empregos, na contenção de migração e inchamento de zonas urbanas, na segurança alimentar, na redução da desigualdade social e de renda, redução da vulnerabilidade social e ambiental, entre outros ganhos sociais. O MST, movimento mais representativo da luta camponesa no Brasil expressa em seu lema “ocupar, resistir e produzir” possibilidades de atuação na luta agrária, como na ocupação e denúncia das terras improdutivas, a resistência política destinando grande parte de seus esforços para viabilização produtiva e econômica de seus assentamentos, organizando o que se pode denominar como um sistema nacional de cooperação agrícola sem deixar de lado o caráter político e social do movimento. A busca por uma coesão política e a viabilidade econômica das ocupações , já que a luta tramada não trata da simples reprodução de unidades produtivas camponesas, “é necessário criar um novo modelo de produção baseado na utilização de tecnologias adequadas e na organização coletiva, que viabilize economicamente e promova o desenvolvimento social, político e ideológico das famílias assentadas.” (MEDEIROS, 1993, p. 47). A pauta produtiva nos movimentos pró-reforma agrária é essencial, uma vez que de acordo com Medeiros (1993) os assentamentos, por exemplo, devem desenvolver seus métodos de produção, mecanização e introdução de tecnologia no campo, repensando os moldes da agroindústria para si a fim de enfrentar o modelo hegemônico capitalista do agronegócio (inlusive, é notável um crescimento das pautas da agroecologia, permacultura, aplicação de modos de produção que se alimentam na cultura dos povos tradicionais e tecnologias sociais permeando a discussão sobre produção

23


agrícola tanto em movimentos urbanos quanto dentro dos movimentos sociais). Contudo, há de se fazer ressalvas a respeito de uma reforma agrária estritamente produtivista para Medeiros (1993), a problemática está na restrição de uma lógica baseada apenas no trabalho, sem desmontar uma estrutura de encarceramento do indivíduo em suas atividades produtivas já discutida em Marx; Engel (1984). “(...) questionar uma leitura estritamente produtivista da reforma agrária, afirmando a posse da terra como base de um modo de vida, “baseado na precedência do viver sobre o lucrar”, e do qual faz parte ter escola, ter assistência médica e hospitalar, ter lugar e tempo para descanso, celbração e festa, ter o direito de ser diferente, ter o direito de participar e decidir, ter o direito de assegurar para os filhos um futuro com dignidade” (CPT, 1991:6). Dessas questões emerge uma outra compreensão do social, que não se confunde com o “assistencial” e que valoriza, inclusive, tanto a dimensão participativa como a cultural, retomando as propostas de “democracia de base” da início dos anos 80.” (MEDEIROS, 1993, p. 48) Busca-se, portanto, um olhar para a ação projetual como a possibilidade de produção de um espaço diferencial e heterotópico. O anseio por esse espaço surge a partir da reflexão de Harvey (2014) sobre o conceito de heterotopia de Lefebvre (1999), consistindo numa possibilidade de ação perante o contexto urbano-rural dominante. É essencial ressaltar dois pontos a respeito da discussão da heterotopia. Em primeiro lugar que o conceito a ser aqui apropriado é o conceito lefebvriano de heterotopia que difere essencialmente do conceito foucaultiano. Para Lefebvre, nesta elaboração há a definição de três espaços, sendo eles: os espaços isotópicos, os espaços utópicos e os espaços heterotópicos. Os espaços isotópicos são os que correspondem à lógica dominante capitalista e reproduzem seus mecanismos de dominação; os espaços utópicos não são possíveis materialmente no atual modo de produção, porém podem ser tomados como espaços desejados em contraponto aos espaços isotópicos em uma possível superação dos conflitos inerentes ao capital; o espaço heterotópico, por fim, consiste em um espaço possível materialmente na lógica capitalista e que contestam a hege24


monia se apresentando como uma tensão ou etapa entre a isotopia e o anseio pelo utópico. Em segundo lugar, a isotopia, a heterotopia e a utopia é claro, embora abordada por Lefebvre segundo a ótica da análise espacial, são conceitos que extrapolam a categoria espacial e envolvem ações, comportamentos, etc e sua relação com a norma. Não há como não manifestar que, sobretudo em tempos de extrema tensão política e social como vivemos, em que todo comportamento heterotópico tende a ser altamente reprimido e criminalizado (principalmente os movimentos sociais), necessitamos lembrar que fazer arquitetura e urbanismo é um ato político, e fazê-la como se não fosse é ser conivente com tantos ataques a existência democrática do ser e do espaço.

25


leitura metropolitana

26


A busca projetual começa pela análise da Região Metropolitana de São Paulo, espaço demasiadamente em disputa e carregado de tensões sociais, política, econômicas e ambientais, de modo que se coloca como um desafio aproximar a questão agrária desse espaço regido pela lógica urbana que ocupa-se da desordem e desigualdade marcas do mundo contemporâneo capitalista em seu quase ápice, sendo portanto uma chave de leitura que conecta a pauta do campo como espaço de resistência num registro contemporâneo, menos idealizado e conectado à vida urbana, modo de viver da maioria da população brasileira. É necessário se debruçar num olhar sobre a constituição e dinâmicas da Região Metropolitana de São Paulo, na tentativa de compreender o processo de constituição, sobretudo, das bordas e regiões periféricas do município de São Paulo, que são o objeto de recorte deste projeto. Criada em 1973 e reorganizada em 2011, é composta por 39 municípios e divida em cinco subregiões (norte, leste, sudeste, sudoeste, oeste) concentra mais da metade do PIB paulista e da população total do estado de São Paulo. É fronteiriça e estabelece importantes relações produtivas e econômicas com as regiões metropolitanas de Campinas, da Baixada Santista, Sorocaba, Vale do Paraíba e Litoral Norte. Dentro da RMSP, a cidade de São Paulo, sobretudo suas centralidades, é o pólo que que concentra a maior oferta de empregos formais, infraestrutura urbana e social, de modo que suas bordas, periferias e municípios limítrofes em geral apresentem grandes índices de desigualdade e vulnerabilidae sócio-ambiental. É nesse contexto que interessa analisar as bordas do município de São Paulo, os lugares à margem decorrentes de um modo de produção de cidade e território absurdamente desigual.

27


mapa da expansĂŁo da mancha urbana na rmsp fonte: centro de estudos da metropole e embraesp

28


Ao observar o mapa da expansão urbana da metrópole, é visível a expansão expressiva que ocorre em direção as bordas do município, entre 1950-1960, e para municípios vizinhos entre 1961-1974, decorrentes do deslocamento e descentralização das indústrias de São Paulo, dadas as alterações no processo produtivo e condição de competitividade e modernização que opera entre a década de 50 e 70. Aliado à este fator, está a questão do preço da terra, impostos e incentivos fiscais das terras periféricas frente às áreas centrais. Assim, ocorre uma visível expansão do processo de ocupação e descentralização do setor produtivo, porém com centralização do capital, capitalismo financeiro e especulação imobiliária, o que se reflete espacialmente na questão do lugar geográfico e territorialização da pobreza nas bordas e limites do município. Enquanto este processo ocorre na periferia, a acumulação do capital impera nos setores imobiliário e de serviços no centro (CARLOS, 2004). É claro que nesse movimento de expansão urbana há um avanço sobre fronteiras agrícolas, cinturões verdes, áreas de mananciais e de proteção ambiental e demais áreas com menos potencial de rentabilidade da terra usualmente não correspondentes à lógica urbana capitalista de produção de cidade. “O crescimento urbano e consequente valorização do preço das terras, especialmente entre 1979 e 1984, fizeram com que a produção de alimentos na RMSP se deslocasse de perímetros 30 a 50 km do centro de São Paulo para perímetros de 80 a 120 km da capital, o que na época gerou o aumento dos preços dos produtos, devido aos custos com o transporte (também impactados pela alta do preço do petróleo) (UENO, 1989)” (RAGGI, 2014, p. 173)

29


mapa metropolitano

de áreas de proteção ambiental x áreas de vulnerabilidade social fonte: smdu 2016

30


A expansão da cidade assim como a lógica de preço de terras e especulação imobiliárias nas áreas de centralidades mais dotadas de infraestrutura urbana implica entre outros desdobramentos numa concentração periferica de assentamentos precários nas bordas das cidades inclusive ocupando áreas de proteção ambiental, margem de rios e represas, reservas ambientais , etc. Uma vez não tendo infraestrutura urbana adequada essas regiões apresentam um alto índice de vulnerabilidade ambiental, além dos altos índices de vulnerabilidade social. Os índices de vulnerabilidade social aqui empregados dizem respeito ao IVS, índice composto pelo resultado da média aritmética dos subíndices: IVS Infraestrutura Urbana, IVS Capital Humanzo e IVS Renda e Trabalho. As expulsões centro-periferia geram lugares que parecem não pertencer a cidade por negarem neles as condições básicas de sobrevivência e direito à cidade e à moradia digna, envolvendo desde a insegurança habitacional até demais equipamentos de saúde, educação, cultura, lazer, mobilidade e segurança alimentar.

diagrama de abastecimento

diagrama de expulsão 31


leitura metropolitana

32


Com a redução da taxa de crescimento populacional da cidade de São Paulo, dado que os custos das moradias nos bairros e cidades periféricas são mais acessíveis (BÓGUS & PASTERNAK, 2009), se refletem na cidade de São Paulo e, por extensão, na sua região metropolitana, como uma cidade de anéis. Ainda de acordo com Pasternak (2003), quanto mais periférico for o anel, mais exclusão social e territorial nele se encontra. Contraditoriamente, a partir dos anos 1970 é que surgem nos anéis periféricos os grandes condomínios fechados, principalmente à sudoeste, destinados às classes altas, e em 1990, os condomínios horizontais fechados, se espalhando por toda a região. Assim, o anel periférico foi responsável por 55% do incremento populacional nos anos 1970; 97% do incremento populacional entre 1980 e 1991; e 127% nos anos 1990 (PASTERNAK E BÓGUS, 2003). A ampliação da rede viária e rodoviária se vê motivada basicamente por relações de trabalho, educação, moradia e consumo (BÓGUS & PASTERNAK, 2009), reforçando um modelo de dependência centro-periferia extremamente problemático, alimentando a lógica de migração pendular da região metropolitana. Como as condições de acessibilidade ao mercado de trabalho e ao consumo são profundamente desiguais, a distância casa/trabalho/estudo e o tempo gasto nesse percurso são indicadores relevantes na compreensão dos mecanismos reprodutores das desigualdades socioespaciais (FRANCISCONI, 2004; BÓGUS & PASTERNAK, 2009). O que se observa hoje é uma crise decorrente do modo de reprodução da metrópole, mas com cenários de risco e paisagens contraditoriamente ocupadas com perspectivas de continuidade da reprodução desse processo de apropriação do território, rumo ao colapso ou paralisação do sistema como um todo.

33


< campinas

osasco

< sorocaba

34


mogi das cruzes

entrada de cargas saĂ­da de cargas > santos 35


diagrama de leitura das entradas e saídas do ceagesp leitura metropolitana atual em relação a rmsp

Para discutir a relação do rural com o urbano, sobretudo em grandes metrópoles como São Paulo, é essencial pautar as questões não só da produção, mas também da distribuição. O CEAGESP em São Paulo é o maior centro de comercialização de produtos agrícolas da capital e é um marco de extrema relevância histórica e urbana que alinhava a cadeia produtiva e de consumo não só na escala metropolitana como também na escala nacional. Há uma discussão em pauta nos últimos 5 anos na Prefeitura de São Paulo que trata da mudança do CEAGESP proponto a substituição do CEAGESP por um centro internacional de tecnologia e a realocação das suas atividades para o norte de Perus. O argumento principal dessa mudança gira em torno do impacto no tráfego na região central da cidade e a urgente modernização do programado entreposto. Contudo, existem algumas problemáticas, tais quais o modo PPP desse novo entreposto e o fato de que a mudança para uma região tão longe da localidade atual poderia afetar o abastecimento principalmente do centro expandido: “Chama a atenção no fluxo que se dirige à área da Ceagesp, ou seja, a quantidade de produtos que chegam lá para serem distribuídos, o enorme peso da região a oeste da metrópole e do Estado. Porém, mais significativa ainda é a leitura do mapa das viagens originadas na Ceagesp. Estas abastecem principalmente o centro expandido com seus milhares de restaurantes, lanchonetes, mercadinhos, feiras, sacolões, floriculturas e outros varejistas que se abastecem no entreposto, graças a qualidade e preços baixos dos produtos ali oferecidos.” (MENDONÇA; ROLNIK, 2017) 36


É necessário se debruçar num olhar sobre a constituição e dinâmicas da Região Metropolitana de São Paulo, na tentativa de compreender o processo de constituição, sobretudo, das bordas e regiões periféricas do município de São Paulo, que são o objeto de recorte deste projeto. Criada em 1973 e reorganizada em 2011, é composta por 39 municípios e divida em cinco subregiões (norte, leste, sudeste, sudoeste, oeste) concentra mais da metade do PIB paulista e da população total do É prováveldequeSão se esses consumidores desejarem continuar adquirindo os produtos do enestado Paulo. É fronteiriça e estabelece importantes relações treposto terão que se locomovercom dezenas de quilômetros até Perus, sendo imaginar produtivas e econômicas as regiões metropolitanas depossível Campinas, da que esse grande deslocamento aumente os custos de abastecimento desses comércios e Baixada Santista, Sorocaba, Vale do Paraíba e Litoral Norte.

agrave ou mantenha a problemática do trânsito gerado por veículos de grande porte.

Dentro da RMSP, a cidade de São Paulo, sobretudo suas centralidades, Ainda que jáque esteja encaminhada o PDE de 2014, proposta ainda é bastante disé o pólo que concentrasegundo a maior oferta de aempregos formais, infracutível no queurbana tange asedinâmicas Não há dúvida que a Ceagesp merece um estrutura social,urbanas. de modo que suas bordas, periferias e projeto municípios limítrofes geral apresentem grandes índices desair desigualdade de modernização, o que em é perfeitamente possível sem que esta tenha que um milímetro e sócio-ambiental. do vulnerabilidae lugar. É nesse contexto que me interessa analisar as bordas do município de Deste modo, para além disso é importante pautar que a descentralização do único entreposto São Paulo, os lugares à margem decorrentes de um modo de produção de não é nem de longe a solução permanente para os dilemas de logística de abastecimento que cidade e território absurdamente desigual. ele provoca, a questão da criação de uma rede de entrepostos de difertentes escalas contri-

buiria para melhor organização do abastecimento da cidade.

37


leitura da cidade

38


O interesse nas franjas da cidade de São Paulo como local de intervenção parte da curiosidade de tensionar o caráter metropolitano, urbano e cosmopolita intenso do município em relação a registros de ruralidade e possibilidades de reflexão da produção agrícola periurbana. Há uma dimensão a ser explorada na produção de alimentos dentro e nas bordas de grandes cidades contribuindo para melhorias de condições sociais. Na cidade de São Paulo os espaços destinados a esse tipo de atividade são encontrados nas mais diversas situações, desde pequenas hortas urbanas em escala de vizinhança, telhados verdes, comunas da terra, praças centrais, escolas etc. Nessa proposta, ressalto a importância de pensar em espaços que fortifiquem redes produtivas e de abastecimento, sobretudo as agroecológicas e ligadas a movimentos sociais de resistência. Tem-se como base as Comunas da Terra do MST, por exemplo, se posicionando nas franjas da região metropolitana de modo que facilite tanto a distribuição de alimentos para a população urbana como também a ligação com movimentos sociais e população urbana, reiterando e facilitando uma dimensão pedagógica que esse movimento exige em relação à população urbana, aproximando o agrário da cidade, implicando em redução de custos, melhor qualidade de produção e distribuição e inclusive rompendo barreiras de alienação em relação ao que está na mesa diariamente. No Plano Diretor Estratégico (PDE 2014) de São Paulo, constam ações que visam o fortalecimento desse tipo de atividade no município, sobretudo para a agricultura familiar, responsável inclusive nacionalnamente pela maior parte dos alimentos consumidos pela população.

39


mapa da zona rural de são paulo fonte: pde de são paulo 2014

legenda zona rural

O município de São Paulo cuja área totaliza 1523 km quadrados tem 222 km quadrados de área caracterizada como zona rural, ou seja, 14,75% do seu território. O zoneamento rural da cidade de São Paulo engloba além de áreas com atividades rurais, parques e áres de preservação ambiental. A intenção de demarcar a zona rural no município converge na intenção de incentivar modos de desenvolvimento sustentáveis, assim como um dos métodos de contenção de crescimento urbano sobre áreas rural e de preservação ambiental, de mananciais e ecossistemas naturais, principalmente na Zona Sul de São Paulo. Durante a elaboração do PDE 2014 foram levantadas estratégias e programas para fortalecimento de pequenos produtores rurais em São Paulo englobando desde mapeamentos e cartografias, centros de apoio aos produtores, inclusão de alimentos orgânicos nas escolas municipais e propostas de melhorias em infraestrutura urbana (das quais a grande maioria não foi realizada). As áres produtivas se concentram principalmente na Zona Sul, nos distritos de Parelheiros, Capela do Socorro, M’Boi Mirim e Marsilac; na Zona Leste, aparecendo mais representativamente nas subprefeituras de São Mateus, Guaianazes, Itaquera e Cidade Tiradentes; e na Zona Norte, aos pés da Serra da Cantareira tem áreas nas subprefeituras de Perus, Pirituba, Jaçanã/Tremembé e Freguesia. É importante ressaltar que a Zona Rural não é composta somente por atividades produtivas como agricultura, Em São Paulo, muitas das áreas demarcardas incorporam áreas de lazer, terras indígenas, ecoturismo, pesqueiros, chácaras de lazer, etc. 40


zona norte _ relação com a área de proteção da Serra da Cantareira e áreas de extração mineral. Contém importantes entrocamentos viários (Rodovia dos Bandeirantes, Anhanguera, trecho norte do rodoanel), tem proximidade com as Comunas da Terra do MST; predomínio da agricultura familiar, tem registros de áreas produtivas de remanescência. Apresenta grandes glebas de especulação imobiliária e menor índice de densidade populacional, embora concentre muitos assentamentos precários e favelas.

zona leste_ áreas menores inseridas no tecido urbano em espaços residuais, caracterizando agricultura urbana relacionada com assentamentos precários e favelas que utilizam a agricultura como geração de renda, inclusão social algumas partindo da ação de ONGs e movimentos de moradores produzindo hortas comunitárias.

zona sul _ caracterizada pelo predomínio de mão de obra familiar e pequenas propriedade, sendo que 60% tem a agricultura como principal fonte de renda. Maioria da produção voltada para hortaliças e plantas ornamentaos, incorpora terras indígenas, áreas de lazer rural, muitos assentamentos precários e relação crítica com as áreas de mananciais e da represa Billings e Guarapiranga.

N 0

1km

2,5km

5km

10km

ESCALA GRÁFICA

41


leitura metropolitana

Foram definidos no PDE 2014 critérios específicos de uso e ocupação, com principal função de regular as atividades também nas áreas de produção agrícola e extração mineral incentivando a prestação de serviços ambientais essenciais para a sustentação da vida urbana. Essas áreas em geral, tem potencial para uma forte produção agrícola periurbana agroecológica voltada para o abastecimento da cidade de São Paulo e Região Metropolitana facilitando escoamento da produção com o sistema viário estrutural já existente (podendo incorporar melhorias, é claro), colaborando com uma mitigação ambiental e do crescimento urbano em direção às áreas de proteção. 42


É necessário se debruçar num olhar sobre a constituição e dinâmicas da Região Metropolitana de São Paulo, na tentativa de compreender o processo de constituição, sobretudo, das bordas e regiões periféricas do município de São Paulo, que são o objeto de recorte deste projeto. Criada em 1973 e reorganizada em 2011, é composta por 39 municípios e divida em cinco subregiões (norte, leste, sudeste, sudoeste, oeste) concentra mais da metade do PIB paulista e da população total do estado de São Paulo. É fronteiriça e estabelece importantes relações produtivas e econômicas com as regiões metropolitanas de Campinas, da Baixada Santista, Sorocaba, Vale do Paraíba e Litoral Norte. Dentro da RMSP, a cidade de São Paulo, sobretudo suas centralidades, é o pólo que que concentra a maior oferta de empregos formais, infraestrutura urbana e social, de modo que suas bordas, periferias e municípios limítrofes em geral apresentem grandes índices de desigualdade e vulnerabilidae sócio-ambiental. É nesse contexto que me interessa analisar as bordas do município de São Paulo, os lugares à margem decorrentes de um modo de produção de cidade e território absurdamente desigual.

N 0

1km

2,5km

5km

10km

ESCALA GRÁFICA

43


leitura metropolitana

44


É necessário se debruçar num olhar sobre a constituição e dinâmicas da Região Metropolitana de São Paulo, na tentativa de compreender o processo de constituição, sobretudo, das bordas e regiões periféricas do município de São Paulo, que são o objeto de recorte deste projeto. Criada em 1973 e reorganizada em 2011, é composta por 39 municípios e divida em cinco subregiões (norte, leste, sudeste, sudoeste, oeste) concentra mais da metade do PIB paulista e da população total do estado de São Paulo. É fronteiriça e estabelece importantes relações produtivas e econômicas com as regiões metropolitanas de Campinas, da Baixada Santista, Sorocaba, Vale do Paraíba e Litoral Norte. Dentro da RMSP, a cidade de São Paulo, sobretudo suas centralidades, é o pólo que que concentra a maior oferta de empregos formais, infraestrutura urbana e social, de modo que suas bordas, periferias e municípios limítrofes em geral apresentem grandes índices de desigualdade e vulnerabilidae sócio-ambiental. É nesse contexto que me interessa analisar as bordas do município de São Paulo, os lugares à margem decorrentes de um modo de produção de cidade e território absurdamente desigual.

N 0

1km

2,5km

5km

10km

ESCALA GRÁFICA

45


MACROÁREA DE ESTRUTURAÇÃO METROPOLITANA Tem papel estratégico na reestruturação de São Paulo, uma vez que compreende os principais eixos que articulam polos e municípios da RMSP, apresenta regiões com grande potenleitura metropolitana cial de transformação que passam por intensos processos de mudança nos padrões de uso e ocupação. Incentiva transformações estruturais para o maior aproveitamento da terra urbana com aumento nas densidades construtiva e demográfica, proprício para implantaçãod e atividades econômicas de abrangência metropolitana; recuperação dos sistemas ambientais sobretudo rios e córregos; regularização e urbanização de assentamentos precários e irregulares; há desequilibro emprego > moradia. MACROÁREA DE URBANIZAÇÃO CONSOLIDADA É caracterizada por um padrão elevado de urbanização, altos níveis de oferta de emprego formal, serviços e infraestrutura, estrutura viária adequada, tem predominancia de bairros residenciais verticalizados com misto de comércio e serviços. Busca controlar a verticalização, manutenção das áreas verdes, estímulo ao adensamento populacional com diversidade social para aproveitar melhor a infraestrutura e equilibrar a relação entre oferta de emprego e moradia. MACROÁREA DE QUALIFICAÇÃO DA URBANIZAÇÃO Combina usos residenciais e não residenciais com razoável oferta de equipamentos, infraestrutura e serviços. Propõe controle do adensamento, melhoria do sistema de mobilidade, incentivo à consolidação de centralidades nos bairros, ampliação de oferta de trabalho e emprego colaborando para uma atração intermediária entre centro e periferia. MACROÁREA DE REDUÇÃO DA VULNERABILIDADE URBANA Alto índice de áreas precárias, irregulares e de risco, baixa oferta de infraestrutura, empregos e serviços, predominância de população de baixa renda. Incentiva fortalecer as capacidades de proteção social através do acesso a políticas públicas, promover urbanização e regularização fundiária dos assentamentos urbanos precários e irregulares equipando com serviços, infraestrutura urbana e garantindo segurança na posse da área; construção de HIS, melhorar sistema de mobilidade, minimizar problemáticas das áreas de risco. 46


MACROÁREA DE REDUÇÃO DA VULNERABILIDADE E RECUPERAÇÃO AMBIENTAL Alto índice de vulnerabilidade socioambiental, com presença de assentamentos precários e irregulares, baixos índices de desenvolvimento humano, deficiência de serviços, oferta de empregos e infraestrutura urbana. Necessita de construção da HIS; reassentamento de popuÉ necessário se debruçar a constituição e fortalecer dinâmicas lações que atualmente residem emnum áreasolhar de riscosobre e de preservação permanente; as da Região de Metropolitana de São tentativa compreender o capacidades proteção social através do Paulo, acesso a na políticas públicas;de melhoria da estrutura processo de constituição, sobretudo, das bordas e regiões periféricas de mobilidade e infraestrutura urbana; universalização do saneamento ambiental. do município de São Paulo, que são o objeto de recorte deste projeto.

Criada em 1973 e reorganizada em 2011, é composta por 39 municípios e divida em cinco subregiões (norte, leste, sudeste, sudoeste, oeste) concentra mais da do PIB paulista e daURBANA população total do MACROÁREA DE metade CONTROLE E QUALIFICAÇÃO E AMBIENTAL estado de São Paulo. É fronteiriça e estabelece importantes relações Caracterizada pela existencia de vazios intraurbanos com ou sem cobertura vegetal e áreas produtivas e econômicas com as regiões metropolitanas de Campinas, da urbanizadas com diferentes padrões de ocupação, áreas de reflorestamento, exploração miBaixada Santista, Sorocaba, Vale do Paraíba e Litoral Norte. neral e industriais. Propícia para melhoria das condições urbanísticas e ambientais dos bair-

ros existentes com melhoria também na oferta de serviços, equipamentos e infraestrutura; Dentro da RMSP, a cidade de São Paulo, sobretudo suas centralidades, é o pólo da que que concentra a maior oferta apoio de empregos contenção expansão e do adensamento construtivo; e incentivo formais, à agriculturainfraurbana e social, de modo ambiental. que suas bordas, periferias e munieestrutura periurbana; urbana universalização de saneamento cípios limítrofes em geral apresentem grandes índices de desigualdade e vulnerabilidae sócio-ambiental. MACROÁREA DE CONTENÇÃO URBANA E USO SUSTENTÁVEL

Grandes de vegetação intercalada com atividades agrícolas e chácaras, enÉ nesseparcelas contexto que me natural interessa analisar as bordas do município de globa especialmente as Áreas àdemargem Proteçãodecorrentes e Recuperação de Temprodução como objetivo São Paulo, os lugares deMananciais. um modo de de cidade e da território absurdamente desigual. contenção urbanização do território, proteção da paisagem rural, desenvolvimento da zona rural e estímulo à agricultura orgânica; conservação e recuperação das áreas ambientais e de preservação permanente; proteção às terra índigenas MACROÁREA DE PRESERVAÇÃO DOS ECOSSISTEMAS NATURAIS É caracterizada pela existencia de sistemas ambientais que conservam ainda suas características naturais, não incentiva assentamento urbano, e busca a manutenção das condições naturais dos elementos e processos que compões os sistemas ambientais;

47


referências projetuais

O processo de construção de projeto perpassa inúmeras referências não apenas de projetos de arquitetura e urbanismo. Ele incorpora modos de viver, práticas históricas e populares que foram/são construidas para além do desenho de um espaço, mas em conjunto com políticas públicas, ação coletiva exercendo o direito a cidade totalizante, não só de vivê-la, mas direito de construí-la, modificá-la, politizá-la e revolucioná-la, nesse sentido destaco algumas referências que colaboraram para compreensão do tema e construção da questão projetual.

48


49


kolkhoz

fonte: https://gerhardsjourney.files.wordpress.com/2018/03/ kolkhoz-life21.jpg?w=676

Eram as unidades de produção coletivas rural da União Soviética, caracterizavam uma propriedade rural coletiva com base na socialização dos meios de produção na qual os trabalhadores do campo formavam uma cooperativa assalariada em os meios de produção eram fornecidos pelo Estado o qual também adquiria uma parte fixa da produção. Foram a base do sistema de coletivização da agricultura no socialismo da união soviética visando também aumentar a produção agrícola no país e garantir o abastecimento, e é uma importante referência histórica na luta pela reforma agrária.

50


moshavs e kibbutz

fonte: https://www.amusingplanet.com/2014/07/moshav-villages-of-israel.html

São tipos de organização socio espacial israelenses. Os moshavs, podendo ser traduzidos para “assentamentos” eram comunidades rurais cooperativas, funcionando como vilas agrícolas (muitas vezes familiares) onde cada família mantém uma produção agrícola e a comercialização e compra são realizadas em moldes cooperativos, combinando fazendas geridas privadamente e coletivização dos serviços e produtos. Destaca-se também o desenho de implantação e setorização funcional. Os kibbutz se caracterizavam como comunidades coletivas em que tanto os meios de produção, terra e os lucros eram da propriedade coletiva e apresentam desenho de implantação muito semelhante ao dos moshav.

51


experiência da agricultura urbana e periurbana em cuba

fonte: https://craftsmanship.net/cubas-harvest-surprises/

A agricultura urbana em Cuba passou a ser essencial para a sobrevivência do país após os embargos sofridos nos anos 80 e a crise da URSS. A produção restrita aos perímetros urbanos e peri-urbanos aplica métodos intensivos e tem o maior volume da produção voltado para hortaliças, embora tenha certa diversidade produtiva e auxílio de mão de obra diversificada por estar próximo à cidade. Realiza-se em áreas não muito grandes, mas independente do tamanho da área de produção exige-se o cultivo de pelo menos 10 espécies de plantas (em organopônia e hortas intensivas) para garantir diversidade. A produção também pode se estabelecer em UBPCs (Unidade Básica de Produção Cooperativa) e o sistema de distribuição envolve as “tiendas populares” ou “tiendas del agricultor” presente em pelo menos um ponto de atendimento em todos os municípios, comercializando a produção e também insumos para produção como minhocas, sementes, etc.

52


comuna urbana dom tomás balduíno _ mst e usina ctah

fonte: http://www.usina-ctah.org.br/domtomas.html

Traz-se o exemplo da comuna da terra Dom Tomas Balduíno porém todas as comunas da terra implantadas pelo MST na RMSP (Dom Tomás Balduino, Irmã Alberta e Dom Pedro Casaldáliga) são de interesse e referências para esse projeto inclusive na escolha de sua implantação. Consistem na implantação de assentamentos de reforma agrária em núcleos economia camponesa nas bordas das RMSP com lotes de pequeno porte e matriz de produção agroecológica criados com o intuito de massificar a reforma agrária garantindo acesso da população a infraestrutura existente nas cidades. Expressam os conflitos pelo acesso a terra, ao trabalho e a politicas públicas tanto na dimensão urbana quanto rural.

53


intervenção em escala metropolitana esquema propositivo de centralidades produtivas e distributivas importante saída _ sistema voltado para produção agrícola cooperativada potencializar a produção e distribuição _ acesso a moradia_ melhoria da baixa circulação da produção comercializada no ceagesp _ importante entroncamento viário _ vetores de expensão de condomínios _ especulação de grandes glebas _ necessidade de geração de empregos _ fortalecimento da centralidade local _ produção de produtos com maior valor agregado_ relação com escolas públicas

entreposto central_ desafogamento e descentralização do ceagesp _ potencial de incorporação de programas de educação e tecnologia _ manutenção da referência histórica e comercial

N

54

fortalecimento da produção agrícola da zona sul _ fomentar o potencial de organização coletiva dos produtores da região _ equipamentos públicos que facilitam o acesso dos produtores a insumos agrícolas de qualidade e acessíveis

importantes reservas ambie _ sistema voltado para recu teção ambiental associado a básico e acesso a moradia, ção dos vetores de expansão

importante dução de precários _ gularização campo ped

importante saída e en mento periférico e cir programas de habitaç programas também v


entais próximas a serra da cantareira uperação e proteção das áreas de proa regularização fundiária, saneamento serviços e direitos básicos_ _ conteno urbana

e saída e entrada _ sistema relacionado a prohortas urbanas em favelas e assentamentos _ potencializar a produção e distribuição _ reo fundiária _ programa também voltado para o dagógico

ntrada _ sistema relacionado ao abastecirculação dos produtos da zona rural sul _ ção relacionado às áreas de mananciais _ voltados para o turismo ecológico

A partir da análise das leituras de entradas e saídas de cargas no ceagesp atualmente desenvolvido pelo Observa SP relacionado com as diretrizes do plano diretor estratégico de São Paulo de 2014, é possível propor uma rede de espaços centrais de produção e comercialização nos principais pontos de entradas e saidas de carga e próximo a locais onde já existem produções agrícolas, buscando desafogar o trafego na área de ceagesp e melhorando a distribuição da produção agrícola no município e RMSP. Os pontos levantados apresentam diretrizes de organização dessa rede a serem coordenados tanto pela associação de políticas públicas quanto por ongs, coletivos, associação de moradores, movimentos sociais, a depender da complexidade da implantação dos programas. Há propostas de remoção do ceagesp da área onde se localiza atualmente, porém nesse projeto propõe-se que essa descentralização já minimizaria os problemas alegados para sua remoção, de modo que seja possível a manutenção do ceagesp e sua importância histórica e de marco urbano e produtivo na cidade, propondo também maior nível tecnológico e diversificação do programa atendendo melhor a demanda atual. Cada um dos novos pontos de comercialização tem uma diretriz, de modo que eles tenham focos diferentes em relação ao seu programa para melhor atendimento da demanda da região onde se localização 55


diagrama de transporte metropolitano de pessoas e cargas agrĂ­colas ĂĄrea de interesse

N

56


Dada essas propostas, levanta-se a hipótese de um ferroanel voltado para o transporte de cargas que possibilita conectar essas áreas e espaços de comercialização, assim como pontos chaves da produção agroecológica periurbana e urbana da RMSP (como as Comunas da Terra, hortas urbanas, regiões de grande produção agrícola). Tem-se como referência os estudos do PIU NESP de Carlos Leite, direcionados para o Novo Entreposto de São Paulo, cujo terreno de localização coincide com a área destacada escolhida para desenvolvimento desse projeto. Pretende-se questionar o modelo proposto de um novo entreposto alinhado às lógicas neolibeirais, privadas que propõe a remoção completa do ceagesp atual pela rede de descentralização de distribuição e fortalecimento de redes locais de distribuição de produção agrícola como feiras, abastecimentos de mercados, restaurantes populares, escolas públicas, etc. Esse diagrama levanta a possibilidade de maior aproveitamento do transporte ferroviário também imaginando uma ligação via ferrovia com a região do Vale do Paraíba e Litoral Norte, Baixa Santista, e Campinas, facilitando o transporte sobretudo de produtos agrícolas. O terreno escolhido (em destaque) além de se inserir como uma contraproposta no debate do Novo Entreposto de São Paulo, se justifica pela existência de ZEIS 2, a proximidade com a estação Perus da CPTM e rodovia dos Bandeirantes, relação de um grande terreno subutilizado com uma malha urbana na qual grande parte dos ocupantes permanece em condições de vulnerabilidade social e ambiental.

57


leitura da subprefeitura de perus

perus

58


A subprefeitura Perus se localiza no extremo noroeste do município de São Paulo, e é limitrofe com os municípios de Caieiras, Santana de Parnaíba e Cajamar. Apresenta grande constraste das questões ambientais e de preservação com o elevado crescimento populacional na última década formando territórios de grande vulnerabilidade social. É um dos principais eixos econômicos do país atravessado pelas rodovias Anhanguera, Bandeirante e o Rodoanel, conectando a área com as regiões de Campinas, Ribeirão Preto e Triângulo Mineiro. Essa região ainda é atravessada pela linha 7 Rubi da CPTM que conecta com demais municípios da RMSP (Francisco m=Morato, Franco da Rocha, Caieiras) e centralidades da cidade de São Paulo (Luz, Lapa, Palmeiras-Barra Funda). Os eixos estruturais de mobilidade e essa caracterização dos vetores de expansão embora facilitem a acessibilidade na região “reforçam fragmentação dos tecidos urbanos descontínuos que fazem parte da subprefeitura, pois atuam como barreira física, aliados a grandes áreas vazias ou subutilizadas, com ou sem cobertura vegetal.” (PDE, 2014). Ainda de acordo com o Plano Diretor Estratégico de São Paulo esse vazios intraurbanos tem grande potencial para qualificação ambiental e urbanísticaem conjunto com a implantação de melhorias habitacionais, e atividades geradoras de empregos. Ainda que apresente elevado crescimento populacional, a subprefeitura Perus é uma das menos populosas de São Paulo com densidade demográfica baixa (34,2 hab/ha), contém 29% dos terrenos vagos do município e 29% dos domicílios da subprefeitura são em favelas e assentamentos precários. Além disso, o IDH dessa subprefeitura é um dos menores do município (0,73) e grande parte da população residente se encontra nos grupo 5 e 6 de maior vulnerabilidade social de acordo com o IPVS.

59


população total e densidade demográfica, 1980 a 2010

empregos formais por habitante

exclui adm pública; população em idade ativa, acima de 10 anos

fonte: quadro analítico perus, prefeitura de são paulo

60


mapa de macroĂĄreas da macroregiĂŁo norte 2

N

fonte: plano regional pr da macrorregiĂŁo norte 2

61


mapa de tempo de deslocamento e sistema de transporte (existente e previsto) na subprefeitura de perus

legenda <5%

>60%

linhas estruturais de transporte coletivo (sp trans)

corredor de ônibus existente

corredor de ônibus planejado

linha de metrô existente

linha de metrô planejada (2016)

linha do monotrilho planejada (2016)

cptm- linha existente

corredor de onibus intermunicipal existente

cptm metrô

terminal de ônibus existente

N

0

escala gráfica

fonte: quadro analítico perus, prefeitura de são paulo

62

1500

3000

4500m


A área de interesse projetual se classifica como macroárea de controle e qualificação urbana e ambiental, e de acordo com o PDE de São paulo caracteriza como área propícia para melhoria das condições urbanísticas e ambientais assim como para oferta de serviços, equipamentos e infraestrutura, tem como diretrizes incentivo a usos que colaborem na conteção da expansão urbana e a agricultura urbana e periurbana, e é nesse sentido que a área se destaca como possibilidade de projeto.Além disso, seu entorno classificado como macroárea de redução da vulnerabilidade urbana e macroárea de estruturação metropolitana caracterizam além de uma região de usos altamente diversificados por um lado, uma região com grande vulnerabilidade social e ambiental, demanda de habitação social, necessidade de geração de empregos, entre outros problemas urbanos e por outro lado um local com papel estratégico em termos de eixos de articulação municipal e regional. Contudo, ainda que comparada com demais áreas periféricas de São Paulo, tem razoável oferta de transporte, devido a segregação socioespacial e a concentração de renda, equipamentos, emprego e serviços nas centralidades do município, a subprefeitura ainda apresenta intensa migração pendular. O tempo gasto no deslocamento diário casa-trabalho nessa subprefeitura é superior a uma hora para 26% dos trabalhadores, sendo necessário portanto desenvolver mecanismos que ajudem a promover empregos na região e fortalecimento de centralidades locais, possibilitando que os moradores tenham oportunidade de morar próximo não só ao seu emprego mas também a educação, serviços, lazer, cultura, saúde, enfim, todas necessidades básicas da vida urbana, reduzindo a necessidade por longos deslocamento entre moradia e trabalho. 63


64


destaque da área de intervenção dentro da subprefeitura de perus 0

4,5

9km

escala gráfica

65


leituras da área de interesse mapa de leitura de centralidades e vetores de expansão urbana

Mapas de leitura da área de interesse de projeto. Buscou-se entender as relaçoes estabelecidas da área com o a malha urbana e suas centralidades, pela análise de uso e ocupação do solo nota-se que é uma área com diversidade de usos e a centralidade proxima ao eixo que centraliza na estação Perus da CPTM. Foi de interesse também estudar as possíveis redes de abastecimento que a área de produção poderia atender sobretudo estabelecendo uma rede com escolas e mercados, restaurantes locais, de modo que a produção tenha uma rede de clientes fixa que permitiria maior segurança econômica do espaço produtivo. Também foi necessário uma análise do declive do terreno, cuja topografia é muito acidentada e mapear as áreas de maior e menor declividade para implantação do programa. 66

mapa de leitura de possíveis

mapa de análise do declive e malha urbana


consumidores da produção

e relação com zeis e

mapa de leitura de possíveis redes de abastecimento

mapa de análise das áreas de maior declividade (laranja) e menor declividade (rosa)

67


frames do trajeto perus-caieras via cptm

68


69


70


71


leitura da área da antiga fábrica de cimento portland perus

vila fábric vila triângulo

fábrica de cimento portla

quadra esportiva vila portland

72


ca

and casas da assistência médica

escola estadual casas da administração 73


leitura da área da antiga fábrica de cimento portland perus

A área do projeto compreende a antiga fábrica de cimento portland perus, que faz parte do TICP (território de interesse da cultura e da paisagem) Jaraguá Perus. O TICP é um instrumento do PDE de São Paulo 2014 que busca caracterizar áreas com espaços com qualidades materiais, imateriais e de paisagem significativas para a memória da cidade. O desenvolvimento urbano da região de Perus é históricamente ligado a atividades industriais e conexão viárias, sendo uma delas a Fábrica de Cimento Portland cujo desenvolvimento associado com infraestruturas viárias como a São Paulo Railway (atual CPTM), a Perus-Pirapora que transportava pedra calcária de Cajamar a Perus. A fábrica, de grande importância histórica para a formação do bairro, foi a primeira fábrica de cimento portland do Brasil e tem uma história repleta de lutas, greves por direitos trabalhistas e reivindicação de autogestão inclusive durante a ditadura militar, o movimento denominava-se queixadas. Porém no fim dos anos 80 decretou seu fechamento definitivo e posteriormente foi tombada no condephaat. Atualmente, moradores locais ainda reivindicam que seja implantado o parque da luta dos queixadas na área da fábrica e outros usos para os edifícios, já em ruínas, como um centro de lazer, cultura e memória do trabalhador. O movimento queixada resiste e permanece na busca pelo não esquecimento da história da fábrica e dos seus trabalhadores levantando a questão “e se lutas populares fossem patrimônio histórico?”. Dentro dessa ação projetual interessa intervir na área da fábrica de cimento visibilizando sua história e seus espaços de maneira a realmente incorporar usos que incentivem o uso do parque da luta queixada acrescentando camadas contemporâneas aos edifício e aos usos propostos. É interessante contrapor relações de trabalho, exploração, modo de produzir que tanto marcam a história da fábrica de cimento com uma reocupação com possibilidade de um trabalho autogerido, popular, acessível, público, cultural e agroecológico, de modo que convivam afinadamente registros de diferentes tempos produtivos sem se apagarem, construindo uma narrativa sobre trabalho e resistência em conjunto. 74


75


programa leitura da intervenรงao metropolitana

76


É necessário se debruçar num olhar sobre a constituição e dinâmicas da Região Metropolitana de São Paulo, na tentativa de compreender o processo de constituição, sobretudo, das bordas e regiões periféricas do município de São Paulo, que são o objeto de recorte deste projeto. Criada em 1973 e reorganizada em 2011, é composta por 39 municípios e divida em cinco subregiões (norte, leste, sudeste, sudoeste, oeste) concentra mais da metade do PIB paulista e da população total do estado de São Paulo. É fronteiriça e estabelece importantes relações produtivas e econômicas com as regiões metropolitanas de Campinas, da Baixada Santista, Sorocaba, Vale do Paraíba e Litoral Norte. Dentro da RMSP, a cidade de São Paulo, sobretudo suas centralidades, é o pólo que que concentra a maior oferta de empregos formais, infraestrutura urbana e social, de modo que suas bordas, periferias e municípios limítrofes em geral apresentem grandes índices de desigualdade e vulnerabilidae sócio-ambiental. É nesse contexto que me interessa analisar as bordas do município de São Paulo, os lugares à margem decorrentes de um modo de produção de cidade e território absurdamente desigual.

77


leitura metropolitana

78


É necessário se debruçar num olhar sobre a constituição e dinâmicas da Região Metropolitana de São Paulo, na tentativa de compreender o processo de constituição, sobretudo, das bordas e regiões periféricas do município de São Paulo, que são o objeto de recorte deste projeto. Criada em 1973 e reorganizada em 2011, é composta por 39 municípios e divida em cinco subregiões (norte, leste, sudeste, sudoeste, oeste) concentra mais da metade do PIB paulista e da população total do estado de São Paulo. É fronteiriça e estabelece importantes relações produtivas e econômicas com as regiões metropolitanas de Campinas, da Baixada Santista, Sorocaba, Vale do Paraíba e Litoral Norte. Dentro da RMSP, a cidade de São Paulo, sobretudo suas centralidades, é o pólo que que concentra a maior oferta de empregos formais, infraestrutura urbana e social, de modo que suas bordas, periferias e municípios limítrofes em geral apresentem grandes índices de desigualdade e vulnerabilidae sócio-ambiental. É nesse contexto que me interessa analisar as bordas do município de São Paulo, os lugares à margem decorrentes de um modo de produção de cidade e território absurdamente desigual.

79


leitura metropolitana espacialização do programa de intervenção arranjo de atividades sob o viés permacultural

3 2 5

rodovia dos bandei

rantes

1

0 3 5 4

80


É necessário se debruçar num olhar sobre a constituição e dinâmicas da Região Metropolitana de São Paulo, na tentativa de compreender o processo de constituição, sobretudo, das bordas e regiões periféricas do município de São Paulo, que são o objeto de recorte deste projeto. Criada em 1973 e reorganizada em 2011, é composta por 39 municípios e divida em cinco subregiões (norte, leste, sudeste, sudoeste, oeste) concentra mais da metade do PIB paulista e da população total do estado de São Paulo. É fronteiriça e estabelece importantes relações produtivas e econômicas com as regiões metropolitanas de Campinas, da Baixada Santista, Sorocaba, Vale do Paraíba e Litoral Norte. Dentro da RMSP, a cidade de São Paulo, sobretudo suas centralidades, é o pólo que que concentra a maior oferta de empregos formais, infraestrutura urbana e social, de modo que suas bordas, periferias e municípios limítrofes em geral apresentem grandes índices de desigualdade e vulnerabilidae sócio-ambiental.

lin

p da c 7 a h

tm

É nesse contexto que me interessa analisar as bordas do município de São Paulo, os lugares à margem decorrentes de um modo de produção de cidade e território absurdamente desigual.

zona 0: habitar zona 1: trabalho diário, intenso, contínuo zona 2: trabalho diário, com menor demanda de trabalhadores zona 3: trabalho não-diário, com menor demanda de trabalhadores zona 4: trabalho menos intenso com menor demanda de trabalhadores locais zona 5: área semi manejada e sem interferência (predominantemente matas ciliares e leitos d’água)

81


espacialização do programa de intervenção metropolitana diagrama de leitura zoneamento produtivo

floresta de alimentos pomar, aquicultura, grãos

horta e animais

beneficiamento, logística e armazenamento habitar

floresta de alimentos complexo cultural e distributivo fabrica de cimento portland parque da luta queixada

82

0

50 100

250

500m


É necessário se debruçar num olhar sobre a constituição e dinâmicas da Região Metropolitana de São Paulo, na tentativa de compreender o processo de constituição, sobretudo, das bordas e regiões periféricas do município de São Paulo, que são o objeto de recorte deste projeto. Criada em 1973 e reorganizada em 2011, é composta por 39 municípios e divida em cinco subregiões (norte, leste, sudeste, sudoeste, oeste) concentra mais da metade do PIB paulista e da população total do estado de São Paulo. É fronteiriça e estabelece importantes relações produtivas e econômicas com as regiões metropolitanas de Campinas, da Baixada Santista, Sorocaba, Vale do Paraíba e Litoral Norte.

O zoneamento produtivo deu-se principalmente pela sobretudo análise da declividade do terreno, das Dentro da RMSP, a cidade de São Paulo, suas centralidades, zonas permaculturais hidrografia. aO maior planejamento dasde etapas de implantação é indispené o pólo que que econcentra oferta empregos formais, infraestrutura e social, modo que suas para bordas, periferias sável uma vezurbana que políticas públicasde poderiam colaborar viabilização do projetoe emuniestas, cípios limítrofes índices de desigualdade por sua vez, demandam em que geral haja umapresentem planejamento grandes que beneficie os produtores de modo que e sócio-ambiental. nãovulnerabilidae ocorra tantas problemáticas recorrente em implantaçao de projetos de assentamentos. Deste modo sugere-se que se construa primeiramente e infraestruturas viáriasdee É nesse contexto que me interessa analisaro habitar as bordas do município de saneamento básico de modo a dar condições materiaisdeaos autogerirde o São Paulo, os lugares à margem decorrentes ummoradores modo de para produção espaço produtivo desde sua fundação; em segundo lugar a floresta de alimentos, dado o recidade e território absurdamente desigual. gime agroflorestal de produção que permite variedade produtiva desde curto até longo prazo e demanda intenso trabalho de implantação; a terceira etapa consiste na horta e criação de animais simultaneamente ao programa do parque da luta queixada e complexo cultural e distributivo da fábrica de cimento perus, de modo a aumentar as possibilidades de “autosuficiência” alimentar dos moradores e iniciar o potente espaço de distribuição e cultura envolvendo a comunidade local pedagógicamente no processo de implantação do espaço produtivo; a seguir, já com alguma estabilidade financeira implantaria-se as áreas de beneficiamento, logística, armazenamento, pesquisa e educação e por fim a área de produção de grãos, pomar e aquicultura. 83


leitura metropolitana espacialização do programa de intervenção diagrama de circulação e organização da área produtiva

84


0

50 100

250

500m

É necessário se debruçar num olhar sobre a constituição e dinâmicas da Região Metropolitana de São Paulo, na tentativa de compreender o processo de constituição, sobretudo, das bordas e regiões periféricas do município de São Paulo, que são o objeto de recorte deste projeto. Criada em 1973 e reorganizada em 2011, é composta por 39 municípios conexão com estrada da ponte seca = conexão com caieras e divida em cinco subregiões (norte, leste, sudeste, sudoeste, oeste) concentra mais da metade do PIB paulista e da população total do estado de São Paulo. É fronteiriça e estabelece importantes relações produtivas e econômicas com as regiões metropolitanas de Campinas, da Baixada Santista, Sorocaba, Vale do Paraíba e Litoral Norte. Dentro da RMSP, a cidade de São Paulo, sobretudo suas centralidades, é o pólo que que concentra a maior oferta de empregos formais, infraestrutura urbana e social, de modo que suas bordas, periferias e municípios limítrofes em geral apresentem grandes índices de desigualdade e vulnerabilidae sócio-ambiental. nova estação de trem de pessoas e cargasdo município de É nesse contexto que me interessa analisar as bordas + conexão com a malha urbana São Paulo, os lugares à margem decorrentes de um modo de produção de cidade e território absurdamente desigual.

principal entrada e saída do complexo

entradas principais do parque luta dos queixadas

85


espacialização do programa de intervenção leitura metropolitana

86

0

50 100

250

500m


esquema de calha padrão das ruas compartilhadas É necessário se debruçar num olhar sobre a constituição e dinâmicas da Região Metropolitana de São Paulo, na tentativa de compreender o processo de constituição, sobretudo, das bordas e regiões periféricas do município de São Paulo, que são o objeto de recorte deste projeto. Criada em 1973 e reorganizada em 2011, é composta por 39 municípios e divida em cinco subregiões (norte, leste, sudeste, sudoeste, oeste) concentra mais da metade do PIB paulista e da população total do estado de São Paulo. É fronteiriça e estabelece importantes relações produtivas e econômicas com as regiões metropolitanas de Campinas, da Baixada Santista, Sorocaba, Vale do Paraíba e Litoral Norte. Dentro da RMSP, a cidade de São Paulo, sobretudo suas centralidades, é o pólo que que concentra a maior oferta de empregos formais, infraestrutura urbana e social, de modo que suas bordas, periferias e municípios limítrofes em geral apresentem grandes índices de desigualdade e vulnerabilidae sócio-ambiental. É nesse contexto que me interessa analisar as bordas do município de São Paulo, os lugares à margem decorrentes de um modo de produção de cidade e território absurdamente desigual.

87


88 ap.4.

4

22

14

13

17

4

15

12 12

ap.5.

16

16

11

ap.2

18

19

ap.3

6

5

8

7

4

10

21

20

9

4

leitura metropolitana


500m 100

250

N

ap = aproximação projetual

pomar 22

grãos 21

aquicultura

18 viveiro de mudas

16 pto. organizacional 2

13 depósito, garagem e oficina

12 pto. organizacional 3.

9 estação de trem de pessoas e cargas 19

15 paiol

14 silos

Dentro da RMSP, a cidade de São Paulo, sobretudo suas centralidades, é o pólo que que concentra a maior oferta de empregos formais, infraestrutura urbana e social, de modo que suas bordas, periferias e municípios limítrofes em geral apresentem grandes índices de desigualdade e vulnerabilidae sócio-ambiental. 11

20

4

ap.1

Criada em 1973 e reorganizada em 2011, é composta por 39 municípios e divida em cinco subregiões (norte, leste, sudeste, sudoeste, oeste) concentra mais da metade do PIB paulista e da população total do estado de São Paulo. É fronteiriça e estabelece importantes relações produtivas e econômicas com as regiões metropolitanas de Campinas, da Baixada Santista, Sorocaba, Vale do Paraíba e Litoral Norte.

20 floresta de alimentos

0

17 beneficiamento e banco de alimentos

50

laboratórios e logísticaimplantação

2

3

1

É necessário se debruçar num olhar sobre a constituição e dinâmicas da Região Metropolitana de São Paulo, na tentativa de compreender o processo de constituição, sobretudo, das bordas e regiões periféricas do município de São Paulo, que são o objeto de recorte deste projeto.

89

10 horta

8 criação de animais

7 creche e espaço educacional

6 praça central

5 habitação

4 pto. organizacional 1.

fabrica de cimento portland 3 restaurante e deck

2 complexo cultural e distributivo

1 parque da luta queixada

16

4

É nesse contexto que me interessa analisar as bordas do município de São Paulo, os lugares à margem decorrentes de um modo de produção de cidade e território absurdamente desigual.


pontos organizacionais leitura metropolitana são edifícios que buscam atender demandas logísticas de produção e dos trabalhadores em diferentes escalas do projeto. as estruturas são de madeira e fechamentos de solo-cimento e muxarabi, de modo a baratear e facilitar a construção dos edifícios.

pontos organizacional escala 1 item 4 da implantação

18m 6m

_armazenamento de ferramentas e insumos produtivos _organização de 1/2 ou 1 área produtiva _espaço de logística em pequena escala _ponto de apoio ao trabalhador

90


pontos organizacional escala 2 item 16 da implantação

É necessário se debruçar num olhar sobre a constituição e dinâmicas da Região Metropolitana de São Paulo, na tentativa de compreender o processo de constituição, sobretudo, das bordas e regiões periféricas do município de São Paulo, que são o objeto de recorte deste projeto. Criada em 1973 e reorganizada em 2011, é composta por 39 municípios e divida em cinco subregiões (norte, leste, sudeste, sudoeste, oeste) concentra mais da metade do PIB paulista e da população total do estado de São Paulo. É fronteiriça e estabelece importantes relações 23m 15m produtivas e econômicas com as regiões metropolitanas de Campinas, da Baixada Santista, Sorocaba, Vale do Paraíba e Litoral Norte. _carregamento de veículos _organização produtivasuas de 2 acentralidades, 3 áreas produtivas Dentro da RMSP, a cidade de São Paulo, sobretudo de apoio ao trabalhador é o pólo que que concentra a maior _ponto oferta de empregos formais, infra_conexão com fluxos principais estrutura urbana e social, de modo que suas bordas, periferias e municípios limítrofes em geral apresentem grandes índices de desigualdade pontos organizacional escala 3 e vulnerabilidae sócio-ambiental.

item 12 da implantação

É nesse contexto que me interessa analisar as bordas do município de São Paulo, os lugares à margem decorrentes de um modo de produção de cidade e território absurdamente desigual.

72m

60m

_ carregamento de veículos de grande porte _ organização produtiva da área toda _ baias para 16 veículos _conexão com fluxos principais

91


aproximação projetual 1 parque da luta queixada e fábrica de cimento portland perus item ap 1. da implantação N

a

1

2

20

3

b

92


1

parque luta dos queixadas

2

complexo cultural e distributivo fabrica de cimento portland

3

restaurante

20

floresta de alimentos

espaรงo aberto para feiras e atividades cultural

deck de lazer e estar

รกrea vegetada de lazer e estar

93


0

94

50

100


corte ab

250

500m

95


esquema de reocupação da antiga fábrica de cimento portland perus espaços flexíveis > feiras livre permanentes para comercialização da produção e atividades culturais e pedagógicas estado de conservação: preservação da estrutura

ocupação com feira livre a céu aberto e atividades culturais

96


ocupação com feira livre interna e uso de mezaninos

ocupação com feira livre interna com estruturas metálicas para montagem de feira 97


arena

espaรงos expositivos, memorial e acervo 98


formação, oficinas, ateliês

adm e acervo

restaurante e café esquema de reocupação da antiga fábrica de cimento portland perus espaços fixos > formação, memorial da fábrica, exposições, acervo e administração estado de conservação: preservação de características de fachada e interior parcialmente preservado 99


floresta de alimentos item 20 da implantação A área do recorte engloba um tipo produtivo que consiste na floresta de alimentos, um modo produtivo que mistura diferentes portes e espécies alimentícias ou não numa mesma área e simula um modo de produção da natureza. Nesse caso os principais desafios são a topografia e acessibilidade da área. O diagrama em corte representa uma possibilidade de organização espacial onde há um nivelamento das curvas de nível com gabião para contenção das curvas. A circulação do espaço em cada curva se localiza no centro da curva enquanto as espécies estariam “em ordem crescente”, facilitando para quando todas as espécias de grande porte estiverem crescidas, ainda seja eficiente a entrada de luz solar.

100


diagrama em corte da floresta de alimentos

perspectiva da รกrea de floresta de alimentos 101


diagrama de implantação da floresta de alimentos 102


croquis de algumas espĂŠcies da floresta de alimentos

103

jaboticabeira

cereja do mato

abacateiro

bananeira

milho

mandioca

feijĂŁo

beterraba


aproximação projetual 2

N

habitar item ap 2. da implantação

d

c

104


194 unidades habitacionais em diferentes tipologias estrutura de madeira, fechamentos de solo-cimento e muxarabi. as vias internas tem muro de arrimo de gabiĂŁo

via interna para veĂ­culos

via secundĂĄria para pedestres e ciclistas varanda compartilhada quintal compartilhado via interna para pedestres e ciclistas

via primĂĄria para veĂ­culos 105


corte cd 0

106

5

10

25

50m


esquema de implantação das habitações

d

c

107


perspectiva da รกrea do habitar 108


109


aproximação projetual 3

N

creche, criação de animais e horta item ap 3. da implantação

g

e 7

10

h 4

110

f


edificações com estrutura de madeira, fechamentos de solo-cimento e muxarabi. 4

creche e espaço educacional

7

ponto organizacional 1.

10

horta pequeno estábulo para 20 vacas leiteiras estábulo para 32 cavalos abrigo para 150 ovinos e caprinos dormitório para 1000 poedeiras e pintaria chiqueiro para 120 porcos patamares aproveitando o desnível para fruição

via terciária para fruição do curso do corpo d’água

111


112


0

0

5

10

5

25

10

25

corte ef

50m

corte gh 50m

113


perspectiva do estรกbulo para cavalos 114


115


aproximação projetual 4 item ap 4. da implantação N

11 12

13

17

10 7

116


edificações com estrutura de madeira, fechamentos de solo-cimento e madeira

7

ponto organizacional 1.

10

horta

11

laboratórios e logística

12

ponto organizacional 3.

13

depósito, garagem e oficina

17

beneficiamento e banco de alimentos

rodovia bandeirantes

117


aproximação projetual 5 20

N

item ap 5. da implantação

21

19 22

16 18

118


edificaçþes com estrutura de madeira, fechamentos de solo-cimento e muxarabi.

rio juqueri 16

ponto organizacional 2.

19

aquicultura

21

grĂŁos

22

pomar

18

viveiro de mudas

esquema do viveiro de mudas

119


perspectiva do viveiro de mudas 120


121


122


“As mãos afundam seu suor na terra A semente pergunta: “Aonde estão As outras mãos Tantas mãos Que querem Plantar?” “Presas Nas correntes do latifúndio” Respondem As mãos Que podem plantar “E essas correntes São tão indestrutíveis Que milhões de trabalhadores Não as podem quebrar?” Disse a semente Antes de mergulhar Definitivamente A resposta Foi um eco de silencio Que perdura... E a semente Desde o fundo da terra Ainda pergunta: “Até quando?”.”

Carlos Pronzato

123


referências bibliográficas AQUINO, Adriana Maria. Agricultura Urbana em Cuba: análise de alguns aspectos técnicos. Seropédica, 2002. Disponível em: <https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/ doc/597348/1/doc160.pdf>. Acesso em: 22/06/2018. CARVALHO, Joelson Gonçaves de. Território e planejamento: repensando velhos dilemas, apresentando novas possibilidades. Belém: XII Encontro da associação nacional de pós-graduação e pesquisa em planejamento urbano e regional, 2007. CARNEIRO, Orlando. Construções rurais. 12. ed. São Paulo: Nobel, 1987. FERREIRA NETO, Djalma Nery. Caminhos e perspectivas para a popularização da permacultura no Brasil. USP: Piracicaba, 2017. GERONASSO, Christian. Agro é tech, agro é pop. 2017. Disponível em: <https://pt.linkedin.com/ pulse/agro-%C3%A9-tech-pop-christian-geronasso>. Acesso em: 23/11/2017 GOULD. Larissa; MOREIRA, Jéssica. Queixadas: por trás dos 7 anos de greve. Fapcom, 2013 HARVEY, David. Cidades rebeldes : do direito à cidade à revolução urbana. São Paulo: Martins Fontes. 2014. HIDALGO, Heimdall Hernandez. Assentamentos rurais e urbanos. 2009. Disponível em: <http:// www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/09.105/78/pt>. Acesso em 04/10/2017 LEFEBVRE, Henri. O direito à cidade. São Paulo: Centauro, 2001. LEFEBVRE, Henri. A revolução urbana. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1999b.

124

LIMONAD, Ester; LIMA, Ivaldo Gonçalves de. Entre a ordem próxima e a ordem distante: contribuições a partir da obra de Henri Lefebvre. In: Encontro Nacional da Anpur, 10., Niterói, 2003. Anais... Niterói: UFF/GECEL, 2003. p. 15-33.


JUNIOR, Orlando Alves dos Santos. Espaço urbano comum, heterotopia e o direito à cidade: reflexões a partir do pensamento de Henri Lefebvre e David Harvey. Urbe: Revista Brasileira de Gestão Urbana, v. 6, n. 2, 2014. LEITE, Carlos. PIU NESP - Projeto de intervenção urbana do novo entreposto de São Paulo: Oportunidades de reorganização da cidade. São Paulo: Arco WEB, 2018. Disponível em: <https:// www.arcoweb.com.br/noticias/artigos/artigo-carlos-leite>. Acesso em: 15/05/2018. LOPES, Keila Cássia Santos Araújo; LOPES, Paulo Rogério. Agricultura urbana ecológica: experiência de Cuba. Agriculturas, v.9 - n. 2, p.39 - p. 41, 2012. Disponível em: <http://aspta.org.br/ wp-content/uploads/2012/10/artigo-7.pdf>. Acesso em: 22/06/2018. MARX, Karl. ENGELS, Friederich. A ideologia alemã. São Paulo: Editora Moraes LTDA, 1984. MEDEIROS, Leonilde Servolo de. Reforma agrária: concepções, controvérsias e questões. 1993. MENDONÇA, Pedro; ROLNIK, Raquel. A mudança da Ceagesp é mesmo necessária?. São Paulo, 2017. Disponível em: <https://raquelrolnik.wordpress.com/2017/12/21/a-mudanca-da-ceagesp-e-mesmo-necessaria/>. Acesso em: 15/05/2018 MOLLISON, Bill. Introdução à permacultura; tradução de André Luis Jaeger Soares. Brasília: MA/ SDR/PNFC, 1998. Movimento Fabrica Perus. Quem somos. 2016. Disponível em: < https://movimentofabricaperus.wordpress.com/sobre-o-movimento/quem-somos/>. Acesso em: 14/08/2018 Prefeitura Municipal de São Paulo. “Plano Diretor Estratégico”. São Paulo, 2014. Prefeitura Municipal de São Paulo. “Quadro analítico Subprefeitura Perus”, São Paulo, 2014. Prefeitura Municipal de São Paulo. “Perímerto de Ação Subprefeitura Perus”, São Paulo, 2014. 125


RAGGI, Roberta Vieira. O outro lado da metrópole: as Comunas da Terra na região metropolitana de São Paulo. São Paulo, 2014. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16139/tde-29072014-170607/pt-br.php>. Acesso em: 20/06/2018. SEYMOUR, John. Guia práctica ilustrada para la vida en el campo. Editorial Blume: Barcelona, 1979. SILVA, Luiz Octávio. Agricultura: utopias e práticas urbanas. 2007. Disponível em <http://www. vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.088/205> Acesso em: 04/10/2017 Sítio Curupira. Aqüicultura e Alagados. 2009. Disponível em: < https://sitiocurupira.wordpress.com/aquiculturaealagados/?fbclid=IwAR24IA9y8XJPjkou3TDPJC_7qGQH0_ lqaEUp1s7I97lxE8m0j5djlYr2IXU>. Acesso em: 24/09/2018 SODRÉ, Maiara; MARTINS, Solismar. A relação entre o rural e o urbano na ótica de Henri Lefebvre: um estudo sobre o papel das tríades lefebvrianas na configuação espacial contemporânea. Norus, v. 4, n. 6, p. 53-65, 2016 START, Agro. Porque a Globo criou a campanha “agro é tech, agro é pop”. 2017. Disponível em: <http://www.startagro.agr.br/por-que-o-agronegocio-precisa-de-uma-comunicacao-moderna/.> Acesso em: 23/11/2017. SUZUKI, Julio Cesar. Campo e cidade no Brasil: transformações socioespaciais e dificuldades de conceituação. Presidente Prudente: Revista NERA Presidente Prudente, ano 10 n. 10, p. 134150, 2007 VEIGA, José Eli. O que é reforma agrária. 14. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. 88 p.

126


127



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.