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POETA, DRAMATURGO E ATOR INGLÊS, PAI E ESPOSO, PROPRIETÁRIO DA KING’S MEN, COMPANHIA DE TEATRO. PEÇAS DE GRANDEZA POÉTICA, PROFUNDIDADE FILOSÓFICA E COMPLEXA CARACTERIZAÇÃO DOS PERSONAGENS. ESCREVEU AO TODO 38 PEÇAS, 154 SONETOS E UMA VARIEDADE DE OUTROS POEMAS. Nasceu em Stratford-upon-Avon, Inglaterra, em 23 de abril de 1565, filho de John Shakespeare e Mary Arden. Em dezembro de 1582, Shakespeare casouse com Ann Hathaway, filha de um fazendeiro das redondezas. Tiveram três filhos. Estreou no Rose Theatre de Londres em 1592, em 1593 publicou seu poema Venus and Adonis e, no ano seguinte, o poema The Rape of Lucrece. Acredita-se que, nessa época, Shakespeare já era um dramaturgo e um ator de sucesso.
Os teatros de madeira elisabetanos eram construções simples, a céu aberto, com um palco que se projetava à frente, em volta do qual se punha a plateia, de pé. Não havia cenário, o que abria toda uma gama de versáteis possibilidades. As ações se passavam muito rápido. Devido à proximidade com o público, trejeitos e expressões dos atores (todos homens) podiam ser facilmente apreciados. É de 1598 o reconhecimento de Shakespeare como o mais importante dramaturgo de língua inglesa: suas peças, além de atraírem milhares de espectadores para os teatros de madeira, eram impressas e vendidas sob a forma de livro. Em março de 1603, morreu a rainha Elizabeth. A companhia havia encenado diversas peças para ela, mas seu sucessor, o rei James, contratou-a em caráter permanente, e ela tornou-se conhecida como King’s Men. Eles encenaram diversas vezes na corte e prosperaram financeiramente. Em 1608, a King’s Men comprou uma segunda casa de espetáculos: parece ter sido nessa época que Shakespeare aposentou-se dos palcos. Morreu em Stratford em 23 de abril de 1616. Foi enterrado na parte da igreja reservada ao clero.
quando romanos em buscar
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arcus Brutus, personagem central do livro Júlio César, tem um desejo profundo de confiar em Cassius e nos outros conspiradores. Ele acreditou que a circunstância em que estava inserido era exatamente como a percebia – César era um tirano e, por isso, deveria morrer. Marilena Chaui acredita que os emissores de mensagem, além de dizerem às pessoas o que elas devem e podem saber, também dizem o que elas podem e devem fazer. Ao acreditar nas palavras ouvidas, as pessoas se “sentem seguras e confiantes, e não há incerteza porque há ignorância”. Partindo desse pressuposto, então, o personagem Brutus encontra-se longe da busca pela verdade, pois acredita fielmente no que lhe é dito: César não pode ser rei e, consequentemente, precisa morrer. Além de Brutus, os plebeus retratados na obra shakespeariana se perdem no desejo da busca da verdade. Isto porque, em razão da confiança da população romana, que ouvia seus longos discursos e aplaudia cegamente ao fim de cada parágrafo, a atitude dos políticos era baseada em corrupção, sede de poder, manipulação e interesse próprio. Embora, segundo Chaui, “a tendência das pessoas é julgar que é
impossível a verdade na política, passando a desconfiar do valor e da necessidade da democracia e aceitando “vender” seu voto por alguma vantagem imediata e pessoal, ou caem na descrença e no ceticismo”, no livro a história não se desenrola assim. Os plebeus são blindados pela boa oratória de Brutus e, em seguida, uma ainda melhor de Marco Antônio. Novamente, não há incerteza no que é dito, pois há uma tremenda ignorância por parte de todos os plebeus. A atitude da população de Roma em nada se parecia com a de Sócrates em Atenas, ela não indagava questões de interesse, aceitava os fatos à medida que estes lhe eram expostos e não exigia explicações extras. Brutus e plebeus pouco se preocupavam em buscar a verdade, nem mesmo quando ela era dura, como propôs Nietsche em “Assim Falou Zaratustra”, e não utilizavam a dúvida metódica de Descartes, que só aceita um conhecimento, uma ideia, um fato ou uma opinião quanto este passa pelo crivo da dúvida, depois de submetido à análise, à dedução, à indução, ao raciocínio e se chega à conclusão de que, “até o momento, há uma única verdade indubitável que poderá ser aceita e que deverá ser o ponto de partida para a reconstrução do edifício do saber”.
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a obra “Júlio César”, William Shakespeare coloca dois discursos que inflamam o povo romano. Dotado de oratória, Brutus expõe todo o seu amor por Roma e pela liberdade dos romanos de forma a justificar ter sido parte do assassinato do ex-futuro imperador, e os ouvintes o aplaudiam concordando com o que acabou de ser dito. Minutos mais tarde, Marco Antônio discursou nas escadarias do Senado Romano, em frente ao corpo de César, assassinado a 33 facadas pela conspiração orquestrada por Cassius, Casca, Trebonius, Ligarius, Cinna (o conspirador), Decius Brutus, Metellus Cimber e, claro, Marcus Brutus. Marco Antônio, companheiro fiel de Júlio César, discursou frente a uma massa sem rosto de romanos que antes admiravam César e logo depois o condenavam devido às palavras de Brutus. O único amigo que restou do quase imperador começou dando razão aos conspiradores, relembrando a cada frase que Brutus era um homem honrado e que ele próprio era um homem simples, para ganhar a confiança do povo e ser ouvido com atenção aludindo a igualdade. Em um extenso jogo de palavras, Marco Antônio
conseguiu mudar o pensamento da massa, voltando-a contra os conspiradores. “Vive, Brutus, vive”, o povo gritou e, em seguida, desejou a sua morte. Quem melhor para explicar o que aconteceu do que o linguista dinamarquês Louis Hjelmslev quando afirmou que “a linguagem é o instrumento graças ao qual o homem modela seu pensamento, seus sentimentos, suas emoções, seus esforços, sua vontade e seus atos, o instrumento graças ao qual ele influencia e é influenciado, a base mais profunda da sociedade humana”? É claro nos discursos de Brutus e de Marco Antônio “que as palavras podem ser um veneno quando, pela sedução das palavras, nos faz aceitar, fascinados, o que vimos ou lemos, sem que indaguemos se tais palavras são verdadeiras ou falsas”. Platão, mais uma vez, acertou: a linguagem pode ser cosmético, maquiagem ou máscara para dissimular ou ocultar a verdade sob as palavras. A linguagem pode ser conhecimento-comunicação, mas também pode ser encantamento-sedução quando dita por manipuladores para uma massa sem qualquer senso crítico para rebater.
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m dos pontos altos da peça Júlio César são os discursos de personagem. Com o poder de convencer um dos mais leais homens a matar seu líder por amor a pátria ou mudar a opinião de uma população inteira, Shakespeare traz dentro do seu texto uma verdadeira aula de persuasão e análise dos discursos. Porém, para entender o poder dos discursos, temos que entender um pouco do estudo desse tipo de expressão. Segundo Maria do Rosario Valencise Greolin, o discurso é um dos aspectos da materialidade ideológica, por isso, ele só tem sentido para um sujeito quando este o reconhece como pertencente a determinada formação discursiva. Quando analisamos o processo pelo qual Brutus é recrutado para o time dos conspiradores, percebemos forte influência de um bom discurso e a argumentação. Bruto, um amigo e pessoa próxima a César é levado a acreditar que, ao contrário dos verdadeiros objetivos dos demais, a morte de César seria para proteger Roma, a pátria. Seus objetivos ficam claros no diálogo no jardim, quando ele afirma que ao se coroado, César receberia também “um ferrão, que o deixa capaz de realizar o mal que entenda”. Chegamos aqui em um dos pontos altos do discurso: o poder de persuasão nas palavras. Se formos analisar a história, somos levados a pensar que César, um arrogante líder, seria uma pessoa ruim para Roma, apesar das suas conquistas. Somos levados a crer que o movimento não
seria por inveja e ambição e sim pra garantir um interesse público, afinal, ninguém poderia saber o que César iria fazer quando fosse coroado. Quem seria atingido pelo seu ferrão. Essa desconstrução e criação de imagens podem ser vista nos dias de hoje e um dos seus principais fabricantes é a própria mídia. Segundo Maria de Lourdes Faria dos Santos Paniago Aline Conceição da Costa, em seu texto Governamentalidade e mídia: a produção de identidades masculinas, afirmam que passam pela vitrine midiática, não apenas moda ou outros produtos de consumo, mas sobretudo comportamentos e costumes. Vendemos comportamentos como vendemos produtos em uma estante de supermercado: por exemplo, a geração fit e a sua incapacidade de comer um chocolate ou as revistas masculinas e um discurso de como conquistar mais meninas e “não fazer com que elas esqueçam de você depois do sexo”. Todos esses discursos, seja o que encontramos em (provavelmente) em 1599 ou em produtos no dias de hoje, são retrados para ideologias e comportamentos socialmente aceitos. Nós, como comunicadores, na podemos ignorar o grande poder que temos em manipular as grandes massas, chegamos a aprender isso na faculdade: como chama atenção, como fazer um texto de online mais atrativo. Porém, até que ponto conseguimos ser um “formador de opinião” e não apenas um “reprodutor” de ideologias pré definidas?
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ato de pensar, segundo Marilena Chaui e dicionários, significa aplicar a atividade do espírito aos elementos fornecidos pelo conhecimento; formar e combinar ideias; julgar, refletir, raciocinar, especular; exercer a inteligência; meditar, ver; exercer o espírito ou a atividade consciente de uma maneira global: sentir, querer, refletir; ter uma opinião, uma
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convicção; supor, presumir, crer, admitir, suspeitar, achar; avaliar. Já o pensamento, de acordo com os mesmos, significa: o ato de refletir, meditar ou pensar, ou o processo mental que se concentra em ideias; a atividade de conhecimento ou tendo por objeto o conhecimento; poder de formular ideias e conceitos; aquilo que é pensado ou o resultado do ato de pensar: ideia, ponto de vista, opinião, juízo; conjunto das ideias ou doutrina de um pensador, de uma sociedade, de um grupo, de uma coletividade. Será que, sendo assim, os romanos cultivavam o pensamento e o pensar?
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Talvez, eis que os cidadãos de Roma acreditavam naquele ditado dito e repetido tantas vezes que virou mais um clichê: pensar demais faz mal à saúde. Ninguém ali no Capitólio, após a morte de Júlio César, era estimulado a formar uma opinião ou produzir algum conhecimento. Na realidade, o povo era uma massa não pensante – instigada por palavras meramente bonitas e cuidadosamente colocadas para fora. É como o escritor Rubem Alves afirma “o povo é a massa de manobra sobre a qual os espertos trabalham”. Brutus foi convencido de que Júlio César deveria morrer pelo “bem maior”; romanos foram levados a comprar a ideia de Brutus e logo depois a abandoná-la pelas palavras de Marco Antônio.
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a Boétie questiona como é possível que burgos inteiros, cidades inteiras, nações inteiras se submetam à vontade de um só. Na tragédia de Shakespeare, plebeus parecem desejar a tirania, assim como o filósofo francês sugere. A morte de César é justificada por este ser um tirano, um cidadão diz que “é uma benção ver Roma livre dele”. Contudo, após a morte do tal autocrata, o povo se encontra seguindo, cegamente, discursos de Marcus Brutus e Marco Antônio. A história escrita por Shakespeare é semelhante àquela cena do filme “Sociedade dos poetas mortos”, quando o personagem interpretado por Robin Williams mascara sua própria tirania (mesmo que involuntária). O professor Keating ordena que os alunos rasguem o livro e eles confundem aquilo com liberdade. Os conspiradores
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não foram também tiranos ao colocarem sua vontade (tirar a coroa de César) e sua autoridade acima das leis e da justiça? Marco Antônio também não foi, de certa forma, tirano quando usou o seu poder de oratória para colocar a população contra Brutus e os demais? Até hoje a tragédia shakespeariana se mantém atual por revelar a busca do ser humano pelo poder e a facilidade de governar a massa. Se não há antídoto melhor contra a tirania do que a consciência das pessoas e esta continua lhes sendo arrancada pelo Estado. Marilena Chaui afirma que “se desejássemos
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verdadeiramente a liberdade, jamais a trocaríamos pela posse de bens, que nos escravizam aos outros e nos submetem à vontade dos mais fortes e tiranos”. Na obra, romanos se acalmam quando se descobrem setenta e cinco dracmas mais ricos e donos de bosques e de pomares deixados por César. Se o bom Júlio deu posses, é justo que o sirvam voluntariamente – no caso, servir os triúnviros após a morte do quase imperador: Marco Antônio, Otávio César e Emílio Lépido. Afinal, “não somos obrigados a obedecer ao tirano e aos seus representantes, mas desejamos voluntariamente servi-los porque deles esperamos bens e a garantia de nossas posses”. No fim das contas, os romanos descritos por Shakespeare usaram a liberdade para se tornarem servos.
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odos os demais conspiradores, menos ele, agiram por inveja do grande César”. É com essas palavras que Marco Antônio se refere a uns dos conspiradores da morte do líder Júlio César. Marco Bruto, segundo ele, não teria agido por desejar o poder ou o posto, mas com “apenas um nobre pensamento patriótico e o interesse do bem público o fez unir-se a eles”. Porém, temos aqui a oportunidade de discutir um dos sentimentos mais combatidos e mascarados na nossa sociedade: a inveja. Para tentar compreender um pouco mais sobre esse assunto , buscamos ajuda da psicóloga Fabiana Cassimiro
Rep - Doutora, acho que a primeira pergunta é: o que é a inveja? Dra. Fabiana - Eu posso definir inveja como o sentimento que alguém tem sobre uma conquista ou posse de outra pessoa. Isso pode ser uma coisa material, como carros ou apartamentos, ou até coisas abstratas, como um cargo ou até mesmo a vida da pessoa. Acho que é o sentimento de ter algo sem ter conquistado, achar que tem direito apenas pelo fato de querer. Rep – Acho que podemos relacionar esse tipo de sentimento em alguns momentos da nossa vida. Faz sentido pensar que todos nós nascemos com a inveja? Dra. Fabiana – Não acho que nascemos com inveja, mas é um sentimento comum. Um grande exemplo no dia de hoje são as redes sociais. Para entender melhor, podemos compará-las a uma grande janela: a partir dali, podemos conhecer as pessoas. Porém, o que acontece na maioria das vezes é que essa janela vem com filtros, apenas se mostra as partes boas, um recorte bem pensado e editado. Assim, temos a impressão que aquelas pessoas só passam por situações boas. O que não é verdade. Rep – Então podemos dizer que as redes sociais ajudam na “proliferação” da inveja? Dra. Fabiana - Acredito que sim. Temos hoje, mais do que nunca, uma sociedade, por ser fruto do capitalismo, tem que ter cada vez mais: mais seguidores, mais curtidas, mais produtos. Muitas vezes, as pessoas veem fotos no Facebook ou Instagram e não percebe que existe uma mega produção por trás de cada postagem. Além disso, temos a inveja sobre fotos de viagens ou casamentos e não pensamos no trabalho, economias e esforços que essas pessoas tiveram para alcançarem aquilo.
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povo
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“Inveja existe dentro de cada ser humano independente da geração e cabe a nós mesmo nos controlarmos e separar a inveja de um ambição saudável” Bárbara Cardelino, 22 anos
“A gente se expõe mais em internet do na minha época e aumentam o número de pessoas que querem ter sua vida. Sempre existiu a inveja, mas agora está mais evidente” Carla Soares, 50 anos
“Nossa geração tem uma exposição gigantesca, maior que tudo que já se viu. Com certeza, as redes sociais aumentaram muito o nível de inveja” Lyssa Brandão, 22 anos
a historia se repete
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história de Júlio César, 100 a.C a 44 a.C, retratada pelo dramaturgo William Shakespeare em 1599, é mais atual do que nunca. A busca pelo poder custe o que custar, a ambição, troca de interesses, traições, um parlamento dividido, uma população que muda de opinião a cada momento de acordo com o discurso mais atraente, como os de Marco Antônio e com o político mais convincente. Isso aconteceu há mais de 2 mil anos e acontece até hoje na política mundial e nacional. No Brasil assistimos políticos que usam seus discursos, suas propostas falsas e fantasiosas para conquistar um eleitorado facilmente convencido. E quando se chega ao poder, parece querer cada vez mais influência e autoridade. Para isso, usam suas armas - a máquina do governo para o aparelhamento das instituições públicas e até do judiciário e do legislativo, que deveriam ser poderes independentes, e das mídias.
Assim como na Roma Antiga, o jogo de interesses e as traições acontecem com muita frequência. Quem hoje está coligado, amanhã já está do outro lado conspirando contra. Vejo hoje, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB, como se fosse Marco Antônio, que surge como surpresa, uma forma de terceira opção, numa política dominada por dois partidos, o dos Trabalhadores – PT, e o da Social Democracia Brasileira – PSDB, o PMDB usar nos bastidores o seu poder de convencimento por meio das palavras, uma articulação que tem como objetivo, a queda do Chefe do Executivo como aconteceu com o Imperador Júlio César, no caso aqui do Brasil, da Presidente da República afastada Dilma Rousseff. E para isso, pessoas próximas da Presidente, que faziam parte do seu governo e até mesmo do seu partido, o PT, também conspiraram contra ela, o mesmo que fez Brutus contra Júlio César.
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defesa brutus
e um lado, uma vida moral implica em praticar cada uma das ideias que aceitamos como formadoras da ética. Ou seja, tudo aquilo que pensamos, que é inteligível e que aceitamos no plano do intelecto, requer uma imediata passagem à ação, mesmo que isso exija esforço. Como dizer, então, que Marcus Brutus viveu uma vida imoral – ou amoral? Brutus não seguia o popular “código ético cristão” (a bíblia), sua ética consistia em defender Roma e sua ação moral foi defendê-la, mesmo que isso custasse a vida de seu amigo, Júlio César. Por outro lado, seria a vida de Brutus meramente intelectual? Visto que este superestimou a teoria (defender Roma), até mesmo quando tal atitude não refletiu em uma atitude harmônica (matar).
Das três virtudes discipulares (devoção, investigação e serviço), Brutus errou quando não investigou. Falaram que César era um tirano e, por isso, deveria morrer. Marcus até reconheceu que Cassius o atiçou contra César e ficou sem dormir por essa razão, ainda assim não enxergou que os outros sete conspiradores estavam com inveja do futuro imperador. A paixão de Brutus por Roma o cegou. Como disse Marco Antônio, o personagem da icônica pergunta “Até tu, Brutus?” foi o mais nobre dos romanos. Por mais imoral e anti-ética que sua atitude possa ter sido, agiu coberto por sinceridade de seu propósito e por nobreza em sua busca.
Durante os idos de março, Roma fez barulho, pois o patrício que ganhara o papel de protagonista sangrou sob os narizes de todos. Gaius Iulius Caesar, popularmente conhecido como “Júlio César”, nasceu no dia 13 de julho do ano 100, foi um militar e político romano, criado por uma família comum e de pouca influência, destacando-se ao fazer parte do Triunvirato por meio do qual governou Roma durante um longo período ao lado de Marco Crasso e Cneu Pompeu. Nos anos de formação, Júlio frequentou a escola de Rodes, onde aprendeu a seduzir através da oratória. Ele sempre fora muito ambicioso e graças a isso se descobriu apto à execução da política como ofício. Contudo, César foi um homem, que durante boa parte de sua juventude foi dado à libertinagem e a manutenção de uma série de vícios, tudo o que não condizia com uma carreira política, por conta disso, teve de reformular a própria vida e a partir deste ponto, tornar-se alguém digno de governar até mesmo os modos de sua casa. Assumiu a responsabilidade de governar a Espanha Ocidental e anexou toda a Península Ibérica. Também compartilhou a situação dificultosa vivida por seus soldados e desse modo ganhou-lhes a simpatia, sempre a acompanhá-los tornou-se uma figura que mantinha uma relação estreita com uma divindade e anos depois pareceu chegar de fato a esse posto. Júlio César fazia o tipo politico populista, amado pelo povo, odiado pela aristocracia, ergueu o estandarte de governante dos plebeus e ganhou o rótulo de tirano, caiu tendo as mãos que considerava honrosas banhando-se em seu sangue. O amor dos pobres atribuído a ele tinha sua origem nas migalhas distribuídas após seus ganhos militares. César era excelente combatente e venceu muitos confrontos, por outro lado, acabou por deixar que a vitória subisse sua cabeça e o fizesse sentir-se no direito se tornar um político autoritário. Ainda assim, César continuará sempre incrustado na história da grandiosa Roma, terá seus triunfos reconhecidos ao longo dos anos, mas lamentavelmente será lembrado pela conspiração que causou a sua morte e pela celebre frase proferida por ele em seu último suspiro: Et tu, Brute? (Até tu, Brutus?).
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depois da sua ^ ´ morte voce sera ^ o que voce foi antes de nascer - Arthur Schopenhauer