SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 21/7/2014
HUMOR
O princípio do fim da era da telenovela Ellen Soares / TV Globo
Raul Moreira Jornalista e cineasta Raullbm@hotmail.com
Se o Brasil já foi o país do bom futebol, da excelência em campo, o mesmo pode se dizer da telenovela do horário nobre, que viveu algumas décadas de glória e agora, sessentona, agoniza a olhos vistos. Que o diga o fiasco de Em Família, da Rede Globo, que foi encurtada em 60 dias e teve o seu último capítulo exibido anteontem. O núcleo de teledramaturgia da Rede Globo, que se destacou mundialmente por produzir folhetins eletrônicos de qualidade, de certa forma vive um drama parecido com o da CBF, a entidade que comanda o futebol brasileiro: perdido está em um labirinto no qual os paliativos que poderiam ajudá-lo a encontrar a saída já não funcionam porque a telenovela caminha para o que se chama de “esgotamento em si”, pelo menos no seu formato tradicional. Naturalmente que a Globo é prisioneira de uma espécie de moto perpétuo que ela mesma criou e o qual, por conta da sua natureza de produção ininterrupta e do que ele representa para os seus cofres, tornou-se difícil renová-lo substancialmente. Ainda que, ao longo das décadas, houve “trocas de óleo” e de uma e outra “peça”, entendendo-se com isso, o que se chama de modernização das temáticas e aprimoramento da linguagem e da forma de narrar.
Desafio
Mas o diabo é que o Zeitgeist, o chamado espírito do tempo é implacável e a Globo, mesmo dando uma nova roupagem à sua teledramaturgia, encontra-se patinando na busca de uma solução que concilie qualidade dramatúrgica e audiência. Em outras palavras: a emissora tem que “conjugar um verbo” que agrade a gregos e a troianos, o que significa fisgar segmentos distintos de classes que ainda prestigiam as suas novelas. O desafio da Rede Globo é ainda maior pelo simples fato de que esse modelo de produção televisiva enfrenta a concorrência de formatos mais enxutos e contemporâneos produzidos dentro e fora do país. No caso,
Por tabela, tal descompasso comprometeu todas as tramas paralelas da obra e as temáticas que foram postas à mesa. Uma delas, a relação gay de duas mulheres de classe média alta, simplesmente não rendeu o esperado por conta de que a novela tornou-se uma piada sem graça ancorada em um Leblon no qual o autor e seus colaboradores trataram de plastificá-lo ainda mais.
O Laerte (Gabriel Braga Nunes), de Em Família, não convenceu
O núcleo de teledramaturgia da Rede Globo de certa forma vive um drama parecido com o da CBF
A Globo já tem percepção de que se tornou cada vez mais difícil reinventar o seu principal produto
tais conteúdos encontram nas TVs por assinatura e na internet, escoadouros que se encaixam com as atuais necessidades e modelos de consumo. Na busca de fórmulas para se reinventar e se manter competitiva, vez por outra há alguma que funciona no sentido de agregar os segmentos e, assim, é utilizada até se esgotar. Foi o que aconteceu a partir de A Favorita, em 2008, de João Emanuel Carneiro, que se destacou ao intensificar um tipo mais radical de vilania na trama, notadamente feminina, fenômeno que acentuou ainda mais o maniqueísmo que rege os folhetins eletrônicos.
sagrados, a exemplo de Glória Perez, Agnaldo Silva e Walcyr Carrasco. O curioso é que até Manoel Carlos, o último autor/sobrevivente do chamado novelão, sucumbiu à “ditadura dos vilões”, pelo menos a julgar pelo que se viu na finda Em Família. Como a audiência foi pífia nas primeiras semanas, ficou a sensação de que Maneco foi obrigado a repensar a sua novela, a trilhar caminhos que não faziam parte da sua natureza contemplativa, algo que certamente contribuiu para transformá-la em um monstrengo. Sim, a heroína Helena, que sempre norteou os folhetins de Manoel Carlos, foi sacrificada diante da obrigação do autor em alavancar Em Família. Para piorar, o antagonista que deveria alimentá-la, no caso o personagem Laerte, psicótico vivido por Gabriel Braga Nunes, simplesmente não convenceu.
Ditadura dos vilões
Natural que, diante do sucesso, tal modelo, que chegou ao ápice com a novela Avenida Brasil, do mesmo João Emanuel Carneiro, fosse copiado por outros dramaturgos, inclusive alguns con-
Diante de mais um fracasso dramatúrgico, a exemplo da novela anterior, Amor à Vida, de Walcyr Carrasco, que sobreviveu apenas por conta do desempenho do herói/vilão/gay Félix, vivido por Matheus Solano, fica a pergunta: até quando os folhetins eletrônicos tradicionais vão se sustentar de pé? Como resposta, algum sábio pode apontar que o novelão, enquanto programação imperiosa do horário nobre, talvez sobreviva mais algum tempo. Porém, independentemente da TV aberta perder público a cada dia, a Globo já tem percepção de que se tornou cada vez mais difícil reinventar o seu principal produto televisivo e, obrigatoriamente,correparaacharsoluções que minimizem os danos. No entanto, por conta do que se viu nos últimos anos, fica a sensação de que o novelão das 21 horas da Rede Globo já é moribundo e as tentativas de reabilitá-lo fragilizam ainda mais o seu próprio sentido de existência. Assim aconteceu com a radionovela, que levou muitos anos agonizando, até desaparecer completamente, ainda que tenha sido ela quem preparou o advento do folhetim eletrônico.
Crepúsculo
No final, a telenovela do horário nobre, o “produto cultural” mais consumindo da história do Brasil e objeto de aprofundados estudos, quem diria, dá sinais de que vive o seu crepúsculo. E, diante da sentença, há quem solte rojões na noite escura por acreditar que, a exemplo do futebol, também em decadência, como se percebeu pelo fiasco da Seleção na Copa, o seu fim, ou redimensionamento, será benéfico para a gente se distanciar da hipnose dos dramalhões e enxergar outros horizontes.
Cruzeiro de swingers e aquela psicóloga – E aí, você vai? – Para onde? – Como para onde? Estou sabendo que você vai e que até já fez as malas. Se bem que nem é necessário fazer malas ou levar roupas. – Podia fingir que estou te entendendo, mas dessa vez está difícil. – Ora, ao cruzeiro dos swingers. – Continua o enigma. Que história é essa? – Você não é todo liberado? Vai perder essa? – Não sei mesmo sobre o que você está falando. – Do cruzeiro dos swingers que vai ter no Brasil em janeiro. Sete dias e sete noites de lepo-lepo, coisa que até os alemães hoje já sabem o que é. – Isso deve ser mentira, invencionice de internet. – É verdade. Será o primeiro no Brasil. E eles avisam: o uso de roupa é opcional e haverá várias festinhas. Todo mundo pelado, nu com a mão no bolso. – Sei não. Na maioria das vezes é só gente feia que vai nesses encontros de naturistas, em praias de nudismo etc. Pode parecer paradoxal, mas gente bonita gosta de roupa e não precisa apelar. Gente feia adora ficar pelada em público. – Será? Você não lembra daquele filme do Kubrick, em que todo mundo nas festas de putaria era bonito. Umas supermodelos. – Claro que lembro, "De olhos BemFechados".Masissosóacontece em filmes. A realidade é bem
diferente. Veja os homens que invadem campos de futebol ou quadras de tênis pelados; indecentes. Mulheres que saem nuas em passeata de protesto; horrendas. Ciclistas pelados; atentados à estética. Já viu uma Gisele Bündchen, uma Andrea Lima numa dessas manifestações? Nada. – Faz sentido. – Você vai ver. Na lista de passageiros devem estar uns "Cara de Hambúrguer", "Galo Cego", "Buchudo", "Filho do Padre", "Peito de Pombo", "Risca Faca", "Boca Rica"... – Você está confundindo. Isso não é lista de embargue. É a do TSE. São nomes (????) de candidatos à eleição de deputado neste ano. Você está juntando putaria e eleição, coisas que, em tese, não deveriam andar junto. – Depois dessa, acho melhor mudar de assunto. Eu sei que prometi não mais falar de Copa, que já era hora de voltar ao batente, mas há algo que não pode ser deixado de lado. – O quê? Tudo já foi falado sobre essa Copa. – Eu não falei da psicóloga da seleção. – O que é que você quer falar dela? – Não lhe parece estranho que uma psicóloga, que, por dever de ofício, deveria preservar seus clientes saia por aí falando em programas de TV sobre as conversas que teve com os jogadores e sobre crises? – Dá próxima vez será melhor contratar um padre. Os resultados podem ser os mesmos, mas o sigilo estará garantido.
CURTAS Curso gratuito de música erudita com a Osba
FERNANDA SOARES
História e visibilidade
Por F&N Produções
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Jomar Dantas / Divulgação
Far From Alaska lança primeiro álbum em meio a rápida ascensão
A banda é formada por Emmily Barreto (vocal), Cris Botarelli (sintetizador, vocal de apoio e guitarra havaiana - conhecida como lap steel), Edu Filgueira (baixo), Rafael Brasil (guitarra) e Lauro Kirsch (bateria). Os integrantes são conhecidos na cena rock potiguarense antes de formarem o Far From Alaska, por terem trabalho em outras bandas locais. A ascensão da banda foi conquistada rapidamente. O primeiro show foi realizado duran-
FALAM POR AÍ
Percepção
MÚSICA
Far From Alaska é do tipo de banda que surpreende na primeira vez que se ouve. Bastante confundidos como banda internacional pelos desconhecidos, o grupo nasceu em Natal, Rio Grande do Norte. A confusão dá-se devido às canções serem todas em inglês e, também, o som da banda é diferente do que costuma-se ouvir da nova safra do rock brasileiro. Apesar de possuir influências de grupos estrangeiros, a banda não gosta de citá-los. “Preferimos não responder essa pergunta. Parece que as bandas brasileiras de rock têm que validar, de alguma forma, seu trabalho como influência direta de alguma banda, principalmente as de fora”, explica Cris Botarelli, integrante da banda.
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Banda potiguar é formada por Emmily Barreto, Cris Botarelli, Edu Filgueira, Rafael Brasil e Lauro Kirsch
te as audições para o concurso Som Para Todos, em que a premiação seria tocar na edição de 2012 do festival Planeta Terra, conhecido por abrigar grandes nomes internacionais do cenário alternativo. Após ganharem o concurso e terem feito o show de abertura do festival na época, a banda atraiu a atenção de Shirley Man-
A banda atraiu a atenção de Shirley Manson, vocalista do Garbage, grupo que estourou no final dos anos 90
son, vocalista do Garbage, grupo que estourou no final dos anos 90. “Foi absolutamente surreal”, conta Cris, “apesar de já termos tocado em outras bandas e possuir alguma experiência. Ficamos nervosos e ansiosos pela situação, por dividirmos o palco com grandes bandas como Garbage, Kings of Leon, Kasabian e Suede. Foi difícil acreditar.” Neste meio tempo, a banda havia lançado um EP, Stereochrome, contendo quatro músicas e mixagem por Chuck Hipolitho, que foi diretor do canal MTV e integrante da banda Forgotten Boys. O primeiro álbum surgiu somente este ano, em maio, com o nome ModeHuman. Ao todo são 15 faixas autorais e, apesar de tantas canções, o CD é bom do começo ao fim. A voz potente
de Emmily e as melodias nos remetem a bandas conhecidas, como White Stripes, Franz Ferdinand e Muse. Para completar, o trabalho teve a ajuda de Chris Hanzsek, produtor de bandas como as grunges The Melvins e Soundgarden. Os potiguarenses devem começar uma tour nacional no meio do mês que vem, para divulgação do álbum. “Queremos conquistar o público brasileiro”, diz Cris Botarelli, que também pensa em tocar fora do país, mas planeja isso para depois. Perguntados se irão fazer algum show na capital baiana, o Far From Alaska diz que está dependendo dos produtores locais, pois gostariam de visitar a cidade. MODEHUMAN - FAR FROM ALASKA / DECK DISK / PREÇO NÃO DIVULGADO
A Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba), com o apoio do Teatro Castro Alves, volta a oferecer seu curso gratuito sobre música erudita, intitulado A Música e os seus Segredos. As aulas serão ministradas pela professora de orquestra e violoncelista Karina Martins Seixas e terão início nos dias 5 e 7 de agosto, com 50 vagas divididas em duas turmas. Os interessados, com idade mínima de 15 anos, poderão se inscrever de hoje até sexta-feira, das 9 às 12 horas no TCA. Com uma carga horária de 40 horas, o curso terá duração de cinco meses, com término
previsto para dezembro. As aulas presenciais acontecerão nos dias de terça e quinta-feira, das 18h30 às 20h30.
As aulas serão ministradas pela professora de orquestra e violoncelista Karina Martins Seixas
Claudya Costta faz show no Red River A cantora Claudya Costta vai apresentar Pluralidade Singular, sábado, no palco do Red River Café. O show tem influências que mostram uma série de linguagens absorvidas pela artista, o que reflete na diversidade musical que coloca em cena. No novo trabalho, Claudya apresenta arranjos inéditos que propõem mais intimidade
com o público, trazendo um repertório ousado e inusitado que vai do clássico dos Novos Baianos, Gilberto Gil, Dorival Caymmi a raridades garimpadas em suas pesquisas sonoras. A cantora também interpreta canções de sua autoria. O show está marcado para as 23 horas e o couvert custa R$ 30 (na hora) e R$ 25 (lista amiga).