Sobre: Teoria e Design na Primeira Era Digital

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

SOBRE:

teoria e design NA PRIMEIRA ERA DIGITAL. Uma interpretação comentada do artigo da Rivka Oxman: “Theory and design in the first digital age”.

Dissertação para a disciplina de Atividade 1 – Monografia, sob orientação da Profª. Drª. Ana Gabriela Godinho Lima.

Fernando Romano São Paulo / Novembro / 2013 2


Trailer do documentário Archiculture: Link: (http://www.youtube.com/watch?v=t1Vhi8JCCxk)

“You don’t going to architecture if you are pessimistic, if you don't actually believe the world can get better”

Frase retirada do documentário: Archiculture. 3


Agradeço primeiramente a minha orientadora Ana Gabriela Godinho Lima, por todo o apoio e dedicação, a minha Família e a TODOS os meus amigos. 4


SUMÁRIO 06 I RESUMO 07 I APRESENTAÇÃO 11 I PROCESSO 13 I CAPÍTULO 1 - TEORIA E DESIGN NA PRIMEIRA ERA DIGITAL: UMA REFERÊNCIA TEÓRICA.

26 I CAPITULO 2. 1 : BIM: REFERENCIA DE TECNOLOGIAS DIGITAIS EM ESCRITÕRIOS DE ARQUITETURA BRASILEIROS

40 I CAPITULO 2.2 : UMA PERSPECTIVA DOS ESCRITÓRIOS BRASILEIROS SOBRE O: BIM

46 I ENTREVISTA COM A ARQUITETA E ENGENHEIRA, RITA FERREIRA (SÓCIA-DIRETORA DA DWG ARQUITETURA E SISTEMAS)

50 I CAPITULO 3 : SILK PAVILION – UM ESTUDO DE CASO – PERSPECTIVAS FUTURAS

63 I CAPITULO 4 : APRESENTAÇÂO PROJETUAL 70 I CAPITULO 5 : CONSIDRAÇÕES FINAIS 74 I REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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RESUMO

Tendo como base teórica o artigo ”Theory and design in the first digital age” (OXMAN, 2008), que conceitua a evolução do design digital, caracterizada pela crescente amplitude de temas e assuntos presenciados por práticas e publicações, formula um quadro teórico denominado “modelos paradigmáticos de design digital”, o qual identifica, compara e transfigura as diferenças entre o projeto na realidade digital e os modelos de representação tradicionais. Além disso, o artigo demonstra um novo papel para o designer, que precisa estar integrado com os avanços tecnológicos para compreender os novos meios de representação. Pensando nisso, minha pesquisa se deu constatando os diferentes tipos de integração com os avanços tecnológicos e sendo relacionados com o cenário brasileiro e o internacional. O impacto sobre o projeto na primeira era digital tem sido significativo nos sentidos teóricos, tecnológicos e metodológicos. Tentarei exemplificar os vários tipos de avanços tecnológicos relacionados ao design digital, através da interpretação do artigo de Rivka Oxman, retratando a relação desses no meio de trabalho, e como os profissionais estão reagindo a esses novos paradigmas de representação digital. Além de sugerir algumas das implicações futuras desses desenvolvimentos e esboçar alguns aspectos mais amplos de pensamento e de procedimento que caracterizam a nova visão de mundo emergente da teoria do design digital, o que gera novas interpretações de alguns dos conceitos de origem das nossas teorias de design existentes. Tendo em vista o fato do Brasil ainda estar nas bases dos modelos digitais apresentados por Rivka Oxman, que consiste na etapa de transição de Modelos CAD, a qual é caracterizada pela implantação de uma tecnologia onde a forma de representação projetual dá por modelos digitais, apresento um estudo de caso internacional (Silk Pavilion) e, por meio desse, estabeleço a relação das características do design digital com o designer, representando o pensamento digital de uma maneira que serve como parâmetro para a própria metodologia de design digital e é também um exemplo de como as tecnologias podem representar uma interação de forma positiva com o designer.

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APRESENTAÇÃO O trabalho que apresento faz parte do Núcleo de Pesquisa Percursos e Projetos: Arquitetura e Design, coordenado pela Profª. Drª. Ana Gabriela Godinho Lima, segue o link do blog referente à pesquisa: (http://arquiteturadesignmackenzie.wordpress.com/). Iniciou-se com base nos resultados parciais já alcançados na pesquisa Feminino e Plural: Percursos e Projetos de Arquitetas e Designers, financiada pela FAPESP e Mackpesquisa (2012 e 2013), e está inserida no contexto do projeto Práticas de Projeto de Arquitetas, Arquitetos e Designers – Análise dos instrumentos de prática projetual e possíveis empregos de forma direta ou não – na pesquisa acadêmica stricto sensu, financiado pelo Mackpesquisa (2013 e 2014), da qual faço parte e quero continuar fazendo para complementar essa pesquisa e realizar futuras pesquisas sobre Arquitetura Digital. Sempre me interessei por Tecnologia e sobre as questões digitais relacionadas à Arquitetura. Ao longo do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo, percebi que a Arquitetura e a Tecnologia estão cada vez mais entrelaçadas. A tecnologia está acrescentando muitos “valores” à Arquitetura , assim como, a Arquitetura irá contribuir para a Tecnologia. No mundo contemporâneo, convivemos com o avanço da tecnologia e nos interagimos com ela. Na Arquitetura, o mesmo processo esta acontecendo: novos softwares, novas metodologias de design, novas técnicas de projeto digitais, novas formas de representação e produção já estão sendo utilizadas por muitos profissionais, e a expectativa é que esta interação aumente, ao passo de que a tecnologia se adapte cada vez mais na vida do homem, criando possibilidades e realidades propícias para o desenvolvimento de uma cultura digital. No inicio da minha vida profissional, fui apresentado ao BIM (Building Information Modeling), o que veio a aumentar esse meu interesse tecnológico. No período em que trabalhava, durante o ano de 2011, sempre estava em constante aprendizado e absorvendo o máximo de informações, pois já sabia que minha forma de pensar em Arquitetura havia mudado. Um software que facilita a tarefa de projetar, com as informações concentradas em um único modelo digital resultando em menos erros ao longo do processo, é para mim a maneira mais eficiente e correta de trabalhar. Como em qualquer relação, as partes têm que estar em harmonia, ou seja, para ocorrer essa mudança digital precisamos mudar a forma de pensar e também mudar nossa posição diante do “Novo”. Um novo quadro conceptual e teórico (que já foi pré-estabelecido pela Rivka Oxman) precisa ser definido, com o 7


intuito de nos aproximarmos desses avanços tecnológicos e entendermos o “pensamento digital”, usufruindo do mesmo para nossas criações. As relações entre as disciplinas de Arquitetura, Engenharia, Design, Moda (profissões criativas) precisam ser reaproximadas para um melhor resultado, mais amplo e mais gratificante, pois possuem o mesmo conceito: O Ato de Criar, conceber, materializar. O que muda são os instrumentos e os materiais, mas na realidade o processo é parecido. Trabalhar em redes e com profissionais de diversas áreas é um aprendizado que gera um enriquecimento de repertório e de resultados gratificantes, além de contribuir para um entendimento melhor entre as disciplinas e suas especificações, como por exemplo, o BIM, onde a informação é compartilhada e todos os usuários têm acesso a ela. Citaremos o arquiteto e engenheiro espanhol Santiago Calatrava, para retratar a relação que ele faz ente as disciplinas de projeto, ao invés dessa segregação pré-estabelecida entre arquitetos e engenheiros. Na grande maioria de suas obras, observamos a relação com a Engenharia evidenciada por superestruturas, novos materiais, formas complexas.

Malmö Turning Torso (Malmö, Suécia), por Santiago Calatrava.Fonte: http://www.amazoninterart.com/?p=2352 8


Cidade das Artes e da Ciência (Valência, Espanha), por Santiago Calatrava. Fonte: http://www.flickr.com/photos/fromthenorth/4849320790/in/set-72157624581716058

Chamou-me atenção a relação estabelecida entre uma arquiteta e uma estilista. Estou me referindo à arquiteta e designer, Neri Oxman 1, que participou da criação de uma coleção da designer holandesa Iris van Herpen’s, desenvolvendo roupas com a tecnologia de impressão 3D, reafirmando a relação entre as áreas, as quais têm muito para oferecer uma para a outra e abrir novas possibilidades e ramos de trabalho.

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A qual vou retomar a citação na minha pesquisa, pois é uma profissional que tem grande influência e produção

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Imagem da peça criada por essa integração entre Neri e Iris. Fonte: http://www.materialise.com/cases/wearable-stratasys-and-materialise-3d-printed-pieces-hit-parisfashion-week-at-iris-van-herpen

Vídeo de uma entrevista, onde explica e retrata a confecção da peça e a relação entre as duas designers. Link: http://www.youtube.com/watch?v=BUUNt_N48EQ 10


PROCESSO Todo o material citado esta disponível no meu blog: (http://meutfg.wordpress.com/processo/ ) O trabalho se deu a partir de uma pesquisa sobre o tema “Arquitetura e Tecnologia”, e com o desenvolvimento, fui me aprofundando no campo de design digital, acrescentando novas fontes bibliográficas. Orientado pela Profª. Drª. Ana Gabriela Godinho Lima, criei um blog onde registrei minha pesquisa (http://meutfg.wordpress.com/), pois além de se tornar uma espécie de armazenamento de matérias de trabalho na arquitetura, design de produto e outros campos de design, a inovação imagética, como os vídeos, por exemplo, é reconhecida por práticas de projetos experimentais e tem sido uma força motriz na promulgação de uma cultura digital, quais me auxiliaram na compreensão de certos conceitos. Durante esse processo realizei outlines - esquemas visuais utilizados para auxiliar nos estágios de criação do texto – os quais me esclareceram os caminhos que meu raciocínio percorreu. Entrevistas com profissionais da área foram realizadas com o intuito de voltar a minha pesquisa para o cenário brasileiro, pois como se trata de uma nova maneira de representação projetual com novas teorias estabelecidas, quis saber como estamos diante dessas mudanças e se estamos condizentes com a produção de outros países. Trabalhos acadêmicos denominados de atividade 3 e 4, realizados durante o TFG I e TFG II (Trabalho Final de Graduação), me ajudaram na elaboração de meu argumento, como também para questões das disciplinas complementares, como por exemplo, Projeto. A seguinte pesquisa foi realizada a partir da análise, tradução, ilustração e estudo do texto Theory and Design In the First Digital Age (Rivka Oxman, 2008), o qual adotei como minha bibliografia principal, seguindo a organização do texto pré-estabelecido pela autora, e selecionando o conteúdo com maior relevância para o texto aqui apresentado. Segundo Rivka, o crescente impacto sobre as práticas de projeto resultou na necessidade de uma reformulação e revisão nas teorias correntes de Design, a fim de explicar e orientar futuras pesquisas e

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desenvolvimentos na área. A pesquisa elaborada serve como base para os interessados em Design Digital. O texto: “Teoria e Design na Primeira Era Digital” resulta de uma pesquisa no campo de design apresentando bases teóricas, históricas e recentes, como também a definição de um esquema genérico, quadro conceitual, onde estão expostas as características de projeto, pelos quais as classes paradigmáticas de design Digital são formuladas, além da conceituação e formulação do “pensamento digital”. Uma das questões centrais do texto diz respeito a se, de fato, design digital é um fenômeno exclusivouma nova forma de design - ou apenas um desenho convencional realizado com as novas mídias. Se esta primeira hipótese for válida, então uma completa formulação teórica de design digital também pode contribuir para novas interpretações de alguns dos conceitos de origem das nossas teorias de design existentes. Todos os materias citados no meu texto são retratados no blog, onde criei uma visualização por guias que correspondem à Apresentação (http://meutfg.wordpress.com/apresentacao/), ao Processo (http://meutfg.wordpress.com/processo/), às bibliografias comentadas na monografia (http://meutfg.wordpress.com/bibliografia-comentada-na-monografia/), e à Apresentação Projetual (http://meutfg.wordpress.com/o-projeto/). A guia Home (http://meutfg.wordpress.com/) contém informações complementares, com o intuito de auxiliar a composição e o entendimento do trabalho, tornando um veículo de mídia atual e dinâmico. A versão digitalizada do trabalho está disponível no pen-drive, anexado ao volume impresso, possibilitando acessar os hiperlinks citados no decorrer do texto.

Captura de tela feita no dia (09/11/2013) para ilustrar a explicação sobre o blog. Fonte: http://meutfg.wordpress.com/ 12


1 teoria e design na primeira era digital UMA REFERÊNCIA TEÓRICA

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O Enfoque desta pesquisa recai sobre a seguinte formulação de Rivka Oxman. As novas características formais de design, que parecem ser influenciadas pelas facilidades computacionais de softwares atuais. Estas apoiaram tipos avançados de produção, relativamente formulados para geometrias complexas e topológicas. A forma evoluída começou a substituir a complexidade e contradição que reflete uma crítica implícita à forma motivada da geração anterior. Os softwares são capazes de produzir geometrias complexas topologicamente e diferenciação formal sobre a continuidade do objeto de design, favorecendo os materiais e a investigação performativa na produção projetual. Sendo assim, este capítulo foi estruturado a partir da interpretação do texto traduzido e ilustrado por mim, Teoria e Design na primeira era digital (Rivka Oxman 2008), servindo como uma referência para a produção do texto. O texto e todo o material citado estão disponíveis no meu blog: (http://meutfg.wordpress.com/bibliografia-comentada-na-monografia/) O Fenômeno do Design Digital vem se materializando na última década, motivado por seu próprio corpo de fontes teóricas, apoiado nas novas tecnologias e produzindo um tipo único de Design, acompanhado por um grande corpo de publicações diversificadas, as quais estão agravando o problema de englobar o domínio intelectual digital e outros mais teóricos para a nossa interpretação e compreensão do design digital. Entre os aspectos do design digital para a comunidade teórica de design, a maneira que essa forma começa a desenvolver metodologias de design exclusivo é relevante, além das formas únicas de design, de interação e conteúdo formal. O design digital enfrenta a síndrome dos conceitos de não-padrão, nãonormativo e não-repetitivo, os quais são seus grandes focos teóricos, pois se trata de procedimentos de pensamentos de design e métodos de projetos. É essa transformação cultural mais ampla de conceitos de design de raiz que é a mudança de paradigma da nova cultura do design, já a ênfase acadêmico-científica apresenta um foco muito mais claro sobre design digital, como um novo conjunto de tecnologias e meios de comunicação únicos de design que estão transformando as nossas definições tradicionais e conceitos do design. Segundo Mitchell (2005, apud Oxman), os conceitos de padrão e de normativa, propagam a “lógica da repetição”, que foi fundamental para a era da industrialização, onde a produção de edifícios era baseada na materialização de desenhos feitos em papel, o que, atualmente, está se realizando através de informações digitais, que são concebidas, documentadas, fabricadas e montadas com a ajuda de meios 14


digitais. Ele argumenta também que a arquitetura emergente da era digital é caracterizada por altos níveis de complexidade, o que permite uma resposta mais sensível e flexionada com as exigências dos aspectos contextuais como o terreno, o programa e a intenção mais expressiva, do que era geralmente possível, dentro do quadro da modernidade industrial. (Mitchell, 2005, apud Rivka Oxman). Durante a década de 1990, o discurso teórico em torno dos desenvolvimentos da cultura digital se tornou uma das maiores influências sobre desenho e teoria da arquitetura, resultando na produção projetual, na produção literária, em eventos públicos de conferências, em concursos e exposições. Esse desenvolvimento evolucionário na teoria do design foi decorrente de duas correntes de influência: . A primeira tentou distinguir o design digital como uma forma única de design metodológico que era capaz de produzir resultados excepcionalmente significativos, de projetos que exploram a mídia digital; . A segunda tentou definir o conteúdo exclusivo de projetos digitais, caracterizando-se por novos tipos de complexidade formal, gerando novas interpretações de alguns dos conceitos de origem das nossas teorias de design existentes. Na arquitetura, o Museu Guggenheim, em Bilbao por Frank Gehry, foi o catalisador mais importante da teorização de novos caminhos formais, postulando novos métodos de design. Esse museu introduziu a complexidade de novas abordagens geométricas libertando a priori formalismos pré- estabelecidos. A Morfogênese como geração (Kolarevic, 2003, apud Rivka Oxman) estava emergindo como um processo de “descoberta de forma” ou “forma emergente”, relacionado com várias técnicas generativas com base digital, sem qualquer formalismo normativo.

O Museu Guggenheim, em Bilbao por Frank Gehry. (data de conclusão da obra: 1997) Fonte: http://www.guggenheim-bilbao.es/

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Implantação com térreo. Podemos observar as formas geradas com base digital. Fonte: http://pt.wikiarquitectura.com/index.php/Ficheiro:Guggenheim_Bilbao_pl_1.jpg

Vídeo que retrata a construção do Museu Guggenheim Link: http://www.youtube.com/watch?v=Gvvg85zII7A

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Embora não seja estritamente resultado de design digital, o escritório de Gehry foi profundamente comprometido com a pesquisa de tecnologias digitais avançadas2, estabelecendo o caráter de PréBilbao ou Pós-Bilbao na produção projetual da época. Com o avanço da integração das tecnologias computacionais no projeto desenvolvido durante a década de 1990, a práxis e a teoria evoluíram simultaneamente. Podemos citar o Terminal Internacional da Estação de Waterloo em Londres, por Nicholas Grimshaw, como exemplo de projeto que usa aplicativos iniciais de técnicas de design paramétrico na constituição da forma curvilínea do vidro de sua cobertura.

Estação de Waterloo em Londres, por Nicholas Grimshaw. Fonte: http://eat-a-bug.blogspot.com.br/2010/07/geometry-of-structural-form.html 2

Atualmente, a Gehry Technologies está oferecendo Projeto Digital baseado em CATIA (um modelador de alta qualidade, paramétrico, automotivo e aeroespacial). O designer é provido de meios de interação, tanto para a modelagem formal quanto para um conjunto de técnicas digitais. Além disso, o usuário pode interagir com o uso de métodos e ferramentas que melhoram a liberdade de design e controle de script, "ferramentas internas integradas”. Dessa forma, o usuário pode controlar o tipo e nível de interação com o meio de representação, manipular e aperfeiçoar geometrias complexas, enquanto trabalha em áreas problemáticas, como o projeto de forma estrutural. Oxman classifica esse modelo como “modelo de formação do Design Associativo”.

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Outro estudo de caso que podemos citar é o Terminal Portuário Internacional de Yokahama, pelo Foreign Office Architects, onde há formas de complexidade, incluindo a ênfase sobre o que poderia ser chamado "hipercontinuidade" ou modelos topográficos complexos, que eram difíceis (ou impossíveis) na concepção pré-digital. Esses e outros projetos foram sendo produzidos em um período em que a teoria e os métodos de projetos digitais evoluíram rapidamente.

Terminal Portuário Internacional de Yokahama, Foreign Office Architects (Moussavi, 2003). Fonte: http://designmuseum.org/design/foreign-office-architects

Vídeo retratando o projeto, por meio de uma representação digital Link: http://www.youtube.com/watch?v=JyzgMg8TPhw 18


O nível elevado de publicações sobre o assunto vem sendo impulsionado pela intensidade de interesses das profissões nas áreas de Arquitetura, Design de produtos, entre outros campos de Design, e pelas novas possibilidades de design e representado pelo potencial pungente de representação de formas, sendo reconhecidas por práticas de projetos experimentais, as quais têm sido uma força motriz na promulgação de uma cultura digital da primeira era digital. O rápido aumento no volume de publicações convencionais e na web nos últimos cinco anos indica a centralidade teórica que o design digital vem a ocupar, como podemos observar no vídeo abaixo:

Neri Oxman, arquiteta, designer, pesquisadora, professora do MIT Media Lab, em uma palestra do POP TECH, apresentando sua pesquisa, na qual investiga o material e o desempenho da natureza, em um esforço para se definir a forma. Link: http://www.youtube.com/watch?v=txl4QR0GDnU Para promulgar este elevado nível de interesse, uma série de eventos internacionais tem sido realizada, demonstrando que a teoria digital, os métodos e as práticas têm ocupado lugar no discurso do design. O FRAC (Fonds Regional d'Art Contemporain du Centre), em Orléans, localizado na França (http://www.frac-centre.fr/) se resume a um centro de documentação, publicação e exposições de design digital desde 1991. Concursos de design internacionais têm funcionado como um meio para a promulgação de materiais e teorias de design digital, como por exemplo, a FEIDAD (The Design Award Far Eastern International Digital), um fórum que permeia uma seleção internacional de diversas obras sob a rubrica geral de design digital (Liu, 2005 apud Rivka Oxman.) 19


Examinado os fenômenos emergentes de design digital na última década, é evidente que, apesar da grande quantidade de literatura disponível e do elevado nível de produção teórica e de projetos experimentais, as distinções metodológicas relacionadas a esses fenômenos ainda não estão formuladas. Com base nessa análise, Rivka propõe uma série de modelos estruturados de metodologia de projeto digital que definem e explicam os paradigmas inovadores do design digital, denominado por modelo paradigmático de design digital. A fim de explicar os vários componentes necessários para o modelo digital, é necessário formular uma representação simbólica por meio de um esquema genérico de componentes, relações e propriedades, conforme imagem abaixo:

(figura 1)

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Uma explicação sobre os componentes básicos do esquema genérico, retratados na (figura 1), segue abaixo: - O Designer interage, controla, modera processos e mecanismos geradores e performativos, surgindo assim um novo papel para o designer: “Um construtor de ferramentas”. - Os elementos e seus símbolos, letras individuais, representam os componentes básicos do modelo: R - representação e conteúdo formal, fortemente relacionados com os meios de comunicação de representação; G – geração, que inclui processos generativos de interação com o formato digital; E – avaliação, que inclui processos de análise e julgamento; P – desempenho, que inclui processos performativos relacionados a considerações programáticas e contextuais. - Os limites e as setas representam o tipo de interação entre o designer e os meios de representação. Dois tipos de relação entre esses componentes têm sido identificadas: interações com os componentes específicos de representação e as ligações que são o produto do fluxo de informações. - Os links são representados por uma linha. Os links cognitivos implícitos na modelagem do projeto em papel são representados por linhas tracejadas e as ligações explícitas computacionais são representadas por linhas cheias.

Imagem ilustrando os componentes básicos do esquema genérico.

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Com a formulação do esquema genérico apresentado, podemos identificar os cinco modelos paradigmáticos de design digitais atuais. A estrutura sequencial destes modelos baseia-se na explicação dos componentes, seus processos digitais e o tipo específico de suas propriedades, a fim de traçar a sua evolução, o qual nos permitiu identificá-los e classificá-los em: 1- Modelos CAD, que foi um marco na mídia baseada em papel, retratado por Rivka em seu texto sendo o item 3.1, e suas seguintes derivações. (Modelo descritivo CAD, Modelo CAD Generation-avaliação, Modelos descritivos CAD e sua evolução para processos digitais de Direcionais duplo). 2 - Modelos de Formação, onde os conceitos tradicionais de representação com base no papel já não são concepções válidas para explicitar o pensamento e os processos metodológicos associados a ele. Retratado por Rivka em seu texto sendo o item 3.2 e suas seguintes derivações (Modelos de formação topológicos, Modelos de formação do Design Associativo e Modelos de formação baseados em movimento). Chamo atenção para esse modelo (Modelo de Formação), representado pelo esquema proposto por Rivka Oxman (figura 6), pois a geração de forma é baseada na interação com uma técnica digital, em vez da estrutura de representação explícita, como no modelo CAD. Assim, o surgimento dos processos de concepção não determinista é uma característica adicional dos processos emergentes de pensamento de design digital.

(Figura 6) Modelo de Formação, proposto por Rvka Oxman. 22


3 - Modelos Generativos, nos quais a interação do designer com mecanismos complexos geram o surgimento de formas derivadas de regras, relações e princípios generativos. Retratado por Rivka em seu texto sendo o item 3.3 e suas seguintes derivações (Modelos de design de transformação gramaticais e os modelos de design evolucionário.)

Changsha Meixihu International Culture and Art Center por Zaha Hadid, ilustrando os Modelos Generativos, onde a Arquitetura é produzida por softwares, que estabelece e segue suas próprias regras. Link: http://www.youtube.com/watch?v=itTY2vOjEdo

4 - Modelos de desempenho, onde o objeto é gerado através da simulação de seu desempenho. Retratado por Rivka em seu texto sendo o item 3.4 e suas seguintes derivações (Modelos de formação baseados no desempenho e Modelos de geração baseados em desempenho)

BMW Dynaform Pavillion, por Bernhard Franken´s, ilustrando a classificação de Modelos de Desempenho.

Link: http://www.youtube.com/watch?v=chLyFLyJOxo 23


5 - Modelos de combinações integrados ou Modelos compostos, que representam o futuro da mídia digital. Baseiam-se em processos integrados, incluindo a formação, geração, avaliação e desempenho. Retratado por Rivka em seu texto sendo o item 3.5. Este esquema de cinco modelos paradigmáticos apresentou uma interpretação do design digital, na qual as características metodológicas dos paradigmas têm sido formuladas em relação à tradição dos conceitos teóricos de design e aos modelos tradicionais de pensamento de design. Entre eles estão às futuras implicações para as novas e complexas relações entre os usuários, as ferramentas digitais e a mídia do projeto. Venho acrescentar a questão de a tecnologia digital excluir o papel e a criatividade do arquiteto, ou se esta poderá servir como um estímulo, para explorar essa mesma criatividade. Segundo o artigo “Será o Digital um equívoco na Arquitetura”, de Sara Eloy e André Cruz, podemos observar que a dimensão de tecnologias digitais, que têm vindo a surgir associadas ao projeto de arquitetura, tem permitido abrir portas para novas explorações nesta área. O uso combinado de diferentes ferramentas de análise, geração, simulação, visualização e fabricação, entre outras, permite o desenvolvimento de soluções diversas, informadas e eficientes sob diversos aspetos. Segundo o artigo: As crescentes exigências e consequente especialização no projeto de arquitetura e na construção são causas da necessidade de maior controle, rigor e melhor desempenho dos espaços construídos. A tecnologia digital é utilizada como ferramenta auxiliar do projeto e da construção, na medida em que permitem fazer avaliações e diagnósticos informados, decisões fundamentadas em dados quantificáveis e maior possibilidade de responder adequadamente. (CRUZ e ELOY, s/d) Cruz e Eloy comentam ainda: A utilização das ferramentas digitais, desde as fases iniciais de projeto, permite obter significativas vantagens e aumentar a precisão da informação utilizada e, desse modo, explorar de modo mais intenso alternativas e detectar problemas. Frequentemente as tecnologias digitais são tidas como “intrusos” no projeto, quando na verdade estas apenas constituem ferramentas que agilizam e 24


tornam possíveis tarefas que manualmente seriam intermináveis. (CRUZ e ELOY, s/d) Por fim, os autores ponderam: As questões como a parametrização e a personalização não são novidades na arquitetura: o arquiteto sempre utilizou parâmetros para projetar o que influenciou a forma, a dimensão, a orientação e outros aspetos das suas obras. Nesse sentido, a utilização de um software paramétrico não constitui o uso de uma ferramenta para fazer uma tarefa nova, mas sim uma ferramenta que permite desenvolver tarefas de projeto que seriam feitas de modo manual, intermináveis e maçantes. (CRUZ e ELOY, s/d)

Em síntese, baseado na teoria da Rivka Oxman sobre A primeira era digital apresentada neste capitulo, vimos como o conceito, a evolução e os modelos paradigmáticos de design digital (Modelos CAD, formação; geração, desempenho, compostos), são descrito.Estes foram também relacionados com os avanços tecnológicos em arquitetura, em que se verifica que os conceitos tradicionais de representação com base exclusiva no papel já não são completamente apropriados para explicitar o pensamento e os processos metodológicos associados ao design digital. O emprego dos recursos digitais agregam assim novos valores para o designer (profissional). É sobre esse aspecto que trata o próximo capitulo.

Com efeito, levando-se em conta que o trabalho do computador pode facilitar a resolução de inúmeras tarefas, a introdução de competências digitais nos currículos da formação em Arquitetura é fundamental nos dias de hoje e ‘ser ou não ser digital’ deixou de ser uma mera opção. (KRUGER M , 2012).

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2.1 BIM: referência de tecnologias 2. digitais EM ESCRITÓRIOS DE ARQUITETURA 1 BRASILEIROS 26


Este capítulo estruturou-se com base no artigo “Colocando o I no BIM”, de Miriam Roux A.Addor, Miriam Dardes de Almeida Castanho, Henrique Cambiaghi, Joyce Paula Martin Delatorre, Eduardo Sampaio Nardelli e André Lompreta de Oliveira (2010) As citações retiradas do artigo estão em Itálico, servindo como referência para a produção deste texto. O artigo está disponível no meu blog: (http://meutfg.wordpress.com/bibliografia-comentada-na-monografia/). Segundo as classes paradigmáticas de design digital propostas por Rivka Oxman, venho destacar uma delas, o Modelo CAD, que servirá como ligação para a conceituação das tecnologias digitais no cenário brasileiro. A tecnologia CAD foi um marco na mídia em papel, na qual o designer interage diretamente com a representação do objeto, através de um esboço, desenho ou um modelo físico para criar seu design. Com a chegada da tecnologia CAD, o designer interage com um esboço, desenho ou modelo digital. No CAD tradicional, a interação com as representações formais 2D e 3D suportam a automação de desenhos e modelos visuais. As primeiras gerações de sistemas assistidos por computadores caracterizam como sendo descritivas e através do emprego de vários softwares de modelagem e representação geométrica. O uso comum do CAD tradicional tem sido, até agora, em manipular as representações gráficas de objetos digitais. O designer, implicitamente, integra requisitos performativos, procedimentos geradores e avaliativos ao interagir diretamente com a representação formal. E, P e G e suas ligações com os procedimentos formais ilustram a parte implícita do comportamento cognitivo do designer. Como podemos observar no esquema abaixo:

(Figura 4)- Modelo descritivo CAD, proposto por Rivka Oxman.

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Hoje em dia, devido às novas técnicas digitais, existem novas relações entre o modelo físico e o modelo digital como um processo de “mão dupla”. Objetos físicos podem agora ser capturados digitalmente e traduzidos em modelos digitais e vice-versa. Além de elaboração, modelagem e representação de objetos, a automação de análise e síntese integradas, foram desenvolvidas há décadas por meio de operações de processos analíticos em modelos geométricos. Uma maior ampliação das estruturas de dados, associada ao trabalho atual em áreas como a modelagem de produto, (Eastman, 1999 apud Rivka Oxman), permite a integração de várias modelagens em nível de construção avançados e software de avaliação através das diferentes fases de concepção. Estes tipos de processos analíticos de geração e avaliação em CAD são normalmente associados com estimativas de custos, comportamentos estruturais e desempenho ambiental etc. Qualquer alteração e modificação na representação digital podem ser reavaliadas, devido a uma base de dados integrada e estrutura compartilhada de informações. A interação é, em muitos aspectos, tradicional, com o designer interagindo com manipulações digitais de forma e representação e do CAD. Os processos de transformação são empregados manualmente. Note-se que em sistemas CAD o designer interage com a estrutura de dados da representação. Esse processo cria um loop de feedback de interpretação, através do designer que gera modificações necessárias no modelo de representação. Além disso, as estruturas de dados de construções complexas, que suportam processos avaliativos avançados, também podem sustentar a colaboração entre os diferentes participantes da equipe de design, como arquitetos e engenheiros, além dos processos suportados pelo CAD descritivo.

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(Figura 5)- Modelo geração-avaliação CAD, proposto por Rivka Oxman.

Este modelo (Figura 5) ilustra a condição em que a representação de CAD e os processos de avaliação estão explícitos, enquanto os outros processos permanecem implícitos, criando um loop de feedback de interpretação através do designer que gera modificações necessárias no modelo de representação. Após a conceituação teórica, introduzida por Rivka Oxman, e a explicação e classificação dos modelos CAD tradicional e CAD descritivo, nas classes paradigmáticas de design digital, concluímos que o BIM (Building Information Modeling - modelagem de informação da construção) é “classificado” como: modelo CAD descritivo.

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Vídeo que ilustra e conceitua o BIM. Link: http://www.youtube.com/watch?v=8iLw_iAS6uM

Como afirmam Addor et. al (2010): O advento da tecnologia BIM (Building Information Modeling - modelagem de informação da construção), voltada para a concepção, construção e manutenção dos edifícios, está gerando mudanças significativas na cadeia da construção civil. O processo de projeto e construção sai da representação bidimensional em direção a uma realidade n-dimensional. Esse movimento vem ao encontro da necessidade de reduzir os erros no processo de trabalho decorrentes de complexidade da troca de informações entre todos os envolvidos. O potencial dessa tecnologia permite análise, simulação e extração de dados do modelo, possibilitando ganhos de confiabilidade para as informações geradas durante todo o processo. (ADDOR et. al ,2010) Os autores lembram que o processo BIM já vem sendo desenvolvido e aperfeiçoado por alguma décadas: O Processo BIM existe desde fins da década de 1980, quando Jerry Laiserin – um arquiteto da universidade de Princeton (EUA), especialista em Tecnologia da Informação (TI ), deu origem à IAI (International Alliance for Interoperability, 30


atual Building SMART), em razão de suas pesquisas na área de TI e interoperabilidade, porém existem algumas divergências quanto à origem do termo, outros defendem que o processo BIM existe desde os fins da década de 1970, com as pesquisas do Pof. Charles Eastman. (ADDOR et. al ,2010) Em 1987, foi lançado na Hungria o software Archicad, da Graphisoft, o primeiro software com ferramentas de BIM. A partir de então, aconteceram muitas iniciativas individuais de arquitetos americanos, europeus e asiáticos. Em 1992, Frank Gehry montou uma equipe especializada em suporte tecnológico para suprir as necessidades de suas equipes de projeto. Em 2002, essa equipe tornouse uma empresa independente chamada Gehry Technologies e passou a prestar serviços de modelagens em BIM tanto para atender ao próprio escritório de Frank Gehry como para atender ao mercado. Desde 1993, há quase duas décadas, o escritório ONUMA Inc. (escritórios no Japão e EUA) vem desenvolvendo e utilizando um software de BIM, o “Sistema Onuma Open Architecture”, de tecnologia aberta. A Finlândia e a Noruega também foram pioneiras em desenvolver projetos em BIM e se encontram em estágios mais avançados. (ADDOR et. al ,2010)

Tendo em vista a trajetória de implantação do processo BIM, os autores perguntam-se: Então, o que poderemos dizer de um processo que se utiliza de ferramentas de BIM? O que muda quando se tem um modelo integrado? (ADDOR et. al ,2010) Em seguida, são oferecidas algumas ponderações a respeito das características peculiares ao processo BIM, cuja essência parece esta na integração das informações geradas ao longo do desenvolvimento do projeto: Em um processo que se utiliza de ferramentas BIM, as informações estão concentradas em um único modelo, todos os documentos possíveis são extraídos desse modelo e qualquer alteração no modelo estará refletida em todos os documentos, facilitando o processo de resgate e manipulação das informações, otimizando assim a tarefa de projetar. (ADDOR et. al ,2010) 31


Além disso, a questão da integração da informação não envolve somente a área de projetos. Para além da consistência interna ao projeto, temos que pensar na cadeia produtiva da construção civil como um todo. A relação de interdependência entre todos os participantes do setor é enorme e direta, começando no projeto, passando por planejamento, subcontratados de obra, obra, pós-ocupação e manutenção, conforme ilustrado na imagem abaixo: A imagem abaixo, reproduzida do artigo supra-citado, propõe um esquema em que são ilustradas as instâncias envolvidas no processo BIM:

Esquema da utilização da plataforma de BIM na cadeia produtiva da construção civil. Fonte:http://buildipedia.com/aecpros/design-news/the-daily-life-ofbuilding-information-modeling-bim

Além da integração das informações relacionadas ao projeto, como prosseguem os autores, o BIM permite a idealização de "modelos" do edifício que está sendo projetado: Outro aspecto importante na utilização da plataforma BIM é que seus modelos são uma construção, ainda que virtual, do objeto arquitetônico. Com essas construções, nos diversos estágios do projeto podemos quantificar, planejar, coordenar e recuperar informações a qualquer momento da vida do empreendimento, além de verificar interferências, testar alternativas de 32


projeto, ensaiar o comportamento do modelo sob ação de diversos agentes. (ADDOR et. al ,2010) Addor et. al. chamam a atencão para um aspecto central a ser considerado na adoção da plataforma BIM, qual seja, a prevenção de vários problemas no processo construtivo por causa de falhas na comunicação e compatibilização entre as diversas instâncias projetuais envolvidas Muitos dos problemas da construção civil ocorrem por falta de comunicação e integração entre pessoas e documentos. Atualmente, o controle das informações no desenvolvimento de projetos e obras é complexo: grande quantidade de dados gerados simultaneamente, vários usuários acessando essa base de dados diversas vezes ao mesmo tempo e de locais diferentes. Com os dados espalhados por diversos documentos, a chance de incidência de erro é enorme. (ADDOR et. al ,2010)

Imagem que ilustra o uso comum do CAD tradicional que tem sido, até agora, em manipular as representações gráficas de objetos digitais. Fonte: http://estudantesdearquitetura.com.br/wp-content/uploads/2013/10/Desenho-AutoCAD.jpg

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Com o propósito de ilustrar a rede intrincada de questões a ser resolvidas pelas equipes que trabalham em um projeto, e que precisam ser solucionadas e documentadas adequadamente, os autores se utilizam de um exemplo simples, mas muito ilustrativo: Tomemos uma parede simples como exemplo de objeto da construção. A construção dessa parede, no modelo tridimensional, é realizada pela especificação de alguns parâmetros: qual o seu formato? Comprimento? Altura? Largura? Onde está localizada no edifício? Que tipo de parede é? Do que é feita? Quais são seus acabamentos? A qual outra parede ela está conectada? Quais elementos estão vinculados a essa parede? Quando ela será instalada ou construída na obra? (ADDOR et. al ,2010) Se esses dados estão inseridos no modelo, poderemos extrair informações, como custo, número de paredes similares a essa no projeto, ambiente a que ela pertence, sua resistência, os materiais envolvidos em sua construção e suas quantidades etc. (ADDOR et. al ,2010)

Imagem retirada do artigo, que retrata um esquema da alimentação de um banco de dados e da extração de informações. Fonte: Gráfico elaborado por Miriam Addor, 2010.

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A partir deste exemplo os autores relembram uma condição básica de integração entre as diversas instâncias projetuais envolvidas nem um projeto - a interoperabilidade:

O processo BIM pressupõe o envolvimento de vários integrantes ao longo de todo o ciclo de vida da edificação. Sendo assim, interoperabilidade é um conceito importante, e é a condição básica para que os modelos conversem entre si, para podermos analisar, testar, simular testes no modelo tridimensional, verificar interfaces de operação e manutenção da edificação. (ADDOR et. al ,2010)

Em 1994, foi criada a International Alliance for Interoperability (IAI), que em 2005 se transformou em Building Smart. Esse é o grupo técnico responsável pelo desenvolvimento do IFC (Industry Foundation Classes). O IFC é um formato não proprietário de arquitetura aberta, uma linguagem comum, utilizada para a troca entre modelos de diversos fabricantes. No Brasil, o formato IFC está sendo padronizado pela ISSO sob a norma 16.739, a qual tem como objetivo geral estabelecer as condições básicas para evitar as perdas de informações típicas dos processos tradicionais, além criar condições para a aplicação e o desenvolvimento de tecnologias que permitam o aumento de produtividade e a melhoria da qualidade do setor, ampliando a participação do Brasil no mercado internacional, estabelecendo um relacionamento de troca com mais oportunidades de negócios. (ADDOR et. al ,2010)

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Imagem que ilustra a norma brasileira. Fonte: http://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=57992

Um dos aspectos que cabe frisar, é que o estabelecimento dos padrões apropriados não foi simples, e tomou bastante tempo, envolvendo vários grupos, para que fossem estabelecidos: O IAI/Building Smart levou 10 anos para estabelecer os padrões IFC, e o envolvimento da indústria foi fator primordial para seu sucesso. Atualmente, o Building Smart International possui 14 alianças regionais, também conhecidas como capítulos, cada uma representando um país ou conjunto de países, chegando hoje a mais de 20 países. Essas alianças regionais são formadas por membros que podem ser indivíduos (arquiteto, engenheiro, empreiteiro), fabricantes de produtos para a construção, fornecedor de software, órgão governamental, associações ou órgãos representantes de áreas técnicas, instituição científica, todos em torno do objetivo principal de definir, por meio do conhecimento coletivo, uma linguagem comum (IFC) para melhorar a interoperabilidade na indústria da construção civil. (ADDOR et. al ,2010) 36


Imagem do Esquema do fluxo de informações em um processo de trabalho considerando-se o IFC como viabilizador da interoperabilidade das informações. Fonte: http://www.wbdg.org/pdfs/NBIMSv1_p1.pdf

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Por fim, os autores situam o Brasi no contexto do emprego da plataforma BIM: No Brasil, estamos somente iniciando a implantação do BIM, saindo de um processo de trabalho voltado para a geometria do edifício e caminhando para um processo orientado à modelagem da informação do objeto (objetos paramétricos), Note-se que: “modelagem baseada em objetos paramétricos [...] não representa objetos com propriedades geométricas fixas. Pelo contrário, ela representa objetos por parâmetros e regras que determinam a sua geometria, assim como algumas propriedades não geométricas e outras características. Os parâmetros e as regras permitem que os objetos atualizem-se automaticamente, de acordo com o controle do usuário ou mudanças de contextos” (EASTMAN et al., 2008). 3 Por isso, quando falarmos de BIM, no cenário brasileiro, estaremos referindonos muito mais ao “Information” do que ao “Building” ou ao “Modeling”. (ADDOR et. al ,2010) Embora reconheçam que ainda falta muito para que o Brasil alcance os padrões de utilização empregados no exterior, os autores buscam identificar os avanços que já foram realizados: Mesmo se tratando de uma tecnologia em implantação não podemos desqualificá-la, pois o cenário brasileiro referente a novas tecnologias de projeto está em mudança. Os arquitetos e escritórios nacionais estão aptos a implantar o BIM como modelo de produção projetual, interessados no seu alto grau de desempenho e suas facilidades, uma vez que o Brasil está se preparando e se desenvolvendo para que essa mudança de processo aconteça. Tal mudança está relativamente atrasada, se comparada a outros países, como 3

Atualmente professor e diretor do laboratório de construção digital da faculdade de Georgia Tech, Estados Unidos, Charles Eastman é especialista nas áreas de Building Information Modeling (BIM) sólidos e modelagem paramétrica, bases de dados de engenharia e modelos de produtos e interoperabilidade. Ele também é um pesquisador ativo na cognição projeto e da ciência cognitiva. Seu livro BIM Handbook, em parceria com outros grandes nomes como o Rafael Sacks, é considerado uma importante fonte de dados sobre o assunto BIM.

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por exemplo, os Estados Unidos da América, onde a maior empresa de construção, que é do governo americano, passou a exigir contratualmente um padrão aberto para troca de informações, ou seja, o BIM. (ADDOR et. al ,2010) Na verdade, ainda há uma grande lacuna a ser superada nos modos com que o projeto é desnevolvido no Brasil. Como os autores descrevem: Ainda hoje, no Brasil, nos empreendimentos da área de incorporação imobiliária, encontramos o sistema de coordenação de empreendimentos ou programas voltados para a contratação de vários modelos bidimensionais, sendo eles das mais variadas especialidades: arquitetura, estrutura, hidráulica, elétrica, ar condicionado, paisagismo, interiores, luminotécnica e muitos outros projetos complementares, todos desenvolvidos individualmente, sob a gestão de um profissional. Os projetos são entregues ao contratante, sendo analisados sempre com base e desenhos 2D. Assim sendo, nessa forma de trabalho que ainda é predominante, os documentos são independentes entre si e, se houver alteração numa planta, num corte ou fachada, é de responsabilidade do operador alterar a informação em todos os documentos intervenientes. (ADDOR et. al ,2010) Interessa registrar o cenário projetado pelos autores, uma vez superadas essas lacunas: Quando o BIM for uma realidade dentro do ambiente AEC (arquitetura, engenharia e construção), ao longo de toda a cadeia, os atuais índices de erros deverão cair vertiginosamente. Dentro desse novo panorama de trabalho, estamos trabalhando com uma mudança de processo, o que naturalmente gera mudança de paradigma. Os profissionais, arquitetos, engenheiros de instalações, de cálculo, precisam estar envolvidos com essa nova necessidade e inteirados da mudança. Com certeza, a mudança nos softwares e hardwares é necessária, uma vez que estaremos implantando novos sistemas de projetação. (ADDOR et. al ,2010)

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O treinamento para adequar às equipes a esse desafio é imprescindível, sem ele não se trabalha com as novas ferramentas CAD-BIM, as quais são especializadas para projetos de arquitetura, engenharia e construção, como o Revit, Archicad, Vectoworks e Bentley, ilustrados abaixo:

Imagem Ilustrando o software: Revit (Fonte : Arquivo pessoal)

Imagem Ilustrando o software: Vectorworks (Fonte : Arquivo pessoal)

Imagem Ilustrando o software: Archicad (Fonte : Arquivo pessoal)

Imagem Ilustrando o software: Bentley (Fonte : Arquivo pessoal)

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A título de síntese deste capítulo, reproduzimos abaixo as considerações conclusivas dos autores, que situam o panorama paulista e brasileiro, lembrando que a escala das iniciativas atuais ainda é tímida, e que o volume de trabalho para que se chegue ao pleno emprego da plataforma BIM no desenvolvimento do projeto arquitetônico é considerável: A interação de toda a cadeia produtiva AEC é fundamental para o sucesso da implantação do sistema, envolvendo desde os projetistas, passando por incorporadoras e construtoras, poder público, setor de obras/construção, setor de vendas, indústria e facilities, uma vez que o processo permeia todos os setores e pressupõe essa integração. (ADDOR et. al ,2010) As associações de projetos em São Paulo e no Brasil vêm se reunindo para analisar e discutir essa nova plataforma de trabalho, estudando “cases” com empresas do setor e com as indústrias de materiais de construção, envolvendo até mesmo a participação de universidades, como a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Presbiteriana Mackenzie e a Universidade São Judas Tadeu (USJT), as quais têm que ocorrer um incentivo maior na área tecnológica, seja por meio de pesquisas, experimentações, práticas, possibilitando um entendimento do software seja por meio da tecnologia retratada, uma “forma” de treinamento dos futuros profissionais. (ADDOR et. al ,2010) Essas iniciativas, porém, apesar do grande mérito, ainda são muito pequenas diante dos desafios que teremos de vencer. Além daqueles já apontados, de treinamento dos profissionais e das empresas que envolvem toda a cadeia da construção civil, dos investimentos em hardwares e softwares, ainda teremos a necessidade de melhorias nas questões de interoperabilidade dos softwares e maior envolvimento das indústrias dos insumos da construção civil, que devem participar ativamente não só dos processos de implantação, como também da interoperabilidade de seus produtos, e ainda preparar e fornecer seus modelos em 3D. (ADDOR et. al ,2010) 41


Em resumo, à luz dos modelos paradigmáticos propostos por Rivka Oxman, nos encontramos ainda na primeira etapa de transição para a era digital, a qual é caracterizada pela adoção de sistemas CAD em substituição aos processos tradicionais de produção em arquitetura, a implantação do conceito BIM. Uma transição complexa, visto que não depende apenas da ação isolada de cada escritório, mas de um acordo geral que traga sinergia a toda a cadeia produtiva da construção civil. Teremos uma longa batalha a vencer, mas com certeza seus frutos trarão grande progresso para todos envolvidos, e por que não pensar na possibilidade de produzir uma arquitetura com um novo conjunto de tecnologias? (ADDOR et. al ,2010)

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2.2 uma perspectiva dos escrit贸rios 2. brasileiros SOBRE O BIM 1 43


As entrevistas, artigos, matérias aqui citados estão disponíveis no meu blog: (http://meutfg.wordpress.com/bibliografia-comentada-na-monografia/) Como comentado no capítulo anterior, o sistema BIM está ganhando destaque nos escritórios de arquitetura brasileiros, promovendo uma série de mudanças no processo de concepção, pois estamos saindo do modelo convencional CAD, representado em 2D, e partindo para um sistema em que as ferramentas CAD-BIM (softwares) permitem a representação digital 3D. Na entrevista4 que realizei com Rita Cristina Ferreira, sócia e Diretora da DWG Arquitetura e Sistemas, um escritório que trabalha com o sistema BIM, ela ressalta tópicos relevantes sobre o processo de implantação do BIM no cenário nacional e comenta que algumas empresas estão iniciando o processo de implantação, mas o problema maior são os donos das empresas, que não conseguem interagir com essas tecnologias, nem com os arquitetos, o que gera uma grande barreira no processo de projeto. Outra questão interessante foi levantada em relações aos custos. Ferreira explica que o software do BIM necessita de uma licença parecida com o CAD, o que altera o custo em U$ 500. O equipamento para rodar o software do sistema BIM, ferramenta CAD-BIM, tem o valor mais elevado que o equipamento para rodar o programa Auto CAD, porém esse não é o maior custo. O maior custo está relacionado às pessoas, isto é, à mão de obra: o treinamento do funcionário leva de 2 a 4 anos para se trabalhar com o BIM, portanto, o valor gasto será o do salário desse funcionário durante o período de tempo citado. Levando-se em conta esse valor e ainda o risco de que profissional possa sair da empresa antes de terminar o treinamento, a máquina e o software acabam se tornando os investimentos mais baratos. Quando Ferreira se refere a perspectivas futuras, afirma que as empresas vão sim usar o BIM, e que a linguagem da arquitetura, com auxílio de novos softwares e novas tecnologias, também irá mudar. Por se tratar de um escritório em que já trabalhei, posso afirmar que a DWG Arquitetura e Sistemas é um estudo de caso de escritórios brasileiros que utilizam a plataforma BIM de uma maneira muito produtiva e eficaz. Ressaltando a característica da interação da equipe, se qualquer um tivesse uma dúvida, o escritório se empenhava em responder, fosse sobre software, procedimentos, rotinas ou

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A entrevista está disponível na íntegra no final deste capítulo.

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outros conceitos. Existe um investimento muito grande em relação à informação, o que gera um treinamento muito consistente. Meu aprendizado durante esse período foi muito rico. Chamou-me a atenção uma matéria publicada no site da revista AU, Arquitetura e Urbanismo, na qual Eduardo Sampaio Nardelli e Charles de Castro Vincent, ambos os professores da FAU-Mackenzie, relatam uma pesquisa que revela como escritórios de arquitetura brasileiros utilizam softwares. Contando com o apoio do Fundo Mackpesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie, do Sinaenco, da AsBEA e do IAB, eles conseguiram fazer um levantamento interessante da realidade de 104 escritórios que atuam na cidade de São Paulo. A pesquisa indicou uma situação paradoxal: de um lado, os profissionais que efetivamente atuam no mercado estão bastante atualizados em termos de hardware e software, mas por outro lado, fazem um uso bastante conservador e ortodoxo dos recursos de que dispõem, praticamente limitando-se a utilizar a tecnologia digital para a otimização de sua produção e pela automatização de processos. Verificamos, por exemplo, que os escritórios de arquitetura paulistanos utilizam recursos de tecnologia digital praticamente em todos os passos do processo de produção dos projetos, sendo majoritariamente na produção do Projeto Básico (97,1%), Estudo Preliminar, Anteprojeto e Projeto Executivo (95,6%), seguidos pela elaboração dos Memoriais, Planilhas (89,7%) e Projetos Legais (86,8%). Com menos intensidade, na Concepção do Produto (73,5%) e nos Estudos de Viabilidade (67,6%). Informação que se confirma quando cruzada com a resposta à questão sobre os recursos utilizados na concepção do partido, em que 89,7% indicaram que ela acontece com o uso de croquis. (NARDELLI e VINCENT, 2009) Na etapa de Concepção do produto, o AutoCAD impõe-se com 52,94% das indicações, bem acima dos 36,76% do conjunto Sketch Up livre e Pro, demonstrando que essa etapa obedece, majoritariamente, a certa rigidez geométrica, muito mais característica do AutoCAD do que do Sketch Up. É interessante observar também que nesta etapa o Photoshop (20,59%) e o 3DStudio MAX crescem em importância (14,70%), alternando-se com o Excel (10,29%), demonstrando que a produção de desenhos, ilustrações e imagens é 45


mais relevante aqui do que a produção de dados quantitativos. (NARDELLI e VINCENT, 2009) Segundo os trechos acima, retirados da entrevista com os professores, conclui-se que os dados revelados pela pesquisa configuram um cenário de considerável atualidade dos escritórios de arquitetura paulistanos em relação aos recursos de tecnologia digital aplicada à concepção e desenvolvimento de projetos arquitetônicos disponíveis no mercado, e que são as pequenas empresas que se mostram bem equipadas em relação aos recursos oferecidos pela tecnologia digital, apresentando um bom nível de desempenho com uma produção considerável. É constante a relação que os autores estabelecem com Rivka Oxman nas argumentações da entrevista, o que reforça a relevância do emprego de Rivka Oxman como referencial teórico desta pesquisa, pois estamos utilizando a mesma referência e os mesmos conceitos, como podemos observar no trecho retirado da entrevista, abaixo: Pode-se dizer, portanto, que os dados revelados pela pesquisa indicam que a amostra pesquisada, majoritariamente, encontra-se ainda muito distante do estado da arte da tecnologia digital, nos termos propostos por Oxman (2006), pelos seus modelos paradigmáticos já explicitados em nosso artigo anterior, ou seja: Composição: conceito estabelecido a partir da teoria emergente de projeto que transformou o conceito de forma em conceito de composição associado à topologia (que explora conceitos formais topológicos e a geometria não Euclidiana), parametrização e animação (transformações morfológicas e de outra natureza, que se multiplicam descontinuamente num contínuo dinâmico); Geração: caracterizado pela provisão de mecanismos computacionais por processos gerativos, onde as formas se definem a partir de fórmulas gerativas pré-definidas. Podendo aqui ser dividido em dois subgrupos: shape grammar (gramática formal) e modelos evolutivos;

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Performance: determinado pelo desempenho e potencialidade integrados com processos de composição e de geração a partir de determinantes externas, como questões ambientais, características do sítio, programa etc. (NARDELLI e VINCENT, 2009)

Isso talvez explique por que, mesmo estando adequadamente equipados, os escritórios de arquitetura paulistanos continuam produzindo uma arquitetura de excelente qualidade técnica, mas quase sempre apegada a paradigmas racionalistas da era da máquina - quando não simplesmente embalada por aberrações mercadológicas, como o neoclássico. A pesquisa5, no entanto, identificou alguns indícios de experimentação e de utilização de recursos mais avançados. Indícios que merecem uma investigação mais focada e detalhada, em que tais experiências sejam dissecadas e compreendidas no âmbito dos paradigmas da primeira era digital, que foram debatidos durante a realização do SiGraDi (Sociedad Iberoamericana de Gráfica Digital) em 2009, durante os dias 6 a 18 de novembro no Mackenzie, em São Paulo. Vale destacar a entrevista do professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mackenzie e presidente da Asbea (Associação Brasileira de escritórios de Arquitetura), Eduardo Nardelli, em uma entrevista dada à revista Finesta (Edição 79, Abril de 2013), onde podemos observar uma tentativa de facilitar a implantação do BIM e de novas tecnologias digitais no cenário nacional. Por meio do incentivo da internacionalização da arquitetura brasileira, tanto na exportação de arquitetos, a fim de promover a arquitetura brasileira no exterior e exportar nossos serviços, quanto na importação de arquitetos e escritórios estrangeiros, facilitados pelo momento mundial dos eventos esportivos que irão acontecer no país e pela necessidade de construção de obras de infraestrutura, estádios e hotelaria, levantando em conta a questão da concorrência, onde os escritórios como o Foster + Partners e o de Zaha Hadid, disputariam com a nossa produção.

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Intitulada de: “O Estado da Arte das Tecnologias da Informação e Comunicação – TICs – e a realidade contemporânea da prática de projeto nos escritórios de Arquitetura paulistanos” (Eduardo Nardelli, Charles Vincent, Anne Almeida, Juliana Oliveira; 2009)

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Em termos de criatividade e talento, não devemos nada aos escritórios estrangeiros. O gargalo ainda é o domínio da tecnologia. Infelizmente, atravessamos um longo período no Brasil desconhecendo os avanços tecnológicos que aconteciam lá fora. Temos que competir em desigualdade de condições nesse sentido. E falamos de softwares, mas também de tecnologias que mudaram não apenas a maneira de pensar, como também de fazer arquitetura (NARDELLI, 2013) Na citação de Nardelli, a ausência do Brasil na era digital fica clara: não participamos dessa mudança na computação gráfica e tecnológica. Os motivos apresentado por ele são a nossa mão de obra barata e o fato de usamos as tecnologias tradicionais (AutoCad). Quando perguntado sobre a possibilidade da arquitetura brasileira acessar o mercado internacional, sem ter os domínios dessas ferramentas paradigmáticas do design digital, ele responde que:

Há alguns ‘loucos’ no Brasil que tentam fazer isso. São os mais arrojados, e serão eles que terão mais acesso ao mercado externo e até mesmo ao interno, já que cada vez mais os clientes daqui vão exigir o uso dessas tecnologias. Temos de superar alguns desafios. Por experiência própria, acredito que a mudança cultural é muito mais lenta que a mudança tecnológica. (NARDELLI, 2013) A opinião sobre a vinda de escritórios estrangeiros é bem vista por Nardelli, pois eles podem promover o mesmo tipo de impacto cultural que tivemos no começo do século passado, quando se revolucionou a arquitetura brasileira. Ele defende também uma síntese de novas ideias, incorporando a essas tecnologias uma visão brasileira do fazer arquitetura. A intenção deste capítulo foi de conceituar o processo de implantação do BIM no cenário nacional, por meio de entrevistas de profissionais da área, destacando a situação em que nos encontramos, como por exemplo, em relação à capacitação dos nossos arquitetos, ao uso dos softwares e da compreensão das ferramentas digitais, e também na apresentação de uma tentativa de internacionalização da arquitetura, a qual reflete em uma facilitação para a implantação do BIM.

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Entrevista realizada em 12 de abril de 2013 com Rita Cristina Ferreira - sócia e Diretora da DWG Arquitetura e Sistemas. O texto a seguir é a transcrição do áudio dessa entrevista.) - Para melhor entendimento, FR = Fernando Romano, RC = Rita Cristina, BIM (Building Information Modeling) FR: Como era projetar antes do sistema BIM? E como está hoje esse novo processo? RC: A estrutura de projeto baseado na prancheta não mudou muito com o (uso do) computador. A estrutura, antigamente, era você tinha o projetista, que idealizava o projeto. Tinha um projetista desenhista, que normalmente coordenava os outros desenhistas. Existia também um copista. Os desenhistas mais experientes faziam o desenho à mão. Aí, o desenhista projetista refinava isso, para detalhar melhor. Então passava pra um (outro) desenhista fazer o desenho direito e (já) corrigido na prancheta, e depois, sim, ia para o copista, que só copiava. Ele era uma plotadora. A diferença de quando veio o computador, (é que) sumiram os copistas. Com o BIM, estão sumindo os desenhistas. Está ficando apenas o projetista acabando o desenho, pois o próprio desenho já sai automaticamente. Aí, junto sai um monte de outras coisas. Antes tinha alguém para levantar medidas, levantar áreas, quantidades, que não são do processo do desenho, do projeto. São apenas acessórios. É isso que muda. O primeiro passo então, com a chegada do computador, é que sumiu o copista, a plotter e, agora está sumindo também o desenhista. Ele não existe mais. E o que você fez dentro da Arco (Assessoria em Racionalização Construtiva) foi o papel de desenhista. Isso reduz muito o desempenho do projeto. Ainda existe uma parte de representação gráfica, que fica próxima ao desenhista e tem que fazer as cotas e ajustar a visualização. É outro procedimento, é isso que muda, reduz o trabalho operacional. Se você comparar um antigo escritório de arquitetura, existiam 10 desenhistas, de 3 a 4 desenhistas projetistas e um arquiteto, pois tinham muitos desenhos a serem feitos. Hoje quem faz é o computador, quando se projeta, já sai o desenho pronto. É diferente de quando você projetava à mão, não estava saindo o desenho, a organização muda. E o que muda também é que, como hoje tem menos níveis, a conversa fica mais rápida, a comunicação fica mais intensa. A pessoa ficava horas desenhando e hoje é tudo mais rápido.

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FR: Compartilhar o modelo BIM, trabalhar com várias equipes em um único projeto, gera um resultado bom? RC: Aqui na DWG, todos trabalham simultaneamente. Foi preciso mudar as máquinas por causa da configuração e assim conseguirmos trabalhar juntos no mesmo projeto. FR: O que você acha que precisa ser feito para a implantação do BIM no Brasil, em São Paulo? Você acha que precisa de um investimento? Divulgação nas faculdades? RC: Já temos algumas empresas iniciando, mas o problema maior são os donos das empresas de projeto não interagirem com essas tecnologias. O arquiteto tradicional consegue interagir com o desenho, mas os donos não interagem com o pessoal que mexe no computador. Assim, cria-se uma barreira muito grande na forma de se projetar. FR: Você acredita que todo escritório de Arquitetura vai usar o BIM? Você acha que isso já está acontecendo? Principalmente, em relação a investimento, curso e também na tecnologia, que envolve novas máquinas e maiores custos? RC: O BIM necessita de uma licença parecida com o CAD (Computer Aided Design). O que muda no custo é U$ 500. Na verdade, o equipamento para rodar o programa Auto CAD é inferior do que um computador para o sistema BIM. Porém, esse não é o maior investimento. O maior custo são (em relação à) às pessoas, à mão de obra. O investimento e treinamento (do funcionário) levam de 2 a 4 anos, para se trabalhar com o BIM. E então, você “pega” o salário dessa pessoa, e multiplica por 2 a 4 anos e corre o risco do profissional sair da empresa. De maneira que, a máquina e o software acabam se tornando o investimento mais barato. Ou seja, se a mudança não for feita profundamente na empresa, eu contrato uma pessoa que trabalha com o BIM, mas, se os donos não souberem mexer com isso, a pessoa vai embora e o investimento acaba. FR: Você acredita que um escritório que utilize o BIM, como o da DWG, precisa de um layout especial? RC: Sim, precisa de um layout diferenciado. Já para o uso do computador, exigiriam mais algumas outras coisas. No caso do BIM, exige dois grandes monitores. A organização muda. Você não tem a impressão.

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FR: Partindo para o meu Projeto de Final de Graduação, estou em dúvida se, realmente, seria interessante aplicar o BIM no conjunto de escritório que eu estou desenvolvendo. Escritórios de engenharia e arquitetura, salas técnicos e auditórios, palestras, para tentarmos implantar o BIM, como um centro de referência? RC: O que você precisa é fazer um programa, sem pensar em vários escritórios, e sim várias disciplinas em um espaço para o desenvolvimento do projeto, usando essas tecnologias. Observar como as pessoas trabalham, colocar dois monitores grandes para cada funcionário, mesas “em L”, criar um layout com organização. Isso muda totalmente. FR: Você acredita que a DWG tem um aparato tecnológico que precise de uma área TI? RC: Sim, necessita, porém, esse trabalho pode ser terceirizado. Ou então, uma pessoa contratada internamente para dar suporte à equipe, e ficando o custo (desta maneira) mais barato. Porque todo dia surgem problemas. Outra coisa que é importante é a instalação de um retroprojetor em uma sala de reunião, quando se usam essas tecnologias. Assim, você não precisa abrir planta (impressa) e, sim, abri-la no computador. Muitas vezes, eu levo o meu projetor, pois muitas empresas não possuem um. Eles não imaginam que, sem o computador e o retroprojetor, não tem como abrir o projeto desenvolvido em BIM. FR: Como você acredita que a arquitetura se comporta com a atualidade? Como ela se reflete nos programas, nessa nova maneira de se projetar com o BIM? As empresas vão utilizar o BIM? A arquitetura vai mudar por causa disso? RC: As empresas vão, sim, usar o BIM. FR: Você acha que a linguagem vai mudar com os tablets ou projetos mais tecnológicos, com auxílios desses softwares? RC: Sim, com, certeza vai mudar. FR: Você acredita que eu fazendo um trabalho que conceitua o BIM, sem ter o domínio completo sobre o Revit (Revit Architecture), é válido ou não?

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RC: Você teria que entender uma dinâmica de projetar com essas tecnologias. Tem muito desenho quando você faz no CAD ou na prancheta. No Revit, você tem menos desenhos. É preciso saber utilizar essas novas tecnologias e tentar aplicá-las no seu projeto. Para desenvolver meus projetos, na minha empresa, eu precisaria de uma equipe de vinte pessoas no mínimo, mas possuo cinco. Mas todos têm que se transformar em projetista, porque desenho é o de menos.

Imagem cedida por: Rita Cristina Ferreira.

“Graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (1990). Mestrado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da USP (2007). Sócia e Diretora da DWG Arquitetura e Sistemas desde 1994. Tem experiência na área de Construção de Edifícios, com ênfase em Tecnologia da Informação aplicada a projeto e construção, Coordenação Técnica de Projetos para construção, desenvolvimento de Projetos de Produção, Gestão de Projetos de inovação, atuando principalmente com as seguintes abordagens e ferramentas: análise de compatibilidade, uso do CAD 3D, Modelagem da Informação na Construção (BIM), UML (UnifiedModellingLanguage) e RUP (RationalUnifiedProcess).”

Link do Currículo Lattes: (http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=K4120642D7)

Link do site do escritório DWG: (http://www.dwg.arq.br/spi/site/home.html) Fonte:

http://meutfg.wordpress.com/bibliografia-comentada-na-monografia/

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3 silk pavilion, estudo de caso PERSPECTIVAS FUTURAS

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Todo material aqui citado está disponível no meu blog: (http://meutfg.wordpress.com/bibliografiacomentada-na-monografia/) Acredito que, para um melhor entendimento deste capítulo, assistir a um vídeo sobre o Silk Pavilion (Pavilhão de seda), no início, seja mais esclarecedor para as análises e relações que irei realizar.

Vídeo do Silk Pavilion por MIT Media Lab Link: http://vimeo.com/67177328

O Pavilhão de Seda explora as estratégias digitais de detecção de formas, cujas fabricações são inspiradas na biologia. Baseado nas matérias publicadas no site archdaily e destacando o site do MIT Media Lab, referente à pesquisa do pavilhão de seda, onde podemos encontrar todo o material referente ao processo, farei uma breve análise sobre o Pavilhão. Inspirado pelo modo como o bicho-da-seda tece um casulo a partir de um único fio, o Pavilhão foi criado usando uma base de fios de seda, estabelecido por uma máquina CNC (Computador Controlado Numericamente), envolvendo uma estrutura de aço, a estrutura primária, criada por 26 painéis poligonais, além de 6.500 bichos da seda vivos que foram soltos sobre a mesma, implementados como uma impressora “biológica” na criação de uma estrutura secundária.

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O vídeo relata a investigação meticulosa da forma como os bichos da seda interagem com seu meio, desde testes de diferentes espaços 3D sob diferentes circunstâncias ambientais até o uso de um equipamento minúsculo de controle de movimento para examinar o processo de construção do casulo. Essas descobertas determinaram a densidade do fio que serviu de base para os bichos, tecidos pelas máquinas CNC. A seguir, algumas imagens ilustrando a concepção, execução e o resultado final: (Todas as imagens foram retiradas do site: http://matter.media.mit.edu/environments/details/silk-pavillion )

Concepção:

Modelo Digital.

Experimento com equipamento de controle de movimento para examinar o processo de construção do casulo. 55


Análise através de testes de diferentes espaços 3D com variações de ambientes.

Experimentos para examinar a relação dos bichos-da-seda com variações na superfície. 56


Processo:

Fios de seda tecidos pelas máquinas CNC.

26 painéis poligonais de aço.

Conexão do vértice da estrutura de aço.

Bichos-da-seda.

Bichos-da-seda começando a tecer.

Bichos de seda na estrutura. 57


Resultado Final:

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Segundo a descrição presente no próprio site Archdaily: Através de uma combinação do design cuidadoso da estrutura primária e da preferência instintiva dos bichos por áreas escuras da superfície do pavilhão, sua pele mosqueada é um meio termo entre uma versão em escala do casulo do bicho-da-seda e um espaço funcional para o ser humano.

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Entre os aspectos mais fascinantes do Pavilhão de Seda está a maneira com a qual essa pesquisa conecta os pontos entre o mundo da informação tecnológica e o da biologia. Segundo Sara Eloy e André Cruz (“Será o digital um erro na Arquitetura”, 2012), em paralelo à exploração atual de padrões e formas complexas, tem havido um crescente interesse na investigação sobre a otimização de materiais e processos de construção. Essas linhas de investigação se baseiam frequentemente nos conceitos de biomimetismo, morfogênese e emergência, apoiados na exploração de sistemas generativos, classificados nos modelos paradigmáticos de design digitais por Rivka Oxman como modelos biológicos de evolução. A complexidade das formas naturais surgiu como resposta à utilização de sistemas generativos computacionais. Apesar de ainda se encontrar numa fase de plena experimentação, a aplicação das lógicas da natureza à construção pretende que esta responda de modo flexível e eficiente às variações de exigências. A natureza, sustentável por definição, produz soluções duradoras de máximo desempenho com o mínimo de recursos (Neri Oxman, 2010). Essa capacidade de plena integração e precisão das estruturas naturais permite-lhe adaptar-se às restrições do meio exterior. O trabalho de Neri Oxman no MIT Media Lab tem sido pioneiro na área da investigação em geração computacional da forma com inspiração na natureza, que procura inverter a ordem tradicional do processo de projeto, colocando a materialidade como o motor generativo, ao invés da forma. O Pavilhão de seda pode ser considerado como um exemplo de Design Digital e o pensamento digital (design thinking), que é um meio complexo de interpretar ou executar um projeto, pois envolve tecnologia especificas, como o domínio de softwares, e existe uma necessidade de interação entre o Designer e o meio digital que esta sendo utilizado, está explícito no vídeo, onde o bicho-da-seda serve de inspiração para o projeto digital, no qual se observa a relação da tecnologia com o designer. Nas palavras de Rivka Oxman: “O pensamento de design digital é mais do que simplesmente um conjunto de preferências formais, ou o abandono das abordagens tradicionais para o conhecimento formal e tipológico ele explora novas formas e relações entre o designer, imagem e informação”.

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Como a mídia digital se tornou mais complexa e mais exigente no que diz respeito ao conhecimento de vários tipos de softwares, conhecimento de linguagens de script e a manipulação e manutenção de modelos de dados complexos, uma nova geração de especialistas em Design Digital está emergindo, particularmente no caso dos sistemas paramétricos, que exigem conhecimento especializado a fim de operá-los e mantê-los. O pensamento do designer como ferramenteiro digital reflete tanto o potencial de personalização de mídia digital quanto faz a necessidade de conhecimento especializado necessário para operar esses meios de comunicação. Assim, atualmente a idéia de uma classe de "digerati", os “literatos digitais”, ou como projetistas de sistemas digitais avançados parece ser uma descrição precisa da situação contemporânea. A partir do estudo digital das relações do bicho-da-seda ao tecer seus casulos, foi realizado um projeto de um pavilhão por meio de computadores e softwares, reproduzido em escala real, ou seja, transformando o digital em algo concreto, por meio da tecnologia, constando-se as definições paradigmáticas de design digital formuladas por Rivka Oxman, como a inovação imagética (mídias alternativas, como os vídeos), a qual é reconhecida por práticas de projetos experimentais e tem sido uma força motriz na promulgação de uma cultura digital. No Pavilhão de Seda, o "choque do novo” não está simplesmente na descoberta de novos vocabulários formais, mas no estabelecimento de novas abordagens para o design, sendo esse o motivo para retratálo na imagem da capa do meu trabalho. Segundo o site Archdaily: “Apesar de soar como ostentação comum de arquitetura, é pouco provável encontrar alguma outra combinação de pesquisa científica, design digital e construção biomimética que seja um exemplo melhor do que o Pavilhão de Seda”. Como já citado várias vezes ao longo da minha monografia, o trabalho de Neri Oxman teve um papel fundamental, assim como o de sua mãe Rivka Oxman, em minha pesquisa, pois além de ser a diretora do Grupo de Pesquisas que idealizou e realizou o Silk Pavilion (Mediated Matter research group), tem dedicado sua carreira a explorar como as tecnologias de fabricação de design digital podem mediar entre a matéria e o ambiente para transformar radicalmente a nossa forma de projetar e de construção do nosso mundo. 61


Vídeo de uma entrevista que apresenta Neri Oxman como designer, arquiteta, artista... Link: http://www.youtube.com/watch?v=dKTOP6QLrEs Suas pesquisas, projetos, exposições são o exemplo de uma relação de proximidade com a Era Digital. Quando me refiro a uma “Era Digital”, estou incluindo os novos conjuntos de tecnologias e meios de comunicação únicos de design, que estão transformando as nossas definições tradicionais, os conceitos do design, se tornando base do meu processo de pesquisa. Cito um deles, no qual Neri está testando um novo tipo de processo de construção com a impressão 3D, onde a densidade varia de acordo com a carga para criar estruturas mais fortes e eficientes e eficientes.

Vídeo Ilustrando a pesquisa de construção com impressão 3D. Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=0nFyuxGEhzY 62


A fabricação digital veio abrir novas possibilidades no processo que vai da concepção à fabricação, reduzindo as limitações de geometria e permitindo o fabrico de elementos customizados sem acréscimo de mão de obra e tempo. Muito mais do que produzir maquetes, a escala, a fabricação digital e as ferramentas que lhe estão associadas permitem produzir modelos em escala natural e com isso orientar o seu uso para métodos de produção pós-industrial que se manifestam como uma mudança do anterior paradigma da produção em massa repetitiva. As tecnologias de fabricação digital utilizadas passam por diversos processos e máquinas, desde as subtrativas (aquelas que cortam e subtraem o material, como as fresadoras ou as cortadoras laser), às aditivas (que fabricam através do depósito de material, como as impressoras 3D) e às formativas (que deformam o material dando-lhe assim novas formas).

Imagem fazendo referência a uma citação de Neri Oxman Fonte: http://www.ilikearchitecture.net/ 63


O MIT Media Lab é um centro de Pesquisas, que pertence ao MIT (Massachusetts Institute of Technology). Projetado para acomodar diversos projetos possíveis, é altamente adaptável e flexível, destacando-se como um exemplo de espaço arquitetônico onde os profissionais criam tecnologias diversas, distribuídos em 25 grupos de pesquisas e mais de 350 projetos, nos quais encontramos os dois citados anteriormente, Silk Pavilion e Impressão 3D, utilizados como referência para o meu projeto, que vou retratar no capitulo seguinte.

Vídeo ilustrando e apresentando o Mit Media Lab. Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=gUB_BHvvvTk

Na página oficial da MIT Media Lab, lemos: ”O MIT Media Lab tem o compromisso de olhar para além do óbvio para as perguntas ainda não perguntas cujas respostas poderiam melhorar radicalmente a forma como as pessoas vivem, aprendem, expressam-se, trabalham e jogam”.

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MIT Media Lab, Cambridge (Estados Unidos), por Fumihiko Maki Architecture. Fonte: http://www.maki-and-associates.co.jp/details/index_pic.html?pcd=92

No cenário brasileiro, não possuímos essa relação tão próxima com a Era Digital, pois ainda estamos na base dos modelos paradigmáticos de design digital, mais precisamente na transição do Modelo CAD tradicional para o Modelo CAD descritivo, citados por Oxman. A minha intenção com esse capítulo foi descrever um caso exemplar de exploração avançada dos recursos digitais no processo de projeto. Tudo isso serve de exemplo e referência para futuras perspectivas da primeira Era Digital, e, em suas devidas proporções, serve como tema de reflexão para profissionais brasileiros.

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4 apresentação projetual

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Todo material citado está disponível no meu blog: (http://www.meutfg.wordpress.com/o-projeto/) O processo de MEU projeto foi bem gratificante e, ao mesmo tempo, corrido, pois foram apresentados dois projetos: um no primeiro semestre (Fevereiro - Junho 2013) e outro no segundo semestre (Agosto – Novembro 2013), os quais chamarei Projeto 1 e Projeto 2, respectivamente. Meu orientador foi o Pedro Paulo Saraiva, a quem admiro muito por seu trabalho. Durante os atendimentos, mesmo ciente do fato de que estava fazendo alterações que envolviam o projeto inteiro, teve sempre um ponto de vista bem direcionado e compreensivo. A mudança radical do projeto se deu pelo fato de eu estar contente com o resultado alcançado. Para simplificarmos, vou retratar aqui o meu Projeto 2, que foi apresentado e bem recebido na Banca Final de Projeto, onde estavam presentes meu orientador e Guilherme Motta, como professor convidado. A conceituação de meu projeto é a seguinte: novas tecnologias estão em constante desenvolvimento e se estabelecendo diretamente na vida das pessoas, gerando uma mudança no processo de trabalho e no comportamento dos profissionais, os quais, para desfrutarem da mesma, precisam estar inteirados com as mudanças estabelecidas. De acordo com Rivka Oxman, minha principal referência bibliografia teórica, o conhecimento produzido pelo “projeto digital” constitui, entre outros aspectos, um novo conjunto de conceituações, incluindo novas idéias relacionadas ao significado de forma e a natureza do conhecimento funcional e formal. Há então necessidade de novos moldes de reflexão, que abordem o projeto digital, considerando modos de incorporação dessa nova base de conhecimento, por isso projetei um Centro de Pesquisas e Treinamento, que estará ligado à tecnologia, além de oferecer cursos, palestras, simpósios, para o entendimento e disseminação dessas novas ferramentas de trabalho e, junto com ele, um edifício de escritórios que compartilhará dessas novas tecnologias, visando um ambiente de trabalho que se adapte e usufrua dos novos avanços e mudem a postura dos profissionais, por meio de atividades colaborativas, que visem à multidisciplinaridade e não à fragmentação.

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Croqui esquemático, retratando o entorno, a implantação e o fluxo de pedestres (linha azul).

Croqui esquemático, retratando o entorno, a implantação e o fluxo de pedestres (linha azul). 68


Perspectiva Geral 1.

Perspectiva Geral 2.

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Imagem vista da Av. Domingo de Moraes.

Imagem vista da Rua Afonso Celso. 70


Imagem vista da Rua Afonso Celso.

Imagem noturna vista da Rua Domingos de Morae 71


Elevação vista Rua Doutor Tirso Martins.

Elevação vista Rua Domingos de Moraes.

Elevação vista Rua Afonso Celso 72


5 consideraçþes finais

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Como já retratado no capítulo inicial, meu enfoque neste trabalho foi propor uma reflexão sobre como os avanços tecnológicos na arquitetura reestruturaram a cultura de projeto contemporânea, onde os valores tradicionais evoluíram para um contexto digital. Durante esse processo, atribuíram-se novos papéis ao projetista, introduzindo uma situação em que o novo profissional aderiu a malabarismos nas múltiplas formas de dados e imagens, que são convencionalmente representadas em ambientes digitais. Criou-se assim uma visão completamente nova do pensamento de design, o que justifica a singularidade do pensamento design digital. Além de qualquer dúvida, o Design Digital parece estar se tornando um fenômeno e a sua teoria parece ser um dos temas mais ativos e importantes nas discussões atuais. Os métodos digitais, ferramentas e técnicas tornaram-se fundamentais para o processo de design. Estamos presenciando o surgimento de novos processos de projetos, que desafiam algumas das premissas da teoria do design tradicional. Isso vale especialmente no que diz respeito ao projeto arquitetônico, mas a revolução digital está influenciando cada vez mais todas as outras áreas do design. Os modelos paradigmáticos de design digital, teorizados pela Rivka Oxman, têm demonstrado a crescente sofisticação dos meios de comunicação digital. As formas de mídia de design integrado são, em última análise, o objetivo futuro de todo o composto de sistemas digitais integrados, como podemos observar na (Figura 10). Idealmente, eles irão proporcionar a interação com qualquer módulo de atividade com os dados e fluxo de informações em múltiplas direções.

(Figura 10)- Modelo Composto, proposto por Rivka Oxman, que se baseia em processos integrados, incluindo a formação, geração, avaliação e desempenho.

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No Brasil, a relação do designer com essas novas mídias, softwares e com suas novas funções, como por exemplo, linguagens de script e a manipulação e manutenção de modelos de dados complexos, está se implantando junto com o BIM, visto que nos modelos tradicionais de representação (AutoCad), esse conhecimento não era necessário, pois não passava de um processo em representação 2D. Enquanto nos softwares paramétricos (ferramentas CAD-BIM), o designer tem que se transformar em “ferramenteiro digital” e possuir um conhecimento especializado para operar esses meios de representação, no Silk Pavilion, podemos observar outro tipo de relação do designer, muito mais inteirado com os seus novos papéis e as novas mídias. Essa relação se aproxima mais do quadro com as futuras implicações e relações entre os usuários e as ferramentas digitais, proposto por Rivka Oxman (Figura10). Venho acrescentar que, após ter examinado os fenômenos emergentes na primeira era digital, é evidente que, apesar da grande quantidade de literatura disponível e do elevado nível de produção teórica e de projetos arquitônicos experimentais, o maior desafio das condições criadas pelo surgimento de novas tecnologias de design digital tem sido o surgimento simultâneo de novos quadros teóricos e filosóficos que constituem os fundamentos intelectuais do design digital. Chamou-me a atenção ao perceber que Rivka Oxman faz referências à filosofia deleuziana e utiliza alguns dos conceitos para caracterizar o design digital, como a interconectividade, a continuidade, as redes, o dinamismo, o diagrama, as máquinas de design etc. as quais são descritas por ela como um dos maiores problemas para teorizar o design digital, pois têm múltiplas formas de influência sobre a prática do design. Além disso, já o discurso sobre colaborações interdisciplinares que estão formando a visão de mundo em que a teoria do design digital está sendo cristalizada, levantando a questão da complexibilidade. A complexibilidade do Design Digital está muito além das formas complexas geradas por ferramentas de representações tecnológicas: ela está associada ao conceito de compreender e acomodar a complexibilidade. Esse é a premissa para a segunda era digital, uma vertente do design teorizada no ano de 1990, que ainda não tem uma teoria de Design Digital estabelecida e que serve como padrão para futuras interpretações. Nessa área, a teoria apresentada pela Rivka Oxman é uma das mais completas e respeitadas pela grande maioria dos profissionais de designer.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Todo material aqui citado, esta disponível no meu blog: (http://meutfg.wordpress.com/bibliografiacomentada-na-monografia/) - Link do artigo: “Theory and design in the first digital age” (OXMAN, RIVKA,2008) : (http://tx.technion.ac.il/~rivkao/topics/publications/Oxman_2006_Design-Studies.pdf ) - Link da página da tradução ilustrada do artigo: “Theory and design in the first digital age”: (http://meutfg.files.wordpress.com/2013/09/teoria-e-design-na-primeira-era-digital-traduzido-eilustrado.pdf ) APRESENTAÇÃO: - Link da materia da criação de Neri Oxman com a estilista Iris van Herpen’s: (http://www.materialise.com/cases/wearable-stratasys-and-materialise-3d-printed-pieces-hit-paris-fashion-weekat-iris-van-herpen)

CAPÍTULO 1: TEORIA E DESIGN NA PRIMEIRA ERA DIGITAL – UMA REFERENCIA TÉORICA - Link do artigo “Será o Digital um equívoco na Arquitetura” (CRUZ e ELOY, s/d): (http://www.usjt.br/arq.urb/numero_08/16_andre_cruz.pdf) - Link da página da Gehry Technology: ( http://www.gehrytechnologies.com/) - Link do canal do YouTube da Gehry Technology : ( http://www.youtube.com/user/GehryTechnologies)

CAPÍTULO 2.1: BIM: REFERÊNCIA DE TECNOLOGIAS DIGITAIS EM ESCRITÓRIOS DE ARQUITETURA BRASILEIROS. - Link do artigo “Colocando o I no BIM” (MIRIAM ADDOR, MIRIAM CASTANHO,HENRIQUE CAMBIAGHI, JOYCE DELATORRE, EDUARDO NARDELLI, ANDRÉ DE OLIVEIRA, s/d): (http://www.usjt.br/arq.urb/numero_04/arqurb4_06_miriam.pdf) - Link da página do Charles Eastman: (http://www.arch.gatech.edu/people/charles-eastman)

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- Link do livro BIM Handbook (Google Books): (http://books.google.com.br/books/about/BIM_Handbook.html?id=IioygN0nYzMC&redir_esc=y )

CAPÍTULO 2.2: UMA PERSPECTIVA DOS ESCRITÓRIOS BRASILEIROS SOBRE O BIM. - Link da entrevista com Rita Ferreira: (http://meutfg.files.wordpress.com/2013/09/entrevista_rita-dwg.pdf) - Link da Pesquisa que revela como escritórios de arquitetura utilizam softwares, por Eduardo Nardelli e Charles Vincent, revista AU (arquitetura e urbanismo): (http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/188/artigo155941-1.aspx) - Link do artigo: “O Estado da Arte das Tecnologias da Informação e Comunicação – TICs – e a realidade contemporânea da prática de projeto nos escritórios de Arquitetura paulistanos” (EDUARDO NARDELLI, CHARLES VINCENT, ANNE ALMEIDA, JULIANA OLIVEIRA, 2009): (http://meutfg.files.wordpress.com/2013/09/artigo-sigradi-2009-eduardo-sampaio-nardelli-e-charles-vincent.pdf) - Link da matéria sobre Internacionalização da arquitetura, (EDUARDO NARDELLI, s/d) (http://meutfg.files.wordpress.com/2013/09/entrevista-sobre-internacionalizac3a7c3a3o-da-arquitetura-eduardonardelli.pdf).

CAPÍTULO 3 – SILK PAVILION – UM ESTUDO DE CASO – PERSPECTIVAS FUTURAS - Link da matéria do site Archidaily, sobre o Pavilhão de Seda – MIT Media Lab: (http://www.archdaily.com.br/br/01-122777/pavilhao-silk-mit-media-lab)

- Link da página oficial referente à pesquisa: Silk Pavilion: (http://matter.media.mit.edu/environments/details/silkpavillion) - Link do site official da Neri Oxman: (http://web.media.mit.edu/~neri/site/) - Link com a matéria do site ArchDaily - Imprimindo Edifícios em 3 Dimensões - Neri Oxman: (http://www.archdaily.com.br/br/01-93800/imprimindo-edificios-em-3-dimensoes-cinco-principios-de-um-novotipo-de-arquitetura-neri-oxman) - Link do site do MIT Media Lab: (http://www.media.mit.edu/about) (*todos os links foram acessados em 17/11/2013, e estavam disponíveis.

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